Universidade Estadual do Ceará – UECE Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Estatística e Computação – DEC Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE Diretoria de Pesquisa e Pós – Graduação – DIPPG MESTRADO INTEGRADO PROFISSIONAL EM COMPUTAÇÃO APLICADA – MPCOMP Uso da ferramenta computacional “Modellus” como auxiliar na aprendizagem de conceitos físicos envolvidos no estudo de circuitos elétricos RL e RC. Francisco Mauro Parente de Albuquerque Fortaleza - Ce 2012 FRANCISCO MAURO PARENTE DE ALBUQUERQUE Uso da ferramenta computacional “Modellus” como auxiliar na aprendizagem de conceitos físicos envolvidos no estudo de circuitos elétricos RL e RC. Dissertação apresentada à banca examinadora do Curso de Mestrado Integrado Profissional em Computação Aplicada do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará e da Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Computação. Área de Concentração: Informática Educativa. Orientador: Prof. Dr. José Francisco Julião. Fortaleza – Ce 2012 i 2 Autor: Francisco Mauro Parente de Albuquerque Título do Trabalho: Uso da ferramenta computacional “Modellus” como auxiliar na aprendizagem de conceitos físicos envolvidos no estudo de circuitos elétricos RL e RC. Defesa em: ___ / ___ /_____ Conceito obtido:____________________ Banca Examinadora ______________________________________________ José Francisco Julião, Dsc. (UFC). Orientador - Presidente _______________________________________________ Humberto de Andrade Carmona, Dsc. (UFC). Membro Externo _______________________________________________ Marcos José Negreiros Gomes, Dsc. (UECE). 1o Membro Interno – Coordenador _______________________________________________ Maria Gilvanise de Oliveira Pontes, Dsc. (UECE). 2o Membro Interno ii 3 "A educação é aquilo que sobrevive depois que tudo o que aprendemos foi esquecido". (Burruhs Frederic Skinner) À minha amada e companheira esposa de todos os momentos, Gabriela, e aos meus queridos filhos, Rafael e Larissa, que me deram todo o apoio necessário nesta jornada. iii 4 Agradecimento especial A meu orientador Prof. Dr. José Francisco Julião, por seus conhecimentos, dedicação, presteza, mesmo quando esteve de licença médica, pela paciência, pelas lições, pelos puxões de orelha merecidos! Serei eternamente grato. Nossos encontros, sem dúvida, foram de grande valia para minha formação pessoal e acadêmica. Agradecimentos A Deus que permitiu que eu estivesse vivo e com saúde. Aos meus pais que, com grandes dificuldades, sempre me apoiaram. Ao IFCE, na figura dos administrativos e docentes, pelo apoio prestado no desenvolvimento deste trabalho. Ao Prof. Júlio César, diretor do campus Maracanaú, pelo incentivo e empenho apresentado, principalmente no início desta jornada. Aos colegas professores do IFCE, campus Maracanaú e Fortaleza, por acreditarem no nosso trabalho. Ao Prof. George Cajazeiras pelo incentivo, presteza, e principalmente amizade, que desde o início, deu todo o apoio necessário para concretização deste trabalho. Ao Prof. Agamenon, gerente da indústria, pelo apoio prestado nesta jornada. A Profa. Dra. Gilvanise Pontes pelo apoio, presteza e sugestões dadas neste trabalho. Ao Professor e coordenador do MPCOMP, Dr. Marcos Negreiros pelos ensinamentos. Aos meus alunos da turma 2010.1 que colaboraram para esta pesquisa. Ao colega Wellington Costa pela revisão ortográfica. As amigas Rosany e Cleosanice, pela amizade consolidada e pelos incentivos diários durante todo o mestrado. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para realização desta dissertação. iv 5 RESUMO O objetivo da pesquisa foi elaborar e aplicar uma ferramenta de simulação, usando-se o programa “Modellus”, capaz de auxiliar os alunos a enfrentarem as dificuldades encontradas na aprendizagem, quando estudam circuitos elétricos, mais especificamente, análise transitória em circuitos RL e RC, alimentados com fontes de tensão contínua. A inspiração para esta pesquisa surgiu da verificação feita pelo autor das dificuldades encontradas pelos seus alunos de compreender e analisar transientes em circuitos RL e RC. Para realizar as simulações computacionais, utilizou-se o programa “Modellus”, trabalhando as concepções pedagógicas behaviorista e construtivistas. Foram elaborados e aplicados um teste de conhecimentos e uma situação problema para uma turma experimental de vinte e dois alunos do semestre IV do curso técnico em eletrotécnica do IFCE, campus Fortaleza. O primeiro constou de quatro problemas analisadas teoricamente, e as respostas foram registradas pelos alunos da turma experimental. No laboratório de informática, aconteceram os encontros para se utilizar a ferramenta computacional e evidenciar os resultados. Na sequência foi aplicada uma verificação simples (VS1), para avaliar os conhecimentos adquiridos pelos alunos por ocasião da pesquisa. O segundo momento constou de uma situação problema, em que se pedia que apresentassem as equações matemáticas, fizessem a análise gráfica das variáveis e as implementassem no programa “Modellus”. Finalmente foi aplicada outra verificação simples (VS2), para avaliar o conhecimento adquirido pelo aluno neste segundo momento da pesquisa. Constatou-se uma melhoria significativa no rendimento da turma experimental, quando se trabalhou com o “Modellus”, nas concepções behaviorista e construtivista, se comparado com as turmas de controle. Palavras-chaves: Informática, Educação, Circuitos, Programas e Aprendizagem. v 6 ABSTRACT The objective of the research was to elaborate and to apply a simulation tool, being used itself the program “Modellus”, capable to assist the pupils to face the difficulties found in the learning, when they study electric circuits, more specifically, transitory analysis in circuits RL and RC, fed with sources of continuous tension. The inspiration for this research appeared of the verification made for the author of the difficulties found for its pupils to understand and to analyze of transient in circuits RL and RC. To carry through the computational simulation, the program “Modellus” was used, working the pedagogical conceptions behaviorista and construtivistas. They had been elaborated and applied test of knowledge and a situation problem for a group of twenty and two pupils of semester IV of the course technician in electrotechnical of the IFCE, Fortaleza campus. The first one consisted theoretically of four analyzed problems, and the answers had been registered for the pupils of the experimental group. In the computer science laboratory, the meeting had happened to use the computational tool and to evidence the results. In the sequence a simple verification was applied (VS1), to evaluate the knowledge acquired for the pupils for occasion of the research. As the moment consisted of a situation problem, where if it asked for that they presented the mathematical equations, made the graphical analysis of the variable they implemented and them in the program “Modellus”. Finally one another simple verification was applied (VS2), to evaluate the knowledge acquired for the pupil at this as moment of the research. A significant improvement in the income of the experimental group was evidenced, when it worked with the “Modellus”, in the behaviorista conception and construtivista, if compared with the control groups. Word-Key: Computer science, Education, Circuits, Programs and Learning. vi 7 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS........................................................................................................x LISTA DE GRÁFICOS....................................................................................................xii LISTA DE TABELAS.....................................................................................................xiii LISTA DE QUADROS...................................................................................................xiv LISTA DE SIGLAS.........................................................................................................xv INTRODUÇÃO...............................................................................................................17 1. REVISÃO DA LITERATURA.....................................................................................23 1.1. Trabalhos relacionados.......................................................................................23 1.1.1. Concepções alternativas dos alunos na aprendizagem de circuitos RL e RC......................................................................................................................23 1.1.2. Concepção sobre as novas formas de abordagem dos circuitos RL e RC......................................................................................................................26 1.2. Introdução sobre transientes em circuitos RL e RC............................................29 1.3. Estudo de transientes em circuitos RL................................................................30 1.4. Constante de tempo para um circuito RL............................................................33 1.5. Valores iniciais para transientes em circuitos RL................................................35 1.6. Estudo de transientes em circuitos RC..............................................................37 1.7. Constante de tempo para um circuito RC...........................................................40 1.8. Estudo de transientes em circuitos RC na descarga..........................................42 2. CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS.............................................................................45 2.1. Construtivismo e epistemologia genética............................................................46 2.1.1. O computador e o construtivismo............................................................50 2.2. Mediação.............................................................................................................51 2.2.1. O processo de formação de conceitos....................................................52 2.2.2. O computador como mediador................................................................53 vii 8 2.2.3. Charles Sanders Peirce (2005)................................................................55 2.2.4. Ferdinand de Saussure (2002)................................................................56 2.2.5. A semiótica e o uso do computador no ensino de eletricidade...............58 2.3. Concepção behaviorista.......................................................................................59 2.3.1. O condicionamento operante....................................................................60 2.3.2. Maquina para fazer o aluno a estudar.......................................................61 3. O PROGRAMA COMPUTACIONAL “MODELLUS”................................................64 3.1. Os computadores no auxílio à aprendizagem.....................................................64 3.2. Aprendizagem de eletricidade em ambientes informatizados.............................66 3.3. A modelagem como ferramenta computacional..................................................66 3.4. A opção pelo programa computacional “Modellus”.............................................70 3.5. Descrição do programa “Modellus”.....................................................................70 4. METODOLOGIA........................................................................................................77 4.1. Amostra................................................................................................................78 4.2. Desenvolvimento do trabalho...............................................................................79 4.3.Testes de avaliação da aprendizagem..................................................................81 4.4. Simulação e modelagem usando o programa “Modellus”....................................84 4.5. Procedimento didático...........................................................................................84 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS..............................................87 5.1. Análise do teste de conhecimento.......................................................................87 5.2. Análise das respostas para a situação problema................................................90 5.2.1. Equacionamento matemático da situação problema correta.....................90 5.2.2. Equacionamento matemático da situação problema parcialmente correta....................................................................................................................92 5.2.3. Equacionamento matemático da situação problema errada.......................94 5.2.4. Análise gráfica da situação problema correta..............................................95 5.2.5. Análise gráfica da situação problema parcialmente correta........................97 viii 9 5.2.6. Análise gráfica da situação problema errada.............................................99 5.2.7. Uso do “Modellus” para mostrar o gráfico vc x t......................................100 5.3. Avaliação quantitativa da aprendizagem...........................................................101 5.3.1. Avaliação quantitativa da (VS1)..............................................................101 5.3.2. Avaliação quantitativa da (VS2)..............................................................103 5.4. Avaliação quantitativa no semestre...................................................................105 5.5. Gráficos comparativos de médias por semestre...............................................106 5.6. Conclusão da análise dos dados.......................................................................109 CONCLUSÕES............................................................................................................110 REFERÊNCIAS...........................................................................................................113 REFERÊNCIA EXTRA CONSULTADAS....................................................................117 ANEXO1 PLANO DA DISCIPLINA.............................................................................118 APÊNDICE1 TESTE DE CONHECIMENTO................................................................120 APÊNDICE2 SITUAÇAO PROBLEMA........................................................................122 APÊNDICE3 VS1.........................................................................................................123 APÊNDICE4 VS2.........................................................................................................124 APÊNDICE5 ATIVIDADE DE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL...............................125 ix 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Circuito RC série com amperímetros.............................................................24 Figura 2 – Circuito RC em série.....................................................................................28 Figura 3 – Circuito RL em série......................................................................................30 Figura 4 – Circuito RL no instante em que a chave (Ch) é fechada...............................31 Figura 5 – Circuito RL no estado estacionário...............................................................32 Figura 6 – Circuito RL com valor inicial (i)......................................................................36 Figura 7 – Circuito RC em série.....................................................................................37 Figura 8 – Circuito RC no instante em que a chave (Ch) é fechada..............................39 Figura 9 – Circuito RC no estado estacionário...............................................................39 Figura 10 – Intermediação entre sujeito e objeto............................................................53 Figura 11 – Classificação dos tipos de signos...............................................................57 Figura 12 – O elo entre previsão, medida e o modelo.....................................................67 Figura 13 – As principais características do Modellus...................................................71 Figura 14 – Acerca do Modellus e sua versão...............................................................72 Figura 15 – O software “Modellus” e algumas de suas janelas......................................73 Figura 16 – Janela controlo..............................................................................................73 Figura 17 – Janela modelo...............................................................................................74 Figura 18 – Janela gráfico................................................................................................74 Figura 19 – Janela animação...........................................................................................75 Figura 20 – Janela notas..................................................................................................75 Figura 21 – Janela condições iniciais...............................................................................76 Figura 22 – Resposta do aluno (9)...................................................................................90 Figura 23 – Resposta do aluno (14).................................................................................91 Figura 24 – Resposta do aluno (24).................................................................................91 Figura 25 – Resposta do aluno (7)...................................................................................92 Figura 26 – Resposta do aluno (5)...................................................................................93 Figura 27 – Resposta do aluno (6)...................................................................................94 x 11 Figura 28 – Resposta do aluno (15).................................................................................95 Figura 29 – Resposta do aluno (9)...................................................................................96 Figura 30 – Resposta do aluno (22).................................................................................96 Figura 31 – Resposta do aluno (11).................................................................................97 Figura 32 – Resposta do aluno (2)...................................................................................98 Figura 33 – Resposta do aluno (15).................................................................................99 xi 12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Curva exponencial crescente e decrescente...............................................28 Gráfico 2 – Curva da corrente no indutor.......................................................................34 Gráfico 3 – Curva da tensão no indutor..........................................................................35 Gráfico 4 – Comportamento da corrente no transiente de circuito RL...........................37 Gráfico 5 – ic durante a fase de carga............................................................................38 Gráfico 6 – vc durante a fase de carga...........................................................................38 Gráfico 7 – Ciclos de carga e descarga para o circuito RC............................................43 Gráfico 8 – Média das (VS1) de seis semestres sucessivos.........................................107 Gráfico 9 – Média das (VS1) de seis semestres sucessivos.........................................107 Gráfico 10 – Média das (VS1 e VS2) de seis semestres sucessivos............................108 xii 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Frequência simples (fi), percentual (%) por intervalos de notas e médias finais de cinco semestres sucessivos..............................................................................77 Tabela 2 – Análise de acertos e erros do teste de conhecimento..................................88 Tabela 3 – Análise de acertos e erros para a situação problema...................................99 Tabela 4 – Frequência simples (fi), percentual (%) por intervalos de notas e médias da (VS1) de cinco semestres sucessivos............................................................................101 Tabela 5 – Distribuição de notas por classes na (VS1) – 2011.2..................................102 Tabela 6 – Valores da média, moda e mediana na (VS1) – 2011.2.............................102 Tabela 7 – Medidas de variabilidade (VS1) – 2011.2....................................................103 Tabela 8 – Frequência simples (fi), percentual (%) por intervalos de notas e médias da (VS2) de cinco semestres sucessivos............................................................................103 Tabela 9 – Distribuição de notas por classes na (VS2) – 2011.2..................................104 Tabela 10 – Média, moda e mediana na (VS2) – 2011.2..............................................104 Tabela 11 – Medidas de variabilidade (VS2) – 2011.2..................................................105 Tabela 12 – Distribuição de notas por classes no semestre 2011.2..............................105 Tabela 13 – Média, moda e mediana no semestre 2011.2............................................106 Tabela 14 – Medidas de variabilidade no semestre 2011.2 ..........................................106 xiii 14 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Mapeamento entre o decaimento radioativo e o circuito RC proposto por Krapas & Borges (1998).................................................................................................26 xiv 15 LISTA DE SIGLAS IFCE – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará. SI – Sistema Internacional. RL – Resistor, Indutor. RC – Resistor, Capacitor. ICD – Corrente de Carga e Descarga. VCD – Tensão de Carga e Descarga. VS – Verificação Simples. CC – Corrente contínua. xv 16 INTRODUÇÃO A física, por ser uma ciência experimental e de conceitos abstratos, torna-se uma disciplina de difícil compreensão pelos alunos. No ensino técnico, essa dificuldade apresenta proporções significativas, e os alunos não conseguem fazer associações do conteúdo lecionado em sala de aula com o mundo real. Em consequência disso, verifica-se que o interesse pelo aprendizado da disciplina fica prejudicado. Ensinar física, e em particular eletricidade, torna-se um desafio ao professor. É possível perceber em sala de aula, principalmente no ensino técnico de nível médio, a dificuldade dos alunos para assimilarem os conteúdos dessa disciplina. Desta forma, devem-se buscar metodologias de abordagem do tema que tornem o aluno um indivíduo participativo, para ele interagir de modo produtivo com os objetos do conhecimento, buscando compreender os fenômenos presentes nos estudos de eletricidade. Na construção dessas metodologias, a informática pode desempenhar papel complementar nas atividades em sala de aula e no laboratório. Os extraordinários avanços dessa metodologia abrem espaço a uma série de novas formas de aprendizado, possibilitando ao indivíduo a autonomia na construção de seus conhecimentos. O computador, por exemplo, pode ser empregado como um excelente recurso pedagógico e uma ferramenta computacional adequada. Através dele, usandose programas computacionais apropriados, é possível fazer simulações de situações práticas de laboratório, inclusive com animação que permita ao aluno a melhor compreensão dos fenômenos físicos ligados à eletricidade. A animação interativa tem se configurado como uma possibilidade oportuna nos processos de ensino e de aprendizagem nas ciências de modo geral, e na física de modo particular (VEIT & TEODORO, 2002). 