- Bio Cursos

Propaganda
1
Os benefícios do método Pilates e sua importância na prática da
atividade física na terceira idade
Juliana Dutra Cabral de Oliveira1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Gerontologia – Faculdade Ávila
Resumo
Este trabalho buscou evidenciar o método Pilates como forma de condicionamento na
melhoria da qualidade de vida do idoso. Teve como objetivo geral estudar os benefícios do
método Pilates e sua importância na prática da atividade física no processo de
envelhecimento. Tendo utilizado como metodologia a revisão bibliográfica, realizada na base
virtual Scielo e Scholar google. Foram utilizados como critérios de inclusão na pesquisa
trabalhos, artigos científicos de diversos autores diretamente relacionados ao envelhecimento
fisiológico, Pilates para idosos, envelhecimento fisiológico, envelhecimento saudável,
importância e os benefícios da atividade física na terceira idade, Pilates na reabilitação e
prevenção de doenças crônicas. Tendo apresentado como resultados que a prática do Pilates
com idosos propõe melhorar a qualidade de vida do indivíduo como um todo, alterando seu
estado físico, mental e social, contribuindo para o convívio dessa pessoa com demais
membros da sociedade. A técnica tem se mostrado segura, desde que bem orientada, por um
profissional habilitado, pois a possibilidade de lesões ou dores musculares é praticamente
inexistente, já que o impacto nas articulações durante o exercício é nulo. Por ser uma
atividade que não apresenta nenhum tipo de impacto às articulações, podem se beneficiar os
portadores de diversas patologias.
Palavras-chave: Envelhecimento fisiológico; Atividade física; Método Pilates.
1. Introdução
O envelhecimento populacional no mundo é uma realidade já presente. A estimativa para
2025 é que o Brasil se torne o sexto país do mundo com maior percentual de idosos. Assim,
torna-se cada vez mais importante aprofundar conhecimentos em geriatria e a gerontologia,
em aspectos que irão facilitar a promoção de saúde e a reabilitação das condições clínicas
patológicas ou não, que ocorrem no processo de envelhecimento e poderão, de certa forma,
interferir deleteriamente na capacidade funcional do idoso, bem como comprometer seu
equilíbrio postural dentre outras funções (PERRACINI; FLÓ, 2009).
O envelhecimento é um processo fisiológico que não necessariamente corre paralelo à idade
cronológica, apresentando considerável variação individual. O fator em comum de todas essas
evidências é que todos nós estamos envelhecendo e envelhecemos a cada dia de nossa vida,
acreditando que envelhecer faz parte do processo de crescimento e desenvolvimento do ser
humano, e ao contrário do que a sociedade pensa, o envelhecimento está associado não
somente a fatores negativos, mas também a uma série de aspectos positivos que enriquecem a
vida do indivíduo em diversas áreas. Dessa forma, o idoso não pode ser mais visto como um
1
Pós-graduanda em Gerontologia.
Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito
em Saúde.
2
2
ser que não tem mais nada a oferecer, ou associado à imagem de doença, incapacidade e
dependência (MATSUDO, 2001).
Envelhecimento é um fenômeno fisiológico, progressivo e inerente a todo ser humano. No
entanto, ele não será necessariamente patológico. Patológico, pode-se dizer que se encontra na
senilidade, e que muitas vezes acompanha um envelhecimento vinculado a uma precária
qualidade de vida. Nessa situação, o organismo passaria a apresentar algumas limitações,
desequilíbrios no sistema motor e/ou cognitivo, comprometendo assim, o dia-a-dia do idoso.
Muitas mudanças físicas que ocorrem com a idade afetam a aparência. Ganho de gordura
generalizado, perda dos músculos, perda da estatura, má postura, pele seca, renovação mais
lenta das células lubrificantes, pele pálida devido à perda de pigmentos da pele, manchas na
pele muito expostas ao sol, os vasos sanguíneos se tornam mais evidentes devido ao
afinamento da pele e outras no sistema psicológico e funcional. No entanto, apesar de alguns
decréscimos de eficiência e capacidade físico-motora, à medida que se envelhece, não deixa
de ser possível manter um nível relativamente alto de desempenho físico e mental por muitos
anos. Aqueles que mantêm uma vida ativa de forma física, cognitiva e social serão sempre
privilegiados (VERDERI, 2004).
De acordo com os estudos de Brunelli (2009), Joseph H. Pilates desenvolveu o Método Pilates
com o objetivo próprio de ter uma vida saudável, já que foi uma criança acometida por várias
doenças, como asma e raquitismo. Assim, o Método Pilates foi criado na primeira guerra
mundial, cujos princípios ainda hoje são inovadores. Seu criador, o alemão Joseph Humbertus
Pilates que residia na Inglaterra, reabilitou vários de seus clientes com limitações físicas,
dores crônicas e lesões baseado nos princípios de força, flexibilidade e equilíbrio (PANELLI
& DE MARCO, 2006).
O método une corpo, mente, e espírito em movimentos naturais em duas perspectivas, oriental
e ocidental. Como perspectiva oriental tem-se o alongamento, flexibilidade, concentração,
calma e percepção, e como perspectiva ocidental tem-se o movimento, tônus muscular e força
muscular. O método também se preocupa com a eficiência e qualidade do exercício
adequando a uma respiração coordenada (GALLAGHER & KRYZANOWSKA, 2000).
Esse assunto tem relevância pelo aumento da população idosa no mundo, que transforma a
pirâmide de faixa etária em um quadrilátero. A constatação de que o número de praticantes de
pilates idosos tem aumentado muito nas últimas décadas só vem incentivar e respaldar a
necessidade do embasamento científico aos profissionais que atuam nessa área (ROSA &
LIMA, 2009). E também pelo número restrito de estudos na área, de modo a verificar seus
efeitos no tratamento de desordens geriátricas. A prática do Pilates surge como uma nova
opção na realização de exercícios físicos, trazendo uma abordagem mais holística e de
valorização da psicossomática (corpo e mente), em busca de uma maior consciência corporal
e de uma postura mais equilibrada (COMUNELLO, 2011).
Dessa forma, buscando-se soluções para diminuir e/ou erradicar as disfunções que acometem
os idosos a pesquisa foi delineada no sentido de buscar entender como o método atua na força,
equilíbrio, alongamento, estabilidade estática e dinâmica e como tudo isso pode afetar a
autonomia funcional do idoso. Sabe-se que é um exercício resistido, mas também pode
acontecer a melhora cardiorrespiratória em seus praticantes. O Pilates é uma das técnicas mais
eficazes na reeducação postural e quando aplicado na população idosa, o Pilates melhora a
força e a mobilidade, que geralmente estão alteradas devido à presença de doenças
degenerativas, como a artrite. O Pilates também auxilia na manutenção da pressão arterial,
além de influenciar na calcificação óssea (COMUNELLO, 2011).
