V Fórum Regional de Agroecologia e VIII Semana do Meio Ambiente “Pensar Globalmente, Agir localmente e utilizar ecologicamente” 08 a 10 de novembro de 2012 DIVERSIDADE DE INSETOS EM PHYSALIS ANGULATA E PERUVIANA NA ZONA DA MATA MINEIRA. JOSÉ OLÍVIO LOPES VIEIRA JÚNIOR1, RENATA CUNHA PEREIRA1, NATÁLIA DE BRITO LIMA LANNA2, CARLOS MIRANDA CARVALHO3 1 Bacharel em Agroecologia, IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba - [email protected] 1 Bacharelanda em Agroecologia, IF Sudeste MG - Campus Rio Pomba – [email protected] 2 Mestranda em Horticultura, UNESP Botucatu SP – [email protected] 3 Doutor, Professor do IF Sudeste MG - Campus Rio Pomba - [email protected] RESUMO: Physalis angulata e Physalis peruviana são solanáceas de característica arbustiva, perene e resistente a situações extremas, que apesar de sua rusticidade são exigentes em tratos culturais. Devido ao seu alto valor agregado, vem sendo alvo do comércio sendo considerada uma ótima alternativa para os pequenos e médios produtores rurais, embora ainda muito pouco explorada devido ao seu desconhecimento no Brasil. O objetivo do trabalho é identificar os insetos visitantes desta cultura na região da Zona da Mata de Minas Gerais. O trabalho foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba, setor de agricultura entre os meses de agosto e dezembro de 2011. A metodologia se baseou em coletas no campo realizadas quinzenalmente nos turnos da manhã, tarde e noite, durante um período de três meses. Foram realizadas 54 coletas totalizando 824 insetos distribuídos em sete ordens. Das ordens identificadas as mais incidentes foram Coleóptera, Hemíptera e Ortóptera. Em relação aos turnos, pode-se observar diferença entre os turnos da manhã e noite em relação ao da tarde. PALAVRAS-CHAVE: Physalis, Diversidade, Insetos. ABSTRACT: Physalis angulata and Physalis peruviana are solanaceous shrub, perennial, and resistant to extreme situations, that in spite of its rusticity, is demanding in cultivation. Due to its high added value, has been the subject of trade, but it is still very little explored due to their lack of knowledge in Brazil, being considered a great alternative for small and medium farmers. This study is the identification of potential insect pests of this culture in the Zona da Mata of Minas Gerais. The study was conducted at the Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, agriculture sector, in the city of Rio Pomba, within four months (August-December2011). The methodology of the work relied on field captures the bi-weekly, in three different shifts (morning, afternoon and evening) over a period of three months, which made the counting of insects and tabulating the data. Were performed fifty-four collections, with a total of 824 insects and identified seven orders. Orders identified, three were classified as possible pests, because of their degree of incidence, they are: Coleoptera, Hemyptera and Orthoptics. With regard toshifts, one can observe the difference between the morning and evening compared to the afternoon. KEYWORS: Physalis, Diversity, Insects. INDRODUÇÃO: O gênero Physalis é pertencente à família das Solanáceas e caracteriza-se pela sua rusticidade e simplicidade no manejo. A planta é de característica arbustiva, perene e 1 resistente a situações extremas, sua altura pode chegar a 2 metros. As folhas são pilosas com o formato triangular, enquanto o talo principal é herbáceo apresentando a composição de 8 a 12 nós. Pode-se observar que o fruto constitui-se em uma baga carnosa, em forma de globo com diâmetro que oscila entre 1,25 e 2,50 cm e peso entre 4 e 10 g (CHAVES, 2006). Cada planta produz aproximadamente 2 kg de fruto por safra, estes dados são referentes à produção da espécie na região Sul do Brasil (RUFATO et. al. 2008). As características de produção da Physalis são semelhantes à cultura do tomateiro utilizando técnicas como o tutoramento, adubação, controle de ervas espontâneas e insetos-praga e a irrigação (RUFATO, et. al., 2008). No Brasil o produto ainda é muito pouco explorado devido ao desconhecimento pela população e os próprios produtores rurais. O fruto é considerado como produto fino nos lugares que é consumido e possui alto valor agregado, o que pode ser considerado um ponto positivo para a incorporação em pequenas propriedades. Na região Sul já existem produtores deste fruto (RUFATO, et. al., 2008). Onde quer que existam plantas, há também insetos herbívoros. Esses dois grandes grupos constituem cerca de 80% da diversidade em espécies conhecidas hoje pela ciência. Os dois grupos estão ligados por inúmeras e complexas relações, que podem ser benéficas ou prejudiciais para algumas das espécies envolvidas. Os insetos herbívoros podem consumir todas as partes de uma planta (de botões florais a raízes), enquanto grande parte das plantas depende de insetos polinizadores para a sua reprodução (CORRELISSEN; FERNANDES, et. al., 2003) As interações entre plantas e herbívoros têm profundas implicações para a ecologia e os processos evolutivos e influenciam, de modo significativo, a sucessão ecológica, por provocarem numerosos efeitos negativos no crescimento e capacidade reprodutiva das plantas, reduzindo sua habilidade competitiva (Corrêa et al. 2011). Observa-se assim a importância de estudos que relacionem a incidência de insetos praga com a cultura. A presença de insetos pragas na cultura pode causar muitos prejuízos. Embora o plantio da Physalis seja uma novidade, já existem vários relatos da ocorrência de insetos que causam prejuízos, pois à medida que aumenta o seu cultivo, tem-se um acréscimo dos problemas entomológicos. A identificação dos insetos que possa causar danos na cultura da physalis é muito importante para que se defina um método eficiente de controle. (SILVA et. al.,2009). O cultivo de physalis trata-se de uma inovação para a fruticultura na região da Zona da Mata de Minas Gerais. Os frutos da Physalis peruviana e Physalis angulata podem ser uma alternativa de renda viável para o pequeno e médio produtor rural. Este trabalho tem o propósito de identificar as principais ordens de insetos visitantes das culturas de Physalis angulata e Physalis peruviana na região da Zona da Mata de Minas Gerais. MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba,. O município de Rio Pomba está situado na Zona da Mata de Minas Gerais apresenta altitude de 441 metros, latitude 21°16’ 30”S e longitude 43°10’ 44”W. O clima é do tipo tropical com chuvas durante o verão e temperatura média anual em torno de 21 ºC, com variações entre 15,3ºC (média das mínimas) e 27,9ºC (média das máximas), com índice médio pluviométrico anual de 1581 mm. (ALMG, 2007). O plantio de Physalis angulata e Physalis peruviana foi realizado no mês de janeiro de 2011, sendo feito inicialmente com o plantio de sementes em bandejas e posteriormente realizado o transplantio das mudas para o solo. A área plantada possui quatrocentos e setenta 2 metros quadrados contendo cento e cinco plantas ao todo, o espaçamento entre plantas é de 1,5 metros e entre linhas de 3,0 metros. No controle de insetos praga foi realizado um rodízio de inseticidas naturais utilizando a Calda de Nim 1%, que é feita através da mistura de pó de folhas secas e água, e tem a função de proteger a planta contra fungos e doenças, onde houver a infestação da doença ou de pragas, como lagartas, besouros, pulgões, trips e formigas e o Dipel (Bacillus Turigiensis) que é pulverizado sobre as plantas e é exclusivamente nocivo às lagartas, aplicando-se uma vez por semana cada produto. Com o início da coleta de insetos o controle de pragas foi interrompido. Os insetos foram coletados em toda planta (caule, folha, flor e fruto) como a utilização de puçá, pinça entomológica e manualmente. Para a morte dos insetos, foi utilizada a técnica de asfixia com o gás tóxico (acetato de etila). Um chumaço de algodão era embebido com algumas gotas do produto químico e colocado no fundo do pote. Após o inseto ser coletado, era colocado no recipiente e tampado contendo acetato de etila acelerando sua morte. As coletas foram feitas quinzenalmente durante os meses de setembro, outubro e novembro, sendo realizadas nos turnos da manhã, tarde e noite. Para cada turno foram realizadas três coletas, com duração de 50 minutos e intervalo de 10 minutos cada para que fosse feita a contagem e análise dos indivíduos capturados. Todo o material coletado foi armazenado em sacos de papel, contendo neles o horário, data e nome do coletor. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram coletados 824 insetos, nos turnos de manhã, tarde e noite distribuídos em sete ordens: Hemiptera, Hymenoptera, Diptera, Ortoptera, Coleoptera, Lepdoptera e Blattodea (Figura 1). Figura 1: Número de insetos coletados por ordem. A ordem Coleoptera foi a mais abundante possuindo 286 indivíduos capturados, correspondendo a 35% do total. Pequenos orifícios e perfurações na folha da physalis foram observados na cultura, esses danos podem ser explicados pelo elevado número de Coleoptera coletados. O prejuízo pode ser acentuado após o transplantio das mudas para o solo, pois as plantas estão frágeis e suas folhas estão pouco desenvolvidas, podendo causar facilmente a morte da planta. Esta ordem de insetos pode atacar as plantas em qualquer estádio de desenvolvimento, porém ocasiona menores danos em plantas adultas (RUFATO, 2008). A segunda ordem com maior freqüência foi a Hemiptera, contendo 190 indivíduos e correspondendo a 23% do total de insetos coletados. Os prejuízos causados por Hemiptera podem ser observados nas folhas, caule e frutos. Seu ataque causa amarelamento e algumas 3 vezes o engrossamento do caule, nas folhas, o necrosamento do tecido foliar aumentando de acordo com o desenvolvimento da folha. O cálice que envolve o fruto é perfurado por algumas espécies de Hemiptera como Phithia picta, perfurando os frutos causando deformações com sua picada, desenvolvendo assim frutos que amadurecem de maneira desuniforme, apresentando algumas deformações e às vezes o apodrecimento (RUFATO, 2008). Os Ortoptera ficaram em terceiro lugar, sendo capturados 165 insetos e correspondendo a 20% do total de coletados. Dentre os Dipteros foram coletados 99 insetos representando 12%. A ordem Hymenoptera teve 63 insetos coletados, representando 7,4% do total de indivíduos. A figura 2 mostra o contato direto de alguns insetos das principais ordens encontradas. Figura 2: Insetos das três ordens mais incidentes (A) Coleoptera; (B) Hemiptera; (C) Ortoptera e (D) Hemiptera no limbo foliar da Physalis angulata e Physalis peruviana. Estes resultados nos levam a considerar essas cinco ordens (Coleoptera, Hemiptera, Ortoptera, Diptera e Hymenoptera) como principais ordens de insetos identificados na cultura da P. angulata e P. peruviana na região da Zona da Mata de Minas Gerais. Os insetos capturados foram classificados somente em ordem, devido à limitação de conhecimento e materiais encontrados. Conceitua-se inseto-praga na agricultura associando diretamente com os efeitos econômicos produzidos pela sua alimentação nas plantas. Sendo o termo “praga” caracterizado no sentido numérico (densidade populacional), onde uma determinada população do inseto se evidencia com seus estragos, afetando a produção (SANTOS, 2007). Partindo desse conceito, consideramos como possíveis pragas da cultura espécies das ordens mais incidentes, sendo que um único inseto não produzirá um dano que compense a sua eliminação da cultura (SANTOS, 2007). Somente se sua densidade populacional atinge determinada população, é que eles irão consumir uma quantidade de alimento e assim produzir prejuízo para a planta explorada pelo homem. Na figura 3, observam-se os resultados obtidos nas coletas entre os diferentes turnos. 4 Figura 3: Número de insetos capturados por turno em cada coleta. Pode-se observar da figura 3, que o turno que houve maior número de insetos coletados foi o da manhã, representando 40%, logo em seguida o turno da noite 36% e o turno da tarde, com 24% dos insetos capturados. CONCLUSÕES: As ordens mais incidentes identificadas nas culturas de Physalis angulata e Physalis peruviana são Coleoptera, Hemiptera e Ortoptera. O turno de maior frequência de insetos foi no da manha, seguido pelo turno da noite. No turno da tarde a frequência . REFERÊNCIAS: ALMG, Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais – O Poder do Cidadão. Disponível<http://www.almg.gov.br/index.asp?grupo=estado&diretorio=munmg&arquivo=m unicipios&municipio=55801> Acesso em 2, Jan 2011. BRECHELT, A.; Manejo Ecológico de Pragas e Doenças; Rede de Ação em Praguicidas e suas Alternativas para a América Latina (RAP-AL); Santa Cruz do Sul – RS; Abril de 2004. CHAVES, A.C. Propagação e avaliação fenológica de Physalis sp na região de PelotasRS. 2006. 65 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2006. CORRÊA, P. G.; PIMENTEL, R. M. M.; CORTEZ, J. S. A.; XAVIER, H. S. Herbívoria e anatomia foliar em plantas tropicais brasileiras. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Universidade Estadual de Campinas. V. 60, n.3, Setembro 2008, São Paulo – SP. CORRELISSEN; FERNANDES, et. al.precisa listar os demais altores; Insetos Herbívoros e Plantas de Inimigos a Parceiros. Ciência Hoje, v. 32; n. 192; Abril de 2003. FREITAS, T.A. e OSUÑA, J.T.A. 2006. 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