MÚLTIPLAS CIRCULARES DE CORDÃO UMBILICAL EM UM FETO COM SÍNDROME DA VARICELA FETAL Autores Carla Graziadio 1, Jane Bencke 1, Ana Mazzia 1, Bárbara do Nascimento 1, Milene Picasso 1, Renata Teixeira 1, Luciano Targa 2, Rosilene Betat 2, Paulo Zen 1, Rafael Rosa 1 Instituição 1 UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (Rua Sarmento Leite, 245/403 Bairro Centro - Porto Alegre, RS), 2 HMIPV - Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (Av. Independência, nº 661 - Bairro Independência - Porto Alegre, RS) Resumo OBJETIVOS descrever um feto com a síndrome da varicela fetal (SVF) apresentando múltiplas circulares de cordão umbilical. MÉTODOS realizou-se a descrição do caso junto com uma revisão da literatura. RESULTADOS a gestante apresentava 18 anos e estava em sua segunda gestação. Ela foi encaminhada ao pré-natal da medicina fetal com 31 semanas de gestação por história de varicela no quarto mês de gravidez. A gestante negava o uso de álcool, fumo ou drogas ilícitas. A avaliação ultrassonográfica posterior havia verificado a presença no feto de pés tortos e de polidrâmnio. A avaliação ultrassonográfica realizada com 31 semanas de gestação evidenciou feto com peso estimado de 1117g (no percentil 5 para esta idade gestacional); ILA de 25 cm; hiperextensão da mão esquerda; flexão sustentada dos membros inferiores com desvio medial dos pés bilateralmente; fígado e pericárdio com calcificações, e artéria umbilical única. A ecocardiografia mostrou focos hiper-refringentes localizados no pericárdio, septo interventricular e aparelhos subvalvares tricúspide e mitral. As sorologias do STORCH foram negativas. A ecografia fetal realizada com 34 semanas de gravidez mostrou a presença também de quatro circulares de cordão envolvendo a coxa direita do feto. A ressonância magnética fetal realizada logo a seguir demonstrou polidramnia e confirmou o achado de circular de cordão umbilical com pelo menos 4 voltas em coxa direita. Havia também hiperintensidade de sinal difusa e heterogênea da substância branca profunda de ambos os hemisférios cerebrais, sugestiva de leucoencefalopatia. Verificou-se também a presença de possível siringohidromielia, que se iniciava na altura da transição cervicotorácica. O fígado mostrava-se aumentado de volume e havia hiperextensão da mão esquerda e pés tortos congênitos. A avaliação ecográfica com 37 semanas de gravidez demonstrou ausência de batimentos cardíacos fetais. A criança nasceu de parto normal induzido. A avaliação através da autópsia revelou feto masculino pesando 1460g. Ele apresentava hipoplasia do membro superior e inferior esquerdos; defeito de redução do terceiro ao quinto dedos da mão esquerda (havia ausência das extremidades destes dedos); pés tortos varos e artéria umbilical única. A avaliação dos órgãos internos ficou prejudicada devido à autólise dos tecidos. CONCLUSÃO a SVF caracteriza-se pela presença de anomalias decorrentes da infecção primária materna pelo vírus varicelazoster. Anormalidades do cordão umbilical têm sido raramente descritas e incluem a artéria umbilical única, uma alteração também verificada em nosso caso. Acreditamos que alguns fatores, sabidamente associados com a etiologia das circulares de cordão umbilical, podem ter contribuído para o achado incomum verificado em nosso feto, como a presença de crescimento intrauterino restrito e de polidrâmnio. Palavras-chaves: Calcificações, Circulares de cordão umbilical, Diagnóstico pré-natal, Ressonância magnética fetal, Síndrome da varicela fetal Agência de Fomento: