ESPAÇO DE DIÁLOGOS SOBRE ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL EM REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA Espacio para el diálogo acerca de la alimentación y salud en Red de Protección Social Básica Angélica Margarete Magalhães1 1 Prefeitura Municipal de Florianópolis Secretaria Municipal de Assistência Social [email protected] RESUMO Desenvolvido junto a um Centro de Referência em Assistência Social, o projeto está alinhado à proposta da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional CAISAN, em conformidade com Plano Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional 2012-2015, o qual foi construído sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), no âmbito das ações de Educação Alimentar e Nutricional (Diretriz 3). As atividades desenvolvidas visaram a inserção comunitária e se distribuíram em sete linhas de atuação: Conhecendo as ações intersetoriais de Segurança Alimentar em Florianópolis, aprendendo a utilizar o Guia Alimentar para a População Brasileira, resgate da cultura alimentar tradicional, educação para escolha de alimentos com base na relação custo/benefício, orientação para utilização racional dos alimentos e combate ao desperdício, estratégias para educação alimentar infantil e horta interativa auto-sustentável. Além da inserção comunitária, o espaço favoreceu o diálogo intersetorial, promovendo a interação de diversas instituições, como Universidades, SESC, Conselho Regional de Nutricionistas e outros atores sociais interessantes para a formulação do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional ao nível de município. Palavras chaves: Segurança Alimentar, Proteção Social, Educação Alimentar e Nutricional RESUMEN Desarrollado junto a un Centro de Referencia de Bienestar Social, el proyecto está en conformidad con el Plan Interministerial para la Seguridad Alimentaria y Nutricional 2012-2015, que fue construido bajo la coordinación de Ministerio del Desarrollo Social y Combate al Hambre (MDS) en el marco de las acciones de Educación Alimentaria y Nutricional. Las actividades han buscado a la inserción de la comunidad y fueron distribuidos en siete líneas de acción: El conocimiento de la seguridad alimentaria intersectorial en Florianópolis, Estudiar el Guía Alimentario para la población brasileña, el rescate de la cultura alimentaria tradicional, la educación para la elección de los alimentos, orientación para el uso racional de los alimentos, estrategias de educación nutricional para niños y huerto interactivo auto-sostenible. Además de la inserción de la comunidad, el 1 Doutora em Agronegócios, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 5 espacio favoreció el diálogo interdisciplinario, la promoción de la interacción de varias instituciones tales como Universidades, el Consejo Regional de Nutricionistas y otros de interés social para la formulación de la Política de Seguridad Alimentaria y Nutricional al nivel de municipalidad. Palabras clave: Seguridad Alimentaria, Protección social, educación alimentaria y nutricional INTRODUÇÃO A garantia do direito a uma alimentação adequada e saudável é assegurado a todos os cidadãos pela Constituição Brasileira. Porém para que esse direito se concretize, são necessárias ações que envolvem aspectos desde a produção primária de alimentos até as mais distintas condicionalidades que determinam as escolhas alimentares. No Brasil vive-se atualmente uma dualidade quando se trata de alimentação adequada: por um lado milhões de pessoas não tem supridas suas necessidades básicas no que tange à alimentação e, por outro lado as taxas de sobrepeso e obesidade seguem tendências de países industrializados. Esses aspectos reforçam a necessidade de estudos que busquem tanto a compreensão dos fenômenos causais, quanto medidas de intervenção cabíveis, na busca por uma situação de segurança alimentar e nutricional. SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL O conceito de Segurança Alimentar veio à luz a partir da Segunda Grande Guerra, com mais de metade da Europa devastada e sem condições de produzir o seu próprio alimento. Esse conceito leva em conta três aspectos principais: quantidade, qualidade e regularidade no acesso aos alimentos. De acordo com Belik (2003), o conceito de segurança alimentar continua em aberto e permanece em discussão. Mais recentemente, já se fala também em soberania e sustentabilidade alimentar. O emprego da noção de soberania alimentar começa a surgir com força no debate do tema da segurança alimentar, no próprio ano de 1996. Durante a Cúpula Mundial da Alimentação, no foro paralelo da sociedade civil, também realizado em Roma, a reivindicação da soberania alimentar aparece com grande destaque. Esse conceito procura dar