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BIOGRAFIAS
Rei Henrique VIII
Henrique VIII Tudor (28 de Junho de 1491 — 28 de Janeiro de 1547) foi rei de
Inglaterra a partir de 21 de Abril (coroado a 24 de Junho de 1509) até à sua morte.
Foi-lhe concedido o título de rei da Irlanda pelo Parlamento Irlandês em 1541,
tendo obtido anteriormente o título de Lord da Irlanda.
Foi o segundo monarca da dinastia Tudor, sucedendo a seu pai, Henrique VII.
Famoso por ter se casado seis vezes e por exercer o poder mais absoluto entre
todos os monarcas ingleses. Entre os feitos mais notáveis de seu reinado se inclui
sua ruptura com a Igreja Católica Romana, e seu estabelecimento como líder da
Igreja da Inglaterra (ou Igreja Anglicana), a dissolução dos monastérios, e a união
da Inglaterra com Gales.
Também promulgou legislações importantes, como as várias atas de separação
com a Igreja de Roma, de sua designação como cabeça suprema da Igreja da
Inglaterra, asUnion Acts de 1535 e 1542, que unificaram a Inglaterra e Gales como
uma só nação, aBuggery Act de 1533, primeira legislação contra a sodomia na
Inglaterra, a Witchcraft Actde 1542, que castigava com a morte a bruxaria, "por
invocar ou conjurar a um espírito demoníaco".
Primeiros Anos
Nascido em Greenwich, no palácio de Placentia, Henrique VIII foi o terceiro filho de
Henrique VII e Isabel de York. Somente três de seus seis irmãos sobreviveram à
infância: Artur, príncipe de Gales, Margarida Tudor e Maria Tudor, rainha consorte
da França.
Seu pai, membro da Casa de Lancaster, adquiriu o trono por direito de conquista,
já que seu exército derrotou ao último Plantageneta, o Rei Ricardo III, e
posteriormente completou seus direitos desposando a Isabel, filha do Rei Eduardo
IV. Em 1493, o jovem Henrique foi designado uma espécie de "guardião" do
Castelo de Dover e Lord Warden da confederação chamada de "cinco portas". Em
1494 foi nomeado Duque de York, e posteriormente comissário principal da
Inglaterra e Lord tenente da Irlanda, enquanto ainda era um menino.
Em 1501 assistiu ao casamento de seu irmão mais velho, Artur, com Catarina de
Aragão. O casal tinha quinze e dezesseis anos respectivamente na época. Os dois
foram enviados por um tempo a Gales, como costumavam fazer com o herdeiro do
trono e sua esposa, mas Artur contraiu maleita e morreu em 2 de abril de 1502. Em
conseqüência disto, aos onze anos de idade, Henrique, Duque de York herdou o
direito ao trono inglês, e como tal, pouco depois foi nomeado príncipe de Gales.
Primeiro Casamento
As negociações sobre o direito de viuvez de Catarina se arrastaram por um ano. O
rei não lhe cedia o direito previsto no contrato, um terço da renda de Gales,
Cornualha e Chester, porque não havia recebido a segunda parte do dote de
Catarina, e os pais de Catarina não a deixavam voltar para a Espanha sem o
direito garantido. Desta forma, Catarina manteve-se hostilizada pela corte em um
país estrangeiro, sem bens e com uma pequena remuneração. Determinada a ser
rainha da Inglaterra, Catarina aceitou o pedido de casamento do rei, que acabara
de ficar viúvo. Para que não houvesse duvida quanto à legitimidade do casamento,
o rei requereu uma dispensa papal, baseada na não consumação do casamento
dela com seu primogênito. Ao tomar ciência que seus herdeiros não teriam
preferência sobre Henrique na coroa de Inglaterra, e com o apoio de seus pais,
Catarina recusou o pedido do rei, o que lhe deixou enfurecido. O embaixador
espanhol comunicou o rei que os reis espanhóis exigiam o noivado de Catarina e o
príncipe de Gales. O rei cedeu, sem intenção de honrar o compromisso firmado por
uma criança de doze anos.
