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INSTITUTO FBV - CURSOS À DISTÂNCIA
CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS
AVALIAÇÃO PARA NOTA
DENISE REGINA PONTES VIEIRA
São Luís/MA
2011
PRIMEIROS SOCORROS
Em situações emergenciais de acidente apresentando vítima, esta
poderá não receber os cuidados adequados se seus problemas não forem
corretamente identificados, sendo que a avaliação do paciente deverá ser
realizada pelos socorristas para identificar possíveis lesões ou traumas.
A grande maioria dos acidentes poderia ser evitada, porém, quando eles
ocorrem, alguns conhecimentos simples podem diminuir o sofrimento, evitar
complicações futuras e até mesmo salvar vidas. Deixar de prestar socorro
significa não dar nenhuma assistência à vítima. A pessoa que chama por
socorro especializado, por exemplo, já está prestando e providenciando
socorro.
Qualquer pessoa que deixe de prestar ou providenciar socorro à vítima,
podendo fazê-lo, estará cometendo o crime de omissão de socorro, mesmo
que não seja a causadora do evento.
A omissão de socorro e a falta de atendimento de primeiros socorros
eficiente são os principais motivos de mortes e danos irreversíveis nas vítimas
de acidentes de trânsito.
Primeiros Socorros são os cuidados imediatos prestados a uma pessoa
cujo estado físico coloca em perigo a sua vida ou a sua saúde, com o fim de
manter as suas funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, até
que receba assistência médica especializada.
Acidentes acontecem e a todo o momento estamos expostos a inúmeras
situações de risco que poderiam ser evitadas se, no momento do acidente, a
primeira pessoa a ter contato com o paciente soubesse proceder corretamente
na aplicação dos primeiros socorros. Muitas vezes esse socorro é decisivo para
o futuro e a sobrevivência da vítima.
Segundo o Ministério da Saúde, o APH (Atendimento Pré-hospitalar)
móvel é o atendimento que procura chegar precocemente à vítima, após a
ocorrência de um agravo a sua saúde, quer de natureza traumática ou não
traumática, quer psiquiátrica, como forma de minorar as condições de
sofrimento ou mesmo de morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe
atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente
hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde.
Conceitual e operacionalmente prevê a chegada precoce a cena do
acidente, de pessoal treinado e habilitado a executar a avaliação da vítima,
realizar os procedimentos de recuperação ou manutenção da vida e decidir a
partir da triagem qual a unidade hospitalar mais adequada para o atendimento
definitivo. É durante a fase de avaliação da vítima e de decisão na triagem que
se torna uma ferramenta importante do APH, permitindo à equipe, dimensionar
a gravidade do trauma e empreender os recursos terapêuticos necessários à
recuperação (MALVESTIO e SOUSA, 2002).
Em estudo realizado, sobre o tempo de deslocamento do atendimento
pré-hospitalar, verificou-se que cerca de 30% dos chamados foram atendidos
em até cinco minutos e 58% em até nove minutos. Chama, ainda, atenção a
proporção elevada de ocorrência (42%), na qual o tempo de chegada de
socorro é superior a nove minutos. Esse tempo para as vítimas com traumas
de baixa gravidade significa um aumento do sofrimento causado pela dor e
pela própria tensão, e para as vítimas gravemente feridas, a piora das
condições
e,
consequentemente,
uma
diminuição
da
recuperação
(MALVESTIO e SOUSA, 2008).
Conforme estudo de ANDRADE et al. (2009), a maioria das vítimas é
socorrida por pessoas leigas. Isto retrata a falta de serviços especializados
para o atendimento e socorro destas vítimas. Embora exista, o serviço dos
bombeiros e de ambulâncias equipadas para assistência médica de urgência
nos locais dos acidentes, estes serviços estão presentes apenas na capital e
em algumas cidades de referência.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA
Baseia-se na rapidez no atendimento; reconhecimentos das lesões e
reparação das lesões.
Os objetivos principais do atendimento pré-hospitalar são: identificar
rapidamente situações que coloquem a vida em risco e que demandem
atenção imediata pela equipe de socorro através do dimensionamento da cena;
início do tratamento de modo precoce; estabilização das funções vitais;
prevenção de complicações; tratamento das condições que possam levar o
paciente a risco de vida; e transporte do paciente com segurança ao hospital
(EDUARDO et al., 2003; PORCIDES, 2006).
“Para o sucesso do serviço pré-hospitalar, é de
vital importância o trabalho de equipe, com todos os
envolvidos no serviço, atuando de modo harmônico a
fim de que seja efetivo o desempenho éticoprofissional da Medicina. Faz-se necessário, então, o
treinamento e o espírito de cooperação (EDUARDO et
al., 2003, p. 21)”.
