CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA AUDIOLOGIA CLÍNICA PERDA AUDITIVA NO IDOSO Suas interferências na vida psicossocial PATRÍCIA FERNANDA TAVARES ITAJAÍ 2001 CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA AUDIOLOGIA CLÍNICA PERDA AUDITIVA NO IDOSO Suas interferências na vida psicossocial Monografia de conclusão do curso de especialização em Audiologia Clínica Orientadora: Mirian Goldenberg PATRÍCIA FERNANDA TAVARES ITAJAÍ 2001 ii Dedico este trabalho à minha família, por compreenderem meus momentos de ausência e por compartilharem comigo este aprendizado. iii AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais pelo carinho, amor e preocupação que dedicaram a mim. Pelos sacrifícios que permitiram minha educação. A minha irmã Ana, pelos momentos de silêncio e tranqüilidade em sua casa. Ao meu marido que me apoiou em momentos de fragilidade humana, em que tive a intenção de parar e desistir. A ele, minha gratidão e a lembrança de que nos méritos desta conquista há muito de sua presença. A Lêda Russo, pela aula brilhante que nos proporcionou e pela marca de um certo chapéu roxo que ficou em mim. A Deus, pela proteção na estrada, pelas amizades que foram criadas, pela vida. iv “Falta palavra para o que a gente sente. Sobra emoção no que a gente vive ...”. Autor desconhecido. v SUMÁRIO RESUMO ...................................................................................................................vii ABSTRACT ..............................................................................................................viii 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1 2 DISCUSSÃO TEÓRICA........................................................................................... 3 2.1 ANATOMIA................................................................................................................... 3 2.2 FISIOLOGIA .................................................................................................................. 7 2.3 PRESBIACUSIA ............................................................................................................ 8 2.4 HANDICAP AUDITIVO .............................................................................................. 13 2.5 AMPLIFICAÇÃO SONORA E REABILITAÇÃO AUDITIVA ................................... 15 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 19 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 21 vi RESUMO Pretendeu-se com este trabalho, verificar a perda auditiva no idoso e suas dificuldades de comunicação. Verifica-se o grau da perda e a queixa deste paciente. Como o idoso portador de perda auditiva lida com essa deficiência e como se porta diante das dificuldades em sua vida cotidiana. Para tanto, foi feito um estudo teórico aprofundado sobre a perda auditiva no idoso e suas interferências na vida psicossocial incluindo a preasbiacusia, dificuldades na identificação dos fonemas, a relação entre perda auditiva e handicap e indicação de amplificação sonora com a reabilitação auditiva. No decorrer deste estudo percebeu-se um maior comprometimento no processo de comunicação no idoso, quando em ambiente ruidoso, diminuindo assim, a inteligibilidade de fala. Esta é uma característica que evidencia-se ainda mais com o avanço da idade, piorando a compreensão da fala. Esta pesquisa mostra que não existe, muitas vezes, relação entre o grau da perda e a queixa do indivíduo. Mesmo tendo uma perda leve, o sujeito pode referir um handicap auditivo bem acentuado. Este trabalho poderá contribuir para médicos e fonoaudiólogos que atuam especificamente com idosos. Estes profissionais poderão orientar e esclarecer adequadamente seus pacientes. vii ABSTRACT The intent of this study was to verify hearing loss in elderly and their difficulties in communication. The study verifies the degree of hearing loss and complaints of the patient, how the elderly with hearing losses deal with this deficiency and how they behave faced with the difficulties of daily life. For this, a profound theoretical study was done about hearing loss in elderly and its interferences in their psycho-social life including presbyacusis, difficulties in identifying the phonics, the relationship between hearing loss and handicap, and the identification of the sonorous amplification with the hearing rehabilitation. Throughout this study a bigger implication was noted in the communication process of the elderly when exposed to a loud environment, diminishing in this way the quality of their speech. This is a chacarcteristic that becomes evident even more with the advance of age worsening the comprehension of speech. This study shows that there is, in many cases, a relationship between the degree of hearing loss and the complaints of the individual. Even with a mild loss the individual can reference a very accented hearing handicap. This study can aid doctors and phono-audiologists that work with the elderly. These professionals can orient and assist their patients adequately. viii 1 INTRODUÇÃO Atualmente, a área da saúde vem-se aperfeiçoando com o avanço da tecnologia e o desenvolvimento da ciência médica; desta forma, aumenta a expectativa de vida e o crescimento da população maior de 60 anos, fazendo com que as pessoas vivam mais e melhor. (RUSSO, 1999) A fonoaudiologia, como ciência que estuda a linguagem oral e escrita, a voz e a audição do indivíduo, não poderia deixar de levar em consideração esse dado, uma vez que, melhorando a qualidade de vida das pessoas e estando na área da saúde, deve oferecer artifícios para um envelhecimento digno e justo. Com isso surge a preocupação de como está o indivíduo idoso, no seu todo, dentro do ambiente familiar e social e, mais especificamente, no que diz respeito à acuidade auditiva. Durante minha prática clínica, comecei a observar que era freqüente a negação de dificuldade auditiva por estes pacientes, mesmo quando apresentavam algumas vezes, no resultado da audiometria, perda auditiva. Esta foi a razão pela qual resolvi empreender este estudo, que tem como objetivo, através de revisão de pesquisa bibliográfica, analisar a perda auditiva no idoso e suas interferências na vida psicossocial. Os órgãos do sentido são tão importantes quanto quaisquer outros órgãos do corpo. Mas é através deles e pelo sentido da audição que se dá a comunicação. Ouvem-se, identificam-se e compreendem-se os estímulos sonoros e, assim, integramo-nos no meio em que vivemos. 1 Por isso, quando há uma alteração da audição, seja ela congênita ou adquirida, o ser humano passa por um desequilíbrio social e emocional para conseguir adaptar-se à sociedade, pois, tendo uma deficiência auditiva, o sujeito tende a isolar-se. O isolamento no idoso, especificamente, acontece nas situações em que não consegue compreender o que os familiares e amigos estão falando. E, além da dificuldade para sons verbais, existe também aquela para os sons ambientais como televisão, telefone, campainha, entre outros. Ao invés de enfrentar situações de embaraço decorrente da falta de compreensão das pessoas, ele tende a afastar-se. Pretendo, com este estudo, aprofundar-me um pouco mais nas questões que permeiam o idoso portador de deficiência auditiva. Para tal, considero importante recordar a anatomia e a fisiologia para que se possa entender o que ocorre no ouvido e, desta forma, conseguir estabelecer relacões com os resultados dos exames audiológicos e, conseqüentemente com a seleção e a indicação de prótese. É fundamental, também, correlacionar a curva audiométrica com as queixas dos pacientes, de uma forma globalizada, para que se possa chegar a um real diagnóstico. 2 2 DISCUSSÃO TEÓRICA Por limitar a interação comunicativa do idoso com outras pessoas, a deficiência auditiva pode ter implicações profundas no relacionamento interpessoal. As reações desfavoráveis das pessoas em relação ao idoso com deficiência auditiva, dificultam a preservação da sua auto-estima, ocorrendo modificação nos sentimentos em relação a si mesmo e aos outros. As pistas auditivas que permitem manter contato com o mundo não são mais percebidas devido à sua deficiência, fazendo com que ele se desligue do mundo, não conseguindo comunicar-se facilmente, levando-o à insegurança. A audição, talvez, seja o principal meio de contato entre o homem e o meio externo, pelo menos no que diz respeito ao desenvolvimento da linguagem e do intelecto. Uma vez que falaremos sobre uma patologia da audição, deveremos ter em mente o que é considerado normal na anatomia e fisiologia. Portanto, iniciaremos este trabalho relembrando de forma sucinta, num primeiro momento, a anatomia e, em seguida, a fisiologia do ouvido, tendo como referência os textos de BALLANTYNE, LACERDA, NETO e SANTOS. 2.1 ANATOMIA O aparelho auditivo divide-se em três partes: orelha externa, orelha média e orelha interna. A orelha externa consiste em pavilhão auricular, conduto auditivo externo e membrana timpânica. O pavilhão tem a forma ovalada e vai-se afunilando em 3 direção à sua porção anterior, onde encontra o conduto auditivo externo. Possui algumas pregas e sulcos e sua função é localizar as ondas sonoras. O conduto auditivo externo encontra-se entre a membrana timpânica e o pavilhão auricular; pode ser dividido em 1/3 externo cuja porção é cartilaginosa, provida de glândulas sebáceas, cerúmen e pêlos, e 2/3 internos de esqueleto ósseo revestido por pele. Tem como principal função conduzir o som até a membrana timpânica. A membrana timpânica situa-se no final do conduto auditivo externo, separando-o da orelha média. Tem a forma cônica, está fixada à parede do conduto por um anel de tecido fibroso denominado anel timpânico. É dividida em duas partes: parte tensa e parte flácida ou membrana de Schrapnell. A orelha média ou caixa timpânica é uma pequena cavidade de ar situada na porção petrosa do osso temporal, limitada lateralmente pela membrana timpânica. Possui um orifício anterior, o óstio lateral da tuba auditiva, canal que comunica a orelha média com a nasofaringe e tem como função equilibrar as pressões de ar entre a orelha média e orelha externa, a fim de que a transmissão sonora se processe normalmente na orelha média. Possui um orifício póstero-superior, o aditus ad antrum, que comunica a orelha média com o sistema aéreo da mastóide. Na parede medial da orelha média, têm-se dois orifícios que a separam da orelha interna: a janela oval e a janela redonda. A conexão entre a membrana timpânica e a orelha interna é feita pela cadeia ossicular, que é constituída por três ossículos: martelo, bigorna e estribo, e encontrase suspensa dentro da cavidade timpânica. Estes ossículos estão mantidos por seis ligamentos e dois músculos. 4 A energia sonora que passa pelo conduto auditivo, vibra a membrana timpânica; esta vibração é transmitida para a cadeia ossicular que, através do estribo, transmite para a janela oval e para os líquidos da orelha interna. Esta alteração dos líquidos modifica a posição das estruturas sensoriais, modificando seu potencial bioelétrico de repouso, disparando impulso nervoso. A membrana timpânica e os ossículos constituem um mecanismo de impedância da orelha média e esta é de grande importância na transmissão da energia sonora, sem haver alteração ou perda nas suas características físicas. A orelha interna, também conhecida como labirinto, constitui-se por cavidades preenchidas por líquido e estruturas membranosas no interior da cápsula ótica. Essas cavidades se organizam em: labirinto ósseo e labirinto membranoso. O labirinto ósseo apresenta as porções: vestíbulo, canais semicirculares, cóclea, aqueduto coclear, vestibular e meato acústico interno, e é preenchido por líquido denominado perilinfa. O labirinto membranoso flutua dentro desse líquido e é preenchido pela endolinfa. Constitui-se em: sáculo, utrículo, ducto e saco endolinfático, ductos semicirculares e ducto coclear. A cóclea é antero-inferior ao vestíbulo, e os canais semicirculares são póstero-superiores ao vestíbulo. É formada por duas ou três voltas enroladas em torno de um eixo denominado modíolo. O labirinto membranoso a divide em três rampas: timpânica, vestibular e coclear média. As duas primeiras são preenchidas por perilinfa e têm papel importante na transmissão mecânica da energia para as estruturas sensoriais contidas na rampa média. A rampa timpânica tem contato com a orelha média através da membrana da janela redonda e a rampa vestibular com o 5 vestíbulo. A membrana que separa o interior do ducto coclear da rampa vestibular, chama-se membrana de Reissner, e a que se relaciona com a rampa timpânica é a membrana basilar, onde se encontra o órgão sensorial da audição ou Órgão de Corti. Este é constituído por células ciliadas sensoriais (células ciliadas internas e células ciliadas externas) e células de sustentação. Sobre as células ciliadas internas, encontra-se a membrana tectória, que é importante na estrutura dos cílios quando a onda sonora atinge o ducto coclear. As fibras nervosas que entram e saem da rampa coclear recebendo o impulso nervoso gerado pelas células sensoriais, têm seu primeiro núcleo de associação dentro do próprio modíolo; isto ocorre no gânglio espiral e dele saem e entram fibras nervosas que se dirigem ao Órgão de Corti e fibras nervosas que, reunidas ao meato acústico interno, formam o ramo coclear do nervo vestibular (VIII par). A partir daí ocorre o segundo núcleo de associação, quando as fibras nervosas conduzem o sistema nervoso até o tronco cerebral: núcleo coclear. Do núcleo coclear ocorre um cruzamento das fibras e atingem o complexo olivar superior, subindo pelo leminisco lateral no colículo inferior. Algumas fibras seguem para o corpo geniculado medial; nesta região todas as fibras fazem sinapse para, então, se dirigirem para o lobo temporal, onde acontecem processos neurológicos sofisticados. O vestíbulo é uma cavidade oval, situada atrás da cóclea e tem contato com a orelha média através da janela oval. O vestíbulo membranoso é composto por sáculo e utrículo; este, na sua porção posterior, apresenta cinco orifícios, que representam a abertura dos canais semicirculares. Em uma das paredes membranosas do sáculo e do utrículo, existe um espessamento denominado 6 mácula. Esta é formada por células sensoriais e de sustentação e sobre elas repousa a membrana otolítica, que contém cristais de carbonato de cálcio. Os canais semirculares são em número de três de cada lado. Dentro destes, estão os ductos membranosos semicirculares. É nas ampolas dos ductos que contêm as estruturas sensoriais dos canais semicirculares, denominado de crista ampular. Estas estruturas são responsáveis pela percepção dos movimentos rotatórios e da velocidade de deslocamento. O ducto e saco endolinfático são estruturas ligadas ao equilíbrio interno da pressão do líquido endolinfático. 2.2 FISIOLOGIA Para entendermos o caminho que a energia sonora percorre de forma natural, desde o momento em que ela chega ao pavilhão auricular até o momento da sua interpretação no córtex cerebral, discorreremos neste momento sobre a fisiologia da audição. A localização e a captação das ondas são feitas pelo pavilhão auricular e conduzidas para o conduto auditivo externo. Quando a membrana timpânica recebe a energia sonora, esta vibra e transmite a vibração para o martelo, deste para a bigorna, que impulsiona o estribo para dentro e para fora da janela oval, alternadamente. Assim, faz-se a transmissão da vibração da membrana timpânica para o espaço perilinfático da orelha interna. Como parte da energia que chega ao conduto audito externo e na membrana timpânica é refletida, a orelha média possui dois mecanismos de amplificação mecânica para recuperá-la, que são: relação hidráulica de superfície e o mecanismo de alavanca. 7 O aparelho de percepção do som é a orelha interna. As vibrações mecânicas que chegam ao espaço perilinfático, fazem com que ocorra o deslocamento de ondas líquidas provocando a movimentação de todo o ducto coclear. O Órgão de Corti é estimulado pela movimentação da membrana tectória sobre os cílios de suas células sensoriais, o que provoca uma despolarização elétrica destas células, desencadeando um impulso elétrico, que percorrerá a via auditiva periférica e central para que o estímulo possa ser analisado e interpretado. A amplitude do deslocamento da membrana basilar varia conforme a freqüência e a intensidade do estímulo sonoro. A intensidade é determinada pela quantidade de fibras nervosas recrutadas pela estimulação sonora, ou seja, quanto maior a intensidade do estímulo, maior o número de fibras envolvidas e mais intenso será o som percebido no nível cortical. E, para cada freqüência, tem-se um ponto de deflexão máxima. Se for mais agudo, haverá uma estimulação maior das células ciliadas na base da cóclea; se for mais grave, a estimulação será no ápice da cóclea. 2.3 PRESBIACUSIA A perda da sensibilidade auditiva resultante do envelhecimento é conhecida como presbiacusia. O termo é derivado do grego: preby = velho e akousis = audição. A presbiacusia pode começar entre 20 e 30 anos e tornar-se incômoda socialmente depois dos 50 anos. (PORTMAN, p. 135, 1993) Este termo é empregado para o envelhecimento de todo o sistema auditivo: orelha externa, orelha média, orelha interna (degeneração de células ciliadas externas e internas) e vias auditivas centrais, devido ao envelhecimento fisiológico da audição. 8 Também, compreende-se, por diminuição do limiar auditivo e da sensibilidade com o avanço da idade. Algumas teorias incluem como causa a hereditariedade, a velhice fisiológica e fatores extrínsecos: toxinas, infecções, traumas e exposição a ruídos. Uma grande maioria de autores concordam que a presbiacusia divide-se, teoricamente, em quatro tipos: sensorial, neural, metabólica e mecânica. A sensorial refere-se à atrofia e à degeneração das células ciliadas e de sustentação do Órgão de Corti; a neural caracteriza-se por perda de neurônios na via auditiva e cóclea, ocorrendo diminuição do número de unidades neurais funcionais disponíveis; a metabólica reflete em atrofia da estria vascular, redução da função celular e equilíbrio bioelétrico / bioquímico da cóclea, e a mecânica baseia-se nas modificações atróficas do ligamento espiral e membrana basilar e problemas na mecânica do movimento do ducto coclear. Essas alterações podem ocorrer isoladamente ou não. Concomitantemente, encontra-se também uma redução e perda uniforme das células ganglionares do núcleo coclear ventral, corpo geniculado medial e complexo olivar superior. (ARNST, 1989) Num estudo feito, referente à avaliação da função vestibular, Arslan, citado por ITO (1990), considera que a sintomatologia vestibular está geralmente ausente na presbiacusia. As tonturas estão mais relacionadas com a insegurança no andar, na manutenção da postura ereta, na sensação de desequilíbrio e no obscurecimento da visão, do que propriamente na vertigem. A perda auditiva é sensorioneural bilateral, descendente, progressiva com a idade e, geralmente, simétrica. Tem, como característica, diminuição da 9 sensibilidade auditiva em freqüências agudas e, com o passar dos anos, a curva audiométrica apresenta comprometimento também nas freqüências graves. A inteligibilidade de fala encontra-se reduzida, algumas vezes compatível com a média tonal e outras, não. A discrepância entre o limiar tonal e a compreensão de fala tem uma base não periférica, segundo os estudos de Pestalozzae Shore 1995, Goetringer et al, 1961; Harbet et al, 1966, p. 723, citado por ARNST (1989), e que ocorre com o avanço da idade uma piora da compreensão da fala, o que vem a comprometer seriamente seu processo de comunicação verbal. A perda auditiva em altas freqüências torna a percepção dos sons consonantais muito difícil, especialmente quando a comunicação ocorre em ambiente ruidoso, reduzindo a inteligibilidade da fala, comprometendo, assim, o processo de comunicação no idoso portador de presbiacusia. A dificuldade acentuada em inteligibilidade de fala dá-se ao fato de as consoantes terem sua maior acústica nas freqüências altas, em uma região entre 4000 Hz e 8000 Hz, constatado por RUSSO e BEHLAU (1993), e são emitidas em intensidades baixas em relação às vogais. As autoras referem, ainda, que a contribuição para a inteligibilidade de fala é específica de determinadas faixas de freqüências. Abaixo de 500 Hz, a contribuição é de 5%. Nas freqüências de 500 Hz à 1000 Hz, tanto a energia quanto a inteligibilidade situam-se em torno de 35%. Acima de 1000 Hz, encontra-se 5% de energia acústica, que será responsável pelo impacto de 60% da inteligibilidade da informação. Isso nos ajuda a compreender a frase característica dos idosos: “Eu escuto, mas não entendo”. Em torno de 6000 Hz, KATZ (1989), sugere que esta seja uma região importante de sintonização do sistema auditivo, pois percebe-se queixa de dificuldade de comunicação na 10 presença de ruído, mesmo com audição normal, para as freqüências sonoras da fala. A perda de informações acústicas diminui a probabilidade de entender a fala; além disso, o idoso precisa de maior tempo para processar a interpretação dos sinais complexos. Um declínio na eficiência da comunicação, devido a esses fatores, possibilita menor habilidade em manter relações e diálogo, resultando no indivíduo reações psicológicas sérias como o isolamento, a frustração pessoal e o estresse, comprometendo sua relação com seus familiares, amigos e a própria sociedade. Isso torna-se cada vez mais difícil, conforme os efeitos da presbiacusia se tornem mais pronunciados. Nos estágios iniciais da doença, a perda auditiva não é percebida, pois se manifesta gradualmente. Com o avanço da idade, ocorre piora do limiar e da freqüência e, num estudo feito por RUSSO (1993), verifica-se, ainda, diferença entre idade e sexo. Os resultados mostraram que os limiares de audibilidade em homens de 65-90 anos varia de 30,8 à 95 dB, observando-se piora nos limiares tonais para freqüência altas, sugerindo perda auditiva mais acentuada em agudos. Nas mulheres, os limiares de audibilidade variam de 38.8 a 84 dB, com piora dos limiares tonais para freqüências baixas (250 – 500 Hz), indicando perda auditiva mais acentuada em graves, com configuração audiométrica mais horizontalizada. Com o intuito de analisar quais as principais dificuldades na identificação dos fonemas que os portadores de perda auditiva de configuração audiométrica possuem, foi realizado um estudo por LONGONE & BORGES (1997), utilizando o teste de reconhecimento de fala, com uma fita cassete gravada com os estímulos de fala. 11 As respostas foram avaliadas quantitativamente, ou seja, de acordo com a percentagem de acertos e erros por palavras, que se denominou de análise quantitativa do Índice Percentual de reconhecimento de fala. Posteriormente, as respostas foram avaliadas qualitativamente, isto é, cada fonema foi analisado separadamente. A análise qualitativa do Índice Percentual de reconhecimento de fala foi feita verificando-se se houve troca, inclusão ou omissão fonêmica. Pela análise quantitativa, observou-se que as palavras que causaram maior percentagem de erros foram: jaz, rol, faz, rir e lhe. Pela análise qualitativa observaram-se trocas fonêmicas: / /, /r/, /R/, /a/ , /i/ e / /. As inclusões fonêmicas ocorreram com os fonemas /s/, /r/, /l/, /e/ e /o/. As omissões com: /s/, /a/, /e/, /u/ e / /. As trocas foram: /R/ As consoantes orais líquidas foram as que apresentaram maior número de erros fonêmicos e apresentaram, também, mais probabilidade de erros que as vogais, verificando-se mais uma vez que os sons consonantais são fundamentais para o reconhecimento e identificação das palavras. Confirmou-se que quanto maior a deficiência auditiva, maior a probabilidade da ocorrência de erros fonêmicos. A importância de se observar a qualidade dos erros, é que se pode chegar à real dificuldade do portador de deficiência auditiva. Num estudo feito por Schum, Matheus, Lee, citado por SCHOCHAT (1997), verificou-se que o desempenho dos idosos em reconhecer fala no silêncio seria o mesmo dos jovens. No entanto, nas testagens com ruído, os idosos apresentavam desempenho bem abaixo dos jovens, mesmo preservando a audibilidade. A autora propõe que uma maneira de se investigarem os fatores que se ocultam nos 12 problemas de reconhecimento de fala pelos idosos, seria realizar exames que avaliem o sistema auditivo periférico em diferentes faixas etárias. Em testes utilizando ruído ou recursos que diminuam a inteligibilidade da fala, percebeu-se rebaixamento significativo do reconhecimento de fala nas idades de 60 a 80 anos, nas diferentes freqüências, aumentando com a idade. Isto demonstra uma redução na habilidade de discriminar palavras, sugerindo acometimento central, podendo indicar disfunção na área de atenção seletiva, um dos componentes do processo de percepção auditiva, segundo estudos de PEDALINI, LIBERMAN, PIRANHA (1997). 2.4 HANDICAP AUDITIVO A avaliação audiológica mostra somente grau e tipo de perda auditiva no indivíduo, mas é imprescindível avaliarmos de que modo esta perda auditiva afeta a qualidade de vida emocional e social de seu portador por outros meios. Devem ser considerados os problemas que advêm dessa deficiência. O idoso sente-se embaraçado, reage inapropriadamente e não quer expor-se ao ridículo. Para o idoso ativo profissionalmente, a desmotivação para o trabalho torna-se presente, se o tipo de trabalho exige compreensão precisa de inteligibilidade de fala, tornando-se crucial a dificuldade na comunicação. Questionários de auto-avaliação vêm sendo cada vez mais utilizados com o intuito de avaliar e quantificar as conseqüências emocionais e sociais da deficiência auditiva em indivíduos idosos. SILVEIRA & RUSSO (1998) citaram Schow e Nerbone, que criaram um instrumento denominado Nursing Home Hearing Handicap Index – NHHI (índice de 13 avaliação do handicap auditivo para indivíduos institucionalizados), organizado para esta população. As autoras fizeram um estudo em instituições que abrigam idosos utilizando este instrumento e verificaram se as respostas diferiam por sexo, faixa etária e grau da perda. Em relação ao sexo, as mulheres apresentam maior percepção do handicap do que os homens. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos etários. Concluíram que, independente do grau de perda, indivíduos institucionalizados e portadores de deficiência auditiva, podem referir um handicap bastante acentuado. CARLOS (1994) demonstra que existem divergências entre a quantidade de perda e como o sujeito percebe ou vivencia suas dificuldades auditivas. O autor refere que, em alguns casos, o sujeito embora com perda moderada, sente-se bastante prejudicado quanto às necessidades comunicativas. Em outros, o indivíduo portador de perda auditiva severa percebe-se com grau moderado de desvantagem. Evidencia-se, mais uma vez, a necessidade de uma avaliação que vá além de aspectos puramente audiométricos. Afirma, ainda, que é a inter-relação de vários fatores que determina o handicap. Este indica de que forma e quanto a perda auditiva está interferindo na vida da pessoa e quais as conseqüências que a deficiência e as inabilidades podem trazer à vida do indivíduo com a mudança do seu curso normal. Observou-se, neste estudo, que perdas auditivas semelhantes relatavam diferentes dificuldades e que nem sempre o melhor nível de audição leva a um menor handicap. Ao analisar a relação da perda auditiva e o handicap, evidenciou-se que, além do limiar auditivo, existem outros fatores que caracterizam a vida do