Em 1505, Henrique VII perdeu seu interesse em manter a aliança com a Espanha,
e o jovem príncipe de Gales foi obrigado a declarar que o compromisso havia sido
arranjado sem seu consentimento. Porém, as negociações diplomáticas a respeito
do casamento continuaram até a morte de Henrique VII em 1509. Em seu leito de
morte, o rei disse ao seu filho que ele estava livre para se casar com quem
quisesse. Encantado com Catarina desde a infância e certo que a segurança da
Inglaterra dependia de uma aliança tríplice entre Espanha, Inglaterra e o
Imperador, no dia 11 de junho de 1509, com apenas dezessete anos, Henrique,
casou-se com a viúva de seu irmão, Catarina de Aragão, com 23 anos. No dia 24
de junho do mesmo ano, ambos foram coroados respectivamente rei e rainha da
Inglaterra na Abadia de Westminster. A primeira gravidez da rainha Catarina
terminou em aborto em 1510. Logo deu a luz a um bebê do sexo masculino,
chamado Henrique, em 11 de janeiro de 1511, mas o bebê só viveu até 22 de
fevereiro do mesmo ano.
Início do Reinado
Com sua coroação, Henrique VIII teve que enfrentar às problemáticas
conseqüências dos impostos nobiliários estabelecidos por Richard Empson e
Edmund Dudley, membros do gabinete de seu pai. Fez prender a ambos na Torre
de Londres, e posteriormente os decapitou. Esta foi uma das muitas maneiras em
que se diferenciou dos princípios de Henrique VII. Outra diferença se fez notória
pela inclinação bélica de Henrique VIII, enquanto seu predecessor tinha favorecido
políticas pacíficas.
Durante os dois anos posteriores à ascensão de Henrique VIII, o bispo de
Winchester, Richard Fox, junto a William Warham controlaram os assuntos do
Estado. De 1511 em diante o poder real foi ostentado por Thomas Wolsey. Em
1511, Henrique se uniu à Liga católica, formada pelos dirigentes europeus opostos
ao rei Luís XII da França. A liga incluía figuras como o Papa Júlio II, o Imperador
do Sacro Império Romano, Maximiliano I, e o rei Fernando II da Espanha, com
quem Henrique assinou o tratado de Westminster. Henrique se uniu pessoalmente
ao exército, e cruzou o Canal da Mancha até a França, onde tomou parte das
emboscadas e batalhas.
Em 1514, Fernando II abandonou a aliança, e as outras partes fizeram paz com a
França. A conseqüente irritação com a Espanha iniciou a discussão sobre o
divórcio com a rainha Catarina. Entretanto, com a ascensão em 1515 do rei
Francisco I ao trono da França, Inglaterra e França aumentaram seu antagonismo,
e Henrique se reconciliou com o rei da Espanha. Em 1516 a rainha Catarina deu à
luz uma menina, Maria, renovando as esperanças de Henrique de poder ter um
herdeiro varão, apesar dos prévios fracassos de sua esposa.
Fernando II morreu em 1516, para ser sucedido por seu neto, (e sobrinho da
rainha Catarina), Carlos V. Em outubro de 1518, Wolsey tinha desenhado o
Tratado de Londres com o papado, com a idéia de conseguir um triunfo para a
diplomacia inglesa, colocando a Inglaterra no centro de uma nova aliança européia
com o objetivo de repelir as invasões mouriscas na Espanha, tal como tinha
solicitado o Papa.
Maximiliano morreu em 1519, e Wolsey, que era Cardeal da igreja católica, propôs
secretamente o nome de Henrique como candidato para o posto de Imperador do
Sacro Império Romano, apesar de que publicamente parecia apoiar o rei francês,
Francisco. Finalmente, Carlos da Espanha foi o eleito pelos príncipes eleitores. A
rivalidade subseqüente entre França e Espanha permitiu a Henrique atuar como
mediador. Tanto Francisco como Carlos V tentaram gozar do favor de Henrique
VIII. Depois de 1521, a influência inglesa sobre a Europa começou a minguar.
Henrique entrou em uma aliança com Carlos V através do tratado de Bruges, e
Francisco I foi derrotado pelo exército imperial de Carlos na Batalha de Pavia, em
fevereiro de 1525. A confiança do Imperador em Henrique diminuiu no mesmo
ritmo que o poder inglês sobre o continente. Henrique se mostrou contrariado em
ajudá-lo a conquistar a flor-de-lis, apesar das garantias de Carlos. Isto terminou
com o Tratado de Westminster, em 1527.
O interesse de Henrique nos assuntos europeus estendeu-se até o ataque contra a
revolução alemã de Lutero. Em 1521, Henrique VIII chegou a escrever um
pequeno livro intitulado "Defesa dos 7 Sacramentos" que fez com que Leão X lhe
outorgasse o título de "Defensor da Fé" (Defensor Fidei).
