A AUTOIMAGEM CORPORAL ASSOCIADA A DISMORFIA MUSCULAR EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO VICTOR LUIZ ANGÉLICO1 MARCELO ANTÔNIO FERRAZ2 1 INTRODUÇÃO Com a influência da mídia, direta e indireta, tem havido uma grande busca por academias com o propósito de atingir o corpo ideal. Junto a isso, houve também aumento da procura por substâncias ergogênicas, e anabolizantes, para acelerar este processo. Assunção (2002) aponta para os riscos que o excesso dessas atividades pode trazer para a saúde, como a dismorfia muscular. Os problemas com a autoimagem são diretamente relacionados com a autoestima, com a necessidade de valorização positiva para ambas e tendência a auto realização. Atualmente as preocupações excessivas com a imagem corporal são também encontradas em homens, onde prevalece o desejo de ganhar peso e adquirir porte atlético, mas no passado, essas preocupações eram consideradas exclusivamente do gênero feminino, que inversamente, na maioria dos casos queriam perder peso. Essa obsessão também está associada aos quadros de bulimia e anorexia, posteriormente renomeada Dismorfia Muscular (DM) (BRANCO;HILÁRIO; CINTRA 2006). A intensa divulgação em revistas, comerciais e cinema, de figuras humanas padronizadas pelos meios de comunicação que se encaixam no modelo ideal de mulheres esqueléticas, homens musculosos, com um padrão corporal perfeito tendem a influenciar a vida das pessoas, principalmente no início da 1 Graduado em Educação Física pelas Faculdades Integradas de Bauru - FIB Licenciado Em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1994), mestrado em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999) e doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente é professor doutor e coordenador do curso do Instituto Educacional Diocesano de Assis e professor doutor Faculdades Integradas de Bauru. Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas: atividade física, atividade esportiva, psicofísica, percepção - ação, desenvolvimento motor, aprendizagem motora, controle motor, handebol, métodos e técnicas em pesquisa cientifica e basquetebol. 2 adolescência, constituindo o grupo de maior risco de desenvolver transtornos alimentares. Esses jovens são mais vulneráveis, volúveis, àspressões dos padrões socioculturais, econômicos e estéticos,uma vez que essas imagens representam ideais de beleza, sucesso e felicidade, sendo uma forte tendência cultural, de ideal aceitação e êxito (TRICHES; GIUGLIANI, 2007). 1.1 Justificativa Observando a crescente busca pelo corpo ideal, os clientes frequentadores de academias, necessitam a cada dia, melhores orientações por parte dos profissionais que organizam seções de treinamento resistido. Tendo isto em foco, é importante que o profissional de educação física saiba diferenciar a busca da estética de um problema de saúde para que possa instruir corretamente seus alunos. 1.2 Objetivo Geral Este estudo tem como objetivo analisar a auto imagem corporal associada a musculação em seus praticantes através de uma revisão da bibliografia existente. 2 AUTO IMAGEM CORPORAL A auto imagem corporal é a descrição que a pessoa faz de si mesma, um constructo psicológico, um componente importante do complexo mecanismo de identidade pessoal, que se desenvolve por meio de pensamentos, uma figura mental que se pode ter dos contornos e da forma do nosso corpo; das medidas e dos sentimentos concernentes a essas características, sentimentos e percepções acerca da própria aparência geral, das partes do corpo e das funções fisiológicas. O componente subjetivo da imagem corporal se refere à satisfação de uma pessoa com partes específicas de seu corpo, ou com ele num todo, esse conhecimento corporal tem também uma parte valorativa, que é a autoestima (TRITSCHLER, 2003). Os transtornos relacionados à autoimagem corporal trazem prejuízos a seus portadores, como grande sofrimento físico e psíquico, que por sua vez podem acarretar em perdas sociais e ocupacionais importantes. A literatura psiquiátrica atualmente considera a dismorfia muscular como um subtipo do transtorno dismórfico corporal, citado pelo Manual de Diagnóstico e Estatística (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1997 apud SARDINHA; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2008). Os problemas com a autoimagem são diretamente relacionados com a autoestima, com a necessidade de valorização positiva para ambas e tendência a auto realização. Atualmente as preocupações excessivas com a imagem corporal são também encontradas em homens, onde prevalece o desejo de ganhar peso e adquirir porte atlético, mas no passado, essas preocupações eram consideradas exclusivamente do gênero feminino, que inversamente, na maioria dos casos queriam perder peso. Essa obsessão também está associada aos quadros de bulimia e anorexia, posteriormente (BRANCO;HILÁRIO; CINTRA 2006). renomeada Dismorfia Muscular (DM) 3 ATIVIDADE FÍSICA A autoimagem está diretamente relacionada à atividade física, no que se refere a qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos e que resulta em dispêndio, gasto de energia, o que inclui tanto atividade física ocupacional, quanto das horas de lazer. Em contrapartida, o exercício físico, considerado uma subclasse de atividade física, é definido como movimento corporal planejado, estruturado e repetitivo, executado com a finalidade de melhorar ou manter um ou mais componentes da aptidão física (ROITMAN, 2003). 