CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO Ana Cristina Nogueira Borges Faria Geriatra E-mail: [email protected] _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 1 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ AULA 01: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO Composição e forma do corpo Estatura: Redução de 1 cm por década a partir dos 40 anos. Etiologias: Redução de arco dos pés. Aumento da curvatura da coluna. Alterações nos discos intervertebrais. Não há alterações no tamanho dos ossos longos. Aumento dos diâmetros da caixa torácica e do crânio Aumento do pavilhão auditivo Aumento do nariz Pele Atrofia em grau variável, com adelgaçamento difuso, secura e pregueamento (aspecto de papel de seda) Tonalidade ligeiramente amarelada, com perda da elasticidade e do turgor Epiderme Redução da espessura por diminuição do volume das células, podendo ocorrer redução do nº de camadas celulares do estrato espinhoso. Céls da camada basal e espinhosa c/ alterações do volume e forma e por vezes com disposição desordenada. Retificação dos cones epiteliais com redução das papilas, o que diminui a coesão dermo-epidérmica Redução do ‘turnover celular”: aumento no tempo para substituição do estrato córneo e portanto aumento no tempo de reepitelização. Perda da função de barreira por redução dos lipídios do estrato córneo, redução dos NMF e por descamação menos efetiva c/ acúmulo de corneócitos . Aspecto de pele seca, opaca e áspera. Atrófica e descamativa Menores traumas podem determinar ecmoses, manchas vermelhas ou púrpuras. Machas senis: hiperpigmentadas, marrons, lisas e achatadas. Comuns as manchas de queratose seborréica: escuras, salientes, descamativas. Derme Perda da elasticidade (elastina fica mais “porosa”.) Redução da espessura: atrofia Surgimento das rugas Redução das glândulas sudoríparas e sebáceas: pele seca e áspera, mais sujeita a infecções e mais sensível a mudanças de temperatura Redução do tecido subcutâneo _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 2 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Diminuição dos fibroblastos e da vascularização. Alterações na produção do colágeno que resultam em perda de espessura e desorganização das fibras. Degeneração das fibras elásticas. Redução na quantidade de ácido hialurônico o que resulta na diminuição da capacidade de retenção de água pela pele. Redução dos corpúsculos de Meissner, Vater-Pacini e Merckle. Conseqüências: redução da elasticidade, da resistência e do turgor da pele; enrugamento, pele frouxa e pendente; diminuição da sensibilidade; fluxo sangüíneo diminuído e termorregulação prejudicada Tecido celular subcutâneo Está em geral diminuído, especialmente em face, dorso de mãos e região tibial anterior, com redução do nº e do volume dos adipócitos . Pigmentação da pele Número de melanócitos dopa+ diminui progressivamente c/ conseqüente redução da função melanogênica, exceto nas áreas de melanoses solares, onde há hipertrofia funcional . Há também redução do nº e da atividade dos melanócitos da papila do pêlo. Redução de até 50% do nº de células de Langerhans principalmente nas áreas fotoexpostas, o que contribui para uma menor resposta imune celular. Pigmentação: há em geral uma hipomelanose difusa discreta e progressiva. Ainda que na pele exposta ao sol seja uma característica o aparecimento de manchas melânicas. Pêlos Redução geral em todo o corpo, exceto: narinas, sobrancelhas e orelhas. Sexo feminino: surgimento de pêlos em mento e lábio superior: hiperandrogenismo Perda da pigmentação dos pêlos: “cabelos brancos”. Inativação de células do bulbo capilar: queda de pêlos, calvície. Os pêlos do corpo são os primeiros que diminuem e a seguir os pubianos e axilares. Unhas Tornam-se frágeis, com perda de brilho, surgimento de estriações longitudinais e descolamento. Unhas dos pés c/ alterações de espessura e opacificação e/ou áreas de escurecimento da lâmina são freqüentes por anormalidades ortopédicas que se agravam com a idade. O grau de crescimento das unhas diminui progressivamente e se torna igual em ambos os sexos. Temperatura Corporal A regulação homeostática da temperatura corporal e habilidade de adaptar a diferentes ambientes térmicos deteriora com idade avançada. Prejuízo de manter a temperatura corporal. Sudorese é também prejudicada no idoso. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 3 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ O aumento da temperatura em resposta a pirógenos é alterada. Tecido Adiposo Aumento da contribuição do tecido adiposo para o peso corporal, redução da “massa magra” e perda de massa óssea. Aumento de tecido adiposo em tronco, omentos, região peri-renal e substituição ao parênquima dos órgãos. Redução de adipócitos em membros e tecido celular subcutâneo. Alterações hídricas Redução dos reflexos de sede e fome. Redução da água corporal total. Perda da água intracelular. Importância deste conhecimento na administração de drogas hidro ou lipossolúveis. Percepção dolorosa Aumenta limiar de dor em idosos. Repercussões clínicas: Redução da sensibilidade dolorosa. Dificuldade ao diagnóstico de patologias, muitas vezes graves por exemplo abdome agudo. Aula 2: Fisiologia do envelhecimento Órgãos dos sentidos Visão MODIFICAÇÕES OCULARES DEVIDAS AO ENVELHECIMENTO • PÁLPEBRAS Envelhecimento dos tecidos da pele:perda de elasticidade com enrugamento e frouxidão. Pode haver alterações adiposas dos tecidos . • CONJUNTIVA Placas senis e infiltrações degenerativas. • CÓRNEA Infiltrações circulares de material degenerativo junto ao limbo (“arco senil”). Um achatamento da curvatura do meridiano vertical tende a produzir uma visão distorcida. • CRISTALINO Mudança da consistência, de plástico macio, no cristalino jovem, para uma semelhante à do vidro, aumentando a dificuldade de mudar de forma, para atender à acomodação (presbiopia). Distúrbios no metabolismo cristalineano podem produzir alterações de tecido que resultam na perda de transparência (catarata). A maioria das pessoas idosa tem algum grau de catarata. • VÍTREO Aumento de “partículas flutuantes” (moscas volantes), depósitos degenerativos , deslocamento e liquefação do vítreo. • CORÓIDE E RETINA Arteriosclerose dos vasos da coróide e pode ser seguida por alterações degenerativas nestes tecidos _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 4 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Catarata Glaucoma Degeneração macular Patologias oculares frequêntes Catarata • Etiologias: trauma, congênita ou senil • Fisiopatologia: opacificação do cristalino, impossibilitando a passagem de luz e capacidade de acomodação, diminuindo a visão e até provocando cegueira. • Tratamento cirúrgico: remoção do cristalino opaco, introdução de uma lente intraocular que fará o papel de cristalino. GLAUCOMA • Complexo de entidades patológicas que têm, em comum, um aumento na pressão intraocular, suficiente para causar degeneração da papila óptica e defeitos no campo visual. • Glaucoma crônico (ângulo aberto) pode levar à perda visual. O grau de interferência com a visão varia desde um leve borramento até a cegueira completa. • Glaucoma de ângulo fechado compreende menos de 5% dos casos. Paladar • Dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: • amargo (A), • azedo ou ácido (B), • salgado (C) • e doce (D). • De sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na superfície da língua, não é homogênea. • Envelhecimento: redução das papilas gustativas e do paladar. Audição OUVIDO EXTERNO Pêlos do trago OUVIDO MÉDIO OUVIDO INTERNO Estreitamento do espaço Degeneração das células do (característica sexual articular dos ossículos + órgão de Corti (equilíbrio) e secundária) se tornam calcificação cartilagem da cóclea (audição): mais grossos, maiores e articular proeminentes. articular Glândulas da cera se atrofiam degeneração • Redução da sensibilidade vestibular • Hipoacusia cera mais seca Atrofia e ressecamento da pele prurido _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 5 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ AULA 03: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RELACIONADAS À FARMACOLOGIA Farmacocinética # Farmacodinâmica Farmacocinética: Absorção, distribuição, metabolismo e excreção das drogas. Conjunto de alterações sofridas pelas drogas. Farmacodinâmica: Mecanismos implicados na ação das drogas. Alterações fisiológicas Interferências na absorção: Redução da secreção de ácido gástrico (hipocloridria, acloridria). ↓ esvaziamento gástrico retarda absorção e/ ou aumenta degradação da droga (pode determinar a inativação de algumas drogas, por exemplo L-Dopa). Alterações da absorção decorrentes de administração concomitante de medicações. Ex: antiácidos ↓ absorção da cimetidina e derivados imidazólicos Alterações intestinais: Aceleração no trânsito intestinal (reduz absorção). Lentificação do trânsito intestinal (aumenta absorção). Controvérsias: influência da redução das vilosidades intestinais, com redução da área da superfície da mucosa. Interferências na absorção: Redução da circulação êntero-hepática (sobretudo nas reduções do débito cardíaco), diminuição da absorção dos medicamentos que precisam do metabolismo de primeira passagem no fígado. Aterosclerose associada reduz mais ainda o fluxo sangüíneo. Alterações Patológicas Interferências na absorção: Edema intestinal: reduz absorção. Doenças agudas (ex. infecções). Gastrectomia, enterites, síndromes de má absorção: redução da absorção de: ferro, ácido fólico, vitamina B12, corticosteróides, digoxina. Avaliação da administração parenteral. Interferências na distribuição: Redução da massa muscular. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 6 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Aumento de tecido adiposo. Redução da água corporal. Redução da albumina sérica. Aumento da distribuição das drogas lipofílicas. Redução da distribuição das drogas hidrossolúvéis. Interferência no metabolismo: Redução da função hepática (oxidação, metabolismo de primeira passagem). O metabolismo por conjugação não parece ser tão afetado. ↓ fase I metabolismo: drogas que inibem ou induzem a atividade hepática (citocromo P450). Redução da função renal: Aumento na T1/2 das drogas: Redução na depuração (por redução do metabolismo e/ou excreção) Aumento do volume de distribuição Interferências na excreção: Drogas lipossolúveis: maior reabsorção renal. Redução da filtração glomerular em 35% a 50%: Redução do número de néfrons Aumento do tecido conectivo intersticial Hialinização glomerular Espessamento da membrana basal Redução do fluxo plasmático Redução do peso renal Creatinina não é um bom marcador da função renal no idoso: Redução da massa muscular, que reduz a produção de creatinina. Excreção via hepatobiliar (sobretudo nas drogas que sofrem conjugação hepática). Patologias Principais aspectos patológicos que interferem na farmacocinética: Desnutrição ICC Insuficiência renal e hepática Infecções Uso de múltiplas drogas[ Farmacodinâmica Não tão bem estudada como a farmacocinética. Maior sensibilidade do SNC à ação de drogas Benzodiazepínicas. Maior sensibilidade a anticoagulantes. Maior sensibilidade a várias drogas decorrente de: Aumento da hipotensão ortostática Maior disfunção vesical e intestinal Menor controle postural (alteração na barorregulação) Dificuldades de termorregulação Aumento da intolerância à glicose _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 7 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Alterações de sensibilidade à ação enzimática Resposta imunitária reduzida, particularmente a celular Toxicidade Devido às alterações fisiológicas, farmacocinéticas e farmacodinâmicas: redução da janela terapêutica no idoso: Dose terapêutica ≅ dose tóxica AULA 04: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS ENVELHECIMENTO DO SNC Capacidade reparadora do SNC Neurônios: células altamente diferenciadas e especializadas, estáveis estruturalmente. SNC não dispõe de capacidade reparadora: – Neurônios não podem se reproduzir. – Células oligodendrogliais não podem remielinizar-se. – Vasos sangüíneos cerebrais: capacidade limitada para reparação estrutural. Mecanismos compensadores do SNC Redundância: – existem muito mais células nervosas do que o necessário para cada função. Mecanismos compensadores: – Na lesão do SNC: adaptações são mais eficientes quanto mais altos forem os centros atingidos. Plasticidade: reparação do SNC com formação de novas sinapses dos neurônios maduros – A formação de novos circuitos sinápticos permite adaptações e desenvolvimento de habilidades. Alterações anatômicas do SNC: Atrofia cerebral, com redução de 5-10% do peso do cérebro, quando comparado a jovens. – A redução do peso se verifica a partir da terceira década de vida. – Sexo feminino: declínio do peso cerebral é mais precoce. Redução do volume cerebral após 60 anos: – Até 60 anos proporção cérebro-calota cerca de 93%, entre 70 e 90 anos: relação de 80%. Aumento dos sulcos em detrimentos dos giros. Aumento do tamanho dos ventrículos cerebrais. Aspectos clínicos: Atrofia cerebral e redução do volume encefálico: – Tracionamento dos vasos das meninges. – Maior risco de hemorragias subdurais em traumas encefálicos diretos ou indiretos (mecanismo de aceleração/desaceleração). Alterações estruturais do SNC _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 8 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Depósitos de lipofucsina (lipocromo ou pigmento de desgaste). Depósitos amilóides nos vasos e células. Placas senis. Emaranhados neurofibrilares. Difícil correlação com patologias: Embora placas e emaranhados sejam comuns na Dç. Alzhiemer, cérebros normais podem ter alterações. Alterações Morfofuncionais Acúmulo de lipofucsina. Redução de neurônios sobretudo em córtex de: – Giros pré-centrais – Giros temporais – Cerebelo. Parece haver maior perda de neurônios que não possuem prolongamentos na substância branca (neurônios de associações intracorticais). Atrofia neuronal: redução do RNA citoplasmático, acúmulo de lipofucsina. Retração do corpo celular dos grandes neurônios. Aumento relativo da população dos pequenos neurônios. Adelgaçamento da espessura cortical. Sensibilidade – Alteram sensibilidade tátil e dolorosa. – Limiar para a dor aumenta e a sensibilidade dolorosa cutânea e visceral diminui. – Perda da sensação vibratória, discriminação dois pontos. Alterações bioquímicas Redução em níveis de : – Acetilcolina – Receptores colinérgicos – Ácido Gama-aminobutírico – Serotonina – Catecolaminas – Dopamina Declínio da função sináptica. Aumenta efeito da monoaminoxidade (enzima que degrada a norepinefrina). Memória: – Campo de controvérsias – Aquisição e retenção de