A Questão Real
A coroação de Henrique VIII foi à primeira pacífica da Inglaterra em muitos anos;
entretanto, a legitimidade da dinastia Tudor tinha que ser posta a prova. O povo
inglês parecia descontente com as regras de sucessão feminina, e Henrique sentiu
que só um herdeiro masculino poderia assegurar o trono. A rainha Catarina ficou
grávida pelo menos sete vezes (a última vez em 1518), mas só uma das crianças,
a princesa Mary, sobreviveu à infância. Henrique tinha ficado com várias
concubinas, incluindo Maria Bolena e Isabel Blount, com quem tinha tido um filho
ilegítimo, Henry Fitzroy, primeiro duque de Richmond e Somerset. Em 1526,
quando ficou claro que a rainha Catarina não poderia ter mais filhos, Henrique
começou a perseguir a irmã de Maria Bolena, Ana Bolena. Ainda que não hajam
dúvidas de que a motivação principal de Henrique para se divorciar de Catarina
fosse o seu desejo de ter um herdeiro homem, o rei ficou empolgado com Ana,
apesar de sua inexperiência infantil e seu pouco poder de atração.
A insistente tentativa do rei em terminar o seu casamento com a rainha Catarina foi
apelidada de "A questão real". O cardeal Wolsey e William Warham começaram
secretamente a investigar a validade do casamento. Obviamente, a rainha Catarina
tinha testemunhado que seu matrimônio com Artur, Príncipe de Gales, não havia
sido consumado, e portanto isso não foi impedimento para o subseqüente
casamento com Henrique. Sem informar o cardeal Wolsey, Henrique apelou
diretamente à Santa Sé. Enviou o seu secretário William Knight a Roma para
anular a Bula de Júlio II, Bula pela qual foi permitido o casamento entre Henrique
VIII e Catarina de Aragão argumentando que ela, a Bula, havia sido obtida
mediante enganos, e era conseqüentemente nula. Além disto, pedia ao Papa
Clemente VII que lhe outorgasse uma dispensa para permitir casar-se com
qualquer mulher, inclusive escolhendo por grau de afinidade. Esta dispensa era
necessária, já que Henrique havia previamente tido relações com a irmã de Ana
Bolena, Mary. Knight encontrou-se com o Papa Clemente VII, que era
praticamente prisioneiro do Imperador Carlos V. Teve dificuldades até em falar
com o Papa, e quando finalmente o fez, não conseguiu os resultados que
procurava. Clemente VII não estava de acordo com a anulação do matrimônio,
mas concedeu a dispensa, presumindo que a mesma não teria muito efeito
enquanto Henrique tivesse que permanecer casado com Catarina.
Informado do ocorrido pelo representante do Rei, o Cardeal Wolsey enviou
Stephen Gardiner e Edward Fox a Roma. Talvez temendo o sobrinho de Catarina,
(o Imperador Carlos V), o Papa Clemente inicialmente evitou atendê-los. Fox foi
enviado de volta com uma comissão autorizando o início de um processo, mas as
restrições impostas tornavam-na praticamente insignificante.
Gardiner procurou formar uma comissão executiva que decidisse com
antecedência os pontos legais a discutir. Clemente VII foi persuadido a aceitar tal
proposta, e permitiu ao cardeal Wolsey e ao cardeal Lorenzo Campeggio levar o
caso juntos. A comissão atuou em segredo. A comissão estabeleceu que a Bula
Papal autorizando o casamento de Henrique com Catarina seria declarada nula se
as alegações em que se baseava se demonstrassem falsas. Por exemplo, a Bula
seria nula se resultasse falso que o matrimônio havia sido absolutamente
necessário para manter a aliança anglo-espanhola.
O cardeal Campeggio chegou à Inglaterra em 1528. Os procedimentos, entretanto,
foram paralisados quando os espanhóis emitiram um segundo documento que
presumia o outorgamento da necessária dispensa. Assegurava-se que, uns poucos
meses antes de outorgar a dispensa numa Bula pública, o Papa Júlio II tinha
outorgado o mesmo numa nota privada enviada a Espanha. A comissão não
autorizou os cardeais Wolsey e Campeggio a determinar a validade da nota, e
durante oito meses, as partes discutiam sobre a sua autenticidade. Durante a
primavera de 1529, uma equipe jurídica de Henrique VIII completou o sumário dos
argumentos reais incluindo o Levítico 20,21.