O objetivo geral foi estudar os benefícios do método Pilates e sua importância na prática da
atividade física no processo de envelhecimento. E como objetivos específicos: avaliar como o
método Pilates pode atuar na força, equilíbrio, alongamento, estabilidade estática e dinâmica e
como tudo isso pode afetar a autonomia funcional dos idosos; pesquisar a importância do
3
equilíbrio dinâmico para contornar obstáculos e estudar os efeitos sobre o estresse e as dores,
entre outros.
2. Envelhecimento fisiológico
Envelhecimento é um fenômeno fisiológico, progressivo e inerente a todo ser humano. No
entanto, ele não será necessariamente patológico. Patológico, podemos dizer que encontramos
na senilidade, e que muitas vezes acompanha um envelhecimento vinculado a uma precária
qualidade de vida. Nessa situação, o organismo passaria a apresentar algumas limitações,
desequilíbrios no sistema motor e/ou cognitivo, comprometendo assim, o dia-a-dia do idoso.
Muitas mudanças físicas que ocorrem com a idade afetam a aparência. Ganho de gordura
generalizado, perda dos músculos, perda da estatura, má postura, pele seca, renovação mais
lenta das células lubrificantes, pele pálida devido à perda de pigmentos da pele, manchas na
pele muito expostas ao sol, os vasos sanguíneos se tornam mais evidentes devido ao
afinamento da pele e outras no sistema psicológico e funcional. No entanto, apesar de alguns
decréscimos de eficiência e capacidade físico-motora, à medida que envelhecemos, não deixa
de ser possível manter um nível relativamente alto de desempenho físico e mental por muitos
anos. Aqueles que mantêm uma vida ativa de forma física, cognitiva e social serão sempre
privilegiados (VERDERI, 2004).
A diminuição ou perda da capacidade funcional leva a incapacidade funcional, que em muitos
casos é consequência das perdas associadas ao envelhecimento, mas principalmente à falta ou
diminuição da atividade física associada ao aumento da idade cronológica, que leva à perdas
importantes na condição cardiovascular, força muscular e equilíbrio, que são responsáveis em
grande parte pelo declínio na capacidade funcional (MATSUDO, 2001).
No processo de envelhecimento, a manutenção do corpo em atividade é fundamental para
conservar as funções vitais em bom funcionamento. A estimulação corporal favorece o
melhor desempenho das atividades rotineiras. As pessoas de idade avançada ao praticarem
atividades físicas com regularidade e sob orientação médica, quando comparadas às de vida
ociosa, mostram melhor adaptação orgânica aos esforços físicos, além de maior resistência às
doenças e ao estresse emocional e ambiental. O corpo do idoso em movimento é sinal de
saúde e alegria. A atividade física regular favorece a uma mudança comportamental, que
poderá proporcionar transformações sociais (LOPES; SIEDLER, 2007).
A CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade) descreve o equilíbrio
como uma das várias funções do corpo humano e que compreende a interação de três sistemas
perceptivos: o vestibular, o proprioceptivo e o visual. O primeiro é responsável pelas
acelerações e desacelerações angulares rápidas, sendo, assim, o mais importante para a
manutenção da postura ereta; o proprioceptivo permite a percepção do corpo e membros no
espaço e às sensações dos músculos e funções de movimento; e o visual oferece referência
para a verticalidade, por possuir duas fontes complementares de informações: a visão, que
situa o indivíduo no seu ambiente e a motricidade ocular, que situa o olho na órbita através da
coordenação cefálica (PERRACINI; FLÓ, 2009; CRUZ et al, 2010).
Com o envelhecimento, estes sistemas são afetados e várias etapas do controle postural
podem ser suprimidas, diminuindo a capacidade compensatória do sistema, e levando o idoso
a um aumento de instabilidade postural. Neste contexto surge outro fator de grande relevância
epidemiológica, econômica e social que são as quedas, e suas consequências podendo
culminar em óbito, principal causa nos idosos a partir de 65 anos. Assim sendo, o
conhecimento dos fatores que geram ou estão associados ao déficit de equilíbrio e,
consequentemente, predispõem a pessoa idosa às quedas, é fundamental para reduzir a
frequência delas, bem como as suas complicações (MACIEL; GUERRA, 2005).
4
Segundo Lorda Paz (2001), a estatura diminui começando entre os 50 e 55 anos devido à
compreensão das vértebras e aos achatamentos dos discos intervertebrais, de 3 a 4
centímetros, há uma constante perda de equilíbrio devido a mudanças motoras, ombros se
curvam, a cabeça se inclina para adiante, a curvatura dorsal acentua-se, ocorre uma flexão dos
joelhos, os ossos passam de um estado consistente para um estado esponjoso, a
descalcificação, que caracteriza a osteoporose.
Esse processo gera progressivas modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e
psicológicas que, se associadas ao aparecimento de doenças crônico degenerativas, podem
acelerar o declínio funcional do indivíduo idoso. Este declínio é caracterizado, entre outras
coisas, por imobilidade, instabilidade e comprometimento das funções neuro-musculares que,
por serem relativamente freqüentes na terceira idade, aumentam o risco de instabilidade
postural, quedas e suas complicações. Essas alterações comprometem a capacidade funcional
do idoso a ponto de impedir o auto-cuidado, tornando-o, muitas vezes, completamente
dependente (CARVALHO; PEIXOTO; CAPELLA, 2007).
Sendo assim o envelhecimento define-se como manifestações e eventos biológicos que
ocorrem ao longo de um período, em ritmos diferentes para cada pessoa, representando perdas
nas funções normais, sendo um processo dinâmico e progressivo que determinam a perda da
capacidade de adaptação do individuo ao meio ambiente, causando maior vulnerabilidade e
maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte.
Segundo Guccione (2002), o declínio da função física associado a uma atividade física
reduzida, tão comum em idosos, não descreve o envelhecimento. Os idosos tornam-se cada
vez mais limitados na sua capacidade de desempenhar atividades da vida diária, devido ao
equilíbrio precário, resistência diminuída, fraqueza generalizada ou quedas repetidas.
3. O uso do Pilates na terceira idade
O processo de envelhecimento envolve uma série de alterações degenerativas, graduais e
irreversíveis do corpo, como, disfunções posturais, ciclo de marcha reduzido, perda de
controle e estabilidade (SMITH, 2005), que levam a completa perda de função com perda de
força muscular, flexibilidade, coordenação e memória (MATSUDO, 2000). Tais alterações
acarretam em uma considerável perda de autonomia e qualidade de vida ao idoso
(HEATHCOTE, 2000; ROGATO, 2001). Um programa de exercícios específicos
individualizados tem sido recomendado para maximizar seus efeitos nos idosos (MILLER,
2002; BUTLER, 1998).
A perda de equilíbrio (SMITH, 2005) é caracterizada por redução de controle postural, com
aumento da cifose toráxica (KUO, 2010; VIALLE, 2005; BOYLE, 2002; LOEBL, 1967;
MILNE, 1974), especialmente em mulheres após a menopausa (CUTLER, 1993), em situação
estático-dinâmicas, com aumento risco de quedas (RODRIGUES, 2010). A manutenção da
independência física, psíquica e social é importante na preservação da autonomia funcional e
qualidade de vida do idoso, fatores importantes na manutenção de habilidades motoras,
prevenção de quedas e melhora de qualidade de vida na população geriátrica (ROGATO,
2001; REEVES, 2004).
O Método Pilates vem sendo estudado como atividade física para idosos, por apresentar um
trabalho de força e resistência (molas/gravidade), seguindo uma filosofia de consciência
corporal em busca da harmonia entre corpo e mente (RODRIGUES 2010).
A busca por parâmetros biológicos do envelhecimento e melhora das condições de vida vem
ganhando ênfase na literatura mundial. Estudos demonstram que a idade é um preditor
negativo das forças musculares respiratórias tanto em homens quanto em mulheres idosos
(SOUZA et. al. 2010).
5
Com o passar do tempo, o organismo humano sofre mudanças, que podem ser consequentes
de micro traumas, de lesões e de patologias que acometem o tecido, tais como: diminuição da
força muscular; diminuição da massa óssea e muscular, maior índice de fadiga em menor
tempo, diminuição do fluxo sanguíneo cerebral; diminuição da flexibilidade e agilidade;
diminuição da mobilidade articular e do equilíbrio e da coordenação motor (SASSI et. al.
2011).
A literatura aponta como vantagens do método Pilates: estimular a circulação, melhorar o
condicionamento físico, a flexibilidade, o alongamento e o alinhamento postural. Pode
melhorar os níveis de consciência corporal e a coordenação motora. Tais benefícios ajudariam
a prevenir lesões e proporcionar um alívio de dores crônicas (SACCO et al, 2005; BLUM,
2002; MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004a; SEGAL, 2004; ANDERSON; SPECTOR, 2000;
BERTOLLA et al, 2007; FERREIRA et al, 2007; KOLYNIAK; CAVALCANTI; AOKI,
2004; APARÍCIO; PÉREZ, 2005). Segundo Joseph Pilates, os benefícios do método Pilates
só dependem da execução dos exercícios com fidelidade aos seus princípios (CAMARÃO,
2004; MENDONÇA; SILVA; SACCO et al, 2005; PIRES; SÁ, 2005; BERTOLLA et al,
2007).
Busca-se promover o alongamento ou relaxamento de músculos encurtados ou tensionados
demasiadamente e o fortalecimento ou aumento do tônus daqueles que estão estirados ou
enfraquecidos. Portanto, diminuem-se os desequilíbrios musculares que ocorrem entre
agonistas e antagonistas e são responsáveis por certos desvios posturais e problemas
ortopédicos e reumatológicos. Por se tratar de uma atividade que não impõe desgaste articular
e cujo número de repetições de cada exercício é reduzido, promove-se a prevenção e/ou
tratamento de certas patologias, especialmente as ocupacionais (RODRIGUES, 2006).
Sabe-se que a técnica Pilates apresenta muitas variações de exercícios e pode ser realizada por
pessoas que buscam alguma atividade física, por indivíduos que apresentam alguma patologia
em que a reabilitação é necessária, como desordens neurológicas, dores crônicas, problemas
ortopédicos e distúrbios da coluna vertebral (BLUM, 2002; KOLYNIAK; CAVALCANTI;
AOKI, 2004; VAD; MACKENZIE; ROOT, 2003; LATEY, 2001; SACCO et al, 2005;
MENDONÇA; SILVA, sd).
O equilíbrio gera ajustes posturais que exigem constante adaptação da atividade muscular em
todo o corpo. O movimento voluntário é acompanhado por modificações da postura, com o
objetivo de manter o equilíbrio, e a orientação dos segmentos corporais (VIEL & ASENCIO,
2001).
O posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia, um programa de atividade física para a população
idosa, deve incluir condicionamento cardiorrespiratório, endurance e força muscular,
priorizando a maximização do contato social, reduzindo a ansiedade e a depressão que muitas
vezes acometem o idoso (CASTRO et. al. 2010).
A prática de Pilates pode oferecer a maior parte do que é descrito acima e adicionar efeitos
positivos no equilíbrio estático de idosos, funcionando como uma ferramenta importante para
a redução do risco de quedas, comuns no processo de envelhecimento. É possível possuir a
autonomia funcional melhorando força muscular, flexibilidade, respiração, alongamento e no
alivio do estresse e das dores (SIQUEIRA RODRIGUES et. al.2009).
De acordo com Patricia Comunello - Fisioterapeuta (UDESC/SC). Especialista em
Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica (IOT Passo Fundo/RS, as vantagens do método
Pilates são: estimular a circulação, melhorar o condicionamento físico, a flexibilidade, o
alongamento e o alinhamento postural. Pode melhorar os níveis de consciência corporal e a
coordenação motora. Tais benefícios ajudariam a prevenir lesões e proporcionar um alívio de
dores crônicas.
6
A guiza de informação cabe lembrar que os materiais e equipamentos utilizados na prática do
Pilates são o colchonete, bola terapêutica, faixa elastica, halteres, e os aparelhos específicos
do método. O Método Pilates pode ser feito no solo (Mat Pilates), na Bola (Pilates com bola),
no rolo de Feldenkrais (Pilates com rolo) e o Pilates com aparelhos. As características físicas
da bola terapêutica e dos demais materiais devem ser apropriadas para cada paciente; o
tamanho da bola varia de acordo com a altura do paciente; bolas mais cheias proporcionam
uma maior instabilidade do que as mais vazias; a superfície arredondada e móvel da bola
obriga a contração constante dos músculos do corpo para manter o equilíbrio, ao contrário do
colchonete que dá estabilidade corporal, não exigindo a contração constante dos músculos. Os
colchonetes e bolas mais vazias são ideais para iniciantes e para deficientes severos, e bolas
mais cheias para praticantes de longa data e deficiências mais leves (CAMARÃO, 2005).
4. Os benefícios da atividade física na terceira idade
Atualmente, está comprovado que quanto mais ativa é uma pessoa menos limitações ela tem.
