neuronovas - Instituto Ayrton Senna

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NEURONOVAS
REDE CPE
Simpósio internacional discute ciência
aplicada à educação
Especialistas de várias
universidades do mundo
apresentaram suas pesquisas
no Rio de Janeiro; palestras
estão disponíveis no YouTube
FOTOS: INSTITUTO AYRTON SENNA
J
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á existe um volume considerável
de estudos sobre os processos
neurobiológicos da aprendizagem, e
é sabido que têm muito a contribuir
para o ensino na prática. O desafio,
porém, é levar essas informações
a quem trabalha diretamente com
os estudantes e criar condições
de aplicação em um país em que
a maioria das escolas carece de
recursos básicos. “Salário dos
professores – considerar esse aspecto
também é ciência. Condições para
os educadores geram motivação,
essencial para que, por sua vez,
motivem os alunos. Neuroeducação
e neuroeconomia se relacionam”, diz
o neurocientista Sidarta Ribeiro na
palestra de abertura do 1o Simpósio
Internacional sobre Ciência para
Educação.
O evento reuniu no Rio
de Janeiro cientistas de várias
universidades do mundo nos
dias 5 e 6 de julho. Além da
necessidade de motivar os
professores, Ribeiro tratou
dos “gargalos fisiológicos”
da aprendizagem, isto é, da
importância de suprir demandas
Patricia Kuhl, da Universidade
de Washington, especialista em
linguagem: “Bebês de 6 meses
já conseguem distinguir sons
particulares de seu idioma”
Sidarta Ribeiro, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte:
melhora do salário dos professores
é primordial para aumentar a
motivação e atrair bons profissionais
biológicas para que os estudantes
possam aprender: sono adequado
e alimentação nutritiva e suficiente
são requisitos básicos.
Promovido pela Rede Nacional
de Ciência para Educação com o
apoio do Instituto Ayrton Senna e
da Fundação Nacional de Ciência
dos Estados Unidos (National
Science Foundation), o simpósio é
uma das primeiras iniciativas para
estimular a troca de informações
entre cientistas que pesquisam
temas aplicáveis à educação e
articular um sistema que, num
futuro próximo, possa envolver
educadores e gestores em educação.
“A intenção é construir uma ponte
entre Neurolândia e Educópolis”,
metaforiza o neurocientista Roberto
Lent, coordenador da Rede, em
referência à necessidade de diálogo
entre pesquisadores e quem de fato
está nas escolas, ensinando. (Leia
mais em artigo na pág. 20).
Participaram cientistas
reconhecidos, como a pesquisadora
Patricia Kuhl, codiretora do Instituto
de Ciências do Cérebro e Aprendizado
da Universidade de Washington,
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ALIMENTAÇÃO
De olho no prato
Dietas com altos níveis de açúcar e gordura
afetam flexibilidade cognitiva
uma das maiores especialistas do
mundo em desenvolvimento da
linguagem, e o psicólogo Andrew
Meltzoff, também codiretor
da instituição, estudioso, entre
outros temas, da influência de
estereótipos culturais sobre o
aprendizado de ciências exatas.
Uma sessão específica tratou do
uso da tecnologia em sala de aula,
principalmente para aprimorar
o trabalho dos professores. A
pesquisadora Nancy Law falou
sobre uma plataforma online para
professores que está sendo testada
na educação básica de Hong Kong:
a ferramenta tem sido útil na troca
informações sobre projetos de
ensino e prática pedagógicas. “É
muito importante para as escolas
ter uma cultura colaborativa, com
profissionais interessados em tentar
algo novo, porque o papel dos
professores tem mudado.”
As palestras de Ribeiro,
Kuhl, Meltzoff, Law e outros
participantes estão disponíveis na
íntegra, em inglês e português, no
canal do Instituto Ayrton Senna
no YouTube: bit.ly/1LOagDC.
cognitiva e também prejuízo
significativo nas memórias
de longo e de curto prazo. Os
roedores foram divididos em três
grupos: um recebia dieta rica em
açúcares, outro, refeições com
altas quantidades de gorduras, e o
terceiro era alimentado de forma
balanceada. Todos foram avaliados
por meio de exercícios físicos
e cognitivos depois de quatro
semanas de dieta.
Os animais dos dois primeiros
grupos apresentaram piora no
desempenho físico e cognitivo em
comparação com os ratos com
dieta balanceada. Os resultados
foram particularmente ruins no
teste que avaliava a flexibilidade
cognitiva, no qual tinham de
encontrar uma nova rota de fuga
de suas gaiolas.
© ISTOCKPHOTO
© SHUTTERSTOCK
B
iscoitos, sucos de caixinha
e outros produtos
industrializados são comuns
na alimentação da maioria das
crianças e jovens brasileiros.
No entanto, uma dieta rica em
açúcares e gorduras pode, além de
trazer prejuízos gerais para a saúde,
como aumento de peso afetar o
funcionamento do cérebro.
Pesquisadores da Universidade
Estadual de Oregon observaram
que grandes quantidades de açúcar
e de gordura provocam alterações
na flora intestinal. Isso parece
afetar a flexibilidade cognitiva,
habilidade do cérebro que permite
mudar o pensamento de um
conceito a outro ou a se adaptar a
mudanças no ambiente.
A pesquisa, feita com ratos,
indicou perda da flexibilidade
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