Ensaio de irritação primária de pele - Avaliação da toxicidade dérmica aguda do extrato bruto hidroalcoólico da planta Dillenia Indica em ratos. Ana Carolina Carvalho1; Andreara Viana2; Beatriz C. da Rosa3; Karina Valerim Teixeira Remor 4. INTRODUÇÃO A sociedade humana carrega em sua história uma série de informações sobre o ambiente onde vive o que lhe possibilita a utilização de recursos advindos do meio, saciando suas necessidades de sobrevivência. Deste modo, plantas são usadas como o recurso terapêutico de uma grande parcela da população brasileira e de mais de 2/3 da população do planeta.1 No entanto, para que uma planta possa dar origem a um novo fármaco os estudos farmacológicos, toxicológicos e clínicos devem comprovar sua eficácia e segurança de uso.2 Entre as plantas com potencial terapêutico destaca-se a espécie Dillenia indica. Tradicionalmente é utilizada na forma de sucos das folhas, casca e frutos para tratamento de câncer, diarreia, e uma tintura de seus frutos maduros é usada para o alívio de dores musculares e articulares (artrose), por meio de aplicações externas diárias. Possui também uma ação antiinflamatória e analgésica incrivelmente rápida quando utilizadas internamente. 3 Em suma, os efeitos maléficos da Dillenia indica, conforme pesquisas, são poucos descritos. A partir disto, sendo que é uma planta que também pode ser usada através de aplicação tópica e dada a importância dos estudos toxicológicos comprobatórios, este trabalho tem por objetivo avaliar o risco de toxicidade da planta Dillenia indica quanto à exposição aguda dérmica, para esclarecer se seu uso tópico não trará malefícios aos que a utilizam como alternativa de tratamento às suas enfermidades. PALAVRAS-CHAVE: Medidas de toxicidade; plantas medicinais; ratos. MÉTODOS O protocolo experimental foi realizado de acordo com Brito, sendo que todos os procedimentos só iniciaram mediante aprovação do CEUA da UNISUL sob o protocolo 14.020.4.03.IV. Foi utilizado o extrato produzido pelos pesquisadores, seguindo protocolo sugerido pelo pesquisador prof° Dr. Maicon Kviecinski. O número de animais em teste para cada nível de dose foram oito e para o grupo controle nove (número total de animais: trinta e três). _______________________ 1- Graduanda em Medicina, na Universidade do Sul de Santa Catarina. Proponente do projeto. Email: [email protected] 2- Graduanda em Odontologia, na Universidade do Sul de Santa Catarina. (Colaboradora) 3- Graduanda em Medicina, na Universidade do Sul de Santa Catarina. (Colaboradora) 4- Farmacêutica-Bioquímica. Doutorado em Psicofarmacologia. E-mail: [email protected] (Orientadora) Todos os animais foram da linhagem Wistar, jovens, adultos, machos, sendo que a diferença de peso entre os animais não ultrapassou 20% do peso médio. Acomodação e alimentação: Os animais em teste foram aclimatizados às condições laboratoriais durante todo o estudo. A temperatura do laboratório foi a ideal para esses animais conforme determina Brito (1994, p.17), entre 22 ± 3 °C, com os períodos de claro e escuro obedecendo a ciclos de 12 horas. Alimentação: ração tipo purina e água potável ad libitum. Preparação: Os ratos foram alojados 2-3 por gaiolas. Para a aplicação do extrato, os ratos selecionados foram anestesiados com anestésico geral injetável. Nos 10 minutos antecedentes ao teste, estes animais foram submetidos à depilação dorsal do tronco para disponibilizar 2 locais de aplicação, dos quais um, sofreu abrasão (escoriação, sem que houvesse rompimento da rede capilar).Teste: Os ratos receberam o extrato bruto hidroalcoólico da Dillenia Indica, no local da abrasão e no outro local não lesionado, para controle, em uma única exposição. Os animais foram divididos em 4 grupos, dos quais, três grupos foram teste, e um controle. Cada grupo recebeu uma dose específica de vinte e cinco (25), cinquenta (50) e cem (100) miligramas da substância teste por quilograma de peso corporal do animal, e no grupo controle apenas o veículo (água destilada). A área submetida ao teste