UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 24 Assunto: Integrais Duplas Palavras-chaves: integrais duplas,somas de Riemann, teorema de Fubini Integrais duplas Seja R o retângulo do plano cartesiano dado por R = {(x, y) ∈ R2 ; a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d} em que a, b, c e d são números reais tais que a < b e c < d. Sejam P1 : a = x0 < x1 < x2 < ... < xn = b e P2 : c = y0 < y1 < y2 < ... < ym = d partições dos intervalos [a, b] e [c, d] respectivamente. O conjunto P = P1 × P2 , isto é, P = {(xi , yj ); i = 0, 1, 2, ..., n , j = 0, 1, 2, ..., m} é chamado de partição do retângulo R. A partir de uma partição P obtemos nm retângulos menores Rij = {(x, y) ∈ R2 ; xi−1 < x < xi , yj−1 < y < yj } chamados de sub-retângulos da partição P . O retângulo original R ca então dividido em nm sub-retângulos de P . Consideremos os números 4xi = xi − xi−1 , i = 1, 2, ..., n e 4yj = yj − yj−1 , y = 1, 2, ..., n O número 4 = máx{4x1 , 4x2 , ..., 4xn , 4y1 , 4y2 , ..., 4ym } é chamado de norma da partição P . Seja agora outra partição P 0 = P10 × P20 do retângulo R. Se P ⊂ P 0 dizemos que P 0 é uma partição mais na que P ou que P 0 é um renamento de P . É claro que a norma 40 de P 0 é tal que 40 ≤ 4. Um conjunto de mn elementos X = {Xij ; i = 1, 2, ..., n , j = 1, 2, ..., m} é dito admissível à partição P se, para quaisquer i, j , temos Xij ∈ Rij . Podemos entender um conjunto admissível à partição P como sendo uma escolha de mn pontos no retângulo R de modo que cada sub-retângulo da partição P contenha algum de tais pontos. Um subconjunto B do R2 é limitado se B está contido em algum retângulo do R2 . Sejam f : B ⊂ R2 → R uma função em que B é um conjunto limitado, R = {(x, y) ∈ R2 ; a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d} um retângulo do R2 que contém B e P = {(xi , yj ); i = 0, 1, 2, ..., n , j = 0, 1, 2, ..., m} uma partição do retângulo R e X = {Xij ; i = 1, 2, ..., n , j = 1, 2, ..., m} um conjunto admissível à partição P . O somatório duplo n X m X f (Xij )4xi 4yj i=1 j=1 é chamado de soma de Riemann de f relativa à partição P e ao conjunto admissível X . Nesse somatório, convencionamos que f (Xij ) = 0 se Xij 6∈ B . Observemos que se f (Xij ) > 0, então a parcela da soma de Riemann f (Xij )4xi 4yj é o volume do paralelepípedo cuja base é o sub-retângulo Rij e a altura é f (Xij ). Dizemos que um número L é o limite da soma de Riemann de f se , para todo > 0, existe δ > 0, tal que, para qualquer partição P , com seu respectivo conjunto admissível X , que satisfaz 4 < δ , temos 2 n m X X < f (X )4x 4y − L ij i j i=1 j=1 O número L, quando existe, é chamado de integral dupla de f sobre B e é denotada por ou por Z Z f (x, y)dxdy B Z Z f (x, y)dA. Escrevemos B Z Z f (x, y)dxdy = lim n X m X 4→0 B f (Xij )4xi 4yj i=1 j=1 Quando esse limite existe, dizemos que a função f é integrável em B . Sejam f (x, y) uma função integrável em B , com f (x, y) ≥ 0 em B e o conjunto A = {(x, y, z) ∈ R3 ; (x, y) ∈ B e 0 ≤ z ≤ f (x, y)} O volume de B é dado por volume de B = Z Z f (x, y)dxdy B Quando f (x, y) é a função constante e igual a 1, a integral dupla de f nos dá a área de B , ou seja, área de B = Z Z f (x, y)dxdy B A integral dupla satisfaz as seguintes propriedades. Se f e g são funções integráveis