3.1 Treinamento Físico Neste sentido, o treinamento físico pode ser compreendido como um processo organizado e sistemático de aperfeiçoamento físico, nos seus aspectos morfológicos e funcionais, impactando diretamente sobre a capacidade de execução de tarefas que envolvam demandas motoras, sejam elas esportivas ou não (BARBANTI, TRICOLI & UGRINOWITSCH, 2004). 4 TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL O Transtorno Dismórfico Corporal é um transtorno ligado a preocupações com a aparência. Segundo o DSM-IV (APA, 1995) os critérios para o diagnóstico são: preocupação com um defeito imaginado na aparência, e mesmo que havendo um mínimo defeito, a preocupação é extremamente acentuada; sofrimento significativo e/ou prejuízo no funcionamento da vida do indivíduo. 4.1 Dismorfia Muscular Apesar da aparente hipertrofia muscular, o portador da dismorfia muscular tem sua autoimagem distorcida, percebendo seus músculos como pequenos e pouco desenvolvidos (HILDEBRANDT, 2006 apud SARDINHA; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2008). Os homens são os mais acometidos pela dismorfia muscular (ASSUNÇÃO, 2002). Neste sentido, o aumento dos casos de dismorfia muscular e do uso de anabolizantes provavelmente se deve a massa corporal percebida e sua diferença em relação a pretendida pelo indivíduo (POPE et al. 1997 apud SARDINHA; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2008). 4.1.1 Muscle Appearance Satisfaction Scale (MASS) O MASS é um questionário composto por 19 itens relacionados à auto percepção corporal e hábitos relacionados a prática de exercícios de fortalecimento muscular, com o objetivo de identificar a dismorfia muscular. O MASS fornece um somatório de todos os itens, além da pontuação em cinco subescalas: satisfação com a autoimagem (ST), dependência do exercício (DP), checagem (CH), uso de substâncias ergogênicas (US) e danos físicos (DF). Segundo o pesquisador que desenvolveu a escala, escores globais superiores a 52 pontos no MASS parecem ser indicativos de Dismorfia Muscular (MAYVILLE et al.2002 apud SARDINHA;OLIVEIRA; ARAÚJO, 2008). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS São de tamanha importância os esforços com estudos, pesquisas, de profissionais, principalmente da área da saúde, como educador físico, nutricionistas, psicólogos, equipes multidisciplinares, a fim de promover a melhoria na qualidade de vida, satisfação corporal, com a simples prática de atividades física se principalmente de exercícios físicos, associado à alimentação equilibrada, sem excesso ou déficit nutricional. Também é importante o esforço para que todos se conscientizem sobre a importância da dismorfia muscular e da colaboração para que estudos mais criteriosos sejam produzidos sobre seu diagnóstico e tratamento. Assim podemos criar a consciência de que as atividades físicas não só promove beleza, mas visa também à profilaxia de patologias relacionadas ao sedentarismo e melhoria na qualidade de vida, mesmo após a patologia ser instalada, o importante mexer-se, não importa como. 6 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV). 1995. D. Batista (trad.) 4ªed. Porto Alegre: Artes Médicas. ASSUNÇÃO, S. S. M. Dismorfia muscular. Rev Bras de Psiquiatria. 2002; 24:80-4. BARBANTI, V.J.; TRICOLI, V.; UGRINOWITSCH, C. Relevância do conhecimento científico na prática do treinamento físico. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.18, p. 101-119, 2004. Número especial. BRANCO, L.M., HILÁRIO, M.; CINTRA, I.P. Percepção e satisfação corporal em adolescentes e a relação com seu estado nutricional. Revista de Psiquiatria Clínica 2006; v. 33, n. 6, p. 292-296. CASTRO, Antônio Paulo André de et al . Fotossilhuetas para avaliação da imagem corporal de fisiculturistas. Rev Bras Med Esporte, São Paulo, v. 17, n. 4, Ago. 2011. ROITMAN, J. L.; HERRIDGE, M.; KELSEY, M.; LAFONTAINE, T. P.; MILLER, L.; WEGNER, M. et al.Manual de Pesquisa das Diretrizes do ACSM Para os Testes de Esforço e Sua Prescrição, 4° ed. Guanabara Koogan, cap. 02, p. 17, 2003. SARDINHA, A; OLIVEIRA, A. J; ARAÚJO, C. G. S. Dismorfia Muscular: Análise Comparativa Entre um Critério Antropométrico e um Instrumento Psicológico. Rev Bras Med Esporte. Niterói, v. 14, n. 4, Jul/Ago. 2008. TRICHES, R.M.; GIUGLIANI, E.R.J. Insatisfação corporal em escolares de dois municípios da região Sul do Brasil. Revista de Nutrição 2007; v. 20, n. 2, p. 119128. TRITSCHLER, K. Medida e avaliação em educação física e esportes de Barrow&McGee. 5° ed. Barueri SP: Manole, p. 457, 2003.