PRF Prof. Cláudio Albuquerque Refere-se ao atendimento prestado a uma vítima de um acidente ou mal súbito. Consiste num primeiro atendimento até que o socorro avançado esteja no local. Primeiros Socorros é a ação de que cada cidadão dentro de suas limitações possa ajudar ao outro. 1. Sistemas de Atendimento de emergência no Brasil e no Mundo O Serviço de Emergências Médicas (S.E.M.), nasceu nos EUA em 1966 quando os Comitês do Trauma e Choque da Academia nacional de Pesquisas (Nacional Academy of Sciences -EUA ) do Conselho Nacional de Pesquisas publicou um estudo chamado "Morte e Deficiências por Acidentes: uma descuidada doença da sociedade moderna ". Através dos índices estatísticos e resultados obtidos neste estudo,foi revelado tanto para o povo quanto para o Congresso americano que o atendimento pré-hospitalar era seriamente inadequado à sobrevivência e recuperação da vítima de traumas e choques de quando atendida de forma apropriada. Em 1968, foi criado o telefone centralizado único para chamadas de emergência: o 911 designado pela Cia telefônica e de telégrafos americana. No início dos anos 80, a principal preocupação passou a ser a padronização dos programas de treinamento dos Técnicos em Emergências Médicas. Esses programas combinaram treinamentos teóricos e práticos, que permitiram ao técnicos uma especialização com certificados, garantindo assim a qualidade profissional e a promoção de reciclagem com intuito de reavaliações e atualizações. Nosso país está com defasagem de trinta anos. Tal posição não está relacionada apenas a incapacidade de gerar recursos financeiros, o que nos deixa sem acesso a tecnologia, mas também a uma terrível consciência de que a vida humana se encontra desvalorizada diante de conceitos político administrativos. A ciência e as tecnologias necessárias para salvar vidas de vítimas de acidentes esta a nossa disposição, porém o que falta é a vontade política de utilizar tais recursos de forma objetiva. Os procedimentos para situações de emergência foram formatados objetivando treinar o público em geral. O socorrista é geralmente quem esta presente na hora do acidente. O Brasil vem se mantendo na frente em mortes por invalidez permanente causadas por acidentes de trânsito. Estes, além de seletivos, pois atingem principalmente a jovens e crianças, são implacáveis com pais de família e destroem lares sem complacência. Os bombeiros merecem um destaque especial, pois eles em conjunto com os socorristas realizam o atendimento avançado e o transporte das vítimas para um hospital onde os médicos irão concluir os trabalhos de recuperação. O Departamento de Transportes dos EUA - DOT - , desenvolveu o programa para treinamento e formação de Técnicos em Emergências Médicas e recomendou a pesquisa e desenvolvimento dos padrões de equipamentos e veículos que deveriam ser empregados na montagem de ambulâncias e demais veículos afins. Em 1972, o então presidente Nixon, delegou ao Departamento de Saúde - HHS - , atribuição para que fossem desenvolvidas nova formas de organizar Serviços de Emergências Médicas - SEM , o que resultou na assinatura de diversos contratos com Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros entidades de iniciativa privada onde foram investidos cerca de 8,5 milhões de dólares em pesquisas de base. Em 1975 foi fundada a Associação dos Técnicos em Emergências Médicas. Protocolo Internacional de Atendimento Préhospitalar: URGÊNCIA - Situação onde não há risco à vida EMERGÊNCIA - Situação onde há risco á vida SOCORRO BÁSICO - são os procedimentos não invasivos. SOCORRO AVANÇADO- são os procedimentos invasivos. No Mundo existem diversos protocolos e modelos de atendimento pré hospitalar, destacando o Protocolo Norte-Americano e o Protocolo Francês, no primeiro aplica-se o conceito de chegar à vítima no menor tempo possível, realizar manobras essenciais para estabilizá-la e removê-la o mais rápido possível a um hospital adequado (princípio conhecido como hora de ouro). No protocolo Francês adota-se o princípio de ofertar o atendimento médico no local até a estabilização da vítima (princípio conhecido como stay and play). 2. Aspectos legais do atendimento pré-hospitalar; CONCEITO As primeiras providências tomadas em um acidente são chamadas: Primeiros Socorros. Eles são os procedimentos de emergência que devem ser aplicados a uma pessoa em perigo de vida, visando a manter os sinais vitais e evitando o agravamento do seu estado, até que receba assistência especializada. Você terá a oportunidade nesta cartilha de conhecer algumas técnicas de Primeiros Socorros que vêmsendo divulgadas nomundo inteiro. Primeiros Socorros são as primeiras providências tomadas no local do acidente. É o atendimento inicial e temporário, até a chegada de um socorro profissional. Quais são essas providências? • Uma rápida avaliação da vítima; • Aliviar as condições que ameacem a vida ou que possam agravar o quadro da vítima, com a utilização de técnicas simples; • Acionar corretamente um serviço de emergência local. A seqüência das ações a serem realizadas vai sempre ser a mesma: 1) manter a calma; 2) garantir a segurança; 3) pedir socorro; 4) controlar a situação; 5) verificar a situação das vítimas; 6) realizar algumas ações com as vítimas. IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DAS TÉCNICAS Acidentes podem ocorrer em quase todas as situações e atividades, portanto, as pessoas estão expostas a riscos e sujeitas a ferimentos e traumatismos por eles causados. Os lugares especialmente propícios para a ocorrência de acidentes são as casas, as empresas e o trânsito. No Brasil, o trânsito causa em média 50 mil mortes em um ano. Muitas dessas pessoas morreram ou ficaram com sequelas por não terem recebido socorro adequado a tempo ou por terem sido socorridas de forma inadequada. Para ajudar realmente uma vítima de acidente é preciso prestar um socorro correto e eficaz. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 1 PRF Prof. Cláudio Albuquerque Conhecer as técnicas de primeiros socorros poderá ajudar em situações de emergência. QUANDO DEVEMOS PRESTAR SOCORRO Na maioria das grandes cidades, existem equipes de Emergência treinadas para atender vítimas de todo o tipo de acidente. As equipes são compostas por socorristas que são profissionais especializados em socorro de Emergência. Devemos preferir o socorro especializado que conta com equipamento e treinamento adequados. Mas existirão situações em que não haverá equipe disponível ou a gravidade da situação não permitirá aguardar socorro especializado. Neste caso, o conhecimento de socorro básico poderá garantir a sobrevivência das vítimas. Quando realizado sem as técnicas adequadas, o socorro poderá prejudicar, agravando o estado da vítima e provocando danos irreversíveis. OMISSÃO DE SOCORRO Deixar de prestar socorro a pessoa ferida ou em grave iminente perigo, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, é crime segundo o artigo 135 do Código Penal Brasileiro. A omissão e a falta de um pronto atendimento eficiente são os principais motivos de mortes ou danos irreversíveis emvítimas de acidentes de trânsito. Código Penal OMISSÃO DE SOCORRO Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazÊ-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou em grave e iminente perigo ; ou não pedir , nesses casos, o socorro da autoridade pública. Pena: Detenção de 01 ( um ) a 6 ( seis ) meses ou multa. Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se a omissão resulta lesão corporal de naturaza grave, e triplica , se resulta em morte 3. BIOSSEGURANÇA Ao ajudar em um acidente, procure se proteger de doenças infectocontagiosas usando luvas ou pedaços de pano. Essas doenças são transmitidas através do contato com fluidos corporais como sangue e saliva. O uso de EPI(s) é obrigatório. Quais os riscos mais comuns e quais os cuidados iniciais? É só acontecer um acidente que podem ocorrer várias situações de risco. As principais são: • Novas colisões; • Atropelamentos; • Incêndio; • Explosão; • Cabos de eletricidade; • Óleo e obstáculos na pista; • Vazamento de produtos perigosos; • Doenças infecto-contagiosas. Novas Colisões Você já viu como sinalizar adequadamente o local do acidente. Seguindo as instruções fica bem reduzida a possibilidade de novas colisões. Porém, imprevistos acontecem. Por isso, nunca é demais usar simultaneamente mais de um procedimento, aumentando ainda mais a segurança. Atropelamentos 2 Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros Adote as mesmas providências empregadas para evitar novas colisões. Mantenha o fluxo de veículos na pista livre. Oriente para que curiosos não parem na área de fluxo e que pedestres não fiquem caminhando pela via. Isole o local do acidente e evite a presença de curiosos. Faça isso, sempre solicitando auxílio e distribuindo tarefas entre as pessoas que querem ajudar, mesmo que precisem ser orientadas para isso. Incêndio Sempre existe o risco de incêndio. E, ele aumenta bastante quando ocorre vazamento de combustível. Nesses casos é importante adotar os seguintes procedimentos: • Afaste os curiosos; • Se for fácil e seguro, desligue o motor do veículo acidentado; • Oriente para que não fumem no local; • Pegue o extintor de seu veículo e deixe-o, pronto para uso, a uma distância segura do local de risco; • Se houver risco elevado de incêndio e, principalmente com vítimas presas nas ferragens, peça a outros motoristas que façam o mesmo com seus extintores, até a chegada do socorro. Há dois tipos de extintor para uso em veículo: o do tipo BC, destinado a apagar fogo em combustível e em sistemas elétricos, e o do tipo ABC, que também apaga o fogo em componentes de tapeçaria, painéis, bancos e carroçaria. Verifique o tipo do extintor e a validade do cilindro. Saiba sempre onde ele está em seu veículo. Normalmente, seu lugar é próximo ao motorista para facilitar a utilização. Dependendo do veículo, ele pode estar fixado no banco sob as pernas do motorista, na lateral próximo aos pedais, na lateral do banco ou sob o painel do lado do passageiro. Localize o seu e assinale sua posição no espaço reservado no final desta cartilha. Verifique também, como é que se faz para tirálo de sua posição, não deixe para ver isso numa emergência. Nunca um extintor deve ser guardado no porta-malas ou em outro lugar, de difícil acesso. Mantenha sempre seu extintor carregado e com a pressão adequada. Troque a carga conforme a regulamentação de trânsito e também, sempre que o ponteiro do medidor de pressão estiver na área vermelha. Para usar seu extintor, siga as instruções: • Mantenha o extintor em pé, na posição vertical; • Quebre o lacre e acione o gatilho; • Dirija o jato para a base das chamas e não para o meio do fogo; • Faça movimentos em forma de leque, cobrindo toda a área em chamas; • Não jogue o conteúdo aos poucos. Para um melhor resultado, empregue grandes quantidades de produto, se possível com o uso de vários extintores ao mesmo tempo. Explosão Se o acidente envolver algum caminhão de combustível, gás, ou outro material inflamável, que esteja vazando ou já em chamas, a via deve ser totalmente interditada, conforme as distâncias recomendadas e todo o local evacuado. Cabos de eletricidade Nas colisões com postes é muito comum que cabos elétricos se rompam e, fiquem energizados, na pista ou mesmo sobre os veículos. Alguns desses cabos são de Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores PRF Prof. Cláudio Albuquerque alta voltagem, e podem causar mortes. Jamais tenha contato com esses cabos, mesmo que ache que eles não estão energizados. No interior dos veículos, as pessoas estão seguras, desde que os pneus estejam intactos e não haja nenhum contato com o chão. Se o cabo estiver sobre o veículo, elas podem ser eletrocutadas ao tocar o solo. Isso já não ocorre se permanecerem no seu interior, pois o mesmo está isolado pelos pneus. Outro risco é do cabo chicotear próximo a um vazamento de combustível, pois a faísca produzida poderá causar um incêndio. Mesmo não havendo esses riscos, não mexa nos cabos, apenas isole o local e afaste os curiosos. Caso exista qualquer dos riscos citados ou alguém eletrocutado, use um cano longo de plástico ou uma madeira seca e, num movimento brusco, afaste o cabo. Não faça isso com bambu, metal ou madeira molhada. Nem nunca imagine que o cabo já esteja desligado. Óleo e obstáculos na pista Os fragmentos dos veículos acidentados devem ser removidos da pista onde há trânsito de veículos e, se possível, jogue terra ou areia sobre o óleo derramado. Normalmente isso é feito depois, pelas equipes de socorro, mas se você tiver segurança para se adiantar, pode evitar mais riscos no local. Vazamento de produtos perigosos Interdite totalmente a pista e evacue a área, quando veículos que transportam produtos perigosos estiverem envolvidos no acidente e existir algum vazamento. Faça a sinalização como já foi descrito. Doenças infecto-contagiosas Hoje, as doenças infecto-contagiosas são uma realidade. Evite qualquer contato com o sangue ou secreções das vítimas nos acidentes. Tenha sempre em seu veículo, um par de luvas de borracha para tais situações. Podem ser luvas de procedimentos usadas pelos profissionais ou simples luvas de borracha para uso doméstico. Limpeza da pista Encerrado o atendimento e não havendo equipes especializadas no local, retire da pista a sinalização de advertência do acidente e outros objetos que possam representar riscos ao trânsito de veículos. O que é possível fazer? As limitações no atendimento às vítimas. Você não é um profissional de resgate e por isso deve se limitar a fazer o mínimo necessário com a vítima até a chegada do socorro. Infelizmente, vão existir algumas situações que o socorro, mesmo chegando rapidamente e com equipamentos e profissionais treinados, pouco poderá fazer pela vítima. Você, mesmo com toda a boavontade, também poderá encarar uma situação em que seja necessário mais que a solidariedade que você pode oferecer. Mesmo nestas situações difíceis, não se espera que você faça algo para o qual não esteja preparado ou treinado. Fazendo contato com a vítima Depois de garantido, pelo menos o básico em segurança e a solicitação do socorro, é o momento em que você poderá iniciar contato com a vítima. Se a janela estiver aberta, fale com a vítima sem abrir a porta. Se for abrir a porta, faça-o com muito cuidado para não movimentar a vítima. Você poderá pedir a algum ocupante do veículo para destravar as portas, caso necessário. Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros Ao iniciar seu contato com a vítima, faça tudo sempre com base em 4 atitudes: informe, ouça, aceite e seja solidário. Informe à vítima o que você está fazendo para ajuda-la e, com certeza ela vai ser mais receptiva aos seus cuidados. Ouça e aceite suas queixas e a sua expressão de ansiedade respondendo as perguntas com calma e de forma apaziguadora. Não minta e não dê informações que causem impacto ou estimulem a discussão sobre a culpa no acidente. Seja solidário e permaneça junto à vítima em um local onde ela possa ver você, sem que isso coloque em risco sua segurança. Algumas vítimas de um acidente podem tornar-se agressivas não permitindo acesso ou auxílio. Tente a ajuda de familiares ou conhecidos dela, se houver algum, mas se a situação colocar você em risco, afaste-se. Cintos de segurança e a respiração Veja se o cinto de segurança está dificultando a respiração da vítima. Neste caso, e só neste caso, você deverá soltá-lo, sem movimentar o seu corpo. Impedindo movimentos da cabeça É procedimento importante e fácil de ser aplicado, mesmo em vítimas de atropelamento. Segure a cabeça da vítima, pressionando a região das orelhas, impedindo a movimentação da cabeça. Se a vítima estiver de bruços ou de lado, procure alguém treinado para avaliar se ela necessita ser virada e de como fazê-lo, antes do socorro chegar. Em geral ela só deverá ser virada se não estiver respirando. Se estiver de bruços e respirando, sustente a cabeça nesta posição e aguarde o socorro chegar. Se a vítima estiver sentada no carro, mantenha a cabeça na posição encontrada. Como na situação anterior, ela poderá ser movimentada se não estiver respirando, mas a ajuda de alguém com treinamento prático será necessária. Vítima inconsciente Ao tentar manter contato com a vítima, faça perguntas simples e diretas como: – Você está bem? Qual é seu nome? O que aconteceu? Você sabe onde está? O objetivo dessas perguntas é apenas identificar a consciência da vítima. Ela poderá responder bem e naturalmente suas perguntas, e isto é um bom sinal, mas poderá estar confusa ou mesmo nada responder. Se ela não apresentar nenhuma resposta demonstrando estar inconsciente ou desmaiada, mesmo depois de você chamá-la em voz alta, ligue novamente para o serviço de socorro, complemente as informações e siga as orientações que receber. Além disso, indague entre as pessoas que estão no local, se existe alguém treinado e preparado para atuar nesta situação. Em um acidente, a movimentação de vítima inconsciente e mesmo a identificação de uma parada respiratória ou cardíaca, exige treinamento prático específico. Controlando uma Hemorragia Externa São diversas as técnicas para conter uma hemorragia externa. Algumas são simples e outras complexas que só devem ser aplicadas por profissionais. A mais simples, que qualquer pessoa pode realizar, é a compressão do ferimento, diretamente sobre ele, com uma gaze ou pano limpo. Você poderá necessitar de luvas para sua proteção, para não se contaminar. Naturalmente você deverá cuidar só das lesões facilmente visíveis que continuam sangrando e daquelas que podem ser cuidadas sem a movimentação da vítima. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 3 PRF Prof. Cláudio Albuquerque Só aja em lesões e hemorragias se você se sentir seguro para isso. Escolha um local seguro para as vítimas Muitas das pessoas envolvidas no acidente já podem ter saído sozinhas dos seus veículos, e também podem estar desorientadas e traumatizadas com o acontecido. É importante que você localize um local sem riscos e junte estas pessoas nele. Isto irá facilitar muito o atendimento e o controle da situação, quando chegarem as equipes de socorro. Proteção contra frio, sol, chuva Você já deve ter ouvido que aquecer uma vitima é um procedimento que impede o agravamento de seu estado. É verdade, mas aquecer uma vítima não é elevar sua temperatura, mas sim protegê-la para que ela não perca o calor de seu próprio corpo. Ela também não pode ficar exposta ao Sol. Por isso, proteja-a do Sol, da chuva ou do frio, utilizando qualquer peça de vestimenta disponível. Em dias frios ou chuvosos as pessoas andam com os vidros dos veículos fechados, muitas vezes sem agasalho. Após o acidente ficam expostas e precisam ser protegidas do tempo, que pode agravar sua situação. O QUE NÃO FAZER: Você só quer ajudar, mas muitos são os procedimentos que podem agravar a situação das vítimas. Os mais comuns e que você deve evitar são: • movimentar uma vítima • retirar capacetes de motociclistas • aplicar torniquetes para estancar hemorragias • dar alguma coisa para a vítima tomar Não movimente a vítima A movimentação da vítima poderá causar piora de uma lesão na coluna ou em uma fratura de um braço ou perna. A movimentação da cabeça ou do tronco de uma vítima que sofreu um acidente com impacto que deforma ou amassa veículos, ou num atropelamento, pode agravar muito uma lesão de coluna. Num acidente pode haver uma fratura ou deslocamento de uma vértebra da coluna, por onde passa a medula espinhal. É ela que transporta todo o comando nervoso do corpo, que sai do cérebro e atinge o tronco, os braços e as pernas. Movimentando a vítima nessa situação, você pode deslocar ainda mais a vértebra lesada e danificar a medula, causando paralisia dos membros ou ainda da respiração, o que com certeza vai provocar danos muito maiores, talvez irreversíveis. No caso dos membros fraturados, a movimentação pode causar agravamento das lesões internas no ponto de fratura, provocando o rompimento de vasos sanguíneos ou lesões nos nervos, levando a graves complicações. Assim, a movimentação de uma vítima só deve ser realizada antes da chegada de uma equipe de socorro, se houver perigos imediatos como incêndio, perigo do veículo cair, ou seja, desde que esteja presente algum risco incontrolável. Não havendo risco imediato, não movimente as vítimas. Até mesmo no caso das vítimas que saem andando do acidente, é melhor que não se movimentem e aguardem o socorro chegar para uma melhor avaliação. Aconselheas a aguardar sentadas no veículo, ou em outro lugar seguro. Não tire o capacete de um motociclista 4 Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros Retirar o capacete de um motociclista que se acidenta é uma ação de alto risco. A atitude será de maior risco ainda, se ele estiver inconsciente. A simples retirada do capacete pode movimentar intensamente a cabeça e agravar lesões existentes no pescoço ou mesmo no crânio. Aguarde a equipe de socorro ou pessoas habilitadas para que eles realizem essa ação. Não aplique torniquetes O torniquete não deve ser realizado para estancar hemorragias externas. Atualmente este procedimento é feito só por profissionais treinados e mesmo assim, em caráter de exceção, quase nunca é aconselhado. Não dê nada para a vítima ingerir Nada deve ser dado para ingerir a uma vítima de acidente que possa ter lesões internas ou fraturas e certamente será transportada para um hospital. Nem mesmo água. Se o socorro já foi chamado, aguarde os profissionais que vão decidir sobre a conveniência ou não. O motivo é que a ingestão de qualquer substância poderá interferir de forma negativa nos procedimentos hospitalares. Por exemplo, se a vítima for submetida a cirurgia, o estômago com água ou alimentos, é fator que aumenta o risco no atendimento hospitalar. Como exceção, os casos de pessoas cardíacas que fazem uso de alguns medicamentos em situações de emergência, geralmente aplicados em baixo da língua. Não os impeça de fazer uso dos medicamentos se for rotina para eles. 4.SUPORTE BÁSICO DE VIDA EM TRAUMAS: 4.1. Biomecânica do trauma: ACIDENTES DE TRÂNSITO TIPOS DE ACIDENTES COLISÃO Acidente envolvendo dois veículos em movimento. Acontece em várias situações: com o veículo da frente (colisão frontal), com o veículo de trás, e cruzamentos (abalroamento), com veículos em sentido contrário, na ultrapassagem. Se um automóvel colide a 60 km/h contra um elemento fixo, por exemplo, haverá uma desaceleração quase instantânea de 60 km/h para zero. Existe uma tendência física dos corpos do interior do veículo continuarem na mesma velocidade em que o veículo estava. Assim, os ocupantes irão sofrer um forte impacto contra as partes do veículo, proporcional à velocidade em que ele trafegava. As lesões são agravadas proporcionalmente pela velocidade; atenuadas e até mesmo evitadas, com a utilização de equipamentos como o “air bag”, o cinto de segurança e o encosto de cabeça. Nas colisões com deformidade traseira, o impacto sofrido pelo veículo gera uma aceleração repentina seguida de uma desaceleração. Nesses casos, é comumocorrer o efeito chicote na cabeça e no pescoço.Acabeça é, inicialmente, atirada para trás e em seguida, para frente. As consequências são muito mais graves quando não há apoio para a cabeça, item que, na maioria dos veículos, não está presente nos bancos traseiros. Numa colisão frontal, o motorista é instantaneamente jogado para frente. Nesse caso, podem-se prever traumatismos na cabeça, no tórax e no abdomem, além de fratura nas pernas. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores PRF Prof. Cláudio Albuquerque ATROPELAMENTO Normalmente é dividido em três fases: Impacto do veículo contra as pernas e quadril da pessoa; Impacto do tronco da vítima contra o capô e para-brisa do veículo; Impacto da vítima contra o solo. Como ocorrem três impactos, o número de lesões que se deve esperar é grande (politraumatismos), principalmente no caso de crianças COLISÃO MISTERIOSA Acidente que envolve apenas um veículo, onde o condutor não sabe exatamente a causa do acidente ou não admite que errou. Geralmente é a inobservância das condições adversas que nos leva a acidentes misteriosos bem graves. Atualmente, novas técnicas de perícia são desenvolvidas e assim, muitos acidentes têm suas verdadeiras causas reveladas. ABALROAMENTO Éo acidente em que o veículo é atingido lateralmente. Mais comum em cruzamentos devido à falta de observância das normas de circulação e conduta. Dê o espaço necessário para serem realizadas as manobras. CAPOTAGEM Éo acidente em que o veículo gira sobre si mesmo em 360 graus. TOMBAMENTO É o acidente em que o veículo em movimento tomba lateralmente, girando sobre si mesmo em ângulo menor que 360 graus CHOQUE É o acidente no qual um veículo em movimento bate em um objeto fixo, como um poste, um muro, ou uma árvore. Esse tipo de acidente geralmente acontece quando o motorista está cansado ou sob a influência do álcool. Por isso, se estiver cansado, pare e descanseumpouco, e se dirigir não beba. 4.2 Avaliação e Atendimento do acidente e a vítima; O QUE FAZER PRIMEIRO Normalmente, em um lugar de acidente, há cenas de sofrimento, nervosismo e pânico, alémde situações que exigem providências imediatas. Independentemente da gravidade da situação, devemos agir comcalma e frieza: -Sinalize o local a fim de evitar outro acidente; -Acione o socorro especializado; -Não movimente a vítima; -Se a vítima estiver consciente, converse calmamente com ela transmitindo alívio e segurança, informando que o socorro já está a caminho e convencendo-a a não se mover; -Acione novamente o socorro em caso de demora, mas não ofereça nada para vítima engolir.Nem remédios e nem qualquer tipo de líquido; -Se a vítima estiver inconsciente, mantenha sua boca aberta e seu nariz desobstruído; -Com a vítima consciente ou inconsciente, procure por sinais de sangramento começando na cabeça e descendo até os pés (sem esquecer os braços). Caso encontre algum sangramento, afaste as roupas da região e comprima o local comumpano de forma moderada e firme; Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros -Peça e aceite a colaboração de outras pessoas, deixando a liderança para quem tiver mais experiência, conhecimento, frieza e calma. Os passos principais de Primeiros Socorros: 1-Garanta a segurança – sinalize o local; 2-Peça socorro – acione o socorro especializado; 3-Controle a situação – mantenha a calma; 4-Verifique a situação – localize, proteja e examine as vítimas. PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS EM CASO DE ACIDENTES Como Sinalizar? Como garantir a segurança de todos? Você já viu que as diversas ações num acidente de trânsito podem ser feitas por mais de uma pessoa, ao mesmo tempo. Enquanto uma pessoa telefona, outra sinaliza o local e assim por diante. Assim, ganha-se tempo para o atendimento, fazer a sinalização e garantir a segurança no local. A importância de Sinalizar o local Os acidentes acontecem nas ruas e estradas, impedindo ou dificultando a passagem normal dos outros veículos. Por isso, esteja certo de que situações de perigo vão ocorrer (novos acidentes ou atropelamentos), se você demorar muito ou não sinalizar o local de forma adequada. Algumas regras são fundamentais para você fazer a sinalização do acidente: Parada e Estacionamento Estacione seu carro a mais ou menos 30 metros do local do acidente, use o triângulo, pisca-alerta, galhos de árvores, lanternas, entre outros. Sinalização do Local Use também para sinalizar o local do acidente, os mesmos materiais descritos acima. Nunca use fósforo ou algo que possa produzir chama de fogo próximo do veículo acidentado. Distância do acidente para início da sinalização: Vias locais ....................40 passos longos Avenidas...................... 60 passos longos Vias de trânsito rápido .80 passos longos Rodovias.....................100 passos longos “Dobre a distância para início da sinalização em caso de chuva, neblina, fumaça e à noite.” Dicas Importantes para a sinalização do local: Inicie a sinalizaçãoemumpontoemque os condutores ainda não possam ver o acidente; Demarque todo o desvio do tráfego até o acidente; Mantenha o tráfego fluindo; Se o acidente ocorrer à noite ou com neblina, use material luminoso para sinalizar o local; Não deixe de retirar os objetos utilizados na sinalização temporária da via, pois é considerada uma infração média com penalidade de multa. Mantenha o tráfego fluindo Outro objetivo importante na sinalização é manter a fluidez do tráfego, isto é, apesar do afunilamento provocado pelo acidente, deve sempre ser mantida uma via segura para os veículos passarem. Faça isso por duas razões: se ocorrer uma parada no tráfego, o congestionamento, ao surgir repentinamente, pode provocar novas colisões. Além disso, não se esqueça Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 5 PRF Prof. Cláudio Albuquerque que, com o trânsito parado, as viaturas de socorro vão demorar mais a chegar. Para manter o tráfego fluindo, tome as seguintes providências: • Mantenha, dentro do possível, as vias livres para o tráfego fluir; • Coloque pessoas ao longo do trecho sinalizado para cuidarem da fluidez; • Não permita que curiosos parem na via destinada ao tráfego. Telefones Úteis: Polícia Militar – 190 Polícia Rodoviária Federal RJ –191 SAMU– 192 Corpo de Bombeiro – 193 Primeiros Socorros classificação de prioridade de atendimento (vide Capítulo Etapas de Triagem). Classificação de Triagem START (Simple Triage and Rapid Treatment) 4.4 Controle das vias aéreas e ventilação ABORDAGEM AO ACIDENTADO Exame Primário Consiste em avaliar o acidentado quanto a tudo o que puder causar risco de vida: Verificar o estado de consciência da vítima; IMPORTANTE Detalhes a serem informados nas chamadas de socorro: Local exato e tipo de acidente; Descrição das vítimas (número, sexo, idade aproximada); Estado de consciência das vítimas; Grau dos ferimentos; Condições de trânsito no local. QUANDO O SOCORRO CHEGAR PROCURE: Descrever a ocorrência; Informar os primeiros socorros que foram aplicados; Fornecer ajuda se necessário. Vermelha viável Crítico Lesões graves com risco de vida nas próximas 2 horas Lesões graves com risco de Amarela / Urgente vida nas próximas 24 horas Preta / Crítico Críticos irrecuperáveis inviável Verde / Não urgente Lesões leves e ilesos Cinza/ Morto Mortos evidente Localizar as vítimas -quantas e onde estão. No trânsito, vítimas podem ser lançadas para fora do veículo, podem estar presas nas ferragens, caídas na pista de rolamento ou em outras situações. Afastar o perigo e evitar novos acidentes -o local do acidente pode estar colocando as vítimas e socorristas sob riscos de novos acidentes, como a presença de cabos eletrificados, o derramamento ou vazamento de combustíveis, incêndios, materiais tóxicos. Nestes casos, é preciso afastar o perigo o mais rápido possível. 4.3 Triagem (START) Triagem é o processo pelo qual se estabelecem prioridades de tratamento, quando há várias vítimas. A triagem é, portanto, um processo de classificação de vítimas. Existem diversos métodos de classificação que podem otimizar a assistência pré- e intra-hospitalar. Em situações com múltiplas vítimas, é importante a utilização de método simples de classificação da gravidade. Um método freqüentemente utilizado e de fácil visualização é a categorização das vítimas através de cores (vide abaixo). Assim, durante a triagem, cada vítima é identificada com um cartão colorido que permite a identificação, o registro e a 6 / Atualizada 09/10/2009 Proceder a leve extensão do pescoço da vítima (evite alongar exageradamente o pescoço pois a vítima pode ter uma lesão na coluna cervical); Desobstruir vias aéreas de qualquer corpo estranho. Ex.: bala, dentadura, dentes, chicletes, língua, etc. A queda da língua é uma das principais causas de morte em acidentes de trânsito. Observar se a vítima encontra-se com parada respiratória ou cardíaca; caso positivo, iniciar imediatamente a RCP (Reanimação Cárdio-Pulmonar); Observar quanto a temperatura da vítima, aquecê-la com cobertores ou lençóis, se for necessário. 2.2. Abordagem Primária Completa Na abordagem primária completa segue-se uma seqüência fixa de passos estabelecida cientificamente. Para facilitar a memorização, convencionou-se o “ABCD do trauma” para designar essa seqüência fica de passos, utilizando-se as primeiras letras das palavras (do inglês) que definem cada um dos passos: 1) Passo “A” (Airway) – Vias aéreas com controle cervical; 2) Passo “B” (Breathing) – Respiração (existente e qualidade); 3) Passo “C” (Circulation) – Circulação com controle de hemorragias; 4) Passo “D” (Disability) – Estado neurológico; 5) Passo “E” (Exposure) – Exposição da vítima (para abordagem secundária). Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores PRF Prof. Cláudio Albuquerque Lembre-se de somente passar para próximo passo após ter completado o passo imediatamente anterior. Durante toda a abordagem da vítima o controle cervical deve ser mantido. Suspeitar de lesão de coluna cervical em toda vítima de trauma. VIAS AÉREAS 1. Aspectos Anatômicos e Funcionais As vias aéreas têm como função principal conduzir o ar entre o meio ambiente e os pulmões (alvéolos pulmonares), proporcionando a entrada de ar filtrado, aquecido e rico em oxigênio, assim como a saída de ar rico em dióxido de carbono do aparelho respiratório, participando assim do processo da respiração. Dividem-se em vias aéreas superiores e vias aéreas inferiores: 1.1. Vias Aéreas Superiores: ● Cavidade nasal (nariz); ● Cavidade oral (boca); ● Faringe (Nasofaringe, orofaringe e laringofaringe ou hipofaringe. Destas três, a nasofaringe é exclusivamente via aérea, a laringofaringe é exclusivamente via digestiva e a orofaringe é um caminho comum ao ar e aos alimentos.); 1.2. Vias Aéreas Inferiores: ● Laringe. ● Traquéia; ● Brônquios/bronquíolos; ● Pulmões/alvéolos pulmonares. O acesso às vias aéreas superiores é direto e sua visualização é quase completa, exceto pela nasofaringe (região posterior à cavidade nasal e póstero-superior à úvula - "campainha”). As vias aéreas superiores terminam e as inferiores têm início na laringe, com a epiglote, estrutura que protege a abertura das vias aéreas inferiores, obstruindo-a durante o reflexo de deglutição e abrindo-a para a passagem do ar. Seu acesso e visualização dependem de procedimento médico denominado laringoscopia. 2. Obstrução de Vias Aéreas O atendimento pré-hospitalar da vítima de trauma tem por objetivo, após rápida verificação do mecanismo de trauma e das condições de segurança no local, prestar suporte básico e avançado de vida, iniciando-se com a avaliação de vias aéreas (A). Esse processo denominado avaliação primária ou “ABCD” prioriza a abordagem das vias aéreas que, se estiverem comprometidas, de imediato afetam as funções vitais – respiração (B) e circulação (C). Um processo de pensamento organizado e condicionado referente aos passos da avaliação primária, impedirá o socorrista de ter sua atenção voltada para alterações mais evidentes e menos urgentes, como ferimentos e fraturas, despercebendo-se de alterações nas vias aéreas, principalmente em se tratando de vítima inconsciente. A avaliação e o controle das vias aéreas se fazem mediante condutas rápidas e simples, não exigindo inicialmente qualquer equipamento, bastando a aplicação de técnicas manuais de controle e desobstrução, sem a necessidade de aguardar equipamentos ou pessoal. Entende-se por obstrução de vias aéreas toda situação que impeça total ou parcialmente o trânsito do ar ambiente até os alvéolos pulmonares. A restauração e manutenção da permeabilidade das vias aéreas nas vítimas de trauma são essenciais e devem ser feitas de maneira rápida e prioritária. Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros A vítima de trauma pode ter as vias aéreas comprometidas direta ou indiretamente por mecanismos distintos, sendo os principais os enumerados a seguir: 2.1. Inconsciência A causa mais freqüente de obstrução de vias aéreas em vítimas de trauma é a inconsciência, provocando o relaxamento da língua que se projeta contra a orofaringe (fundo da garganta) da vítima em decúbito dorsal, impedindo a passagem de ar das vias aéreas superiores para as inferiores. Geralmente é causada por trauma cranioencefálico, choque ou situações clínicas. A inconsciência também favorece o refluxo do conteúdo gástrico seguido de broncoaspiração. 2.2. Trauma Direto Sobre Vias Aéreas Trauma direto sobre as vias aéreas, causando sangramento em seu interior, compressão externa por edema e/ou hematomas e fraturas da árvore laringotraqueobrônquica, e/ou broncoaspiração de dentes fraturados. 2.3. Queimaduras em Vias Aéreas Queimaduras em vias aéreas podem produzir inflamação e edema de glote e de vias aéreas inferiores. 2.4. Corpo Estranho em Vias Aéreas Fragmentos de próteses dentárias, alimentos, balas, chicletes e pequenos objetos podem causar obstrução de vias aéreas em diferentes níveis. 3. Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE) 3.1. Causas 3.1.1. Causas de OVACE em Adultos Embora a perda de consciência seja a causa mais freqüente de obstrução de vias aéreas, a obstrução por corpos estranhos pode ser causa de perda de consciência e parada cardiopulmonar. A eventualidade de corpos estranhos obstruírem vias aéreas em pessoas conscientes ocorre mais freqüentemente durante as refeições, sendo a carne a causa mais comum. Outras causas de obstrução: próteses dentárias deslocadas, fragmentos dentários, chicletes e balas. A obstrução de vias aéreas pelo conteúdo regurgitado do estômago pode ocorrer durante a parada cardiopulmonar ou nas manobras de reanimação cardiopulmonar. Pessoas com nível de consciência alterado também correm risco de obstrução de vias aéreas pela aspiração de material vomitado. 3.1.2. Causas de OVACE em Crianças Em crianças a principal causas de obstrução de vias aéreas é a aspiração de leite regurgitado ou de pequenos objetos. Outras causas freqüentes são alimentos (balas, chicletes, etc.) e causas infecciosas (epiglotite). Neste último caso, a presença do médico ou o transporte imediato para o hospital se fazem imperiosos. Os lactentes (até 1 ano de idade) são as principais vítimas de morte por aspiração de corpo estranho na faixa etária pediátrica. 3.2. Reconhecimento O reconhecimento precoce da obstrução de vias aéreas é indispensável para o sucesso no atendimento. O socorrista deve estar atento, pois a obstrução de vias aéreas e conseqüente parada respiratória rapidamente evolui para parada cardiopulmonar. A obstrução das vias aéreas pode ser parcial (leve) ou total (grave). Na parcial, a vítima pode ser capaz de manter boa troca gasosa, caso em que poderá tossir fortemente, apesar dos sibilos entre as tossidas. Enquanto permanecer uma troca gasosa satisfatória, encorajar a vítima a persistir na tosse espontânea e nos Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 7 PRF Prof. Cláudio Albuquerque esforços respiratórios, sem interferir nas tentativas para expelir o corpo estranho. A troca insuficiente de ar é indicada pela presença de tosse ineficaz e fraca, ruídos respiratórios estridentes ou gementes, dificuldade respiratória acentuada e, possivelmente, cianose. Neste ponto, iniciar o manejo da obstrução parcial como se houvesse obstrução total. Em adultos, a obstrução por corpo estranho deve ser suspeitada em toda vítima que subitamente pare de respirar, tornando-se cianótica e inconsciente, sem razão aparente. Deve-se tomar cuidado na diferenciação de OVACE e parada cardiorespiratíria (ver capítulo específico – Ressuscitação Cardiopulmonar). Em crianças a OVACE deve ser suspeitada nos seguintes casos: dificuldade respiratória de início súbito acompanhada de tosse, respiração ruidosa, chiado e náusea. Se essa obstrução se tornar completa, ocorre agravamento da dificuldade respiratória, cianose e perda de consciência. 3.2.1. Reconhecimento de OVACE em Vítima Consciente A obstrução total das vias aéreas é reconhecida quando a vítima está se alimentando ou acabou de comer e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de asfixia, agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço respiratório exagerado. O movimento de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A pronta ação é urgente, preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será utilizado e, como a obstrução de vias aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá a perda de consciência e, rapidamente, a morte. 3.2.2. Reconhecimento de OVACE em Vítima Inconsciente Quando um adulto for encontrado inconsciente por causa desconhecida, suspeitar de parada cardiopulmonar por infarto, acidente vascular ou hipóxia secundária à obstrução de via aérea. Ele será avaliado pensando-se em parada cardiopulmonar, deixando para fazer o manejo de desobstrução de vias aéreas apenas se o fato se evidenciar. Tratando-se de criança, devemos suspeitar imediatamente de OVACE. 4. Desobstrução de Vias Aéreas Os métodos de desobstrução de vias aéreas dividem-se em dois tipos, conforme a natureza da obstrução: obstrução por líquido (rolamento de 90º e aspiração) ou obstrução por sólido (remoção manual e manobras de desobstrução). 4.1. Obstrução por Líquido 4.1.1. Rolamento de 90º Esta manobra consiste em lateralizar a vítima em monobloco, trazendo-a do decúbito dorsal para o lateral, com o intuito de remover secreções e sangue das vias aéreas superiores. Estando a vítima na cena do acidente, ainda sem intervenção do socorrista, ou seja, sem qualquer imobilização (colar cervical e tábua), havendo a necessidade da manobra, esta deverá ser realizada com controle cervical manual. Estando a vítima já imobilizada em tábua, proceder a manobra mediante a lateralização da própria tábua. 4.1.2. Aspiração A aspiração de secreções e sangue pode ser realizada ainda na cena do acidente, mediante uso de aspiradores portáteis, ou no interior da ambulância, pelo uso de 8 Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros aspiradores fixos. Os aspiradores devem promover vácuo e fluxo adequado para sucção efetiva da faringe, através de sondas de aspiração de vários diâmetros. A unidade de sucção fixa instalada deve ter potência suficiente para um fluxo de 30 litros por minuto na extremidade final do tubo de entrada e um vácuo acima de 300 mm de mercúrio quando o tubo é fechado. Controlar a pressão de sucção em crianças e vítimas intubadas. Para a sucção traqueal, utilizar um tubo em "V" ou ''T', com abertura lateral para controlar a aspiração intermitente. Quando aspirando a boca ou a faringe, mover o cateter de sucção de tal modo que atinja todas as áreas acessíveis, evitando que se fixe na mucosa e perca sua eficácia. A inserção pode ser continuada lentamente, com movimentos rotatórios do cateter, enquanto houver material a ser aspirado. Cuidado ao utilizar cateteres duros, para evitar trauma da laringe. Aplicar a sucção por períodos de no máximo 05 segundos de cada vez, alternando-a com o suporte ventilatório. 4.2. Obstrução por Sólido 4.2.1. Remoção Manual Durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode visualizar corpos estranhos, passíveis de remoção digital. Somente remover o material que cause obstrução se for visível. É difícil o uso dos dedos para remover corpos estranhos das vias aéreas. Em muitos casos é impossível abrir a boca da vítima e inserir os dedos para esse propósito, a menos que a vítima esteja inconsciente. Em alguns casos, especialmente envolvendo crianças e lactentes, um dedo adulto pode aprofundar o corpo estranho, causando a obstrução completa. A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima utilizando a manobra de tração da mandíbula ou a de elevação do mento (abordadas à frente) e retirar o corpo estranho com o indicador “em gancho”, deslocar e retirar o corpo estranho. Estando o corpo estranho mais aprofundado, existe a alternativa de utilizar os dedos indicador e médio “em pinça”. Em recém-nato e lactente, utilizar o dedo mínimo em virtude das dimensões reduzidas das vias aéreas. Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver visível; se não, está contra-indicada a procura do material com os dedos. 4.2.2. Manobras de Desobstrução de Vias Aéreas em Adultos São manobras realizadas manualmente para desobstruir vias aéreas de sólidos que lhe ficarem entalados. Para vítimas inconscientes deve ser aplicada a manobra de ressuscitação cardiopulmonar, pois as compressões torácicas forçam a expelição do corpo estranho e mantém a circulação sangüínea, aproveitando o oxigênio ainda presente no ar dos pulmões. Para vítimas conscientes usa-se uma das seguintes técnicas: 4.2.2.1. Compressão Abdominal Também chamada manobra de Heimlich, consiste numa série de quatro compressões sobre a região superior do abdômen, entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical. ● Vítima em pé ou sentada: 1) Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdômen; 2) Segurar o punho da sua outra mão e aplicar compressão contra o abdômen, entre o apêndice xifóide Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores PRF Prof. Cláudio Albuquerque Primeiros Socorros e a cicatriz umbilical no sentido superior (tórax), por quatro vezes; 3) Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e posicionar uma entre as pernas da vítima, para evitar-lhe a queda caso fique inconsciente. ● Vítima deitada: 1) Posicionar a vítima em decúbito dorsal; 2) Ajoelhar-se ao lado da vítima, ou a cavaleiro sobre ela no nível de suas coxas, com seus joelhos tocando-lhe lateralmente o corpo; 3) Posicionar a palma da mão (região tenar) sobre o abdômen da vítima, entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical, mantendo as mãos sobrepostas; 4) Aplicar quatro compressões abdominais no sentido do tórax. Os métodos de controle de vias aéreas são de três tipos: manual, mecânico e cirúrgico, sendo que o método mecânico se subdivide em básicos, avançados e alternativos. A causa mais comum de obstrução de vias aéreas é a inconsciência de qualquer natureza e, na grande maioria dos casos, os métodos manuais conseguem promover e manter a permeabilidade das vias aéreas. 4.2.2.2. Compressão Torácica A compressão torácica é utilizada quando a compressão abdominal é inviável ou contra-indicada, como nos casos de obesidade com circunferência abdominal muito larga e gestação próxima do termo. Consciente em uma série de quatro compressões torácicas sobre o terço inferior do esterno, logo acima do apêndice xifóide. ● Vítima em pé ou sentada: 1) Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do tórax; 2) Segurar o punho da sua outra mão e aplicar compressão contra o esterno, acima do apêndice xifóide, por quatro vezes; 3) Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e posicionar uma entre as pernas da vítima, para evitar-lhe a queda caso fique inconsciente. ● Vítima deitada: 1) Posicionar a vítima em decúbito dorsal; 2) Ajoelhar-se ao lado da vítima; 3) Aplicar quatro compressões torácicas como na manobra de ressuscitação cardiopulmonar - RCP; 4.2.3. Manobras de Desobstrução de Vias Aéreas em Crianças A remoção manual de material que provoque obstrução sem ser visualizado não é recomendada. Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich, de forma semelhante à do adulto; nos lactentes, uma combinação de palmada nas costas (face da criança voltada para baixo) e compressões torácicas (face voltada para cima), sempre apoiando a vítima no seu antebraço; mantenha-o com a cabeça mais baixa que o tronco, próximo a seu corpo. ● Técnica: 1) Utilizar a região hipotenar das mãos para aplicar até 05 palmadas no dorso do lactente (entre as escápulas); 2) Virar o lactente segurando firmemente entre suas mãos e braços (em bloco); 3) Aplicar 05 compressões torácicas, como na técnica de reanimação cardiopulmonar (comprima o tórax com 02 dedos sobre o esterno, logo abaixo da linha mamilar). Os passos da manobra de Heimlich para crianças maiores e os da combinação de palmada nas costas com compressões torácicas para lactentes devem ser repetidos até que o corpo estranho seja expelido ou a vítima fique inconsciente. Neste caso, proceder as manobras de abertura de vias aéreas, repetir os passos de desobstrução iniciar manobras de RCP. 5. Métodos de Controle de Vias Aéreas 4.5 Hemorragias e técnicas de hemostasia HEMORRAGIA Perda de sangue para o meio externo ou interno, ocasionado por ruptura ou dilaceração de vasos sangüíneos. Basicamente, os órgãos que compõe o sistema circulatório são o coração e os vasos sangüíneos, sendo este um circuito fechado. Temos dois tipos de hemorragias: Arterial: Sangue com cor vermelho vivo, que sai em jatos e com grande pressão. Venosa: É caracterizada por sangue de cor vermelho escuro, e sai de forma escorrida (baixa pressão). Atualizada 09/10/2009 Exame Secundário É realizado somente quando a vítima apresenta-se estável. Consiste em apalpar todo o corpo a fim de verificar possíveis traumatismos: A – Cabeça e face B – Tronco C – Membros (superiores e inferiores). Sinais e sintomas de hemorragia ulso fraco e acelerado; P Palidez e sudorese; Queda de temperatura; Náuseas e vômito; Sede; Desmaio; Estado de choque. Técnicas para a contenção de hemorragia (HEMOSTASIA) a) Compressão direta: Faz-se pressão direta no local onde esteja o ferimento, utilizando-se gaze ou compressa limpa; b) Elevação do membro: A elevação da parte lesada a um nível superior ao do coração, que visa dificultar a saída do sangue pela própria pressão; c) Curativo compressivo: É feito com uma compressa limpa e esparadrapo; d) Pontos de pressão: Pressionar determinadas áreas onde se saiba a localização de artérias e veias; Obs.: Em todas as técnicas acima citadas, sempre utilizar luvas de proteção individual. 4.6 Estado de Choque Estado de choque é o conjunto de manifestações que resultam de um desequilíbrio entre o volume de sangue circulante e a capacidade do sistema vascular, causados geralmente por: choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa, ferimento grave, envenenamento, exposição a extremos de calor e frio, fratura, emoção violenta, distúrbios circulatórios, dor aguda e infecção grave. TIPOS DE ESTADO DE CHOQUE: Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear sangue para o resto do corpo. Possui as Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 9 PRF Prof. Cláudio Albuquerque seguintes causas: infarto agudo do miocárdio, arritmias, cardiopatias; Choque Neurogênico: Dilatação dos vasos sangüíneos em função de uma lesão medular. Geralmente é provocado por traumatismos que afetam a coluna cervical; Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo em reagir a uma infecção provocada por bactérias ou vírus que penetram na corrente sangüínea liberando grande quantidade de toxinas; Choque Hipovolêmico: Diminuição do volume sangüíneo. Possui as seguintes causas: Perdas sangüíneas - hemorragias internas e externas. Perdas de plasma - queimaduras e peritonites. Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarréias. Choque Anafilático: Decorrente de severa reação alérgica. Ocorre as seguintes reações: - Pele: urticária, edema e cianose dos lábios; - Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvore respiratória; - Sistema circulatório: dilatação dos vasos sangüíneos, queda da pressão arterial, pulso fino e fraco, palidez. COMO SE MANIFESTA: A pele fica fria e pegajosa, aumenta a sudorese (transpiração abundante) na testa e nas palmas das mãos, a face fica pálida com expressão de sofrimento. A pessoa tem uma sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores. A pessoa pode sentir náuseas e vômitos, a ventilação fica curta, rápida e irregular. Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho dos olhos, o pulso fica fraco e rápido e a pessoa pode ficar parcialmente ou totalmente inconsciente. COMO PROCEDER: Realize uma rápida inspeção na vítima, combata, evite ou contorne a causa do estado de choque, se possível. Mantenha a vítima deitada e em repouso, controle toda e qualquer hemorragia externa, verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da boca, se necessário secreção, dentadura ou qualquer outro objeto. Execute a massagem cardíaca externa associada à respiração de socorro boca-a-boca, se a vítima apresentar ausência de pulso, dilatação das pupilas e parada respiratória. Afrouxe a vestimenta da vítima, vire a cabeça da vítima para o lado caso ocorra vômito. Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos de choque cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e cardiopatias) pela dificuldade de trabalho do coração. Procure aquecer a vítima. Remova IMEDIATAMENTE a vítima para o hospital mais próximo. 4.7 Ferimentos e curativos FERIMENTOS LEVES OU SUPERFICIAIS O que fazer: Faça limpeza do local com soro fisiológico ou água corrente, curativo com mercúrio cromo ou iodo e cubra o ferimento com gaze ou pano limpo, encaminhando a vítima ao pronto Socorro ou UBS. Cuidados: Não tente tirar farpas, vidros ou partículas de metal do ferimento. 10 Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros FERIMENTOS EXTENSOS OU PROFUNDOS (Caso haja hemorragia, siga as instruções anteriores) Ferimentos abdominais abertos Procedimentos: evite mexer em vísceras expostas, cubra com compressa úmida e fixe-a com faixa, removendo a vítima com cuidado a um pronto-socorro mais próximo. Ferimentos profundos no tórax Procedimentos: cubra o ferimento com gaze ou pano limpo, evitando entrada de ar para o interior do tórax, durante a inspiração. Aperte moderadamente um cinto ou faixa em torno do tórax para não prejudicar a respiração da vítima. Ferimentos na cabeça Procedimentos: afrouxe suas roupas, mantenha a vítima deitada em decúbito dorsal e agasalhada. Faça compressas para conter hemorragias, removendo-a ao posto de saúde mais próximo. FERIMENTOS PERFURANTES O que são: Lesões causadas por acidente com vidros e metais, etc. O que fazer: Farpas - Prenda-as com uma atadura sobre uma gaze. Atadura - Nos dedos, mãos, antebraço ou perna, cotovelo ou joelho - Como fazer. Bandagem - Serve para manter um curativo, uma imobilização de fratura ou conter provisoriamente uma parte do corpo lesada. Cuidados: A região deve estar limpa e os músculos relaxados. Começar das extremidades dos membros lesados para o centro. Qualquer enfaixamento ou bandagem que provoque dor ou arroxeamento na região deve ser afrouxado imediatamente. Ferimentos leves ou superficiais 1. Limpe o ferimento cuidadosamente com água corrente e sabão. 