Enojado com o cardeal Wolsey pela demora, Henrique destituiu-o de seus poderes
e riqueza. Acusou-o de "præmunire" (rebaixar a autoridade do Rei investindo a
representação papal), mas Wolsey morreu pouco tempo depois. Com o Cardeal
Wolsey caíram outros poderosos membros da Igreja na Inglaterra. O poder passou
então para Sir Thomas More como novo Lord Chanceler, a Thomas Cranmer como
novo arcebispo de Canterbury e a Thomas Cromwell como primeiro conde de
Essex e Secretário de Estado da Inglaterra.
Segundo Casamento
Em 25 de janeiro de 1533, o arcebispo de Canterbury, Thomas Cranmer, participou
do casamento entre Henrique e Ana Bolena. Em maio, foi anunciado a anulação do
matrimônio com Catarina, e pouco depois é declarado válido o matrimônio com
Ana. A Princesa Mary {futura rainha Mary I de Inglaterra} foi rebaixada a filha
ilegítima, e substituída como provável herdeira pela nova filha de Ana, Isabel (a
futura rainha Elizabeth I de Inglaterra). Catarina perdeu o título de "Rainha", e se
converteu na Princesa viúva de Gales; Maria deixou de ser "Princesa de Gales",
para passar a ser uma simples "Lady". Catarina de Aragão morreu de câncer em
1536.
Esta atitude de afronta sem precedentes à Igreja Católica valeu-lhe a excomunhão,
declarada por Clemente VII em 11 de Julho de 1533. No seguimento da
excomunhão, Henrique decidiu o rompimento com a Igreja Católica Romana,
declarou a dissolução dos monastérios, tomando assim muitos dos haveres da
Igreja, e formou a Igreja Anglicana (Church of England), da qual se declarou líder.
Esta decisão tornou-se oficial com o decreto da supremacia (Act of Supremacy) de
1534. A recusa em jurar obediência a este decreto levou-o a condenar o humanista
Thomas More, seu antigo Lord Chanceler, à morte.
Agitação Religiosa
O Papa respondeu a estes acontecimentos excomungando Henrique VIII em julho
de 1533. Seguiu-se uma considerável agitação religiosa. Liderados por Thomas
Cromwell, o parlamento aprovou vários atos que selaram a brecha com Roma na
primavera de 1534. O Estatuto de restrição de apelações ("Statute in Restraint of
Appeals") proibiu as apelações das cortes eclesiásticas ao Papa. Também
preveniu que a Igreja decretasse qualquer tipo de regulação sem prévio
consentimento do Rei. A Acta de designações eclesiásticas ("Ecllesiastical
Appointments Act") de 1534 decretou que os clérigos eleitos para bispos deveriam
ser nomeados pelo soberano. A Acta de Supremacia ("Act of Supremacy") do
mesmo ano, declarou que "o Rei era a única cabeça suprema na terra da Igreja da
Inglaterra". A Acta de traições ("Treasons Act"), também de 1534, converteu em
alta traição, castigada com a morte, não reconhecer a autoridade do Rei, entre
outros casos. Ao Papa foram negadas todas as fontes de ingressos monetários,
como o Óbulo de São Pedro.
Não aceitando as decisões do Papa, o parlamento validou o matrimônio entre
Henrique e Ana Bolena com a Acta de Sucessão ("English Act of Succession") de
1534. A filha de Catarina, Lady Mary, foi declarada ilegítima, e os descendentes de
Ana Bolena passaram a entrar na linha de sucessão real. Todos os adultos foram
obrigados a reconhecer as previsões desta Acta; quem não o fizesse era
condenado à prisão perpétua. A publicação de qualquer escrito alegando que o
matrimônio de Henrique com Ana era inválido, resultava em uma acusação de alta
traição, que poderia ser castigado com pena de morte.
A oposição às políticas religiosas de Henrique foi rapidamente suprimida. Vários
monges dissidentes foram torturados e executados. Cromwell, para quem foi
criado o posto de "Vice-gerente espiritual" foi autorizado a visitar monastérios,
supostamente para assegurar-se de que seguiam as instruções reais, mas na
prática para fazer suas riquezas. Em 1536, uma Acta do Parlamento permitiu que
Henrique confiscasse as possessões dos monastérios deficitários (aqueles com
arrecadação anual de 200 libras ou menos).
A Execução de Ana Bolena
Em 1536, a rainha Ana Bolena começou a perder o favor de Henrique. Depois do
nascimento da princesa Isabel, Ana teve duas gestações que terminaram em
aborto ou morte da criança. Enquanto isso, Henrique começava a prestar atenção
em outra cortesã, Jane Seymour. Talvez animado por Thomas Cromwell, Henrique
fez que Ana fosse presa sob a acusação de bruxaria (para convertê-lo em seu
marido), de ter relações adúlteras com cinco homens, de incesto (com seu irmão
Jorge Bolena, o Visconde de Rochford), de injuriar o Rei e conspirar para
assassiná-lo, com o agravante de traição. As acusações eram inteiramente
fabricadas. A Corte que tratou do caso foi presidida pelo próprio tio de Ana,
Thomas Howard, Duque de Norfolk. Em maio de 1536, Ana e seu irmão foram
condenados à morte, entre a fogueira ou a decapitação, o rei escolheu que Ana
fosse decapitada. Os outros quatro homens sobre os quais foram apontadas
acusações de ter relações com Ana, foram condenados à decapitação. Lord
Rochford, pai de Ana, foi decapitado ao final do julgamento de forma imediata. Ana
também foi decapitada em pouco tempo.
O Nascimento do Príncipe Herdeiro
Um dia depois da execução de Ana Bolena, em 1536, Henrique VIII ficou noivo de
Jane Seymour e dez dias depois casou-se com ela.
A Segunda Acta de Sucessão de 1536 declarou que os filhos da rainha Jane
seriam os próximos dentro da linha sucessória, excluindo Lady Maria e Lady
Isabel.
Jane deu a luz a um filho, príncipe Eduardo em 1537, e morreu poucas semanas
depois, em 24 de outubro devido a septicemia após parto. Logo depois da morte
de Jane, a corte inteira guardou luto com Henrique por algum tempo. O Rei a
considerou sempre sua "verdadeira" esposa, ao ser a única que lhe deu o herdeiro
varão que tão desesperadamente sonhava.
As Actas de União
Na época de seu casamento com Jane Seymour, Henrique concedeu sua
aprovação à Constituição de Gales ("Laws in Wales Act") entre 1535 e 1542, que
anexou legalmente Gales com a Inglaterra, fazendo ambos um só país. A Acta
decretou o uso exclusivo do inglês para os procedimentos oficiais em Gales,
contrariando aos numerosos falantes da língua galesa.
Henrique continuou a perseguição a seus oponentes religiosos. Em 1536 iniciou-se
no norte da Inglaterra uma revolta conhecida como a "Peregrinação de Gracia"
("Pilgrimage of Grace"). Para acalmar aos católicos romanos rebeldes, Henrique
concedeu poderes ao Parlamento, e decretou um perdão geral a todos os
envolvidos. Não cumpriu nenhuma de suas promessas, e uma segunda revolta foi
iniciada em 1537. Os líderes da rebelião foram acusados de traição e executados.
Em 1538 Henrique ordenou a destruição dos santuários de todos os santos da
Igreja Católica Romana e neste mesmo ano, todos os monastérios existentes
tinham sido fechados, e suas propriedades transferidas à coroa.
Como recompensa por sua eficiência, Thomas Cromwell foi nomeado Conde de
Essex. Abades e priores perderam seus assentos na Câmara dos Lordes, e só os
arcebispos e bispos formaram a representação eclesiástica de corpo. Os "lordes
espirituais", como eram conhecidos os membros do clero com lugares na câmara
dos lordes, foram pela primeira vez superados em número pelos lordes temporais.
Últimos Anos
Henrique desejou casar-se novamente. Thomas Cromwell, agora Conde de Essex,
sugeriu o nome de Ana de Cleves, irmã do Duque de Cleves, que tinha sido um
importante aliado no caso do ataque da Igreja Católica à Inglaterra. O pintor Hans
Holbein foi mandado ao Ducado de Cleves para fazer um retrato de Ana para o
Rei. Depois de ver o retrato de Ana e receber descrições complementares a
respeito da mesma, Henrique decidiu se casar com Ana. Quando Ana chegou a
Inglaterra, Henrique achou-a pouco atraente, porém se casou com ela em 6 de
janeiro de 1540.