em um conjunto B e k é uma constante, então f + g e kf são integráveis e 1. Z Z Z Z [f (x, y) + g(x, y)]dxdy = f (x, y)dxdy + B 2. Z Z g(x, y)dxdy B Z Z B Z Z kf (x, y)dxdy = k f (x, y)dxdy B 3. f (x, y) ≥ 0 em B ⇒ B Z Z f (x, y)dxdy ≥ 0 B 4. f (x, y) ≤ g(x, y) em B ⇒ Z Z Z Z f (x, y)dxdy ≤ g(x, y)dxdy B B Cálculo da integral dupla Seja f (x, y) uma função integrável no retângulo R = {(x, y) ∈ R2 ; a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d} 3 Para cada y xadi em [c, d], consideremos a função [a, b] → R ϕ: 7→ f (x, y) x Portanto, ϕ(x) = f (x, y). Podemos então calcular a integral da função ϕ de a até b b Z b Z ϕ(x)dx = f (x, y)dx a a essa integral depende do y xado em [c, d], ou seja, para cada y , temos um valor para essa integral. Temos assim, uma função α : [c, d] → R dada por b Z f (x, y)dx α(y) = a O teorema que apresentaremos a seguir conhecido por teorema de Fubini, nos diz que a integral dessa função α(y) é igual a integral dupla da função f (x, y) em R, ou seja Z Z Z d f (x, y)dx = d Z "Z α(y)dy = R # b f (x, y)dx dy c c a De forma análoga, poderíamos ter começado xando um x em [a, b] e considerado a função [c, d] → R ψ: 7→ f (x, y) y Assim, ψ(y) = f (x, y) e podemos então calcular a integral dessa função de c até d Z d Z d ψ(x)dy = c f (x, y)dy c para cada x xado em [a, b], obtemos um valor para essa integral de modo que podemos considerar a função β : [a, b] → R denida por d Z β(x) = f (x, y)dy c O teorema de Fubini arma que a integral dupla de f (x, y) em R, isto é, Z Z Z f (x, y)dx = R b Z b "Z β(x)dx = a # f (x, y)dy dx a 4 d c Teorema 1 (Teorema de Fubini) Seja f (x, y) integrável no retângulo R = {(x, y) ∈ R2 ; a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d} Se Z b Z f (x, y)dx existe para todo y ∈ [c, d] e f (x, y)dy existe para todo x ∈ [a, b], então c a Z Z Z d "Z Calcule Z Z # b Z b "Z c a # d f (x, y)dy dx f (x, y)dx dy = f (x, y)dxdy = R Exemplo 1 d a c (2x + 4y)dxdy em que R R = {(x, y) ∈ R2 ; 1 ≤ x ≤ 3, 1 ≤ y ≤ 2} Resolução: Temos então que Z Z Z 3 2 Z (2x + 4y)dxdy = R 1 (2x + 4y)dy dx 1 Resolvendo a integral mais interna obteremos: " 2 Z (2x + 4y)dy = 1 4y 2 2xy + 2 #2 #2 " = 2xy + 2y 2 1 1 = 2x.2 + 2.22 − (2x.1 + 2.12 ) = 4x + 8 − 2x − 2 = 2x + 6 Portanto, Z Z (2x + 4y)dxdy = R " 3 2x2 + 6x (2x + 6)dx = 2 1 " #3 Z = x2 + 6x = 9 + 18 − 7 = 20 #3 1 = 32 + 6.3 − [12 + 6.1] 1 Vamos agora calcular essa mesma integral invertendo a ordem de integração Z Z Z 2 Z 3 (2x + 4y)dx dy (2x + 4y)dxdy = R 1 5 1 Resolvendo a integral mais interna obteremos: " 3 Z (2x + 4y)dx = 1 #3 " #3 2x2 2 + 4yx = x + 4xy 2 1 1 = 32 + 4.3y − (12 + 4.1.y) = 9 + 12y − (1 + 4y) = 8y + 8 Portanto, Z Z (2x + 4y)dxdy R " 2 8y 2 + 8y = (8y + 8)dy = 2 1 " #2 Z = 4y 2 + 8y = 16 + 16 − 12 = 20 #2 1 = 4.22 + 8.2 − [4.12 + 8.1] 1 Exemplo 2 Calcule o volume do sólido constituído por todos os pontos (x, y, z) tais que 0 ≤ x ≤ 2 , 0 ≤ y ≤ 2 e 0 ≤ z ≤ x2 + y 2 Resolução: O volume V desse sólido é dado por Z Z (x2 + y 2 )dxdy V = R com R = {(x, y) ∈ R2 ; 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 2} Pelo teorema de Fubini, temos: 2 Z Z V = 0 2 (x2 + y 2 )dydx 0 Assim Z 0 2 " y3 (x + y )dy = x y + 3 2 2 #2 = x2 .2 + 2 6 0 23 8 = 2x2 + 3 3 Logo Z V = 0 2 " #2 8 8 32 8 2x3 23 + x = 2. + .2 = (2x + )dx = 3 3 3 3 3 3 2 0 7