Física I Trabalho Experimental no 5 (Demonstração) Momento de Inércia e Conservação do Momento Angular Física I – Semestre ímpar 2009/2010 Trabalho no 5 Momento de Inércia e Conservação do Momento Angular A preparação do trabalho requer a leitura do manual para os trabalhos práticos, A medida em Física e a leitura deste guião, ambos disponíveis em formato “pdf” na página da disciplina http://moodle.fct.unl.pt. Para uma melhor compreensão do trabalho experimental, as questões colocadas na secção de análise de dados assinaladas com devem ser preparadas antes da aula prática. 1. Objectivos Os objectivos do trabalho são: • Determinar experimentalmente os momentos de inércia de um disco e de um anel metálico, • Verificar o princípio da conservação do momento angular quando o anel cai sobre o disco em rotação. 2. Introdução O movimento de rotação de um objecto (inicialmente em repouso) em torno de um determinado eixo ocorre quando uma força é aplicada num ponto do objecto, de tal forma que o momento da força em relação ao eixo de rotação é não nulo. Se uma força F for aplicada num ponto P de um corpo, o momento dessa força calculado relativamente a um ponto O é dado pelo produto vectorial τ = r×F (1) onde r é o vector posicional do ponto P relativamente ao ponto O. A existência de momento 1, τ , origina por sua vez uma variação do momento angular, L do objecto: dL τ = dt (2) sendo L o momento angular e τ o momento resultante das forças externas aplicadas ao objecto (soma dos vectores momentos devidos a cada uma das forças aplicadas ao corpo) ambos calculados em relação ao mesmo ponto. Esta equação rege a dinâmica do movimento de rotação de um objecto em torno de um eixo, podendo ser considerada como a segunda lei de Newton para o movimento de rotação. De facto salienta-se a semelhança desta equação com a segunda lei de Newton para o 1 Por uma questão de simplicidade passaremos a chamar momento ao momento de uma força. O termo torque também é usado (português do Brasil) para designar esta grandeza vectorial. 2/19 movimento de translação, que estabelece que uma força, F , origina uma variação de momento linear, p , de tal forma que dp F= dt (3) Da equação (2) pode concluir-se que se o momento das forças externas aplicadas for nulo, o momento angular mantém-se constante ( k) (4) τ =0⇒ L=k Para um sólido rígido em rotação em torno de um dos eixos principais de inércia (eixo que passa pelo centro de massa do corpo), o vector momento angular segundo esse mesmo eixo pode escrever-se L = I ⋅ω (5) Note-se que, comparando a expressão (5) para o momento angular com p = mv para o momento linear, concluímos que o momento de inércia, I , assume no movimento de rotação um papel semelhante ao da massa no movimento de translação: I representa a maior ou menor facilidade em pôr um objecto em rotação. O momento de inércia de um corpo relativamente a um eixo depende da forma como a massa do corpo está distribuída em torno do eixo. Nos casos em que há conservação do momento angular, das equações (4) e (5) pode deduzir-se que L = k ⇒ L = I ⋅ ω = k (6) Quando o momento resultante das forças exteriores não for nulo, não haverá conservação de momento angular. Das equações (2) e (5) pode concluir-se que o corpo adquire uma aceleração angular dada por α= dω τ = dt I (7) Cálculos do momento de inércia tendo em conta a distribuição de massa permitem concluir que: - o momento de inércia de um disco, ID, em torno do eixo principal de inércia indicado na Figura 1 é dado por: ID = 1 M D R D2 2 onde MD é a massa do disco e RD o seu raio; 3/19 (8) - o momento de inércia de um anel, IA, em torno do eixo principal de inércia indicado na figura 2 é dado por: IA = 1 M A (R12 + R22 ) 2 (9) onde MA é a massa do anel, R1 e R2 são respectivamente os seus raios interno e externo. R2 R1 Figura 1: disco e eixo de rotação neste trabalho Figura 2: anel e eixo de rotação n este trabalho - O momento de inércia do conjunto disco+anel com os dois elementos colocados um sobre o outro de tal forma que os eixos referidos anteriormente fiquem coincidentes é: ID +A = 1 1 M D RD2 + M A (R12 + R22 ) 2 2 (10) 3. A experiência Neste trabalho, pretende-se observar a conservação do momento angular numa colisão entre um anel, inicialmente em repouso, e um disco em rotação em torno de um eixo principal. Primeiro determinam-se os momentos de inércia do disco e do conjunto disco+anel. Só depois se analisa o momento angular do sistema nos instantes imediatamente anterior e imediatamente posterior à queda do anel. 3.1 Material - Sistema rotacional para determinação do momento de inércia e estudo da conservação do momento angular: • Base de apoio com veio e rolamentos • Disco • Anel • Roldana • Conjunto de massas e respectivo suporte • Fio - Sistema de aquisição de dados; Balança; Nível de bolha de ar; craveira e Fita métrica 4/19 3.2 Determinação dos momentos de inércia A figura 3 esquematiza a configuração experimental a ser utilizada nesta parte do trabalho T disco base Massa suspensa a mg Fig. 3: Montagem experimental para a determinação dos momentos de inércia Para determinar experimentalmente os momentos de inércia, é aplicada a cada um dos sistemas em estudo (disco ou conjunto disco+anel) uma força cujo momento em relação a um ponto do eixo do sistema é fácil de determinar usando a equação (1). A força aplicada é devido a uma massa, m, suspensa de um fio enrolado em torno do eixo (ver figura 3) τ = rT (11) onde r é o raio de enrolamento do fio no veio e T o módulo da tensão do fio. Se se puder desprezar o atrito cinético no eixo de rotação o momento resultante é dado pela expressão (11). A massa suspensa ganha uma aceleração, a, que se relaciona com a tensão através da segunda lei de Newton, T = m( g − a ) (12) Esta aceleração relaciona-se ainda com a aceleração angular do sistema em rotação: α= a r (13) Substituindo na equação (7) os resultados (13), (11) (válidos se o atrito cinético no eixo de rotação for desprezável) e (12), obtemos a seguinte relação entre o momento de inércia do sistema em rotação, a massa suspensa e a sua aceleração linear: r 2 m( g − a ) I= a 5/19 (14) Analisemos de seguida como corrigir o efeito do atrito cinético no eixo de rotação. 2 Se dermos um impulso ao sistema (sem a massa m suspensa) colocando-o em rotação, ao fim de algum tempo a sua velocidade angular acabará por se anular devido a este atrito. Nessa situação, a força de atrito é a única força responsável pela existência de momento, isto é, o momento da força de atrito, τ atrito , é o momento resultante. Tendo em conta a expressão (7) podemos escrever para a aceleração angular (que terá um valor negativo): α atrito = dω τ atrito = dt I (15) Esta aceleração angular é aproximadamente constante e pode ser determinada pelo declive (negativo) do gráfico de ω(t). A relação entre o momento da força de atrito e a aceleração angular devida ao atrito é pois τ atrito = Iα atrito (16) Para tomarmos em conta o efeito do atrito cinético no eixo de rotação aquando da suspensão da massa m deveremos considerar o momento τ atrito no cálculo do momento resultante. Como o momento devido à tensão tem a mesma direcção de τ atrito a expressão (11) corrigida tendo em conta o efeito do atrito é: τ = rT + Iα atrito (17) A expressão (14) dará então lugar a r 2 m( g − a ) I= a − rα atrito (18) 3.3 Verificação da conservação do momento angular Na figura seguinte esquematiza-se a montagem experimental para a verificação da conservação do momento angular. 2 Note-se que o eixo do sistema é a linha central do eixo de rotação. 6/19 Figura 4: Esquema da montagem experimental utilizada para a verificação da conservação do momento angular. Sendo nulo o momento das forças externas verifica-se a conservação do momento angular e, da equação 5, resulta que I D ω i = I D + Aω f (19) Nestas condições a velocidade angular final, ω f , dever-se-á relacionar com a velocidade angular inicial através de: ωf = ID ID+ A ωi (20) Um outro parâmetro que importa aqui considerar, é a fracção de energia cinética de rotação perdida na colisão. A energia cinética de rotação de um objecto de momento de inércia I em rotação com velocidade angular ω é EK = 1 2 Iω 2 (21) Assim sendo, a fracção de energia cinética perdida na colisão será dada por E kf − E ki E ki I = 1 − D+ A ID 7/19 ωf ωi 2 (22) 4. Actividade experimental Destaque a folha de registos que se encontra no fim deste guião 4.1 Determinação dos momentos de inércia Medições das dimensões necessárias para os cálculos dos momentos de inércia. 4.1.1 – Usando a balança determine as massa do disco e do anel e registe os valores obtidos na tabela I. 4.1.2 - Meça o diâmetro do disco e os diâmetros interno e externo do anel e registe os seus valores na tabela II. Preparação da determinação experimental dos momentos de inércia com o sistema rotacional. 4.1.3 - Monte o sistema que inclui a roldana e uma célula fotoeléctrica na base como se mostra na figura 3. Ligue a célula fotoeléctrica ao computador através da entrada 1 da interface 500. 4.1.4 - Com uma craveira meça o diâmetro da zona cilíndrica no eixo da base em torno do qual vai enrolar um fio que irá passar pela roldana. Anote o valor na tabela III. Enrole um fio em torno dessa zona. 4.1.5 - Faça passar o fio pela roldana e suspenda na sua extremidade livre um suporte onde vai colocar as massas a suspender. A análise de resultados processa-se durante a queda destas massas suspensas. 4.1.6 - Encaixe o disco na base deixando o friso onde irá encaixar o anel virado para cima. 4.1.7 - Execute o programa “DataStudio” e seleccione a opção “Create Experiment”. No menu “Sensors” procure o ícone “Smart Pulley” (roldana) e faça duplo clique sobre esse ícone. O símbolo deste sensor deverá aparecer no ecrã, na janela “Experiment Setup”, ligado a uma representação do sistema de aquisição de dados. Faça um duplo clique com o rato sobre o símbolo e, na nova janela que apareceu, seleccione o campo “measurement”. Na “measurement list” seleccione “Linear Velocity, ch1 (m.s-1)”. Na secção “Display” (à esquerda no ecrã) escolha a opção “Graph”. Para monitorizar o gráfico e os valores de velocidade basta seleccionar a opção “Start” na barra de comando superior e para parar a monitorização seleccione “Stop”. Determinação da aceleração do disco para determinação experimental do momento de inércia do disco com o sistema rotacional 4.1.8 – Coloque uma massa suspensa de cerca de 50 g no suporte e anote o seu valor na tabela III. Monitorize o gráfico v(t) da velocidade durante a queda. 4.1.9 – Use a ferramenta de regressão linear para obter o declive da recta v(t), isto é, o valor da aceleração a . Anote o valor na tabela III. Imprima o gráfico para anexar ao trabalho 8/19 Determinação da aceleração do disco+anel para determinação experimental do momento de inércia do disco+anel com o sistema rotacional 4.1.10 – Coloque o anel em cima do disco. 4.1.11 – Repita o procedimento de 4.1.8 até 4.1.9 e anote os valore na tabela III. Preparação para a determinação do efeito do atrito no eixo. 4.1.12 – Retire o sistema que inclui a roldana e substitua-o pelo que contém apenas a foto célula como se mostra na figura 4. Tenha em atenção que o disco com ranhuras ligado à base deve passar no meio da barreira óptica do fotodetector. Ligue a foto célula ao computador através da entrada 1 da interface 500. 4.1.13 – Volte ao menu “measurement list” e seleccione “Angular Velocity, ch1 (rad.s-1)”. Na secção “Display” escolha as opções “Graph”. 4.1.14 – Manualmente coloque o sistema em rotação e escolha a opção “Start” na barra de comando superior. A velocidade angular do disco em rotação deverá aparecer no gráfico do ecrã. Uma vez confirmado que os valores estão a ser lidos correctamente pelo computador faça “Stop” para parar a aquisição dos dados. Determinação do efeito do atrito no eixo para o sistema com o conjunto anel+disco 4.1.15 – Manualmente, coloque o sistema com o anel e o disco em rotação e proceda como anteriormente para obter o gráfico da velocidade angular em função do tempo, ω(t). 4.1.16 – Use a ferramenta de regressão linear para obter o declive da recta ω(t), isto é, o valor da aceleração angular α atrito . Anote o valor na tabela III. Imprima o gráfico para anexar ao trabalho Determinação do efeito do atrito no eixo para o sistema só com o disco 4.1.17 – Retire o anel de cima do disco. 4.1.18 – Repita o procedimento de 4.1.15 até 4.1.16 e anote os valores na tabela III. 4.2 Verificação da conservação do momento angular 4.2.1 – Manualmente, coloque o disco em rotação e obtenha o gráfico ω(t). Segure o anel 5 a 10 mm acima do disco. Observe os resultados no ecrã do computador. Após a aquisição de alguns pontos experimentais deixe cair o anel sobre o disco (o anel deve encaixar na ranhura do disco). Após a colisão do anel com disco, deixe registar os valores da velocidade angular durante mais algum tempo. 4.2.2 – Observe atentamente a região do gráfico onde a velocidade angular apresenta uma variação brusca. Registe, na tabela IV, os valores das velocidades angulares antes da colisão e depois da 9/19 colisão (pode usar uma ferramenta que indica as coordenadas de um ponto seleccionado ou aceder à tabela com os dados experimentais adquiridos, seleccionando a opção “Table” no menu “Display”). 4.2.3 – Repita os dois passos anteriores mais 2 vezes. Imprima o gráfico correspondente ao último dos ensaios. 10/19 FÍSICA I Análise de dados Trabalho no 5 Momento de Inércia e Conservação do Momento Angular Turma ______ Grupo ________ Data ____ / ____ / ____ Nome __________________________________________________ no_______ Curso _________ Nome __________________________________________________ no_______ Curso _________ Quando terminar a análise dos resultados, junte estas últimas folhas com a folha de registo que destacou antes de realizar a experiência e os gráficos que imprimiram. Entregue o conjunto ao docente das aulas práticas. 5. Análise de resultados 5.1 - Calcule os momentos de inércia do disco e do conjunto disco+anel a partir dos dados registados nas tabelas I e II e as respectivas incertezas propagadas. 5.1.1 - Momento de inércia do disco calculado a partir das suas dimensões: Expressões: ID = (%δ(ID)) = 11/19 Cálculos: I D = ______________ ± ___________ _________ 5.1.2 - Momento de inércia do conjunto disco+anel calculado a partir das suas dimensões: Use o resultado que obteve em 5.1.1. e as informações que se seguem: ∂I A 1 = ( R12 + R22 ) ∂M A 2 ; ∂I A = M A R1 ∂R1 Expressões: ID +A = ID + δ( ID+A) = δ(ID) + 12/19 ; ∂I A = M A R2 ∂R2 Cálculos: I D + A = ______________ ± ___________ _________ 5.2 - Tome para g o valor 9,8 m/s2. A partir dos dados da tabela III obtenha: 5.2.1 – Estime os momentos de inércia do disco e do conjunto disco+anel determinados a partir dos resultados obtidos com o sistema rotacional, desprezando o efeito do atrito cinético no eixo (não estime incertezas): Expressões (indique o significado de cada símbolo, e.g. g é o módulo da aceleração da gravidade): I D , sem atrito = I D + A,sem atrito = 13/19 Cálculos: I D , sem atrito = ___________ _________ I D + A,sem atrito = ___________ _________ 5.2.2 - Momentos de inércia do disco e do conjunto disco+anel determinados a partir dos resultados obtidos com o sistema rotacional, considerando o efeito do atrito cinético no eixo (não estime incertezas): Expressões (indique o significado de cada símbolo, e.g. g é o módulo da aceleração da gravidade): I D , atrito = I D + A,atrito = Cálculos: 14/19 I D , atrito = ___________ _________ I D + A,atrito = ___________ _________ 5.3 – Com os valores obtidos em 5.2, estime o erro relativo que se comete ao desprezar o efeito do atrito. 5.4 - Compare e comente os resultados obtidos em 5.1 e em 5.2.2. 5.5 – Use os momentos de inércia obtidos em 5.1 para calcular os momentos angulares e respectivas incertezas (considere Qua. a incerteza relativa da velocidade angular é de (δ(%ω)) = 5%), antes e depois das colisões para os 3 ensaios. Expressões usadas para determinar os momentos angulares e as respectivas incertezas: L= (δ(% L)) = 15/19 Cálculos: Momento Angular Medição nº antes da colisão Li /________ δ( Li ) /_______ Momento Angular depois da colisão Lf /________ 1 2 3 Pode concluir que houve conservação de momento angular? 16/19 δ( L f ) /________ 5.6 - Porque não lhe foi pedido que calculasse os valores médios para o conjunto dos vários ensaios? 5.7 - À partida existem forças externas aplicadas a este sistema, nomeadamente o peso do disco e do anel. Em sua opinião estas forças poderão alterar a condição de conservação de momento angular? 5.8 - Escolha os resultados correspondentes a 1 dos ensaios e estime a fracção de energia cinética perdida na colisão (Não estime incertezas). Comente. E kf − E ki E ki = 17/19 FÍSICA I Folha de Registos Trabalho no 5 Momento de Inércia e Conservação do Momento Angular Turma ______ Grupo ________ Data ____ / ____ / ____ Nome __________________________________________________ no_______ Curso _________ Nome __________________________________________________ no_______ Curso _________ 6. Registos Determinação dos momentos de inércia Medições efectuadas em 4.1.1. Tabela I – Valores de massa do anel e do disco. Massa do disco MD = _______ ± ______ _______ Massa do anel MA = _______ ± ______ _______ Medições efectuadas em 4.1.2. Tabela II – Valores das dimensões do anel e do disco. Diâmetro do disco DD = _______ ± ______ _______ Diâmetro interno do anel D1 = _______ ± ______ _______ Diâmetro externo do anel D2 = _______ ± ______ _______ 18/19 Tabela III – Dados para a determinação dos momentos de inércia usando o sistema rotacional Disco Anel + Disco Diâmetro (d = 2r ) do cilindro de enrolamento (4.1.4) d /mm δ(d) = _________mm Massa suspensa (4.1.8) m/g δ(m) = _________ g Declive do gráfico v(t) (4.1.9) a/_________ Declive do gráfico ω(t) (4.1.16) αatrito /_________ Verificação da conservação do momento angular Medições efectuadas em 4.2. Tabela IV- Valores iniciais e finais para a velocidade angular. Medição nº Velocidade angular antes da colisão ωi / rad s-1 Velocidade angular depois da colisão ωf /________ 1 2 3 19/19