ID: 30548552 11-06-2010 Tiragem: 26368 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,55 x 31,24 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 3 Sócrates abre excepção para universidades nos cortes orçamentais Governo recuou e Superior afinal não será afectado com cativação de 20% das receitas. As universidades podem assim utilizar mais cerca de 48 milhões de euros. Denise Fernandes e Mariana Adam [email protected] As universidades vão escapar aos cortes orçamentais de 20% anunciados pelo Governo para todos os serviços e fundos autónomos, apurou o Diário Económico. Com esta excepção, aberta à última hora por José Sócrates aos estabelecimentos de ensino superior, o Estado abdica de uma poupança de 48 milhões de euros. O Governo anunciou em Maio, no âmbito do plano de austeridade para baixar o défice de 9,4% para 7,3% do PIB, que iria avançar com cortes na despesa nos organismos públicos, entre os quais os serviços e fundos autónomos, onde se incluem as universidades. Na altura, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, explicou que estes organismos seriam obrigados a cativar 20% das suas receitas próprias a título de taxas, multas e outras penalidades, onde se inserem as propinas. O governante referiu mesmo que a cativação das verbas nos serviços e fundos autónomos seria a medida do pacote de austeridade que iria permitir maior poupança. Contas feitas, de acordo com o Orçamento do Estado, iriam ficar retidos na “gaveta” de Teixeira dos Santos 306 milhões de euros. Mas, deste bolo, o Governo abdicou de 48 milhões que ficam assim à disposição das universidades. Segundo apurou o Diário Económico, no passado domingo, num encontro com reitores das universidades, realizado a pedido do Governo, o primeiroministro, José Sócrates, e o ministro da Ciência e do Ensino Superior, Mariano Gago, garantiram aos reitores que a cativação de 20% não seria aplicada aos estabelecimentos de ensino superior, no âmbito do contrato de confiança assinado entre o Governo e as universidades em Janeiro passado. Ministérios e reitores calados sobre o assunto Questionado pelo Diário Económico sobre o assunto no início O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, disse em Maio que a cativação de 20% das taxas seria a medida do plano de austeridade que mais renderia aos cofres do Estado. O CRUP, presidido por António Rendas, revela que Sócrates garantiu que o Governo respeitará a “gestão autónoma das receitas próprias” das universidades. Etv Canal 200 da ZON Acompanhe a execução do plano de austeridade no canal 200 da ZON. da semana, o Ministério das Finanças remeteu para o do Ensino Superior e este, por sua vez, não avançou com qualquer comentário. Também o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Rendas, recusou falar ao Diário Económico nos últimos dias. Porém, na quarta-feira, o CRUP emitiu um comunicado à imprensa sobre a reunião de domingo. No documento, António Rendas conta que José Sócrates garantiu que iria “manter escrupulosamente” o contrato de confiança em matéria das disponibilidades orçamentais. Sócrates assegurou também que o Governo iria respeitar a “gestão autónoma das receitas próprias e do pessoal, consagrada nos termos do regime jurídico das Instituições do Ensino Superior”. “Nas condições exigentes do processo de consolidação orçamental em curso, as universidades reconhecem esta decisão do Governo como uma excepcional prova de confiança”, refere Rendas, no comunicado. O contrato de confiança, assinado em Janeiro, estabelece as bases para o desenvolvimento do ensino superior para 20102013. Com o contrato, o Governo comprometeu-se, em 2010, a dotar as universidades com mais 100 milhões de euros face ao orçamento de 2009. O objectivo é aumentar a qualificação ao nível superior dos portugueses de mais 100 mil activos. A verba extra inclui 12 milhões de despesa com ADSE, que passou em 2010 a ser directamente suportada por dotações inscritas no Ministério das Finanças. Inclui ainda 37 milhões de euros correspondentes à subida da percentagem de cálculo da contribuição para a CGA, de 11% para 15%. Para os anos seguintes, o contrato de confiança estabelece que as dotações orçamentais para o ensino superior serão, “no mínimo”, idênticas aos valores de 2010 “sob reserva das condições financeiras do país”. ■ OS NÚMEROS 48 milhões Estes 48 milhões seriam a poupança com a cativação de 20% das receitas próprias das universidades (propinas). Porém, o Governo recuou e não vai aplicar a cativação às universidades, o que significa que esse dinheiro afinal não ficará “na gaveta”, mas estará sim à disposição dos reitores. 306 milhões A cativação de 20% das receitas arrecadadas a título de taxas, multas e outras penalidades nos serviços e fundos autónomos permite ao Estado poupar 306 milhões de euros. Com esta excepção o valor baixa para os 258 milhões. Teixeira dos Santos anunciou que a cativação seria a medida do plano de austeridade com maior impacto orçamental. 67% Cerca de 67% do dinheiro das universidades públicas, em Portugal, vem do Estado. Estes dados são do relatório da OCDE “Education at a Glance”, publicado em 2009. A restante fatia do financiamento das universidades chega das receitas próprias, onde estão incluídas as propinas, as vendas de serviços, o mecenato, os fundos comunitários ou os alugueres de espaços. José Sócrates e Mariano Gago estiveram reunidos, à porta fechada, com reitores no passado Domingo. ID: 30548552 11-06-2010 Tiragem: 26368 Pág: 11 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,39 x 31,55 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 3 João Paulo Dias ID: 30548552 11-06-2010 Tiragem: 26368 Pág: 1 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 16,16 x 8,38 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 3 Universidades escapam aos cortes impostos no plano de austeridade As universidades vão escapar ao plano de austeridade que previa uma cativação de 20% das receitas com as propinas. São mais 48 milhões. José Sócrates recuou no plano de austeridade para o Ensino Superior. As universidades vão escapar aos cortes orçamentais de 20% anunciados pelo Governo para todos os serviços e fundos autónomos, apurou o Diário Económico. Com esta excepção, aberta à última hora por Sócrates aos estabelecimentos de ensino superior, o Estado abdica de uma poupança de 48 milhões. ➥ P10