Capa do trabalho Capa não se inumera Quebra Pró-Reitoria de Graduação de seção, outro Curso de Biomedicina Trabalho de Conclusão de Curso document A Importância da Autofagia na Apresentação de Antígenos de Cryptococcus neoformans por Macrófagos Autor: Kaio César de Melo Gorgonha Orientador: Dr. André Moraes Nicola Brasília-DF 2015 KAIO CÉSAR DE MELO GORGONHA A Importância da Autofagia na Apresentação de Antígenos de Cryptococcus neoformans por Macrófagos Monografia apresentada ao curso de graduação Universidade em Biomedicina Católica de da Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Biomedicina. Orientador: Dr. André Morares Nicola Brasília – DF 2015 FOLHA DE APROVAÇÃO Monografia de autoria de Kaio César de Melo Gorgonha, intitulado “A IMPORTÂNCIA DA AUTOFAGIA NA APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS DE CRYPTOCOCCUS NEOFORMANS POR MACRÓFAGOS” apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina da Universidade Católica de Brasília, em 25/05de 2015, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: _________________________________________ Dr. André Moraes Nicola Orientador UCB _________________________________________ Dra. Verenice Paredez Hernandez Banca examinadora _________________________________________ Dra. Tatiana Karla Borges Banca examinadora SUMÀRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 7 1.1 A CRIPTOCOCOSE ............................................................................. 7 1.2 CRYPTOCOCCUS E A MP98 .............................................................. 7 1.3 IMUNOLOGIA DA CRIPTOCOCOSE................................................... 9 2 JUSTIFICATIVA E PERSPECTIVAS ....................................................... 11 3 HIPÓTESE ................................................................................................ 12 4 OBJETIVOS ............................................................................................. 13 5 6 4.1 OBJETIVO GERAL............................................................................. 13 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................. 13 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 14 5.1 PRODUÇÃO DE MP98 RECOMBINANTE......................................... 14 5.2 PRODUÇÃO DOS LENTIVÍRUS ........................................................ 15 RESULTADOS ......................................................................................... 17 6.1 PRODUÇÃO DE MP98 RECOMBINANTE......................................... 17 6.2 PRODUÇÃO DE LENTIVÍRUS ........................................................... 19 7 DISCUSSÃO ............................................................................................. 21 8 CONCLUSÃO ........................................................................................... 23 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 24 RESUMO GORGONHA, Kaio César de Melo. A Importância da Autofagia na Apresentação de Antígenos de Cryptococcus neoformans por Macrófagos. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso em Biomedicina – UCB. Brasília, 2015 Cryptococcus neoformans é uma levedura encapsulada causadora de meningoencefalite oportunista. Estima-se que mais de 650.000 pessoas morram por ano em decorrência da criptococose, a maioria em países em desenvolvimento Os macrófagos são as principais células efetoras do sistema imune na resposta contra C. neoformans, eles fagocitam, apresentam antígenos e secretam citocinas na tentativa de montar uma resposta imune e controlar a disseminação sistêmica do fungo. A autofagia é um processo pelo qual células eucarióticas reciclam material intracelular. O processo de iniciação é feito por uma bicamada lipídica chamada fagóforo que tem o objetivo de englobar o componente citoplasmático a ser reciclado. Depois do fechamento completo essa membrana recebe o nome de autofagossomo, que irá se fundir com um lisossomo resultando na degradação do material englobado. Trabalhos recentes com vários tipos de microrganismo mostram que as atividades efetoras de macrófagos, como a fagocitose, atividade antimicrobiana, secreção de citocinas e apresentação de antígenos, são influenciadas pela autofagia. No modelo de criptococose, especificamente, já se demonstrou que a autofagia