ROTINAS BÁSICAS DOS AMBULATÓRIOS DE ORTOPEDIA PEDIÁTRICA E DO ADOLESCENTE E DE AFECÇÕES DO PÉ E TORNOZELO Prof. Dr. José B. Volpon Dr. Paulo H. Bortolin Dr. Daniel M. Leal Dr. Daniel A. C. Maranho Fevereiro 2010 2 ÍNDICE PREFÁCIO............................................................................................ 3 ORGANIZAÇÃO DO AMBULATÓRIO.................................................. 4 EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO E DO LACTENTE................. 7 DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (LUXAÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL) .......................................................... 8 ARTROGRAFIA DO QUADRIL........................................................... 11 ARTRITE SÉPTICA ............................................................................ 12 OSTEOMIELITE AGUDA.................................................................... 13 SINOVITE TRANSITÓRIA DO QUADRIL........................................... 14 DOENÇA DE PERTHES..................................................................... 14 ESCORREGAMENTO EPIFISÁRIO PROXIMAL DO FÊMUR ........... 16 JOELHO VALGO INFANTIL ............................................................... 16 JOELHO VALGO INFANTIL ASSIMÉTRICO ..................................... 17 JOELHO VARO INFANTIL ................................................................. 17 TÍBIA VARA DE BLOUNT................................................................... 17 JOELHO VALGO DO ADOLESCENTE .............................................. 18 CISTO ÓSSEO SOLITÁRIO ............................................................... 18 PÉ TORTO CONGÊNITO................................................................... 19 SEQUELA DE PARALISIA CEREBRAL MI ........................................ 20 MIELOMENINGOCELE ...................................................................... 21 DESIGUALDADES DE M.I. ................................................................ 22 PÉ PLANO .......................................................................................... 23 DESVIOS ROTACIONAIS DE M.I. ..................................................... 24 AMBULATÓRIO DE AFECÇÕES DO PÉ........................................... 25 PÓS-OPERATÓRIOS......................................................................... 26 AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA ...................................................... 28 PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO......................................................... 28 CUIDADOS NAS CIRURGIAS............................................................ 29 ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA ............................................. 32 CURATIVOS E ALTA HOSPITALAR.................................................. 33 FRATURAS EM CRIANÇAS............................................................... 34 TRAÇÃO ESQUELÉTICA................................................................... 38 CUIDADOS COM FIXADORES EXTERNOS E TRAÇÕES ESQUELÉTICAS........................................................................... 39 REUNIÃO CLÍNICA PRÉ-OPERATÓRIA – NORMAS ....................... 39 FOTOGRAFIAS .................................................................................. 43 RESUMO DAS ATIVIDADES NA SEGUNDA-FEIRA......................... 43 TRABALHOS EM ANDAMENTO NO AMBULATÓRIO ...................... 44 3 PREFÁCIO Este manual foi elaborado para orientar o residente durante o atendimento ambulatorial, devendo ficar em local de fácil acesso, podendo e devendo ser consultado sempre que for necessário. Não tem a pretensão e não deve substituir o livro texto. Convém lembrar que as condutas aqui apresentadas são genéricas e pode haver situações em que, devido às características especiais de cada caso, haja necessidade de adaptação. Algumas condutas são de caráter experimental ou fazem parte de trabalho científico e por isso não devem ser consideradas procedimentos de uso corrente. Estas situações estão devidamente assinaladas. Este manual, também, não cobre toda a variação possível de tratamento de determinada afecção; descreve apenas a conduta tomada em âmbito local não sendo, portanto, a única forma correta de tratamento. A despeito de estar ainda em treinamento (ou por isto mesmo) espera-se que o residente tenha uma postura profissional, compatível com a função que desempenha. O paciente deve ser tratado com cortesia e ter esclarecido o seu problema, exames ou finalidade do tratamento (segundo o nível do paciente). Não são tolerados médicos com comprometimento do aspecto (e higiene) como roupas sujas, sapatos e tênis encardidos, barba por fazer, cabelo em desalinho, etc. Aqueles que não estiverem se sentindo bem serão liberados. A observância do horário é fundamental. Às 12h30, na segunda-feira, deverá haver, pelo menos, um prontuário em cada sala e ser iniciado o atendimento. As orientações serão realizadas pelo Prof. Volpon, Dr. Paulo, Dr. Daniel Leal e Dr. Daniel Maranho (eventualmente pelo R4). 4 ORGANIZAÇÃO DO AMBULATÓRIO O Ambulatório de Ortopedia Pediátrica e do Adolescente e Afecções do Pé e Tornozelo deverá funcionar, em 2010, basicamente da forma como o foi em 2009. A organização visa a melhorar o fluxo de pacientes, diminuindo as filas e o tempo de espera para consultas. Para que isso seja possível, os residentes devem estar atentos a dois princípios básicos. Em primeiro lugar, as normas de funcionamento e agendamento devem ser seguidas rigorosamente. Em segundo lugar, o tempo de atendimento deve ser racionalizado. As consultas devem ser objetivas, mas completas. Os médicos devem evitar demoras e atrasos desnecessários prejudicando o bom andamento do ambulatório. O atendimento aos pacientes nas segundas-feiras deve iniciar às 12h30 em ponto, e terminar às 17h30. O período da manhã será reservado para a reunião pré-operatória, atividade didática e aulas. A triagem dos pacientes encaminhados ao ambulatório deve ser realizada pelos médicos contratados. O preenchi- mento apenas da folha amarela de PA (Primeiro Atendimento) deve ser reservado àqueles pacientes que não terão seguimento. A marcação de Caso Novo deverá ser feita na primeira consulta para aqueles pacientes que serão seguidos no ambulatório. A sala expressa será reservada aos casos especiais (recém-nascidos, pacientes neurológicos graves, etc.) e a sala 4 será reservada aos PA’s e casos novos. Essas salas serão atendidas pelos contratados. Nas salas 6, 8, 10 e 12 serão agendados os retornos de ortopedia pediátrica (R1). Na sala 14 serão atendidos os casos de afecções do pé em adultos (R3). Além dos retornos agendados, são distribuídos casos que vêm para Primeiro Atendimento, autorizados pelos responsáveis pelo ambulatório e interconsultas especiais dos ambulatórios de Hemofilia, Insuficiência Renal, Imunologia Infantil, Endocrinologia, Divinolândia e CSE. A sala 16 é reservada para o atendimento de retornos e pós-operatórios. Na sala 18 e 20 são realizados os curativos 5 limpos e infectados, respectivamente. A sala 22 é reservada ao gesso onde são atendidas as crianças com pés tortos e outras afecções em que são realizadas trocas regulares de gesso e os casos de traumatologia encaminhados da Unidade de Emergência. Os pacientes devem ser atendidos por ordem da chegada dos prontuários, exceto alguns casos cujo atendimento deve ser antecipado e acelerado, por tratarem-se de situações especiais (crianças pequenas, presidiários, excepcionais com grandes limitações, pacientes em macas, dor ...). A anotação no prontuário deve ser sucinta, mas completa e incluir: data e nome do ambulatório (AOR2 ou Ortopedia) estatura, medida previamente pela enfermagem. diagnóstico e dados relevantes (p.ex.: Doença de Perthes, 6 meses PO Salter) dados subjetivos da consulta (p. ex.: dor, deambulação com muletas, etc...) dados objetivos da consulta (exame físico incluindo goniometria das articulações envolvidas, medidas dos membros e testes especiais) resultados de exames laboratoriais. (p.ex.: RX de bacia: cabeça em fase de fragmentação sem subluxação). Diagnóstico, se houver diagnóstico novo ou alteração do quadro. Conduta incluindo resumo da discussão do caso, programação futura e com quem o caso foi discutido. Identificação do médico atendente, com carimbo e assinatura, na folha de evolução, pedidos, receitas, etc. Os casos para radiografia serão feitos antecipadamente, sendo que, para isto, será reservado o período da mannhã. Assim, ao terminar a avaliação, o paciente que necessitar radiografia no retorno deverá sair com o pedido de radiografia e apresentá-lo ao balcão para o agendamento. Os pacientes de trauma terão as radiografias solicitadas no momento do atendimento. Neste caso, o residente imprimirá a etiqueta de identificação, a colará no pedido e dará ao paciente uma ficha numerada que corresponderá a sua ordem de atendimento no RX. As radiografias serão realizadas na sala 26, do próprio ambulatório. Entretanto, pacientes de difícil manuseio (exemplo: sequelas 6 graves de paralisia cerebral, muita dor) ou com muitas radiografias deverão ser encaminhados ao RX central. Estes casos deverão ser identificados pelo próprio residente que anotará na parte superior do pedido os termos “corredor 10, sala 9”. Os casos interessantes devem ser fotografados, com auxílio dos R4. Os retornos são marcados no cartão do paciente pelo próprio residente, após consulta e marcação no livro de agenda de cada sala. Todos os atendimentos devem ser anotados em folha própria para ulterior introdução destes dados no banco de dados. Não ultrapassar o limite de agendamento da sala. Caberá ao R4 a responsabilidade de passar os dados para o computador. Após a consulta, os pacientes são encaminhados à sala de pós-consulta (sala 2) onde são orientados pela enfermagem a respeito de medicações, cuidados e retorno. Reuniões de revisão de RX Todas as radiografias obtidas durante o dia serão revistas na reunião de revisão de radiografias, realizada logo após o término do ambulatório. Casos interessantes poderão ter as radiografias anteriores apresentadas juntamente com a do dia. Pacientes de Ilizarov Pacientes candidatos ao tratamento com Ilizarov deverão ser encaminhados para a quarta-feira, às 12h30, para realização da programação e montagem do aparelho. Enquanto estiverem com este aparelho deverão ser atendidos nesse dia. Para seguimento, após a retirada do aparelho, voltarão para seguimento na 2ª feira. Gesso de pé torto Os pacientes portadores de pé torto congênito e submetidos a trocas semanais de gesso terão atendimento às 12:30 horas, diretamente na sala de gesso, pelo R4, às quartasfeiras. REUNIÃO DE RADIOGRAFIAS O objetivo desta reunião é fazer uma revisão de todas as radiografias realizadas no ambulatório da segunda-feira. Radiografias antigas adicionais deverão ser levadas quando a ilustração do seguimento for importante. Ela será iniciada logo após o término do ambulatório e cada caso será apresentado pelo médico que atendeu o paciente. 7 Assim, cada um deverá ter as radiografias já separadas na ordem correta de apresentação. A preparação da sala de reuniões ficará a cargo do R4 que deverá providenciar para que o ar condicionado esteja ligado, o negatoscópio e as cadeiras posicionados e prontos. As apresentações serão feitas alternadamente por dois residentes e deve ter dinâmica adequada para não haver perda de tempo. Não é permitido apontar detalhes das radiografias com os dedos. Usa-se um apontador adequado, que estará à disposição do apresentador. EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO E DO LACTENTE O exame deve ser realizado calmamente, em ambiente silencioso, e a criança completamente despida, podendo ficar sobre uma fralda aberta. A criança deve ser deitada transversalmente no divã, com a mãe do lado da cabeça da criança. Inicialmente, é examinada a coluna cervical avaliando-se a mobilidade, que deve ser de 90° de rotação direita e esquerda. A palpação do esternocleidomastoídeo afasta o diagnóstico de torcicolo congênito. A palpação das clavículas pode surpreender uma fratura, sugerindo um parto trabalhoso e obrigando a realização do exame neurológico dos membros superiores para excluir uma paralisia obstétrica. Mobilidade do ombro, cotovelo (verificar a pronossupinação para descartar sinostose radioulnar) e punho. Reflexo de preensão da mão (até 3º - 4º mês) Reflexo de sucção (até 11º 12º mês) Mobilidade dos quadris (limitação da abdução sugere luxação do quadril). Mobilidade dos joelhos: observar limitações e luxação tibiofemoral e patelar. Mobilidade dos pés: observar flexão dorsal (pé equino), flexão plantar (pé calcâneo), abdução do pé (pé aduto) ou do primeiro raio (pé metatarso varo). Reflexo de Babinski e apreensão dos artelhos. Teste de Galeazzi: flexionar os joelhos em posição simétrica e observar a altura dos joelhos. 