não excedeu 6 cm, sendo recoberta por uma gaze fixada com esparadrapo hipoalergênico. A duração da exposição durou aproximadamente 4 horas. Passado este período, a região foi lavada com água e sabão neutro cuidadosamente para não alterar a resposta existente bem como a epiderme do animal. Os ratos foram então devolvidos às suas respectivas gaiolas. O dia de aplicação foi considerado o dia zero do estudo. Após o período de observação, os animais foram encaminhados para a eutanásia, realizada pelo veterinário responsável. Nos animais, foram observados sinais tóxicos de caráter geral, como a mortalidade, variação de peso, alterações na respiração, diferenças no consumo de alimento e água e alterações na locomoção. Essas observações foram realizadas pelo menos uma vez a cada dois dias, durante 14 dias. A observação dos índices de irritação eritematosa e edematosa foi realizada conforme Brito (1994), o qual atribui valores de 0 a 4 para cada sintoma, possibilitando classificar edema/eritrema como: 0, ausente; 1, leve; 2, bem definido; 3, moderado a grave; 4, grave. Os dados foram reunidos em tabelas, a partir das observações que foram efetuadas após 60 minutos, 24 horas e 72 horas que seguiram após a retirada das compressas, bem como em 7 e 14 dias após a aplicação da amostra para avaliar o caráter reversível ou irreversível das obervações. A graduação das reações cutâneas foi dada segundo a classificação utilizada na referência “Federal Hazardous Substances Act of the USA”: 0,0 – 1,0 = não - irritante; 1,1 – 2,0 = irritante moderado; 2,1 – 3,0 = irritante grave e 3,1 – 4,0 = corrosivo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das leituras obtidas foram tabulados abaixo para melhor visualização. Nota: O cálculo do índice de irritação foi obtido calculando-se o subtotal A (soma de todos os valores de eritema na pele íntegra e abrasada) e o subtotal B (soma de todos os valores de edema na pele íntegra e abrasada). Em seguida os subtotais A e B são somados e o resultado dividido por quatro (eritema e edema em pele íntegra e abrasada). Existe uma carência em trabalhos publicados avaliando a toxicidade da planta, dificultando a comparação com estudos anteriores. Um trabalho descreve que o grau de toxicidade depende de vários fatores, entre eles da dose utilizada e da frequência de administração, (VICENZI et al.,2004). Neste estudo, o ensaio em ratos mostrou que a Dillenia nas doses utilizadas, foi uma substância não irritante, revelando a possibilidade de ser utilizada como alternativa para prevenção e tratamento de algumas enfermidades, mediantes estudos mais específicos. CONCLUSÕES De acordo com os critérios de classificação do método adotado, o extrato bruto hidroalcoólico da planta Dillenia Indica em ratos, nas três diferentes concentrações (25, 50 e 100mg), foi considerado não irritante, com um índice máximo de 0,28 na concentração de 100mg. Nos 14 dias de observações não ocorreram mortes ou alterações irreversíveis nos animais testados, bem como ausência de alterações no peso, respiração, alimentação e locomoção. REFERÊNCIAS 1. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, v.2 p.131, 2002. 2. BRITO, A. S. Manual de ensaios toxicológicos in vivo /. Campinas, SP : Editora da UNICAMP, 1994 (Coleção Ciências Médicas). 3. AGUIAR NA, PEREIRA MA, FREITAS ABD, NASCIMENTO LC, FIORINI JE. Ação do extrato hidroalcoólico de dillenia indica no crescimento e diferenciação de herpetomonassamuelpessoai. Seminário de iniciação científica. Alfenas: unifenas, 2006. 4. ZAULI RC, PEREIRA MA, CARDOSO LGV, SILVA JMSF, CARVALHO JCT, FIORINI, JE. Atividade antimicrobiana e determinação da concentração inibitória mínima e concentração bactericida mínima de dillenia indica. Seminário de iniciação científica. Alfenas: unifenas, v. 3, 2004. 5. DE VICENZI M, STAMMATI A, DE VICENZI A, SILANO M. Constituents of aromatic plants: carvacrol. Fitoterapia, v. 75, p801-804, 2004. FOMENTO O trabalho teve a concessão de Bolsa pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).