indivíduo e que 14 vão definir a importância do sentido da audição e o modo como cada um enfrenta suas dificuldades. A dificuldade de relação com outras pessoas devido à deficiência auditiva é descrita por SIGNORINI (1989), que investigou as implicações destas nos idosos, nas suas comunicações e no convívio social. Avaliou as dificuldades de comunicação, habilidade de leitura labial, testou modelos de aparelhos, não deixando de analisar as necessidades de cada idoso em relação à comunicação, conversando com o mesmo e seus familiares sobre novas formas de adaptação, interferindo no ambiente e no interlocutor. A autora salienta, também, a atribuição de prioridade na qualidade do pessoal técnico que lida com idosos para se analisar o conhecimento a respeito da importância da audição e das possíveis soluções para a perda auditiva. Da mesma forma, com a população idosa, que necessita de esclarecimento na procura dos profissionais da área. Sugere o uso do aparelho de amplificação para o aproveitamento da audição residual que pode tornar-se mais efetivo se associado à reabilitação auditiva. Refere ainda, maior atenção às pistas visuais para servir de complemento à informação auditiva. 2.5 AMPLIFICAÇÃO SONORA E REABILITAÇÃO AUDITIVA Alguns autores concordam com a efetividade da amplificação como base do programa de reabilitação audiológica. Mesmo que o fonoaudiólogo realize uma seleção e adaptação do aparelho de amplificação sonora individual de forma efetiva, constatou-se, num estudo feito por 15 Russo, citado por ALMEIDA & IORIO (1996), a recusa da utilização do mesmo, no qual se verificaram as seguintes reações: oferecem grande resistência, apresentando como defesa falta de necessidade, problemas financeiros, dificuldade de manipulação de controles, vaidade, barulho excessivo. Desta forma, antes de planejar e instituir um programa de reabilitação audiológica, torna-se necessário avaliar o impacto da perda auditiva nas funções comunicativas e psicossociais deste indivíduo. É recomendado pela ASHA (American Speech Language – Hearing Association), citada em RUSSO & ALMEIDA (1995), o uso de um questionário de auto-avaliação, o HHIE-S (Hearing Handicap Inventory for the Elderly-Screening Version), com o objetivo de estimar as dificuldades de comunicação, as conseqüências sociais e emocionais da deficiência auditiva e o handicap. Sugerem que este questionário deve ser aplicado antes e no decorrer do programa de reabilitação para verificar o benefício que o aparelho está trazendo, sua satisfação e as possíveis reduções que o paciente apresente à percepção do seu handicap;* torna-se importante perceber a motivação do paciente e esclarecer quanto as vantagens do uso do aparelho e as limitações do mesmo. O fonoaudiológo deve selecionar as estratégias a serem empregadas no programa de reabilitação, com base na identificação das necessidades de cada um, para que possa ter sucesso. * Outros instrumentos sugeridos para auto-avaliação de idosos deficientes auditivos estão em RUSSO (1999). 16 No que tange à reabilitação auditiva no idoso, RUSSO (1999) relata sobre alguns fatores que podem ser levados em consideração quanto à comunicação dos idosos deficientes auditivos, entre eles: falar ao nível do olhar, de forma bem articulada, devagar e sem exagerar o movimento dos lábios, conversar em locais iluminados, modificar a estrutura frasal se não for compreendido, utilizar gestos, repetir a mensagem para compensar déficit de memória, conversar em lugares de pouco ruído, não falar em voz alta e de preferência próximo ao idoso e ser paciente. Verificou-se, neste estudo, a importância da amplificação sonora individual no idoso, conjuntamente com um processo de reabilitação, pois é através de questionários de auto-ajuda e da troca de informações entre terapeuta e paciente que se podem esperar resultados satisfatórios para ambos. No sistema público de saúde, é um pouco diferente a forma como o profissional da saúde atua com o paciente. Não ocorre a reabilitação. CARLOS (1994) discorreu sobre esse assunto, referindo que o próprio sistema trabalha de forma fragmentada, onde cada unidade atua de forma pré-determinada pela administração e acordo com seus recursos, tornando-se difícil ampliar a capacidade de atuação. A realidade atual ainda mostra procedimentos de avaliação no idoso, limitados à avaliação audiológica básica e à indicação de aparelho de amplificação. Após a seleção e indicação do mesmo, existe o período de adaptação, mas acredita-se serem de grande importância questionários de auto-avaliação e entrevistas abordando as dificuldades auditivas presentes no seu dia a dia. Não esquecer que a prótese auditiva não é um novo ouvido, não o substitui e, portanto, o indivíduo pode não melhorar sua comunicação, rejeitando utilizá-lo. 17 O aparelho não pode ser tido como o limite do que pode ser oferecido ao paciente. Somente a aquisição deste não é suficiente para garantir o retorno da audição para os padrões de normalidade e a melhora dos demais problemas e conseqüências que a deficiência auditiva pode trazer. 