importância à autonomia alimentar dos países e está associado à geração de emprego dentro do país e à menor dependência das importações e flutuações de preços do mercado internacional (MALUF, 2000). A soberania alimentar atribui uma grande importância a preservação da cultura e aos hábitos alimentares de um país. Essa posição em torno da soberania alimentar tem encontrado defensores entre os representantes de povos indígenas muito fortes na América Andina, na América Central e entre os pequenos produtores europeus. A sustentabilidade incorpora conceitos ligados a preservação do meio ambiente, não utilização de agrotóxicos e da produção extensiva em monoculturas. Os defensores da sustentabilidade, por exemplo, colocam-se frontalmente contra o uso de alimentos transgênicos. Assim, o conceito de sustentabilidade alimentar poderia ser definido como um modo alimentar que garanta as necessidades alimentares atuais das populações, de forma que a sua produção não comprometa a garantia de satisfação das necessidades de gerações futuras (BELIK, 2003). Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 6 No Brasil, dos estudos sobre Segurança Alimentar, destacam-se as análises pioneiras e clássicas de Josué de Castro - um dos fundadores da FAO - sobre o fenômeno da fome, ainda na década de 1930. Porém, apenas em 1986, o objetivo da segurança alimentar apareceu, pela primeira vez, dentre os elementos definidores de uma proposta de política de abastecimento alimentar. Formulada por uma equipe de técnicos a convite do Ministério da Agricultura, ela teve poucas consequências práticas à época. Note-se que a utilização da noção de segurança alimentar limitava-se, até então, a avaliar o controle do estado nutricional dos indivíduos, sobretudo a desnutrição infantil, sob a égide da Vigilância Alimentar e Nutricional (MALUF, MENEZES e VALENTE, 1996; VASONCELLOS, 2005; BRASIL/CONSEA, 2010). POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL O avanço no debate e na institucionalização da Política de Segurança Alimentar e Nutricional foi um dos mais expressivos ganhos observados nas políticas sociais brasileiras dos últimos anos. No ano de 2011, o Brasil formou Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional – Caisan, com a missão de promover a articulação e integração dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal relacionados à segurança alimentar e nutricional, em todo o Brasil. Presidida e secretariada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a Caisan articula 19 ministérios na discussão de programas e ações dessa temática e responde pela elaboração, coordenação e execução da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), a partir das diretrizes definidas pela Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (BRASIL/CAISAN, 2011). Ao instituir a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, estabeleceram-se suas diretrizes, as quais foram usadas como base para a orientação da elaboração do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Diretriz 1 - Promoção do acesso universal à alimentação adequada e saudável, com prioridade para as famílias e pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional. Diretriz 2 - Promoção do abastecimento e estruturação de sistemas sustentáveis e descentralizados, de base agroecológica e sustentáveis de produção, extração, processamento e distribuição de alimentos. Diretriz 3 - Instituição de processos permanentes de educação alimentar e nutricional, pesquisa e formação nas áreas de segurança alimentar e nutricional e do direito humano à alimentação adequada. Diretriz 4 - Promoção, universalização e coordenação das ações de segurança alimentar e nutricional voltadas para quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais, povos indígenas e assentados da reforma agrária. Diretriz 5 - Fortalecimento das ações de alimentação e nutrição em todos os níveis da atenção à saúde, de modo articulado às demais políticas de segurança alimentar e nutricional. Diretriz 6 - Promoção do acesso universal à água de qualidade e em quantidade suficiente, com prioridade para as famílias em situação de insegurança hídrica e para a produção de alimentos da agricultura familiar e da pesca e aqüicultura. Diretriz 7 - Apoio a iniciativas de promoção da soberania alimentar, segurança alimentar e nutricional e do direito humano à alimentação adequada em âmbito internacional e a negociações internacionais. Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 7 Diretriz 8 - Monitoramento da realização do direito humano à alimentação adequada. Aos olhos do Governo Federal, a educação para a SAN e o DHAA engloba um conjunto de ações formativas que objetivam promover a adoção de práticas e escolhas alimentares saudáveis, que dialoguem com a cultura alimentar de cada grupo e região e o fortalecimento dos sujeitos de direito para a participação e mobilização social. Ainda que os últimos anos tenham sido fortemente marcados pelo fortalecimento do diálogo entre Governo Federal, a sociedade civil e os movimentos sociais, o que se deu, principalmente por meio dos conselhos de SAN e das conferências, foram poucos os avanços no sentido de se instituir uma política intersetorial e continuada de educação para a segurança alimentar e nutricional. EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL As práticas de Educação Alimentar e Nutricional começam a assumir um novo papel no cenário das atuais Políticas Públicas de Segurança Alimentar e Nutricional – PSAN. De acordo com Santos (2005), emerge a concepção da promoção das práticas alimentares saudáveis, na qual a alimentação tem sido colocada como uma das estratégias para a promoção da saúde. Não parece haver dúvidas sobre a importância da educação alimentar e nutricional na promoção de práticas alimentares saudáveis. Segundo Buss (1999) existem dois grandes grupos na conceituação de promoção da saúde. Para o primeiro, a promoção da saúde "consiste nas atividades dirigidas centralmente à transformação dos comportamentos dos indivíduos, focando os seus estilos de vida e localizando-os no seio das famílias e, no máximo, no ambiente das 'culturas' da comunidade em que se encontram". Para o segundo, o conceito (mais moderno) é caracterizado pela "constatação de que a saúde é produto de um amplo espectro de fatores relacionados com a qualidade de vida, incluindo um padrão adequado de alimentação e nutrição, de habitação e saneamento, boas condições de trabalho e renda, oportunidades de educação ao longo de toda a vida dos indivíduos e das comunidades”. AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR NO ÂMBITO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL O desenvolvimento de ações de Educação Alimentar e Nutricional deve ser organizado com respeito aos saberes locais, fundamentando-se na diversidade cultural com ênfase na sustentabilidade ambiental, devendo ser fomentadas em diversos espaços: comunidades, rede básica de saúde, escolas, ambientes de trabalho e rede de proteção social. De forma direta e descentralizada, a ação deve ser implementada por meio de projetos a serem desenvolvidos com parceria entre diversas instituições que atuam como executoras das atividades (BRASIL/MDS, 2009). No âmbito do Desenvolvimento Social, as ações podem ser desenvolvidas diretamente pelo Órgão Gestor Federal, ou por meio de parcerias com Estados, Distrito Federal e Municípios, visando à implantação de propostas locais. Estas ações devem ser desenvolvidas, preferencialmente, em unidades da rede de alimentação e nutrição (bancos de alimentos, restaurantes populares e cozinhas comunitárias) e Centros de Referência em Assistência Social - CRAS, com atendimento prioritário às famílias do Programa Bolsa Família – PBF (BRASIL/MDS, 2009). Este Projeto de Educação Alimentar e Nutricional busca alinhar-se à proposta da PSAN, enquanto estratégia para o enfrentamento dos problemas alimentares e nutricionais e se baseou numa perspectiva problematizadora, que ultrapassa a visão puramente Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 8 instrumental e instrucional da educação, o que pressupôs, para seu desenvolvimento, a formação de uma equipe interdisciplinar e a participação intersetorial. Coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência Social, foi vinculado à Rede de Proteção Social Básica e integrado às ações de um Centro de Referência em Assistência Social – CRAS. O público alvo foi prioritariamente, mas não exclusivamente, famílias de baixa renda, beneficiárias do Cadastro Único para Programa Sociais – Cad-Único. O Cad-Único foi criado em 2001, sendo um instrumento de identificação e caracterização socioeconômica das famílias de baixa renda, entendidas como aquelas com renda mensal igual ou inferior a ½ salário mínimo por pessoa, ou renda familiar mensal de até três salários mínimos (BRASIL, 2007). As atividades desenvolvidas neste projeto visaram a inserção comunitária e se distribuíram em seis linhas de atuação: aprendendo a utilizar o Guia Alimentar para a População Brasileira, resgate da cultura alimentar tradicional, educação para escolha de alimentos com base na relação custo/benefício, orientação para utilização racional dos alimentos e combate ao desperdício, estratégias para educação infantil sobre alimentação adequada e horta auto-sustentável. A figura 1 mostra o resumo esquemático das ações propostas para promoção da Alimentação adequada e saudável em CRAS. Figura 1 - Resumo esquemático das ações propostas para promoção da