17 Kenski (2007, p. 45), afirma que Uma animação em forma de simulação é caracterizada por mostrar a evolução temporal de um dado evento, e se presta de maneira exuberante para a exposição de fenômenos que se apresentam incompreensíveis para aqueles alunos que não têm uma percepção visual aguçada ou uma capacidade de abstração sofisticada. Afirma ainda, que as novas tecnologias de informação e comunicação, sobretudo a televisão e o computador movimentaram a educação e provocaram novas mediações entre a abordagem do professor, a compreensão do aluno e o conteúdo veiculado. A imagem, o som e o movimento oferecem informações mais realistas em relação ao que está sendo ensinado. Quando bem utilizadas, provocam a alteração dos comportamentos de professor e aluno, levando ao melhor conhecimento e maior aprofundamento do conteúdo estudado. Dentre os trabalhos científicos publicados no âmbito desta linha de pesquisa, envolvendo simulação e modelagem computacionais, destacam-se Araújo (2002) e Araújo, Veit e Moreira (2004), que abordaram as dificuldades de aprendizagem dos alunos na interpretação de gráficos da Cinemática e tiveram como subprodutos 1) um conjunto de atividades de simulação e modelagem computacionais, complementares às atividades tradicionais de ensino da cinemática; e 2) a adaptação e validação de um teste sobre o entendimento de gráficos da Cinemática. Nesta mesma linha de pesquisa, Araújo (2005) e Araújo, Veit e Moreira (2005) utilizaram uma abordagem que envolveu, além de atividades computacionais com equações de Maxwell, um método colaborativo presencial como dinâmica de base para o desenvolvimento de relações interpessoais entre o professor e a turma e os alunos entre si. Foi adotada uma metodologia qualitativa, cujo foco estava no processo ensino-aprendizagem que ocorre em ambientes de sala de aula. Os resultados sugerem que as atividades de simulação e modelagem computacionais são potencialmente facilitadoras de aprendizagem significativa em Física. Sugerem também que a atividade colaborativa presencial contribuiu positivamente para esse tipo de aprendizagem. Outro trabalho interessante nessa linha de pesquisa (DORNELES, 2005) teve como objetivo investigar o desempenho (em termos de domínio de situações 18 problemáticas) de alunos que trabalham com atividades de modelagem e simulação computacionais, desenvolvidas com o programa “Modellus”, no estudo de circuitos elétricos, usando elemento resistor em série e paralelo, alimentado com tensão contínua, e comparando com alunos expostos apenas ao método expositivo dialogado de ensino. Vê-se, portanto, que mesmo em escolas providas de laboratórios voltados ao estudo de eletricidade, o computador pode ser uma ferramenta importante na visualização e na compreensão dos conteúdos abordados, na constatação e no entendimento dos conceitos aplicados e nas análises gráficas do comportamento de circuitos elétricos. Com o intuito de solucionar o problema das dificuldades dos alunos no estudo de análise transitória em circuitos RL e RC, pela falta de um laboratório de eletricidade especializado, foram realizadas atividades com ferramenta computacional de simulação, utilizando o programa “Modellus”. A simulação serve como um pequeno modelo simplificado da realidade que, assim como mitos e metáforas, ajuda na compreensão dos fenômenos físicos, pelo fato de as simulações serem processos dinâmicos nas representações de fenômenos. Em assim fazendo, o computador tornase uma ferramenta que auxilia na construção do conhecimento, deixando de ser apenas uma máquina de fornecer informações, considerando que o aluno é incentivado para que, sozinho ou em colaboração, possa encontrar soluções para problemas que lhe são apresentados. Na realidade, esta é a proposta atual do MEC, conforme esclarece Veit & Teodoro: É preciso mudar convicções equivocadas, culturalmente difundidas em toda a sociedade, de que os alunos são pacientes, de que os agentes são professores e de que a escola estabelece simplesmente o cenário do processo de ensino (BRASIL, p. 263 apud Veit & Teodoro, 2002, p.87). Se há uma unanimidade, pelos menos no plano dos conceitos entre educadores para as Ciências e a Matemática, é quando à necessidade de se adotarem métodos e aprendizado ativo e interativo (BRASIL, p. 263 apud Veit & Teodoro, 2002, p.96). 19 Nesta pesquisa, foi utilizado um programa computacional que possui aspectos construtivistas. Trata-se do “Modellus”, que faz simulações de fenômenos físicos, a partir de modelagem matemática desenvolvida pelo usuário. A simulação, no contexto construtivista, fornece aos alunos uma experiência direta, em que eles podem elaborar hipóteses, já que podem programar, utilizando as ferramentas que o professor leciona em aula (fórmulas), e observar os resultados de suas hipóteses, executando o seu modelo e modificando parâmetros através da realização de novas predições. Segundo Boyle (cf. 2002), “O construtivismo tem sido, ultimamente, a abordagem teórica mais utilizada para orientar o desenvolvimento de materiais didáticos informatizados, principalmente o de ambientes multimídia de aprendizagem”. Assim, pode-se considerá-lo como suporte que tem dado origem a diferentes propostas educativas que incorporam novas tecnologias, às vezes de forma implícita, às vezes de forma explícita. Isto mostra que ao usar o computador, e um programa adequado, como ferramenta auxiliar na aprendizagem, o estudante constrói representações nas quais apoiará seu conhecimento, segundo a visão construtivista. Diante do exposto, podem-se identificar as principais finalidades do uso do computador: • na interatividade; • na simulação de aspectos da realidade; • na interação à distância; • no armazenamento e na organização de informações, representadas de várias formas, tais como textos, vídeos, gráficos, animações e áudios. Considerando que será utilizado um programa computacional nas aulas da disciplina de eletricidade II, capaz de minimizar as dificuldades encontradas pelos alunos, no estudo de transientes em circuitos RL e RC, lançou-se a seguinte hipótese geral para este trabalho: 20 Os ambientes computacionais de simulação, utilizados como recurso metodológico auxiliar nas aulas de eletricidade II contribui para melhorar a aprendizagem dos conceitos físicos envolvidos na análise de transientes em circuitos RL e RC. Diante da situação hipotetizada, o objetivo geral desta pesquisa foi elaborar e aplicar uma ferramenta de simulação, usando-se o programa “Modellus”, nas concepções behaviorista e construtivista, capaz de auxiliar os alunos a enfrentarem as dificuldades encontradas na aprendizagem, quando estudam circuitos elétricos, mais especificamente, análise transitória em circuitos RL e RC, alimentados com fontes de tensão contínua. Para atingir o objetivo geral da pesquisa, foram propostos os seguintes objetivos específicos: • Elaborar e aplicar um teste de conhecimento, abordando análise transiente em circuitos RL e RC, depois de trabalhar o ensino na concepção behaviorista. • Demonstrar em laboratório de informática os resultados que deveriam ter sido encontrados no teste de conhecimentos. • Aplicar uma verificação simples (VS1) para avaliar os conhecimentos adquiridos pelos alunos. • Elaborar e aplicar um segundo teste, abordando uma situação problema, sobre o mesmo assunto do primeiro teste e trabalhando a concepção construtivista do conhecimento. • Ministrar aulas práticas em laboratório de informática, para melhor utilizar o “Modellus”, para resolução de problemas. • Aplicar uma segunda verificação simples (VS2) para avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos. 21 Este trabalho está apresentado, a seguir, em cinco capítulos dispostos e denominados na seguinte sequência: • Capítulo 1 – Revisão da literatura, onde são identificadas as dificuldades a partir das concepções alternativas de alunos, as novas formas de abordagem quando realizam análise de transientes em circuitos RL e RC e a fundamentação teórica para análise de transientes em circuitos RL e RC necessária para o entendimento das atividades. • Capítulo 2 – Trata das concepções educacionais behaviorista e construtivista adotadas na pesquisa. • Capítulo 3 – Discorre sobre o programa computacional “Modellus”, seus ambientes, características e manuseio. Descreve também sobre os conceitos de modelagem computacional. • Capítulo 4 – Descreve as etapas metodológicas empregadas na pesquisa. • Capítulo 5 – Apresenta uma análise das atividades desenvolvidas no trabalho, mostrando os dados que representam os resultados alcançados na pesquisa. Para finalizar, apresentam-se as conclusões do trabalho. No pós-texto encontram-se as referências bibliográficas, bem como o anexo relativo ao plano de disciplina e os apêndices desenvolvidos e aplicados nesta pesquisa. 22 1. REVISÃO DA LITERATURA A Eletricidade é uma das áreas da Física que possuem mais estudos sobre dificuldades de aprendizagem dos alunos. Em nossa revisão da literatura encontramos algumas publicações de autores, que desenvolveram um exaustivo estudo de identificação de obstáculos nesta linha de pesquisa. 1.1. Trabalhos relacionados Sobre circuitos RL e RC encontrou-se reduzido número de publicações, aproximadamente sete no total. Considerando essa carência de informações, foram destacados para esta pesquisa os trabalhos de Eylon & Ganiel (1990); Thacker, Ganiel & Boys (1999) e Greca & Moreira (1996, 1998), que identificam dificuldades de aprendizagem. Já os trabalhos de Krapas & Borges (1998) e Redondo & Líbero (1996) discutem novas formas de abordagem dos circuitos RL e RC. 1.1.1. Concepções alternativas dos alunos na aprendizagem de circuitos RL e RC Eylon & Ganiel (1990) relatam um estudo preliminar no qual exploram se os alunos conseguem associar fenômenos macroscópicos que ocorrem em circuitos elétricos com processos microscópicos. O estudo envolveu 92 alunos e ocorreu em duas fases. Na primeira fase, os alunos responderam a um questionário, formado por quatro questões que envolveram dois circuitos RC, para identificar dificuldades centrais. Na segunda, um pequeno grupo de alunos foi entrevistado com o objetivo de explorar com maior detalhe a natureza das dificuldades e suas origens. Em uma das questões foi pedido que os alunos respondessem sobre o comportamento da corrente elétrica ao longo do circuito mostrado na Figura 1, quando o interruptor (Ch) for fechado. As respostas incorretas de 20 alunos foram classificadas em quatro categorias, a saber: 23 • categoria 1 – consideram que o capacitor representa uma interrupção no circuito e, consequentemente, o circuito permanecerá aberto e nenhuma corrente poderá fluir. Cerca de 35% responderam que iA1 = iA2 = 0; • categoria 2 – adotam uma visão sequencial do fluxo de corrente elétrica. A corrente elétrica pode fluir do terminal positivo da bateria até a placa A do capacitor, mas não pode atravessá-lo. Cerca de 30% responderam que i1 = 0; i2 ≠ 0; • categoria 3 – desconsideram o efeito do capacitor completamente. Cerca de 10% responderam que i1 = i2 = constante, argumentando que “a diferença de potencial e a resistência elétrica são constantes”; • categoria 4 – têm dificuldades para analisar o efeito do capacitor no circuito. Cerca de 25% responderam que i1 decresce, pois i = q / t ou que, quando o capacitor estiver completamente carregado, a resistência será constante e i é também. V Figura 1 – Circuito RC série com amperímetros. A mesma figura 1, representando um circuito RC, foi usada para verificar a compreensão dos alunos sobre o comportamento da corrente elétrica ao longo de um circuito por Eylon & Ganiel, (1990) e por Thacker, Ganiel & Boys, (1999). Thacker, Ganiel & Boys (1999) comparam o desempenho de dois grupos de alunos universitários que responderam a um questionário construído para identificar suas concepções sobre a relação entre fenômenos macroscópicos de transistores em um circuito elétrico de corrente contínua e os processos microscópicos que podem explicar esses fenômenos. 24 Um grupo, formado por 90 alunos (grupo A), estudou por um texto tradicional escrito por Halliday, Resnick & Walker, (1986), enquanto o segundo, formado por 29 alunos (grupo B), usou um texto que enfatiza modelos de processo microscópicos escrito por Chabay & Sherwood, (1995). A partir da análise de desempenho dos dois grupos e também do estudo preliminar feito por Eylon & Ganiel, (1990), os autores concluíram que o desempenho dos alunos cuja instrução incluiu uma ênfase no desenvolvimento de modelos de processos microscópicos é superior ao dos demais alunos. A partir de considerações qualitativas em suas análises, esses alunos foram capazes de desenvolver modelos coerentes para descrever suas observações. Já os alunos que estudaram pelo texto tradicional foram capazes apenas de resolver problemas quantitativos, manipulando equações e usando fórmulas memorizadas. Aproximadamente 95% dos alunos do grupo B foram capazes de responder corretamente sobre o comportamento da corrente elétrica nos amperímetros A1 e A2, em função do tempo no circuito mostrado na Figura 1, quando o interruptor for fechado. E 30% dos alunos do grupo A responderam incorretamente, pois desenvolveu um raciocínio mecânico baseado em fórmulas, o que impossibilita um raciocínio qualitativo. Entre os alunos, 13% indicaram que um amperímetro é utilizado para medir diferença de potencial, capacitância ou carga elétrica; 7% não entenderam a relação entre carga elétrica e corrente elétrica. Para muitos alunos do grupo A, a ordem dos elementos no circuito mostrado na Figura 1 é relevante. Exemplos de algumas predições incorretas: • o capacitor carrega-se de carga elétrica que só flui por uma parte do circuito; • a corrente elétrica em A1 é nula e em A2 é não-nula, pois A2 está conectado ao terminal positivo da bateria; • a intensidade da corrente elétrica em A1 é menor que em A2, devido ao resistor R; • as cargas elétricas saltam de uma placa para a outra do capacitor. 25 Greca & Moreira (1996) apresentam resultados preliminares de um estudo com o objetivo de investigar em que nível de representação mental alunos de Física operam com o conceito de campo eletromagnético, quando resolvem problemas e questões teóricas. A análise de notas e de entrevistas revelou que alguns alunos não são capazes de interpretar o conceito de campo eletromagnético e não distinguem corretamente características do campo elétrico e magnético; utilizam em geral fórmulas e definições que se encontram nos livros e apresentam afirmações soltas, como por exemplo: “Bem, este é um circuito RLC, não sei o que se passa. Tendo as fórmulas, alguma deve me servir”. Como um dos resultados finais daquele estudo, Greca & Moreira (1998) argumentam que os alunos trabalham com a articulação da estrutura matemática do eletromagnetismo, sem o objetivo de entender o que ocorre fisicamente. Um aluno reproduziu mecanicamente os gráficos de barra que estão no livro-texto (Fundamentos de Física 3, Halliday, Resnick & Walker, 1993), para as energias armazenadas em um circuito LC, mas não conseguiu representar sequer o sentido das linhas de campo magnético no indutor, durante uma oscilação completa. 1.1.2. Concepções sobre as novas formas de abordagem dos circuitos RL e RC Krapas & Borges (1998) propõem uma analogia entre decaimento radioativo e circuito RC, com base no mapeamento da estrutura do pensamento analógico proposto por Gentner & Gentner (1998). Inferências conceituais sobre um novo conhecimento surgem a partir do domínio baseado na forma de um modelo analógico. Em geral, os livros de Física tratam um circuito RC do ponto de vista macroscópico, fazendo uso da equação diferencial que rege o fenômeno da descarga do capacitor e apresentando a solução da equação do tipo exponencial. Por outro lado, a população de núcleos radioativos também decai no tempo na forma de uma exponencial. A similaridade matemática entre esses dois fenômenos possibilita a análise da descarga de um capacitor em um circuito RC do ponto de vista microscópico, tratando estatisticamente a migração da população de elétrons da mesma forma como é tratado 26 o decaimento da população de núcleos radioativos. O quadro 1 apresenta, de forma resumida, tal analogia proposta. Os autores consideram que a analogia proposta tem interesse assegurado entre professores universitários, no entanto não está ainda claro para que público de alunos se destina tal analogia: seriam alunos de Física Moderna, de Física Básica, ou de disciplinas ligadas à formação de professores? Objetos mapeados Atributos dos objetos mapeados Relações de ordem inferior mapeadas Relações de ordem superior mapeadas Base – decaimento radioativo • população de núcleos; • tempo; • probabilidade de decaimento λ; • estabilidade do núcleo (λ = 0); • decai com (núcleo, tempo); • meia vida do núcleo T = ln2 / λ; dN dt = −λ .N ou N = N 0 e− λt Alvo – circuito RC • • • • • • dN dt população de elétrons no capacitor; tempo; probabilidade de recombinação das cargas 1/RC; estabilidade da recombinação (1/RC tende para zero); cai com (população de elétrons, tempo); “meia vida” do capacitor T = RC ln2; = −λ .N ou Q = Q0e − λt λ = 1 RC Quadro 1 - Mapeamento entre o decaimento radioativo e o circuito RC proposto por Krapas & Borges (1998). Redondo & Líbero (1996) abordam circuitos contendo capacitores ou indutores, sem o uso de equações diferenciais ou outros formalismos avançados, através de análise dimensional e de comparação entre escalas de tempo envolvidas nos processos de carga. A seguir é ilustrada a abordagem de comparação entre escalas proposta com a análise de um circuito RC de corrente contínua. No circuito mostrado na Figura 2, a corrente elétrica é comum a todos os componentes. Sem o capacitor C, a bateria produziria uma corrente i0 = V0 / R. Com o capacitor C, a bateria também força um movimento de elétrons; alguns saem da placa A e outros se acumulam na placa B, já que não há passagem de elétrons por entre as placas de nenhum capacitor. 27 Em princípio parece que nada mudou, e esperaríamos uma corrente i0. De fato, os primeiros elétrons a chegarem à placa B estabelecem uma corrente i0. Porém, esses primeiros elétrons começam a dificultar a entrada dos demais, devido à repulsão eletrostática. O gráfico 1 ilustra esse comportamento. A menos de um fator de escala R, o gráfico 1, também ilustra a curva de diferença de potencial no resistor, já que VR = R.I0. A diferença de potencial no capacitor é simplesmente Vc = V0 - VR. Vê-se, então, que é necessário um tempo para se carregar totalmente um capacitor (o mesmo tempo é necessário para descarregá-lo), como se ele tivesse uma inércia para se carregar. Depois de transcorrido esse tempo, a diferença de potencial no capacitor C é igual à da bateria. Figura 2 – Circuito RC em série. A figura 2 representa um circuito RC proposto por Redondo & Líbero (1996), abordando-o através da comparação entre escalas de tempo envolvidas nos processos de carga. 1,0 0,9 0,8 0,7 0,632 (aproximadamente 2/3) 0,6 0,5 0,4 0,368 (aproximadamente 2/3) 0,3 0,2 0,1 0 1τ 2τ 3τ 4τ 5τ t Gráfico 1 – Curva exponencial crescente e decrescente. 28 O gráfico 1 representa a curva de diferença de potencial no capacitor Vc e corrente elétrica (I) no circuito da Figura 2 em função do tempo, discutidas por Redondo & Líbero (1996). V0 é a diferença de potencial fornecida pela bateria e I0 = V0 / R. Esse tempo de carga deve ser função unicamente dos parâmetros do circuito V0, R e C. A unidade de R é volt/ampère ou volt.segundo/coulomb. Portanto, a única combinação com unidade de tempo é RC. De fato, pode-se mostrar que no intervalo de tempo: τ = R.C o capacitor C adquire (ou perde) cerca de 66% de sua carga total (ou inicial). O τ (Tal) é chamada de constante de tempo. 