ESPECIAL DESCE XIII PÚBLICO•SÁBADO, 27 SET 2003 provas, o estabelecimento de ensino teve, respectivamente, a segunda e a 19ª melhor média. Em 2001 a escola ocupava a 37ª posição a Química e a 272ª a Português B. José Sousa é o presidente do conselho executivo acha que este resultado tem a ver com o facto de se terem definido internamente objectivo claros e “indicadores de avaliação, que são semelhantes para as disciplinas do mesmo departamento e aplicados por todos os professores”. Por exemplo, a oralidade do aluno conta dez por cento para a nota final. No caso da Matemática não ajudou: este ano os resultados foram mais fracos; a média foi de 7,2 e a escola ficou na 415ª posição. “Correu mal, é um assunto que ainda vamos discutir internamente”, diz, sublinhando, no entanto, que considera que a grande aposta das escolas do interior deve ser “dar aos alunos a maior quantidade possível de actividades extracurriculares para que eles possam enriquecer-se culturalmente”. É isso, acrescenta, que a escola tem tentado fazer e que “pode fazer a diferença”. ■ A.S. Aurélia de Sousa desceu, mas a filosofia da escola é a mesma A escola que, segundo o “ranking” do PÚBLICO, teve a terceira melhor média no conjunto das oito disciplinas, durante dois anos consecutivos, desceu este ano para 15º. Ainda assim, é a 2ª melhor pública. Delfina Rodrigues, presidente do conselho executivo da Escola Secundária Aurélia de Sousa, no Porto, diz que o importante é verificar se houve uma grande disparidade entre as notas internas dos alunos e as conseguidas nos exames. No caso da sua escola, a diferença é de 1,25 valores. “As expectativas dos professores não eram altas, porque as classificações internas também não foram grandes”, reage. No primeiro ano, a escola teve uma média a Química que a colocava em 5º lugar, este ano desceu para 46º, a Matemática, de 4º caiu para 39ª posição. Outros 20 lugares foi quanto desceu a Biologia, de 13º para 33º. Mas também teve duas subidas fulgurantes, a Português A e a História, de 35 e 20 posições, respectivamente. Para a responsável, o factor aluno é muito importante, já que “os critérios de exigência são os mesmos, as regras e a filosofia da escola também. O trabalho é igual, mas o público é diversificado e num ano podemos ter alunos acima da média e no outro não”, continua Delfina Rodrigues, que recorda que, ao longo do ano, os professores de Matemática se “queixaram” da falta de hábitos de trabalho e de uma “atitude infantilizada”. A escola fez tudo para contrariar: no início do ano houve reforço de horas para cumprir rubricas programáticas dos anos anteriores, os pais foram contactados por causa do comportamento dos estudantes e a muitos “era chamada a atenção com regularidade”. “Se não houvesse um esforço por parte da escola, as notas teriam sido piores”, conclui a directora. ■ B.W. Fusão faz Rainha D. Amélia de Lisboa cair no “ranking” A Escola Secundária Rainha D. Amélia, em Lisboa, era, no ano passado, uma das cem com médias mais altas do país, segundo o “ranking” do PÚBLICO, ficando em 47º lugar. Este ano, encontramo-la na posição 170. Lina da Paz, presidente da comissão executiva instaladora, diz que só comentará resultados quando estes forem debatidos internamente. Mas é público que a Rainha D. Amélia (que em 2001 tinha uma média global de 12,4 valores) é hoje uma escola diferente: funciona nas instalações da antiga Secundária Ferreira Borges (que tinha uma média de 8,6), porque se fundiu com esta, assimilou alunos que provêm de classes sócio-económicas distintas e que tinham resultados mais fracos... Será isso que explica a quebra? Lina da Paz diz que respostas só mais tarde. ■ A.S. Manuel Bernardes, em Lisboa, deixou de ser o nº 1 da lista ano conseguiram uma média que fica ao nível das escolas do topo da lista — contudo, o PÚBLICO não atribuiu qualquer posição a esta escola no “ranking” nacional da disciplina, por causa do reduzido número de alunos. Para explicar melhor os resultados, Jorge Silva, presidente do conselho executivo, começa por fazer uma ressalva: “Antes de mais é preciso ver que quando estamos a falar de escolas com grupos pequenos de alunos, há tendência para haver grandes flutuações; podemos ter um bom grupo num ano e um mais fraco no seguinte, e muda tudo”. Mas, neste caso em concreto, garante “houve um grande empenho por parte dos alunos e dos professores do grupo disciplinar”. De há dois anos a esta parte a escola “tem estado apostada em melhorar os níveis de sucesso.” Jorge Silva diz que o professor que em 2003 deu aulas ao 12º ano já não é o mesmo que leccionava em 2001, mas não acredita que as melhorias que se fizeram sentir se possam imputar exclusivamente a essa mudança. “Tem muito a ver com a qualidade dos alunos e com o facto de termos um grupo de professores estável na Matemática. Os professores que leccionam essa disciplina nos diferentes anos são efectivos e podem trabalhar em grupo, ao nível de ciclo”. No “ranking” geral, a escola tem desempenhos bem fracos: fica em 394º lugar, com 9,7 valores de média nas oito disciplinas consideradas. ■ A.S. Secundária de Satão aposta em actividades extracurriculares Na Escola Secundária de Frei Rosa Viterbo, em Satão, Viseu, as notas nas disciplinas de Português B (14,3 valores de média) e Química (13,9) são o orgulho dos professores. Na lista das escolas com mais de 15 alunos a fazerem exame naquelas O ano passado, tanto na seriação feita pelo Ministério da Educação, como na do PÚBLICO, o Colégio de Manuel Bernardes, em Lisboa, era o mais bem posicionado, com uma média, às oito disciplinas, de 14,6 valores. Mas este ano, a escola desceu 25 lugares, e a sua média também caiu para 12,5. Curiosamente, a mesma que obteve em 2001, e que, na altura, a colocava em 21º lugar. O que é que se passou? Terão sido os alunos do ano passado excepcionais? Em 2002, o responsável pelo ensino secundário dizia que os miúdos eram competitivos e que, desde o 1º ciclo, trabalhavam para ser os melhores. Foi esse espírito de competição que deu cabo da média deste ano, acredita o actual director pedagógico, José Balança Lopes. Desde Janeiro que os professores começaram a notar que os alunos andavam demasiado ansiosos, porque “sentiam o peso da responsabilidade” de terem de ser tão bons ou melhores que os colegas do ano anterior. “Foram eles que criaram esse espírito, independentemente do corpo docente ou dos pais”, assegura. A preocupação foi tal, que a escola chegou a reunir com os pais para os alertar para este fenómeno. Quando chegou a altura dos exames “íam muito nervosos”, mas ainda assim o colégio orgulha-se de um dos seus alunos ter sido o terceiro a entrar em Medicina a nível nacional. “O “ranking” acabou por ser negativo para os alunos... São as desvantagens da competição”, conclui o responsável. ■B.W.