novas informações em indivíduos > 60a, tornam-se mais difíceis? – O fluxo de informações é dificultado, principalmente a transferência de novas informações para a memória secundária. – Alterações das conexões do hipocampo com as áreas de aprendizagem – Esquecimento senescente benigno x fase inicial de Alzheimer. Alteração patológica ou fisiológica? _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 9 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Diagnóstico diferencial das queixas de memória: – Quadros demenciais – Delirium – Quadros depressivos – Distúrbios metabólicos (tireoidianos, diabetes, hidroeletrolíticos...) – Doenças agudas – Deficiência vitamínica (B12, ácido fólico e tiamina) – Desatenção – Esquecimento senil benigno ou fisiológico Avaliar independência funcional, grau de interferência da queixa na vida diária. Alterações fisiológicas do sono: – Alteração da qualidade e quantidade – Maior fragmentação – Latência prolongada – Redução do sono REM – Redução do estágio 4 – Sono mais superficial Aspectos clínicos: – Queixas freqüêntes de insônia. – Necessidade de avaliar a interferência da redução do sono nas atividades diárias: Sono suficiente? Sonolência diurna? Distração para atividades? Dificuldades de concentração? – É a principal causa do uso abusivo de benzodiazepínicos, com riscos de iatrogenia. Causas freqüentes de insônia no idoso Ambientais Depressão Dellirium Demências Apnéia do sono Dor crônica DPOC ICC Noctúria Mioclonias Drogas Dç. Parkinson Dist. Dispépticos Fecaloma Distúrbios do ritmo circadiano AULA 05: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES Aspectos gerais Número de células miocárdicas não aumenta após desenvolvimento neonatal. Alterações bioquímicas e anatômicas com o envelhecimento, mas podem ser por doenças, ou relacionadas ao estilo de vida. Estreita relação entre fenômenos fisiológicos e patológicos, às vezes difícil diferenciação clínica. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 10 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Elevada incidência de doenças cardiovasculares. Alterações morfológicas Pericádio: Alterações discretas. Espessamento difuso (sobretudo nas cavidades esquerdas). Aumento da gordura epicárdica (falsa impressão de aumento da área cardíaca). Endocárdio: Espessamento e opacidade, mais em câmaras esquerdas. Proliferação de fibras elásticas e colágenas, com fragmentação, desorganização e perda da disposição uniforme habitual. Hipótese: resultado de hiperplasia resultante da longa turbulência sangüínea. Focos de infiltração lipídica. Miocárdio: Acúmulo de gordura (sobretudo átrios e septo interventricular). Normalmente não representam alterações clínicas, mas podem favorecer arritmias. Degeneração muscular, com substituição de células miocárdicas por tecido fibroso, que podem ser semelhantes às alterações decorrentes de isquemia. Depósito intracelular de lipofucsina. Aumento da resistência vascular periférica pode levar a moderada hipertrofia miocárdica concêntrica, sobretudo de câmara ventricular esquerda. Depósitos de substância amilóide: amiloidose senil, que está correlacionada a maior incidência de insuficiência cardíaca. Depósitos amilóides podem ocupar áreas de nódulo sinoatrial: risco de arritmias atriais, disfunção atrial, bloqueio átrio-ventricular. Alterações valvares: Tecido valvar é predominantemente colágeno. Envelhecimento: degenerações, espessamento, calcificações. Alterações mais freqüentes em Aorta e mitral. Alterações iniciais: Redução do conteúdo de mucopolissacárides, aumento de lípides. Alterações moderadas e avançadas: Espessamento, esclerose discreta, fragmentação colágena, formação de nódulos no bordo de fechamento das cúspides. Alterações da valva mitral Calcificação, degeneração mucóide. Calcificação mitral: 10% das necropsias em indivíduos acima de 50 anos, 50% aos 90 anos. Conseqüências: deformação, deslocamentos das cúspides, sopro sistólico. Repercussões clínicas das alterações mitrais: _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 11 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Podem ser assintomáticas ou determinar: Disfunção valvar: estenose ou insuficiência. Alterações na condução do estímulo (tecidos adjacentes) Risco de endocardite infecciosa. Risco de insuficiência cardíaca Ruptura de cordoalhas: morte súbita ou ICC aguda Indicada profilaxia antimicrobiana para endocardite Alterações da valva Aórtica Mais freqüente: calcificação. Menos freqüentes: acúmulo de lípides, fibrose e degeneração colágena. Sopro sistólico. Diagnóstico diferencial: estenose Aórtica fisiológica da patológica. Alterações do sistema de condução Processos degenerativos, fibrose, acúmulo lipídico. Podem ocorrer alterações em todo o sistema de condução, desde o nódulo sinusal, até ramos do feixe de His. Redução do número de células de condução. Podem determinar: Lentificação da freqüência dos marcapassos, diminuição da velocidade de condução. Arritimias: mais freqüente fibrilação atrial. Bloqueios de ramos. Bloqueios átrio-ventriculares. HBAE, prolongamento assintomático do PR. Alterações vasculares Aorta: Arteriosclerose. Aumento do colágeno. Atrofia, descontinuidade e desorganização das fibras elásticas. Deposição de cálcio. Redução da elasticidade, rigidez da parede Aórtica. Depósitos amilóides: amiloidose senil. Repercussões clínicas das alterações dos vasos: Normalmente assintomáticas. Ocasionalmente: Rigidez pode determinar aumento da pressão sistólica e da pressão de pulso. Falsa HAS: realizar teste de Osler. Dilatação da Aorta, com insuficiência aórtica relativa (por afastamento das cúspides): Sopro diastólico, normalmente sem sinais/sintomas de insuficiência Ao. Alterações de Artérias Coronárias: _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 12 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Arteriosclerose. Perda de tecido elástico. Aumento de colágeno. Depósitos de lípides com espessamento de camada média. Tortuosidade dos vasos. Calcificações. Amiloidose. Alterações funcionais Limitação da performance durante atividades físicas. Redução do débito cardíaco em repouso e esforço. Redução do aumento da freqüência cardíaca. Redução da complacência de VE (mesmo sem hipertrofia de VE): Retardo no relaxamento de VE. Elevação da pressão diastólica de VE Aumento da resistência vascular periférica: Aumenta pressão sistólica Aumenta pós-carga dificultando a ejeção ventricular. Redução da resposta cronotrópica e inotrópica a catecolaminas. Redução do consumo máximo de oxigênio, pela redução da massa ventricular. Redução do reflexo barorreceptor. Maior risco de hipertensão sistólica isolada. O idoso depende mais da pré-carga e por isso a depleção de volume é menos tolerada. Maior risco de hipotensão ortostática. Necessidade de diagnóstico diferencial de alterações patológicas das fisiológicas. Alterações autonômicas Redução da eficácia beta-adrenérgica sobre coração e vasos. Falha nos receptores beta-adrenérgicos, mesmo com aumento de catecolaminas (norepinefrina), freqüente no envelhecimento. Repercussões funcionais: Exercícios: menor capacidade de aumentar freqüência cardíaca Prejuízo ao aumento do débito cardíaco pela redução da elevação da freqüência cardíaca. Dilatação ventricular compensatória, para aumentar DC. Alterações fisiológicas ao exame físico Deve ser realizada: ispecção, palpação, percussão e ausculta. B4 freqüente (fisiologicamente), B3 é patológica. Freqüente hipofonese e estalido protossistólico 60% apresentam sopros ejetivos, sobretudo Ao, SS Mitral Sopros diastólicos são sempre patológicos P.A. deve ser medida nas 3 posições, sempre. Exame dos vasos arteriais e venosos, incluindo palpação de artérias temporais. • Aspectos Clínicos Aterosclerose: coronárias, aa cerebrais, MMII, aa renais. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 13 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ • • • • • Insuficiência cardíaca congestiva. Hipertensão. Arritimias. Doenças valvares. Fenômenos tromboembólicos Hipotensão ortostática Importância em geriatria: Causa freqüente de tonteiras e quedas no idoso. Prevalência em torno de 6% nos idosos saudáveis e de 11% a 33% em pacientes com múltiplas doenças e/ou medicações. Associação a perda funcional, redução da reabilitação e da qualidade de vida. Normalmente têm causas definíveis e reversíveis. Mecanismos fisiológicos associados: Redução do controle barorreceptor. Hipertofia de câmaras cardíacas. Prejuízo à conservação de sódio renal. Redução da liberação de vasopressina com o envelhecimento. Redução dos níveis de renina, angiotensina e aldosterona. Definição: redução da pressão arterial sistólica em 20 mmHg e/ou pressão arterial diastólica de no mínimo 10 mmHg da posição de decúbito para ortostatismo. Diagnóstico: medidas de pressão arterial e freqüência cardíaca nas 3 posições Classificação: Relacionar P.A. e Fc Simpaticotônica: queda da PA associada a aumento da freqüência cardíaca (acima de 20) Neurogênica ou autonômica: que da PA sem aumento significativo da Fc (até 10) Primária Secundária Vagal: queda da PA com queda da Fc. Quadro clínico Sintomas: Relacionados a mudança de posição, a refeições copiosas, exercícios físicos, banho quente. Sintomas secundários à hipoperfusão : vertigem,instabilidade postural, pré - síncope, síncope, quedas, distúrbios visuais, déficits neurológicos focais, cervicalgia com irradiação para ombro; claudicação intermitente, isquemia silenciosa, angina. Etiologia No idoso são freqüentes múltiplas causas _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 14 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Medicamentos: hipotensores, levodopa, fenotiazinas, álcool, sedativos, antidepressivos tricíclicos, vasodilatadores, anticolinérgicos Desidratação Anemia Desnutrição Distúrbio hidroeletrolítico Descondicionamento físico Causas neurológicas: AVC, tumores, Doença de parkinson, neuropatia periférica ( diabética, urêmica, virótica, amilóide, alcóolica ), simpatectomia, depressão? Demência? Causas cardiovasculares: Cardiomiopatia hipertrófica, estenose aórtica, prolapso de válvula mitral, veias varicosas extensas Causas endócrinas: Insufiência adrenal, feocromocitoma, hipoaldosteronismo, diabetes insípidus Causas infecciosas Causas mais raras: Hipotensão ortostática idiopática, atrofia de múltiplos sistemas, destruição de barorreceptor secundário a irradiação , cirurgia do pescoço, associação a tumores ( bradicina, carcinóide ) AULA 06: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS ENVELHECIMENTO RESPIRATÓRIO Aspectos gerais Freqüente associação a patologias. Vários fatores associados agravam o processo de envelhecimento: – Tabagismo – Poluição ambiental – Exposição ocupacional – Doenças pulmonares – Diferenças socioeconômicas, constitucionais e raciais. Principais alterações fisiológicas: – Redução da elasticidade pulmonar. – Enrijecimento da parede torácica. – Redução da potência motora e muscular. Alterações estruturais pulmonares – Redução da elastina, sobretudo nas vias aéreas e vasos. – Redução do peso pulmonar em cerca de 21% – Aumento do espaço morto (áreas ventiladas e pouco perfundidas) Alargamento e calcificação de cartilagens traqueais e brônquicas. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 15 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ – Redução de vias aéreas: Estreitamento de bronquíolos Aumento de ductos alveolares Achatamento de sacos alveolares Redução da superfície alveolar. – Aumento de volume de ar nos ductos alveolares: ductectasias. Falsa impressão de enfisema (enfisema senil), melhor termo: pulmão senil. – Células mucociliares: Redução do número e atividade. Maior dificuldade de clareamento das vias aéreas. Maior predisposição a infecções. Alterações estruturais da parede torácica – Enrijecimento do gradeado costal: • Calcificações de cartilagens costocondrais. • Descalcificação de costelas e vértebras. • Alterações das articulações costovertebrais. – Redução da complacência e distensibilidade pulmonar. • Pior nos idosos acamados, com alterações posturais e inatividade física. – Hipercifose torácica pode estar associada. – Aumento do diâmetro AP. Alterações estruturais musculares – Substituição adiposa do tecido muscular. – Redução da massa e potência muscular Sobretudo no idoso inativo ou imóvel. – Atrofia muscular e redução da força muscular. – Rigidez do gradeado costal determina maior participação do diafragma e musculatura abdominal. – Fatores de risco para piora da função respiratória e risco de infecções: Imobilidade Desnutrição ou obesidade Doenças pulmonares associadas Doenças cardiovasculares associadas Doenças neuromusculares. – Importância de medidas de reabilitação: fisioterapia respiratória, programas de atividades físicas e mobilização no leito, nutrição adequada. Alterações funcionais pulmonares – Redução do volume pulmonar útil: Aumento do espaço morto e redução da efetividade das trocas gasosas. – Aumento do ar residual. – Fechamento prematuro de pequenas vias aéreas: Desproporção na relação ventilação/perfusão Aumento do gradiente alvéolo-arterial de oxigênio. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 16 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ – Redução da capacidade vital, devido a: • Aumento da complacência pulmonar • Redução da complacência torácica • Redução da força muscular respiratória – Aumento da capacidade residual funcional • (volume de gás no final da expiração) – Aumento do volume residual • (volume de gás nos pulmões, no final da expiração) – Redução do volume expiratório forçado. – Dificuldades para interpretação de espirometria. – Redução da sensibilidade do centro respiratório à hipóxia e hipercapnia Redução da resposta ventilatória nos quadros patológicos: DPOC, infecções, ICC – Desordens respiratórias do sono: apnéia, obstruções aumentam risco de morte súbita e complicações. – Redução do reflexo da tosse e da efetividade da tosse (fraqueza muscular). – Aumento do risco de aspirações, infecções e atelectasias. Atividade físicas – Redução da capacidade para atividades físicas: Aumento do espaço morto e anatômico. Aumento do consumo de oxigênio. Redução da capacidade ventilatória. Redução do débito cardíaco. Menor resposta aos centros respiratórios. Alterações fisiológicas ao exame físico – Inspecção, palpação, percussão, ausculta. – Redução da expansão torácica, levando a aumento do volume residual e da P. intratorácica. – Aumenta a cifose torácica. – Pode haver redução do murmúrio vesicular. – Crepitações bibasais podem ser fisiológicas. – Aumento da freqüência respiratória (taquipnéia) é um grande sinal no idoso. AULA 07: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS ENVELHECIMENTO DIGESTIVO Envelhecimento do sistema digestivo De maneira geral: redução na motilidade, na secreção e capacidade de absorção. Felizmente, a reserva destes órgãos é tão grande que as reduções nos parâmetros fisiológicos não costumam resultar em deficiência real da função. Alterações fisiológicas da Cavidade Oral Mucosa oral: atrófica (tênue), lisa e ressecada, menos elástica e mais susceptível a lesões. Língua: redução das papilas filiformes, redução do paladar. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 17 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Glândulas salivares (parótidas, submandibulares, sublinguais e salivares menores): perda gradual de elementos acinares, aumento relativo dos elementos ductais, aumento de infiltrado inflamatório e de tecido fibrogorduroso. Xerostomia: associação de fatores (doenças orais ou sistêmicas, medicamentos, distúrbios nutricionais). Dentes: A perda dos dentes depende, além do envelhecimento, de fatores extrínsecos: hábitos, ocupação, dieta, oclusão dentária e composição dos dentes. Músculos da mastigação: perda de massa. Aspectos Clínicos Cavidade Oral Redução da massa muscular: pode comprometer mastigação e deglutição. Redução do paladar: pode reduzir a ingestão de alimentos e contribuir para perda de peso e desnutrição. Estomatites, monilíase oral. Leucoplasia. Carcinoma. Deglutição Deglutição: participação e coordenação de múltiplas estruturas: boca, faringe, esôfago, SNC e seis nervos cranianos. Fases: mastigação, mistura do alimento com saliva, movimentos de propulsão do bolo alimentar pela língua. Palato mole se eleva: impede que alimento vá para nariz, fechamento da epiglote, relaxamento do esfíncter esofageano superior, contração dos músculos faríngeos: propulsão do alimento para esôfago. Disfagia orofaríngea Sinais: regurgitação nasal de alimentos, engasgos freqüentes, aspirações. Sintomas mais severos com líquidos. Etiologias: Carcinoma faríngeo Doenças do SNC (Parkinson, demências, AVC, tumores). Doenças endócrinas: diabetes melitus, hipotireoidismo. Constrições mecânicas: estreitamentos, osteófitos, aumento tireoidiano. Laringectomia. Medicamentos. Alterações da motilidade do esfíncter superior do esôfago. Esôfago 1/3 proximal: musculatura estriada. 2/3 distais: musculatura lisa. Inervação intrínseca e extrínseca. Contrações peristálticas. Sincronia entre esfíncteres superior e inferior e a musculatura esofageana. Alterações do esôfago Envelhecimento afeta principalmente a motilidade Presbiesôfago: termo dado a disfunção motora esofageana atribuída ao _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 18 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ envelhecimento Caracteriza-se por uma resposta desorganizada à deglutição e por um defeito no relaxamento do esfíncter esofágico inferior. Aumento de contrações terciárias (não peristálticas, síncronas e falhas). Contrações não propulsivas. Demora no esvaziamento. Distúrbios funcionais do esfíncter inferior. Redução da pressão de repouso. Alterações da sincronia e magnitude do relaxamento do esfíncter superior do esôfago (podendo ocasionar disfagia alta). Manutenção da pressão de repouso do esfíncter inferior do esôfago. Aumento da freqüência de respostas inadequadas à deglutição. Relaxamento incompleto ou ausente. Significado clínico das alterações esofageanas Geralmente assintomáticos. Idosos: aumento do limiar para dor. Na presença de sintomas: pesquisa exaustiva de patologias. Presbiesôfago é um diagnóstico de exclusão. Orientações: Administração de medicamentos em ortostatismo, com maior quantidade de líquidos Na presença de refluxo, tendência a maior tempo de contato da droga com a mucosa. Disfagia esofageana: sensação de alimento parado retroesternal, diagnósticos diferenciais: Causas de disfagia esofageana Obstrução mecânica Anel de Schatzki Doença do refluxo gastro-esofageano Câncer esofageano Desordens da Motilidade Acalasia Espasmo esofageano difuso Esclerodermia Sintomas Alimentos sólidos pior que líquidos Disfagia intermitente, não progressiva Pirose crônica, disfagia progressiva Disfagia progressiva Disfagia a sólidos e líquidos Disfagia progressiva Dor torácica, disfagia intermitente Fenômeno de Raynaud's, pirose crônica Alterações do estômago Discreta a moderada redução do esvaziamento gástrico. Pode haver prejuízo a efeitos de drogas, que permanecem mais tempo no meio ácido: cetoconazol, fluconazol, tetraciclinas, indometacina. Redução da secreção de ácido clorídrico (hipo ou acloridria), provavelmente por redução de células parietais. Redução da secreção de pepsina. Redução da produção de fator intrínseco (necessário à absorção de vitamina B12). _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 19 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Maior prevalência de colonização pelo H. pylori (75%), com significado clínico ainda desconhecido. Redução de prostaglandinas, muco, bicarbonato e sódio, com comprometimento da proteção da mucosa gástrica. Alterações do pâncreas: Redução do peso Dilatação do Ducto principal Proliferação do epitélio ductal e formação de cistos. Fibrose e lipoatrofia focal. Redução da secreção de lipase e bicarbonato. Reserva elevada: baixa correlação clínica. Envelhecimento do pâncreas endócrino Os níveis séricos de insulina aumentam com idade, mas a sensibilidade a esta diminui, podendo resultar em testes de tolerância à glicose anormais. Diminuição da degradação da insulina. Redução do número de receptores de insulina na membrana celular de tecidos alvo. Redução da velocidade de liberação da insulina. Alterações do Intestino Delgado Estudos escassos e controversos. Redução da altura das vilosidades da mucosa Questionadas influência na absorção de substâncias. Há controvérsias na literatura. Parece não haver alterações importantes no transito intestinal após refeição. Alterações do cólon Atrofia da mucosa. Anormalidades morfológicas das glândulas mucosas. Infiltração celular da lâmina própria. Hipertrofia muscular da mucosa e aumento do tecido conjuntivo. Redução da distensibilidade (redução de colágeno e elastina). Alterações do reto e ânus Espessamento e alterações estruturais do tecido colágeno. Redução da força muscular do esfíncter anal esterno. Redução da elasticidade e sensibilidade retal (ainda controverso) Aspectos clínicos Redução da capacidade de retenção fecal (risco de incontinência fecal) por fatores extrínsecos e intrínsecos: Intrínsecos: alterações fisiológicas Extrínsecos: Déficit cognitivo, impactação fecal, AVC, neuropatias (diabética, alcóolica...), _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 20 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ imobilidade... Alterações hepáticas Peso: reduz 30% a 40%. Redução do fluxo sanguíneo hepático. Hipertrofia de hepatócitos remanescentes. Ampliação dos espaços biliares. Aumento do colágeno. Redução do número de mitocôndrias. Depósitos de lipofucsina. Redução da secreção de albumina e glicoproteínas. Redução da secreção de colesterol. Redução da síntese de ácidos biliares. Redução da metabolização hepática sobretudo fase I – oxidação hepática. Menor interferência no metabolismo de fase II – conjugação. Significado clínico das alterações hepáticas Alteração da metabolização de drogas. Alterações no metabolismo de primeira passagem (redução do fluxo sanguíneo). A reserva hepática é tão grande que normalmente não resulta em perda real da função. Testes laboratoriais (bilirrubinas, albumina, fatores de coagulação, transaminases, fosfatase alcalina e GGT) não costumam se alterar por etiologia fisiológica, devendo sempre ser pesquisadas patologias associadas. Vesícula Biliar A incidência de doença biliar e cálculos aumenta com avançar da idade. A sensibilidade da vesícula a colecistocinina (CCK) diminui. Alterações fisiológicas e anatômicas do envelhecimento AULA 08: ALTERAÇÕES FISOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO APARELHO GÊNITO-URINÁRIO Alterações renais: Redução do peso renal (cerca de 30%). Redução do número de glomérulos. Espessamento da membrana basal e expansão de células mesangiais nos glomérulos. Redução da filtração glomerular. Esclerose de vasos renais. Redução da elasticidade dos vasos renais. Redução do fluxo sangüíneo renal. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 21 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Há perda gradativa de parênquima, sobretudo da massa cortical com preservação relativa da medula renal. Alterações tubulares: Redução do comprimento tubular Fibrose intersticial Alterações da membrana basal Redução da função tubular, manifestada por: menor flexibilidade do túbulo para reabsorver ou secretar carga de eletrólitos. menor capacidade de acidificação renal. menor depuração de drogas. menor capacidade de concentração e diluição. Há redução da taxa de filtração glomerular (TFG) em aproximadamente 1ml/min para cada ano após 40a. Esta redução na TFG não se manifesta por aumento da creatinina sérica porque ocorre perda concomitante da massa muscular com o avançar da idade; portanto, pode-se obter um determinante mais correto da redução da função renal avaliando-se a depuração da creatinina. Alterações renais Fórmula: Depuração de creatinina = (140-idade) x peso(Kg) = x (ml/min) 72 x creatinina(mg/dl) Repercussões clínicas A diminuição da TFG torna o idoso mais suscetível à Insuficiência renal aguda caso ocorra qualquer insulto nefrotóxico ou isquêmico. Redução da excreção de drogas, com necessidades de ajustes posológicos: menores doses e intervalos maiores. Evitar drogas AINE e drogas nefrotóxicas. Alterações ureterais Aumento do diâmetro (controverso) Alterações da motilidade (controverso) Necessidade de mais estudos esclarecedores. Alterações vesicais Deposição de colágeno. Tendência a contrações não inibidas do músculo detrussor. Aumento do volume residual. Redução da capacidade de armazenar urina. Aspectos clínicos das alterações vesicais Maior risco de infecções urinárias (que aumentam também no sexo masculino). Risco de incontinência urinária (existem várias etiologias associadas). No homem: aumento de próstata eleva riscos de infecção e incontinência. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 22 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Alterações uretrais Homens: compressão extrínseca pela próstata aumentada Mulheres: atrofia uretral pelo hipoestrogenismo, risco de: Algúria, hematúria microscópica ITU Alterações sexuais Sexo masculino: Maior tempo para atingir ereção completa Que nem sempre é conseguida. Maior necessidade de estimulação direta do pênis. Redução da resposta de ereção por estímulo visual. Retardo na ejaculação Que nem sempre ocorre. Perda rápida de ereção após ejaculação. Maior dificuldade de manter ereção durante a relação. Maior período de latência para nova ereção. Redução de libido. Redução da freqüência sexual. Aspectos clínicos Etiologias de impotência: Aterosclerose é principal causa obstrutiva vascular no idoso. Redução da elasticidade do tecido sinusoidal dos corpos cavernosos Redução de fibras musculares lisas e de fibras elásticas, com aumento de fibras colágenas. Neuropatias periféricas: diabetes, alcoolismo... HAS Cirurgias pélvicas: sobretudo cirurgia radical de próstata Depressão, déficits cognitivos, distúrbios emocionais, co-morbidades, drogas. Alterações sexuais Sexo feminino: Redução da lubrificação vaginal. Redução da libido. Atrofia vaginal e uretral Pode haver desconforto, dor e sangramento nas relações. Redução da freqüência sexual. Aspectos clínicos Reposição hormonal. Lubrificação artificial. Co-morbidades levam a maior limitação da sexualidade. Aspectos psicológicos, dependência e submissão marital, herança familiar e criação: grandes repercussões na sexualidade feminina. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 23 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Hiperplasia prostática benigna Alta prevalência em geriatria: até 90% dos pacientes com mais de 80 anos. Promove graus variáveis de obstrução urinária. Fatores de risco: homens idodos e hormônios androgênicos. Fator Genético? Fisiopatologia: Ainda não totalmente estabelecida Ausência de correlação clínica entre tamanho da próstata e intensidade dos sintomas Componente estático: efeito de massa exercido pela próstata crescida . Componente dinâmico: tônus do músculo liso da cápsula prostática e do colo vesical: receptores adrenérgicos alfa 1. Componente vesical: disfunçao vesical ou detrussora: reações da bexiga frente aos dois componentes anteriores. Sintomatologia Sintomas obstrutivos Redução do jato urinário Hesitação Gotejamento Esvaziamento incompleto e intermitência Complicações: Retenção urinária Litíase vesical Infecções urinárias Sintomas irritativos Noctúria Freqüência Urgência Disúria Incontinência Falência do detrussor Insuficiência renal Hematúria Aspectos clínicos Adenocarcinoma de próstata Alta prevalência e incidência Possibilidade de diagnóstico precoce com cura Diagnóstico diferencial HPB e câncer Tratamento normalmente cirúrgico Tratamento depende de: extensão da doença estado geral do paciente perspectiva de vida pelas suas co-morbidades grau histológico do tumor _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 24 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ AULA 09: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS ENVELHECIMENTO ENDÓCRINO, METABÓLICO E NUTRICIONAL Climatério Falência da função ovariana. Menopausa: 1 ano de amenorréia. Idade média da menopausa: 47,8 anos. Relação com osteoporose, doença cardiovascular, redução da qualidade da vida sexual. Em estudo interferências no metabolismo da glicose. Resulta em deficiência estrogênica e progestágena. Manutenção de pequena produção de testosterona, convertida a estradiol no tecido adiposo. Aumento da expectativa de vida: conseqüências a longo prazo da deficiência hormonal. Sintomas do Climatério Precoces: Ondas de calor Atrofia gênito-urinária Incontinência urinária Dispareunia Alterações de libido Manifestações clínicas Sintomas vasomotores: Fogachos Suores noturnos Distúrbios do sono Sintomas urogenitais: Ressecamento vaginal Dispareunia Prurido vulvar Polaciúria, disúria Tardios: Alterações de humor/depressão Doença cardiovascular Osteoporose Doença de Alzhiemer? Incontinência urinária Infecções urinárias e vaginais Sintomas neuropsicológicos: Ansiedade Depressão Irritabilidade Labilidade emocional Perda de memória Falta de concentração Vantagens da TRH: Melhora dos sintomas vasomotores e urogenitais. Melhora da qualidade de vida. Redução dos eventos cardiovasculares, sobretudo ICO, mas ainda há controvérsias, necessidades de mais estudos. Correção dos fatores de risco para ICO: sedentarismo, tabagismo, HAS, dislipidemia. Prevenção da osteoporose, mas não é o único fator de risco: tto e prevenção multifatorial. Desvantagens da TRH Sangramento genital. Risco de acelerar CA mama e de endométrio. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 25 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Riscos de tromboembolismo Contra-indicações à TRH Câncer de mama Hepatopatia aguda Tromboembolismo agudo Infarto agudo do miocárdio Sangramento genital de causa desconhecida TRH (Terapia de reposição hormonal): Campo ainda de controvérsias Melhora sintomas precoces do climatério. Reduz risco de doenças cardiovasculares, osteoporose, (Doença de Alzhiemer ?). Aumenta risco de CA mama. Aumenta risco de Trombose venosa profunda, TEP e litíase biliar? Melhora resitência à insulina? necessidade de mais estudos prospectivos. ANDROPAUSA Incapacidade testicular para produção de testosterona, espermatozóides ou ambos. Dosagem de testosterona (reduzida), LH e FSH (aumentados). Sinais e sintomas de hipogonadismo Redução de libido Impotência Redução de pêlos Fraqueza muscular, redução da massa muscular. Ginecomastia (descartar patologias associadas) Tratamento Reposição de testosterona: Via oral: picos de curta ação, necessidade de 3 doses/dia. Via transdérmica: aplicação diária, níveis fisiológicos, produzindo variação circadiana. Injetáveis (enantrato de testosterona, cipionato de testosterona – 200 – 250 mg a cada 2 ou 3 semanas). Implantes subcutâneos: picos suprafisiológicos por cerca de 6 meses. Cuidados especiais Contra-indicação absoluta da reposição de testosterona na neoplasia de próstata. Risco de Hiperplasia de próstata. Aumento da massa muscular, redução da massa gordurosa e redução dos níveis de glicemia. Redução de LDL. Necessidade de mais estudos a longo prazo. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 26 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Alterações glicêmicas Alterações fisiológicas da glicemia A partir de 40 anos: Elevação da glicemia de jejum 1-2 mg/dl e glicemia pós-prandial 8-20 mg/dl a cada década. Fatores associados à elevação glicêmica Aumento do tecido adiposo Redução da massa magra Aumento da resistência à insulina Redução da secreção de insulina ou hiperinsulinemia (compensatória à resistência da insulina). Redução da atividade física Doenças coexistentes Maior ingestão de carboidratos Polifarmácia, uso de drogas hiperglicemiantes ou antagônicas à insulina Fator genético Triagem de Diabetes tipo 2 Glicemia jejum a cada 3 anos a partir de 45 anos realizar o teste em jovem, ou com maior freqüência em: sobrepeso, com IMC > 27 Parentes de primeiro grau de diabéticos Populações étinicas de alto risco HAS Dislipidêmicos teste prévio com intolerância macrossomia fetal Quadro clínico Freqüentemente a diabetes no idoso é um achado ocasional. Glicosúria se verifica com níveis mais elevados de glicemia (em torno de 220), reduzindo a ocorrência de poliúria. Polidipsia atenuada pela redução dos reflexos de sede. Manifestações atípicas Fraqueza e adinamia. Estado confusional agudo. Incontinência urinária. Coma cetoacidótico. Limitação dolorosa de ombros. Quadros infecciosos graves. Alterações tireoidianas Importância Sintomas de doenças tireoidianas podem ser confundidos com o envelhecimento. Maior incidência no idoso. Manifestações atípicas e maior ocorrência de alterações assintomáticas. Co-morbidades e múltiplas drogas que podem afetar a função tireoidiana. Rastreamento periódico da função tireoidiana. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 27 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Senescência Alterações histológicas: Aumenta fibrose interfolicular. Redução do tamanho dos folículos. Degeneração de células epiteliais. Infiltrados linfocíticos. Aumento no número de células parafoliculares. Aumenta hiperplasia micronodular. Alterações funcionais: Redução da captação de iodo. Redução da distribuição de tiroxina e de sua degradação periférica. Redução da produção de T3 e T4. Redução da conversão periférica de T4 a T3 (que pode reduzir o T3 total). Redução de hormônio tireotrófico hipofisário - TSH (alteração no eixo hipotálamo – hipofisário). Hipotireoidismo Aumenta incidência com envelhecimento 0,5 a 5% de hipotireoidismo franco e 15-20% de hipotireoidismo subclínico. Causa mais freqüente: tireoidite auto-imune. Iatrogênicas: iodo radioativo, tioaminas, amiodarona, iodo, xaropes antitussígenos contendo iodo. Manifestações Clínicas: Fadiga, cansaço, intolerância ao frio, pele seca, queda de cabelos, constipação, anorexia, depressão. Sinais: aumento inexplicado do nível de colesterol, ICC, anemia crônica, déficit cognitivo. Diagnóstico laboratorial: Hipotireoidismo confimado: TSH elevado, T4 livre reduzido Hipotireoidismo subclínico: TSH aumentado, T4 livre normal Eutireoidiano doente: TSH elevado intermitente, nos períodos de recuperação de doenças. Auto anticorpos: anti-microssomal, anti-tireoglobulina Hipertireoidismo Incidência 0,5-3% em idosos. Principais etiologias: Doença de Graves Bócio multinodular tóxico Diagnóstico: TSH suprimido e T4 livre elevado TSH suprimido e T3 total elevado (bócio multinodular, adenoma tóxico) Hipertireoidismo subclínico: TSH elevado e T4 livre limiar _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 28 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ Hipertireoidismo no idoso Raramente sintomas típicos: tremores, sinais oculares, nervosismo, intolerância ao calor. Freqüente: taquiarritmias: fibrilação atrial 25% casos. perda de peso, anorexia, diarréia. sintomas neuropsiquiátricos: depressão, mania, alterações cognitivas, delirium, quedas, incontinência urinária. osteoporose. Drogas: amiodarona, iodo Alterações nutricionais Aspectos fisiológicos Aumento do tecido adiposo. Redução da massa muscular. Redução da água corporal total. Perda do paladar e olfato. Redução na produção de pepsina e ácido clorídrico: Redução na ingestão de alimentos, medicamentos, ferro e folato Redução de fator intrínseco: Deficiência de vitamina B12. Presbiesôfago (disfagia e risco de aspiração) Redução da secreção pancreática Aspectos patológicos Patologias freqüentes que necessitam orientações nutricionais: Obesidade Desnutrição Dislipidemia Hipertensão arterial sistêmica Gota Insuficiência renal Diabetes melitus Constipação intestinal AULA 10: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO – SISTEMA IMUNOLÓGICO Imunidade e envelhecimento Introdução Sistema imune: difere o próprio do não próprio. Garante a integridade do organismo. Declínio do sistema imune com envelhecimento. Aumenta risco de doenças infecciosas. Resposta imune humoral: iniciada pelas imunoglobulinas (diferenciação da célula B _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 29 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ em resposta a antígenos sobretudo bacterianos). Resposta imune mediada por células: linfócitos T (rápida proliferação em resposta a antígenos: vírus, parasitas, fungos, reações alérgicas e rejeição a transplantes) Imunossenescência Células T: maior vulnerabilidade: – Declínio da proliferação: prejuízo na produção do fator de crescimento da célula T (interleucina 2 produzida pela célula T auxiliar) Prejuízo da resposta ao fator de crescimento. – Irreversibilidade da perda de sua capacidade replicativa: linfócito senescente. Aumento na produção de células de memória (que já tiveram contato