2. Não aplique soluções na ferida. 3. Proteja o ferimento com gaze esterilizada ou pano limpo, fixando sem apertar. 4. A menos que saiam facilmente, durante a limpeza, não tente retirar farpas, vidros ou partículas de metal do ferimento. 5. Não toque no ferimento com os dedos, lenços usados ou outros materiais sujos. 6. Mude o curativo tantas vezes quantas seja necessário para mantê-lo limpo e seco. 7. Se posteriormente, o ferimento ficar dolorido ou inchado, é sinal de infecção. Ferimentos extensos ou profundos São os seguintes os casos de ferimentos extensos ou profundos que requerem pronta atenção médica: 1. Quando as bordas do ferimento não se juntam corretamente. 2. Quando há presença de corpos estranhos. 3. Quando a pele, os músculos, nervos ou tendões estão dilacerados. 4. Quando há suspeita de penetração profunda do objeto causador do ferimento (bala, faca, prego etc.) 5. Se o ferimento é no crânio ou na face. 6. Se a região próxima ao ferimento não tem aparência ou funcionamento normal. Ferimentos Abdominais Abertos 1. Caso os órgãos tenham saído da cavidade, não procure recolocá-los no lugar. 2. Cubra com uma compressa úmida e limpa. 3. Prenda a compressa firmemente no lugar com uma atadura, sem comprimir. 4. O objetivo é proteger os órgãos expostos, por meio do curativo. A atadura deverá ser firme, mas não Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores PRF Prof. Cláudio Albuquerque apertada. Evite ao máximo mexer nos órgãos expostos. Ferimentos Profundos no Tórax 1. Coloque sobre o ferimento uma gaze ou um chumaço de pano ou a própria mão, para impedir a penetração do ar através do ferimento. 2. Seque o chumaço no lugar. Pressione com firmeza. 3. Um cinto ou faixa de pano passado firmemente em volta do tórax sobre o curativo será capaz de manter fechado o ferimento. 4. Não aperte muito o cinto ou a faixa em torno do tórax, para não prejudicar os movimentos respiratórios da vítima. Ferimentos na Cabeça Exceto os de menor gravidade, os ferimentos na cabeça requerem sempre pronta atenção médica. Faça o seguinte: 1. Em caso de Inconsciência ou de Inquietação, deite a vítima de costas e afrouxe suas roupas, principalmente em volta do pescoço. Agasalhe a vítima. 2. Havendo hemorragia em ferimento no couro cabeludo, coloque uma compressa ou um pano limpo sobre o ferimento. Pressione levemente. Prenda com ataduras ou esparadrapo. 3. Se o sangramento for no nariz, na boca ou no ouvido, vire a cabeça da vítima para o lado que está sangrando. 4. Se escoar pelo ouvido um líquido límpido, incolor, deixe sair naturalmente, virando a cabeça de lado. 4.8 Reanimação Cardio-pulmonar (AHA-2005); 1PARADA CÁRDIO-RESPIRATÓRIA Ocorre quando há cessação dos batimentos cardíacos, ocorrendo juntamente com a parada respiratória. O socorrista deve diagnosticar e tratar o mais rápido possível, dentro de um período máximo ou igual a 06 minutos. A eficácia está relacionada a dois importantes fatores: rapidez e perfeição, com o que é feita a aplicação da RCP. Principais causas de uma parada cárdio-respiratória: Ataque cardíaco; Choque elétrico; Intoxicação medicamentosa; Obstrução das vias aéreas; Estrangulamento; Intoxicação por monóxido de carbono. Sintomas de uma parada cárdio-respiratória: Pulso ausente; Insuficiência ou ausência respiratória; Midríase (dilatação das pupilas); Perda da consciência; Palidez e cianose (arroxeamento das extremidades dos dedos, lábios); Ausência de batimentos cardíacos. Conduta diante de uma parada cárdio-respiratória: Certifique-se que a vítima respira ou não; Iniciar imediatamente com 02 (duas) insuflações caso haja ausência de movimentos respiratórios ou quando a vítima apresentar dispnéia (dificuldade respiratória) grave; Verificar o pulso durante 05 segundos e quais suas características; Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros Iniciar a massagem cardíaca. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA RCP Posicionamento das mãos; Localizar o ponto de compressão que está no terço inferior do externo ou na linha intermamilar; Exercer pressão sobre o ponto de compressão. Colocar a vítima sobre uma superfície plana Obs.: Crianças recém-nascidas e menores de 1 ano, o posicionamento das mãos e a forma de proceder a RCP é diferenciada; utilizando-se para tal o apoio do antebraço para apoiar a criança e com as pontas dos dedos exercer a pressão. Instrução para RCP Respiração artificial; Massagem cardíaca externa. Atualmente, quando houver um ou dois socorristas para proceder a reanimação: 1º passo: Fazer duas insuflações; 2º passo: Fazer trinta compressões. 2 X 30 Proceder desta forma até a reanimação da vítima ou até que esta receba ajuda médica qualificada. Proceder desta forma até a reanimação da vítima ou até que esta receba ajuda médica qualificada. 4.9 Traumas: Trauma Toráxico As lesões do tórax podem ser distúrbios maiores ou menores da função cardiorespiratória, dependendo da parte envolvida. Assim, uma queda de um lado de uma banheira pode fraturar uma ou duas costelas, que, embora dolorosa, não causa se não um leve distúrbio da função respiratória, em quanto que em um acidente automobilístico no qual o motorista é jogado contra o volante, o esmagamento do tórax pode causar lesões cardíacas e pulmonares, rapidamente fatais. E em acidentes de alta velocidade, na súbta aplicação de uma força às estruturas intratorácicas assim que a pessoa para. Isso comprime todas as estruturas do interior do tórax, especialmente os pulmões. Outras causas de traumatismo torácico são quedas, lesões por esmagamento, socos no tórax e feridas por projéteis e armas brancas. As consequências mais sérias do trauma torácico é a insuficiência respiratória aguda por lesão da parede torácica, vias aéreas, diafragma e pulmões e choque devido lesões de grandes vasos e lesões extatorácicas. As lesões torácicas podem ser causadas por traumatismo fechado, que não penetra mas lesa pela força, e por lesões penetrantes. Ambos os tipos podem causar sérias disfunção respiratória. Trauma abdominal A gravidade dos traumatismos abdominais baseia-se especialmente na possível existência de uma lesão visceral, capaz de produzir alterações gerais graves como são as peritonites ou as hemorragias. O abdômen é uma cavidade que contém órgãos sólidos, tais como, fígado, baço, pâncreas, rins, e órgãos ocos (esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto, bexiga) e ainda outras estruturas, como diafragma, pelve, coluna e alguns vasos calibrosos - aorta, artérias ilíacas, vasos mesentéricos, veia cava. As lesões traumáticas desses órgãos e estruturas podem levar à Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 11 PRF Prof. Cláudio Albuquerque morte imediata por hemorragias e choque ou, tardiamente, por infecção. As lesões abdominais ocorrem muitas vezes em associação com outras, principalmente do tórax. Isso significa que contusão no abdômen pode estar acompanhada de lesão do tórax, bem como lesões penetrantes do abdômen podem levar a lesões também da cavidade torácica. Classificação O trauma abdominal pode ser fechado ou aberto. Medidas a serem tomadas pelos socorristas para minimizar os danos do estado de choque em decorrência do trauma abdominal: ● Desobstruir as vias aéreas permitindo boa ventilação. ● Ministrar oxigênio a 12 ou 15 litros por minuto. ● Elevar os membros inferiores (posição de choque). ● Aquecer a vítima evitando a hipotermia, que agrava o estado de choque. ● Controlar hemorragias externas de ferimentos ou imobilizar fraturas de ossos longos, como fêmur e úmero, da maneira mais rápida possível, sem retardar o transporte, para minimizar perdas adicionais de sangue. ● A calça antichoque, se disponível e com autorização do médico regulador e supervisão do médico de intervencionista, pode, em algumas situações, minimizar o estado de choque. Em caso de evisceração (saída de vísceras por ferimentos abdominais), limpar essas vísceras de detritos grosseiros com soro fisiológico e cobri-Ias com plástico esterilizado róprio para esse fim ou com compressas úmidas a fim de isolá-las do meio ambiente. Em hipótese alguma, tentar reintroduzir as vísceras no abdômen, porque o sangramento se agrava ou propicia o extravasamento de fezes. TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) TCE é o principal motivo de morte na população jovem, cujas causas mais freqüentes compreendem acidentes automobilísticos e agressões interpessoais. Estima-se que ocorra um TCE a cada 15 segundos e que um paciente morra devido ao TCE a cada doze minutos. Aproximadamente 50% das mortes de causa traumática estão associadas a TCE e mais de 60% de mortes por acidente automobilístico se devem ao TCE. 1. Avaliação de Trauma Cranioencefállco Cinemática – é possível relacionar o mecanismo de trauma com determinados tipos de TCE. Esta informação ajuda no diagnóstico e na terapia corretos. As informações sobre a cena do acidente e o mecanismo de trauma devem ser passadas ao médico da sala de emergências. 1.1. Avaliação Inicial – muitos fatores influenciam na avaliação neurológica inicial; por isso, a avaliação cardiopulmonar deve acompanhar o exame neurológico. O controle e a manipulação das vias aéreas, respiração e circulação são prioritários. O uso de álcool ou drogas que deprimam o sistema nervoso ou ainda fatores tóxicos podem influenciar na avaliação inicial do paciente. 1.2. Avaliação dos Sinais Vitais – o TCE pode alterar os dados vitais, sendo muitas vezes difícil saber se essas alterações se devem ao TCE ou a outros fatores. Nunca atribuir a hipotensão ao TCE, embora, eventualmente, laceração de escalpo leve ao choque hipovolêmico, principalmente em crianças. O sangramento intracraniano não produz choque. 12 Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros Hipertensão, bradicardia e diminuição da freqüência respiratória (tríade cushing) são uma resposta específica ao aumento agudo e potencialmente fatal à hipertensão intracraniana, indicando necessidade de intervenção imediata 1.3. AVDI e Avaliação Neurológica – o método mnemônico AVDI, conforme já explicado no Capítulo 7, será realizado rapidamente na abordagem primária passo “D” (nível de consciência), posteriormente mensurado na abordagem secundária com a avaliação neurológica (função pupilar e alteração de força muscular nas extremidades) determinam a presença ou severidade da lesão neurológica. 1.4. Avaliação da Reação Pupilar - Avaliada por sua simetria e resposta igual à luz. A diferença de mais de 1 mm no diâmetro das pupilas já é considerada anormal; uma resposta lenta ao estímulo luminoso pode indicar lesão intracraniana. 1.5. Avaliação de Força Muscular - pesquisa de diminuição de força muscular. A vítima com paresia ou paralisia de uma das extremidades, isto é, com resposta motora não-simétrica, indica lesão intracraniana. O objetivo do exame neurológico é determinar a presença de lesão cerebral, sua severidade e uma deterioração neurológica. Lembrando-se que para avaliações da Escala de Coma de Glasgow com índice igual ou inferior a 9 deve-se solicitar a presença de médico no local da ocorrência. Independente da escala de coma de Glasgow, o paciente é considerado com TCE grave se apresentar qualquer das situações seguintes: ● Assimetria de pupilas ● Assimetria motora ● Fratura de crânio com perda de liquor ou exposição do tecido cerebral ● Deterioração neurológica (queda de 2 ou mais pontos na escala de Glasgow ou cefaléia intensa ou aumento do diâmetro de uma pupila ou desenvolvimento de paresia assimétrica) ● Fratura com afundamento craniano Tipos Específicos de Trauma Craniano Após avaliação inicial e reanimação, estabelecer o diagnóstico anatômico da lesão cerebral, assegurar suplemento metabólico ao cérebro e prevenir lesão cerebral secundária devida à hipóxia, isquemia e hipertemia. As lesões cerebrais são divididas em: ● Fratura de crânio ● Lesão cerebral difusa ● Lesão focal ● Ferimento de couro cabeludo A severidade é diferente em cada grupo. As vítimas de TCE devem ser transportadas recebendo oxigênio (a hipóxia agravao edema cerebral) e com a cabeça elevada em 30 graus, o que facilita o retorno venoso, atenuando o edema. Havendo ferimento, enfaixe a cabeça, porém sem exercer pressão no curativo, pois em caso de fratura de crânio, a compressão poderia lesar o cérebro com fragmentos ósseos, agravando o quadro. À vítima desorientada e agitada, garanta-lhe proteção. Seja gentil, porém firme. Protocolo de Atendimento da Vítima com TCE Avaliação Primária ● ABC – Vias aéreas, respiração e circulação – Imobilização da coluna cervical; ● Realização de exame neurológico rápido. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores PRF Prof. Cláudio Albuquerque – AVDI: Alerta, resposta verbal, resposta à dor, sem resposta – Avaliação pupilar: simetria e reação à luz – Avaliação senso-motora: Simetria motora e sensitiva das extremidades Avaliação Secundária ● Inspeção – Lacerações – Saída de LCR pelo nariz ou ouvido ● Palpação – Fraturas – Lacerações com fraturas ● Inspeção das lacerações do couro cabeludo – Presença de tecido cerebral – Afundamento craniano – Perda de substância – Perda de líquor ● Determinação da escala de coma de Glasgow – Resposta ocular – Resposta verbal − Resposta motora Traumatismo Raquimedular - TRM O traumatismo da medula espinhal também é chamado de traumatismo raquimedular – TRM. A maioria dessas lesões é causada por acidentes automobilísticos, quedas, acidentes desportivos (principalmente mergulhos em águas rasas) e ferimentos por arma de fogo. Lesões ósseas vertebrais podem estar presentes sem que haja lesões de medula espinhal; por isso, mobilizar a vítima quando há qualquer suspeita de lesão medular, mantendo-a assim até ser radiologicamente afastada qualquer suspeita de fraturas ou luxações. “O socorrista e o médico devem estar conscientes de que manipulação, movimentos e imobilização inadequados podem causar dano adicional ao traumatismo de coluna vertebral e piorar o prognóstico da lesão” Suspeitar sempre de traumatismo raquimedular nas seguintes situações: ● TRM Cervical – Lesão supraclavicular – qualquer vítima de trauma que apresente lesões acima das clavículas ● TCE – Qualquer vítima de traumatismo cranioencefálico ● TRM Cervical, Torácica e Lombar – Múltiplos traumas – vítima politraumatizada – Acidente automobilístico Localizações mais freqüentes de TRM: ● cervical – Entre a quinta vértebra cervical (C5) e a primeira torácica (T1), geralmente associado a TCE; ● transição toracolombar – Entre a décima primeira ou décima segunda vértebra torácica (T11) (T12) e primeira lombar (L 1). Sinais e sintomas do TRM dependem do nível da lesão, com comprometimento neurológico abaixo desse nível, geralmente com alterações motoras (paralisias ou apenas diminuição de força muscular - paresia) e sensitivas (anestesia, diminuição da sensibilidade e parestesias - formigamento, amortecimento etc.). São três os principais objetivos no tratamento de paciente com TRM: ● Imobilização de coluna para prevenir lesões neurológicas adicionais. Nesta etapa, é essencial o atendimento pré-hospitalar adequado às vítimas, incluindo avaliação clínica e imobilização. As duas outras etapas estão relacionadas ao tratamento hospitalar definitivo. Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros ● Cirurgia para redução de fraturas com descompressão medular de raízes. ● Realinhamento de coluna com fixação externa ou interna. Para o diagnóstico de TRM, examinar a coluna vertebral cuidadosamente, com a vítima em posição neutra; em hipótese alguma fletir qualquer segmento da coluna, verificando deformidades, dor, limitação de movimentos e queixa de amortecimento de extremidades ou impossibilidade de movimentação. Na avaliação clínica de vítima com suspeita de TRM, realizar avaliação da estrutura óssea e de lesões medulares. 1. Avaliação Vertebral Examinar toda a coluna vertebral à procura de: ● Dor localizada ● Deformidades ósseas ● Dor à palpação ● Edemas e equimoses ● Espasmo muscular ● Posição da cabeça e dificuldade ou dor ao tentar colocá-Ia na posição neutra ● Desvio de traquéia 2. Avaliação Medular Pesquisar alterações neurológicas, sempre comparando um lado com o outro, avaliando: ● Déficit de força muscular, ou seja, diminuição de força ou paralisia uni ou bilateral abaixo da lesão medular ● Déficit de sensibilidade, ou seja, alteração sensitiva abaixo do nível da lesão ● Diminuição ou ausência de reflexos tendinosos. ● Disfunção autonômica em que o paciente perde a capacidade de controlar esfíncteres 3. Avaliação do TRM 3.1. Vítimas conscientes Solicitar que a vítima movimente suas extremidades-e testar sua força muscular sempre comparando um lado com o outro. Evitar movimento de membros fraturados. Testar a sensibilidade sempre em sentido ascendente e comparando um lado com o outro. Para o teste pode-se usar objeto pontiagudo ou mesmo gaze, perguntando-se a vítima está sentindo o objeto; caso contrário, subir pelo corpo até o momento em que ela comece a perceber o toque; dessa forma se localiza o nível da lesão. 3.2. Vítimas inconscientes Suspeitar sempre de traumatismo de coluna cervical se a vítima estiver inconsciente devido a TCE por acidente automobilístico, sendo essencial a imobilização cervical. Principais sinais clínicos que sugerem TRM cervical em vítima inconsciente: ● Ausência de reflexos ● Respiração diafragmática ● Flexão apenas de membros superiores ● Resposta a estímulo doloroso somente acima da clavícula ● Hipotensão com bradicardia, sem sinais de hopovolemia ● Parada Cardiorespiratória – Lesões de coluna cervical alta (C1 a C4) podem levar à parada respiratória devido à paralisia de musculatura respiratória – diafragma. Cuidados importantes na avaliação de vítimas com TRM: ● Hipoventilação – Lesões de coluna cervical de C5 a T1 podem levar à paralisia de musculatura intercostal, causando dificuldade respiratória e hipoventilação. ● Lesões Mascaradas – Lesões medulares costumam mascarar outras lesões, pois a ausência de sensibilidade Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 13 PRF Prof. Cláudio Albuquerque deixaria passar um abdômen agudo por inabilidade de sentir dor. ● Luxações cervicais altas podem ocasionar desvio cervical com torcicolo, NÃO SE DEVENDO TENTAR CORRIGIR A ROTAÇÃO. 4. Tratamento O principal objetivo no atendimento à vítima com traumatismo raquimedular é prevenir agravamento de lesões preexistentes, por manuseio inadequado, na imobilização de toda a coluna vertebral. IMOBILIZAÇÃO COM COLAR CERVICAL IMOBILIZADOR LATERAL DE CABEÇA COLETE DORSAL (se necessário) IMOBILIZAÇÃO EM TÁBUA LONGA. ENCAMINHAMENTO AO HOSPITAL DE REFERÊNCIA TRAUMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO FRATURAS Devemos ter em mente uma consideração simples e bastante distinta entre fratura, luxações e entorse. Entorse: A articulação se desencaixa temporariamente e, logo em seguida, se encaixa novamente, sem o rompimento dos ligamentos; Luxação: Ocorre quando a articulação se desencaixa de sua forma primária, e assim permanece; Fratura: Ocorre quando há a quebra de osso. As fraturas apresentam-se, basicamente, de duas formas: Fechadas: não há um rompimento do tecido com exposição óssea. Aberta ou exposta: há o rompimento do tecido com exposição do osso fraturado. O socorrista deve sempre proceder a imobilização quando suspeitar de fraturas. Da mesma forma, quando se tratar de entorses ou luxações. Sinais e sintomas de vítimas com fraturas Forte dor no local, aumentada com o movimento; Edema local; Hematoma ou equimose; Paralisia. Procedimento do socorrista frente a vítima com fraturas Primeiro diagnóstico será quanto ao local e gravidade da fratura; Não tentar reduzir as fraturas, pois este é um procedimento médico; O socorrista deverá utilizar-se de talas apropriadas e ataduras para proceder a imobilização. Na falta destes, poderá utilizar-se de materiais como papelão, ripas, pedaços de pano, cinto e outros de acordo com a criatividade do socorrista. Técnicas de Imobilizações AS IMOBILIZAÇÕES DE UM SEGMENTO DEVEM ABRANGER AS ARTICULAÇÕES ADJACENTES QUANDO FAZEMOS IMOBILIZAÇÃO . EM SEGMENTOS, TEMOS QUE ESTABILIZAR AS ARTICULAÇÕES ADJACENTES PELO FATO DAS MESMAS CRIAREM SEGMENTOS INSTÁVEIS. ¨ A ESTABILIZAÇÃO CERVICAL É SEMPRE PRIORIDADE - É CLARO QUE SE TEMOS UMA VÍTIMA COM LESÃO TRAUMÁTICA APENAS EM MEMBROS E O MECANISMO NÃO SUGERE TRAUMA CERVICAL, NÃO HAVERÁ ESSA PRIORIDADE, 14 Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros PORÉM, ESTABILIZAR A REGIÃO CERVICAL SERÁ SEMPRE UMA PREOCUPAÇÃO, MESMO QUE SEJA POR PRECAUÇÃO. · EM CASOS DE LESÕES EM UM DOS M.INF., UTILIZA-SE O LADO ÍNTEGRO COMO AMPARO AO LADO LESADO - ESSE PROCEDIMENTO SÓ É POSSÍVEL NOS MEMBROS INFERIORES, E, NORMALMENTE UTILIZAMOS ALGUM MATERIAL, COMO COLCHA / COBERTOR / ETC..., NA INTENÇÃO DE AUMENTAR A CONGRUENCIA ENTRE OS DOIS MEMBROS . Técnicas de Transportes · TRANSPORTE SÓ PASSA A SER PRIORIDADE QUANDO NÃO HÁ MAIS NADA À FAZER NO LOCAL OU QUANDO DELE DEPENDER A VIDA DA VÍTIMA OU QUANDO O LOCAL OFERECER RISCO À VÍTIMA OU AO SOCORRISTA. · ¨ MÉTODOS DE TRANSPORTE PODERÃO SER COM: 1, 2, 3 OU MAIS SOCORRISTAS - NÃO HÁ TÉCNICAS DE TRANSPORTE COM MAIS DE 3 SOCORRISTAS PORQUE O QUE OCORRERÁ SERÁ AUMENTO DE COLABORADORES, MAS O MÉTODO CONTINUARÁ SENDO O MESMO. · A ESCOLHA DO MÉTODO DE TRANSPORTE DEPENDERÁ DA GRAVIDADE DA LESÃO, DO Nº DE SOCORRISTAS DISPONÍVEIS E DO LOCAL DO EVENTO - ANTES DE INICIARMOS O TRANSPORTE, TEMOS QUE VERIFICAR: PESO, POSIÇÃO E LESÕES DA VÍTIMA / PERCURSO / LOCAL ONDE SE ENCONTRA / AJUDA DISPONÍVEL. · TODA VÍTIMA QUE APRESENTAR LESÃO DE COLUNA, TEM QUE SER TRANSPORTADA EM DECÚBITO DORSAL, SOBRE SUPERFÍCIE PLANA E RÍGIDA, OU EM ÚLTIMO CASO, EM BANDEJA DE BRAÇOS - NÃO É ADMISSÍVEL PENSARMOS EM TRANSPORTAR VÍTIMAS COM TRAUMA DE COLUNA VERTEBRAL UTILIZANDO MATERIAL QUE PERMITA FLEXIBILIDADE, DESESTABILIZANDO A COLUNA. · ¨ O SENTIDO DO TRANSPORTE, SEMPRE QUE POSSÍVEL, DEVERÁ SER CÉFALO-CAUDAL PRECAUÇÃO PARA EVITAR-SE AUMENTO DA "PRESSÃO INTRACRANIANA". · SE DURANTE O TRANSPORTE DE UMA VÍTIMA OCORRER PCR, TODOS OS PROCEDIMENTOS SÃO INTERROMPIDOS, PARA QUE SEJA INICIADA A MANOBRA DE RCP - A REGRA DE PRIORIDADE MOSTRA QUE A PARADA CÁRDIO-RESPIRATÓRIA SERÁ SEMPRE UMA PRIORIDADE, PORTANTO, SE OCORRIDA DURANTE UM TRANSPORTE, TODOS OS PROCEDIMENTOS SERÃO INTERROMPIDOS E A REANIMAÇÃO CÁRDIO-PULMONAR SERÁ REALIZADA. TRANSPORTE DE VÍTIMAS • Evite transportar a vítima ou mesmo movimentá-la sem necessidade. • Chame uma ambulância e fique prestando o atendimento de acordo com a avaliação primária e secundária e as orientações recebidas. • Avalie a situação, só em casos onde não há como chegar socorro (local de difícil acesso e/ou sem telefone) e desde que tomadas as devidas providências em relação a segurança da vítima e imobilização adequada é que devemos transportá-la, ou em casos em que não haja necessidade de uma ambulância (pequenas lesões) desde que avaliadas e que o transporte por carro comum não interfira para Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores PRF Prof. Cláudio Albuquerque agravar a situação. • Comprovada a não contra-indicação e conforme a situação, ( desmaio, inalação de gases, entorses, etc.), transporte a vítima de acordo com o que melhor se adequar a cada caso.Em caso de fraturas, ou suspeita de fraturas, imobilizá-la antes do transporte 4.11 Resgate veicular. acidentes em rodovias podem ocorrer com carros, ônibus, motocicletas, caminhões, bicicletas e até veículos de tração animal. O maior problema nessa situação é com a segurança do local. Você tem como primeira responsabilidade buscar garantir a proteção da área para que todos fiquem fora de perigo. Ao visualizar o acidente, estacione distante do local. Cuidado ao atravessar a rodovia. Se estiver escuro, procure por uma lanterna ou carregue consigo algo que possa refletir a luz. Não se esqueça do triângulo do seu carro. Se puder busque outros no local e sinalize a estrada. Ao chegar junto aos veículos sinistrados, procure imediatamente desligar a ignição. Se você souber ou se alguém conhecer, procure desligar também as baterias. Como o ambiente é tenso e frequentemente surgem outras pessoas, alerte-as para não fumar. Procure manter a calma e, se houver caminhão envolvido, cuidado com as cargas inflamáveis ou tóxicas. Deve ser redobrado o cuidado se houver combustível ou vazando e fiação elétrica exposta. Pronto. Diante do reconhecimento do local e dos veículos envolvidos, faça uma avaliação rápida das vítimas. Algumas podem estar conscientes e outras inconscientes. As lesões podem ser desde simples ferimentos até mais graves e fatais. Procure remover as vítimas apenas se houver perigo iminente ou se forem necessários os primeiros socorros. Em caso de vítimas inconscientes, observe a situação da cabeça e do pescoço, pois é comum fraturas. Procure sustentar sempre com suas mãos a cabeça e o pescoço e numa posição que permita a respiração livre. Se você perceber a necessidade de remover a vítima, procure por ajuda, pois são necessários duas ou três pessoas para orientar os movimentos. Em caso de vítima presa debaixo de um veículo, você só terá sucesso se encontrar ajuda para remover o veículo. Procure continuar calmo e com lucidez para remover o veículo. Procure continuar calmo e com lucidez para reportar os fatos ao socorro médico e à polícia. Informações são extremamente importantes nesses casos. Até agora, tudo que já foi descrito sobre os ferimentos, esmagamento, fraturas e outras situações poderá Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros contribuir para a redução do sofrimento da vítima e até salvar sua vida. Também, acidentes como esses ocorrem no perímetro urbano até com as mesmas proporções. Veja abaixo como recorrer a ajuda e serviços de emergência. 