tem um papel na atividade fungistática do macrófago e na sua produção de citocinas. A hipótese de trabalho da linha de pesquisa na qual este trabalho de conclusão de curso se insere é que a autofagia também está envolvida na outra atividade de macrófagos contra C. neoformans: a apresentação de antígenos. Para testar essa hipótese, será feito um experimento com macrófagos nos quais a maquinaria autofágica foi desligada por meio de RNA de interferência contra um gene envolvido na formação de autofagossomos, o ATG5. Além de gerar estes macrófagos, é necessário produzir uma proteína recombinante de C. neoformans chamada MP98, um excelente antígeno para ativação de células T. Espera-se que, na falta de autofagia nos macrófagos, a apresentação de MP98 medida pela produção de IL-2 por células T seja diminuída. O objetivo deste plano de trabalho foi gerar as ferramentas necessárias para que este complexo experimento possa ser realizado. Macrófagos com interferência na expressão do gene ATG5 foram gerados por transdução de vetores lentivirais contendo shRNA contra o gene. A proteína MP98 foi produzida por expressão heteróloga em Pichia pastoris, purificada por cromatografia de afinidade em colunas de níquel-NTA e quantificada por espectrofotometria. Estas ferramentas experimentais foram obtidas com sucesso em quantidade e qualidade suficientes para o andamento da linha de pesquisa. ABSTRACT Cryptococcus neoformans is an encapsulated yeast causing opportunistic meningoencephalitis. It is estimated that more than 650,000 people die each year as a result of cryptococcosis, mostly in developing countries. Macrophages are the major effector cells of the immune system in response against C. neoformans; they phagocytose, present antigens and secrete cytokines in an attempt to build an immune response and control systemic spread of the fungus. Autophagy is a process by which eukaryotic cells recycle intracellular material. It initiates with a lipid bilayer called phagophore that surrounds the cytoplasmic component to be recycled. After the complete closure of this membrane it is called autophagosome and it merges with a lysosome resulting in degradation of the enclosed material. Recent work with various types of microorganism shows the effector activity of macrophages, such as phagocytosis, antimicrobial activity, secretion of cytokines and antigen presentation are influenced by autophagy. In the model of cryptococcosis, specifically, it has been shown that autophagy plays a role in fungistatic activity of macrophages and their production of cytokines. This project is part of a broader line of research whose working hypothesis is that autophagy is also involved in the other activity of macrophages against C. neoformans: the presentation of antigens. To test this hypothesis, an experiment with macrophages in which the autophagic machinery has been switched off by means of RNA interference against a gene involved in the formation of autophagosomes, Atg5, will be done. In addition to generating these macrophages, it is necessary to produce a C. neoformans recombinant protein called MP98, an excellent antigen for T cell activation. It is expected that in the absence of autophagy in macrophages, the presentation of MP98, measured by IL-2 production by T cells, will be decreased. The objective of this work was to generate the necessary tools so that this complex experiment can be done. Macrophages with Atg5 interference were generated by lentiviral transduction vectors containing shRNA against the gene. The MP98 protein was produced by heterologous expression in Pichia pastoris, purified by affinity chromatography on nickel-NTA columns and quantified by spectrophotometry. These experimental tools were obtained successfully in sufficient quantity and quality to move on with the research. 7 1 1.1 INTRODUÇÃO A CRIPTOCOCOSE Cryptococcus neoformans, o agente etiológico da criptococose, é um basidiomiceto de distribuição global que existe normalmente como um saprófita de solo (PERFECT; CASADEVALL, 2002). A infecção inicial por C. neoformans ocorre por inalação de esporos do fungo e é efetivamente controlada pela formação de granulomas, que impedem a disseminação do fungo e estabelecem um estado assintomático de dormência da infecção. Em caso de comprometimento da imunidade celular, a infecção é reativada e se espalha sistemicamente, causando principalmente uma meningoencefalite severa. Estima-se que mais de 650.000 pessoas morram por ano em decorrência da criptococose, a maioria em países em desenvolvimento (JARVIS; HARRISON, 2007). 