8 É um teste muito sensível para observar discrepância do comprimento dos MMII. Reflexo cervical tônico assimétrico: rodar a cabeça e observar extensão do membro superior ipsilateral e flexão contralateral (até 4º - 6º mês). Reflexo cervical tônico simétrico: flexão da cabeça flexão dos MMSS e extensão dos MMII, extensão da cabeça contrário (± 6º mês). Reflexo de Moro. Segurar a criança pelo tronco e testar o reflexo da marcha (incliná-la para frente e observar esboço de marcha) e do apoio (encostar a perna na beirada da mesa e observar reação de apoiar o pé sobre a mesa. Observar simetria das pregas glúteas). Reflexo do paraquedas (após 6º mês). Reflexo de fuga a asfixia: deitar a criança de bruços e observá-la virar a cabeça para evitar sufocamento. Apoiar com a mão a planta dos pés e observar impulso da criança. Observar mancha mongólica e defeitos na pele do sulco interglúteo e coluna. Observar alinhamento da coluna vertebral e sua mobilidade. MARCOS NO DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO DA CRIANÇA: •Elevação da cabeça em decúbito ventral 2º mês. •Sustentação da cabeça em decúbito dorsal 4º - 6º mês •Sentar-se sem apoio 6º mês •Engatinhar 9º mês •Andar com apoio 12º mês •Andar sem apoio 15º mês. •Correr 18º mês. DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL ÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL) DIAGNÓSTICO O diagnóstico Luxação Congênita do Quadril foi agrupado num grupo maior de doenças: as displasias do desenvolvimento do quadril. Estão aí (LUXA- incluídas as displasias puras e as subluxações que podem progredir para a luxação franca. Estes diagnósticos puderam ser feitos mais precocemente após o advento do ultrassom. O diagnóstico clínico de instabili- 9 dade é feito pelo teste de Ortolani, realizado nas primeiras 48 horas de vida. Um exame ultrassonográfico dos quadris deve ser feito, em seguida. Indicações para ultrassonografia: a- casos com Ortolani + b- Qualquer caso suspeito (neste caso, aguardar 3 semanas de vida, para a devida maturação do quadril). c- Qualquer caso com fator de risco presente (nestes casos, aguardar 3 semanas de vida, para a devida maturação do quadril). d- Após colocar o Pavlik e- Qualquer suspeita quanto à redução durante o seguimento. f- Para avaliar a retirada do aparelho. O US, geralmente, não está mais indicado quando houver núcleo de ossificação. Neste caso, é solicitada radiografia em AP de bacia, com posicionamento simétrico do tronco e bacia, e MMII em adução e rotação neutra. São traçadas as linhas de Hilgenreiner e Perkins, tão como o arco de Shenton, e medido o índice (ângulo) acetabular. O núcleo da cabeça femoral deve ficar no quadrante inferomedial ou inferolateral. A linha de Shenton deve ser contínua e a distância da metáfise até o acetábulo deve ser simétrica. A inclinação da pelve é controlada pela simetria dos forames obturados. Não é feito RX em abdução ou na posição de Von Rosen. O tratamento deve ser efetivo. Não se emprega coxim de fraldas. Casos com suspeita inicial, mas examinados tardiamente, com abdução completa e Ortolani negativo ou casos com história familiar de luxação, são submetidos ao US, radiografados e reexaminados com 1 mês, 3 meses e 6 meses. Se normais após este período, dar alta. Fazer teste de Barlow. É muito sugestivo de luxação se houver limitação progressiva da abdução e sulco exagerado da primeira prega da raiz da coxa. TRATAMENTO CONSERVADOR Esquema de Tratamento ao RN. Reduzir o quadril com a manobra de Ortolani e colocar o Pavlik. Opcionalmente, pode ser feito o gesso quando a instabilidade for muito grave, para ser usado em torno de 2 semanas, (Para RN Pavlik, tamanho PP). 10 Determinar o arco de segurança de Ramsey. Manter abdução de 70º e flexão de 100º. A correia posterior regula a abdução e a correia anterior a flexão. US ou RX controle. Orientar a mãe quanto aos cuidados de higiene. Para limpar a criança: a) liberar um membro, mantê-lo em abdução, limpá-lo e recolocar a perna no aparelho; b) proceder da mesma forma para a outra perna; c) retirar os suspensórios, a camisa e limpar a criança; d) recolocar a roupa e ajustar o cinto largo central na altura dos mamilos. A mãe não mexe nas fivelas de ajuste dos MMII. Retornos semanais no primeiro mês para ajuste do aparelho e reforço da orientação. A partir daí, retornos a cada 2 ou 3 semanas. Não é preciso radiografar a não ser que haja dúvidas. Manter o Pavlik por 3 meses. Após este período a mãe retira o aparelho em casa e