A presença dos gêneros digitais nos livros didáticos do

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A presença dos gêneros digitais nos livros didáticos
do ensino fundamental II
Amanda Carla Silvestre Teixeira1 (UPE)
Resumo:
Neste trabalho, analisamos o livro didático (LD), ferramenta típica do
domínio pedagógico, com base em um corpus de cinco coleções de livros
didáticos avaliados e recomendados pelo PNLD, a fim de identificar os
gêneros digitais mais trabalhados, bem como analisar as atividades que
costumam ser desenvolvidas. Para isso, baseamo-nos nas pesquisas sobre
gêneros digitais desenvolvidas por diversos autores, entre eles, Bezerra
(2009), além da teoria sociorretórica de Swales (2004) e Bhatia (2004).
Palavras-chaves: gêneros digitais, livros didáticos, ensino.
Abstract:
In this paper, we analyze the textbook, a typical tool in teaching domains,
based on a corpus of five collections of textbooks evaluated and
recommended by PNLD in order to identify the use of digital genres as well
the activities that tend to be developed. For this, we base our research on
digital genres developed by several authors, among them, Bezerra (2009),
besides the socio-rhetorical theory developed by Swales (2004) and Bhatia
(2004).
Keywords: digital genres, textbooks, teaching.
Introdução
Segundo Marcuschi (2002, p. 22), os gêneros “são formas verbais de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades de
práticas sociais e em domínios discursivos específicos.” Conforme o autor, os
gêneros são uma forma de ação social, de categoria cultural, servindo de subsídio
para a organização social por meio de ações retóricas e estruturas textuais. Pois
trata-se de acontecimentos textuais, caracterizados como artefatos colaboradores
da interação sócio-cultural, os quais proporcionam variadas formas de transmissões
comunicativas, sócio-discursivas e cognitivas.
O estudo dos gêneros embasado na teoria sociorretórica de John Swales (2004)
e Vijay Bhatia (2004) tem como preocupação o significado que têm as ações e os
eventos para as pessoas ou grupos estudados, tendo como referência uma
determinada circunstância social envolvendo o uso da linguagem para se obter o
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propósito comunicativo ambicionado,ou seja, trata-se de um estudo etnográfico.
Swales afirma que a compreensão a respeito de gêneros só é possível se
entendemos a noção de comunidade discursiva e vice-versa. Ele define
comunidades discursivas como “redes sociorretóricas que se formam a fim de atuar
em favor de um conjunto de objetivos comuns” (SWALES, 1990).
Os gêneros digitais
Tratando-se de um recurso fundamental para interação humana, os gêneros
textuais se encontram em constante evolução, de acordo com as necessidades
cotidianas de cada meio cultural. Acoplados ao progresso tecnológico, os gêneros
vão surgindo, se ajustando e evoluindo nos múltiplos ambientes linguísticos,
tornando-se, consequentemente, pré-requisito para a compreensão dos processos
de interação.
Mediante o uso diário do computador e da Internet, grande parte da interação
social é estabelecida via comunicação virtual, ocasionando o surgimento de
inúmeros gêneros como, por exemplo, o fórum e o chat, ou ainda a evolução de
outros gêneros já existentes nos suportes impressos, como é o caso da carta
pessoal, comparada com o e-mail em sua função de correio eletrônico. Conforme
Marcuschi (2002, p. 13),
Os gêneros emergentes nessa nova tecnologia digital são relativamente
variados, mas a maioria deles tem similaridades em outros ambientes,
tanto na oralidade como na escrita. Muitos desses gêneros digitais são
evoluções de outros já existentes nos suportes impressos (papel), ou em
vídeos (ex.: vídeos, fotografias). Porém essa tecnologia comunicativa
verdadeiramente gerou novos gêneros, como por exemplo: os chats e os
fóruns.
Assim a Internet não só envolve uma gigantesca multiplicidade de registros
inseridos em um continuum que envolve da escrita à oralidade, como também,
através da sua tecnologia torna-se possível a superação dos limites de espaço e
tempo, além de proporcionar grandes contribuições para o enriquecimento e
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desenvolvimento das produções textuais, que se tornaram graficamente mais
originais e criativas.
Uma característica muito peculiar desses “novos” gêneros seria o conjunto de
aspectos
existentes
em
sua
função.
Como
exemplo,
podemos
citar
a
hipertextualidade, que oferece diversificadas possibilidades de integração de
textos, por meio de suas formas semióticas: textos, sons e imagens. A
diferenciação e definição dos gêneros podem ser decididas não só por
características dos aspectos sociocomunicativos, como também por suas formas e
pelos ambientes em que estão situados.
Na atualidade, os gêneros textuais encontrados nos suportes digitais acham-se
em grande evidência, uma vez que, diante do surgimento e uso crescente das novas
tecnologias de informação e comunicação, adquirem maior atenção não só da
academia, mas também da escola e dos domínios profissionais, pois se trata de
uma ferramenta fundamental de socialização universal.
Essa inovação na visão a respeito da interação social virtual servirá como um
grande impulso à evolução dos gêneros, ressaltando “o papel da linguagem na
internet e o efeito da internet na linguagem” (CRYSTAL apud MARCUSCHI, 2008).
A postura da escola diante dos gêneros digitais
Ainda que ante a gramática a linguagem virtual pareça desordenada, nota-se
que os usuários independentemente de suas variações regionais unificaram alguns
recursos utilizados em suas interações. Pois todos os internautas brasileiros
conseguem compreender uns aos outros independentemente da região em que se
encontrem, utilizando abreviaturas, emoticons (risos e expressões faciais), sinais
gráficos mais ou menos padronizados, entre outros recursos. Essas características
surgem frequentemente pela necessidade de rapidez e objetividade na interação
mediada por esses gêneros.
É notório que, com o surgimento da era digital, a linguagem “da internet”
passa a apresentar inúmeros novos aspectos, em meio a eles, escrita com traços
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orais, uma nova ortografia e novas palavras criadas para dar conta de novas
situações (neologismos). A mídia digital torna possível romper os preconceitos
existentes na linguagem oral e escrita, fornecendo diversas fontes de pesquisas e
estudos sobre os gêneros digitais, inclusive com fins pedagógicos. Boa parte dos
estudos desenvolvidos possuem como finalidade romper os obstáculos existentes
entre professores e alunos, possibilitando assim maior interatividade entre os
mesmos. É nesse sentido que Bezerra afirma:
A meu ver, impõe-se [para a escola] a necessidade de reflexão a respeito
do fascínio que esses recursos comunicativos e interacionais [do Orkut]
exercem sobre os jovens, uma vez que os estudantes, que de acordo com o
senso comum não gostam nem têm o hábito de ler e escrever, de fato
escrevem e lêem bastante quando se trata dos gêneros do Orkut (2009, p.
116).
Considerando o grande fascínio exercido pelas mídias e gêneros digitais sobre
a juventude, por que não utilizá-lo também como uma das ferramentas auxiliares
nas práticas pedagógicas? Os objetivos de tal uso poderiam ser, entre outros,
diminuir as distâncias entre professores e alunos, trabalhar e desenvolver novas
práticas de leitura e escrita, conhecer os novos gêneros pertencentes à mídia
digital e ampliar a capacidade do aluno interagir com o meio social através dessas
novas formas comunicativas. Esses novos recursos podem trazer grandes
descobertas e aprendizagens para o ambiente escolar, desde que não sejam vistos
com olhares retrógrados e preconceituosos por parte da escola e professores.
Nesse sentido, afirmamos com Bezerra (2009) que “é de se supor e esperar
que a escola e os professores a cada dia se mostrem mais preparados para lidar
com as práticas discursivas dos estudantes onde quer que estas se manifestem. E a
continuidade das pesquisas sobre a linguagem desejavelmente terá um papel a
desempenhar nesse processo”.
A escola deve ter como uma de suas funções formar cidadãos preparados para
interagir com competência no meio virtual, não se restringindo somente ao ensino
da produção de dissertações, cartas, bilhetes, ou seja, não trabalhar com o aluno
unicamente os gêneros convencionais do meio impresso, ou como se constituem os
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discursos presenciais, face a face. É preciso que sejam trabalhados também os
gêneros digitais e, quando trabalhados, que sejam da forma adequada, pois esses
gêneros fazem parte da realidade e prática diária dos jovens. Percebe-se também
que os gêneros virtuais são os mais emergentes na atualidade e embora possuam
uma escrita próxima de aspectos da oralidade mantêm suas bases na escrita
convencional, apesar da sua multimodalidade.
Entende-se que não há uma “fala por escrito”, mas uma hibridização dos
gêneros e das modalidades oral e escrita. Fenômenos como as mesclas de gêneros,
em que uma forma de gênero serve à função de outro gênero, são bastante
frequentes no ambiente virtual e não só nele. Por exemplo, um gênero com a
forma de uma receita culinária, mas com a função de instruções ou de um guia de
caráter didático, com a intenção de instruir e convencer o interlocutor para que
assuma um determinado comportamento para conseguir êxito nas avaliações
escolares. Embora o texto traga as características de uma receita, não o é de fato,
porque o leitor compreende que não se trata de instruções para que se possa
preparar uma comida. Marcuschi (2008. p. 165) apresenta um exemplo de
hibridização utilizando uma “bula” com função publicitária de uma livraria.
Podemos citar como um exemplo híbrido de gênero digital, o chat, um gênero
hipertextual que carrega sinais de transmutação do diálogo cotidiano, mesclando
oralidade e escrita em um mesmo texto e suporte.
O hipertexto
Devido a sua estrutura intricada, o hipertexto proporciona uma leitura
dinâmica e não sequencial ao hiperleitor, que tem a opção de percorrer díspares
caminhos em busca de informações. Por conta de sua estrutura não sequencial,
muitos leitores, quando não bem preparados para esse tipo de leitura e pesquisa,
terminam por submergir o seu foco inicial de pesquisa. O hipertexto pode ser visto
como uma mídia de leitura, onde se encontram facilmente a multimodalidade e a
hibridização, devido aos mais variados recursos oferecidos por essa modalidade
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textual, que leva o hiperleitor ao que Marcuschi (2007) classificou como “stress
cognitivo”, pois no hipertexto são múltiplas as opções de se transcorrer a leitura, o
que ocasiona requisições cognitivas não encontradas em textos impressos. A
multimodalidade liga-se intimamente à hibridização dos gêneros textuais, no
sentido de que, proporcionando variados recursos para sua construção, facilita a
combinação das suas características com as de outros gêneros, ficando difícil a
identificação de eventuais fronteiras, como alertava Paltridge (2009).
Quanto aos escritores do hipertexto, é notório o cuidado que necessitam ter
ao produzirem seus textos, pois os links de um site podem ser acessados de
variados modos, ou seja, dependendo de cada internauta, podendo assim acarretar
uma interpretação distinta da ambicionada pelo autor.
Seja qual forem as opções didáticas da escola, os gêneros fazem parte de
nossa realidade linguística, social e cultural. Retirá-los de sua realidade concreta,
transpô-los para o universo escolar e transformá-los em objetos de estudo implica
observar o desenvolvimento total dos alunos em relação às suas aptidões
linguísticas, além de pensar em sequências didáticas que viabilizem aos estudantes
o contato, o estudo e a assimilação dos gêneros. Pois com o trabalho de produção
textual centralizado nos gêneros, a ação de escrever é democratizada: todos os
estudantes devem aprender a escrever a maior diversidade possível de textos.
É importante que a escola se dedique mais à questão dos gêneros, visto que
nossas ações linguísticas cotidianas se dão por meio de modalidades orais e
escritas. Um indivíduo que não domina com facilidade as diversas formas textuais
tende a perder seu poder de interagir com o meio social, assim como seus poderes
persuasivos e argumentativos, restringindo suas possibilidades comunicativas na
fala e na escrita nas mais diversas situações discursivas presentes em seu cotidiano.
Os gêneros digitais nos livros didáticos
O livro didático apresenta-se como um suporte onde se encontra uma grande
diversidade de gêneros, que são retirados de seus contextos originais para serem
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objeto do trabalho pedagógico, acarretando adições em suas funções enquanto
gêneros. Contudo, não perdem sua identidade, apesar de no momento
apresentarem
outras
funcionalidades.
Para
Marcuschi
(2003),
ocorre
uma
“reversibilidade de funções” nos gêneros transpostos para o LD. Relacionando os
conteúdos do e-mail na função de correio eletrônico com os livros didáticos, se
verifica que ambos transportam os mais variados gêneros, como bilhetes, cartas
comerciais, propagandas, mensagens informativas, dentre outros.
Com
certeza
o
livro
didático
é
uma
ferramenta
proeminente
no
desenvolvimento das atividades escolares, auxiliando na resolução dos mais
diversificados problemas da área pedagógica, nos programas de ensino. Devido às
diretrizes oficiais de ensino, atualmente o LD vem reunindo algumas variedades de
gêneros digitais, que se encontram inseridos no cotidiano dos alunos, em suas
táticas de ensino de leitura e produção de textos. No entanto, na grande maioria
das vezes, esses suportes apresentam os gêneros digitais apenas como pano de
fundo para o trabalho com a gramática.
Apesar de muitas pessoas ainda se encontrarem excluídas da mídia virtual,
isso não modifica o fato que essa nova maneira de interagir será permanente e
possibilita um mundo ilimitado de informações, um inovador subsídio em favor da
comunicação.
Contextualizando a pesquisa
A pesquisa, iniciada em fevereiro de 2010 e ainda em andamento, tem como
corpus as edições mais recentes de 05 coleções de livros didáticos avaliados pelo
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), com o propósito de identificar e
discutir os gêneros digitais mais trabalhados, a diversidade desses gêneros no LD e
as atividades que são desenvolvidas. Busca-se traçar um panorama atual dos
interesses manifestos pelos livros didáticos no que diz respeito aos gêneros digitais,
trazendo vários aspectos importantes sobre o desenvolvimento das práticas
pedagógicas relacionadas ao tema, com base nos estudos desenvolvidos por Bezerra
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(2009) e enfocados por meio da observação e análise crítica das atividades de
leitura e escrita. A identificação dos gêneros segue os parâmetros da teoria
sociorretórica de John Swales (2004) e Vijay Bhatia (2004).
Na análise dos tipos de atividades desenvolvidas com os gêneros digitais,
levamos em conta principalmente os eixos gramática, leitura e escrita, verificando
quais são os mais utilizados, com que frequência e como esses gêneros estão sendo
abordados. Por exemplo, se são trabalhados de fato como gênero, sem que sejam
colocados como mero pano de fundo ou enfeite para a apresentação de uma
atividade exclusivamente gramatical.
Análise e resultados
Apresentamos, para os fins deste trabalho, alguns exemplos de nossa análise
de duas coleções, quais sejam: o livro Português: linguagens (Cereja e Magalhães)
e o livro Novo diálogo (Beltrão e Gordilho).
Livro português: linguagens
Ao realizar a análise dessa coleção de livros didáticos, percebemos que o
livro referente ao 6º. ano é o único da coleção que, apesar de serem apenas dois
exercícios, não só faz uma boa descrição de dois gêneros digitais (e-mail e blog),
como também remete os alunos à prática de atividades com esses gêneros,
despertando a percepção e aprendizagem dos alunos ao realizar a comparação de
uma carta pessoal com o e-mail e de um diário com o blog, como será visto mais
adiante.
O restante da coleção faz apenas pequenas alusões em relação aos gêneros
digitais, como no livro destinado ao 7º. ano (p. 208-212), onde encontramos uma
breve descrição do gênero entrevista não presencial comparada com entrevistas
presenciais e escritas.
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Fonte: Livro didático Português:linguagens (Cereja e Magalhães), destinado ao 7°. ano, p. 211
O livro destinado ao 9º. ano (p. 137-163) traz o gênero debate, propondo em
uma das atividades o trabalho com debates da Internet, o blogs e o fóruns. O livro
didático do 8º. ano não traz gêneros digitais. Como o restante da coleção, limita-se
a fazer a indicação de sites de pesquisa nas páginas iniciais de cada unidade, junto
a outras opções de pesquisa como livros e vídeos. Nota-se por parte dos autores a
concepção de que os alunos já dominam os gêneros virtuais, devido à grande
maioria dos jovens manter contato diário com o computador e a Internet, supondo
possivelmente que não seja necessário explorar mais a prática desses gêneros em
ambiente escolar.
Os gêneros analisados são encontrados nas páginas 142-146 e 162-166 do
livro didático direcionado ao sexto ano (5ª. série).
Análise do gênero carta pessoal
No exemplo dado pelo livro didático, a carta pessoal é descrita como um
gênero primário ou simples, ou seja, possui características de tipos de enunciado
espontâneos e naturais, que ocorrem no contexto imediato da fala, diferentemente
do gênero secundário que é caracterizado por tipos de enunciados da fala
aperfeiçoados através da escrita, devido à utilização de uma linguagem formal.
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Aqui, portanto, os autores do LD se apóiam na conhecida distinção estabelecida por
Bakhtin.
Através do conteúdo veiculado percebe-se que a relação estabelecida pelos
participantes é íntima por empregar algumas palavras e expressões que são usadas
em conversas informais, mais íntimas, com familiares e amigos.
A situação em que esse gênero se situa seria pública, pois qualquer pessoa
pode escrever uma carta. O suporte seria o papel (meio impresso).
No exemplo do livro, por a carta tratar de um assunto pessoal, melhor
dizendo, os correspondentes são pai e filho, o garoto (remetente) emprega algumas
palavas e expressões que usamos, no dia a dia, em conversas mais íntimas, como
por exemplo, “... a mãe tá bem, eu tô bem.... Mas têm acontecido coisas
misteriosas por aqui de uns dias pra cá...” e gírias; “E aí pai, beleza?” “...E que
história, pai! D+, um arraso!”
Fonte: Livro didático Português: linguagens (Cereja e Magalhães), destinado as 5° séries, p.144
Análise do e-mail
Segundo os autores, o e-mail, como correio eletrônico, é um meio de
transmissão de vários gêneros. Porém há um novo o e-mail ou mensagem eletrônica
que seria uma hibridização, ou seja, uma mistura de vários gêneros.
O e-mail caracteriza-se como um gênero digital escrito, o seu meio de
transmissão, a velocidade e a assincronia na interação entre os internautas.
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No e-mail, há o vocativo, a assinatura do remetente, destinatário(s), o
assunto, a data, hora em que a mensagem foi enviada, a despedida e se quiser a
assinatura. Os e-mails podem tratar tanto de assuntos de ordem pessoal, como é o
caso do exemplo oferecido no livro, quanto os de ordem comercial e empresarial
que tratam de assuntos profissionais.
Para se enviar um e-mail, é obrigatório o preenchimento na primeira linha
com o(s) endereço(s) digitais do destinatário (os). Os outros dois espaços (cc e cco)
são reservados para enviar cópias para outras pessoas. Na linha referente ao
assunto é opcional, mas através do assunto pode-se fazer a escolha de leitura ou
descarte e ainda filtrar as mensagens indesejadas.
As mensagens enviadas por e-mail podem ser transmitidas a várias pessoas de
uma só vez e ao mesmo tempo, assim como podem também ser impressas,
arquivadas, copiadas, re-encaminhadas e re-utilizadas. Podem ser anexados
arquivos. No e-mail há muito mais facilidade na colaboração e discussão, podendo
ser visto como um instrumento de comunicação de comunidades discursivas.
Nesse e-mail o assunto é pessoal, por isso algumas palavras são abreviadas e
Thete (emissora) utiliza algumas gírias.
Os usuários determinam o tipo de linguagem, utilizando abreviaturas para
atender à agilidade do gênero e emoticons para suprir a ausência de dados do
contexto, como risos e expressões faciais. Embora exista tanta diversidade
lingüística, percebe-se que os recursos usados possuem padrões que possibilitam a
compreensão a todos os internautas.
Fonte: Livro didático Português: linguagens (Cereja e Magalhães), destinado as 5° séries, p.147
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Como podemos ver, o exercício traz várias perguntas e informações sobre as
características, finalidades, suporte, tema, entre outras peculiaridades do gênero
e-mail, levando o aluno a um estudo aprofundado a respeito desse gênero digital.
Mais adiante é proposta a produção de um e-mail e para finalizar a atividade é
pedido que avalie o e-mail produzido.
Análise do diário e do blog
No diário são descritos fatos de cunho pessoal, privado e íntimo, podendo-se
utilizar no mesmo uma linguagem espontânea, informal e uma variedade lingüística
não padrão. O diário contém ocorrências do cotidiano ou notas produzidas por
quem o escreve, segredos, pensamentos, idéias, opiniões, observações, etc. Pode
ser assinado ou não, como já mencionado anteriormente a variedade da linguagem
do texto pode ser padrão ou não padrão, isso vai depender do locutor e o quais são
suas pretensões , geralmente é escrito na primeira pessoa do singular, possui uma
estrutura livre, geralmente no geral é direcionado e pode ou não ser dado a
alguém.
No exemplo do livro, o diário de Janaína Bauman, a linguagem utilizada no
texto é a variedade padrão e encontra-se na primeira pessoa do singular. Devido ao
momento histórico em que ocorreram os fatos (época de guerra), o tempo verbal é
o presente, pois ela descreve acontecimentos vivenciados no momento, como se
estabelecesse um “diálogo” com ela mesma e com os leitores. Provavelmente para
não comprometer sua família, amigos e a si própria, Janaína prefere não assinar o
diário, pois o mesmo poderia ser descoberto. A finalidade do diário de Janaína
Bauman, seria testemunhar os horrores da Segunda Guerra Mundial. No exercício é
proposto a produção de uma página de diário e logo em seguida são elaboradas três
instruções básicas para que o aluno faça a análise da página do diário que criou.
Quanto ao blog, a idéia inicial do gênero seria a de um diário eletrônico, mas
em que, diferentemente do diário de papel, não há segredos. Porém hoje já
existem blogs com outras funções, como é o caso dos blogs comunitários, onde
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todos os participantes podem expor seus textos, os blogs educativos, ou com a
finalidade de um bate papo. Permitem um novo tipo de produção original e
criativa, pois cada locutor é um co-construtor do texto. Os blogs oferecem espaço
para comentários de seus leitores. Neles encontramos também uma grande
diversidade semiótica, como, por exemplo, textos escritos, imagens (fotos,
animações e desenhos), sons, entre outros.
No caso dessa atividade (p. 164-167), o livro faz uma detalhada descrição do
gênero blog, comparando-o com o diário convencional, para em seguida apresentar
um exemplo de uma página de um blog. Mais adiante (p. 168), propõe a criação de
um blog comunitário, indicando também o endereço de sites e provedores que
podem explicar como se faz para montar um blog.
Fonte: Livro didático Português: linguagens (Cereja e Magalhães), destinado às 5° séries, p.167
Análise das atividades
É notória a importância do conhecimento e domínio dos diferentes gêneros
textuais no plano de ensino e aprendizagem de produções de textos, por parte do
estudante, pois os gêneros não só ampliam sua compreensão da realidade,
mostrando-lhe maneiras concretas de melhor interação social, como também os
preparam para eventuais práticas linguísticas. Diante deste fato ao realizar uma
análise nas atividades oferecidas no livro didático Português: linguagens, destinado
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ao sexto ano (5ª. série), percebemos que o mesmo supre bem as necessidades do
aluno em relação às descrições e ao conhecimento dos gêneros, bem como realiza
um bom trabalho didático envolvendo tipologia textual. Percebemos também que o
livro direciona o estudante a criar, o mais próximo possível da realidade, as
condições da situação em que socialmente o gênero é produzido e lido/ouvido
pelos interlocutores.
A conclusão da análise do livro referente ao sexto ano foi bastante positiva,
porém verificamos que seria viável desenvolver maior número de atividades
relacionadas aos gêneros digitais, visto que na internet é onde podemos encontrar
maior diversidade de gêneros, não esquecendo evidentemente que a internet
tornou-se o mais eficiente e utilizado meio de interação social. As atividades
desenvolvidas com os gêneros digitais são muito bem elaboradas e levam o aluno ao
conhecimento e compreensão sistemática a respeito dos gêneros digitais (e-mail e
blog), porém as atividades são mínimas, visto que na respectiva coleção
encontramos em apenas em um dos livros (5ª. série), duas atividades específicas ao
tema. O restante da coleção traz apenas pequenas alusões sobre os gêneros
digitais.
Análise da coleção 2007: novo diálogo
No livro didático destinado ao sexto ano (5ª. série), pertencente à coleção
Novo diálogo, das autoras Eliana Santos Beltrão e Thereza Gordilho, editora FTD,
foram encontradas duas atividades em que são utilizados dois gêneros digitais, o
blog e o e-mail (os mesmos gêneros utilizados na coleção de Cereja e Magalhães).
Porém, após iniciar-se a análise das respectivas atividades, percebeu-se que os
gêneros são utilizados apenas como um pano de fundo para o trabalho gramatical.
Também foram encontradas indicações de sites de pesquisa ao término de algumas
atividades do LD.
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Fonte: Livro didático destinado ao sexto ano (5°série), pertencente à coleção Novo diálogo
(Beltrão e Gordilho), p. 32
Nota-se que todo o livro didático analisado tem como alicerce o trabalho
quase que exclusivamente gramatical, excluindo não só gêneros virtuais, como
outras modalidades de gêneros. O livro se utiliza de outros conteúdos fora do
contexto gramatical, sempre como um subsídio para a gramática normativa.
Fonte: Livro didático destinado ao sexto ano (5°série), pertencente à coleção Novo diálogo
(Beltrão e Gordilho), p. 32
A atividade oferecida pelo livro didático Novo diálogo é exclusivamente
gramatical, visto que se trata apenas do estudo de oração e período, tendo como
um adorno o gênero digital blog.
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Como podemos observar a próxima atividade do livro didático envolvendo
gênero digital, no caso o e-mail também utiliza o gênero apenas como enfeite,
para trabalhar somente a ortografia.
Fica perceptível a deficiência do livro em relação à inserção e ao trabalho
com os gêneros digitais. Não diferente de tantos outros livros didáticos, é
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perceptível mais uma vez a falha concepção dos autores (as), de que os alunos já
dominam os gêneros virtuais, pois a grande maioria dos jovens utilizam o
computador e Internet diariamente. Assim, não se faz necessário explorar mais a
prática desses gêneros em ambiente escolar. Esta afirmação torna-se plausível,
quando ao término de algumas das atividades do livro, aparecem indicações de
sites de pesquisa, para os alunos, pois caso sintam necessidade em saber mais
sobre os conteúdos abordados como pano de fundo ou enfeite, para a
aprendizagem gramatical, já sabem por onde pesquisar.
Considerações finais
Grande parte dos livros didáticos que apresentam gêneros digitais fogem do
tema, utilizando esses gêneros apenas para o trabalho referente à gramática
normativa. Os gêneros quase sempre aparecem como mero pano de fundo para as
atividades gramaticais. Os gêneros digitais, nesses casos, não são vistos como
subsídios à comunicação ou mesmo descritos e estudados de forma sistemática a
preparar o aluno para uma visão mais crítica e intelectiva em relação a esses
gêneros, os quais são diariamente utilizados pela maioria desses jovens fora do
ambiente escolar. Pois hoje em dia é quase impossível se esquivar dessa nova
forma de interação social que cria cada vez mais novos gêneros para o universo
discursivo.
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Hipertexto. Belo Horizonte/MG, 29 a 31/10/2009.
Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação
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BEZERRA, Benedito Gomes. A distribuição das informações em resenhas
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_____. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola
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1
Amanda Carla SILVESTRE, Graduanda.
Universidade de Pernambuco (UPE)
Campus Garanhuns
[email protected]
Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação
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