1.2. Introdução sobre transientes em circuitos RL e RC. Toda vez que um circuito elétrico RL ou RC é modificado de um estado para outro, seja por uma mudança na fonte de energia aplicada ou por uma alteração nos elementos de circuito, há um período de transição, durante o qual as correntes derivadas ou as tensões dos elementos, variam de valores primitivos para outros novos. Esse período é chamado de transiente. Após o término do período transiente, diz-se que o circuito encontra-se no regime permanente (ou estado estacionário). No estudo de transientes, um circuito elétrico elementar composto por um resistor e um indutor atuará de forma a atingir sua estabilidade. Haverá um tempo até que a corrente atinja um valor máximo no indutor e o circuito se estabilize. O tempo de estabilização da corrente no indutor é obtido a partir da relação entre a indutância e a resistência associada ao elemento indutor. Tecnicamente, denomina-se este valor de constante de tempo do indutor. Decorrido uma constante de tempo, a corrente no indutor atingirá, aproximadamente, 63,212% da corrente no regime permanente; para a 29 estabilização do circuito, necessita-se de um tempo de, aproximadamente, cinco constantes de tempo. Os valores típicos deste tempo decorrido, até a estabilização da corrente em um indutor, são da ordem de “micro” segundos a alguns segundos. Para se conseguir alguns segundos são necessários indutores com valores de resistências e indutâncias bem definidos. No transiente em circuitos elétricos envolvendo resistor e capacitor, haverá um tempo até que a tensão alcance um valor máximo de carga no capacitor, estabilizando o circuito. O tempo de carga de um capacitor pode ser obtido a partir do produto do valor da capacitância pelo respectivo valor de resistência ele associado. Assim no indutor, denomina-se esse valor de constante de tempo do capacitor. No tempo correspondente a uma constante de tempo, a tensão irá atingir, aproximadamente, 63,212% da tensão no regime permanente, e para estabilização do circuito necessita-se de um tempo de, aproximadamente, cinco constantes de tempo. Os valores típicos deste tempo de carga de um capacitor são da ordem de nano segundos a alguns segundos. 1.3. Estudo de transientes em circuitos RL. As variações de corrente e tensão elétrica que ocorrem em um circuito com resistor e indutor (RL) alimentados com uma fonte de tensão contínua, quando o indutor armazena energia sob a forma de campo magnético, podem ser mais bem compreendidas quando se analisa o circuito RL representado na figura 3. Figura 3 – Circuito RL em série (BURIAN JÚNIOR e LYRA, 2006). 30 No instante em que a chave (Ch) é fechada, o indutor não permite uma elevação brusca da corrente, por se opor à variação de corrente. O potencial no indutor (vL) decresce exponencialmente até atingir zero volts. A corrente (iL) no indutor cresce exponencialmente , partindo do zero, estabelecendo uma queda de tensão no resistor e uma correspondente queda da tensão (vL) no indutor. A corrente continua crescente até que a queda de tensão no indutor chegue a zero e a queda de tensão no resistor seja igual à tensão da fonte. Inicialmente, a corrente (iL) do indutor aumenta muito rapidamente, seguida de uma taxa crescente até alcançar o valor final de corrente (V / R). A figura 4 mostra o comportamento da corrente e da tensão no circuito, no instante em que a chave (Ch) foi fechada. O indutor, nesse momento, comporta-se como um circuito aberto, pois a corrente crescerá exponencialmente de zero até atingir seu valor de estabilidade (V / R). Figura 4 – Circuito RL no instante em que a chave (Ch) é fechada (HAYT JÚNIOR, KEMERLY e DURBIM, 2008). Quando o circuito atinge o estado estacionário, a fase de armazenamento de energia está encerrada e, neste momento, o indutor se comporta como um curtocircuito, conforme mostra a figura 5. 31 Figura 5 – Circuito RL no estado estacionário (HAYT JÚNIOR, KEMERLY e DURBIM, 2008). Um indutor ideal (RL = 0Ω) se comporta como um curto-circuito em um circuito de corrente contínua, uma vez estabelecido o estado estacionário. Considerando o circuito RL da figura 3, em qualquer instante após a chave ser fechada, a relação de tensão obedece à lei de Kirchhoff. vL + vR = V Como: vL = L di dt e (eq. – 1) V = Ri L di + Ri = V dt (eq. – 2) Com a solução da equação diferencial de primeira ordem, obtém-se i(t), sujeito à condição i(0) = 0. R − t V i (t ) = (1 − e L ) R (Ampère, A) (eq. – 3) 32 A equação 3, representa a curva crescente exponencial da corrente instantânea no circuito, conforme o tempo de acionamento da chave. Nela, o valor máximo de corrente elétrica vale V/R, que corresponde ao valor de estado permanente ou estacionário do circuito, quando a energia armazenada no indutor alcança seu valor máximo. 1.4. Constante de Tempo para um circuito RL A constante de tempo ( τ ) é o valor que torna unitário o expoente da equação exponencial apresentada na equação 3. R L τ = 1 → R.τ = L.1 → τ = L R (segundos, s) (eq. – 4) Uma constante de tempo ( τ ) é o tempo necessário para que a corrente atinja 63,2% da corrente estacionária. O fato de que ( τ ) tem dimensões de tempo pode ser verificado a partir da expressão para a tensão induzida. vL v L V V τ = = di / dt = L → = =t di Ri v R R R dt t t O gráfico 2 mostra a curva (corrente x constante de tempo), na qual se encontram os valores de correntes no estado transiente. 33 Gráfico 2 – Curva da corrente no indutor (BOYLESTAD, 2004). Para a maioria das aplicações práticas, considera-se que a fase de armazenamento termina e o circuito RL entra no estado estacionário após um período equivalente a cinco constantes de tempo. Alem disso, como L/R tem sempre um valor diferente de zero, embora possa ser muito pequeno, o intervalo de tempo de 5 τ sempre será maior do que zero. A corrente não responde instantaneamente a uma variação no circuito indutivo. Mantendo-se a resistência (R) constante, provocando um aumento na tensão sobre o indutor L, a razão L/R aumentará, fazendo aumentar o tempo de subida. A variação no comportamento transitório da corrente iL é um exponencial crescente. As figuras 4 e 5 dos circuitos mostrados indicam que a tensão no indutor salta bruscamente para V, quando a chave é fechada e cai gradualmente para 0 volt. A queda ocorre de maneira exponencial, e VL pode ser descrita, matematicamente, durante a fase de armazenamento. R − t V d [ (1 − e L )] di V R − RL t R vL = L ⇒ v L = L ⇒ vL = L. . e dt dt R L vL = Ve R − t L (volts, V) (eq. – 5) 34 No gráfico 3, observa-se o gráfico de VL com o eixo do tempo novamente expresso em constante de tempo ( τ ). Obviamente a tensão tende a zero com a mesma rapidez com a qual a corrente tende ao valor máximo. Em cinco constantes de tempo, para todos os fins práticos, iL = V/R, vL = 0 e o indutor poderá ser substituído por um curto-circuito. Gráfico 3 – Curva da tensão no indutor (BOYLESTAD, 2004). A tensão no resistor pode ser descrita, matematicamente, conforme equação abaixo: vR = R.i = V (1 − e R − t L ) (Volts, V) (eq. – 6) A tensão transiente no resistor cresce e no indutor cai exponencialmente com a mesma constante de tempo da corrente. A soma de vR e vL satisfaz à lei de Kirchhoff durante todo o período transitório. 1.5. Valores iniciais para transientes em circuitos RL. Neste item, será considerado que uma corrente inicial (IL) esteja circulando no circuito mostrado na figura 6 a seguir: 35 Ii Figura 6 – Circuito RL com valor inicial (i) (BURIAN JÚNIOR e LYRA, 2006). Como a corrente no indutor não pode alterar instantaneamente seu valor, dar-se início à fase transiente com o valor inicial, considerando que (S1) esteja fechada há tempo e (S2) esteja aberta. Fechando (S2), inicia-se a fase transiente até chegar ao estado estacionário, com aproximadamente, cinco constantes de tempo. O valor da corrente no indutor, no estado estacionário, pode ser determinado simplesmente substituindo-o por um curto-circuito e calculando a corrente resultante através do elemento. Usando as expressões para transientes já apresentadas anteriormente, pode-se escrever uma equação para a corrente iL, que é válida em todo o intervalo de tempo considerado. Com isso, matematicamente, obtém-se: iL = I i + ( I f − I i )(1 − e − t /τ ) Em que (If - Ii) é a variação total durante a fase transiente. Multiplicando os termos e reagrupando-os teremos, iL = I i + I f − I f .e − t /τ − I i + I i .e− t /τ iL = I f − I f .e − t /τ + I i .e− t /τ iL = I f + ( I i − I f ).e − t /τ (Ampère, A) (eq. – 7) 36 Gráfico 4 – Comportamento da corrente no transiente de circuito RL (BOYLESTAD, 2004). 1.6. Estudo de transientes em circuitos RC. No estudo dos circuitos RC, será feita uma análise do comportamento da corrente e da tensão depois que a chave S1 é fechada na posição 1, conforme mostra a figura do circuito abaixo: Figura 7 – Circuito RC em série (ALEXANDER,2003). No instante do fechamento da chave S1 representada na figura 7, a bateria começa a remover elétrons da placa superior e a depositá-los na placa inferior, resultando em uma carga positiva na placa superior e uma negativa na inferior. A transferência de elétrons é muito rápida inicialmente, ficando mais lenta à medida que a tensão entre os terminais do capacitor se aproxima da tensão da bateria. Quando a chave é fechada em t = 0, a corrente salta para um valor limitado apenas pela 37 resistência do circuito; em seguida, começa a diminuir a zero à medida que as placas se carregam. Como a tensão entre as placas está relacionada diretamente à carga das placas pela equação Q = C.VC, a rapidez com que a carga é inicialmente depositada nas placas resulta em um rápido aumento de VC. O fluxo de carga irá cessar, a corrente irá zerar e a tensão não mudará de valor, terminando assim a fase de carga. A variação da corrente e da tensão no capacitor é mostrada no gráfico 5 e 6 abaixo: Gráfico 5 – ic durante a fase de carga (BOYLESTAD, 2004). Gráfico 6 – vc durante a fase de carga (BOYLESTAD, 2004). A figura 8 mostra o comportamento da corrente e da tensão no circuito, no instante em que a chave (S1) foi fechada. O capacitor, neste momento, comporta-se como um curto-circuito, pois a corrente decrescerá exponencialmente de (V/R) até atingir o valor zero (estabilidade). 38 S1 Figura 8 – Circuito RC no instante em que a chave (Ch) é fechada (HAYT JÚNIOR, KEMERLY e DURBIM, 2008). Quando o circuito chega ao estado estacionário, a fase de armazenamento está encerrada e, neste momento, o capacitor se comporta como um circuito aberto, conforme mostra a figura 9. S1 Figura 9 – Circuito RC no estado estacionário (HAYT JÚNIOR, KEMERLY e DURBIM, 2008). Considerando o circuito RC da figura 6 em qualquer instante, após a chave ser fechada, a relação de tensão obedece à lei de Kirchhoff: VR + VC = V Como: VR = R.i e i= dq dt teremos: (eq. – 8) VR = R. dq dt 39 Por outro lado: VC = 1 1 q i . dt ⇒ V = dq ⇒ V = C C C∫ C∫ C Substituindo na equação 8 teremos: R. dq q + =V dt C (eq. – 9) Com o resultado da equação diferencial de primeira ordem, obtém-se: V − RCt i (t ) = (e ) R (Ampère, A) (eq. – 10) A equação 10 represente como uma curva decrescente exponencial, a qual determina o valor da corrente instantânea no capacitor, conforme o tempo de acionamento. Nela, o valor da corrente elétrica chaga a zero após cinco constantes de tempo, que corresponde ao valor de estado permanente ou estacionário do circuito. 1.7. Constante de Tempo para um circuito RC O fator RC na equação 10 é chamado de constante de tempo ( τ ), sendo valor de tempo (t = τ ) que torna unitário o expoente da função exponencial. τ RC = 1 → τ = RC (segundos, s) (eq. – 11) Esse fator representa o tempo necessário para que a corrente decresça 63,2% da corrente inicial. Sua dimensão de tempo pode ser verificada a partir da expressão da tensão armazenada no capacitor. 40 As figuras 8 e 9 dos circuitos mostrados indicam a inexistência de tensão no capacitor quando a chave é fechada, atingindo o valor de V (volts) após cinco constantes de tempo. A subida de tensão ocorre de maneira exponencial de modo que VC pode ser descrita, matematicamente, durante a fase de armazenamento de energia: 1 t 1 t V − RCt vC = ∫ i.dt ⇒vC = ∫ ( e ) dt C 0 C 0 R vC = V (1 − e − t RC ) (volts, V) (eq. – 12) No gráfico 6, pode-se observar a curva de VC com o eixo do tempo, novamente, expresso em constante de tempo ( τ ). A tensão cresce exponencialmente até o valor máximo (V) com a mesma rapidez com a qual a corrente decresce a zero. Em cinco constantes de tempo, para todos os fins práticos, iC = 0, vC = V e o capacitor poderá ser substituído por um circuito aberto. A tensão no resistor obedece a lei de ohm: vR = R.i como: V − RCt i (t ) = (e ) R A tensão no resistor pode ser descrita, matematicamente, conforme equação abaixo: vR = Ve − t RC (volts, V) (eq. – 13) 41 A tensão transiente no resistor decresce e no capacitor cresce exponencialmente com a mesma constante de tempo da corrente. A soma de vR e vL satisfaz à lei de Kirchhoff durante todo o período transitório. 1.8. Estudo de transientes em circuitos RC na descarga. O circuito mostrado na figura 7 foi projetado para carregar e descarregar um capacitor. Quando a chave (S1) é colocada na posição 1, o capacitor se carrega com a tensão da fonte, como descrito na seção 2.5. Em qualquer instante do processo de carga, caso a chave (S1) seja colocada na posição 2, o capacitor começará a se descarregar com a mesma constante de tempo de carga ( τ = RC). A tensão estabelecida pela carga entre os terminais do capacitor dá origem a uma corrente elétrica que eventualmente descarrega o capacitor por completo. O capacitor se comporta como uma bateria, cuja tensão de saída diminui com o tempo. Na mudança de posição da chave, fazendo com que o capacitor se descarregue, pode-se observar que a corrente (iC) circula, agora, em sentido contrário, fazendo mudar a polaridade da tensão entre os terminais do resistor. Se o capacitor for carregado até a tensão entre seus terminais se igualar à tensão da fonte, a tensão de descarga no capacitor pode ser descrita, matematicamente, conforme a equação abaixo: vC = V .e − t RC (volts, V) (eq. – 14) Durante a fase de descarga, a corrente (iC) e a tensão no resistor (vR) também diminuem com o tempo, no entanto o sentido da corrente será invertido, conforme mudança de polaridade. A corrente de descarga no capacitor e a tensão de descarga no resistor podem ser descritas, matematicamente, conforme as equações abaixo, sujeito à condição i(0) = 0. 42 V − RCt iC = − e R vR = −Ve − t RC (volts, V) (eq. – 15) (volts, V) (eq. –16) A descarga completa ocorre, para todos os efeitos práticos, após cinco constantes de tempo. Se a chave (S1) for colocada alternadamente nas posições 1 e 2 a cada cinco constantes de tempo, as curvas de vC, iC, e vR terão o aspecto gráfico como mostra o gráfico 7. V V R _V R V -V Gráfico 7 – Ciclos de carga e descarga para o circuito RC (BOYLESTAD, 2004). 43 Como a polaridade de vC é a mesma nas fases de carga e descarga, toda a curva encontra-se acima do eixo das abscissas. A corrente iC muda de sentido quando o capacitor começa a se descarregar, produzindo um pulso negativo para a corrente e para o potencial vR. A tensão vC nunca varia instantaneamente, ao contrário da corrente iC, que varia instantaneamente, como demonstrado pelas elevações e quedas verticais em direção aos valores máximos. A descrição neste capítulo consistiu em explicar o comportamento das variáveis elétricas quando se realiza análise na fase transiente de circuitos RL e RC. Esta fundamentação é considerada de grande valia, pois o aluno necessita de conhecer não somente essa fundamentação teórica, mas também as respostas que esses elementos apresentam, quando em funcionamento nos circuitos elétricos. 44 2. CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS Quando o professor faz algum questionamento ao aluno sobre um determinado assunto, muitas vezes vêm como resposta algo que não o satisfaz completamente no contexto do ensino e da aprendizagem, por estarem incompletas ou equivocadas essas colocações feitas pelo aluno. Assim, o professor tem que aprender a lidar com essa insuficiência ou carência de conhecimentos, pois estão trabalhando com pessoas que, quando chegam à sala de aula, têm sua concepção própria de diversos assuntos, que na maioria dos casos está longe dos padrões científicos aceitos na aprendizagem. Na concepção construtivista, aprender um dos conteúdos escolares pressupõe atribuir um sentido e construir os significados implicados a tal conteúdo. Essa construção não é efetuada a partir do zero, nem mesmo nos primeiros anos de escolaridade do aluno, pois este, antes de ingressar na escola, já construiu sua base de significados sobre diversos temas. Por isso, é possível aprender e continuar a atribuir significado a novas situações que ele enfrentará. Segundo Jean Piaget (1970), a construção do conhecimento do sujeito se faz a partir de um conhecimento préexistente, que ele adquiriu ao longo de toda sua vivência, inclusive na escola. Essa teoria construtivista é um marco para o ensino-aprendizagem e seu autor mais conhecido é Jean Piaget (1896 - 1980). Porém, as teorias construtivistas que tratam da aquisição do conhecimento científico são muitas. As nuances e detalhes aparecem em vários outros autores que compartilham com Piaget a ideia básica de que o sujeito é o agente de sua aprendizagem como, por exemplo, Lev Vygotsky. Neste trabalho, Vygotsky (1989) nos interessa, porque ele fala também da importância da mediação entre conteúdo e sujeito. Essa mediação se dá através dos signos. E sobre a classificação dos signos, como a interação dele com o sujeito e o conteúdo, quem se aprofundou mais foi Peirce (2005). 45 A concepção behaviorista representa, provavelmente, a mais completa sistematização do posicionamento associacionista, behaviorista e ambientalista da psicologia atual. Devido à sua atenção com controles científicos estritos, Frederic Skinner realizou seus experimentos com animais, entre eles, ratos e pombos. O sucesso obtido nesses experimentos levou-o à análise científica do comportamento humano. Skinner (1982) afirma que, no campo educacional, o comportamento de alunos pode ser modificado pela apresentação de materiais em cuidadosa sequência e pelo oferecimento de recompensa ou reforços apropriados. A aprendizagem programada e as máquinas de ensinar são os meios mais apropriados para realizar aprendizagem escolar. O denominador comum ao aluno, a pombos e a ratos é um habitat no qual prevalecem certas contingências de reforços. Este trabalho está fundamentado na concepção construtivista de Jean Piaget, Lev Vygotsky e na concepção behaviorista de Frederic Skinner, conforme os métodos utilizados na pesquisa aplicada. A divisão deste capítulo compreende três partes principais: o construtivismo e a epistemologia genética, a mediação e a concepção behaviorista. Ao final de cada item, é destacada a importância dos aspectos particulares de cada teoria que embasará esta dissertação. 2.1. Construtivismo e Epistemologia Genética O construtivismo é um referencial teórico que parte da premissa de que o sujeito é o construtor do próprio conhecimento. Jean Piaget foi um dos primeiros estudiosos que pesquisou como o conhecimento era formado na mente do indivíduo. Ele observou indivíduos de idades que variaram entre a infância e a adolescência. Do fruto de suas observações, ele sistematizou em um método de análise que chamou de método clínico, no qual estabeleceu sua teoria e a chamou de Epistemologia Genética. 