Henry decidiu terminar o casamento, não somente por causa de seus sentimentos,
mas também por considerações políticas. O Duque de Cleves tinha entrado numa
disputa com o Sacro Império Romano, com o qual Henrique não queria entrar em
disputa. A nova rainha, Ana, foi inteligente o bastante para não deixar Henrique
pedir o anulamento do casamento e alegou que o mesmo não havia sido
consumado. O casamento, portanto foi anulado e Ana recebeu o título de "Irmã do
Rei".
Em 28 de julho de 1540, Henrique casou-se com a jovem Catarina Howard, prima
de Ana Bolena. Ele estava encantado com a nova rainha. Logo após o casamento,
entretanto, Catarina teve um caso com o cortesão Thomas Culpeper. Ela também
empregou como seu secretário, Francis Dereham, com quem tinha tido um caso
antes de se casar com Henrique VIII. Thomas Cranmer apresentou evidências das
atividades extra-conjugais da rainha, a Henrique e, embora este não tivesse
acreditado, mandou Cranmer conduzir investigações que acabaram resultando na
implicação de Catarina. Quando interrogada, a Rainha admitiu o caso com
Dereham, mas alegou que foi forçada por ele a ter esta relação extra-conjugal,
porém Dereham delatou o relacionamento de Catarina com Thomas Culpeper. O
casamento com Catarina foi anulado rapidamente após sua execução. Como no
caso de Ana Bolena, Catarina Howard pode ter sido vítima de uma acusação falsa
de adultério, porém nada conseguiu ser provado.
Henrique casou-se com sua última mulher em 12 de julho de 1543, a rica viúva
Catarina Parr. Ela e Henrique tiveram um casamento cheio de discussões sobre
religião, ela era radical e Henrique conservador. Embora isso desagradasse ao
Rei, ela sempre se salvou mostrando-se submissa. Ela ajudou a reconciliação de
Henrique com suas duas filhas, Lady Mary e Lady Isabel. Em 1544, uma Acta do
Parlamento colocou-as de volta na linha de sucessão ao trono inglês após o
príncipe Eduardo, embora elas continuassem ilegítimas.
A tirania de Henrique tornou-se mais aparente com o avanço da idade e a queda
de sua saúde. Uma onda de execuções políticas, que começaram com Edmund de
la Pole (o Duque de Suffolk) em 1513 e terminaram com Henrique (Conde de
Surrey) em janeiro de 1547.
Morte
Em seus últimos anos, Henrique engordou consideravelmente, com uma medida
de cintura de 137 centímetros, e possivelmente sofrendo de gota.
A conhecida hipótese sobre que sofria de sífilis foi difundida pela primeira vez uns
cem anos depois de sua morte. Argumentos mais recentes sobre esta
possibilidade provêm de um maior conhecimento desta doença, que permite supor
que Eduardo VI, Maria I e Isabel I mostraram todos sintomas característicos de
sífilis congênita.
A obesidade de Henrique data de um acidente de Justa em 1536, onde sofreu uma
ferida em um músculo que não só lhe impediu de realizar atividade física, mas
também gradualmente derivou em uma úlcera que indiretamente pode ter levado a
morte.
Henrique VIII faleceu em 28 de janeiro de 1547 no palácio de Whitehall. Foi
sepultado na Capela de São Jorge, no castelo de Windsor, ao lado de sua esposa,
Jane Seymour. Posteriormente, seus três filhos se sentaram sucessivamente no
trono da Inglaterra.
Fonte: Wikipédia
Marcell de Oliveira: Lendo a biografia, podemos dizer que o rei Henrique VIII não
fundou o Anglicanismo com os mesmos objetivos das doutrinas reformadas. E sim
fundou o Anglicanismo por questões políticas. Ele estava em uma busca
desesperada em um filho para herdar seu trono e honrar a sua descendencia real.
E como não conseguia ter um filho com a sua atual esposa, decidiu divorciar, mas
teve o pedido negado pelo Papa. Ou seja, o rei via que o Catolicismo estava
atrapalhando o seu reinado de seguir adiante e, por causa disso, fundou a Igreja
Anglicana onde o chefe não é o Papa e sim o rei próprio. Neste caso, eu, como
protestante, estaria ao lado do Papa. Mas a rebeldia do rei Henrique VIII não
significa que a Reforma Religiosa não aconteceu na Inglaterra, veja s
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