A prática de regular de exercícios físicos promove inúmeros benefícios dentre eles, um dos
principais é a melhora da capacidade funcional. Por capacidade funcional entende-se o
desempenho para a realização das atividades do cotidiano ou atividades de vida diária
(ANDEOTTI, 1999). As atividades de vida diária (AVD) podem ser classificadas por vários
índices, que são referidas como: tomar banho, vestir-se, levantar-se e sentar-se, caminhar a
uma pequena distância; ou seja, atividades de cuidados pessoais básicos e, as atividades
instrumentais da vida diária (AIVD) como: cozinhar, limpar a casa, fazer compras,
jardinagem; ou seja, atividades mais complexas da vida cotidiana (MATSUDO, 2001).
Um estilo de vida fisicamente inativo pode ser causa primaria da incapacidade para realizar
AVD, porém um programa de exercícios físicos regulares pode promover mais mudanças
qualitativas do que quantitativas, como por exemplo, alteração na forma de realizar o
movimento, aumento na velocidade de execução da tarefa e adoção de medidas de segurança
para realizar a tarefa (ANDEOTTI, 1999).
E, como benefícios psicossociais encontram-se o alivio da depressão, o aumento da
autoconfiança, a melhora da auto-estima (NERI, 2001). Além de beneficiar a capacidade
funcional, o exercício físico promove melhora na aptidão física. No idoso os componentes da
aptidão física sofrem um declínio que pode comprometer sua saúde. A aptidão física
relacionada à saúde pode ser definida como a capacidade de realizar as atividades do
cotidiano com vigor e energia e demonstrar menor risco de desenvolver doenças ou condições
crônico degenerativas, associadas a baixos níveis de atividade física (NAHAS, 2001). Os
componentes da aptidão física relacionada à saúde e que podem ser mais influenciados pelas
atividades físicas habituais são a aptidão cardiorrespiratória, a força e resistência muscular e a
flexibilidade, por isso são os mais avaliados, sendo preditores da condição da saúde.
A pratica de atividade física também promove a melhora da composição corporal, a
diminuição de dores articulares, o aumento da densidade mineral óssea, a melhora da
utilização da glicose, a melhora do perfil lipídico, o aumento da capacidade aeróbia, a
melhora de força e de flexibilidade, a diminuição da resistência vascular (MATSUDO, 2001).
O tipo de exercício físico recomendado para idosos no passado era mais o aeróbio pelo seu
efeito no sistema cardiovascular e controle destas doenças, além dos benefícios psicológicos
(BLUMENTHAL et al, 1982). Atualmente, estudos mostram a importância dos exercícios
envolvendo força e flexibilidade, pela melhora e manutenção da capacidade funcional e
autonomia do idoso (MATSUDO, 2001; NAHAS, 2001; OKUMA, 2002; VUORI, 1995).
7
As mudanças no bem estar e na disposição geral, a melhoria na aptidão física e no
desempenho das atividades da vida diária, as sensações corporais agradáveis, uma maior
disposição, a alteração de quadros de doenças com supressão ou diminuição do uso de
medicamentos, o resgate da condição de eficiência, independência e autonomia, levando os
idosos a serem novamente ativos e abertos para o mundo, devolvendo-lhes uma das
possibilidades do ser, que é a mortalidade primordial que predispõe à ação (OKUMA, 2002).
4. Método Pilates na Reabilitação e Prevenção
O método Pilates foi idealizado pelo alemão Joseph Hubertus Pilates (1880-1967) durante a
Primeira Guerra Mundial. Joseph apresentava grande fraqueza muscular por causa de diversas
enfermidades, isto o incentivou a estudar e buscar força muscular em exercícios diferentes dos
conhecidos em sua época. Quando Joseph se mudou para os Estados Unidos, os exercícios
passaram a ser usados por bailarinos, mas a técnica era de uso exclusivo de seu criador. Foi
somente nos anos 80 que houve reconhecimento internacional da técnica de Pilates, que na
década de 90 ganhou popularidade no campo da reabilitação (ANDERSON, 2000;
MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004).
Baseando-se em princípios da cultura oriental - como ioga, artes marciais e meditação – o
Pilates configura-se pela tentativa do controle dos músculos envolvidos nos movimentos da
forma mais consciente possível. Os seis princípios do método Pilates são: concentração,
controle, precisão, centro de força (power house), respiração e movimento harmônico
(movimento fluido/fluxo) (RODRIGUES et al, 2010; LOSS et al, 2010).
Este centro de força é composto pelos músculos abdominais, glúteos e paravertebrais
lombares, que são responsáveis pela estabilização estática e dinâmica do corpo. Então,
durante os exercícios a expiração é associada à contração do diafragma, do transverso
abdominal, do multífido e dos músculos do assoalho pélvico (SILVA; MANNRICH, 2009 e
PIRES; SÁ, 2005; HODGES; RICHARDSON, 1997).
Os exercícios que compõem o método envolvem contrações isotônicas (concêntricas e
excêntricas) e, principalmente, isométricas, com ênfase no que Joseph denominou power
house (ou centro de força) (SILVA; MANNRICH, 2009). Normalmente todos os exercícios
da técnica são realizados com poucas repetições (DOS SANTOS, 2011), sendo que os
exercícios são adaptados às condições do paciente, e o aumento da dificuldade respeita as
características e habilidades individuais (DOS SANTOS, 2011; SILVA; MANNRICH, 2009).
Os aparelhos são dotados de um mecanismo de molas e roldanas que colocam uma maior
resistência ou facilitam a execução de movimentos e simulam situações rotineiras da atividade
física (DOS SANTOS, 2011). Os aparelhos possuem duas características chaves que
possibilitam o desenvolvimento de uma infinita variedade de exercícios, que são: opções de
altura e de localização para o posicionamento das molas e utilização de molas com diferentes
coeficientes de deformação, classificadas pelas suas cores, conforme o nível de resistência
oferecida por elas (SILVA et al, 2009), podendo então, ofertar diferentes graus de dificuldade e
alcançar a posição de máximo esforço e eficiência muscular para determinado exercício (DOS
SANTOS, 2011).
Visando o movimento consciente sem fadiga nem dor, a técnica é uma ferramenta terapêutica
eficaz no acréscimo de flexibilidade (BERTOLLA, 2007), força (KOLYNIAK;
CAVALCANTI; AOKI, 2004), na melhora do condicionamento físico (SILVA;
MANNRICH, 2009), aprimoramento do desempenho motor e funcional (RODRIGUES et al,
2010), definição e consciência corporal, melhora da postura (ARAÚJO et al, 2010) e
equilíbrio (DOS SANTOS, 2011). É também utilizado para estimular a circulação sanguínea,
promover reeducação neuromuscular e estabilização do complexo lombo-pelve-quadril
8
(SILVA et al, 2009). Tais benefícios ajudariam a prevenir lesões e proporcionar um alívio de
dores crônicas (DOS SANTOS, 2011; LOSS et al 2010).
A técnica de Pilates apresenta muitas variações de exercícios, pode ser realizada por pessoas
que buscam alguma atividade física entre diversas faixas etárias. Pode ser realizado por
indivíduos que apresentam alguma patologia ou cirurgia músculo-esquelético onde a
reabilitação é necessária, e também por esportistas que visam melhorar sua performance
(DOS SANTOS, 2011).
5. Materiais e Métodos
O presente trabalho foi desenvolvido através de uma revisão bibliográfica descritiva, no qual
foram utilizados 30 artigos científicos, correspondentes ao intervalo de 2000 a 2011, sendo 05
de produção internacional e 25 de origem, genuinamente, nacional.
As informações e dados obtidos nessa pesquisa foram feitos através de livros, revistas
cientificas, artigos científicos, e na base virtual Scielo e google empregando termos como:
Pilates para idosos, envelhecimento fisiológico, envelhecimento saudável, importância e os
benefícios da atividade física na terceira idade, pilates na reabilitação e prevenção de doenças
crônicas. Todo material colhido foi analisado, compilado e serviu como base para elaboração
do trabalho.
6. Resultados e Discussão
Revisando a literatura, observa-se que o Método Pilates vem ganhando cada vez mais espaço
e notoriedade não apenas dentro das academias, como excelente meio para aprimorar o
condicionamento físico (aplicado por educadores físicos), mas também dentro de clínicas e
estúdios especializados, como técnica de reabilitação (somente aplicado por fisioterapeutas).
Segundo o artigo temos aí duas linhas de aplicação, o Pilates fitness, voltado para finalidade
estética e o reabilitacional, atuando como artifício fisioterapêutico no tratamento de patologias
ósseas e musculares. Além dos maiores benefícios pelos quais o Pilates já é conhecido, tais
como melhora da consciência corporal e respiratória; aumento de força e definição muscular;
alongamento e diminuição de alterações posturais entre outros, foram observadas durante o
tempo de experiência com os praticantes com mais de 60 anos, algumas vantagens que a
técnica pode proporcionar sobre outras. (REVISTAPILATES.COM.BR, 2009. Acesso em:
05.04.2013)
Ainda de acordo com referidos estudos, os pontos que mais precisam ser trabalhados com
esses pacientes são o equilíbrio, a perda de massa muscular e óssea (não esquecendo o fator
número principal a ser eliminado: a dor), assim os exercícios são traçados para suprir essas
deficiências.
Para os autores, é neste momento que ocorre o encaminhamento médico ao Pilates que atuará
como uma poderosa arma neste combate, tornando-se a alternativa mais completa àqueles que
procuram amenizar e até mesmo reverter os efeitos do tempo sobre o corpo físico.
Por ser uma atividade que não apresenta nenhum tipo de impacto às articulações, podem se
beneficiar os portadores de artrose, artrite reumatóide, artroplastia e discopatias degenerativas
(degeneração das vértebras e discos da coluna), osteopenia e osteoporose. A prática contribui
também para o fortalecimento do períneo, nas mulheres, e do assoalho pélvico em ambos os
sexos, favorecendo os portadores de incontinência urinária.
9
O Pilates é também indicado para reestabelecer o equilíbrio, através de exercícios
desafiadores restaurando as conexões responsáveis pela sensação de segurança ao caminhar e
realizar as atividades do dia-dia. Nos idosos, o equilíbrio pode estar alterado devido a desvios
posturais decorrentes da idade.
Além disso, a prática estimula a produção e a demanda de cálcio para os ossos que possam
estar fragilizados, proporcionando lubrificação e aumento da amplitude dos movimentos para
as articulações acometidas, respeitando os limites e avanços de cada um dentro das aulas.
Para Curi (2009), “no Pilates bem orientado por um profissional habilitado, é praticamente
inexistente a possibilidade de lesões ou dores musculares, pois o impacto é zero”. O pilates
pretende criar hábitos saudáveis que perdurem por toda a vida. Com sua prática, as pessoas
aprendem a manter uma postura correta em diversas situações do cotidiano, como sentar,
andar e agachar (MARIN, 2009).
A flexibilidade é a amplitude de movimento disponível em uma articulação ou grupo de
articulações (MIRANDA; MORAIS, 2009; BERTOLLA et al, 2007; SACCO et al, 2005). É a
capacidade de alongamento das estruturas que compõem os tecidos moles (músculos, tendões,
tecido conjuntivo) através da amplitude de movimento articular disponível. O músculo é o
maior contribuinte à amplitude de movimento das articulações (TREVISOL; SILVA, 2009).
Segundo Sacco e colaboradores (2005), em pessoas com patologias, a amplitude articular
pode ser agravada por processos inflamatórios, redução da quantidade de líquido sinovial,
presença de corpos estranhos na articulação e lesões cartilaginosas. Dessa forma, pode haver
movimentos compensatórios de outras articulações, sendo que a limitação pode prejudicar o
desempenho esportivo, laboral ou de atividades da vida diária (BERTOLLA et al, 2007;
SACCO et al, 2005).
A falta de flexibilidade é um fator limitante ao desempenho esportivo e aumenta as chances
de lesões tais como as distensões musculares, porém, a flexibilidade excessiva pode provocar
instabilidade articular gerando entorses articulares, osteoartrite e dores articulares
(BERTOLLA et al, 2007).
A promoção de maiores níveis de flexibilidade ocorre pelo emprego sistematizado de
estímulos denominados alongamentos, que são solicitações de aumento da extensibilidade do
músculo e de outras estruturas, mantidas por um determinado tempo (MIRANDA; MORAIS,
2009). O alongamento é categorizado baseado na forma como o movimento é executado,
estática ou dinamicamente, sendo o alongamento estático simples o meio mais popular para
aumentar flexibilidade. O alongamento também é categorizado baseado na forma como o
movimento é alcançado, de forma ativa ou passiva, ou se o movimento é alcançado por tensão
de músculo agonista ou por inércia, gravidade, ou ambos (TREVISOL; SILVA, 2009).
Vários estudos discutem as diferentes formas de alongamento, comparando sua eficácia. No
método Pilates elas são realizadas concomitantemente (ativo, passivo, estático, dinâmico) e,
provavelmente, seus efeitos se somam. O alongamento ativo aumenta a flexibilidade dos
músculos encurtados enquanto, concomitantemente, melhora a função dos músculos
antagonistas, resultando em trauma de tecido diminuído (TREVISOL; SILVA, 2009).
O estudo realizado por Segal, Hein e Basford (2004) avaliou 47 pessoas quanto à
flexibilidade, composição corporal e percepção de saúde. Foram realizados exercícios básicos
de Pilates, uma vez por semana, durante dois meses. A flexibilidade foi avaliada pelo teste
conhecido como "distância dedo-chão”, com média de aumento de 4,1cm. Segundo os
autores, embora muitas das variáveis não tenham modificado consideravelmente e devem ser
alvo de mais pesquisas, o Pilates mostrou-se eficaz para o incremento da flexibilidade.
Bertolla e colaboradores (2007) estudaram os efeitos de dois programas para ganho de
flexibilidade em 11 atletas juvenis de futsal do Rio Grande do Sul. Para tal, utilizaram
exercícios de solo do método Pilates em sessões de 25 minutos com freqüência de três vezes
por semana durante quatro semanas. A análise de flexibilidade foi feita através do teste no
10
banco de Wells (sentar e alcançar). Este estudo mostrou aumento significativo da flexibilidade
dos atletas.
Os indivíduos participantes do estudo de Trevisol e Silva (2009) foram selecionados
aleatoriamente no VITTALIS Studio Pilates, Joinville-SC, no período de março a junho de
2006. A amostra foi composta por 18 indivíduos voluntários, do gênero feminino, com idade
média de 26,11 ± 5,48 anos, eram iniciantes no método Pilates e não realizavam outro tipo de
treinamento físico. O objetivo foi verificar alterações na flexibilidade aguda da musculatura
isquiotibial, através de testes de amplitude de movimento, pré e pós-aula do método Pilates.
Observou-se que o método foi eficaz para promover aumento agudo na flexibilidade da
musculatura isquiotibial.
Outro estudo verificou os efeitos do método Pilates sobre a flexibilidade de 20 mulheres com
idade média de 34 anos e que nunca haviam praticado a modalidade. Para tal, foi utilizado o
Protocolo do Banco de Wells antes e após 32 sessões. O ganho de flexibilidade obtido após as
sessões foi de 11,74cm. As alunas também relataram melhora aparente na postura corporal
(BARRA; ARAÚJO, 2007).
Dois casos foram estudados com o objetivo de investigar o aumento da resistência física e a
melhora da flexibilidade utilizando como recurso somente o método Pilates. As voluntárias
foram submetidas a dois testes: flexão de tronco no banco de Wells e teste de esforço em
esteira. Durante o período de investigação, as alunas realizaram 24 aulas de forma
individualizada. Na reavaliação, foi mostrado que as alunas tiveram uma melhora de 46% em
relação à resistência física e a freqüência cardíaca de ambas mostrou-se menor. Com relação à
flexibilidade, a média da melhora é de 91%. Com estes fatos, evidenciam-se os benefícios
propostos pelo método (CURCI, 2006).
A pesquisa realizada sobre os efeitos da intervenção do Pilates sobre a postura e a
flexibilidade em mulheres sedentárias demonstrou que, após a realização das 20 aulas,
ocorreu uma melhora no alinhamento postural com relação ao fio de prumo, nos diversos
pontos observados e um aumento na amplitude de movimento dos músculos isquiotibiais e
iliopsoas (QUADROS; FURLANETTO, sd).
Para avaliar a influência do Método Pilates na flexibilidade de mulheres adultas, Prado; Haas
(2006) realizaram um estudo cuja amostra era composta por 10 mulheres, com idade média de
42,5 ± 16,01 anos, que praticaram duas sessões semanais, num período de oito meses.
Avaliou-se a flexibilidade de membros inferiores, superiores e tronco. Os autores concluíram
que a maioria das participantes mostrou-se corporalmente mais flexível.
A boa flexibilidade na coluna lombar, bem como, na musculatura isquiotibial parece estar
associada à menor incidência de lesões lombares crônicas. As restrições impostas por estes
encurtamentos podem resultar em lesões músculo-esqueléticas e dificuldades nas atividades
de vida diária (ROSA; LIMA, 2009; QUADROS; FURLANETTO, sd). A incapacidade de
estabilização da coluna vertebral causada pelo desequilíbrio entre a função dos músculos
extensores e flexores do tronco é outro forte indício para o desenvolvimento de distúrbios da
coluna lombar (KOLYNIAK; CAVALCANTI; AOKI, 2004).
Kolyniak, Cavalcanti e Aoki (2004) avaliaram o efeito do Método Pilates sobre a função de
extensores e flexores do tronco de 20 pessoas com habilidade para executar os exercícios do
nível intermediário-avançado, que completaram 25 sessões, com duração de 45 minutos,
durante 12 semanas. Constataram que o Método Pilates mostrou-se uma eficiente ferramenta
para o fortalecimento da musculatura extensora do tronco, atenuando o desequilíbrio entre
esses grupos musculares.
Em outro estudo, pacientes que apresentavam lombalgia foram divididos em dois grupos, um
realizava exercícios do método Pilates e o outro, exercícios convencionais; sendo monitorada
a intensidade da dor e o escore de disfunção através de um questionário. Após o tratamento, a
intensidade da dor era menor no grupo que realizou Pilates, levando os autores a concluir que
11
os exercícios baseados no Pilates são mais eficazes que os usualmente utilizados no
tratamento da lombalgia (RYDEARD; LEGER; SMITH, 2006).
Um estudo experimental avaliou a eficácia do método Pilates para o alívio de dor lombar em
pacientes com protusão discal (VAD; MACKENZIE; ROOT, 2003). Participaram 50 sujeitos
divididos em dois grupos: um realizou os exercícios do método Pilates e Yoga medicinal
fazendo uso de medicamentos analgésicos e o outro somente realizou tratamento
medicamentoso. Observou-se que um programa de exercícios, bem elaborado, para pacientes
com problemas em discos intervertebrais pode diminuir a protusão no disco, enquanto
restaura a flexibilidade, força, endurance, estabilidade e postura, com resultados superiores ao
tratamento medicamentoso e com menor recorrência da dor lombar.
Em um estudo de caso, Blum (2002) utilizou o método Pilates e a quiropraxia para tratar um
adulto com escoliose severa. Os resultados demonstraram que a aplicação do Pilates em
paciente com escoliose idiopática é uma ferramenta eficaz no combate à progressão da
escoliose, que apresentou melhora na função e diminuição da dor.
Para a reeducação postural algumas técnicas baseadas na cinesioterapia são utilizadas, entre
elas o método Pilates (SACCO et al, 2005; BLUM, 2002; KOLYNIAK; CAVALCANTI;
AOKI, 2004; SEGAL; HEIN; BASFORD, 2004; MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004a; LANGE
et al, 2000). Gómez e García (2009) afirmam que o Pilates é uma das técnicas mais eficazes
na reeducação postural.
A postura corporal é estabelecida por estruturas músculo-esqueléticas que interagem entre si
durante toda a vida; em longo prazo, estas podem evoluir para processos crônicos que causam
dor e podem limitar o indivíduo para a prática de atividade física e laboral (QUADROS;
FURLANETTO, sd; MENDONÇA; SILVA, sd).
Viti e Lucareli (sd) realizaram uma avaliação postural, antes e após um programa de 75
horas/aulas do método Pilates, envolvendo 12 fisioterapeutas e educadores físicos, com idade
entre 23 e 45 anos. As aulas eram realizadas em dias alternados com duração de 55 minutos.
Os resultados mostraram que não houve mudança significativa na postura dos indivíduos
avaliados. Os autores justificaram tais resultados pelo fato das atividades serem em grupo,
sugerindo que os exercícios fossem individualizados e também porque as formações
acadêmicas já haviam construído um esquema de consciência corporal e os exercícios básicos
tornaram-se muito fáceis para os praticantes.
Outra pesquisa verificou os efeitos do Método Pilates no alinhamento postural de cinco
indivíduos com idade entre 50 e 66 anos. Foram 36 aulas com 1 hora de duração realizadas 3
vezes por semana. Ao final do trabalho, observou-se que o alinhamento postural de várias
partes do corpo apresentou uma ligeira melhora e as dores apresentaram uma diminuição
considerável (NUNES et al, 2008).
Nos estudos de Curi (2009), a amostra foi composta 100% por mulheres com mais de 65 anos,
estas com idades entre 65 a 74 anos. Após um período de doze semanas de treinamento,
houve uma diminuição significativa do tempo para a realização das atividades de vida diária
dos idosos.
Quando aplicado na população idosa, o Pilates melhora a força e a mobilidade, que
geralmente estão alteradas devido à presença de doenças degenerativas, como a artrite. O
Pilates também auxilia na manutenção da pressão arterial, além de influenciar na calcificação
óssea. Estes benefícios foram encontrados por Kopitzke (2007), que através da aplicação do
método, aliada ao uso de medicação apropriada, conseguiu alterar o diagnóstico de uma
paciente de osteoporose para osteopenia, após um ano de tratamento.
Outra indicação para o uso do Pilates como forma de reabilitação foi pesquisada por Levine e
colaboradores (2007). Segundo este estudo, o Pilates pode ser usado tanto no período préoperatório quanto no pós-operatório de artroplastia de quadril e joelho. No pré-operatório, o
método ajuda a aumentar força, mobilidade e amplitude de movimento da articulação
12
acometida e das adjacentes, maximizando a função e a flexibilidade. Após artroplastia total de
quadril ou joelho, o método foi utilizado com os mesmos objetivos do período pré-operatório.
De acordo com o estudo, o Pilates foi eficaz nessa população por permitir exercícios precoces
e que respeitassem os limites de movimentação, como também auxiliar no aumento de
resistência dos músculos adjacentes. Nos pacientes que foram submetidos à artroplastia total
do quadril, os autores aconselham que a flexão de quadril seja limitada a 90º, a adução não
ultrapasse a linha mediana e a rotação interna seja mínima.
7. Conclusão
Assim, com base na revisão da literatura, pode-se afirmar que ser idoso não é sinônimo de
estar doente. Atualmente, podem ser encontradas diversas pessoas desfrutando dos benefícios
que a idade traz: a experiência e o amor-próprio são alguns desses. Um idoso que se dispõe a
praticar atividades físicas deve saber, mesmo que empiricamente, o bem e o favor que está
fazendo a si mesmo. Contudo, observa-se que o processo de envelhecimento envolve uma
série de alterações degenerativas, graduais e irreversíveis do corpo, como disfunções
posturais, ciclo de marcha reduzida, perda do controle e estabilidade que levam á perda de
função, força muscular, flexibilidade, coordenação e memória. Tais alterações levam o idoso
a perder autonomia e qualidade de vida.
O Método Pilates pode ser uma ferramenta de alta valia, poderosa e eficaz para o
fisioterapeuta na reabilitação de pacientes, apresentando benefícios variados, quando aplicado
de acordo com seus princípios, tendo poucas contra-indicações, além do seu uso voltado ao
fitness. A maioria das contra-indicações não impede a aplicação do método, apenas exige
algumas alterações e cuidados, enfatizando que o método seja individualizado. As indicações
são muitas e variadas, podendo ser aplicado em populações especiais – como gestantes, idosos
e atletas - e também em vários problemas ortopédicos. Segundo diversos estudos, os
resultados do Método Pilates, no que compete ao tratamento de desvios posturais e distúrbios
osteomioligamentares, têm sido satisfatórios.
Dessa forma, a prática do Pilates com idosos propõe melhorar a qualidade de vida do
indivíduo como um todo, alterando seu estado físico, mental e social, contribuindo para o
convívio dessa pessoa com demais membros da sociedade. A técnica tem se mostrado segura,
desde que bem orientada, por um profissional habilitado, pois a possibilidade de lesões ou
dores musculares é praticamente inexistente, já que o impacto nas articulações durante o
exercício é nulo.
Por ser uma atividade que não apresenta nenhum tipo de impacto às articulações, podem se
beneficiar os portadores de artrose, artrite reumatóide, artroplastia e discopatias degenerativas
(degeneração das vértebras e discos da coluna), osteopenia e osteoporose. A prática contribui
também para o fortalecimento do períneo, nas mulheres, e do assoalho pélvico em ambos os
sexos, favorecendo os portadores de incontinência urinária.
O Pilates é também indicado para reestabelecer o equilíbrio, através de exercícios
desafiadores restaurando as conexões responsáveis pela sensação de segurança ao caminhar e
realizar as atividades do dia-dia. Nos idosos, o equilíbrio pode estar alterado devido a desvios
posturais decorrentes da idade.
Além disso, a prática estimula a produção e a demanda de cálcio para os ossos que possam
estar fragilizados, proporcionando lubrificação e aumento da amplitude dos movimentos para
as articulações acometidas, respeitando os limites e avanços de cada um dentro das aulas.
O Pilates ainda pode trazer diversos benefícios para os praticantes da terceira idade. O método
garante o aumento da densidade óssea; libera a tensão das articulações, deixando-as mais
móveis e flexíveis; aumentando a capacidade respiratória e cardiovascular; melhorando a
13
postura, evitando possíveis lesões de coluna; e desenvolvendo o corpo e os músculos,
diminuindo a fadiga do dia a dia. Porém, ainda há carência de estudos sobre a utilização do
método, em diferentes aplicações, sendo necessária maior ênfase em pesquisas na área,
utilizando amostras maiores.
Assim, parafraseando Blum (2002) pode-se dizer que o método Pilates de condicionamento
físico está apto a proporcionar satisfação total aos praticantes da terceira idade que desejam
obter uma melhor qualidade de vida, aproveitando ao máximo seu corpo e a plenitude de sua
saúde.
8 Referencias
ANDERSON BD, SPECTOR A. Introductions to pilates-based rehabilitation. Orth Phys Ther Clin. North Am.
2000.
ARAÚJO, M. E. A; DA SILVA, E B; VIEIRA, P. C.; CADER, S. A; MELLO, D. B; DANTAS, E. H. M.
Redução da dor crônica associada à escoliose não estrutural, em universitárias submetidas ao método
Pilates. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro. 2010.
ACHOUR JUNIOR, A. – Exercícios de alongamento – Manole Editora, São Paulo, SP, 2006.
ASENCIO, Gérard; VIEL, Eric. A marcha humana, a corrida e o salto, biomecânica, investigações, normas
e disfunções. São Paulo: Manole, 2001.
BERTOLLA, F; BARONI, B. M.; JUNIOR, E. C. P. L; OLTRAMARI, J. D. Efeito de um programa de
treinamento utilizando o método Pilates® na flexibilidade de atletas juvenis de futsal. Revista Brasileira de
Medicina do Esporte. v. 13. n. 4. jul/ago, 2007
BRUNELLI, ANE R. Os efeitos do método Pilates no equilíbrio e na marcha de pacientes com acidente
vascular encefálico (AVE). Monografia apresentada a Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC,
2009.
CAMARÃO, T. C. Pilates com bola no Brasil: corpo definido e bem estar. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 207
p.
______. – Pilates no Brasil – Editora Alegro - Rio de Janeiro – RJ, 2004.
CARVALHO, G. A; PEIXOTO, N. M; CAPELLA, P. D. Análise comparativa da avaliação funcional do
paciente geriátrico institucionalizado por meio dos protocolos de Katz e Tinetti. Revista Digital - Buenos
Aires - Ano 12 - N° 114 - Novembro de 2007.
CRAIG C. Pilates com a bola. 2 ed. São Paulo: Phorte; 2004.
CRUZ, A. O.; MELO, E. M. de; MELO S. I. L. “Análise Biomecânica do Equilíbrio do Idoso”. Acta Ortop.
Bras., 2010.
CURI, V.S. A Influência do método Pilates nas Atividades de Vida Diária de Idosas. Porto Alegre. 2009.
Disponível em http://www.inovefit.com.br/admin/artigos/3.pdf. Acesso: 05.04.2013.
DOS SANTOS, J. L. R. Pilates aprimorando o equilíbrio em idosos: Revisão Integrativa. Revista Portal de
Divulgação, 2011.
GALLAGHER, S P; KRYZANOWSKA, R. O Método Pilates de condicionamento Físico. 3 ed. São Paulo:
Ed. Daninger Penna, 2000.
GUCCIONE, Andrew A. Fisioterapia Geriátrica. 2 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
HODGES P.W, RICHARDSON C.A. Contraction of the abdominal muscles associated with movement of the
lower limb. Phys Ther. 2007.
KOLYNIAK, I. E. G. G; CAVALCANTI, S. M. de B; AOKI, M. S. Avaliação isocinética da musculatura
envolvida na flexão e extensão do tronco: efeito do método Pilates®. Revista Brasileira de Medicina do
Esporte. v. 10, n. 6, nov/dez, 2004
KLOUBEC, J. A. “Pilates for Improvement of Muscle Endurance, Flexibilty, Balance and Posture”. Journal
of Strenght and Conditioning Research. 2010.
14
LANGE C, UNNITHAN V, LARKAM E, LATTA P. Maximizing the benefits of Pilates-inspired exercise for
learning functional motor skills. Journal of bodywork and Movement Therapies. 2000.
LOPES, M. A; SIEDLER, M. J. Atividade Física: agente de transformação dos idosos. Texto & Contexto – A
Enfermagem e o Envelhecer Humano. Florianópolis, 2007.
LORDA PAZ, C. R. Educação Física e recreação para a terceira idade. Porto Alegre, RS: Sagra, 2000.
LOSS, J. F.; MELO, M. O.; ROSA, C H.; LA TORRE, M.; SILVA, Yumie O. Atividade elétrica dos músculos
oblíquos externos e multífidos durante o exercício de flexoextensão do quadril realizado no Cadillac com
diferentes regulagens de mola e posições do indivíduo. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, 2010.
MACIEL, A. C. C.; GUERRA, R., O. “Prevalência de fatores associados ao déficit de equilíbrio em idosos”.
R. Bras. Ci e Mov., 2005.
MATSUDO, S. M. M. Envelhecimento e atividade física. Londrina: Midiograf, 2001.
MUSCOLINO, JE, CIPRIANI, S. Pilates and the “powerhouse” Part 1. J Body Mov Ther. 2004.
PANELLI, C; DE MARCO, A. Método pilates de condicionamento do corpo: um programa para toda vida.
São Paulo: Phorte, 2006. 158 p.
PERRACINI, M R; FLÓ, C. M. Funcionalidade e Envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
PIRES D, SÁ CKC. Pilates: notas sobre aspectos históricos, princípios, técnicas e aplicações. Revista Digital.
2005.
RODRIGUES, B. G. DE S; CADER, S. A; TORRES, N. V. O. B.; OLIVEIRA, E. M.; DANTAS, E. H. M..
Autonomia funcional de idosas praticantes de Pilates. Revista Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, 2010.
SACCO, I. C. N. et al. “Método Pilates em revista: aspectos biomecânicos de movimentos específicos para
reestruturação postural - Estudos de caso”. R. bras. Ci e Mov. 2005.
SILVA, T. C. L. G; MANNRICH, G. Pilates na Reabilitação: uma revisão sistemática. Revista Fisioterapia em
Movimento. Curitiba, v. 22, n. 3, p. 449-455, jul/set, 2009
SILVA Y; MELO M; GOMES L; BONEZI A, L JF. Análise da resistência externa e da atividade
eletromiográfica do movimento de extensão do quadril realizado segundo o método Pilates. Revista
Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, 2009.
VERDERI, E. Educação postural e qualidade de vida. Lecturas Educácion Física y Deportes. Revista digital,
2002.
Download