46 [...] as relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pela da atividade do sujeito, mas por um estado diferenciado; e é desse estado que derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas (PIAGET, 1970, p. 387). Na sua afirmação, Piaget (1947/1948) cita que um desenvolvimento cognitivo não pode ser explicado exclusivamente pela hereditariedade (apriorismo), nem apenas pela influência do meio (empirismo): ele deve postular a existência de um processo interno ao sujeito que o incite a transformar suas formas de conhecimento no sentido de uma otimização. Então, o construtivismo não é nem apriorismo nem empirismo, mas uma fusão dos dois. Apesar de o homem possuir uma “bagagem” genética que data de milhões de anos em evolução, ela não consegue emitir ao ser humano, logo que nasce, a mais simples operação de pensamento. Então é possível dizer que o ser humano, logo após seu nascimento, é um projeto a ser construído. Em seus estudos, Jean Piaget tinha o objetivo de entender como se constitui a inteligência. Ele a definiu como “[...] a forma de equilíbrio na direção das quais adaptações sucessivas e trocas entre o organismo e o meio são dirigidas” (PIAGET, 1958, p.257). Quando Piaget cita o equilíbrio, ele sugere que exista certa estabilidade entre dois fatores: as estruturas cognitivas do sujeito e o meio. Quando algo perturba esse equilíbrio, o sujeito pode agir e assim fazer adaptações para restaurá-lo. Então, inteligência é essa ação de restauração, e a qualidade dessa ação progride à medida que o sujeito atravessa a sucessão de faces intelectuais, “[...] uma evolução dirigida por necessidades internas de equilíbrio” (PIAGET, 1958, p.265). Isso leva a acreditar que a criança não é menos inteligente que um adulto, mas qualitativamente seus pensamentos são diferentes. Dessa forma, Piaget estabeleceu uma dicotomia entre organização e adaptação, mas para entendê-las melhor teve que descrever o significado de estrutura, a qual se encontra inserida na organização. Estrutura, conforme Piaget é um conjunto de elementos que se relacionam entre si. A modificação de um gera a modificação do outro. Por exemplo: uma criança 47 de um ou dois meses tem estrutura para pegar e olhar objetos individualmente. Depois de um tempo, no seu desenvolvimento, ela começa a relacionar essas duas estruturas, passando a pegar e olhar esses objetos no mesmo instante. Quando ela começa a relacionar essas duas estruturas, pode-se dizer que ela as organizou. O processo de desenvolvimento do conhecimento é essencialmente estrutural, sendo descrito por cortes transversais que representam uma sucessão de estágios cognitivos, caracterizados pela forma especial em que os esquemas de ações ou conceituais se organizam para gerar estruturas. Assim, cada estágio é marcado pelo advento de uma nova etapa de equilíbrio das estruturas anteriores e uma de organização das ações e operações do sujeito. Quando o sujeito constrói uma estrutura abstrata a partir de uma estrutura concreta e particular, é necessário abstrair certas relações operacionais da estrutura anterior, de tal sorte poder generalizá-las na estrutura posterior. O novo conhecimento não é uma cópia da realidade, pois passa por etapas de assimilação às estruturas anteriores. Conforme Piaget, a fonte geral dos instrumentos de aquisição do conhecimento é a assimilação dos objetos ou eventos, pelos esquemas ou estruturas previamente desenvolvidas pelo sujeito. De acordo com a epistemologia piagetiana, o objeto a ser assimilado é reconstruído pelo sujeito, de acordo com suas estruturas prévias adquiridas. A noção de equilibração é fundamental na epistemologia piagetiana, enquanto indicadora de uma direção: formas iniciais de conhecimento desenvolvem-se, tomando-se modelos científicos sofisticados. A equilibração constitui-se no principal motor para o desenvolvimento, sendo motivada por uma perturbação no sistema cognitivo, quando sua aplicação a um objeto, ou evento gera uma lacuna ou conflito, reconhecidas antecipadamente como tais. Isso mobiliza o indivíduo a construir soluções compensatórias reguladoras, que buscam um re-equilíbrio melhor e mais estável de suas estruturas cognitivas. 48 Uma vez que a assimilação consiste em considerar o conhecimento como uma relação indissociável entre sujeito e objeto, este passa a constituir-se em um conteúdo que imporá ao sujeito a construção incessante de novos esquemas em função dos precedentes. No entanto, quando esse objeto não se ajustar às estruturas prévias do sujeito, sobretudo quando ele for novo, então modificações serão necessárias no esquema assimilador mediante acomodação, para que a regulação e a mudança das estruturas do sujeito aconteçam, a fim de compensar as perturbações. As perturbações podem ser de duas naturezas: conflitivas e lacunares. As conflitivas tendem a contrair as expectativas e implicam correções factíveis apenas a partir da análise da contradição. As lacunares ocorrem quando numa situação faltam objetos ou condições que seriam necessários para realizar uma ação ou, ainda, quando não há informação ou conhecimentos indispensáveis para resolver um problema. Dessa forma, as lacunares relacionam-se com um esquema de assimilação já ativado e sua regulação implica reforços e não correção. Logo, podemos entender que os conceitos de assimilação e de acomodação são importantíssimos para desenvolver um conhecimento. São eles que impulsionam a aquisição de esquemas de representação cada vez mais sofisticados e que traduzem a própria diversidade e complexidade do processo de construção do conhecimento. Resumindo, a adaptação é “[... a passagem de um equilíbrio menos estável para um equilíbrio mais estável entre o organismo e o meio” (PIAGET, 1975, p.87). Na adaptação, existem outros dois processos complementares: a assimilação e a acomodação. Para Wadsworth (1996), a assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra (classifica) um novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias. Quando a criança tem novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas), ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui. 49 2.1.1. O computador e o construtivismo Já que a aprendizagem ocorre através da atividade da criança, métodos estruturados de ensino, tais como instrução programada e recursos audiovisuais, devem perder espaço para métodos mais ativos. Em vez de tentar fornecer verdades, os professores devem proporcionar situações que permitam ao estudante questionar, experimentar e descobrir fatos e relações. Isso levará a um conhecimento mais profundo e duradouro, ao invés de uma memorização mecânica de fatos apresentados por professores ou livro-texto. Assim, pensar no computador como um elemento pedagógico direcionado para perguntas e respostas preconcebidas externamente seria negar tudo que se assimila com a teoria de Piaget. O computador deve ser pensado como um instrumento interativo, quando usado adequadamente, e que permita ao usuário uma interação bastante compatível, ao menos em parte. É o que se pretende desenvolver com a simulação apresentada neste trabalho, pois dará possibilidades ao estudante de manipular, observar, experimentar e testar situações elaboradas no aprendizado, enfim, contribuir em parte, tornando-se o agente ativo de seu conhecimento. Observando-se os Parâmetros Curriculares Nacionais, já é unanimidade entre educadores de diversas áreas a necessidade de se utilizar um método de aprendizado ativo e interativo. E o computador, através de suas interfaces gráficas, pode suprir essas necessidades. O ensino de Física tem enfatizado a expressão do conhecimento aprendido através da resolução de problemas e da linguagem matemática. No entanto, para o desenvolvimento das competências sinalizadas, esses instrumentos seriam insuficientes e limitados, devendo ser buscadas novas e diferentes formas de expressão do saber da Física, desde a escrita, com a elaboração de textos, ou jornais, ao uso de esquemas, fotos, recortes ou vídeos, até a linguagem corporal e artística. Também deve ser estimulado o uso adequado dos meios tecnológicos, como máquinas de calcular, ou das diversas ferramentas propiciadas pelos microcomputadores, especialmente alguns softwares. (BRASIL, 1997). 50 O uso do computador na educação é um fato inquestionável, então devemos operá-lo para que se torne útil na aquisição de um novo conhecimento, tornando-se um elemento imprescindível nos processos de ensino e de aprendizagem. Nesta pesquisa, os alunos utilizarão o programa computacional “Modellus” para construir o conhecimento a partir de uma situação problema que envolve circuitos transitórios RL e RC. Na solução, os alunos farão a interpretação do problema, a construção do modelamento matemático e a análise gráfica do comportamento do circuito, pois o funcionamento do software oferece a possibilidade de trabalhar essas situações na fase transitória. 2.2. Mediação A concepção de mediação é um ponto importante deste trabalho, pois os simuladores criados para análise do comportamento de circuitos elétricos se dão pelo uso do computador como mediador entre o estudante e os conceitos a serem assimilados. Para entender o que significa “mediação” num processo de ensino e aprendizagem, é necessário que se analise brevemente o que Vygotsky (1989) entende como mediação. Lev Semonovich Vygotsky (1896 – 1934) foi um dos maiores psicólogos da primeira metade do século XX. O tema central dos seus estudos era a relação entre a linguagem e o pensamento, que em nível mais aprofundado se trata do desenvolvimento intelectual no qual a concepção sobre o desenvolvimento constitui uma teoria da educação. Ele estudou os fenômenos como processos em movimento. Em termos do objeto da psicologia, a tarefa do cientista é a reconstrução da origem e do curso do desenvolvimento do comportamento e da consciência. Todo fenômeno tem sua história, caracterizando-se por mudanças qualitativas e quantitativas. Vygotsky aplicou essa linha de raciocínio para explicar a transformação dos processos psicológicos 51 elementares (reflexos involuntários) em processos complexos (atenção voluntária). Uma idéia central para a compreensão das concepções de Vygotsky sobre o desenvolvimento humano como processo sócio-histórico é a idéia de mediação. Enquanto sujeito de conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas um acesso mediado, isto é, feito através dos recortes do real operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe. O conceito de mediação inclui dois aspectos complementares. Por um lado refere-se ao processo de representação mental: a própria idéia de que o homem é capaz de operar mentalmente sobre o mundo supõe que, necessariamente, a existência de algum tipo de conteúdo mental de natureza simbólica, isto é, que representa objetos, situações e eventos do mundo real no universo psicológico do indivíduo. Essa capacidade de lidar com representações que substituem o real é que possibilita que o ser humano faça relações mentais na ausência dos referentes concretos, [...] a operação com sistemas simbólicos – e conseqüentemente desenvolvimento da abstração e da generalização – permite a realização de formas de pensamento que não seriam possíveis sem esses processos de representações e definem o salto para os chamados processos psicológicos superiores (OLIVEIRA, 1991, p.18). Entender como se dá essa mediação é importante para compreender como o indivíduo vai internalizar o processo do conhecimento. Essa mediação se dá por ferramentas (símbolos, ícones ou índices) que têm origem social, isto é, a cultura em que o indivíduo está inserido se encarrega de fornecer ao sujeito as representações simbólicas para fazer a mediação. É um processo interno de cada indivíduo e como essas representações serão internalizadas. As operações com esses símbolos e as funções psicológicas superiores são construídas do exterior para o interior do indivíduo. 2.2.1. O processo de formação de conceitos A formação do conceito depende diretamente dos meios utilizados para essa operação, já que os processos psicológicos superiores são processos mediados. Esse mediador será denominado de signo. O processo de formação de um conceito “cotidiano” se dá por meio de interações sociais e não há um percurso gradativo. E como se dá a formação de conceitos formais, ditos conceitos científicos? Esses conceitos vão se formando de maneira gradativa, através de um sistema organizado de ensino. O sujeito aperfeiçoa seus conceitos na direção do conhecimento científico, e 52 esses conceitos “espontâneos” irão minimizando-se cada vez mais. Esse avanço talvez não acontecesse espontaneamente se não fosse por meio de um estudo com intervenção pedagógica. Para a elaboração de um conhecimento científico, é necessário que o sujeito tenha desenvolvido algum conceito espontâneo sobre o objeto. Só assim o sujeito irá conseguir internalizar um conceito científico. A formação de conceitos é um processo criativo e não mecânico e passivo, e um conceito surge e se configura no curso de uma operação complexa. Só a presença de condições externas favoráveis a uma ligação mecânica entre palavra e objeto não é suficiente para a criação do conceito. 2.2.2. O computador como mediador Segundo as falas de Vygotsky, em toda relação entre sujeito e objeto existe um elo intermediário: o signo. Signo Objeto Sujeito Figura 10 – Intermediação entre sujeito e objeto (Santaella, 2005). O signo age sobre o indivíduo e não sobre o ambiente; assim é a atuação do computador. Nesse contexto, a simulação computacional é o signo mediador na relação entre o objeto (conceito) e o sujeito. A simulação computacional desenvolvida neste trabalho privilegia o papel da mediação a partir da representação de um fenômeno físico (circuitos elétricos). O signo 53 faz a mediação entre o objeto (conceitos) e o sujeito, e, além da observação, acontecerá a manipulação de parâmetros da simulação. Assim, o estudante tem a resposta através da representação gráfica que aparece no vídeo do computador. Observando o comportamento desses fenômenos, o aluno pode chegar a conclusões sobre os conceitos envolvidos. Essas mediações feitas pelo computador podem facilitar a compreensão do conceito científico, já que o tipo de mediação não é abstrato e tem comportamento análogo com o fenômeno estudado. No próximo item deste capítulo, que trata sobre a semiótica (estudo dos signos), será feito um aprofundamento nos tipos de signos, entre os quais o signo simulação e como se dá a relação entre signo, objeto e sujeito. Ao se compreender o computador como mediador, deve-se considerar que a linguagem é especial, pois nesse caso será utilizado um programa que trabalha com uma linguagem não verbal. Por isso, torna-se conveniente entender como o aluno se relaciona com esse tipo de linguagem. A ciência que trata com este tipo de linguagem é a semiótica. Sem pretensão de aprofundar o estudo nessa área de concentração, podese definir semiótica, segundo Santaella (2005, p.82), como “[... a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e de sentido”. Semiótica vem da raiz grega “semion”, que significa “signo”, logo se pode dizer que semiótica é a ciência que estuda os signos ou linguagens. A seguir descreve-se o que dois grandes pensadores contemporâneos argumentavam sobre a linguagem e como definem signo, significado e significante, entre outros objetos de estudo em torno da semiótica. Serão abordados alguns conceitos envolvidos na interação que se estabelece entre o sujeito e a tela do computador, objeto organizado para explorar o assunto escolhido. 54 2.2.3. Charles Sanders Peirce (2005) Apesar da expressão semiótica já ter sido vinculada ao estudo dos signos por John Locke (1632 – 1704), o americano Charles Sanders Peirce (1839 – 1914) foi um dos mais influentes estudiosos nessa área de concentração. A teoria da semiótica de Peirce (2005) propõe que os conhecimentos humanos estejam baseados na tríade signo, objeto e interpretantes. O signo faz a mediação entre o objeto e o sujeito. Quando o sujeito interpreta o signo do objeto, cria-se em sua mente um signo e este se chama de interpretante. Peirce definiu diversas formas de signos em seus textos, sendo algumas mais complexas, outras mais sintetizadas. Santaella (2005) coloca em um de seus textos uma definição de signo peirciana, se encaixando nos propósitos deste trabalho. Um signo intenta representar, em parte pelo menos, um objeto que é, portanto, num certo sentido, a causa ou determinante do signo, mesmo se o signo representar seu objeto falsamente. Mas dizer que ele representa seu objeto implica que ele afete uma mente, de tal modo que, de certa maneira, determine naquela mente algo que é mediatamente devido ao objeto. Essa determinação da qual a causa imediata ou determinante é o signo, e da qual a causa mediata é o objeto, pode ser chamada de interpretante (SANTAELLA, 2005, p.67). Então, o signo é algo que representa uma coisa chamada de objeto. Mas o signo não é o objeto, pois ele apenas o substitui. Quando se considera a palavra mesa, deve-se entender que o desenho de uma mesa, a fotografia de uma mesa e até mesmo a visão de uma mesa são representações, isto é, todos os exemplos são signos do objeto mesa. O signo é a representação de um objeto em uma interpretação, e este produz mentalmente um signo relacionado a esse objeto, não explicitamente, mas através da mediação do signo. Essa mediação Peirce (2005) definiu em três níveis de terminologia: primeiridade, secundidade e terceiridade. • Primeiridade: É tudo que está presente à consciência de alguém, ou seja, tudo que se encontra na mente no instante presente. É tudo que se oculta ao nosso pensamento, representando uma qualidade imediatista. 55 • Secundidade: É quando damos uma compreensão e profundidade ao conteúdo. É a nossa relação com os objetos. • Terceiridade: Aqui é o pensamento em signos: como interpretamos e representamos o mundo. Peirce (2005) estabeleceu dez divisões triádicas do signo, no entanto não chegou a explorar todas essas relações. Para o presente estudo, será apontada a visão mais geral, e Peirce estudou com maior profundidade a relação do signo com o seu objeto. • Ícone: São os signos que possuem alguma semelhança com o objeto que ele representa. Exemplo: toda pintura é uma representação dessa natureza. • Índice: São os signos que possuem uma ligação física com o objeto. Exemplo: pegadas de um animal. • Símbolo: Representação de uma ideia, conceito ou sentimento com um sentido fixo; o objeto é representado por meio de uma associação de ideias. Exemplo: a palavra escrita é um símbolo. A diferença entre eles está no nível de representação. O ícone não necessita de uma apresentação anterior para que o interpretante o associe ao objeto. Já o índice é um signo que possui necessidade de apresentação anterior para que o interpretante entenda o que ele significa. 2.2.4. Ferdinand de Saussure (2002). Considerado pai da semiologia, estudo dos sistemas de signos, Ferdinand de Saussure (1857 – 1913), em um de seus trabalhos mais importantes, estabeleceu comparações entre significante e significado e definiu que o signo constitui uma 56 combinação entre significado e significante como se fossem dois lados de uma mesma moeda. O significante de um signo é uma imagem acústica (som) e o significado é o conceito em si. Pode-se dizer que o significante é o veículo do significado, que é o entendimento quando se usa o signo: é sua parte inteligível. E a linguagem verbal não é a única existente, pois temos também a pictórica e a gestual. É possível pensar que os signos são etiquetas colocadas nos objetos, mas as palavras formam um sistema autônomo que independe do que elas nomeiam, o que significa que cada língua pode categorizar o mundo de forma diversa. A figura 11 expressa a classificação de todos os tipos de signos, mesmo aqueles que são do tipo símbolo, sinal, ícone, dentre outros. Signos Naturais Artificiais Signos Verbais Signos com expressão derivativa Sinais Signos Substitutivos Signos Substitutivos Stricto sensu Símbolos Figura 11 – Classificação dos tipos de signos.(Saussure, 2002). 57 a) Signos Naturais: São signos da natureza que servem como comunicação para outro evento, ou fenômeno natural. Exemplo: nuvens negras mostram que vai chover. b) Signos Artificiais: São signos produzidos para efeito de comunicação. Exemplo: sinais de trânsito. b.1) Signos Verbais: Os signos verbais são interpretantes de todas as linguagens, mas nem todas as outras linguagens são interpretantes dos signos linguísticos. Exemplo: um filme pode ser contado por meio de um signo verbal, mas nem tudo que é exprimido verbalmente pode ser dito visualmente. b.2) Signos com expressão derivativa: são os signos utilizados ou causados para promover uma reação acordada por um grupo. Exemplo: a cor verde no semáforo significa que quem está dirigindo pode atravessar o caminho a ser percorrido. b.2.1) Sinais: são os signos que fazem o ser humano executar uma ação ou não. Exemplo: o toque da companhia alerta a pessoa a atender a porta. b.2.2) Signos substitutivos: são signos utilizados para representar alguma coisa. Exemplo: a maquete de um prédio. b.2.2.1) Signos substitutivos stricto sensu: são aqueles que representam um significado concreto. Exemplo: auto-retrato. b.2.2.2) Símbolos: são elementos concretos que representam o abstrato. Exemplo: a cruz é o símbolo do cristianismo. 2.2.5. A semiótica e o uso do computador no ensino de eletricidade. A dificuldade dos estudantes nas aulas de Física (eletricidade) é conseguir a associação dos fenômenos físicos com a modelagem matemática que a Física traz dos eventos da natureza. Interpretar um fenômeno físico usando modelos matemáticos não é uma tarefa tão simples: requer um estudo da linguagem matemática e do fenômeno físico associado. Em termos de semiótica, pode-se entender que a modelagem matemática é o signo que representa o fenômeno da natureza, que por sua vez é o objeto, e o entendimento é o interpretante. Para se obter o conhecimento, é necessário que esteja 58 claro para o sujeito o significado de signo e como ele está relacionado ao objeto. A dificuldade do entendimento do fenômeno físico, no primeiro momento, está vinculada ao signo que é utilizado, pois na Física a modelagem matemática do fenômeno é um signo classificado por Peirce como símbolo. Como definido anteriormente, é um símbolo que não tem uma ligação física com o objeto, e assim dificulta o entendimento do objeto inicialmente. Por isso, geralmente os professores de Física lançam a utilização de recursos diversos que transmutam esse signo abstrato para um signo com mais proximidade do objeto a ser estudado. Esses recursos podem ser figuras de um livro, experiências em laboratório, vídeos, entre outros, cuja eficácia no ensino já foi estudada. O computador vem como mais um recurso de ensino, cuja utilização é cada vez maior nas escolas. E com o desenvolvimento das novas tecnologias, as interfaces gráficas possibilitam informações mais aprimoradas. Com isso, a comunicação entre o usuário e o computador é feita por signos (ícones), e o usuário não necessita saber programação para poder utilizá-lo. Neste trabalho, o programa “Modellus” servirá como um recurso que aproxima o signo do objeto, pois no funcionamento oferece a possibilidade de trabalhar com os três tipos de signos descritos por Peirce. É possível se trabalhar com o simbólico, colocando as equações (modelos matemáticos) na janela de comando, ou nos gráficos produzidos pelo programa com o indicial, ou o icônico nas simulações. E com a modificação do tipo de signo, o ensino da Física (eletricidade) pode ser melhorado profundamente, já que o uso de animações mostra um novo caminho na construção do conhecimento nas aulas de eletricidade. 2.3. Concepção behaviorista Nenhum pensador ou cientista do século XX levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como o norte-americano 59 Burrhus Frederic Skinner (1904 –1990). Sua obra é a expressão mais célebre do behaviorismo que restringe seu estudo ao comportamento (behavior, em inglês), tomado como um conjunto de reações dos organismos aos estímulos externos. Seu princípio é que só é possível teorizar e agir sobre o que é cientificamente observável. Com isso, ficam descartados conceitos e categorias centrais para outras correntes teóricas, como consciência, vontade, inteligência, emoção e memória, ou seja, os estados mentais ou subjetivos. Os adeptos do behaviorismo costumam se interessar pelo processo de aprendizado como um agente de mudança do comportamento. [...] Skinner revela em várias passagens a confiança no planejamento da educação, com base em uma ciência do comportamento humano, como possibilidade de evolução da cultura, diz Zanotto (2000). 2.3.1. O condicionamento operante O conceito-chave do pensamento de Skinner (1968) é o de condicionamento operante, que ele acrescentou à noção de reflexo condicionado, formulada pelo cientista russo Ivan Pavlov. Os dois conceitos estão essencialmente ligados à fisiologia do organismo, seja animal ou humano. Para Skinner (1968), o reflexo condicionado é uma reação a um estímulo casual, enquanto o condicionamento operante é um mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até ele ficar condicionado a associar a necessidade à ação. É o caso do rato faminto, que, numa experiência, percebe que o acionar de uma alavanca levará ao recebimento de comida. Ele tenderá a repetir o movimento cada vez que quiser saciar sua fome. A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante é que o primeiro é uma resposta a um estímulo puramente externo; o segundo, o hábito gerado por uma ação do indivíduo. 60 No comportamento respondente a um estímulo segue-se uma resposta. No comportamento operante, o ambiente é modificado e produz consequências que agem de novo sobre ele, alterando a probabilidade de ocorrência futura semelhante, diz Skinner (1968). O condicionamento operante é um mecanismo de aprendizagem de novo comportamento, ou seja, um processo que Skinner chamou de modelagem. O instrumento fundamental de modelagem é o reforço, ou seja, a consequência de uma ação quando ela é percebida por aquele que a pratica. Para o behaviorismo em geral, o reforço pode ser positivo (uma recompensa) ou negativo (ação que evita uma consequência indesejada). Skinner (1968) considerava reforço apenas as contingências de estímulo. Segundo Skinner (1968), no condicionamento operante, um mecanismo é fortalecido no sentido de tornar uma resposta mais provável, ou melhor, mais frequente. Ainda que Skinner considerasse importante levar em conta as diferenças entre os alunos de um mesmo professor, o behaviorismo se baseia fundamentalmente na previsibilidade das reações aos estímulos e reforços. Seus objetivos educacionais buscam resultados definidos antecipadamente, para que seja possível, diante de uma criança ou adolescente, projetar a modelagem de um adulto. 2.3.2. Máquina para fazer o aluno a estudar A educação foi uma das preocupações centrais de Skinner, à qual ele se dedicou com seus estudos sobre a aprendizagem e a linguagem. Desenvolveu o que chamou de máquinas de aprendizagem, que representaram a organização de material didático de maneira que o aluno pudesse utilizar sozinho, recebendo estímulos à medida que avançava no conhecimento. Grande parte dos estímulos se baseava na satisfação de dar respostas corretas aos exercícios propostos. Para Skinner (1968), o ensino deve ser planejado para levar o aluno a emitir comportamentos progressivamente próximos do objetivo final, sem que para isso 61 precise cometer erros. A ideia é que a máquina de aprendizado se ocupe das questões factuais e deixe ao professor a tarefa fundamental de ensinar o aluno a pensar. Cabe lembrar que, para Skinner (1982), quanto mais amplo e variado for o repertório de respostas aprendidas pelo indivíduo, tanto maior a possibilidade, diante de uma nova situação ou de um problema, emitir uma resposta ou cadeia de respostas novas ou originais, resultante de mutações, combinações e modificações dessas respostas conhecidas. Ocorre, assim, um processo criativo. A pessoa criativa é capaz de criar elos pouco comuns entre os aspectos do ambiente. Skinner (1968 a) considera que a criatividade está relacionada à análise funcional das variáveis manipuláveis que possibilitam o fortalecimento de comportamentos originais e socialmente aprovados. Nesse sentido, considera o comportamento exploratório e de curiosidade como possível de ser aprendido e que pode favorecer a produção de novas ideias e aumentar as oportunidades para o surgimento de comportamentos criativos a serem reforçados. A modelagem e a manutenção dos comportamentos de curiosidade e exploratórios podem acontecer em casa ou na escola, quando os pais ou professores identificam as várias situações em que a criança pode explorar e conhecer um brinquedo, um objeto ou um local e reforçam esse comportamento. Na aprendizagem acadêmica formal, é possível favorecer esses comportamentos para símbolos, linguagem, números, operações, artes, dentre outros. Skinner (1968 b), ao associar criatividade à aprendizagem, baseando-se no princípio do comportamento operante, considera que para o indivíduo agir criativamente precisa aprender a operar em situações específicas sob o controle de determinadas variáveis, e o produto de suas ações será criativo se for culturalmente aceito. Dessa forma, os conceitos de novo, original e incomum, presentes na definição de comportamentos criativos, dependem da história de contingências sociais e culturais 62 dos grupos que os utilizam, tornando-os imprecisos, mutáveis e, assim, impróprios para definir criatividade cientificamente. Numa visão educacional, Skinner (1968 b) considera que o estabelecimento de mutações ambientais e o controle de contingências reforçadoras são capazes de aumentar o número de respostas diversificadas dos alunos e isso amplia a probabilidade de ocorrerem comportamentos criativos. O papel do professor é o de estimular e incentivar os alunos a explorarem suas habilidades especiais aumentando, desse modo, o número de respostas e talentos criativos. Neste trabalho, os simuladores previamente elaborados pelo professor no programa “Modellus” servirão como um recurso de aprendizagem, em que os alunos realizarão as análises do comportamento das variáveis, a partir das observações feitas nas fases de desenvolvimento dos circuitos. O aprendizado pode ser modificado pela apresentação e visualização dos gráficos produzidos pelo programa nas simulações. 63 3. O PROGRAMA COMPUTACIONAL “MODELLUS”. O desenvolvimento das tecnologias de comunicação O desenvolvimento da informática foi muito visível, assim como a sua aplicação em várias áreas da sociedade. A utilização se deu, no início, com as simulações de ambientes, formação e treinamento de recursos humanos e na automação de setores produtivos. A integração do computador na rotina das pessoas gerou profundas transformações em suas maneiras de interagir e construir a realidade. Tanto a economia mundial como as pesquisas científicas estão bastante atreladas ao desempenho dos computadores. Essas mudanças já modificaram importantes relações humanas, tornando fundamental a racionalização da vida e a reorganização da sociedade para absorver essas novas tecnologias. 3.1. Os computadores no auxílio à aprendizagem Nos últimos anos, houve um aumento expressivo na quantidade de pesquisas sobre o ensino de Ciências, principalmente quando se trata de estudar os processos de ensino-aprendizagem. A maioria das pesquisas indica que o ensino deve ser centrado no aluno, e este considerado como parte integrante no processo ensinoaprendizagem (KENSKI, 2007). A mudança conceitual é fortemente influenciada pela vivência do aluno e pela experimentação laboratorial, pois, nessas situações, o indivíduo tem a possibilidade de testar os próprios modelos para investigar e explicar os fenômenos. Quando seus modelos falham na descrição ou na previsão de algum fenômeno, o indivíduo percebe as inconsistências conceituais e se desestrutura. Assim vem todo um processo, até que ele consiga construir outro modelo, mais evoluído, racional e abstrato. 64 O método dialogado de ensino está em desacordo com a visão construtivista. Nesse método, o ensino está centrado no professor, aquele que impõe o que o aluno deve aprender, e está direcionado a aulas expositivas, experiência demonstrativa ou prática sobre os temas tratados na aula teórica e resolução de exercícios sobre o conteúdo abordado em aula. Se adotarmos uma postura construtivista de ensino, então mudanças na forma tradicional de ensinar se tornarão necessárias, exigindo o desenvolvimento e a implantação de novos métodos e materiais instrucionais. O computador é apontado como uma ferramenta capaz de auxiliar nos processos de ensino-aprendizagem, servindo como elemento motivador, capaz de romper a resistência às mudanças dos sistemas educacionais e oferecer novas e importantes possibilidades para a melhoria qualitativa e quantitativa da educação. O uso do microcomputador segue, basicamente, duas escolas pedagógicas: a comportamentalista, de Frederic Skinner, e a cognitiva, de Jean Piaget e Lev Vygotsky (TRINDADE, 2003) A primeira linha (Frederic Skinner) trabalha com um processo de regulagem e controle da aprendizagem. Isso é como fazer um programa de estímulo-resposta a partir da observação de fenômeno que caracteriza o reforço (TRINDADE, 2003). O uso do computador, conforme a segunda linha (Jean Peaget e Lev Vygotsky) permite construir simulações com um programa específico que deixa o aluno mais livre e com oportunidade de fazer as próprias escolhas e assim construir suas teorias sobre o fenômeno abordado. Essa concepção fez parte do segundo momento da pesquisa. Segundo Trindade (2003), um programa computacional de simulação possibilita desenvolver hipóteses, testar e analisar resultados, levando a aluno a elaborar um conceito hipotético sobre o assunto em questão, passando a ser visto como uma ferramenta que pode levar a construção da aprendizagem. 65 3.2. Aprendizagem de eletricidade em ambientes informatizados No ensino de Ciências, na eletricidade em particular, o computador pode ser utilizado de diversas formas, como;(COX, 2005): • aquisição de dados por computador: o computador assume um papel central neste uso, sempre em laboratórios, participando da leitura em experimentos e fornecendo dados imediatos das medições de grandezas físicas; • modelagem e simulação: é um dos recursos mais explorados no uso do computador, pois, em geral, nesses ambientes é permitido que os alunos construam modelos de fenômenos físicos, possibilitando o entendimento de experiências de difícil realização na prática por serem perigosas, caras, dentre outras; • multimídia: o computador, nesta modalidade, utiliza-se do conceito de hipertexto, que é um link com vários elementos como textos, sons, imagens, simulações e vídeos; • realidade virtual: “o conjunto de tecnologias que permitem fornecer ao homem a mais convincente ilusão possível de que este está noutra realidade; essa realidade, ambiente virtual, apenas existe no formato digital da memória de um computador”. • internet: é um dos meios mais popular de comunicação quando se utiliza um computador. Se o computador estiver em rede, o usuário pode utilizar-se da exploração de simulações, multimídia e realidade virtual. 3.3. A modelagem como ferramenta computacional. Ciência é um processo de representação do mundo, sempre sujeito a reformulações e modificações. No estudo da física, o indivíduo precisa trabalhar com modelos físicos: criá-los, validá-los, corrigi-los, testar hipóteses e predizer. 66 A figura 12 destaca a importância das tecnologias computacionais em Física. O computador é útil e, muitas vezes, indispensável para previsões e medidas. Previsão Medida Modelo Figura 12 – O elo entre a previsão, a medida e o modelo (Veit e Teodoro, 2002). Ao observar fatos é possível predizer algo concreto sobre determinado assunto estudado. O entendimento do pensamento científico e a análise de tópicos mais próximos da realidade cotidiana passam pela compreensão de modelos e pela prática da modelagem computacional. Por isso, entende-se que a modelagem computacional pode se constituir em uma ferramenta cognitiva útil, muitas vezes indispensável para a aprendizagem de Física. Define-se modelo físico como descrições simplificadas e idealizadas de sistemas ou fenômenos físicos, aceitos pela comunidade científica, que envolvem elementos como proposições semânticas e modelos matemáticos subjacentes. Na maioria das vezes, o conceito físico fica em segundo plano e os aspectos matemáticos são superestimados. Segundo Veit e Teodoro (2002), os estudantes, geralmente, descrevem a Física das seguintes maneiras: • disciplina “extensão” da Matemática; • Física é só decorar fórmulas; • de um único modelo físico os alunos vislumbram ideias gerais e subjacentes; eles veem cada caso particular de um determinado modelo como um problema distinto; 67 • não pensam nas hipóteses assumidas, nas aproximações envolvidas e no limite de validade dos modelos. O aluno deve ser instigado a explorar as simulações computacionais, de modo a favorecer a tomada de consciência de que há modelos físicos que a suportam; perceber que os modelos representam descrições idealizadas de situações reais que envolvem aproximações e que têm limites de validade. Conforme Veit e Teodoro (2002), a modelagem computacional pode contribuir para: • construção e exploração de múltiplas representações de um mesmo fenômeno; • construção e investigação de situações problemas; • tratamento de problemas mais gerais e atuais; • desmistificação da imagem da Física como uma disciplina difícil, em que o mais importante é decorar fórmulas. Existem vários programas computacionais que se propõem a trabalhar com modelagem computacional em Matemática e Ciências, como tabulae, Cabri, Mathematica, dentre outros. Esses programas têm o objetivo de serem ambientes de aprendizagem ativos e interativos, dando ao aluno a possibilidade de testar hipóteses e explorar modelos, para tirar a responsabilidade do professor de ser o único agente do processo de ensino e de aprendizagem. Alguns outros programas de simulação poderiam ser utilizados nos processos de ensino e de aprendizagem, dos quais podemos citar o “Electronics Workbench” (EWB), o Proteus, dentre outros. No entanto, não consta na sua plataforma o modelamento matemático, ferramenta importante para o aluno interagir com o programa na construção de simuladores para o aprendizado. Segue a apresentação desses programas de simulação, enfatizando sua finalidade, aplicação, vantagens e desvantagens. 68 O “Electronics Workbench” (EWB) é um simulador eletrônico que permite construir e simular circuitos eletrônicos na área analógica e digital; ele é de grande utilidade para os estudantes de eletricidade e eletrônica. Apresenta uma interface de fácil acesso e compreensão, substituindo com muitas vantagens as experiências em laboratórios convencionais, uma vez que não existe o risco de danificar equipamentos destinados a ensaios e medidas de circuitos ou componentes. Sua vasta biblioteca permite simular experiências em condições ideais e reais, pois valores e parâmetros podem ser modificados de acordo com as necessidades do projeto. Este tipo de ambiente permite um estilo de programação diferenciada, fazendo com que certas situações sejam resolvidas com maior facilidade; pode ainda ser tratado como documento completo. Um agravante é o fato de o programa não permitir criar simulações a partir de equações matemáticas, impossibilitando ao aluno expor seus modelos e aplicá-los na fase de aprendizado, quando realizam análise transitória em circuitos RL e RC. O “Proteus” é um programa utilizado para análise de circuitos eletrônicos. Combina desenhos e captura esquemática, simulações de circuitos e desenho de placa de circuito impresso (PCB) para fazer um projeto completo de sistema de eletrônica. Possui como diferencial a capacidade de simular microcontroladores populares e de executar suas instruções operacionais, acarretando uma redução drástica no tempo de desenvolvimento do projeto, quando comparado com o processo de desenho tradicional. Apresenta interface gráfica de fácil manuseio e compreensão, substituindo com muitas vantagens as experiências realizadas em laboratórios. Possui equipamentos virtuais de medição que eliminam o risco de danificar-se quando destinados a ensaios e medidas de circuitos ou componentes. Apresenta ampla biblioteca, que permite criar simuladores em condições reais, e tem a possibilidade de atribuir parâmetros e modificar valores de acordo com as necessidades do usuário. No entanto, assim como o EWB, o programa não permite realizar simulações a partir de equações matemáticas, por isso o aluno fica impossibilitado de criar os modelos que auxiliarão na aprendizagem dos conteúdos de eletricidade. 69 3.4. A opção pelo programa computacional “Modellus” Dos programas computacionais cujo objetivo é a utilização da modelagem e simulação, optou-se para trabalhar, nesta pesquisa, com o programa “Modellus”. O programa foi desenvolvido especialmente para a modelagem computacional em Matemática e Ciências, cuja distribuição é livre, de fácil utilização, mesmo por aprendizes sem conhecimento e destreza no uso de computadores. A opção por se utilizar o programa “Modellus” está no fato de o aplicativo dispensar o uso de linguagem computacional. A programação é feita ao se utilizar a linguagem matemática, idêntica à adotada em sala de aula, inclusive com equações diferenciais. O aluno não tem maiores problemas com a linguagem matemática, e o programa poderá auxiliá-lo à medida que estuda os circuitos elétricos com essa ferramenta, compreendendo as equações utilizadas para construção dos simuladores. 3.5. Descrição do programa “Modellus” O Programa “Modellus” foi desenvolvido por Teodoro, Vieira & Clérigo. É considerado didático e possibilita a seus usuários experiências com os modelos matemáticos, focando não só os cálculos, mas a interpretação dos resultados desses modelos (ARAÚJO, 2005). O “Modellus” é um programa desenvolvido especialmente para ser uma ferramenta de ensino-aprendizagem. Com ele, alunos e professores podem criar animações e explorar modelos matemáticos aplicáveis a diversos fenômenos naturais, controlar as variáveis e observar as representações gráficas, além de designar e analisar funções. Para usar o Modellus, os estudantes não precisam aprender a linguagem de programação nem se familiarizar com metáforas computacionais pouco comuns. Uma das principais características do Modellus é permitir a exploração de múltiplas representações do objeto em estudo (MEDEIROS, 2002). 70 A figura 13 mostra as principais características do programa computacional “Modellus”, segundo Veit & Teodoro (2002): Figura 13 – As principais características do Modellus (Veit & Teodoro, 2002). Existem duas maneiras de se usar o “Modellus” em atividades de ensinoaprendizagem: a exploratória e a expressiva. Na primeira, os estudantes utilizam 71 modelos e representações desenvolvidos por outras pessoas (pelos professores, por exemplo) para estudar o assunto de interesse. Nesse tipo de atividade, o “Modellus” é usado basicamente como um programa de simulação, com o qual os alunos interagem apenas por meio da escolha de dados de entrada. No modo expressivo, os estudantes constroem os próprios modelos e determinam a maneira de representar seus resultados. O Modellus também pode ser usado como ferramenta para analisar e compreender dados experimentais, fornecendo estratégias para realizar modelos a partir de imagens como fotografias, gráficos em formato .bmp ou .jpg e vídeos em formato .avi. O “Modellus” é um programa gratuito e pode ser obtido via internet, no endereço http://phoenix.sce.fct.unl.pt/modellus. Figura 14 – Acerca do Modellus e sua versão (AGUIAR, 2005). A versão utilizada na pesquisa foi a versão 2.5, conforme a figura 14. O Português do Brasil é a linguagem do programa, e pouco mais de 2MBytes é o tamanho do aplicativo, com os arquivos de instalação. O aspecto do “Modellus”, ao ser iniciado, é mostrado na Figura 15. Uma janela é aberta, intitulada Modellus – Modelo Sem Nome. Esta janela principal contém outras janelas, conforme mostrado a seguir: 72 Figura 15 - O programa computacional “Modellus” e algumas de suas janelas. • Janela controlo: Este quadro possui botões que controlam a variável independente. São eles: iniciar, avançar, retroceder, parar e repetir. Desta maneira, controlam-se todas as outras janelas. Existe outro botão com o qual se pode modificar a variável independente (tempo, posição, aceleração) e modificar seu início e fim. Caso o modelo escolhido pelo usuário não requeira a variável independente, pois é interativo, pode-se anular a função desta janela, deixando quaisquer interações somente no quadro de animações. A figura 16 mostra a janela controlo. Figura 16 - Janela controlo. • Janela modelo: É onde o usuário insere funções ou equações do modelo. Neste 73 mesmo quadro, existem botões que auxiliam a digitação das equações do modelo expoente, raiz quadrada, pi, exponencial e símbolo de variação. Após a digitação das equações, para inseri-las no software é necessária a utilização do botão “interpretar”, o qual valida as funções, verificando se há algum erro de sintaxe com as equações ou as funções. A figura 17 mostra a janela modelo: Figura 17 – Janela modelo. • Janela gráfico: O recurso oferecido nesta janela é gerar a visualização do gráfico do modelo no mesmo instante em que a animação. É permitido escolher as incógnitas que ficaram nos eixos vertical e horizontal. Existe um botão que possibilita a opção de determinar os pontos máximos e mínimos dos eixos. O usuário poderá utilizar até três janelas de gráficos por projeto. A figura 18 mostra a janela gráfico: Figura 18 – Janela gráfico. • Janela animação: Esta janela é o diferencial do programa. Aqui, pode-se interagir, 74 observar e aferir com a simulação do modelo proposto na janela modelo. A simulação é montada utilizando-se os botões que estão na coluna da esquerda (insere: partícula, vetor, barra, medidor analógico, gráfico, medidor digital, imagem, texto e objeto geométrico). Podem-se medir os resultados da simulação com os cinco botões superiores (coordenadas cartesianas, distância entre dois pontos, distância sobre uma curva, área, inclinação e ângulo). O usuário poderá utilizar até três janelas de gráficos por projeto. A figura 19 mostra a janela animação. Figura 19 – Janela animação. • Janela notas: É um bloco de notas para o usuário do “Modellus”. Nele podem-se colocar informações que orientem o usuário na utilização da simulação. A figura 20 mostra a janela notas: Figura 20 – Janela notas. 