A China e a revolução da energia verde A China possui uma das civilizações mais antigas e prósperas da história humana. Grandes obras, descobertas científicas e contribuições filosóficas (como o confucionismo, o taoísmo e o budismo chinês) foram desenvolvidas no “Império do Meio”. Mas as Dinastias chinesas entraram em decadência nos últimos séculos e a China deixou de ser uma referência e uma liderança mundial por um longo lapso de tempo. Os países desenvolvidos do Ocidente superaram a China em desenvolvimento econômico e social após as sucessivas Revoluções Industriais (do vapor e dos tecidos; da energia elétrica e do aço; da energia fóssil e da ciência e tecnologia). A China passou pela vergonhosa situação de ter que ceder Hong Kong para os ingleses depois da - mais vergonhosa ainda - “guerra do ópio”. Mas como disse C. H. Tung, o primeiro chinês indicado para Chefe Executivo de Hong Kong, em 1997, depois do retorno soberano do terrítorio à China: “China was asleep during the Industrial Revolution. She was just waking during the Information Technology Revolution. She intends to participate fully in the Green Revolution.” Como mostrou Thomas Friedman, em artigo do New York Times (09/01/2010), a China quer deixar o atraso em que se encontrava nos séculos XIX e XX e dar um grande salto verde para a frente (Green Leap Forward) no século XXI, sem repetir o fracasso do grande salto para a frente (Great Leap Forward) do início dos anos 1960, de Mao Tse Tung. O caminho para transformar a economia do país, viabilizar o acelerado processo de urbanização e garantir a qualidade de vida da população e do meio ambiente é avançar nas Tecnologias Verdes: “The Beijing leadership clearly understands that the E.T. — Energy Technology — revolution is both a necessity and an opportunity, and they do not intend to miss it”. A China já compreendeu que o mundo está passando por um “ponto de inflexão” e que é preciso abandonar a era da energia fóssil e investir em um novo ciclo de desenvolvimento sustentável para superar a era do petróleo e do carvão. Compreendeu também que existem mais oportunidade do que constrangimentos neste novo ciclo de prosperidade, pois se trata não somente de criação de empregos verdes e da saúde ambiental, mas também de uma questão de “segurança enérgica”. Enquanto isto, os Estados Unidos se movem lentamente nesta área da Revolução das Tecnologias Verdes e não conseguem se retirar de áreas de conflito e guerras espalhadas pelo mundo - determinadas pelos interesses do “complexo industrial-militar americano” - 1 e nem conseguem elaborar uma legislação nacional que penalize as industrias poluidoras e as emissões de carbono. A segunda década do século XXI será marcada pela expansão da energia solar, eólica, das marés, nuclear, etc. e pela maior eficiência energética e menor emissão de carbono. Friedman chama a atenção para o fato de que enquanto os EUA estão construindo um projeto de energia termo-solar no Estado do Novo México de 92 megawatt, a China está construíndo (em parceria com a empresa eSolar da Califórnia) um projeto de 2 gigawatt, ou seja, 20 vezes maior. A China já é lider na construção de paineis fotofoltaicos. Com suas altas taxas de investimento e seus mais de dois trilhões de dólares de reservas internacionais, o país tem recurso suficiente para investir em novas tecnologias. Assim, não é de se surpreender que a China tem duplicado, a cada ano, a sua capacidade instalada de geração de energia eólica e o país pretende lidera a produção de tecnologias verdes: “In the process, China is going to make clean power technologies cheaper for itself and everyone else. But even Chinese experts will tell you that it will all happen faster and more effectively if China and America work together — with the U.S. specializing in energy research and innovation, at which China is still weak, as well as in venture investing and servicing of new clean technologies, and with China specializing in mass production”. A Revolução Verde na China não é somente uma questão de diputa pela liderança mundial, mas principalmente uma necessidade de sobrevivência do próprio país. Sem mudar o atual modelo energético e de produção, não só a China como o mundo todo, perecerá vítima do aquecimento global ou dos desastres ambientais. Descarbornizar a economia e produzir energia limpa e renovável é a saída para o desenvolvimento humano e sustentável. Referencia, THOMAS L. FRIEDMAN. Who’s Sleeping Now? Op-Ed Columnist, New York Times. Published: January 9, 2010. Diponivel em: http://www.nytimes.com/2010/01/10/opinion/10friedman.html 2