Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP - 2016 ESTUDO TEÓRICO DA ESPECTROFOTOMETRIA NA REGIÃO DO ULTRAVIOLETA E DO VISÍVEL. AMARANTE L.C.V.1, COUTINHO M.C.2, ZONETTI L.F.C. 3 1 Graduando em Licenciatura em Física, IFSP, Campus Birigui, [email protected] Graduanda em Licenciatura em Matemática, IFSP, Campus Birigui, [email protected] 3 Professor orientador, IFSP, Campus Birigui, [email protected] 2 Área de conhecimento (Tabela CNPq): Prop.Óticas e Espectrosc.da Mat.Condens;Outras Inter.da Mat.Com Rad.e Part. – 1.5.7.16 Apresentado no 7° Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSP 29 de novembro a 02 de dezembro de 2016 - Matão-SP, Brasil RESUMO: A estrutura molecular do vidro não possui padrão regular de organização, caracterizandoo como um material amorfo. Os tipos de vidros são variados, depende do que é colocado na estrutura que o compõe. Se o objetivo é obter mais viscosidade, dureza, durabilidade, absorção, transparência ou coloração, deve-se, então, dopá-lo a fim de obter a propriedade física desejada. O interesse neste trabalho é explorar características óticas do vidro, especificamente o comportamento observado quando a cor é variada. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica para que futuramente seja possível fazer a caracterização de alguns vidros, objetivando identificar fatores que determinam aspectos óticos. Será feito o levantamento histórico do vidro, desde o seu descobrimento até os dias atuais, incluindo as diversas funcionalidades na Física. A técnica analítica estudada será a espectrofotometria na região do ultravioleta e do visível do espectro eletromagnético (UV-VIS), uma das técnicas mais utilizadas na caracterização de materiais, constatando, assim, a relevância da grande variedade de informações geradas, os benefícios de um custo relativamente baixo e grande número de aplicações desenvolvidas. PALAVRAS-CHAVE: Espectrofotometria; vidro; caracterização ótica; espectro eletromagnético; THEORY STUDY OF SPECTROPHOTOMETRY ON ULTRAVIOLET REGION AND VISIBLE ABSTRACT: The molecular structure of the glass has no regular pattern of organization, characterizing it like an amorphous material. There are many types of glass, it depends on what is placed in the structure that composes it. If the goal is to get more viscosity, hardness, durability, absorption, transparency or coloring, then it should dope it, to obtain the desired physical property. The interest in this work is to explore optical characteristics of the glass, specifically the behavior observed when the color is varied. This is a bibliographical research to enable, in the future, the characterization of some glasses in order to identify factors that determine optical aspects. There will be done a historical survey about of the glass, since its discovery to the present day, including the various features in physics. The analytical technique studied will be the spectrophotometry in the ultraviolet region and the visible electromagnetic spectrum (UV -VIS), one of the most used techniques in materials characterization, noting, thus, the importance of the wide variety of information generated, the benefits of a relatively low cost and large number of developed applications. KEYWORDS: Spectrophotometry; Glass; Optical characterization; electromagnetic spectrum; INTRODUÇÃO O vidro é feito de uma mistura de matérias-primas naturais tais como a areia, calcário, barrilha (carbonato de sódio), alumina (óxido de alumínio) e corantes ou descorantes. Seu preciso descobrimento é desconhecido, mas uma das teorias das primeiras confecções de vidro descrevem que navegadores, quando faziam fogueiras na praia, perceberam que a areia e o calcário (conchas) se combinaram através da ação da alta temperatura e resultavam em um material rígido com aparência de uma pedra cristalina. Assim começaram a misturar substancias à altas temperaturas e manipular esse novo material. Há registros de sua utilização desde 7.000 a.C. por sírios, fenícios e babilônios (AKERMAN, 2000). As matérias-primas do vidro sempre foram as mesmas há milhares de anos, somente a tecnologia é que mudou, acelerando o processo e possibilitando maior diversidade para seu uso. Do ponto de vista científico, compreender as potencialidades do material possibilita uma maior eficiência para aplicá-lo em várias áreas. Caracterizar o material é conhecer sua identidade. Para isso existem diversos instrumentos de caraterização, que fornece desde os aspectos magnéticos, elétricos, mecânicos e/ou óticos. (MANSUR, 2005). No caso deste trabalho, o que interessa são propriedades óticas obtidas por espectrofotometria na região do ultravioleta e do visível do espectro eletromagnético (UV-VIS), é uma técnica de análise ótica mais usada em caracterizações físico-químicas e biológicas. Seus resultados são obtidos através de um espectrofotômetro que possibilita a comparação de radiação absorvida e/ou transmitida por uma solução. A importância e relevância dessa categoria de análise pode ser citada nos alimentos, imprescindível para a vida, que passam desde a avaliação do valor nutricional até o controle de qualidade e requerem análises confiáveis e em alta velocidade. O UV-vis pode ser usado em todo o processo, desde a análise de vitaminas até a maturação, quantificação de aditivos alimentares, resíduos de pesticidas ou a cor em materiais de embalagem (SHIMADZU). METODOLOGIA Existe uma dificuldade para se categorizar adequadamente corpos vítreos em um dos três estados de agregação da matéria. Surgiu a ideia de integrá-los em um quarto estado, o estado vítreo, mas essa sugestão nunca chegou a ter uma aceitação generalizada. Portanto, o vidro é considerado um sólido não cristalino ou um sólido amorfo. Quando um material não apresenta uma regularidade dos seus constituintes moleculares em uma escala superior a algumas vezes o tamanho destes grupos, ele é considerado amorfo. Já os cristais são constituídos por arranjos ordenados de moléculas que se repetem em períodos regulares (ZONETTI, 1999). Os tipos de vidros são variados, depende do que é colocado na estrutura que o compõe. Se o objetivo é obter mais viscosidade, dureza, durabilidade, absorção, transparência ou coloração, deve-se, então, dopá-lo, ou seja, misturar outras substâncias (cobalto, terras raras, cobre, etc) em sua estrutura molecular e estudar a característica que se pretende obter. O interesse neste texto é explorar características óticas do vidro, especificamente o comportamento observado quando a cor é variada. A cor não é uma característica intrínseca de um objeto, mas sim uma percepção humana, ou seja, uma sensação. A retina registra os estímulos provocados pela cor que se explicam cientificamente através da distribuição de energia e propriedades espectrais da luz visível, que é refratada e/ou refletida por um corpo de estudo. A sensação de cor, acontece após uma operação combinatória e analítica na qual o cérebro processa os estímulos recebidos. Assim, a cada cor corresponde a um espectro característico, podendo ser comparado com um código único. A Figura 1 apresenta o espectro eletromagnético, que se caracteriza com comprimento de onda maiores que 103 metros (ondas de rádio) até comprimentos menores que 10-12 (MELCHIADES, 1999). FIGURA 01 - Espectro de ondas eletromagnéticas. Considerando a região do espectro eletromagnético é possível notar que a maior parte das radiações não são visíveis a olho humano. A palavra espectro, de origem grega, foi utilizada antigamente para nomear raios luminosos liberados pelo gás metano provenientes de mortos enterrados em covas rasas, visto que corpos em decomposição liberam diversos gases que apresentam uma propriedade de auto inflamar-se resultando em um aspecto luminoso intenso. Pela falta de conhecimento da época, acreditava-se que esse gás luminoso poderia ser um fantasma, que em grego é espectro (HARRIS,1999). Devido ao comportamento dual da luz, que é uma conclusão científica constata por De Brogli, é possível notar comportamentos ora de partícula, ora de radiação eletromagnética. No caso da interpretação e análise do espectrofotômetro, considera-se o comportamento como sendo ondulatório (EISBERG, 1979). Os espectrofotômetros UV-Vis foram desenvolvidos, a princípio, para medidas de absorção em amostras no estado líquido. Porém, com o passar dos anos, dos avanços tecnológicos e necessidades cientificas, os espectrofotômetros de alta precisão e alta energia vêm sendo lançados em virtude da crescente necessidade de medidas de reflexão e absorção em amostras sólidas, as quais incluem semicondutores, filmes, vidros e materiais absorventes (MANSUR, 2005). Quando a luz atravessa uma substância, parte da energia é absorvida (absorbância): a energia radiante não pode produzir nenhum efeito sem ser absorvida. A cor das substâncias deve-se à absorção de certos comprimentos de ondas da luz branca que incide sobre elas, deixando transmitir aos nossos olhos a combinação dos comprimentos de ondas não absorvidos. A figura 2 representa um esquema simplificado do funcionamento do espectrofotômetro UVVis: a emissão da luz branca por uma fonte luminosa, o seu direcionamento e separação das frequências de ondas, a seleção de um feixe, a interação com uma amostra e a coleta dos resultados. (a) (b) (c) (d) (e) (f) Figura 2 - Esquema ótico dos principais componentes do espectrofotômetro. As letras representam: (a) fonte de luz, (b) colimador, (c) prisma ou rede de difração, (d) fenda seletora, (e) cubeta contendo solução, (f) célula fotoelétrica (CHEMWIKI). Quando um fóton se aproxima, pode ocorrer três eventos: ele passa direto (transmitância), ou é refletido, ou é absorvido (absorbância). O fenômeno da absorção ocorre nas frequências quantizadas do átomo ou molécula, ou quando a energia é mais alta que a energia de ionização. Mesmo quando a frequência do fóton é a correta, existe uma probabilidade de a absorção não ocorrer, pois o fóton pode ser refletido ou passar direto. Mas isto não é igual para cada frequência passível de ser absorvida. Ao longo do espectro de frequências, existem probabilidades maiores ou menores de ocorrer absorção. Essa probabilidade, de um modo geral, diminui conforme aumenta a frequência da radiação eletromagnética (GOLÇALVES,1983). A espectrofotometria é fundamentada na lei de Lambert-Beer (equação 1), que é a base matemática para medidas de absorção de radiação por amostras no estado sólido, líquido ou gasoso, nas regiões ultravioleta, visível e infravermelho do espectro eletromagnético (ROCHA,2004 e SKOOG, et al 2013). Para medidas de absorção de radiação em determinado comprimento de onda, tem-se: A log( Io ) ε b c (1) I em que: A = absorbância, AU; Io = intensidade da radiação monocromática que incide na amostra, cd; I = intensidade da radiação que emerge da amostra, cd; ε = absortividade molar, L mol-¹m-¹; c = concentração, kg L-¹; b = espessura da amostra, m; CONCLUSÕES E PERPECTIVAS Contudo, o estudo dos conceitos de funcionamento do espectrofotômetro UV-Vis demonstra grande potencial de aplicação. As possibilidades de experimentação são expandidas para as mais diversas áreas. Após este trabalho, será realizada a caracterização de tipos de vidros diferentes, utilizados em embalagens de alimentos como garrafas de refrigerantes (verde), água (azul e vermelho) e cerveja (marrom), no caso deste último será comparada suas propriedades com o vidro que armazenar produtos químicos (marrom), baseando, assim, inicialmente na cor que emitem, analisando entre os mesmos, os picos de absorção da luz, em qual comprimentos absorvem mais, e discutindo a eficiência de seu uso no que se refere a interferência da luz na substância protegida por essas embalagens. REFERÊNCIAS AKERMAN, M.; Natureza, estrutura e propriedade do vidro. Centro Técnico de Elaboração do Vidro (CETEV), 37 p. nov. 2000. CHEMWIKI, Disponível em: <http://chemwiki.ucdavis.edu/Core/Physical_Chemistry/ EISBERG, R. RESNICK, R. Física Quântica – Átomos, Moléculas, Sólidos, Núcleos e Partículas. Tradução de Ribeiro, P.C.; Silveira, E.C.; Barroso, M.F. Rio de Janeiro: Campus, 1979. GONÇALVES, M. L., Métodos Instrumentais para Análise de Soluções, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1983 HARRIS, D.C.; Análise Química Quantitativa; tradução RIEHL, C.A.; et al. 5.ed. LTC, Rio de Janeiro:1999. Kinetics/Reaction_Rates/Experimental_Determination_of_Kinetcs/Spectrophotometry>. Acesso em: 21 mai 2016. MANSUR, H. S.; PEREIRA, M.; ORÉFICE, R., Cap. 7 - Técnicas de Caracterização de Materiais. In: Rodrigo Oréfice; Herman Mansur; Marivalda Pereira. (Org.). BIOMATERIAIS: FUNDAMENTOS E APLICAÇÃO. 1ed.Rio de Janeiro: Editora Cultura Médica, 2005, v. 1, p. 185236. MELCHIADES, F.G.; BOSCHI, A.O.; Cores e tonalidades em revestimentos cerâmicos. Cerâmica Industrial, v.4, p. 11-18, 1999. ROCHA, F.R.P.; TEIXEIRA, L.S.G.; Estratégias para aumento de sensibilidade em espectrofotometria Uv-Vis. Quim. Nova, V. 27, N. 5, p. 807-812, 2004. SHIMADZU; Uv-Vísivel. Disponível em: <http://shimadzu.com.br/analitica/produtos/spectro/ uv/index.shtml> Acesso em: 21 mai 2016. SKOOG, D.A., WEST, D.M., HOLLER, F.J., CROUCH, S.; Fundamentals of Analytical Chemistry, Cengage Learning, 2013. ZONETTI, L.F.C.; Espectroscopia óptica de vidros dopados com Er+3 e Yb+3, Ano de Obtenção: 1999. Dissertação para o título de mestre em Física aplicada. USP – São Carlos. 1999.