4. SUPORTE BÁSICO DE VIDA EM EMERGÊNCIAS CLÍNICAS: Introdução As doenças cardiovasculares ocupam a primeira causa geral de mortalidade em nosso meio. Mais de 250.000 brasileiros morrem por ano em decorrência principalmente do infarto agudo do miocárdio (IAM). Cinqüenta por cento das vítimas morrem antes de chegar ao hospital, nas primeiras duas horas após o início dos sintomas. Assim, a morte súbita por ataque cardíaco (PCR – parada cardiorrespiratória) é a emergência clínica mais importante nos dias de hoje. Não raro, o socorrista se depara com vítima de trauma que desencadeou quadro de insuficiência coronariana (angina ou IAM) durante o atendimento, ou atende caso de PCR de causa clínica. É fundamental saber identificar sinais e sintomas que possa, sugerir uma situação de emergência clínica e as medidas a serem tomadas. Doença Coronariana O coração tem seus próprios vasos sangüíneos para suprir a intimidade do músculo cardíaco de O2 e nutrientes e remover CO2 e outros detritos. É o sistema coronariano (artérias e veias coronárias). Denominamos o músculo cardíaco de miocárdio. Para que o miocárdio desempenhe de forma eficiente sua função de bomba, é fundamental que o sangue oxigenado alcance a intimidade do seu tecido. Quando as artérias coronarianas estão prejudicadas na sua função de transportar sangue, o suprimento de O2 para o miocárdio é reduzido; como conseqüência, sua função de bomba estará comprometida. Ao processo lento e gradual de oclusão dos vasos sangüíneos chamamos aterosclerose (causa mais freqüente de angina). Na fase inicial da aterosclerose, ocorre deposição de gordura na parede dos vasos, estreitando sua luz. Conforme o tempo passa, um depósito de cálcio vai endurecendo a parede do vaso, e o fluxo de sangue no vaso fica reduzido. A irregularidade da superfície provoca adesão de plaquetas circulantes formando um trombo. Este pode alcançar tamanho tal que oclui completamente a luz do vaso, ou quebrar-se e transformar-se em êmbolo (trombo circulante), que causa a obstrução do vaso mais à frente. Quando isso ocorre, os tecidos que dependem desse fluxo de sangue, privados de oxigênio, acabam morrendo. Quando esse processo ocorre nas artérias coronárias, chamamos de doença coronária, que se resume no baixo suprimento de sangue ao miocárdio. Inclui a angina de peito e o infarto agudo do miocárdio. 5.1.1 Infarto agudo do miocárdio (IAM) Condição em que ocorre necrose (morte) de parte do miocárdio como resultado da falta de oxigênio. Isso acontece por estreitamento ou oclusão da artéria coronária que supre de sangue a região. O infarto agudo do miocárdio (IAM) é a causa mais freqüente de morte súbita (50% das mortes ocorrem nas primeiras horas); muitas dessas vítimas poderiam ser salvas com medidas prontas e relativamente fáceis (manobras de RCP). Daí a Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 15 PRF Prof. Cláudio Albuquerque importância de identificar precocemente o infarto agudo do miocárdio. A causa principal do IAM é a aterosclerose das coronárias, que pode ser desencadeada por esforço físico, situação de estresse, fadiga, mas também no repouso. A principal complicação do IAM é a alteração do ritmo cardíaco. Drogas, como a cocaína, podem provocar IAM por espasmo do vaso. Sinais e Sintomas ● Dor torácica de forte intensidade, prolongada (30 minutos a várias horas), que localiza atrás do esterno e irradia-se para o membro superior, ombro, pescoço, mandíbula, etc. Geralmente o repouso não alivia a dor; ● Falta de ar; ● Náusea, vômitos, sudorese fria; ● Vítima ansiosa, inquieta, com sensação de morte iminente; ● Alteração do ritmo cardíaco – bradicardia, taquicardia, assistolia, fibrilação ventricular; ● Na evolução, a vítima perde a consciência e desenvolve choque cardiogênico. Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar ● Assegurar vias aéreas; ● Tranqüilizar a vítima – abordagem calma e segura (objetiva diminuir o trabalho do coração); ● Mantê-la confortável, em repouso absoluto. Não permitir seu deslocamento; ● Administrar oxigênio; ● Examinar sinais vitais com freqüência; ● Monitorização cardíaca; ● Saturação de oxigênio (oxímetro de pulso); ● Conservar o calor corporal; ● Se o médico não estiver presente, reporte ao médico coordenador a história com os dados vitais da vítima e aguarde instruções; ● Transporte imediatamente, de forma cuidadosa, calma, sem sirene, com o objetivo de não aumentar sua ansiedade, para hospital equipado com serviço coronariano previamente avisado da chegada da vítima; ● Em vítima inconsciente por parada cardiopulmonar, iniciar manobras de RCP e comunicar imediatamente o médico coordenador. Se desenvolver choque (hipotensão), aplicar os cuidados de emergência para choque cardiogênico (ver capítulo específico). 5.1.2 Angina do peito Situações de estresse emocional ou esforço físico fazem com que o coração trabalhe mais, exigindo maior fluxo de sangue pelas artérias coronárias para suprir o músculo cardíaco. Quando as artérias coronárias se estreitam pela aterosclerose, não são capazes de suprir o aumento da demanda de sangue pelo músculo cardíaco. O miocárdio, privado de oxigênio, faz o paciente sentir dor. É a angina pectoris ou dor no peito. Sinais e Sintomas ● Dor torácica retroesternal ou precordial (às vezes, desconforto), desencadeada por esforço físico, estresse, refeição volumosa ou exposição a temperaturas muito frias. ● A dor pode irradiar-se para membros superiores, ombros, mandíbula e porção superior do abdome. Raramente ultrapassa dois a cinco minutos, desaparecendo com repouso e uso de vasodilatador sublingual. 16 Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar ● Confortar e acalmar o paciente; ● Mantê-lo em repouso, em posição confortável; ● Informar-se sobre o uso do vasodilatador sublingual e se o tem; ● Passar os dados clínicos para o médico e aguardar instruções; ● Se houver necessidade de transporta-lo, faze-lo sem sirene, devagar e monitorando sinais vitais e se possível monitorização cardíaca. 5.1.3 Insuficiência cardíaca congestiva A Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) representa o conjunto de sinais e sintomas decorrentes do mal funcionamento do coração, quando este não está sendo capaz de bombear o sangue em direção aos tecidos e suprir a necessidade de oxigênio e nutrientes do organismo. O processo que resulta na ICC é gradativo e os eventos têm a seguinte seqüência: 1. O bombeamento insuficiente do coração leva a uma congestão de sangue no interior das veias que chegam ao coração, 2. O acúmulo de sangue nas veias, associado à retenção de líquidos pelos rins, levam ao inchaço (edema) dos tecidos do corpo. 3. O inchaço inicialmente afeta as pernas, mas pode subir e também atingir os pulmões (causando dificuldades para respirar) e em outros tecidos e órgãos (levando à “barriga d’água, dores abdominais, pouca urina, etc). 4. O cansaço leva à falta de ar, à fraqueza muscular, à diminuição da atividade física e conseqüente invalidez. Só o envelhecimento da população (aumento da longevidade) já é fator de aumento da incidência da ICC, pois, naqueles com mais de 75 anos, é observada em mais de 10% dos pacientes, sendo diagnosticada em menos de 2% naqueles com menos de 55 anos de idade. Isto, associados aos avanços médicos que prolongaram a vida dos pacientes com outras formas de doença do coração, permitiu que a ICC crescesse em incidência. A insuficiência cardíaca congestiva é freqüentemente a fase final de outra doença do coração como: 1. Doença Coronariana (levando à angina e ao Infarto agudo do coração); 2. Hipertensão arterial (que pode se complicar com os derrames cerebrais); 3. Doença Valvular do Coração (incluindo a doença reumática do coração); 4. Síndromes Congênitas ("de nascença") do Coração; 5. Miocardiopatias (doença do músculo do coração); 6. Infarto Agudo do Miocárdio (ataque cardíaco); 7. Arritmias Cardíacas (problemas onde o coração bate sem controle – mais rápido, mais devagar ou sem ritmo), 8. Exposições Tóxicas, incluindo o uso abusivo de álcool. 9. Hipertireoidismo, Diabetes e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (Bronquite) também são fatores de risco para a ICC. Todas estas desordens podem conduzir à insuficiência cardíaca congestiva debilitando o músculo do coração. Quadro Clínico Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores PRF Prof. Cláudio Albuquerque O primeiro sintoma da insuficiência cardíaca congestiva pode ser simplesmente o cansaço. Como o avanço da doença, pode haver dificuldades para respirar durante os esforços, e eventualmente um “encurtamento” da respiração durante o repouso, podendo tornar-se ofegante. Como os fluidos acumulam nos pulmões, os pacientes com insuficiência cardíaca podem começar a dormir amparado por travesseiros mais altos para tornar a respiração mais fácil. Os líquidos também podem se acumular nas pernas e tornozelos, levando ao edema (inchaço). Em pacientes menos ativos, os líquidos podem acumular na metade inferior do corpo, eventualmente causando edema da parte mais baixa das costas. Pode ocorrer inchaço dos intestinos que produz desconforto abdominal. Em alguns pacientes, pode haver uma necessidade de urinar várias vezes durante a noite, como os rins eliminam os excessos de fluidos do organismo que acumularam no corpo durante o dia. Como o corpo acumula cada vez mais fluidos, o paciente pode notar significativo ganho de peso. Também pode haver uma tosse crônica devido ao acúmulo de fluidos nos pulmões. Embora a insuficiência cardíaca congestiva normalmente afeta ambos os lados do coração, em alguns pacientes pode afetar só a parte esquerda ou direita. Nestes casos, os sintomas variam de acordo com o lado afetado. Por exemplo, quando a insuficiência cardíaca afetar principalmente o lado esquerdo do coração, os sintomas mais prováveis irão envolver dificuldades para respirar. Quando o lado direito é o principal afetado, o inchaço das pernas e o desconforto abdominal podem ser os sintomas mais proeminentes. 5.1.4 Crise hipertensiva; Crise hipertensiva é a elevação, repentina, rápida, severa, inapropriada e sintomática da pressão arterial, em pessoa normotensa ou hipertensa. Os órgãos alvo da crise hipertensiva são: os olhos, rins, coração e cérebro. A crise hipertensiva apresenta sinais e sintomas agudos de intensidade severa e grave com possibilidades de deterioração rápida dos órgãos alvo. Pode haver risco de vida potencial e imediato, pois os níveis tensionais estarão muito elevados, superiores a 110 mmHg de pressão arterial diastólica ou mínima. A pressão arterial (PA) é igual ao volume de sangue (VS) que sai do coração vezes a resistência periférica que ele encontra ao circular pelo nosso organismo (PA= VS x RP). O volume de sangue que sai do coração não sofre grandes influências, a não ser em casos especiais de falência do órgão ou excesso de volume sangüíneo circulante. Assim, a maioria dos casos de hipertensão ocorre por alteração da resistência periférica. O aumento repentino da resistência periférica ocorre pela falta de regulação neurodinâmica dos mecanismos que regulam a pressão arterial. Sinais e Sintomas sensação de mal-estar ansiedade e agitação Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros cefaléia severa tontura borramento da visão dor no peito tosse e falta de ar A crise é acompanhada de sinais e sintomas em No rim, surge hematúria, proteinúria e edema. No sistema cardiovascular, falta de ar, dor no peito, angina, infarto, arritmias e edema agudo de pulmão. No sistema nervoso, acidente vascular do tipo isquêmico ou hemorrágico, com convulsões, dificuldade da fala e da movimentação. Na visão, borramento, hemorragias e edema de fundo de olho. outros órgãos. Tratamento A hipertensão arterial sistêmica (HAS) acompanhada de grande e repentina elevação da pressão arterial requer que os pacientes sejam protegidos de lesão dos órgãos alvo: olhos, rins, coração e cérebro. Os níveis de pressão arterial devem ser imediatamente diminuídos com medicações especiais orais e intravenosas, usadas pelos médicos sob controle rigoroso em unidades de tratamento intensivo. A internação com sucesso evita danos severos e lesões irreversíveis que podem levar o paciente ao óbito, como infarto agudo, edema agudo de pulmão, encefalopatia hipertensiva e acidentes vasculares cerebrais isquêmicos ou hemorrágicos graves. A intervenção deve ser de intensidade correspondente à gravidade da crise para evitar as complicações e também para impedir que a hipertensão se torne acelerada ou "maligna". Há alguns casos em que a pressão arterial elevada não é uma crise hipertensiva e, nesta situação, o tratamento pode ser feito rotineiramente pelo médico. Entretanto, a verdadeira crise hipertensiva requer hospitalização, atendimento intensivo e imediato com medicações e cuidados especiais, quase sempre do gênero de vasodilatadores potentes que diminuam bastante a resistência periférica alterada. . 5.2.Acidente Vascular Cerebral (AVC) AVC é uma desordem do sistema cardiovascular, causada por oclusão ou ruptura de um dos vasos que suprem o cérebro de sangue. Embora ocorram predominantemente nas pessoas mais idosas, freqüentemente surpreendem jovens, comprometendo sua capacidade laborativa. 5.2.1. Acidente Vascular Isquêmico O vaso pode ser obstruído por trombo ou êmbolo, ou sua luz comprimida por tumor ou trauma. Como resultado, a função de parte do cérebro que depende do sangue oxigenado será afetada. A causa mais freqüente é a aterosclerose cerebral. 5.2.2. Acidente Vascular Hemorrágico Ruptura da parede de um vaso sangüíneo provocando hemorragia cerebral. Parte do cérebro ficará comprometida pela falta de oxigênio e poderá haver aumento da pressão intracraniana. Essa Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 17 PRF Prof. Cláudio Albuquerque situação é de maior gravidade pelo risco de compressão de áreas cerebrais responsáveis pelas funções vitais. Sinais e Sintomas Dependem do vaso lesado e da importância funcional da área cerebral envolvida. Podem surgir: ● cefaléia, tontura, confusão mental; ● perda de função ou paralisia de extremidades (geralmente de um lado do corpo); ● paralisia facial (perda de expressão, geralmente de um lado da face, com defeito na fala); ● anisocoria, pulso rápido, respiração difícil, convulsão, coma. Os casos podem ser súbitos e fugazes (recuperação espontânea) ou mais graves, confirmando a extensão do comprometimento cerebral. Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar ● Assegurar abertura e manutenção de vias aéreas; ● Tranqüilizar o paciente e mantê-lo em repouso; ● Monitorar sinais vitais; ● Reavaliar nível de consciência e escala de Glasgow; ● Não administrar nada via oral; ● Mantê-lo aquecido; ● Administrar O2; ● Aguardar orientações médicas; ● Transportar ao hospital. 5.3.1 Vertigem Vertigem é a percepção ilusória de movimento do corpo ou do ambiente, quase sempre descrita como sensação giratória. A vertigem pode ser um sintoma de quase todos os sistemas orgânicos. As causas mais comuns de vertigem envolvem fatores otológicos (do ouvido interno) e neurológicos, incluindo: Vertigem Postural Benigna — É a causa mais comum de vertigem e é provocada por mudanças bruscas na posição da cabeça causando sensação giratória. Os movimentos desencadeadores mais comuns são o rolar na cama, inclinar-se para frente e olhar para cima. A causa provável é a presença de pequenos cristais que se acumulam nos canais semicirculares do labirinto, no ouvido interno, que estimulam as terminações dos nervos sensitivos em seu interior. Labirintite aguda - Também conhecida como neurite vestibular, é uma inflamação do sistema de equilíbrio do ouvido interno, causada provavelmente por uma infecção viral. Doença de Ménière — Causa episódios periódicos de vertigem, normalmente com zumbido na orelha e progressiva perda de audição às baixas-freqüências. A doença de Ménière é causada por uma mudança no volume do líquido dentro do ouvido interno. Embora a razão para esta mudança seja desconhecida, os cientistas suspeitam que possa estar relacionada ao barulho alto, a uma infecção viral ou a fatores biológicos dentro do próprio ouvido. Causas neurológicas Sinais e Sintomas z Sensação rotatória (como se a pessoa estivesse girando no ambiente), z Sensação de desequilíbrio, 18 Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros z Náuseas, z Vômitos, z Zumbido em um ou ambos ouvidos, z Nistagmo (movimento anormal dos olhos que tem um componente rápido e outro lento), z Palidez, sudorese e/ou diarréia, nas crises labirínticas mais graves. Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar Apesar de parecer relativamente simples, de se conhecer os mecanismos que levam a doença e de ter o tratamento de fácil condução, o diagnóstico da causa da vertigem nem sempre é fácil devido ás variantes na apresentação da doença. O diagnóstico é feito baseado na descrição do que a pessoa está sentindo. As causas de vertigem podem ser divididas em duas categorias principais: A vertigem periférica que é a mais comum inclui a vertigem postural benigna, a labirintite e a doença de Ménière. A vertigem postural é diagnosticada quando se move a cabeça e aparece a vertigem, que melhora ao manter a cabeça em uma posição neutra. A labirintite e as crises de Ménière normalmente ocorrem abruptamente e duram de algumas horas a alguns dias. Pode haver náuseas e vômitos intensos além de variável perda da audição. A vertigem pode acontecer a qualquer pessoa, e não há nenhuma maneira de se prevenir o primeiro episódio. Como a vertigem pode estar associada a uma intensa sensação de desequilíbrio que pode levar a quedas, é importante evitar situações nas quais uma queda poderia causar uma lesão mais significativa, como subir uma escada ou trabalhar em um telhado inclinado. Repousar na cama; Corrigir os erros alimentares que podem agravar a vertigem e os sintomas associados; Modificar os hábitos ou vícios que possam ser fatores de risco, principalmente o consumo de açúcares de absorção rápida, álcool, café e fumo; Exercícios específicos para ajudar reduzir os sintomas, no caso da vertigem postural benigna. 5.3.2 Desmaio ou Síncope Caracteriza-se por qualquer tipo de perda de consciência de curta duração que não necessite manobras específicas para a recuperação. O termo lipotimia tem sido utilizado para designar episódio de perda incompleta de consciência. A causa fundamental da síncope é a diminuição da atividade cerebral, podendo ser classificada em : 5.3.2.1. Síncope Vasogênica Mais freqüente, acontece devido à queda súbita da PA, por causa emocional, dor súbita, esforço físico, ambiente lotado, cena de sangue, calor excessivo, etc. ● O episódio sincopal surge geralmente quando a vítima está em pé. ● O paciente pode apresentar-se pálido, frio, com respiração suspirosa; após alguns minutos, ocorre tontura, visão embaraçada e súbita perda de consciência. 5.3.2.2. Síncope Metabólica Quando a causa é por alteração metabólica, como diabete ou hipoglicemia. 5.3.2.3. Síncope Neurogência Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores PRF Prof. Cláudio Albuquerque Agressão direta ao encéfalo, como em trauma, intoxicações exógenas, hipertensão intracraniana, etc. Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar ● Mantê-lo deitado, preferencialmente com a cabeça abaixo do corpo; se estiver deitado, elevar-lhe os membros inferiores mais ou menos 20 cm; mantê-lo deitado por alguns minutos após recuperar-se. ● Se estiver em local mal ventilado ou ambientes lotados, providenciar a remoção para outro mais apropriado. ● Liberar vestimentas apertadas; ● Não dar nada para o paciente comer ou beber. ● Informar-se sobre a história da vítima (doenças, medicamentos utilizados, etc.), reporta-la ao médico e aguardar instruções. 5.3.3 Crise Convulsiva A convulsão é uma desordem cerebral. Durante breve período de tempo, o cérebro deixa de funcionar normalmente e passa a enviar estímulos desordenados ao resto do corpo, iniciando as crises convulsivas, também conhecidas por ataques. A convulsão é um sintoma comum em uma população em geral e em países em desenvolvimento pode chegar a 50 casos a cada 1.000 habitantes. Ela é mais comum na infância, quando é maior a vulnerabilidade a infecções do sistema nervoso central (meningite), acidentes (traumatismos do crânio) e doenças como sarampo, varicela e caxumba, cujas complicações podem causar crises epiléticas. Traumatismo cranioencefálico, infecções, parasitoses (principalmente neurocisticercose), mal formações e tumores cerebrais e abuso de drogas e álcool são as causas mais comuns de convulsão em adultos. Quando a vítima apresenta crises convulsivas repetidas ao longo de sua vida caracteriza-se então uma doença denominada epilepsia, que não é contagiosa. Às vezes, a pessoa com epilepsia perde a consciência, mas outras experimenta apenas pequenos movimentos corporais ou sentimentos estranhos. Se as alterações epiléticas ficam restritas a uma parte do cérebro, a crise chama-se parcial; se o cérebro inteiro está envolvido, chama-se generalizada. Manifestações Clínicas Existem várias formas de manifestações clínicas das crises convulsivas e a mais importante no aspecto de atendimento de emergência são as crises generalizadas tônicoclônicas. A convulsão pode ou não ser precedida de algum sintoma que avisa que ela está se iniciando. Logo a seguir, a crise se inicia com um grito que precede a perda súbita de consciência e enrijecimento (fase tônica) do corpo seguido por movimentos tipo abalos (fase clônica) das quatro extremidades, face e cabeça. Durante a crise a vítima pode apresentar queda e se ferir, morder a língua ou ter perda de urina. A convulsão demora em média três a cinco minutos e é seguida por um período de inconsciência. A consciência é recuperada aos poucos e o paciente pode apresentar dor de cabeça, vômitos e confusão mental. Outro tipo comum de epilepsia é o “pequeno mal” ou “crise de ausência”, quando a pessoa fica com o olhar fixo por alguns instantes, sem se lembrar depois daquele desligamento. Existem vários outros tipos de crise mas sem importância no atendimento pré-hospitalar. Atualizada 09/10/2009 Primeiros Socorros Se as crises duram muito tempo (crises prolongadas, ou crises seguidas sem recuperação de consciência) com duração igual ou superior a 30 minutos, se caracterizam uma emergência clínica podendo nesse caso haver risco de morte e a vítima deverá ser encaminhada ao hospital pois poderá ocorrer dano ao cérebro; são as chamadas crises subentrantes ou estado de mal epiléptico. Porém, a maioria das crises não provoca dano algum, pois são de curta duração e autolimitadas. Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar ● Manter-se calmo e procurar acalmar os demais; ● Colocar algo macio sob a cabeça da vítima protegendoa; ● Remover da área objetos que possam causar-lhe ferimento; ● Afrouxar gravata ou colarinho de camisa, deixando o pescoço livre de qualquer coisa que o incomode; ● Girar-lhe a cabeça para o lado. Visando a que a saliva não dificulte sua respiração – desde que não haja qualquer suspeita de trauma raquimedylar; ● Não introduzir nada pela boca, não prender sua língua com colher ou outro objeto (não existe perigo algum de o paciente engolir a própria língua); ● Não tentar faze-lo voltar a si, lançando-lhe água ou obrigando-o a tomá-la; ● Não o agarre na tentativa de mantê-lo quieto. Não se oponha aos seus movimentos apenas o proteja de traumatismos. ● Ficar ao seu lado até que a respiração volte ao normal ele se levante; ● Se a pessoa for diabética, estiver grávida, machucar-se ou estiver doente durante o ataque, transporte ao hospital. Falsas Crises e Crises Provocadas por Modificações Fisiológias Todas as pessoas podem apresentar crises que se assemelham às descritas anteriormente mas que não têm nada a ver com convulsões. O socorrista deve estar atento a essas pseudocrises que têm uma origem em alterações emocionais e são desencadeadas por um desejo consciente ou inconsciente de mais atenção e cuidados. Quando se analisa com cuidado o passado recente e remoto dessas pessoas (incluindo crianças), freqüentemente existe história de abuso, negligência ou conflitos muito intensos nas relações interpessoais. Muitas vezes, essas falsas crises são muito parecidas com crises verdadeiramente epilépticas e é necessário o atendimento por um especialista para fazer um diagnóstico certeiro. 5.4 Diabetes – crises de hiper ou hipoglicemia. Diabetes Mellitus Todas as células do organismo necessitam de glicose (açúcar) para a produção de energia. A circulação sangüínea distribui esse açúcar para as células, entretanto, para que possa entrar no interior da célula é necessária a presença de insulina. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas cuja principal função é permitir a entrada de glicose na célula. Caso este hormônio esteja ausente, a glicose se acumula na circulação e a célula sem seu “combustível”, rapidamente sofre danos irreversíveis. As células do sistema nervoso (neurônios) são muito sensíveis à falta de glicose e as primeiras a sofrer danos com sua ausência. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 19 PRF Prof. Cláudio Albuquerque Primeiros Socorros Definição Diabete é uma doença de evolução crônica em que o organismo é incapaz de utilizar a glicose para produção de energia por diminuição ou ausência de insulina. Sem a insulina, a glicose não entra na célula, se acumulando na circulação e, como conseqüência, ocorre um aumento do volume urinário na tentativa de eliminar o excesso de açúcar da corrente sangüínea. Esta reação é a principal responsável pelos sintomas principais do diabete, a saber: polidipsia (sede intensa), poliúria (aumento do volume de urina) e fadiga facial com diminuição de capacidade de trabalho. Entre as complicações do diabete, a acidose, o coma diabético e a hipoglicemia-choque insulínico constituem as mais graves, requerendo tratamento imediato e geralmente caracterizam o descontrole da doença em sua expressão máxima. Acidose e Coma Diabético Uma vez que a célula não pode utilizar a glicose para produção de energia, ela busca outra fonte de energia – a gordura. Entretanto, esta não é tão eficiente quanto a glicose, além de produzir resíduos ácidos. Essa situação de acidose orgânica, caso não corrigida de imediato, leva ao coma diabético – situação grave que necessita de atendimento de emergência. Sinais e Sintomas Geralmente de evolução lenta (até dias), iniciando por polidipsia, poliúria, vômito, dor abdominal, respiração rápida e profunda, pulso rápido e fraco, alteração da consciência iniciando por confusão, estupor até coma. Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar ● Obter informações da história clínica da vítima e repassar informações ao médico: ○ se é portador de diabete; ○ se usa insulina e se o faz corretamente; ○ condições alimentares; ○ uso de álcool; ○ infecção recente, etc. ● Administrar oxigênio em altas concentrações. ● No caso de vômitos, transportar a vítima em decúbito lateral esquerdo. ● Transporte imediato ao hospital. Hipoglicemia – Choque Insulínico Ocorre quando o nível de glicose no sangue está muito baixo. Rapidamente o açúcar circulante entra nas células e não existe glicose suficiente para manter o suprimento constante das células cerebrais. Sobrevém a inconsciência em questão de minutos. Entre as causas principais, o paciente diabético que usou a insulina em dose maior do que a desejada ou que não se alimentou adequadamente ou aquele que praticou exercício físico em excesso. Sinais e Sintomas São de início rápido (minutos), com tontura,cefaléia, confusão mental e evoluindo para convulsão e coma. Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar ● Obter informações da história clínica da vítima. ● Vítimas conscientes – administrar açúcar (suco ou água com açúcar). ● Vítimas com alteração da consciência ou inconscientes – não fornecer nada via oral. ● Administrar oxigênio. ● Decúbito lateral no caso de vômito. ● Transporte imediato para o hospital. 20 Atualizada 09/10/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores