355-1 - CNPA 2015

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Avaliação da Torta de Babaçu e sua Viabilidade Econômica para Frangos de Crescimento lento de 1 a 30
dias de idade¹
Rafael Silva Marchão2*, Felipe Barbosa Ribeiro3, Marcos Antonio Delmondes Bomfim3, Jefferson Costa
de Siqueira3, Wanessa Lira de Oliveira4, Laize Viana Santos4, Janayra Cardoso Silva5, Thalles José Rego
de Sousa5
1
Parte do trabalho de iniciação científica do primeiro autor, financiada pela FAPEMA.
Graduando em Zootecnia, bolsista PIBIC/FAPEMA – CCAA/UFMA, Chapadinha, MA. [email protected]
3
Professor Adjunto CCAA/UFMA, Chapadinha, MA.
4
Graduado em Zootecnia, CCAA/UFMA, Chapadinha, MA
5
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, PPGCA/UFMA. Chapadinha-MA.
*Autor apresentador.
2
Resumo: Objetivou-se avaliar o efeito de diferentes níveis de inclusão da torta de babaçu (TB) em rações para
frangos de crescimento lento de 1 a 30 dias de idade. Observou-se efeito dos níveis crescentes de inclusão do TB
sobre o consumo de ração e o ganho de peso, não havendo efeito sobre a conversão alimentar. A inclusão do TB
até o nível de 14% nas rações não compromete o desempenho zootécnico dos frangos até 30 dias de idade,
porém é economicamente inviável sua inclusão nas rações.
Palavras-chave: alimento alternativo, desempenho zootécnico, ISA label
Evaluation of babassu cake and its economic feasibility for slow grow broilers from 1 to 30 days of
age
Abstract: Aimed to evaluate the effect of different levels of inclusion of babassu cake in diets for slow grow
broilers feed 1-30 days of age. It was observed effect of increasing levels of inclusion of the TB on feed intake
and on weight gain, with no effect feed conversion. The inclusion of the TB to the level of 14% in diets does not
compromise the growth performance of broilers up to 30 days of age, but it is uneconomical their inclusion in
diets.
Keywords: alternative food, growth performance, ISA label
Introdução
O uso de matérias-primas oriundas de alimentos regionais visando substituir parcialmente o milho e o
farelo de soja nas rações de frangos de crescimento lento pode ser uma alternativa para a atividade avícola em
regiões onde há dificuldade de aquisição desses insumos. Em virtude da diversidade de produtos de origem
vegetal, o Nordeste brasileiro apresenta vários ingredientes alternativos passíveis de serem utilizados, dentre eles
o babaçu (Orbignya phalerata Mart.). O babaçu é encontrado, principalmente, nos estados do Maranhão, Piauí e
Tocantins e seus frutos utilizados para fabricação de produtos como óleo, sabões, cosméticos, dentre outros. A
partir da extração do óleo resta a torta de babaçu, subproduto de alto teor proteico (LIMA et al., 2006).
Entretanto, por causa de seu teor em fibra insolúvel, de difícil digestão no trato digestório, a inclusão da torta de
babaçu para frangos em fase de cria deve ser criteriosa (CARNEIRO et al., 2009), visto que pode prejudicar a
saúde intestinal ou mesmo interferir na utilização de outros nutrientes. Diante do exposto, objetivou-se avaliar o
efeito de diferentes níveis de inclusão da torta de babaçu nas dietas de frangos por meio do desempenho
zootécnico e sua viabilidade econômica, em sistema de semiconfinamento.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura do CCAA-UFMA, para avaliar os efeitos da
inclusão da torta de babaçu nas rações de frangos crescimento lento durante o período de um a 30 dias. Foram
utilizadas 600 aves de linhagem ISA Label, de um dia de idade, distribuídas em um delineamento experimental
inteiramente casualizado (DIC), com quatro tratamentos e cinco repetições com 30 aves por parcela
experimental, sendo 15 machos e 15 fêmeas. Os tratamentos foram compostos por quatro níveis de inclusão (0,
7, 14 e 21%) de torta de babaçu. Os animais foram alojados até 15 dias de idade em gaiolas metabólicas (0,90 x
0,90 x 0,50m), contendo comedouro e bebedouro e cama de maravalha. O alojamento nas gaiolas proporcionou
maior proteção aos animais, que receberam aquecimento utilizando lâmpadas incandescentes. Posteriormente, as
aves foram transferidas para um galpão constituído de 20 piquetes, sendo cada um composto por uma área
coberta de 5,00m2, contendo comedouros e bebedouros e 22,00 m2 de área para pastejo formada com braquiaria
humidicula, onde permaneceram até os 30 dias de idade. A ração foi fornecida ad libitum, sendo as equações
propostas por Rostagno et al, 2011 utilizadas para estimar as exigências nutricionais das aves de 1 a 30 dias de
idade, e os níveis de aminoácidos foram estabelecidos com base nas relações ideais propostas pelos mesmos
autores. As aves e as rações foram pesadas ao final dos 30 dias para determinação do ganho de peso (g/ave), do
consumo de ração (g/ave) e da conversão alimentar (g/g). Posteriormente, as médias de cada variável foram
comparadas pelo teste SNK considerando-se um nível de significância de até 5% de probabilidade. As análises
estatísticas foram realizadas por meio do procedimento GLM do Software SAS 9.0 (2002). Os custos com a
alimentação foram determinados considerando-se que os tratamentos foram aplicados em sistemas de produção
que demandavam os mesmos insumos, diferindo apenas quanto às rações fornecidas, utilizando-se então, para
quantificar o diferencial de custos entre um tratamento e outro, somente o cálculo das despesas na alimentação
das aves. Para comparar a eficiência econômica entre as rações experimentais determinou-se o custo com
alimentação por kg de frango produzido como segue: CF= (QRxCR) /GP, em que CF= custo da alimentação por
kg de frango produzido, QR= quantidade de ração consumida, CR= custo da ração e GP= é o ganho de peso das
aves. A margem bruta em relação ao custo da alimentação por kg de frango para cada nível de substituição do
farelo de soja e do milho pela TB nas rações foi calculada pela expressão: MB= PVF – CF; em que MB=
margem bruta em relação ao custo da alimentação por kg de frango; PVF = preço de venda do frango vivo e CF=
custo por kg de frango produzido. O nível ótimo de inclusão da TB nas rações de frangos de corte de
crescimento lento, definido com base na abordagem econômica, foi considerado como sendo aquele que
proporcionou menor CF e maior MB.
Resultados e Discussão
Observou-se efeito (P<0,05) dos níveis crescentes de inclusão da TB sobre o consumo de ração (CR) e o
ganho de peso (GP) das aves, não havendo efeito (P>0,05) sobre a conversão alimentar (CA) (Tabela 1).
Tabela 1- Valores médios de consumo de ração (kg), ganho de peso (kg), conversão alimentar (kg/kg) e peso de
carcaça (Kg) de frangos de corte de crescimento lento aos 30 dias de idade, de acordo com o nível de inclusão da
torta de babaçu
Tratamentos
CV1
P>F2
Variável
0%
7%
14%
21%
CR (Kg)
1,472 a
1,450 a
1,382 b
1,344b
3,08
0,0009
GP (Kg)
0,714
a
a
ab
b
3,12
0,0128
CA(Kg/Kg)
2,065
2,40
0,2464
0,712
2,041
0,684
2,022
0,670
2,004
a,b
Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferem pelo teste SNK (P>0,05).
Coeficiente de variação (%).
2
Significância do Teste “F” da análise de variância.
1
Observou-se que a inclusão da TB promoveu redução linear sobre o CR das aves de acordo com a
equação: CR = 1,479 - 0,0021 TB (R2= 0,97; P<0,001). Ao aumentar os níveis de inclusão da torta de babaçu nas
rações reduz-se a quantidade de milho e farelo de soja, exigindo uma maior adição de óleo de soja para manter as
dietas isoenergéticas. Assim, o teor de óleo na ração 0% de inclusão da TB foi de 0%, se elevando a cada nível, e
atingindo o teor de 7,29% de óleo na ração com 21% de inclusão de TB. Os lipídios do presente no óleo estimula
a liberação do hormônio colecistoquinina (CCK), que tem efeitos na redução da velocidade de passagem do
alimento no trato gastrointestinal (TORRES et al., 2015), o que pode explicar a redução do consumo com o
aumento dos níveis de TB. Para o ganho de peso das aves também houve efeito linear decrescente com inclusão
da TB de acordo com a equação: GP = 0,717 - 0,0021 TB (R² = 0,92; P<0,001). O efeito da redução do consumo
de ração refletiu sobre o ganho de peso dos animais, ocorrendo na mesma proporção, o que proporcionou uma
conversão alimentar estatisticamente iguais entre os níveis de inclusão da torta de babaçu para os frangos de
crescimento lento. Os resultados do presente estudo evidenciaram que inclusão de até 14% de TB nas rações de
frangos de crescimento lento de 1 a 30 dias de idade é tecnicamente viável. Entretanto para que seja evidenciada
a viabilidade da substituição dos ingredientes tradicionais por um ingrediente alternativo é necessário comprovar
a viabilidade econômica dessa substituição. Diante disso, com base nos preços dos insumos utilizados na
fabricação das rações experimentais e no preço de venda do frango vivo, foi realizada a análise dos custos com
alimentação e da margem bruta. Observou-se que a inclusão dos níveis crescentes de TB promoveu aumento nos
preços das rações e no custo com alimentação por Kg de GP, apresentando redução na margem bruta (Tabela 2).
Tabela 2 - Dados econômicos obtidos com frangos de crescimento lento aos 30 dias de idade recebendo torta de
babaçu
Níveis de farelo de Torta de babaçu
Variável
0%
7%
14%
21%
Custo médio da ração (R$/Kg)
1,722
1,743
1,767
1,807
Custo com ração por kg de GP (R$/Kg)
3,555
3,557
3,572
3,621
Margem bruta (R$/kg)
11,445
11,443
11,428
11,379
Considerando os seguintes preços do mercado regional: milho= R$ 1,20/kg; farelo de soja= R$ 2,50/kg; torta de
babaçu= R$ 1,10/kg; fosfato bicálcico= R$ 3,00/kg; Óleo de soja= R$ 3,50/kg; calcário= R$ 1,00/kg; sal= R$
1,00/kg; suplemento mineral = R$ 4,00 e suplemento vitamínico+colina= R$ 4,00/kg; L-lisina HCL= R$ 7,00;
L-treonina= R$ 18,00, DL-metionina= R$ 15,02/kg; considerando o preço do frango crescimento lento vivo de
R$ 15,00/kg.
O menor custo com a alimentação foi obtido com a ração sem inclusão de TB, e o maior custo com a
ração com inclusão de 21% de TB, sendo esse comportamento atribuído principalmente ao aumento dos níveis
de óleo de soja, L-Lisina HCL, DL-Metionina e L-treonina nas rações, à medida que os níveis de TB
aumentaram (Tabela 2). Entretanto, o custo da alimentação é variável, pois é influenciado pelas oscilações dos
preços dos insumos nas diferentes regiões do país ao longo do ano. Diante disso, a inclusão de TB pode
constituir-se uma alternativa viável economicamente em decorrência da disponibilidade e de modificações nos
preços dos insumos. Entretanto, o custo da alimentação é variável, pois é influenciado pelas oscilações dos
preços dos insumos nas diferentes regiões do país ao longo do ano. Diante disso, a inclusão da TB pode
constituir-se uma alternativa viável economicamente em decorrência da disponibilidade e de modificações nos
panoramas econômicos.
Conclusões
A adição de até 14% de torta de babaçu nas rações não compromete o desempenho zootécnico de frangos
de corte tipo caipira de 1 aos 30 dias de idade, entretanto, a inclusão deste ingrediente aumenta o custo por kg de
frango produzido e reduz a margem bruta, sendo economicamente inviável.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão
(FAPEMA) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Referências
CARNEIRO, A. P. M. et al. Farelo de babaçu em rações para frangos de corte na fase final: desempenho,
rendimento de carcaça e avaliação econômica. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 10, n. 1, p. 40-47, 2009.
LIMA, A. M. et al. Utilização de fibras (epicarpo) de babaçu como matéria-prima alternativa na produção de
chapas de madeira aglomerada. Revista Árvore, Viçosa, v. 30, n. 4, p. 645-650, 2006.
ROSTAGNO, H.S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências
nutricionais. 3. ed. – Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2011.
TORRES, R.N.S.; DREHER, A. Fontes de lipídeos na dieta de poedeiras: produção e qualidade dos ovos.
Revista
Eletrônica
Nutritime.
V.
12,
p.
3952–
3963,
2015.
Disponível
em:
<http://www.nutritime.com.br/arquivos_internos/artigos/295.pdf> Acesso em: 25 de set. 2015.
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