75 • Janela condições iniciais: Quando as equações são validadas através da janela Modelo, ele identifica as incógnitas e solicita a inserção das condições iniciais dos parâmetros. A figura 21 mostra a janela condições iniciais: Figura 21 – Janela condições iniciais. 76 4. METODOLOGIA A experiência do autor como professor do curso técnico integrado de eletrotécnica, do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Ceará – IFCE indica que os alunos da disciplina de eletricidade II apresentam grandes dificuldades na compreensão dos conteúdos que envolvem análise de transientes em circuitos RL e RC. Há vários semestres (de 2009.1 a 2011.1) essas dificuldades têm sido identificadas, não só pela deficiência de conceitos físicos fundamentais na área, mas também pela falta de atividades de laboratório que são consideradas importantes nos processos de ensino e de aprendizagem. Tornou-se evidente, nos últimos semestres, o reduzido nível de compreensão pelos alunos, referente aos conteúdos ministrados na disciplina de eletricidade II. Essas dificuldades têm como consequência o baixo rendimento nas avaliações, deixando os alunos desmotivados e desinteressados em aprender o assunto. A justificativa fica evidente, quando se faz o levantamento dos conceitos obtidos pelos alunos, em semestres anteriores, quando realizavam atividades com transiente em circuitos RL e RC, conforme mostrado na tabela 1. Tabela 1 – Frequência simples (fi), percentual (%) por intervalos de notas e médias finais de cinco semestres sucessivos. Semestre Classes 2009.1 2009.2 2010.1 2010.2 2011.1 de Notas fi % fi % fi % fi % fi % 0 ---| 2 7 22,58 6 14,63 1 6,67 3 11,11 7 25,00 2 ---| 4 5 16,13 9 21,95 0 0,00 5 18,52 5 17,86 4 ---| 6 5 16,13 6 14,63 11 73,33 6 22,22 8 28,57 6 ---| 8 12 38,71 18 43,90 1 6,67 8 29,63 8 28,57 8 ---| 10 2 6,46 2 4,88 2 13,33 5 18,52 0 0,00 Total 31 41 15 27 28 Média (M) 4,81 5,05 5,40 5,52 4,21 A tabela 1 apresenta os dados de desempenho, de cinco semestres sucessivos, obtidos pelos alunos matriculados na disciplina de eletricidade II, quando estudaram análise de transientes em circuitos RL e RC. As informações apresentadas 77 neste quadro foram obtidas na Coordenação de Controle Acadêmico (CCA) do IFCE, através do acesso ao sistema acadêmico de notas, no endereço eletrônico: http://www.ifce.edu.br/academico.html. O sistema faz o registro das médias alcançadas pelos alunos da turma. Os dados representam a média obtida pelas turmas 2009.1, 2009.2, 2010.1, 2010.2 e 2011.1 ao serem avaliados através das verificações simples (VS1 e VS2) aplicadas nos respectivos semestres. O quadro também mostra o índice percentual que indica a quantidade de alunos que obtiveram médias, considerando as (VS1 e VS2) aplicadas no semestre e registradas, conforme distribuição das classes de notas em sequência. 4.1. Amostra Participaram da pesquisa 22 alunos (turma experimental) matriculados na disciplina de eletricidade II, semestre IV, turma 2011.2, do Curso Técnico Integrado de Eletrotécnica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Ceará – IFCE, campus Fortaleza. O livro texto adotado na disciplina foi Circuitos Elétricos (Edminister, Joseph .A.,1991). Essa turma é formada por alunos que já cursaram as disciplinas de eletricidade I e eletromagnetismo, portanto apresentam os conhecimentos básicos necessários ao desenvolvimento da pesquisa. As turmas que fizeram parte dos últimos cinco semestres (de 2009.1 a 2011.1), foram utilizadas como turmas de controle, considerando-se que estas turmas trabalharam o mesmo conteúdo programático, com a mesma carga horária, sendo ministradas pelo mesmo professor e que as verificações simples (VS’s) aplicadas aos alunos foram iguais ou idênticas. Isto mostra a similaridade das atividades desenvolvidas nestes semestres para fins da avaliação experimental que se faz a seguir. 78 4.2. Desenvolvimento do trabalho A pesquisa foi realizada com alunos do Curso Técnico Integrado em Eletrotécnica do IFCE, organizada nas seguintes fases: • abordagem teórica do conteúdo – Aulas teóricas sobre o assunto em estudo (Transientes em circuitos RL e RC); • aplicação do teste de conhecimento – Teste elaborado pelo docente e aplicado com os alunos da turma para verificar o nível de conhecimento adquirido, bem como a utilização como guia para as atividades computacionais com o uso do “Modellus”, trabalhando a concepção behaviorista; • utilização do programa de simulação “Modellus” – Levar os alunos ao laboratório de computação (LIE) para aprender a trabalhar com o programa “Modellus”; • aplicação da verificação simples (VS1) – Avaliação para medir o grau de desempenho, após a utilização do “Modellus” como recurso didático; • aplicação da situação problema – Aplicação de uma situação problema para verificar o nível de aprendizado do aluno, trabalhando, neste momento, a concepção construtivista; • utilização do programa computacional “Modellus” – Levar os alunos, novamente, ao laboratório de informática para implementar um simulador, a partir de um modelo matemático, para solucionar a situação problema; • aplicação da verificação simples (VS2) – Aplicar a segunda VS para avaliar e medir o desempenho do aluno nesta fase do aprendizado. Usando o método expositivo dialogado (método tradicional), ocorreu em sala de aula o repasse dos conteúdos referentes a estudos de transientes em circuitos RL e RC, a fim de fornecer ao aluno subsídios teóricos como parte integrante da pesquisa. Foram aplicados testes de conhecimento e situação problema para identificar o nível de aprendizagem dos alunos, quando realizam atividades de análise de transiente das variáveis em circuitos RL e RC, conforme abordado em aulas expositivas. 79 Foi decidido introduzir na disciplina o uso do programa “Modellus”, para trabalhar duas concepções educacionais distintas: • behaviorista, em que o professor desenvolve o modelo, implementando-o para elaboração do simulador e o aluno apenas manuseia sob orientação, para verificar os resultados obtidos. • construtivista, na qual o aluno é incentivado a criar o próprio modelo matemático, usando as equações discutidas ao longo da disciplina, e a elaborar o simulador para a situação exposta, a fim de verificar os resultados obtidos. No primeiro momento, o grupo trabalhou com atividades computacionais de simulação implementadas pelo docente no programa “Modellus”, como recurso didático na verificação dos resultados. Os alunos realizaram repetições sucessivas nos simuladores para comprovação dos resultados previstos no teste de conhecimento. Identificou-se o aprendizado na previsibilidade das reações aos estímulos e reforços observados. Nesta atividade, considerando as características do “Modellus”, o programa operou sob caráter exploratório (observações dos fenômenos). Na sequência, após a aplicação da situação problema, os alunos trabalharam com atividades computacionais, criando a ferramenta de simulação a partir da implementação dos modelos matemáticos definidos na situação problema. Nesta fase, o programa computacional “Modellus” foi operado sob caráter expressivo, quando o próprio aluno descreveu as equações matemáticas, implementou, testou e analisou os resultados da situação problema, ficando o desenvolvimento da atividade caracterizada o uso da concepção construtivista do conhecimento. Para a avaliação quantitativa da aprendizagem nas duas concepções, foram aplicadas duas verificações simples (VS1 e VS2), com questões discursivas referentes aos conteúdos trabalhados; foram atribuídas notas, conforme o desempenho obtido pelos alunos. 80 Para a avaliação qualitativa da aprendizagem, levou-se em consideração a análise das respostas dadas pelos alunos, referentes aos questionamentos presentes no teste de conhecimento e na situação problema. 4.3. Testes de avaliação da aprendizagem. Considerando as publicações que tratam das dificuldades de aprendizagem em circuitos RL e RC Eylon & Ganiel, (1990); Thacker Ganiel & Boys, (1999) e Greca & Moreira (1996, 1998), nenhuma destas citações apresenta qualquer teste que possa avaliar o conhecimento do aluno sobre a análise de transiente em circuitos RL e RC. No entanto (DORNELES, 2005), realizou um trabalho para investigar o desempenho de alunos que trabalham com atividades de modelagem e simulação computacionais, usando o programa “Modellus”, conforme mencionado na introdução deste trabalho, que foi utilizado como suporte na elaboração do teste de conhecimento e na situação problema utilizada na pesquisa. Foi elaborado, então, um teste de conhecimento e uma situação problema, cujo objetivo é identificar o nível de aprendizagem adquirido pelo aluno nas aulas teóricas da disciplina. O teste de conhecimento e a situação problema funcionaram como guias didáticos nas atividades computacionais, para o acompanhamento das simulações com o programa “Modellus”. Ao apresentarem suas respostas, os alunos forneceram subsídios para que o professor pudesse identificar suas dificuldades de aprendizagem, quando realizam análise de transientes em circuitos RL e RC. O teste de conhecimento e a situação problema foram produzidos com base em avaliações feitas em semestres anteriores (cinco semestres sucessivos, a partir de 2009.1). Por experiência própria na condução da disciplina de eletricidade II, há vários semestres optou-se por questões que contribuíam para o baixo rendimento da maioria dos alunos, quando avaliados sobre transientes em circuitos RL e RC. 81 Entende-se que, para se analisarem transientes de circuitos RL e RC, é necessário que o aluno detenha os conceitos teóricos do funcionamento dos elementos do circuito, no caso de resistor, indutor e capacitor. Foram destacados alguns pontos que o aluno deverá perceber no estudo de circuitos RL e RC. Em circuitos RL, • entender que um indutor se opõe à variação de corrente elétrica; • perceber que o indutor responde exponencialmente à variação de corrente; • compreender que um indutor armazena energia eletromagnética com a variação da corrente. Em circuitos RC, • entender que um capacitor se opõe à variação de tensão elétrica; • compreender os processos de carga e descarga do capacitor; • perceber que a intensidade da corrente elétrica decai exponencialmente com o tempo durante os processos de carga e descarga do capacitor; • ser capaz de descrever fisicamente o gráfico da quantidade de carga armazenada no capacitor. O teste de conhecimento constituiu-se de quatro questões dissertativas e foi aplicado após as aulas ministradas sobre circuitos RL e RC. Cada questão apresenta um circuito elétrico composto de elementos resistor, indutor, capacitor, chaves “on-off” e fonte de potencial contínua. Foi pedido que o aluno representasse os gráficos das variáveis dos circuitos RL e RC na fase transiente. A situação problema constituiu-se de uma questão única, que apresenta um circuito elétrico composto de elementos resistor, indutor, capacitor, chaves “on-off” e fontes de potencial contínuas, representando um circuito RL e RC prático. Considerada a situação problema, foi solicitado ao aluno que realizasse as análises e desenvolvesse as seguintes soluções: 82 • Descrever o equacionamento matemático para a construção do modelo na fase transiente; • Construir os gráficos que representam o comportamento das variáveis na fase transiente; • Elaborar um simulador com o “Modellus” que comprove os resultados para as situações problemas. Foram utilizadas as respostas dos alunos no testes de conhecimento e na situação problema, para avaliação qualitativa do assunto que será tratada no capítulo de avaliação de resultados. Para a formulação do instrumento de avaliação usado para medir o índice de aprendizado no conteúdo da disciplina de eletricidade II, foram consideradas, preferencialmente, as situações que apresentavam mais de uma fase transiente no mesmo circuito analisado. Buscou-se a manutenção do mesmo nível de complexidade, utilizando questões que foram aplicadas em provas de semestres anteriores e que apresentaram baixo índice de acerto. As verificações simples (VS1 e VS2) constaram de quatro questões cada, envolvendo o estudo de circuitos RL e RC: uma referente a conceitos teóricos e as demais dissertativas, compostas de questões para serem equacionadas, calculadas suas variáveis e analisado o comportamento das variáveis, graficamente, na fase transiente em circuitos RL e RC.. A pontuação obtida pelo aluno, na avaliação, segue os padrões usados no sistema de avaliação acadêmico do IFCE, ou seja, conceitos de zero a dez, considerando uma casa decimal. 83 4.4. Simulação e modelagem usando o programa “Modellus”. Atendendo aos requisitos do teste de conhecimento, o aluno teve autonomia para inserir ou substituir valores iniciais para as variáveis controladas, alterar parâmetros e modificar relações entre as variáveis. No entanto, o aluno não teve permissão para criar ou modificar os parâmetros do modelo computacional. Já nas atividades presentes na situação problema, além de possuir autonomia para inserir e substituir valores iniciais e alterar parâmetros, o aluno teve acesso às ferramentas para inserir um modelo criado pelo docente ou construir o próprio modelo, que se estende desde a estrutura matemática até a análise dos resultados gerados pela modelagem. Conforme descrições nos parágrafos acima, percebe-se que o material instrucional desenvolvido neste trabalho contempla tanto atividades de simulação (modo exploratório) como atividades de modelagem (modo expressivo). Nas atividades realizadas com os alunos, permitiu-se o acesso à janela Modelo do programa apenas, quando trabalharam com a situação problema, na qual se pede para criar o modelo e implementá-lo com o uso do “Modellus”. 4.5. Procedimento didático O procedimento didático adotado na pesquisa envolveu os alunos em atividades de simulação e modelagem computacional. As atividades trabalhadas pela turma e conduzidas pelo docente foram realizadas em sala de aula (explanação do conteúdo, aplicação dos testes e avaliações). Usou-se a metodologia de aulas expositivas de caráter teórico e prático no horário de aula da disciplina; foram duas aulas de 45 minutos, duas vezes por semana, seguidas de exercícios propostos do livro texto. 84 Após a aplicação do teste de conhecimento e da situação problema, realizaram-se, no Laboratório de Informática da Eletrotécnica (LIE), as atividades de simulação e modelagem no “Modellus”, com um grupo de 22 alunos, que trabalharam individualmente, sempre às tardes (de 13:30h às 16:30h), perfazendo um total de 4 horas-aula por dia, durante seis dias. Aconteceram dois encontros às tardes, com a finalidade de instalar o programa “Modellus” nas 22 máquinas do LIE. Nesses encontros, foi trabalhado com os alunos, o manuseio do programa, suas janelas principais e funcionalidades, seus ícones e ferramentas de utilização. Para estudar análise de transientes em circuitos RL e RC, os alunos trabalharam com quatro atividades de simulação computacional, presentes no teste de conhecimento (APÊNDICE 1), e uma atividade de modelagem computacional, presente na situação problema (APÊNDICE 2), durante quatro aulas. As atividades realizadas nos encontros com o uso do “Modellus” serão descritas a seguir. Na primeira aula no Laboratório de Informática, os alunos trabalharam com simulações computacionais, utilizando os arquivos nomeados (Circ_RL1.mdl” e “Circ_RL2.mdl). Com os simuladores sendo executados no “Modellus”, realizaram-se atividades de observação de valores e comportamento gráfico das variáveis controladas, na fase transiente dos circuitos. Finalmente, uma análise dos resultados apresentados na simulação foi realizada, tomando como base as respostas das duas primeiras questões do teste de conhecimento aplicado. Na segunda aula, os alunos trabalharam com as duas últimas questões aplicadas no teste de conhecimento (Circ_RC3.mdl e “Circ_RC4.mdl). O procedimento foi o mesmo aplicado na primeira aula. Nestas duas primeiras aulas, o conhecimento foi obtido a partir de repetidas observações feitas pelo aluno, ao disparar o modo controle do “Modellus”, caracterizando a assimilação do conteúdo, segundo a concepção behaviorista. 85 Na terceira e na quarta aulas no Laboratório de Informática, os alunos trabalharam com modelagens computacionais e realizaram interpretação das equações na janela Modelo, do “Modellus”. Houve a implementação das variáveis existentes no circuito RC, referentes à situação problema proposta pelo professor. Nomeou-se o simulador como (teste1.mdl). Com todos os parâmetros definidos no programa, realizou-se o teste comprobatório do comportamento gráfico das variáveis controladas, na fase transiente dos circuitos. O conhecimento foi construído a partir da situação problema resolvida pelo aluno. Nesse momento, ficou caracterizada a concepção construtivista, nessa fase da pesquisa. 86 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS. Ambiente informatizado de aprendizagem Um ambiente informatizado pode proporcionar ao aluno condição de aprendizagem diferenciada, pois se tornam capazes de gerenciar as próprias atitudes, de forma participativa e interativa. Nas atividades de simulação computacional, observou-se grande entusiasmo na turma e liberdade nas manipulações que permitiam alterar as situações previamente planejadas. Alguns comentários feitos pelos alunos mostraram a importância de utilizar os ambientes informatizados, que deveriam estar presentes na grade da disciplina, como forma de contribuir para o ensino-aprendizagem nessa área de concentração. 5.1. Análise do teste de conhecimento Quando o teste de conhecimento foi aplicado para o grupo experimental, definiu-se como objetivo principal avaliar como os alunos fazem a análise do comportamento das variáveis, na fase transiente de circuitos RL e RC. As respostas convergiam para o esboço do gráfico que mostra as variações das tensões e correntes ao longo do tempo no regime de instabilidade. Na ocasião da elaboração do teste de conhecimento, foram trabalhadas questões em dois níveis de complexidade: as consideradas básicas com um transiente (circuitos RL e RC simples) e as que apresentam mais de uma fase a ser analisada. Para se constatar a correta análise dos resultados encontrados pelos alunos, utilizouse o programa “Modellus”, em que se trabalhou a concepção educacional skinneriana, caracterizada por observações e repetição do fenômeno como mecanismo de aprendizagem. A tabela 2 apresenta a quantidade de acertos e erros cometidos pelos alunos ao analisarem as questões propostas no teste de conhecimento, (APÊNDICE 1) 87 referente ao regime de transiente em circuitos RL e RC. Tabela 2 – Análise de acertos e erros do teste de conhecimento. C – Correta. E – Errada. As numerações dos alunos, apresentadas na tabela 2, estão em conformidade com a sequência na lista de presença do semestre. Dentre as respostas fornecidas pelos alunos que participaram da pesquisa, respondendo ao teste de conhecimentos, observou-se que, nas questões de números 1 e 3 (circuitos RL e RC simples) , por se tratarem de circuitos básicos, houve um número razoável de acertos ao esboçarem as curvas características que representam o comportamento das variáveis em cada circuito. Já as questões 2 e 4 do teste de conhecimento apresentaram grau de dificuldade mais elevado. Isso levou os alunos a interpretarem e analisarem os circuitos de forma incorreta ou parcialmente corretos. A análise dos resultados apresentados na tabela 2, referentes às questões 1 e 3 do teste de conhecimento, mostra que 18 alunos, representando 81,8%, traçaram corretamente a curva da tensão contra o tempo no capacitor, e isso é considerado um bom rendimento. O resultado mostra o entendimento do aluno, quando analisa o 88 comportamento do capacitor no circuito. Apenas 2 alunos, representando 9,1%, conseguiram traçar corretamente a curva da corrente contra o tempo no capacitor, e isso é considerado um baixo percentual de acerto, quando analisam o comportamento da corrente no circuito. As demais curvas traçadas pelos alunos, relativas às questões 1 e 3, apresentaram um percentual médio em torno de 50% de acerto. É considerado regular o rendimento obtido na análise, pois as questões tratam de circuitos básicos, envolvendo transientes RL e RC. Os resultados referentes às questões 2 e 4 do teste de conhecimento mostram que o grupo como um todo apresenta grandes dificuldades de analisar circuitos que apresentam mais de uma fase transitória. Na tabela 2 mostra um baixíssimo rendimento dos alunos no geral, quando analisam circuito com um grau de complexidade maior. Um dado importante que mostra como os alunos apresentam dificuldades de analisar transientes é apresentado na questão 4, na qual nenhum aluno conseguiu traçar a curva da corrente contra o tempo no capacitor. Isso reforça a necessidade de utilizar meios alternativos de aprendizagem que possam ser utilizados como um recurso no processo do ensino. A ferramenta computacional de simulação construída com o uso do programa “Modellus” foi utilizada pelos alunos, como forma alternativa de aprendizagem, para comprovar os resultados do teste de conhecimento. Nesse momento, trabalhou-se com atividades baseadas na concepção skinneriana, em que o professor construiu diversas situações apresentadas nas questões e o aluno apenas manipulou os simuladores para analisar os resultados. A aprendizagem foi marcada pela observação do fenômeno em sucessivas repetições. Os resultados satisfatórios da aprendizagem foram constatados por ocasião da aplicação da verificação simples (VS1), (APÊNDICE 3), na qual a turma obteve média 6,73. Analisando esse dado, 89 pode-se dizer, a grosso modo, que houve uma boa compreensão dos conteúdos que envolvem análise de transientes em circuitos RL e RC, acarretando um rendimento satisfatório alcançado pelos alunos na disciplina de eletricidade II. 5.2. Análise das respostas para a situação problema São descritas, agora, as respostas encontradas para a solução da situação problema, (APÊNDICE 2), mostrando o procedimento e o desenvolvimento utilizado pelos alunos da turma experimental. Convém lembrar que neste problema foi trabalhada a concepção construtivista do conhecimento, em que os alunos equacionaram, traçaram o gráfico e implementaram a situação em questão. Considerou-se a seguinte divisão conforme os itens propostos na situação problema: 5.2.1. Equacionamento matemático da situação problema correta. Neste item são apresentadas respostas de alunos que, usando a fundamentação teórica e as relações matemáticas, foram capazes de desenvolver, corretamente, as equações matemáticas para solução da situação problema, conforme exposto no (APÊNDICE 2). Exemplos de respostas para o item 5.2.1 Figura 22 – Resposta do aluno (9). 90 O aluno (9) demonstrou possuir conhecimentos suficientes para analisar o comportamento transiente da tensão no capacitor quando a chave é comutada para as posições solicitadas na situação. Interpretou de maneira correta quando adicionou o valor inicial da carga do capacitor às respostas exponenciais, quando a chave sofre a comutação nas duas análises. Figura 23 – Resposta do aluno (14). O aluno (14) desenvolveu corretamente, embora de forma resumida, as equações matemáticas que representam o comportamento transiente da tensão no capacitor quando a chave é comutada para as posições (2) e (1). A análise mostrou que o aluno consegue entender como o capacitor responde antes, durante e após a chave sofrer comutações no circuito, no regime transitório. Figura 24 – Resposta do aluno (24). O aluno (24) analisou de forma literal, expressando as variáveis iniciais para equacionar as expressões que representam a situação problema. Demonstrou possuir 91 conhecimentos suficientes para analisar o comportamento transiente da tensão no capacitor, quando a chave é comutada para as posições solicitadas na situação. Interpretou de maneira correta quando adicionou o valor inicial da carga do capacitor às respostas exponenciais, quando a chave sofre a comutação nas duas análises. Outros dez alunos demonstraram saber analisar o comportamento transiente da tensão no capacitor, quando equacionaram corretamente as expressões matemáticas que representam as fases transitórias, quando a chave sofre a comutação sucessiva para o circuito. 5.2.2. Equacionamento matemático da situação problema parcialmente correta. Neste item, são apresentadas respostas de alunos que foram capazes de desenvolver, parcialmente, as equações matemáticas para solução da situação problema, conforme exposto no (APÊNDICE 2). Exemplos de respostas para o item 5.2.2 Figura 25 – Resposta do aluno (7). 92 O aluno (7) conseguiu estabelecer corretamente a equação matemática que representa o comportamento transiente da tensão no capacitor quando a chave é comutada para a posição (2), no entanto, quando a chave retorna para a posição (1), o aluno não conseguiu equacionar essa fase do transitório. Este é considerado o grande obstáculo para o aluno analisar mais de um regime transitório no circuito. O aluno demonstrou entender parcialmente como o capacitor responde aos movimentos da chave. Figura 26 – Resposta do aluno (5). O aluno (5) demonstrou possuir conhecimentos para analisar o comportamento transitório da tensão no capacitor quando a chave é comutada para a posição (2), no entanto, quando a chave retorna para a posição (1), passou a ter dificuldades de analisar essa fase do transitório. O aluno até tentou equacionar a segunda fase, contudo fez de forma insegura, mostrando dúvidas na sua análise. Outros cinco alunos demonstraram não possuir conhecimentos suficientes para analisar o comportamento transiente da tensão no capacitor quando a chave comuta sua posição, alterando o transitório do circuito. As equações foram parcialmente estabelecidas, conforme as fases transitórias que ocorrem no circuito. 93 5.2.3 Equacionamento matemático da situação problema errada. Neste item são apresentadas respostas de alunos que foram incapazes de desenvolver as equações matemáticas para solução da situação problema. Exemplos de respostas para o item 5.2.3 Figura 27 – Resposta do aluno (6). O aluno (6) não conseguiu estabelecer corretamente as equações matemáticas que representam o comportamento transiente da tensão no capacitor. O aluno até determinou as constantes de tempo para o circuito, no entanto demonstrou não entender como o capacitor responde aos movimentos da chave. As equações determinadas estão desconformes com o circuito analisado. 94 Figura 28 – Resposta do aluno (15). O aluno (15) demonstrou não possuir conhecimentos necessários para analisar o comportamento transitório da tensão no capacitor. As expressões apresentadas não representam os estados transitórios do circuito. O aluno parece ter dificuldades de analisar o circuito e equacionar conforme a programação da chave. 5.2.4. Análise gráfica da situação problema correta. Neste item o aluno deveria mostrar o gráfico da tensão no capacitor em função do tempo analisado corretamente, que representa o comportamento transitório da situação problema, conforme exposto no (APÊNDICE 2), considerando o posicionamento da chave. 95 Exemplos de respostas para o item 5.2.4 Figura 29 – Análise gráfica do aluno (9). O aluno (9) demonstrou possuir conhecimentos suficientes para analisar o comportamento transitório da tensão no capacitor quando a chave encontra-se na posição (1), quando é comutada para a posição (2) e quando a chave retorna para a posição (1). O esboço do gráfico mostrou as fases transitórias em todo o ciclo, considerando os tempos para a passagem de fase. Figura 30 – Análise gráfica do aluno (22) 96 O aluno (22) conseguiu analisar todas as reações do circuito ao manipular a chave, conforme problema proposto. Esboçou o gráfico da tensão no capacitor contra o tempo de forma correta, inclusive apontando os pontos em que ocorreram as mudanças de posicionamento da chave. Na análise matemática, encontrou o equacionamento ideal à situação problema proposta. Outros treze alunos demonstraram saber analisar o comportamento transiente da tensão no capacitor, esboçando o gráfico representativo nas fases transitórias do circuito, quando a chave sofre as comutações sucessivas nos estágios propostos na situação problema. 5.2.5. Análise gráfica da situação problema parcialmente correta. Neste item, são mostrados os gráficos da tensão no capacitor em função do tempo analisados parcialmente correta pelos alunos, onde mostra o comportamento do transitório para a situação problema, conforme exposto no apêndice 2, considerando o posicionamento da chave. Exemplos de respostas para o item 5.2.5 Figura 31 – Análise gráfica do aluno (11). O aluno (11) conseguiu analisar os estados de funcionamento do circuito quando a chave sofre comutação de posições. Ao esboçar o gráfico proposto, mostrouse equivocado quando considerou que no t = 30seg a tensão no capacitor atingiria a 97 tensão da fonte (V2). Demonstrou conhecer os fundamentos teóricos para analisar transientes de circuitos elétricos RC. A análise pode ser considerada parcialmente correta no contexto. Figura 32 – Análise gráfica do aluno (2). O aluno (2) demonstrou possuir conhecimentos para analisar o comportamento transitório da tensão no capacitor toda vez que a chave é comutada, no entanto analisou equivocadamente quando não considerou que o circuito já estava ligado há algum tempo. No esboço do gráfico, está representada a tensão no capacitor contra o tempo, e nele é mostrada a análise parcialmente correta do comportamento transitório da tensão no capacitor. Um ponto que merece ser comentado é a inflexão apresentada no esboço, no momento em que a chave sofre comutação. Outros quatro alunos demonstraram ter alguma dificuldade na análise do transitório da tensão no capacitor. De alguma forma, o gráfico interpretado pelo aluno apresentou uma ou mais fases que não representavam as situações propostas, caracterizando a falta de conhecimentos teóricos para analisar o comportamento das variáveis controladas no circuito. 98 5.2.6. Análise gráfica da situação problema errada. Neste item, são mostrados os gráficos da tensão no capacitor em função do tempo analisado erradamente pelos alunos, conforme o posicionamento da chave. Exemplo de resposta para o item 5.2.6 Figura 33 – Análise gráfica do aluno (15). O aluno (15) demonstrou não entender a situação problema proposto a ser analisada. Não observou a sequência definida para as fases transitórias, apresentando como análise gráfica a carga de um capacitor em um circuito RC simples. O aluno parece ter dificuldades de analisar o circuito, equacionar e apresentar o comportamento da variável controlada na situação problema. A tabela 3 mostra o número de alunos e o percentual de acertos ou erros, com suas respectivas divisões, para cada item analisado: Tabela 3 – Análise de acertos e erros para a situação problema. Itens propostos situação problema. 1. Equacionamento matemático (Modelo) 2. Análise gráfica C 13 % 59,1 15 68,2 Número de alunos PC % E 7 31,8 2 6 27,3 1 % 9,1 4,5 99 C – Correta. PC – Parcialmente correta. E – Errada. 5.2.7. Uso do “Modellus” para mostrar o gráfico vc x t. Neste item, os alunos construíram o simulador, usando o programa “Modellus”. Na janela Modelo foi implementado um modelamento matemático, com as equações matemáticas definidas no item 1 da situação problema, para serem interpretadas e validadas. Nessa fase, decidiu-se nomear o simulador de Teste1.mdl. Após a validação das equações, foram atribuídos os valores iniciais das variáveis não controladas (V1, V2, R1, R2 e C), conforme definido inicialmente na situação problema. Os intervalos de tempo foram definidos na janela controle, cuja função é disparar o simulador. Finalmente, os alunos puderam comprovar, na janela gráficos, o comportamento da variável controlada (tensão no capacitor) em todo o regime transitório, conforme as situações programadas para a chave (S1). As janelas utilizadas pelo aluno para criar a ferramenta computacional de simulação no programa “Modellus” estão apresentadas no apêndice 6 desta dissertação. A ferramenta computacional de simulação, construída com o uso do programa “Modellus”, foi utilizada pelos alunos como forma alternativa de aprendizagem, para comprovar os resultados analisados nos itens 1 e 2 da situação problema. Nesse momento, foram desenvolvidas atividades, onde se trabalhou a concepção construtivista, em que o aluno definiu o modelo matemático, implementou e testou, comprovando-se os resultados com a utilização da ferramenta computacional “Modellus”. A aprendizagem foi marcada pela construção do conhecimento nas suas etapas definidas neste item da pesquisa. 100 5.3. Avaliação quantitativa da aprendizagem Para se avaliar o nível de rendimento alcançado pela turma, utilizou-se a estatística descritiva para analisar as verificações simples aplicadas na pesquisa. De posse dos resultados obtidos nas verificações simples (VS1 e VS2) aplicadas para avaliar a turma, foram utilizadas algumas medidas representativas, como média, moda, mediana, variância, desvio padrão e coeficiente de variação, que apresentarão resultado mais consistente. 5.3.1. Avaliação quantitativa da (VS1) Os dados da tabela 4 mostram a distribuição de notas obtidas pelos alunos, nos intervalos de classes, quando submetidos à verificação simples (VS1) aplicada na disciplina de eletricidade II, nos semestres de 2009.1 a 2011.1. Nos referidos semestres, as turmas receberam as informações referentes aos conteúdos, apenas através do método expositivo dialogado. Tabela 4 – Freqüência simples (fi), percentual (%) por intervalos de notas e médias da (VS1) de cinco semestres sucessivos. Classes de Notas 0 ---| 2 2 ---| 4 4 ---| 6 6 ---| 8 8 ---| 10 Total Média (M) 2009.1 fi % 6 19,35 8 25,81 9 29,03 5 16,13 3 9,68 31 4,42 2009.2 fi % 8 19,51 12 29,27 15 36,59 4 9,76 2 4,88 41 3,29 Semestre 2010.1 fi % 4 26,67 5 33,33 3 20,00 1 6,67 2 13,33 15 3,93 2010.2 fi % 3 11,11 7 25,93 9 33,33 5 18,52 3 11,11 27 4,85 2011.1 fi % 6 21,42 9 32,14 10 35,71 2 7,14 1 3,57 28 3,79 A primeira verificação simples (VS1 - 2011.2) foi aplicada após as atividades realizadas com o programa “Modellus”, para identificar o nível de conhecimentos absorvidos pelos alunos, após terem estudado os conceitos físicos ministrados em sala 101 de aula. Os resultados dizem respeito aos estudos da análise de transientes em circuitos RL e RC, utilizando a concepção behaviorista na aprendizagem. A tabela a seguir apresenta a distribuição de notas obtidas pelos alunos da turma experimental, nos intervalos de classes, quando submetidos à verificação simples (VS1) aplicada na disciplina de eletricidade II, no semestre 2011.2. Tabela 5 – Distribuição de notas por classes na (VS1) – 2011.2 Classes de Notas 0 ---| 2 2 ---| 4 4 ---| 6 6 ---| 8 8 ---| 10 Total Ponto Médio – Xi 1 3 5 7 9 - Frequência simples – fi 1 1 5 8 7 22 Frequência acumulada – Fi 1 2 7 15 22 - Percentual de rendimento - % 4,55 4,55 22,75 36,40 31,85 100 Observando a tabela 5, verifica-se que apenas 2 alunos obtiveram nota inferior a 4,0, conforme indica na coluna frequência simples, correspondendo a 9.1% da turma. Outro dado significativo foi que 15 alunos atingiram nota superior a 6,0, correspondendo a 68,25% do grupo. Na aplicação da (VS1), um aluno do grupo obteve nota 10,0, mostrando que houve um entendimento satisfatório, quando utilizaram o teste de conhecimento como guia, na verificação dos resultados, com o uso do programa computacional “Modellus”. Com base nos dados da tabela 5, algumas medidas representativas foram calculadas para análise dos resultados. Tabela 6 – Valores da média, moda e mediana na (VS1) – 2011.2. Média – M 6,73 Moda – Mo 7,50 Mediana – Md 7,14 Conclusão: M < Md < Mo 102 Tabela 7 – Medidas de variabilidade (VS1) – 2011.2. Variância – S2 4,44 Desvio Padrão – S 2,11 Coeficiente de variação – CV 31,36 % Considerando os valores registrados na tabela 5 e os calculados nas tabelas 6 e 7, observa-se uma média satisfatória, quando avaliada a VS1. O desvio-padrão atingido na (VS1) foi de, aproximadamente, 2,11. Isso significa que os valores das notas alcançadas pela turma, na verificação simples (VS1), estão um pouco afastados da média. 5.3.2. Avaliação quantitativa da (VS2) Os dados da tabela 8 mostram a distribuição de notas obtidas pelos alunos, nos intervalos de classes, quando submetidos à verificação simples (VS2) aplicada na disciplina de eletricidade II, nos semestres de 2009.1 a 2011.1. Assim como na VS1, as turmas receberam as informações referentes aos conteúdos, apenas através do método expositivo dialogado. Tabela 8 – Freqüência simples (fi), percentual (%) por intervalos de notas e médias da (VS2) de cinco semestres sucessivos. Semestre Classes 2009.1 2009.2 2010.1 2010.2 2011.1 de Notas fi % fi % fi % fi % fi % 0 ---| 2 3 9,68 1 2,44 0 0,00 1 3,70 5 17,86 2 ---| 4 5 16,13 1 2,44 2 13,33 3 11.11 6 21,43 4 ---| 6 11 35,48 9 21,95 2 13,33 8 29,63 9 32,14 6 ---| 8 10 32,26 20 48,78 6 40,00 9 33,33 5 17,86 8 ---| 10 2 6,46 10 24,39 5 33,33 6 22,22 3 10,71 Total 31 41 15 27 28 Média (M) 5,19 6,80 6,87 6,19 4,64 A segunda verificação simples (VS2) foi aplicada após as atividades realizadas com o programa “Modellus”, adotando a concepção construtivista do conhecimento, onde os alunos trabalharam o equacionamento matemático da atividade 103 situação problema e construíram os resultados usando o “Modellus”, para verificar o índice de rendimento obtido nesta verificação. Os resultados dizem respeito aos estudos da análise de transientes em circuitos RL e RC. Na tabela 9, é apresentada a distribuição de notas obtidas pelos alunos, em intervalos de classes, quando submetidos à verificação simples (VS2) de conteúdos ministrados na disciplina de eletricidade II. Tabela 9 – Distribuição de notas por classes na (VS2) – 2011.2. Classe de Notas 0 ---| 2 2 ---| 4 4 ---| 6 6 ---| 8 8 ---| 10 Total Ponto Médio - Xi 1 3 5 7 9 - Frequência simples - fi 0 0 4 8 10 22 Frequência acumulada - Fi 0 0 4 12 22 - Percentual de rendimento - % 0,0 0,0 18,19 36,37 45,46 100 Observando a tabela 9, verifica-se que nenhum aluno obteve nota inferior a 4,0, ou seja, 0,0% da turma. Isto mostra que na concepção construtivista, o aluno conseguiu desenvolver melhor seus conhecimentos e aplicá-los de forma satisfatória no aprendizado dos conteúdos ministrados na disciplina. Outro dado que superou as expectativas foi que 18 alunos tiveram nota superior a 6,0, correspondendo 81,83% do grupo. Com base nos dados da tabela 9, algumas medidas representativas apresentadas foram calculadas para análise dos resultados, conforme mostra a tabela 10. Tabela 10 – Média, moda e mediana na (VS2) – 2011.2. Média - M 7,55 Moda - Mo 8,33 Mediana - Md 7,75 Conclusão: M < Md < Mo 104 Tabela 11 – Medidas de variabilidade (VS2) – 2011.2. Variância – S2 2,18 Desvio Padrão - S 1,48 Coeficiente de variação - CV 19,61 % Considerando os valores registrados na tabela 9 e os calculados nas tabelas 10 e 11, observa-se uma média satisfatória obtida pela turma na verificação simples (VS2). O desvio-padrão apresentou baixo valor (1,48), significando que os valores das notas alcançadas nesta VS, estão próximos da média. 5.4. Avaliação quantitativa no semestre Na tabela a seguir, está apresentada a distribuição de médias em intervalos de classes, como resultado obtido pela turma, quando submetida as verificações simples (VS1 e VS2) de conteúdos ministrados na disciplina de eletricidade II. O resultado diz respeito aos estudos da análise de transientes em circuitos RL e RC. Tabela 12 – Distribuição de notas por classes no semestre 2011.2 Classe de Notas 0 ---| 2 2 ---| 4 4 ---| 6 6 ---| 8 8 ---| 10 Total Ponto Médio - Xi 1 3 5 7 9 - Frequência simples - fi 0 1 3 8 10 22 Frequência acumulada - Fi 0 1 4 12 22 - Percentual de rendimento - % 0,0 4,54 13,63 36,37 45,46 100 Observando a tabela 12, verifica-se que nenhum aluno obteve nota no semestre inferior a 2,0, ou seja, 0,0% da turma. Outro dado relevante foi que 18 alunos tiveram medias superior a 6,0, correspondendo 81,83% da turma. 105 Com base nos dados da tabela 12, algumas medidas representativas apresentadas foram calculadas para análise dos resultados do semestre, conforme mostra a tabela 13. Tabela 13 – Média, moda e mediana no semestre 2011.2. Média - M 7,45 Moda - Mo 8,23 Mediana - Md 7,65 Conclusão: M < Md < Mo Tabela 14 – Medidas de variabilidade no semestre 2011.2. Variância – S2 2,95 Desvio Padrão - S 1,72 Coeficiente de variação - CV 23,09 % Considerando os valores registrados na tabela 12 e os calculados nas tabelas 13 e 14, observa-se uma média bastante satisfatória, no geral, obtida pela turma no semestre. O desvio-padrão apresentou baixo valor (1,72), significando que os valores das notas alcançadas pela turma, estão próximos da média. Analisando os resultados obtidos na verificação simples (VS1), cuja média foi 6,73 e nos resultados alcançados na (VS2) que ficou em 7,55 de média, pôde-se constatar que houve um aumento significativo na compreensão obtida pelos alunos no semestre, onde a turma experimental obteve uma média de 7,45 (tabela 13), elevandose o rendimento da turma se comparada às turmas de controle, que são representadas pelas turmas que cursaram a mesma disciplina nos semestres 2009.1, 2009.2, 2010.1, 2010.2 e 2011.1 (tabela 1). 