Alimentação adequada e saudável em CRAS. As atividades relacionadas ao Guia Alimentar para a População Brasileira incluíram uma etapa de porcionamento de alimentos, enquadrados nos respectivos grupos a que pertencem. Essas porções foram pesadas em balança eletrônica com sensibilidade para 1g. Posteriormente foram fotografadas e inseridas em slides para apresentação. A figura 2 mostra o que representa uma porção de carboidratos, a partir de arroz, farinha de mandioca, pão de trigo, macarrão e batata inglesa. As atividades de resgate da cultura alimentar foram realizadas junto a grupos da Terceira Idade, utilizando-se entrevista estruturada com questões fechadas sobre alimentos que costumavam comer na infância e qual a receita culinária. Foram relatados diversos alimentos que eram consumidos na infância. O predomínio foi para pratos à base de farinha de mandioca, polvilho, farinha de milho, peixe e café. A partir desses resultados, foram estruturadas oficinas com participação de idosos e jovens, para preparo de alguns pratos, degustação e posterior discussão sobre o valor nutricional e a aceitabilidade, além de reflexões sobre os prejuízos decorrentes de determinadas mudanças nos hábitos alimentares. Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 9 Figura 2 - representação fotográfica de equivalentes a uma porção de carboidratos, com base no Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL/MS, 2006). A parte de educação para escolha de alimentos foi realizada com utilização do Guia para Escolha de Frutas e Hortaliças através das cores, cruzando com a tabela de época de safra. Os participantes da atividade eram reunidos em grupos e recebiam um folheto com a lista de frutas e hortaliças agrupadas por cores e com as respectivas informações nutricionais. Profissional e Estagiário de Nutrição faziam os devidos esclarecimentos, mostrando que alimentos que estavam na entre-safra poderiam ser substituídos por outro do mesmo grupo (cor) sem prejuízo do valor nutricional e com melhor preço. Por exemplo: cenoura, que estava na entre-safra (e portanto mais cara) poderia ser substituída por abóbora ou por maracujá. Tomate poderia ser substituído por acerola ou pitanga. A figura 3 mostra um flagrante do cotidiano, onde a funcionária da limpeza consulta o Guia para Escolha de Frutas e Hortaliças. Em relação ao uso racional de alimentos, foram realizadas oficinas de preparo de sucos e patês de vegetais, no sentido de evitar desperdícios e promover a utilização de alimentos a partir da produção de hortas e de árvores frutíferas (como a goiaba) que são abundantes nos quintais e, que muitas vezes acabavam se perdendo. A figura 4 mostra o resultado de uma oficina de sucos de vegetais e frutas colhidos nos quintais dos participantes. Figura 3 - Consulta ao Guia para Escolha de Frutas e Hortaliças (Fernandes, 2011) Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 10 Figura 4 - Sucos de frutas e vegetais. As estratégias para educação infantil sobre alimentação adequada foram desenvolvidas a partir de uma brinquedoteca/ludoteca temática. Participaram das atividades dois grupos distintos de crianças: as que acompanham os pais no cotidiano de acesso ao CRAS e as visitas orientadas de escolas de Educação Infantil. Os temas adotados visaram o estímulo ao consumo de frutas e hortaliças, baseado no trabalho de Magalhães (2003), o qual verificou que as crianças, de um modo geral, costumam ter um repertório alimentar restrito, com baixa aceitabilidade de frutas e hortaliças e que, ações educativas orientadas podem ter impactos no que as crianças escolhem para comer e que estas passam a gostar dos alimentos cujo consumo foi estimulado. Os principais materiais didáticos incluem um teatro de fantoches, jogo da memória, cozinha de brinquedo completa com fogão, pia, forno, armário panelas e vários utensílios. Também compõe o acervo, vários vegetais e frutas de plástico que podem ser “cortados” com faca plástica em tábua de corte. A figura 5 mostra detalhes da brinquedoteca/ludoteca temática. Figura 5 - Detalhe da brinquedoteca, com forte vinculação para o estímulo ao consumo de frutas e hortaliças. Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 11 A horta foi criada uma matriz de interesses para definir critérios de escolha das plantas que seriam priorizadas para o cultivo; uma vez que esta tem um caráter mais didático do que produtivo, ou seja, o objetivo principal da horta é funcionar como espaço de demonstração das possibilidades de cultivo em pequenos espaços e com mínima dependência externa de sementes e insumos. A figura 6 mostra a matriz de interesses. Ainda, em relação à horta, com visão de sustentabilidade, incluiu ações tais como, oficinas de compostagem e construção de vasos com material reciclável (garrafas, latas, potes, embalagens longa vida), curso sobre montagem de canteiros, preparo de mudas, controle biológico de pragas, irrigação, solário e sombreamento. Também foi criado um sistema de troca-troca de mudas entre os membros da comunidade. A figura 7 mostra detalhes da horta. Figura 6 - Matriz de interesses para escolha das plantas a serem cultivadas Figura 7 - Detalhes da horta. Para promover a integração dos atores sociais vinculados às diversas instituições, foram organizados encontros técnicos que funcionaram como “vitrine” das ações. Os encontros acontecem uma vez por mês e em cada encontro, uma ou duas instituições mostra seus programas, projetos e ações. As Instituições que participaram foram o Serviço Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 12 Social do Comércio - SESC, a Companhia de Melhoramentos da Capital – COMCAP, o Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis – IGEOF, o Centro de Ciências Agrárias e o Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina, o Conselho Regional de Nutrição –CRN, a Diretoria de Segurança Alimentar e Combate à Fome da Secretaria de Estado de Assistência Social de Santa Catarina. Dentre os diversos projetos catalogados foram apresentados o Projeto Mesa Brasil, do SESC. O Projeto Caminhão do Peixe, uma parceria do IGEOF com o Ministério da Aquicultura e da Pesca, o Projeto Agricultura Urbana e Segurança Alimentar, do CCA/UFSC e o Projeto de Educação Ambiental da COMCAP, que trata da separação de lixo, coleta seletiva e produção de adubo orgânico através de processo de compostagem termofílica a partir de restos de comida, aparas de hortaliças e cascas de frutas, sendo esse adubo disponibilizado para produção de hortaliças em escolas e espaços comunitários. CONCLUSÃO Além da inserção comunitária, o espaço favoreceu o diálogo intersetorial, promovendo a interação de diversas instituições envolvidas na formulação, implantação e avaliação da PSAN no município. Com base nos resultados alcançados, é possível concluir que espaços de diálogo sobre alimentação adequada e saudável em Redes de Proteção Social Básica podem representar importantes avanços para o fortalecimento da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. REFERÊNCIAS BELIK, W. Perspectivas para segurança alimentar e nutricional no Brasil. Saúde e Sociedade v.12, n.1, p.12-20, jan-jun 2003 BRASIL. Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: 2012/2015. Brasília, DF: CAISAN, 2011. __________ Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Indicadores de Vigilância Alimentar e Nutricional. Brasília, 2009. ___________ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Subsídio para Balanço das Ações Governamentais de Segurança Alimentar e Nutricional e da Implantação do Sistema Nacional: Documento elaborado para o Encontro III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional + 2 anos. Brasília: MDS, 2009. __________ Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - CONSEA. A Segurança Alimentar e Nutricional e o Direito Humano à Alimentação adequada no Brasil: indicadores e monitoramento da Constituição de 1988 aos dias atuais. Brasília, 2010. __________ Presidência da República. Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos DECRETO Nº 6.135, DE 26 DE JUNHO DE 2007. Dispõe sobre o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal e dá outras providências. Brasília: 2007 Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 13 __________ Ministério da Saúde. Coordenação Geral das Políticas de Alimentação e Nutrição. O Guia Alimentar para a População Brasileira, 2006. Disponível em www.saude.gov.be/alimentacao. Consultado em Janeiro de 20012. BUSS, P.M. Promoção e educação em saúde no âmbito da Escola de Governo em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública. Cad Saúde Pública. 1999; 15(2):177-85 FERNANDES, M. Cores e fitoquímicos. 2004. WWW.saudeemmovimento.com.br. Consultado em: janeiro de 2012 Disponível em: MAGALHÃES, A.M. A horta como estratégia de Educação Alimentar em creche. Dissertação (Mestrado). Florianópolis: UFSC, 2003 MALUF, R. O Novo contexto internacional do abastecimento e da segurança alimentar In: Belik, W & Maluf, R. Abastecimento e Segurança Alimentar. Campinas: Unicamp, 2000. MALUF, R. S.; MENEZES, F.; VALENTE, F. Contribuição ao tema da segurança alimentar no Brasil. Rev. Cadernos de Debate, vol. 4, p. 66-68, 1996. SANTOS, L.A.S. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis Rev. Nutr. vol.18 no.5. Campinas Sept./Oct. 2005 VASCONCELOS, F. A. G. Combate à fome no Brasil: uma análise histórica de Vargas a Lula. Revista de Nutrição, Campinas, v. 18, n. 4, p. 439-57, jul./ago. 2005. Revista Desenvolvimento Social No 7, 2012. (ISSN 2179-6807) 14