com um antígeno) em relação às células virgens (sem contato prévio com antígeno). Linfócitos do idoso não proliferam com mesma intensidade de linfócitos de jovens. Células secretam menos interleucina-2 (IL-2). Redução na expressão de receptores para IL-2 Liberação de outros fatores (a não ser IL-2) podem estar elevados no idoso: – Interferon – Fator de necrose tumoral – Interleucina-1 – Interleucina-6 – Fator de crescimento tumoral. Perda de função celular, modificação da habilidade em responder aos eventos de ativação e modificações da resposta a esta ativação. Controvérsias: dimensão e conseqüências das modificações do sistema imune com a idade. Controvérsias com relação ao número de células no sangue periférico: – Leucócitos (lenfócitos, monócitos, células NK e polimorfonucleares). – Autores descrevem inalteração, outros redução, outros ainda aumento da subpopulação T-auxiliar (CD4) e redução da subpopulação citotóxica (CD8). Imunossenescência Controvérsias com relação ao número de linfócitos B e anticorpos: – A maioria dos estudos mostra ausência de modificações, outros aumento e outros ainda redução! Células NK (Natural Killer): lisam certos tumores e células infectadas por vírus. – Dados conflitantes com relação às células NK: maioria acredita que número relativo e absoluto aumenta progressivamente, enquanto atividade lítica permanece inalterada. Aumento de auto-anticorpos, com elevação da incidência das doenças auto-imunes: – Tireoidites – Arterite de células gigantes – Anemia perniciosa. Fatores como nutrição, medicamentos, radiação UV, genéticos, doenças prévias, influenciam a função imune. Necessidade de maiores estudos para diferenciação do envelhecimento imune fisiológico e patológico. Queda da “vigilância” aumentando risco de câncer. Vacinação estimula sistema imune e a defesa no idoso: _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 30 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ – – – – Difteria-tétano Febre amarela Anti-influenza Anti-pneumocócica. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 31 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ AULA 10: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO – SISTEMA OSTEOARTICULAR OSSO • • • • • • • Constante remodelação: osteoblastos (processo de formação) x osteoclastos (processo de reabsorção). Pico de massa óssea: 4ª década de vida. A partir do pico de formação óssea: estabiliza formação, aumenta degradação: perda óssea progressiva. Perda: Antes 50 anos: osso trabecular Após 50 anos: osso cortical. CARTILAGEM ARTICULAR Formação: condrócitos, agregados de proteoglicanos, matriz de cartilagem tipo II altamente hidratada. Senescência: Menor poder de agregação dos proteoglicanos. Menor resistência mecânica da cartilagem. Colágeno: menor hidratação, resistência à colagenase e afinidade pelo cálcio. Condrócitos: menor capacidade de proliferação e formação de tecido novo. Rede colágena torna-se mais rígida. Produtos de glicação: declínio da capacidade de síntese cartilaginosa. Degenerações discais. Envelhecimento articular x degeneração cartilagem (osteoartrose). MÚSCULOS Redução da massa muscular. Substituição muscular por gordura e colágeno. Redução da produção de creatinina. Redução da força muscular. NERVOS Redução da velocidade de condução. Degenerações axonais. Desmielinização segmentar. Disfunções mitocondriais. • • • • • • ASPECTOS CLÍNICOS: DOR CRÔNICA Dor crônica = duração maior que 6 meses. Comprometimento da qualidade de vida. Aumento do limiar para dor. Freqüentes queixas de dores articulares, sobretudo por osteoartrose. Dor neuropática: neuralgia do trigêmio, dor pós-herpética. Importância da identificação da etiologia da dor crônica e tratamento adequado. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 32 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ • • • • • • • • • ASPECTOS CLÍNICOS: OSTEOPOROSE Doença óssea de maior prevalência no idoso. Grande risco de fraturas desencadeando o “Efeito Dominó”. Doença assintomática, até que ocorra a fratura. Subdiagnosticada e subtratada Osteoporose = “Osso poroso” Distúrbio osteometabólico de origem multifatorial, caracterizado pela diminuição da densidade óssea mineral e deterioração de sua microarquitetura. Resulta em fragilidade óssea e risco de fraturas. Pico de massa óssea: geneticamente determinado. Pós menopausa: controle hormonal da massa óssea: perda de cerca de 2,5% de massa óssea por ano nos primeiros anos e 1-2% nos anos consecutivos. Fatores de risco • Maiores: – Sexo feminino – Baixa massa óssea – Raça asiática ou caucasiana – Idade avançada em ambos sexos – História materna – Menopausa precoce (antes 40 anos) – Uso de corticosteróides Classificação Primária: Tipo I: – mulheres pós menopausa – perda acelerada osso trabecular – Fraturas vertebrais Tipo II: – Homens e mulheres – Osso cortical e trabecular – Fraturas vertebrais e de fêmur • MENORES: – Amenorréia primária ou secundária – Hipogonadismo em homens – Baixo IMC (<19) – Drogas: heparina, warfarina, anticonvulsivantes, lítio, metotrexato – Imobilização prolongada – Dieta pobre em cálcio – Co-morbidades • Secundária: – Endocrinopatias (tireotoxicose, – – – – – – – hiperparatireoidismo, hipogonadismo) Drogas: (corticóides, antiácidos contendo alumínio, anticonvulsivantes, ciclosporina, heparina) Doenças genéticas (osteogênese imperfeita) Artrite reumatóide Transplantes Imobilização prolongada Mieloma múltiplo Câncer de mama _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 33 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ OSTEOARTROSE DEFINIÇÃO Patologia articular crônica, caracterizada por progressivas alterações da cartilagem hialina, associadas a esclerose do osso subcondral, com neoformação óssea (osteófitos). ETIOLOGIA Primária: fator genético. Secundária: trumas, alterações biomecânicas. QUADRO CLÍNICO Articulação mais comprometidas: Interfalangeanas, joelhos, quadris e coluna. Artralgia. Crepitações articulares. Deformidades. Sinais inflamatórios na fase aguda. Limitação funcional. ATIVIDADES FÍSICAS NO IDOSO Melhoram capacidade funcional. Reduzem perda de massa muscular e óssea. Melhoram flexibilidade, que contribui para a independência funcional. Melhoram equilíbrio, com redução do risco de quedas. Melhoram condicionamento físico. Melhoram padrão da marcha. Melhoram capacidade aeróbica. Auxiliam no controle de peso. Benefícios cardiovasculares e respiratórios: Melhora da força de contração miocárdica Estímulo à circulação colateral. Redução de lesões ateroscleróticas. Melhora da capacidade aeróbica (CA): habilidade do sistema cárdiopulmonar em suprir oxigênio aos músculos em exercício e a habilidade destes músculos usar este oxigênio em energia. Benefícios psicológicos: Bem estar, produção de endorfinas. Melhora disposição para atividades. Benefícios sociais: Integração social do idoso. Combate à solidão. A PRESCRIÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA É INDIVIDUALIZADA, DE ACORDO COM AS PATOLOGIAS ASSOCIADAS E A PREFERÊNCIADO PACIENTE. _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 34 Geriatra - Gerontóloga CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO: ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E ANATÔMICAS DO ENVELHECIMENTO ________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ Ana Cristina Nogueira Borges Faria 35 Geriatra - Gerontóloga