Parceria entre a administração pública e o Instituto Ayrton Senna: conseqüências do Programa “Gestão Nota 10” para a gestão escolar Maria Tereza Mendonça Pintya Teise de Oliveira Guaranha Garcia Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP Departamento de Psicologia e Educação - DPE Universidade de São Paulo - USP 1. Objetivos O presente estudo busca analisar as características do Programa “Gestão Nota 10”, proposto pelo Instituto Ayrton Senna (IAS), e as conseqüências de sua implantação para a gestão escolar em uma unidade de ensino no município paulista de São José do Rio Preto, a partir de parceria firmada. Esse projeto integra estudo realizado em pesquisa interinstitucional, financiada pela CNPq, que tem como objetivo analisar a natureza e as conseqüências, para a oferta da educação básica, de parcerias firmadas entre municípios e o Instituto Ayrton Senna. 2. Material e métodos A pesquisa desenvolve-se mediante a realização de estudo de caso no município paulista de São José do Rio Preto, tendo em vista a adoção pela respectiva prefeitura do Projeto “Gestão Nota 10” e também o aceite da pesquisa por parte da mesma. Os dados estão sendo coletados em uma escola da rede municipal. O período a ser investigado inicia-se no ano imediatamente anterior à implantação do Programa “Gestão Nota 10” e se estende até o final do convênio (2004 e 2008). Estão sendo realizadas entrevistas com a equipe administrativa e um professor, ao menos, da escola selecionada para a pesquisa, além de análise documental e levantamento bibliográfico. 3.Resultados parciais e discussão O marco teórico é a Reforma do Estado, proposta como uma solução para uma suposta crise centrada no Estado. Em 1995, no Brasil, é criado o Ministério de Administração e Reforma do Estado (MARE), no âmbito do qual é produzido o documento “Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado” (PDRAE) que veio a propor a descentralização de serviços, até então de exclusividade do Estado. A partir de então, e com incentivo regulamentado pela legislação se tem um aumento no estabelecimento de parceria público/privada no cenário nacional. No campo da educação percebe-se um exemplo dessa tendência na evidente presença no cenário educacional brasileiro do Instituto Ayrton Senna, criado em 1994. 4. Conclusões A partir de dados iniciais obtidos através da análise de documentos, reflete-se sobre as orientações referentes à gestão escolar, a partir parceria com a instituição privada. Como conclusão inicial pode-se dizer que a parceria altera o lócus decisório no âmbito da gestão municipal da educação, com conseqüências para a gestão escola. Tem-se por hipótese que tais medidas não favorecem a democratização da gestão escolar, transferindo para o setor privado, nos moldes da administração gerencial, tarefas tradicionalmente assumidas pelo Estado. 5. Referências bibliográficas BRASIL: Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), 1995. BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista: a degradação do trabalho no século XX. Rio de Janeiro. Zahar Editores, 1981. Capítulos 2 e 4. CÂNDIDO, A. A estrutura da escola. In: PEREIRA, L.; FORACCHI, M. M. Educação e sociedade: leituras de sociologia da educação. 6ª ed. São Paulo: Nacional, 1974. p. 197-128. HARVEY, D. Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 12ª ed., São Paulo: Ed. Loyola, 2003. PARO, V. H. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo: Cortez. 1988. PERONI, V.; ADRIÃO, T. Reforma da ação estatal e as estratégias para a constituição do público não estatal na educação Básica Brasileira. In: Anais da 27ª Reunião Anual da ANPED: GT: Estado e Políticas Educacionais/ nº5, 2004.