O atendimento correto evita o agravamento das lesões reduzindo a dor e
o sangramento. De acordo com o Corpo de Bombeiros do Paraná (2007) são
cuidados gerais no atendimento das fraturas:
• Imobilizar as fraturas para transportar a vítima de modo mais confortável;
• Não mover a vítima até que as fraturas estejam imobilizadas, exceto se
estiver perto de fogo, perigo de explosões etc.
• Imobilizar as fraturas incluindo a articulação proximal e distal;
• Em fraturas abertas, controlar o sangramento e cobrir a ferida com
curativo limpo antes da imobilização.
• Se houver exposição óssea não tente colocar o osso no lugar;
A prioridade absoluta em qualquer paciente vítima de trauma é
desobstruir, e assegurar a permeabilidade das vias aéreas superiores, visto a
íntima relação das vias aéreas com a face. Várias são as causas de obstrução
das vias aéreas superiores, dentre elas a queda da língua é a mais frequente.
Esta pode ser dada pela perda da consciência, que se segue a um quadro de
concussão cerebral. Desta forma, o paciente em questão deve ter a língua
tracionada para frente e a mandíbula anteriorizada por meio de manipulação
bimanual ao nível das regiões de ângulo da mandíbula (ZANINI, 1990)
Avaliação inicial ou primária:
É feita sem mobilizar a vítima de sua posição inicial, a não ser em
condições especiais, como risco de explosão, incêndio, desabamento,
afogamento etc. Deve-se perguntar à vítima como ela está, ao mesmo tempo
imobilizar sua cabeça com uma das mãos e determinar se está consciente,
sempre tentando tranquilizá-la (RIBEIRO, 2007). Essa avaliação tem por
objetivo checar os sinais vitais da vítima e tratar as condições que o coloquem
em risco iminente de morte. Para melhor avaliação adota-se o processo
mnemônico da sequência alfabética A-B-C-D, demonstrado a seguir, de acordo
com MELO et al. (2011):
A = Desobstrução da via aérea com controle cervical.
Para desobstruir as vias aéreas, removendo corpos estranho, coloque
a pessoa deitada de lado, com a cabeça e o pescoço no mesmo plano do
corpo da vítima e, com o dedo polegar abra a boca, tracionando o queixo. Ao
mesmo tempo, introduza o dedo indicador na boca do paciente, retirando, com
rapidez, o material que esteja obstruindo.
Para a desobstrução das vias aéreas em crianças muito pequenas,
pendure-a de cabeça para baixo e bata com as mãos espalmadas nas costas
entre as omoplatas. Para a desobstrução de crianças maiores, deite-a sobre os
seus joelhos, com o tronco e a cabeça pendentes e bata com as mãos
espalmadas entre as omoplatas facilitar a entrada de ar nos pulmões.
Após a desobstrução das vias aéreas, centralize a cabeça da vítima e
incline a cabeça para trás, fazendo tração na mandíbula com uma das mãos e
segurando a testa com a outra mão.
B = Avaliar respiração e frequência ventilatória
É empregado para restabelecer a respiração natural, caso esta tenha
cessado (parada respiratória) ou em caso de asfixia. O sinal indicativo da
parada respiratória é a paralisação dos movimentos do diafragma (músculo que
realiza os movimentos do tórax e abdome).Os sinais mais comuns de asfixia
são:
 respiração rápida e ofegante ou ruidosa
 dedos e lábios azulados
 alterações do nível de consciência
 agitação
 convulsões
Para o pronto restabelecimento da respiração natural deve-se iniciar
rapidamente a respiração boca-a-boca ou boca nariz.
C = Avaliar circulação e controle de grandes hemorragias
Em algumas situações você poderá se deparar com casos em que o
coração
da
vítima
deixou
de
pulsar,
porém,
com
possibilidade
de
restabelecimento, como por exemplo, nos casos de:
 choques elétricos
 asfixia
 afogamento
 infarto do miocárdio
 arritmias cardíacas
Nesses casos, a forma mais correta de se diagnosticar a parada
cardíaca será através da verificação do pulso da artéria carótida, colocando-se
as duas polpas digitais (do segundo e terceiro dedos) sob o ângulo da
mandíbula com o pescoço. Não havendo pulso inicia-se as manobras de
ressuscitação cárdio-pulmonar.
Segundo FRISOLI JÚNIOR et al. (1995), pode-se avaliar o estado de
hipovolemia observando-se três aspectos:
• nível de consciência: quando a volemia está reduzida em 50%, a
perfusão cerebral fica comprometida e a inconsciência se torna presente;
• perfusão sanguínea periférica: a coloração rósea da face e das
extremidades é indicativa de bom volume sanguíneo circulante; nos casos de
hipovolemia o paciente apresentasse pálido ou cianótico nas extremidades; e
• pulso: tem como característica ser cheio e rítmico, assim, quando fino
e rápido, o estado hipovolêmico está estabelecido, e se ausente, deve-se dar
início às manobras de reanimação cardiopulmonar.
Massagem Cardíaca Por Compressão Externa do Tórax
O socorrido deverá estar deitado de costas sobre uma superfície lisa,
plana e num nível bem abaixo do seu.

Procede-se a todas as manobras de desobstrução das vias aéreas e
ventilação adequadas.

Localize o osso esterno que fica no meio do tórax.

Coloque uma das mãos espalmadas sobre a metade inferior desse osso.

Coloque a palma da outra mão sobre o dorso da mão espalmada.

Entrelace os dedos das duas mãos, puxando-os para trás.

Conserve seus braços esticados.

Comprima o tórax do socorrido, aplicando a força de seu peso.
D = Avaliar o déficit neurológico – nível de consciência
Esses procedimentos são importantes, uma vez que obstrução das vias
aéreas, presença de hemorragia severa e lesão intracraniana e da coluna
cervical são comuns nos traumas faciais. Todas as vítimas de trauma facial
severo devem ser consideradas como tendo lesão na coluna cervical até a
realização de exames que eliminem essa hipótese (PINTO, 2007).
b) Avaliação secundária:
Realizada após a estabilização dos sinais vitais da vítima, essa
avaliação consiste em uma avaliação minuciosa, que se inicia na cabeça e vai
até os pés, na parte anterior (frente) e posterior (costas), identificando lesões
que apesar de sua gravidade, não colocam a vítima em risco iminente de morte
(MELO et al., 2011).
c) Transporte da vítima
Em situações emergenciais, o transporte da vítima tem que ser rápido,
não podendo ser retardado de maneira alguma, exceto por medidas de
segurança, tais como atender uma vítima antes da polícia neutralizar os
bandidos ou agressores, por exemplo. Estudos têm mostrado que a demora na
condução da vítima ao hospital aumentam a chance de mortalidade das
vítimas. Uma grande diferenciação do APH é o rápido atendimento e
transporte. Esta agilidade presume-se em identificar lesões graves e manter a
estabilidade de lesões que comprometam a vida da vítima como uma
hemorragia externa significativa, estabilização cervical e permeabilidade das
vias aéreas (MELO et al., 2011).
De acordo com MELO et al., 2011, todas as técnicas de remoção e
transporte de vítimas estão baseadas em dois princípios básicos essenciais,
são eles:
1º- estabilização de toda a coluna vertebral da vítima durante todo o
procedimento;
2º- situação de saúde da vítima. De acordo com este princípio o
socorrista deverá empregar a técnica adequada, pois em vítimas graves o
tempo já é um fator determinante de sobrevida utilizando assim a técnica de
remoção e imobilização mais rápida.
Em casos de lesões na cabeça deve-se suspeitar de uma condição
neurológica de urgência. Pode haver hemorragias externas na cavidade
craniana que, se não corrigidas de imediato, podem levar a vítima ao choque e
progredirem até a morte. Deve-se nestes casos evitar movimentos bruscos
com a cabeça do acidentado. Caso haja o extravasamento de sangue ou
líquido por um dos ouvidos, facilitar esta saída (CB-PMESP, 2006).
O número de emergências que necessitem de um tratamento imediato
para a região ocular é pequeno. No entanto, os cuidados também devem ser
tomados, não se devendo realizar pressão sobre o globo ocular, já que isso
pode causar perda dos líquidos vitais no olho traumatizado, além de se evitar
manipulação excessiva da região. Em casos de queimaduras, deve-se lavar o
olho imediatamente, com água, se possível estéril. Os olhos devem ser
enxaguados por pelo menos 15 a 30 minutos, prestando-se atenção especial à
parte interna das pálpebras (PINTO, 2007).
Em alguns países desenvolvidos foram criadas políticas de combate ao
trauma, visando, principalmente sua prevenção, visto que é a forma mais
eficiente de evitá-lo. Leis rigorosas foram adotadas para punir agressões,
políticas de conscientização e orientação da população foram desenvolvidas,
equipamentos e normas de segurança foram implantados em vários setores, o
sistema de saúde foi modernizado com a criação de instituições especializadas
em atendimento e resgate do traumatizado no ambiente pré-hospitalar, além de
reformularem toda a estrutura hospitalar, tornando-a mais eficaz e dinâmica.
Além disso, foram adotados protocolos padronizados de atendimento à vítima
tanto no ambiente pré-hospitalar quanto no hospitalar. No Brasil, os resultados
evoluem de maneira lenta e desorganizada. Foram realizadas várias mudanças
no Novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), mas mesmo assim, há
necessidade
de
política
(PENNELLA et al., 2006).
REFERÊNCIAS
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conscientização
da
população
brasileira
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SILVEIRA ET, MOULIN AF V. Disponível em: www.saudeemmovimento.com.br
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