Marketing verde-alface Por Eduardo Chaves de Souza1 Já faz algum tempo que escutamos que hortaliças verdes são importantes para uma boa alimentação. Sabemos também, no entanto, que o consumo de folhas verdes escuras é mais vantajoso que as folhas verdes claras. Ambas são ricas em fibras, porém as de coloração mais intensa são muito mais potentes em minerais e vitaminas. Ou seja, para efeito de benefício à saúde, quanto mais verde, melhor. Conclusão: prefira agrião, espinafre e rúcula a alface e repolho. O tema é inusitado para um artigo sobre Marketing, todavia, parece que muitas organizações optam por não trabalhar com ações mais “vitaminadas” de verde. Para atender às exigências e tendências de maior consciência ambiental, adotam um tipo de “Marketing verde claro” ou “Marketing verdealface”. Faz alguns anos, uma empresa automobilística global desenvolveu uma grande campanha para informar que os tapetes de seus veículos, dali em diante, seriam produzidos a partir de caixas de leite reciclados. O fato gerou muita curiosidade de parte de estudantes, professores e profissionais de Marketing. A questão era: como a empresa, com peças de um carro inteiro para reciclar, estava se gabando de produzir de forma sustentável apenas uns tapetinhos? 1 Professor da FACE – Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUCRS. 1 De qualquer modo ações ecológicas, modestas de parte das organizações, não devem ser totalmente desconsideradas. No caso da montadora referida, o problema foi a forma de exaltação da iniciativa. Há uma diferença entre o Marketing verde-alface e a “sustentabilidade” de fachada. No primeiro caso a empresa reaproveita apenas uma parte ou uma feição de seu serviço. No segundo conceito a ela faz quase a mesma coisa, mas paralelamente desperdiça algum recurso de maneira ingênua ou despreocupada. Por exemplo: uma bandeira de combustíveis conhecida no mundo inteiro, e que prepara todo ano um belo relatório de sustentabilidade, aceita em seus postos de atendimento uma rede de lojas de conveniência que não recicla seu lixo. Portanto, não sejamos intolerantes com “organizações verdes claras”. Ainda vamos ver muitas ações como cabides reciclados em butiques de moda, manteiga com embalagem feita de papel retornado e vários escritórios e consultórios decorados com madeira de destruição. O importante é que houve um primeiro passo. Algo muito importante se considerarmos, que por idealismo ou necessidade, as atitudes ambientais vieram para ficar e progredir de forma lenta, mas constante. 2