MAPEAMENTO E AVALIAÇÃO DO TEMPO DE PÓS-MORTE A PARTIR DA RADIAÇÃO INFRAVERMELHA EMITIDA PELOS CORPOS Adilson Barros Soares Marieliza Araújo Braga Rayne Taveira Rocha do Nascimento Orientadora: Railda Shelsea Taveira Rocha do Nascimento INTRODUÇÃO A determinação do tempo de morte é fundamentada na avaliação dos fenômenos consecutivos, também conhecido como fenômenos cadavéricos dentre os quais destacase o esfriamento corporal, os livores hipostáticos, a evaporação cutânea e a rigidez cadavérica. Dentre as formas de avaliar a temperatura. Dentre tais fenômenos, exclusivamente as variações de temperatura do corpo podem ser medidas, já que a pele é um órgão vital, cuja temperatura é parâmetro fisiológico para ser monitorado através de avaliações quantitativa. O corpo humano é termorregulado pelo hipotálamo, que controla a resposta neurovegetativa para vasoconstrição ou vasodilatação, dependendo da necessidade. De forma que a temperatura da cabeça e central precisam se manter em homeostase, objetivando um funcionamento saudável dos órgãos internos, diferentemente das extremidades distais – exceto a cabeça – que sofre maior variação de temperatura, pela influência da irrigação sanguínea. Este estudo teve por finalidade analisar o comportamento da temperatura corporal após a morte, objetivando estabelecer parâmetros que possam orientar os peritos, nas situações em que a determinação do tempo de morte se fizer necessária. Portanto, objetiva-se mapear o comportamento da temperatura e avaliar o tempo de pósmorte a partir da radiação infravermelha emitida pelos corpos. METODOLOGIA Inicialmente, foi construído um referencial teórico, com revisão de diversos artigos publicados entre os anos de 2000 à 2016, visando dar consistência teórica à pesquisa. Foram utilizadas as bases de dados Scielo e a Biblioteca virtual em Saúde (BVS), com os seguintes descritores: termografia, cronotanatognose, esfriamento corporal, tempo de pós-morte. A avaliação do cadáver será realizada no Instituto Médico Legal, em ambiente refrigerado, de temperatura controlada e pré-determinada, definida em protocolo para realização da avaliação termográfica. Para avaliação da temperatura, será adotado como critério a medição da temperatura corporal via retal, com a utilização de um termômetro de mercúrio, introduzido no ânus a uma profundidade de 5 centímetros, assim como o exame por termografia, com sensor infravermelho de resolução 640x480. Será mapeado por termografia a temperatura do corpo e proposto o tempo de morte, bem como, por quanto tempo isto é aceitável pós-morte. Para ser realizada, a proposta será submetida à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa, seguindo as diretrizes e normas aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde, através da Resolução número 496, de 12 de dezembro de 2012. DESENVOLVIMENTO Através da cronotanatognose, que é o processo de análise dos fenômenos que se iniciam com a morte, é possível determinar o intervalo de tempo entre o óbito e o exame pericial. Alguns dos processos utilizados para estimar o intervalo entre o óbito e a perícia do corpo, são avaliados através da rigidez cadavérica, a desidratação do corpo postmortem, o resfriamento cadavérico e a deposição de hipóstases (FÁVERO, 2011; ZERBINI, SALDIVA, 2014). O método mais eficaz é o de avaliação do resfriamento corporal, feito normalmente pela avaliação da temperatura retal através de um termômetro, porém ainda é considerado um modo subjetivo, visto que é influenciado pelas variações de temperatura externa e motivo da causa-mortem (ZERBINI, 2013). Segundo Brioschi et al (2010), também é possível definir o tempo de morte por termografia facial e do túnel de temperatura cerebral – região cantal da pálpebra, de onde emergem vasos oftálmicos que estão relacionadas com o a termorregulação hipotalâmica, bem como, por quanto tempo isto é aceitável no pós-morte. Termografia infravermelha é definida por Brioschi et al (2010) como uma modalidade de exame por imagem não invasivo, que mede e mapeia a distribuição da temperatura emitida pela superfície corporal, relacionado com a termorregulação cutânea. O uso da termografia infravermelha para analisar e mapear o comportamento da temperatura corporal após a morte, objetiva estabelecer parâmetros que possam orientar os peritos para determinação da hora post-mortem. A termografia é eficaz, pela fácil verificação de variação da temperatura em várias partes do corpo, consequentemente pode ser utilizada para mapear o resfriamento do corpo após o óbito, que a depender do tempo post-mortem, apresenta temperaturas variantes. Segundo Brioschi (2010), tomando-se como referência a temperatura da região do TTC para um indivíduo de mesmo perfil metabólico, segundo peso, altura e idade, é possível estimar o tempo de morte pela diferença de temperatura em relação às imagens realizadas pós-morte. Identificou-se um padrão de distribuição térmica facial que dura até 15h pós óbito. Esta perda é de 0,6-0,8ºC/h na face em 50% dos casos. Afirma ainda que no caso de morte pós 15h ocorre homogeneidade térmica muito próxima a temperatura ambiente e não se identifica mais a região do TTC. Não há mais distribuição térmica facial e se identifica apenas contornos e limites da mesma, caracterizando o estágio termicamente definido como “máscara da morte”. Assim, espera-se conseguir mapear por termografia a temperatura do corpo, sequencialmente seguindo: inicialmente, mapeamento da temperatura das extremidades distais superior e inferior, seguida da cabeça e pescoço, e tronco corporal para definir o perfil térmico post-mortem. CONCLUSÃO Parece viável a utilização da termografia para mapear a temperatura post-mortem. Considerando a característica não invasiva do método, sugere-se a vantagem ética neste tipo de tecnologia por parte dos peritos, visando favorecer a investigação. REFERÊNCIAS BRIOSCHI, Marcos Leal, et al. Princípios e indicações da Termografia Médica. 1ed, São Paulo, 2010. FÁVERO, Flaminio. Medicina Legal. 12ª ed. Belo Horizonte, Villa Rica, 1991. ZERBINI, Talita. Estimativa do intervalo post-mortem por análise de imagens termográficas das hipóstases viscerais torácicas. Tese Doutorado, 2013. ZERBINI, Talita; SALDIVA, Paulo Hilario Nascimento. A Evolução Histórica das Ferramentas Disponíveis para a Cronotanagnose Inicial. In: Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics, v.3, n.2, p.165-185, 2014.