O_ser_humano_e_o_meio_ambiente_de_A_a_Z_dicionario

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Biodiversidade: O mesmo que diversidade biológica, isto é, refere-se a:
variedade de vida no planeta, incluindo a variedade genética dentro das
populações e das espécies; variedade de espécieis da flora, da fauna, fungos
macroscópicos e microrganismos; variedade de comunidades, hábitats e
ecossistemas (terrestres, marinhos e outros aquáticos) formados pelos
organismos vivos; variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos
organismos nos ecossistemas; e diversidade de interações entre espécies e
ecossistemas. Biodiversidade refere-se, também, tanto ao número (riqueza) de
diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa (equitabilidade)
dessas categorias; e inclui variabilidade em nível local (alfadiversidade) e
variabilidade entre paisagens (gamadiversidade). A biodiversidade deve ser
considerada como um capital natural. E, nesse sentido, é preciso ampliar a
base de conhecimento sobre a biodiversidade para a implantação de um novo
modelo de desenvolvimento que terá como premissa básica o uso sustentável
desse capital natural.
Biodiversidade brasileira: O Brasil possui cerca de 15 a 20% do número total
de espécies vivas existentes no planeta. O território do país conta com alguns
dos ecossistemas mais ricos do planeta, em número de espécies vegetais: a
Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e o Cerrado estão localizados no Brasil.
Apenas a Amazônia brasileira compreende cerca de 26% das florestas
tropicais remanescentes no planeta.
Biodiversidade planetária: Os cientistas calculam que a biodiversidade do
planeta possa alcançar valores muitos elevados, admitindo-se uma amplitude
que vai de 10 a 100 milhões de espécies. A realidade dos fatos, entretanto, é
que o número de espécies conhecidas até hoje, em todo o planeta, está em
torno de 1,7 milhão, atestando o elevado grau de desconhecimento da
totalidade da biodiversidade existente, especialmente nas regiões tropicais.
Estima-se que 1.000 espécies são extintas por ano no planeta; ou seja, 3 por
dia. Se a destruição dos ambientes continuar no ritmo atual calcula-se que, até
o ano de 2015, entre 4 e 8% das espécies vivas existentes nas florestas
tropicais podem vir a desaparecer, muitas delas antes mesmo de terem sido
identificadas, descritas ou estudadas.
Megabiodiversidade: De acordo com a ONG Conservation Internacional (CI),
o Brasil – juntamente com o México, Equador, Colômbia, Peru, China, Malásia,
Índia, Indonésia, Zaire (hoje República Democrática do Congo), Madagascar e
Austrália – é considerado como um dos países do planeta detentores de uma
megabiodiversidade. Essa posição se justifica a partir de dados científicos que
estimam que: 1) o território brasileiro reúne cerca de 70% das espécies
vegetais e animais do planeta; 2) nesses ambientes vivem cerca de 2.000.000
de espécies distintas entre animais, vegetais e microrganismos; 3) o Brasil
possui cerca de 55.000 espécies de plantas superiores já descritas, de um total
estimado de 350.000 e 550.000 espécies, sendo considerado o país com maior
diversidade genética vegetal do mundo; 4) por fim, sabe-se que, além de
possuir a flora mais rica do mundo, a biota terresre brasileira possui mais de
3.000 espécies de peixes de água doce, 500 espécies de anfíbios, 1.600
espécies de aves, 500 espécies de mamíferos, podendo ter até 10 milhões de
insetos. O potencial genético e financeiro dessa biodiversidade é inestimável.
Por exemplo: considerando que uma única espécie de plana pode possuir mais
de 20.000 genes, estima-se que o patrimônio genético vegetal do Brasil esteja
em torno de cerca de 16,5 bilhões de genes. Estima-se, também, que um gene
potencialmente útil, oriundo da biodiversidade do hemisfério sul, pode
representar negócios de U$ 1 bilhão no hemisfério norte.
Mata Atlântica: Ecossitema também conhecido por “floresta latiofoliada
tropical úmida de encosta”. Apesar da devastação que reduziu a cobertura
florestal original da Mata Atlântica a somente 7%, o bioma tem uma das taxas
mais altas de biodiversidade do mundo.
Localização: Ecossistema situado, principalmente, nas cadeias montanhosas
próximas ao oceano Atlântico. Mas há exceções porque, em alguns casos,
também é encontrado em trechos no interior. Imensa floresta que, inicialmente,
no território brasileiro se estendia ao longo da costa de forma contínua, desde o
Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e recobria quase que
completamente, os estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná e Santa Catarina, parte de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato
Grosso do Sul. Ocorria, também, em trechos no Ceará, Piauí e extensões dos
países vizinhos da Argentina e Paraguai.
Clima: Existe uma variação significativa do clima do Sul ao Nordeste
respectivamente, variando do clima subtropical, a tropical típico e tropical
úmido ou litorâneo.
Vegetação: Ecossistema que possui uma grande variedade de espécies
vegetais. A mata é muito densa (com dois ou mais estratos arbóreos), e podese somar a esta paisagem um grande número de variadas espécies de
palmeiras, trepadeiras, epífitas, begônias, bambus, samambaias, orquídeas,
bromélias, lírios, avencas, etc. Existem matas de altitude (ou floresta pluvial
montana), localizadas entre 800 a 1.700 m de altitude. Nos topos dos morros
há, também, áreas de campos rupestres e existe, ainda, a floresta pluvial
baixo-montana encontrada nas proximidades a 800 m de altitude.