1.2 CRYPTOCOCCUS E A MP98 As células de C. neoformans são revestidas por uma cápsula polissacarídica que é seu principal fator de virulência, com papéis defensivos e ofensivos ( VECCHIARELLI, 2000 ; PERFECT, 2005). A cápsula de C. neoformans possui tamanho variável, chegando a medir de 5 a 30 µm, medidos a partir da parede celular do fungo (RIVERA et al., 1998 ; FELDMESSER; KRESS; CASADEVALL, 2001) . A cápsula é formada por um gel de polissacarídeos hidratados, portando polímeros de alto peso molecular, como a glicuronoxilomanana (GXM), a galactoxilomanana (GalXM) e as manoprot;eínas (MP) (FRIES et al., 2001; KUMAR et al., 2011). Aproximadamente 90% da capsula é composta por GXM (GRECHI et al., 2011), 9% é composto por GalXM e as manoproteínas correspondem a menos de 1% da massa da cápsula (TEIXEIRA et al., 2014). Apesar de se apresentar em menor quantidade em comparação com os outros carboidratos da cápsula do C.neoformans, as manoproteínas são bem mais imunogênicas (MURPHY et al., 1988; RODRIGUES; NIMRICHTER, 2012; TEIXEIRA et al., 2014). Elas têm um papel fundamental na indução imunitária mediada por células T, sendo responsável por desencadear uma resposta de hipersensibilidade tardia (FRIES et al., 2001; MURPHY et al., 1988) 8 Para estudar o papel das manoproteínas, Levitz e colaboradores geraram um hibridoma de células T denominado P1D6, capaz de produzir de IL-2 em resposta a uma manoproteína chamada de MP98 (LEVITZ et al., 2001). Utilizando a ferramenta BLAST, que permite comparar informações de sequências biológicas baseadas num banco de dados, revelou-se que a MP98 apresenta homologia com quitina desacetilases de outras espécies de fungos (LEVITZ et al., 2001), por isso também é conhecida por Cda2. A sequência dessa proteína revela uma sequência sinal, um domínio funcional, regiões ricas em Ser/Thr (de O-Glicosilação), regiões com sequências Asn-Xaa-Ser/Thr (de N-glicosilação) e um local de ancoramento de glico-fosfatidil-inositol (GPI) (LEVITZ, STUART.; SPECHT, 2006). Mp98/Cda2 catalisa um processo de conversão do polissacarídeo quitina num derivado mais solúvel, a quitosana (EIGENHEER et al., 2007). Existem outras duas desacetilases de quitina em Cryptococcus, Cda1 e a Cda3 (BAKER et al., 2007). Estudos demonstram que mutantes com supressão dos genes de todos os três tipos de quitina desacetilases não produziram quitosana, o que levou uma maior sensibilidade da parede celular do fungo a agentes químicos, um crescimento mais lento e dissociação incompleta dos brotos (BAKER et al., 2007). Estes resultados levam a crer que sem a quitosana o fungo perde a virulência (BAKER; SPECHT; LODGE, 2011). Figura 1. Manoproteína Cda2/MP-98 de C.neoformans Fonte: Adaptado de LEVITZ et al. 2006. 9 1.3 IMUNOLOGIA DA CRIPTOCOCOSE Os Macrófagos são considerados as mais importantes células efetoras do sistema imune na resposta contra C. neoformans. Estas células imunitárias fagocitam o fungo e o contém em fagossomos, onde ele é exposto a substâncias antifúngicas como espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, hidrolases e peptídios antimicrobianos (FELDMESSER; TUCKER; CASADEVALL, 2001; LEVITZ et al., 1999). Por outro lado, os macrófagos também são utilizados como nicho para sobrevivência de C. neoformans no hospedeiro (FELDMESSER; TUCKER; et al., 2001; LEVITZ et al., 1999). Dada a importância dos macrófagos na resposta imune contra C. neoformans, se torna essencial entender quais os mecanismos utilizados na defesa contra este fungo oportunista. Estudos realizados na última década sugerem que macrófagos utilizam a autofagia na resposta imune a patógenos intracelulares (LEVINE, 2005). Conservada em todos os eucariotos, a autofagia é usada pela célula para reciclar materiais citoplasmáticos, desde proteínas até organelas inteiras (MIZUSHIMA, 2007). O processo de autofagia se inicia com a formação de uma estrutura chamada fagóforo, uma vesícula que gradualmente cresce em forma de lua crescente englobando o material a ser reciclado em um