18 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante minha prática clínica, era freqüente encontrar resultados audiométricos com perda auditiva em pacientes idosos e estes muitas vezes referiam ter boa audição. Outros referiam ter dificuldade de comunicação. Por não encontrar relação entre o grau da perda e a queixa do paciente, motivei-me para realizar esta pesquisa tendo como objetivo ajudar a esclarecer como se encontra o indivíduo idoso portador de deficiência auditiva e quais as implicações desta no convívio psicossocial. Para tanto discorri sobre a anatomia e fisiologia da audição, a perda da sensibilidade auditiva resultante do envelhecimento, a amplificação sonora e reabilitação auditiva e a relação entre perda auditiva e handicap. Durante a revisão bibliográfica, verifiquei, nos estudos e pesquisas, que a presbiacusia caracteriza-se pela diminuição da sensibilidade auditiva, em freqüências agudas e que com o passar dos anos, a curva audiométrica tende-se a horizontalizar. Geralmente sensorioneural bilateral, descendente, progressiva com a idade e simétrica. Alguns idosos aceitam sua deficiência auditiva e outros não. Talvez isso ocorra pelo fato de que muitas pessoas aos 65 anos marcam o fim da vida produtiva, sem expectativas futuras, sentindo que não têm e não podem oferecer nada mais à sociedade, o que torna o momento presente pouco atrativo. Constatei também maior dificuldade de comunicação no idoso quando esta ocorre em ambiente ruidoso, agravando com a idade. Encontrei dados referentes ao handicap auditivo que esclareceram minhas questões. O que acontece é que a percepção que o indivíduo tem em relação à 19 audição, como ele percebe ou vivencia suas dificuldades auditivas, não está relacionada à quantidade de perda. É de suma importância o conhecimento anátomo-fisiológico, técnico e audiológico; mas, somente isso não basta, quando lidamos com pessoas de mais idade, que possuem déficit de audição e, como conseqüência deste, procuram o isolamento para não terem que criar uma imagem de senilidade, muitas vezes, falsa. Percebeu-se, então, a importância do papel do fonoaudiólogo ao atuar com pessoas idosas. Além de indicar uma amplificação, motivá-lo e reabilitá-lo, estará criando expectativas de uma melhor qualidade de vida, para que consiga lidar menlhor com as desvantagens e incapacidades geradas pela deficiência auditiva. O que mantém o ser humano ativo na sociedade é o fluxo constante de trocas de informação. Temos como dever tirar esse sujeito do isolamento, buscando conservar as habilidades auditivas necessárias à comunicação verbal. Espera-se que, com esta pesquisa, possamos repensar novas mudanças de comportamento dos profissionais de fonoaudiologia em relação à avaliação audiológica no idoso e sua reabilitação, aumentando a capacidade de analisar e compreender o próximo como um todo, visando melhorar a qualidade de vida desses pacientes. O idoso, indivíduo com muita experiência de vida, deve ser valorizado, levando em conta os seus relatos, dificuldades e anseios. O importante é “ter em mente que idosos são apenas jovens que viveram muito!”. (RUSSO, 1999, p. 72). 20 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNST, D. J. Presbiacusia. In: KATZ, J.. Tratado de audiologia clínica. São Paulo : Manole, 1989. p. 14-37; 717-29. BALLANTYNE, J. & MARTIN, M. C.. Surdez. Porto Alegre : Artes Médicas, 1995. p. 18-28; 202-3; 229-32. CARLOS, R. C.. O idoso no sistema público de saúde e o processo de reabilitação auditiva: um estudo exploratório. São Paulo, 1994. Tese – Mestrado – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. ITO, Y. I.. Da avaliação da função vestibular em indivíduos normais de sessenta e oito anos de idade. Revista Pró-fono, 1 (2):23-44, 1990 LACERDA, A. P.. Audiologia clínica. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1976. p. 1-28 LONGONE, E. & BORGES, A. C. C.. Teste de reconhecimento de fala em indivíduos portadores de perda auditiva neurossensorial. Revista Pró-fono 1(9): 3-9, 1997. NETO, S. C.. Anatomofisiologia do ouvido. In: SIH, J.. 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