Árvores: Cerca de 50% das árvores encontradas na Mata Atlântica são
endêmicas da região, como por exemplo: o cedro, pau-brasil, peroba, louropardo, peroba-rosa, jacarandá, jequitibá-rosa, pinheiro-do-paraná, figueiras,
ipês, braúna, angicos, guapuruvu.
Fauna: Riquíssima em espécies, podemos destacar algumas como: araponga
(a ave símbolo da Mata Atlântica), jacutinga, tico-tico, macuco, mico-leão-
dourado, mono-carvoeiro (o maior macaco das Américas), anta, quati, cutia,
jaguatirica, onça-pintada, preguiça, veados.
Impactos: Quinhentos anos de destruição ininterrupta, os poucos
remanescentes da Mata Atlântica continuam e continuarão sofrendo impactos
até quase sua extinção. O Governo Federal, na busca de coibir a degradação,
estabeleceu através da Lei 11.428/06 diretrizes para a conservação, proteção,
regeneração e utilização deste bioma. Dentre os principais motivos que
contribuíram para a perda de grandes áreas de mata, além da sua fragilização
e fragmentação, destacam-se:
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a política desenvolvimentista da década de 1970;
o crescimento desordenado de quatro das principais capitais brasileiras:
São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte;
a política de reforma agrária praticada na década de 1980;
a contínua poluição florestal nacional; a insistente prática de queimadas
para a criação de novas áreas para pastagem.
A política desenvolvimentista da década de 1970, com a construção de
grandes usinas hidrelétricas, pontes, rodovias, barragens, usinas nucleares,
incentivou a instalação de conglomerados industriais, com destaque para o
polo industrial de Cubatão (SP), símbolo mundialmente famoso de catástrofe
ecológica, que se tornou um dos mais graves problemas na região da serra do
Mar, na década de 1980, também conhecido, como “Vale da Morte”.
Sem avaliação dos riscos ambientais, estas indústrias atraíram grande
quantidade de pessoas sem qualificação e que se estabeleceram em favelas
construídas sobre os manguezais. A remoção da cobertura vegetal nativa e a
ocorrência das chuvas ácidas aumentaram, consideravelmente, o número de
deslizamentos, além de ter havido uma catástrofe por conta de um vazamento
de combustível próximo às favelas.
Outro fator é o crescimento desordenado das cidades, provocando o
esgotamento da floresta pela demanda de matéria-prima, energia e espaço. O
desmatamento de áreas protegidas ou não, além da extração e venda ilegal da
madeira, é agravado pelos loteamentos clandestinos e a falta de fiscalização,
com a venda de lotes baratos para a população de baixa renda, alegando uma
futura regularização. Em 1997, na cidade de São Paulo, um milhão de árvores
foram retiradas da serra da Cantareira, a maior floresta urbana do mundo.
Os maiores impactos e estímulos para a degradação ambiental ocorrem nas
áreas litorâneas da Mata Atlântica, através da especulação imobiliáira, da
pressão demográfica e da ocupação desregrada. Além da ocupação
clandestina, há a implantação de grandes complexos turísticos sem
planejamento ambiental e, por vezes, sem saneamento básico, devastando as
áreas de restinga, matas de encosta, manguezais e comprometendo a fauna
marinha da costa.
A política de reforma agrária na década de 1980 trouxe outros prejuízos à
mata, pois o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)
classificava a terra de matas como pouco utilizáveis, sem distinção entre
floresta nativa e plantada. Os proprietários de terras ameaçados pelas
desapropriações venderam o restante da madeira de suas propriedades ou
queimaram suas reservas legais para transformá-las em pastagens.
A falta de uma política florestal sistematizada criou uma série de leis que
utilizavam classificações diferentes, impedindo a implantação de um sistema de
fiscalização eficiente, permitindo ações predatórias de serrarias, loteadores,
pecuaristas, latifundiários e dos próprios governos, que implantavam seus
projetos sem avaliar os impactos ambientais. Pesquisas indicam que metade
dos incêndios florestais é criminosa. Em 1968, 13% das terras de mata de
Minas Gerais foram queimadas e, em 1989, ocorrem a queima de 300 km2 da
floresta no sul do Brasil.
O monitoramento desse bioma realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Socioambiental
(ISA), mostrou que, entre 1990 e 1995, mais de meio milhão de hectares de
florestas foram destruídos nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oestre, o que
equivale a uma velocidade de um campo de futebol derrubado a cada quatro
minutos, destruição, proprocionalmente, cerca de três vezes maior do que a
verificada na Amazônia no mesmo período. No período de 1985 a 1995, 11%
da Mata Atlântica foi destruída.
O resultado de todo o processo destrutivo é a fragmentação da Mata Atlântica
e a perda de sua biodiversidade, pela diminuição de suas áreas e da troca
genética. Declarada patrimônio nacional pela Constituição Federal de 1988, em
1993, através do Decreto nº. 750, definiu-se legalmente o domínio da Mata
Atlântica e a proteção aos remanescentes florestais e matas em regeneração.
Fonte: BRASIL, A. M. e SANTOS, F. O ser humano e o meio ambiente de A a
Z: dicionário. 4ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Brasil Sustentável Editora, 2010.
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