compartimento envolto por duas bicamadas lipídicas. Esta vesícula, chamada autofagossomo, se funde então com lisossomos, que degradam o material em seu interior e permitem sua reutilização (MIZUSHIMA, 2007). Muito já se conhece sobre a maquinaria molecular envolvida na autofagia, e nesse projeto será analisada uma proteína que é especialmente importante nesse processo, uma enzima que catalisa um passo essencial para que a formação de autofagossomos chamada ATG5 (MIZUSHIMA, 2007). Trabalhos recentes têm demonstrado que, além de seu papel na reciclagem, a autofagia também é importante na imunidade contra patógenos intracelulares como herpes simplex vírus (TALLOCZY et al., 2002), Listaria monocytogenes (RICH; BURKETT; WEBSTER, 2003) ou Mycobacterium tuberculoses (GUTIERREZ et al., 2004), além de participar da apresentação de antígenos tanto por MHC I quanto por MHC II (MUNZ, 2010). Além disso, macrófagos em que a autofagia foi diminuída por interferência de RNA contra ATG5 foram menos capazes de controlar o crescimento de C. neoformans e mostraram um perfil diferente de secreção de citocinas {Nicola, 2012 #910}. Como macrófagos possuem três funções principais na 10 resposta imune a C.neoformans (1 - fagocitose e morte do patógeno, 2 - secreção de o citocinas e outros mediadores inflamatórios e 3 – apresentação de antígenos do fungo) e as duas primeiras já foram estudadas, foi estabelecida uma linha de pesquisa para determinar se o papel da autofagia também é necessário para apresentação de antígenos de C. neoformans. 11 2 JUSTIFICATIVA E PERSPECTIVAS C. neoformans é um fungo cosmopolita, sua presença ocorre em diversos substratos orgânicos, frequentemente associa-se a habitat de aves e suas fezes, madeira em decomposição e não o bastante, também é encontrado em até 50 % das amostras de poeira domiciliar (SWINNE et al., 1989). A criptococose era uma infecção rara, mas após o início dos anos 80 ela se tornou cada vez mais frequente; este aumento deve-se ao constante avanço da medicina moderna que permite a sobrevida de pacientes com o sistema imune debilitado como a de indivíduos transplantados, portadores de câncer em quimioterapia e principalmente a pandemia da AIDS. Cerca de três quartos dos casos de criptococose associados com a Síndrome da imunodeficiência humana se desenvolve quando o número de T CD4 está menor que 50 células/mL (PINNER; HAJJEH; POWDERLY, 1995). A anfotericina B, flucitosina e os azólicos são fármacos de escolha utilizados para tratamento da criptococose, mas ainda apresentam problemas de espectro de ação, resistência, custo elevado e efeitos adversos tóxicos (LIN; HEITMAN, 2006). Sabendo que a susceptibilidade à doença tem uma relação íntima com o estado do sistema imunológico do indivíduo e da necessidade de melhorias no tratamento, fica cada vez mais evidente a necessidade de se estudar esta relação patógeno vs hospedeiro in vitro, que aliada a um estudo clínico, possibilita o futuro estabelecimento de estratégias no tratamento de criptococose. 12 3 HIPÓTESE A hipótese da linha de pesquisa na qual este trabalho se inclui é de que o mecanismo de autofagia nos macrófagos seja importante para que uma apresentação de antígenos de C. neoformans eficiente. 13 4 OBJETIVOS 4.1 Objetivo geral O objetivo deste plano de trabalho é gerar ferramentas para a realização de um experimento que permita identificar o papel da autofagia de macrófagos na apresentação de antígenos de C. neoformans. 4.2 Objetivos específicos Gerar macrófagos com interferência no gene relacionado à autofagia ATG5. Produzir e purificar um antígeno recombinante de C. neoformans, a manoproteína MP98. 14 5 5.1 MATERIAL E MÉTODOS PRODUÇÃO DE MP98 RECOMBINANTE Vetor de expressão O gene que codifica a MP98 foi inserido no vetor de expressão pPICZα (Invitrogen) e transformado em P. pastoris X-33 por utilização do kit de Transformação da Pichia Easy Comp (Invitrogen). Leveduras transgênicas capazes de expressar a proteína foram cedidas pelo pesquisador estadunidense Stuart Levitz. Foi feito repique em Meio YPD + Zeocina para se obter uma única colônia que seguiu para o pré-inóculo em meio BMGY + Glicerol por 24 horas a 28 °C. Quando o pré-ínóculo chegou à OD de 0,5 ele foi lavado (para retirada do Glicerol) e incubado para a indução em BMGY por 72 horas a 28 °C. Ao longo das 72 horas de incubação foram adicionados 0,5% de metanol no meio, após 24 e 48 horas, induzindo os promotores AOX a expressar a manoproteína MP98 recombinante. Meios de Cultura Meio YPD para o repique de fungos: extrato de levedura a 1%, peptona a 2% e dextrose a 2% completado com água destilada até um volume final de 100 ml. Meio BMGY para expressão em P. pastoris X-33: 10 ml de YP (2% extrato de levedura, 4% peptona em 50 ml de água destilada), 2,5 ml de Tampão potássio 1 M pH 6,0 (13,2 ml K2HPO4 + 86,8 ml KH2PO4 em 100 ml de água destilada), 2,5 ml de YNB sem aminoácidos 10x (YNB sem aminoácidos + 10 g Sulfato de amônio em 100 ml de agua destilada), 200 µl de biotina, 2,5 ml de glicerol e água destilada num volume final de 25 ml. SDS-PAGE A proteína recombinante foi analisada em gel de poliacrilamida contendo SDS. O gel foi feito com poliacrilamida a 12% ( para obtermos um range de empilhamento de proteínas entre 10 kDa e 200 kDa ) com a adição de 0,045% de persulfato de amônio e 0,075% de TEMED. A solução de gel concentrador 4% foi preparada com persulfato de amônio a 0,12% e TEMED a 0,05%, Depois da completa polimerização, o sistema de géis foi acoplado a cuba de eletroforese vertical 10x10cm. 15 As amostras de cada tempo da indução foram fervidas por 5 minutos e 10 µL de cada uma delas e os marcadores de massa molecular Unstained Protein Molecular Weight Marker (Life Technologies ) e pré-corado Precision Plus Protein Standards Dual Color (BIO-RAD). A corrida do gel foi feita em tampão Tris-glicina. Terminada a eletroforese, o gel foi corado para visualização da proteína, e depois transferido para membrana para procedimentos de western-blot. Coloração e visualização do gel O gel foi corado com Coomassie Blue para a visualização do perfil protéico, por 1 hora, sob agitação. Depois o gel foi lavado com uma solução descorante e visualizado num aparelho transiluminador de luz branca, scaneado para documentação do perfil protéico das amostras, como mostra a figura 2 e 3 Western-blot Depois da cromatografia de afinidade o outro gel foi feito para analizarmos a eficiência das eluições. Ele foi incubado por 30 min em solução de transferência e transferido para uma membrana de nitrocelulose (Amershan Pharmacia Biotech) ultilizando o aparelho Trans-Blot SD Semi-Dry Eletrophoretic Transfer Cell (BIORAD) .Este aparelho possui dois eletrodos e submetidos a uma corrente elétrica de 15V durante 15 minutos. Após a transferência, a membrana foi bloqueada com solução de leite desnatado comercial (5%) em PBST 1X por 1 hora a temperatura ambiente, sob leve agitação, depois lavada 3 vezes com PBST 1X por 5 minutos e incubada durante 2 horas a temperatura ambiente, sob leve agitação, com anticorpo monoclonal anti-polyHis conjugado com fosfatase alcalina (Sigma) na diluição 1:1000 em solução PBS. Após a incubação, a membrana foi lavada 3 vezes de 5 minutos com PBST 1X. Em seguida, a membrana foi imersa em solução APB e submetida ao tratamento com a solução reveladora de western-blot (NBT e BCIP) até o aparecimento das bandas. A membrana foi finalmente lavada com água destilada, seca a temperatura ambiente e fotografada, como mostra a Figura 3. 5.2 PRODUÇÃO DOS LENTIVÍRUS Este trabalho foi feito em parceria com Kellyane Teixeira Rangel, durante seu Mestrado. 16 Diminuição da autofagia por meio de interferência com ATG5 Para obter macrófagos com deficiência na autofagia, células J774 foram transduzidas com os vetores lentivirais, que resultam em integração de shRNAs (short hairpin RNA) cujo alvo é ATG5 no genoma da célula. Estes shRNAs são processados pela célula e transformados em siRNAs (small interfering RNA), que resultam na degradação do mRNA e consequente silenciamento de ATG5. Geração de células J774 com ATG5 shRna Para montar uma partícula lentiviral são necessários vários plasmídeos carregando uma sequência com função singular. Plasmídeos de expressão em mamíferos são eles: TAT, REV, VSV-G e GAG-POL. As sequências de empacotamento que estes plasmídeos carregam foram originadas de retrovírus (Vírus da Imunodeficiência humana 1 - HIV-1) e do vírus da estomatite vesicular humano (VSV). O outro vetor utilizado é o plasmídeo pLK0.1. Este é o vetor que carrega a sequência de RNA interferente que foi transcrito. A sequência escolhida tem como foco o gene ATG5 de camundongo. Estes conjuntos de plasmídeos foram importados e multiplicados em Escherichia coli termocompetente da linhagem Omnimax em meio LB (sendo cultivadas sob o protocolo Inoue com multiplicação bacteriana a 18ºC) e depois extraídas com o kit comercial de mini preparação GenElute (Sigma). Com as células HEK 293T foram realizados os procedimentos de transfecção com lipídeos catiônicos. As placas foram preenchidas com vetores pLKO.1 contendo shRNAs contra Atg5 de camundongo. RT-PCR em tempo real O RNA foi extraído das células J774 com o knockout por meio do uso do reagente trizol e de 1-bromo-3-cloropropano e, em um gel com 1% de tampão TAE livre de RNAse, foi colocado 70ng do RNA extraído com o corante de carregamento, deixando o RNA extraído correr no gel por 40 minutos a 70V/400mA. Uma qPCR foi realizada com 2µl de tampão TAQ/sybrgreen, 0.8ul dNTPs, 1µl de mix de primer por amostra, além de 4µl de cDNA diluído. 17 6 6.1 RESULTADOS PRODUÇÃO DE MP98 RECOMBINANTE Fizemos o repique em Meio YPD + Zeocina com cepa que carrega o gene que codifica a MP98 e montamos o pré-ínóculo em meio BMGY + Glicerol por 24 horas a 28 °C. Lavamos para a retirada do glicerol e incubamos em meio BMGY por 72 horas a 28 °C. Para monitorar se a produção da proteína estava ocorrendo, coletamos amostras da cultura nos tempos 24, 48 e 72 horas de indução. Essas amostras foram precipitadas com uma Solução de TCA (ácido tricloroacético) e comparadas por eletroforese, como mostra a Figura 2. Figura 2. Eletroforese de proteínas em gel de poliacrilamida submetido à coloração com coomassie blue por 30 minutos. Mostrando o aumento das bandas entre 90 e 100 kDa ao longo das 72 horas de indução da expressão da MP98 por P. pastoris. Purificação da MP98 recombinante por cromatografia de afinidade O vetor de expressão utilizado, pPICZα, (Invitrogen) permitiu adicionar a proteína MP98 uma cauda de 6 (seis) histidinas (His-Tag). Essa adição tem como 18 objetivo separar a proteína de interesse, purificando por cromatografia de afinidade. O sobrenadante, contendo a proteína solúvel expressa, foi separado para realização da purificação em coluna contendo a resina NiSepharose6FastFlow (GE Healthcare). Figura 3. Eletroforese de proteínas em gel de poliacrilamida que foi submetido ao ensaio de western blot com InVision™ His-tag In-gel Stain e corado com coomassie blue por 30 minutos. O gel mostra que a segunda eluição nas colunas resina NiSepharose6 foi a que carregou maiores quantidades de proteína. Quantificação da MP98 Concentramos os tubos com a Eluição 2 e quantificamos espectrofotometria. A concentração obtida foi de 3,42 mg/ml. ultilizando 19 6.2 PRODUÇÃO DE LENTIVÍRUS Transfecção de HEK293T As células HEK 293T foram cultivadas incubadas com o mix de produção lentiviral (vetores pLK0.1, plasmídeos de empacotamento, OptiMEM e lipofectamina). Após o período de incubação, foram realizadas coletas do sobrenadante a cada 12 horas. Os sobrenadantes coletados foram centrifugados a baixa velocidade para sedimentar restos celulares e centrifugado novamente em eppendorfs a 20.000g por 90 min a 4 °C para concentração. Transdução de J774 Células J774 foram cultivadas em placas, sendo adicionada posteriormente a concentração de lentivírus de 100µl, 50µl e 10µl. Foi transferido o volume da placa de 96 poços para uma placa de 6 poços, usando 5µg/ml de puromicina para selecionar as células transfectadas. Após atingir a confluência necessária, uma alíquota das células foi utilizada para produção de RNA a ser utilizado em reações de qPCR. RT-PCR em tempo real Valor absoluto da expressão do gene Unidades Arbitrárias 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 Amostras 20 Figura 4 – Resultado do qPCR. Expressão absoluta do gene em unidades arbitrárias (UA), que é o resultado da razão entre a eficiência da reação (Q) e o fator de normalização da amostra. O gene endógeno usado como controle do teste foi o ACT1. No gel é possível observar que os lentivírus 305 e 306 na menor concentração obtiveram o maior silenciamento do gene ATG5. 21 7 DISCUSSÃO P.pastoris é uma levedura metilotrófica capaz de metabolizar metanol como única fonte de carbono devido ao gene que codifica a enzima álcool oxidase (AOX 1). Além de ser fortemente regulada pela presença de metanol, a AOX1 também é fortemente inibida pela presença de algumas fontes de carbono como o glicerol. Estas peculiaridades metabólicas fazem com que P pastoris seja um importante modelo de produção de proteínas recombinantes. Além disso, ela foi escolhida para este trabalho por ser capaz de produzir proteínas com alto grau de manosilação (LAM et al., 2005), necessárias para completa imunogenicidade da MP98. (SPECHT et al., 2007). O sistema de expressão heteróloga em P. pastoris tem outras vantagens: pode ser obtida comercialmente e cultivada de forma simples, em pequena ou larga escala, com uma produção significativa e de forma bem menos dispendiosa que outros modelos eucarióticos de expressão heteróloga. Além da capacidade de ser induzida com metanol, a P.pastoris e o vetor de expressão pPICZα possuem outras características que foram críticas para o desenvolvimento deste trabalho: capacidade de adição de peptídeo sinal e cauda de poli-histidina. Estas características são fundamentais quando se pensa em purificação da MP98, uma vez que o peptídeo sinal leva a secreção da proteína para o meio extracelular e a adição da cauda de poli-histidina permite a separação da proteína por métodos simples de cromatografia e visualização por Western-blot. Uma das maneiras de se observar qual a função de um componente num determinado processo é o teste de perda de função. Para tentar mostrar qual a importância do processo da autofagia de macrófagos na apresentação de antígenos de C. neoformans utilizamos uma ferramenta que se mostra cada dia mais poderosa nos estudos de função de genes em mamíferos, o RNA de interferência. O mecanismo é baseado inserção citoplasmática de sequências de RNA dupla fita idêntica a que se deseja inibir, desencadeando uma via enzimática envolvendo um complexo de silenciamento (RISC) induzido por RNA, resultando em silenciamento do RNA alvo com estabilidade a longo prazo (MANIATAKI; MOURELATOS, 2005; MOORE et al., 2010). O gene que foi silenciado em células J774 é o que codifica a Atg5, uma proteína necessária no durante a elongação do autofagossomo. Atg5 é ativada pela 22 proteína Atg7 formando um complexo necessário na conjugação do LC3-I a fosfatidiletanolamina. Este complexo origina o LC3-II que sinaliza a conclusão processo autofágico (CODOGNO; MEIJER, 2006). Células J774 são sabidamente refratárias a transfecção com metodologias mais comuns, como lipídeos catiônicos e nucleofecção. Para contornar esta dificuldade, utilizamos vetores lentivirais. Resultado de engenharia genética que combina vírus como HIV e VSV, estes vetores possuem altíssima eficiência de transdução de material genético para macrófagos (>95%). Além disso, resultam em integração permanente do material genético transduzido ao núcleo da célula, gerando o silenciamento estável de Atg5 que é necessário neste projeto. 23 8 CONCLUSÃO Ao longo deste trabalho de TCC implementamos importantes tecnologias de imunologia e bioquímica que tornaram possíveis a realização de experimentos de apresentação de antígenos necessários para testar a hipótese da linha de trabalho do grupo de pesquisa. A proteína MP98 foi produzida, purificada e concentrada com sucesso, gerando uma fonte precisa de antígenos para apresentação. Utilizando RNA de interferência, geramos macrófagos com defeitos na maquinaria autofágica. Com essas ferramentas, poderemos finalmente realizar experimentos in vitro e ex vivo para testar o efeito da autofagia na apresentação de antígenos de C. neoformans. O conhecimento gerado poderá futuramente servir para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas e/ou profiláticas para a criptococose. 24 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKER, L. G. et al. Chitosan, the deacetylated form of chitin, is necessary for cell wall integrity in Cryptococcus neoformans. Eukaryot Cell, v. 6, n. 5, p. 855-67, May 2007. ISSN 1535-9778 (Print) 1535-9786 (Linking). BAKER, L. G.; SPECHT, C. A.; LODGE, J. K. Cell wall chitosan is necessary for virulence in the opportunistic pathogen Cryptococcus neoformans. Eukaryot Cell, v. 10, n. 9, p. 1264-8, Sep 2011. ISSN 1535-9786 (Electronic) 1535-9786 (Linking). CODOGNO, P.; MEIJER, A. J. Atg5: more than an autophagy factor. 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