Por Percepção Humana na Interação Humano-Computador ANTONIO MENDES DA SILVA FILHO Professor do Departa Interação Homem-Computador (IHC) é uma área multidisciplinar que envolve mento de as áreas de Ciência da Computação, Psicologia, Fatores Humanos, Informáti Lingüística, dentre outras. IHC está voltada para a aplicação do ca da conhecimento destas disciplinas para produzir interfaces “amigáveis” (ou UEM. user-friendly). Não é uma disciplina essencialmente voltada para o estudo de Doutor computação ou do ser humano, mas para a comunicação entre estas duas em entidades. Conhecimento sobre as limitações da capacidade humana e Ciência restrições da tecnologia existente devem ser ponderados para oferecer ao usuário um meio da adequado através do qual eles podem interagir com os computadores. Um dos fatores Computa relevantes à Interface Humano-Computador é a percepção humana. Todavia, antes de discutir ção ela, explicamos a diferença entre Interação e Interface Humano-Computador(HC). Ambos os termos são usados indistintamente e erroneamente. Interação HC é tudo que ocorre entre o ser humano e um computador utilizado para realizar algumas tarefas, ou seja, é a comunicação entre estas duas entidades. Interface HC é o componente (software) responsável por mapear ações do usuário em solicitações de processamento ao sistema (aplicação), bem como apresentar os resultados produzidos pelo sistema. É comum encontrarmos interfaces que são difíceis de usar, confusas, e até mesmo frustrantes em alguns casos. Apesar de os projetistas gastarem tempo para desenvolver essas interfaces e que seja improvável que eles façam isto propositadamente, os problemas com interfaces acontecem. Quando consideramos um sistema interativo, o termo fatores humanos assume vários significados. Dentro do nível fundamental, deveríamos entender a percepção visual, a psicologia cognitiva da leitura, a memória humana e os raciocínio dedutivo e indutivo. No outro nível, deveríamos entender o usuário e seu comportamento. Por fim, precisamos entender as tarefas que o software executam para o usuário e as tarefas que são exigidas do usuário quando da interação com o sistema. Aqui, estamos interessados, especificamente, na importância da percepção humana para o desenvolvimento de interface HC. Os seres humanos percebem as coisas através de seus sentidos, isto é, visual, auditivo e tato. Estes sentidos habilitam o usuário de um sistema interativo perceber a informação, armazenála (em sua memória) e processar a informação usando o raciocínio dedutivo ou indutivo. Maioria da IHC ocorre através do sentido da visão, como por exemplo: relatórios, gráficos, etc. Neste caso, o olho e o cérebro trabalham juntos a fim de receber e interpretar a informação visual baseada no tamanho, forma, cor(es), orientação e movimento. Muitos elementos discretos de informação são apresentados simultaneamente para o homem absorver. Assim, uma especificação apropriada de comunicação visual é o elemento chave de uma interface amigável. Embora haja uma tendência para se utilizar manipulação/comunicação gráfica no projeto de interface, muito da informação visual ainda é apresentada na forma textual. A leitura - o processo de extrair informação do texto - é a atividade chave na maioria das interfaces. Os seres humanos precisam decodificar os padrões visuais e recuperar o significado das palavras e frases. Neste caso, a velocidade do processo de leitura é controlada pelo padrão de movimento do olho que escaneia o texto em sacadas do olho feitas em alta velocidade. Adicionalmente, o tipo de caractere fonte, o comprimento de linha do texto e cor(es) afetam a facilidade na qual o processo de leitura ocorre. Quando a informação é extraída da interface, ela deve ser armazenada para ser recuperada (lembrada) e utilizada posteriormente. Além disso, o usuário precisa lembrar de comandos e seqüências operacionais de uso. Tais informações são armazenadas na memória humana (que é um sistema complexo) composto de duas partes: a memória de curta duração que possui capacidade de armazenamento e tempo de recordação limitados e a memória de longa duração que possui capacidade de armazenamento e tempo de recordação maiores e onde se tem o conhecimento do ser humano. Assim, se o projetista de uma interface HC especifica uma interface que faz solicitações indevidas dessas duas memórias, então o desempenho do usuário do sistema será degradado. Finalizando, temos que a maioria das pessoas não aplicam raciocínio indutivo ou dedutivo quando se deparam com um problema. Ao invés, é comum aplicar um conjunto de heurísticas (procedimentos, regras, estratégias) baseadas no conhecimento de problemas similares. Tais heurísticas tendem a ser específicas do domínio. Como conseqüência, uma interface HC deve ser especificada de modo que habilite o usuário a desenvolver heurísticas para interação. Todavia, é importante observar que estas heurísticas deveriam permanecer consistentes em diferentes domínios de interação. Devido ao fato do tema Interação Homem-Computador ser extenso, voltaremos numa outra oportunidade com mais informações. ANTONIO MENDES DA SILVA FILHO