5.5. Gráficos comparativos de médias por semestre O gráfico a seguir (Gráfico 8) mostra a média obtida nas verificações simples (VS1) aplicadas na turma, dita experimental, em comparação com as médias obtidas em verificações simples (VS1) de iguais conteúdos, registradas nas turmas, ditas de 106 controle, presentes em cinco semestres sucessivos (de 2009.1 a 2011.1). Nesses períodos o conteúdo da disciplina foi o mesmo, porém repassado aos alunos, utilizando apenas aulas expositivas. Médias da (VS1), obtidas pelas turmas, em seis semestres sucessivos. 6, 73 10 4 3, 79 4, 85 3, 93 3, 29 6 4, 42 8 Média 2 0 2009.1 2009.2 2010.1 2010.2 2011.1 2011.2 Gráfico 8 – Médias das (VS1) de seis semestres sucessivos. O gráfico a seguir (Gráfico 9) mostra a média obtida nas verificações simples (VS2) aplicadas na turma, dita experimental, em comparação com as médias obtidas em verificações simples (VS2) de iguais conteúdos, registradas nas turmas, ditas de controle, presentes em cinco semestres sucessivos (de 2009.1 a 2011.1). Médias da (VS2), obtidas pelas turmas, em seis semestres sucessivos. 7, 55 6, 19 4, 64 6 5, 19 8 6, 87 6, 80 10 Média 4 2 0 2009.1 2009.2 2010.1 2010.2 2011.1 2011.2 Gráfico 9 – Médias das (VS2) de seis semestres sucessivos. 107 O gráfico a seguir (Gráfico 10) mostra a média no semestre, considerando as verificações simples (VS1 e VS2) aplicadas na turma, dita experimental, em comparação com as médias obtidas em verificações simples (VS1 e VS2) de iguais conteúdos, registradas nas turmas, ditas de controle, presentes em cinco semestres sucessivos (de 2009.1 a 2011.1). Médias da (VS1 e VS2), obtidas pelas turmas, em seis semestres sucessivos. 7, 45 10 4, 21 5, 52 5, 40 5, 05 6 4, 81 8 Média 4 2 0 2009.1 2009.2 2010.1 2010.2 2011.1 2011.2 Gráfico 10 – Médias das (VS1 e VS2) de seis semestres sucessivos. Analisando o Gráfico 10 pode-se verificar que no semestre 2011.2, com o uso de recursos computacionais de simulação, através do programa computacional “Modellus”, houve um acréscimo na média obtida pela turma experimental, atingindo um valor de 7,45, bem acima das médias obtidas pelas turmas de controle. Convém salientar, que na turma experimental o conteúdo da disciplina foi repassado aos alunos em três momentos distintos: i) aulas puramente expositivas, como nos semestres anteriores; ii) comprovação da teoria, usando o programa computacional “Modellus”, trabalhando na concepção behaviorista; iii) comprovação da teoria, usando o programa computacional “Modellus”, trabalhando na concepção construtivista. 108 5.6. Conclusão da análise dos dados Analisando as médias registradas nas turmas de controle e as obtidas na turma experimental, por ocasião das verificações simples (VS1 e VS2), pode-se dizer, a grosso modo, que houve aumento na compreensão dos conteúdos que envolvem análise de transientes em circuitos RL e RC e melhora no rendimento alcançado pelos alunos na disciplina de eletricidade II. Em princípio isto mostra que se utilizando a ferramenta computacional de simulação construída no “Modellus”, tem-se um meio pedagógico capaz de mediar o ensino e a aprendizagem de conceitos de transiente em circuitos RL e RC, promovendo a interatividade do aluno com o objeto de conhecimento produzido, como forma de construção da aprendizagem. 109 CONCLUSÕES Este trabalho apresentou como objetivo elaborar e aplicar uma ferramenta de simulação, usando-se o programa “Modellus”, adotando as concepções behaviorista e construtivista, capaz de auxiliar os alunos a enfrentarem dificuldades de aprendizagem, quando estudam circuitos elétricos, mais especificamente análise transitória em circuitos RL e RC, alimentado com fontes de tensão contínua. Trabalhando a concepção behaviorista, o professor desenvolveu o modelo, fez a implementação para a elaboração do simulador e o aluno apenas fez o manuseio sob orientação, para verificar os resultados. Já trabalhando a concepção construtivista, o aluno foi incentivado a criar o próprio equacionamento matemático, usando os conhecimentos adquiridos ao longo da disciplina, e implementar no programa computacional “Modellus” para simular as atividades expostas, em que fez a verificação dos resultados. Nas atividades de simulação, estabeleceram-se condições nas quais o aluno pudesse visualizar o fenômeno e interagir com a tela, fazendo as variações e alterações das condições iniciais desejadas e verificando as situações problemas na constatação dos resultados esperados. Partiu-se da hipótese de que o uso do programa “Modellus” para o estudo dos conceitos físicos na análise transiente em circuitos RL e RC da disciplina de eletricidade II, no Curso de Eletrotécnica, poderia auxiliar o aluno nas dificuldades que ele encontrava quando realizava este tipo de atividade. Para atingir os objetivos traçados na pesquisa, foi realizada a aplicação de um teste de conhecimentos, cuja intenção foi verificar o nível de aprendizado adquirido nas aulas teóricas. 110 Para a identificação das dificuldades de aprendizagem, foram citados alguns artigos e trabalhos nos quais os autores pesquisaram dificuldades, obstáculos e concepções alternativas dos alunos em circuitos elétricos. Mesmo após o estudo dos conceitos físicos de transientes em circuitos RL e RC, adotando todas as formalidades teóricas pertinentes, as dificuldades e obstáculos para o entendimento do conteúdo encontravam-se presentes no contexto, como se teve oportunidade de constatar, ao analisar as respostas apresentadas pelos alunos, no teste de conhecimento. Foram percebidas dificuldades para compreender o fenômeno, quando os circuitos constavam de dois ou mais estágios de funcionamento (transitório e permanente). Essas situações estão presentes na configuração elaborada, obrigando o aluno a trabalhar e desenvolver esse tipo de situação problema. Finalizadas as atividades desenvolvidas para melhorar o nível de compreensão dos conceitos físicos e trabalhar as dificuldades encontradas nas atividades desenvolvidas, o grupo foi submetido a uma verificação simples de conhecimento (VS1) para medir o grau de aprendizado do conteúdo da disciplina de eletricidade II. Constatou-se um resultado bastante satisfatório nas notas obtidas pelos alunos que compõem a turma experimental. Em termos numéricos, verificou-se que a média do grupo ficou em 6,73, indicando que foi significativo o nível de absorção e compreensão das atividades desenvolvidas pelos alunos, quando se utilizou o programa computacional “Modellus” como meio de aprendizagem. No segundo momento da pesquisa, os alunos foram submetidos a uma situação problema para analisar os conceitos físicos em transientes os circuitos RL e RC. Nessa fase, foi trabalhada a concepção construtivista, em que o aluno construiu o conhecimento, quando elaborou o modelo, implementou e testou, obtendo resultados satisfatórios. 111 Finalizadas as atividades nesse segundo momento, o grupo foi submetido a uma segunda verificação simples de conhecimento (VS2), para medir o nível de aprendizado do conteúdo da disciplina de eletricidade II. Nesta oportunidade foi constatada uma melhora significativa na média da turma. Em termos numéricos, verificou-se que a média do grupo ficou em 7,55, superando a média obtida na VS1. Considerando que a média entre a VS1 e VS2 representa a nota do semestre para a turma experimental, pode-se perceber que a elevação da média para 7,45, onde superou bastante os rendimentos obtidos nas turmas de controle, que correspondem a cinco semestres sucessivos (tabela 1). Diante das evidências, pode-se dizer, a grosso modo, que houve aumento na compreensão dos conteúdos que envolvem análise de transientes em circuitos RL e RC e melhora no rendimento alcançado pelos alunos na disciplina de eletricidade II. Os resultados obtidos na pesquisa mostram que conhecer as concepções espontâneas e as dificuldades que os alunos apresentam é entender os esquemas explicativos construídos por meio da interação com o mundo físico e, com isso, revelar como cada um interpreta os fenômenos de seu cotidiano. Para que exista a possibilidade de uma mudança conceitual, é importante colocar os estudantes frente a situações em que sua concepção prévia não seja capaz de explicar por completo um determinado fenômeno. A manipulação da simulação do fenômeno pode oferecer essa possibilidade. Conclui-se, portanto que a ferramenta computacional de simulação construída com “Modellus”, funcionou como um meio pedagógico capaz de mediar o ensino e a aprendizagem de conceitos físicos na análise de transiente em circuitos RL e RC, e que a metodologia empregada foi eficaz na melhoria das notas e do desempenho dos alunos. 112 REFERÊNCIAS ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos. Porto Alegre: Bookman, 2003. AGUIAR, C. E. Informática para o ensino de física: O modellus. Material didático. Centro de Educação Superior a Distância do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. ARAÚJO, I. S. Um estudo sobre o desempenho de alunos de Física, usuários da ferramenta computacional Modellus na interpretação de gráficos em cinemática. Dissertação de Mestrado em Física – Instituto de Física, UFRGS, Porto Alegre, 2002. ARAÚJO, I. S. Simulação e modelagem computacionais como recursos auxiliares no ensino de Física geral. 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CRÉDITOS 4 CÓDIGO ELTII NÍVEL Médio CONSTITUI PRÉ-REQUISITO PARA: Instalações elétricas / Comandos elétricos / Máquinas assíncronas / Máquinas síncronas / Transformadores / Acionamentos eletrônicos de Máquinas elétricas I COORDENAÇÃO Eletrotécnica SEMESTRE 4 OBJETIVOS DA DISCIPLINA: 1. Solucionar problemas envolvendo circuitos transitórios, capacitivos e indutivos em corrente contínua. 2. Solucionar problemas em circuitos alimentados em tensão alternada. 3. Resolver problemas sobre circuitos trifásicos. METODOLOGIA DE ENSINO E AVALIAÇÃO Aulas expositivas e laboratórios. Quatro avaliações parciais (uma de laboratório) mais trabalhos EMENTA DA DISCIPLINA Capacitores, Transitórios, Comparação do efeito de cada elemento em um circuito (análise trigonométrica) PROGRAMA DA DISCIPLINA Unidade 1: Capacitores 1.1 Capacitor elementar 1.2 Dielétrico: influência na capacitância do capacitor elementar 118 1.3 Associação de capacitores 1.4 Rigidez dielétrica dos dielétricos Unidade 2: Transitórios 2.1 Circuitos RC 2.2 Circuitos RL Unidade 3: Relembrar grandezas CA e conceituar 3.1 Cálculo de valor médio e eficaz. Unidade 4: Comparar o efeito de cada elemento em um circuito: 4.1 Circuito puramente resistivo 4.2 Circuito puramente capacitivo 4.3 Circuito puramente indutivo 4.4 Circuitos RL, RC e RLC Unidade 5: Representação fasorial de grandezas elétricas 5.1 Tensão e corrente fasoriais 5.2 Impedância: forma retangular e forma polar 5.3 Circuitos monofásicos 5.4 Cálculo de potência complexa Unidade 6: Ressonância e os seus efeitos e aplicações 6.1 Ressonância Unidade 7: Circuitos trifásicos 7.1 Sistema a quatro condutores equilibrado e desequilibrado. 7.2 Sistema a três condutores em triângulo equilibrado e desequilibrado. 7.3 Construir diagramas fasoriais trifásicos BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. Análise de circuitos CC. São Paulo :Mc Graw-Hill do Brasil, 1976. 2. Circuitos elétricos Edminister, Joseph Close, Charles M Cutle, Phillip BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 1. Problemas de eletricidade Santos, Horta Livros técnicos e científicos P.E.D. APROVADO PELA COORDENAÇÃO EM 23/09/2002 ___________________________ PROFESSOR ______________________________ PEDAGOGA __________________________________________ COORDENADOR 119 APÊNDICE 1 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ ÁREA / DISC.: ELETROTÉCNICA / ELETRICIDADE II Aluno:_____________________________________________ Semestre:_____ Data: ___ / ___ / 2011 Teste de conhecimentos Questão 1: A figura abaixo mostra um circuito com uma fonte CC, um resistor (R), um indutor (L) e uma chave (S1), todos interligados em série. A chave (S1) foi fechada em um instante chamado t = 0seg. Esboçar os gráficos vL x t, vR x t e i x t no regime transitório. Questão 2: O circuito da figura abaixo, a chave S1 foi fechada há muito tempo. Em um instante chamado t = 0seg, a chave S2 foi fechada. Esboçar os gráficos i x t , VR1 x t e VR2 x t no regime transitório. 120 Questão 3: O circuito da figura abaixo, mostra um circuito com uma fonte CC, um resistor (R), um capacitor (C) e uma chave (S1), todos interligados em série. A chave (S1) foi fechada em um instante chamado t = 0seg. Esboçar os gráficos vC x t, vR x t e i x t no regime transitório. Questão 4: O circuito da figura abaixo, a chave S1 foi fechada na posição 1 em um instante chamado t = 0seg. Após cinco constantes de tempo a chave S1 foi comutada para posição 2. Esboçar o gráfico vC x t, e iC x t no regime transitório. 121 APÊNDICE 2 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ ÁREA / DISC.: ELETROTÉCNICA / ELETRICIDADE II Aluno:_____________________________________________ Semestre:_____ Data: ___ / ___ / 2011 Situação problema. Problema 1: A circuito descrita na figura a seguir pode ser considerada um oscilador de tensão de onda triangular, considerando a seqüência de repetições sucessivas na chave (S1), bem como os tempos dessa comutação. A chave (S1) está na posição 1 por um bom tempo, em seguida, vira-se para a posição 2 em t = 0, ficando um tempo (t) e retornando para a posição 1 novamente. S1 Diante do problema exposto, pede-se: 1. As equações matemáticas para calcular os valores de tensão no capacitor, em: 1.1 0 < t < = t’. 1.1 t > t’. 2. Usando os valores fornecidos de V1, V2, R1, R2 e C, represente o gráfico vC x t em todo o regime transitório, conforme programação da chave (S1). 3. Usando o programa “Modellus”, criar um simulador que mostre o gráfico vC x t em todo o regime transitório, conforme programação da chave (S1). 122 APÊNDICE 3 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ VERIFICAÇÃO SIMPLES – 1ºVS – 1ª ETAPA Nota: ÁREA / DISC.: ELETROTÉCNICA / ELETRICIDADE II Total: 40 escores Prof.: Mauro Albuquerque Aluno(a): __________________________________________________________________ Nº_______ Questão 1: Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) as proposições a seguir. (10 esc) ( ) Ao fechar uma chave de um circuito RC no instante t = 0, o capacitor se comporta como um circuito aberto; ( ) Para se obter uma constante de tempo de uma circuito RL, basta obter a relação R / L ; ( ) Um capacitor se opõe à variação de corrente, enquanto um indutor reage à variação de tensão; ( ) Uma das aplicações para os circuitos RC seria os temporizadores com retardo; ( ) A capacidade que um capacitor apresenta em armazenar cargas elétricas é chamado de capacitância; ( ) É incorreto afirmar que a capacitância de um capacitor é diretamente proporcional à área da placa e a distância entre as placas; ( ) A corrente de um circuito RL atinge seu estado permanente a partir de cinco constantes de tempo; ( ) Para evitar o arco elétrico na abertura de chaves em circuitos indutivos, um capacitor em série com a chave poderia ser previsto; ( ) Ao fechar uma chave de um circuito RL no instante t = 0, a tensão no indutor decresce linearmente até se estabilizar; ( ) Uma constante de tempo do circuito RC é o tempo necessário para que o capacitor atinja, aproximadamente, 37% da tenção de carga. Questão 2: As armaduras de um capacitor de placas paralelas estão representadas na figura ao lado. Calcule: a) o valor da capacitância deste capacitor; (3esc). b) a tensão sobre o capacitor se o mesmo apresenta uma carga de 26,55nC; (2esc). c) a energia armazenada no capacitor; (2esc). d) a máxima tensão que pode ser aplicada em seus terminais, sendo o dielétrico o ar(4 esc). Adote: εo = εAR = 8,85.10 -12 F/m Rigidez dielétrica Ar: 75 (V/ 10-3) in. Questão 3: Na figura ao lado,a chave S1 foi fechada há muito tempo. Em um instante chamado t = 0, a chave S2 é fechada, determine: a) Qual a corrente que circula na bobina 8m seg após a chave S2 ter sido fechada. (5 esc). b) esboçar o gráfico i x t para as situações expostas. (2 esc). Questão 4: A chave na figura ao lado é fechada em t = 0. Se R = 50K Ω, C = 40µF e E = 100V, determine: a) a constante de tempo ζ ; (2esc). a) a tensão no capacitor 1 seg após a chave ser fechada.(3esc) b) o instante em que a tensão no capacitor atingiu 70,54V (4esc) c) esboçar os gráficos i x t e vc x t expressando os valores.(3esc) Novembro 2011 123 APÊNDICE 4 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ VERIFICAÇÃO SIMPLES – 2ºVS – 1ª ETAPA Nota: ÁREA / DISC.: ELETROTÉCNICA / ELETRICIDADE II Total: 40 escores Prof.: Mauro Albuquerque Questão 1: Fechando-se o interruptor aplica-se, no instante t = 0s, uma tensão constante V = 70 V no circuito em série RL, onde R = 48 Ω e L = 6 H. Determinar: a) as equações de i, VR e VL ;(6esc). b) a constante de tempo ζ ; (1esc). c) a corrente em t = 0,25 s; (3esc). Questão 2: A chave S1 é fechada em t = 0s como mostra a figura ao lado. Após 4ms abre-se S2, determine: a) a corrente transitória para 0 < t < 4ms e t > 4ms; (6esc) b) mostrar o gráfico i x t conforme os posicionamentos da chave;(4 esc) Questão 3: A figura ao lado mostra um circuito RC alimentado por uma fonte de tensão. O capacitor está inicialmente descarregado, E = 90V, R = 25KΩ e C = 120µF. A chave é colocada na posição 1 por 5seg e então comutada para posição 2, Determine: 1 2 a) a constante de tempo do circuito; (1 esc). b) a tensão no capacitor após 2 seg de descarga; (4esc) c) mostrar o gráfico v x t conforme o posicionamento da chave;(3 esc) d) a energia armazenada no capacitor após cinco constantes de tempo; (2esc). Questão 4: No circuito ao lado, a chave é colocada na posição 1 em t = 0s. Em t= 500µs, a chave é movida para posição 2. Pedese: a) a equação em 0 < t < t’; (3 esc) b) a equação em t > t’; (5 esc) c) o gráfico i(t) x t. (2 esc) Dezembro, 2011. 124 APÊNDICE 5 Neste apêndice constam as atividades de simulação computacional propostas no teste de conhecimentos (APÊNDICE – 1), usando o programa “Modellus”. Atividades de simulação computacional 1. Enunciado da questão 1 proposta aos alunos no teste de conhecimentos. Questão 1: A figura 5.1 mostra um circuito com uma fonte CC, um resistor (R), um indutor (L) e uma chave (S1), todos interligados em série. A chave (S1) foi fechada em um instante chamado t = 0seg. Esboçar os gráficos vL x t, vR x t e i x t no regime transitório. Figura 5.1 – Circuito RL da Questão 1. 1.1 - Nome do arquivo: Circ_RL1.mdl 1.2 - Sintaxe escrita na janela Modelo. Figura 5.2 – Janela Modelo. 125 1.3 - Janela animação do modelo Circ_RL1.mdl Figura 5.3 – Janela Animação. 2. Enunciado da questão 2 proposta aos alunos no teste de conhecimentos. Questão 2: O circuito da figura 5.4 a chave S1 foi fechada há muito tempo. Em um instante chamado t = 0seg, a chave S2 foi fechada. Esboçar os gráficos i x t , VR1 x t e VR2 x t no regime transitório. Figura 5.4 – Circuito RL da Questão 2 2.1 - Nome do arquivo: Circ_RL2.mdl 2.2 - Sintaxe escrita na janela Modelo. 126 Figura 5.5 – Janela Modelo. 2.3 - Janela animação do modelo Circ_RL2.mdl Figura 5.6 – Janela Animação. 127 3. Enunciado da questão 3 proposta aos alunos no teste de conhecimentos. Questão 3: O circuito da figura 5.7 mostra um circuito com uma fonte CC, um resistor (R), um capacitor (C) e uma chave (S1), todos interligados em série. A chave (S1) foi fechada em um instante chamado t = 0seg. Esboçar os gráficos vC x t, vR x t e i x t no regime transitório. Figura 5.7 – Circuito RC da Questão 3 3.1 - Nome do arquivo: Circ_RC3.mdl 3.2 - Sintaxe escrita na janela Modelo. Figura 5.8 – Janela Modelo. 128 3.3 - Janela animação do modelo Circ_RC3.mdl Figura 5.9 – Janela Animação. 4. Enunciado da questão 4 proposta aos alunos no teste de conhecimentos. Questão 4: O circuito da figura 5.10 a chave S1 foi fechada na posição 1 em um instante chamado t = 0seg. Após cinco constantes de tempo a chave S1 foi comutada para posição 2. Esboçar o gráfico vC x t, e iC x t no regime transitório. Figura 5.10 – Circuito RC da Questão 3 4.1 - Nome do arquivo: Circ_RC4.mdl 4.2 - Sintaxe escrita na janela Modelo. 129 Figura 5.11 – Janela Modelo. 4.3 - Janela animação do modelo Circ_RC4.mdl Figura 5.12 – Janela Animação. 130 APÊNDICE - 6 Neste apêndice consta a atividade de modelagem computacional propostas na situação problema (APÊNDICE – 2), usando o programa “Modellus”. Atividade de modelagem computacional 1. Enunciado do problema 1 proposta aos alunos na situação problema. Problema 1: A circuito descrita na figura a seguir pode ser considerada um oscilador de tensão de onda triangular, considerando a seqüência de repetições sucessivas na chave (S1), bem como os tempos dessa comutação. A chave (S1) está na posição 1 por um bom tempo, em seguida, vira-se para a posição 2 em t = 0, ficando um tempo (t) e retornando para a posição 1 novamente. S1 Figura 6.1 – Circuito RC da situação problema. Diante do problema exposto, pede-se: 1. As equações matemáticas para calcular os valores de tensão no capacitor, em: 1.1 0 < t < = t’. 1.2 t > t’. 2. Usando os valores fornecidos de V1, V2, R1, R2 e C, represente o gráfico vC x t em todo o regime transitório, conforme programação da chave (S1). 3. Usando o programa “Modellus”, criar um simulador que mostre o gráfico vC x t em todo o regime transitório, conforme programação da chave (S1). Dados: V1 = 20V V2 = 70V R1 = 5MΩ R2 = 20MΩ C = 2µF t’ = 30 seg. 6.1 - Nome do arquivo: Teste_1.mdl 6.2 - Sintaxe escrita na janela Modelo. 131 Figura 6.2 – Janela Modelo. 6.3 - Janela gráfico do modelo Teste_1.mdl Figura 6.3 – Janela gráfico. 132 6.4 – Definição dos parâmetros iniciais do circuito. Figura 6.4 – Janela condições iniciais. 6.5 – Configuração dos parâmetros para o controle. Figura 6.5 – Configurações da Janela de controlo. 133