vem à consulta 1 semana após. Fazer RX em posição simétrica e com membros inferiores aduzidos e repetir ultrassom. Na subluxação ou dúvidas, manter o aparelho por mais 1 mês. Se tudo bem, liberar a criança. Se necessário repetir o ultrassom. Retorno com 6 meses de idade. Testar abdução e fazer RX. Retorno com 1 ano de idade. RX. Retornos anuais até os 18 anos. RX. Esquema de Tratamento após RN, até a deambulação. Casos mais tardios têm limitação da abdução e não apresentam Ortolani (-). Geralmente, o RX é diagnóstico. Internar e instalar tração cutânea ao zênite com peso suficiente apenas para elevar a nádega do leito. Técnica especial de tração: limpar os MMII com benzina ou éter, passar benjoim, envolver todo o membro (inclusive os pés) com Reston, estando a parte colante em contato com a pele, enfaixar o Reston com crepe, dos pés à raiz da coxa. Sobre este conjunto instalar a tração cutânea habitual. Ir abduzindo progressivamente, regulando 1 ou 2 vezes ao dia. Sempre trabalhar no limite de tolerância da criança. Se a criança não tolerar, a abdução está sendo muito rápida ou há complicações como compressão, lesão de pele, má perfusão: VERIFIQUE ! 11 Quando ocorrer abdução o completa de 90 : radiografar (Não são necessários RX intermediários). Levar ao centro cirúrgico, anestesiar. Artrografia e reduzir a luxação sob controle de intensificador de imagens. Testar a estabilidade. Se houver muita instabilidade, fixar extraarticularmente com fio de K. Fazer gesso pelvipodálico sob anestesia, em flexão de o o 100 graus e abdução de 70 ou na posição de máxima estabilidade, comprovada também pela artrografia. Este gesso é mantido por 3 meses, com RX mensais. Após os 3 meses, a criança vai para o Pavlik ou novo gesso confeccionado no ambulatório, sob sedação, se necessário, com hidrato de cloral 16% (1 ml cada 4 kg de peso corporal). Crianças maiores que 8 meses ou muito grandes e obesas não são adequadas ao Pavlik. Manter no gesso ou usar aparelho abdutor. Esquema de Tratamento após a deambulação. TRATAMENTO CIRÚRGICO Após estabelecimento definitivo da marcha o tratamento é cirúrgico. Atualmente o que fazemos é uma cirurgia em tempo único, constituída, basicamente, de redução aberta, capsuloplastia, Salter ou Tönnis, encurtamento e derrotação do fêmur. Não se faz tração prévia. Imobilização por 6-8 semanas. Esquema de tratamento após 4 anos Baixa capacidade de remodelamento do acetábulo. Cirurgia de Derqui ARTROGRAFIA DO QUADRIL Paciente sob anestesia, com o quadril abduzido 45º, sem rotação externa. Palpar o espaço entre os isquiotibiais e os adutores, próximo ao ísquio. Com agulha de raquianestesai 100x10 ou 100x12 e mandril, puncionar este espaço, mantendo a agulha horizontalmente e dirigida, mais ou menos, para a projeção da espinha ilíaca anterossuperior. Geralmente, quando a cápsula é perfurada tem-se uma sensação táctil característica. Introduzir a 12 agulha até o osso. Controle no intensificador de imagens: a agulha deve estar colocada no colo femoral. Retirar o mandril e, com seringa de 10 ml, injetar 2-3 ml de soro fisiológico. Se o espaço articular estiver puncionado, não haverá resistência e, ao se retirar a seringa, o soro refluirá pela agulha. Deixar o excesso de soro vazar e injetar 3-4 ml de contraste radiológico usado em urografia, diluído ao meio em SF. Observar simultaneamente no intensificador de imagens. Deixar o excesso de contraste refluir pela agulha e retirá-la. Mobilizar o quadril em várias direções e fazer radiografias nas incidências e posições desejadas ou somente visualizar no intensificador. ARTRITE SÉPTICA DIAGNÓSTICO A artrite séptica deve ser tratada como urgência. Sempre que houver dúvida fazer punção articular. Nos casos suspeitos, geralmente iniciais, mas que a punção foi negativa, internar o paciente e administrar antibiótico EV: Cefalotina 200 mg/kg/d; Oxacilina 100-200 mg/kg/d; Clindamicina 25-40 mg/kg/d). Tempo total de antibióticoterapia: 3 sem. Sempre que houver grande suspeita ou demonstração de pus, fazer drenagem cirúrgica e irrigação contínua por 3-5 dias. Na criança muito nova, os vasos metafisários atravessam a fise. Assim, é comum a artrite séptica ser decorrente de uma osteomielite metafisária, que deve ser investigada por punção óssea. Quadril - incisão anterior transversa (Luck modificada), incisão em cruz na cápsula que não é suturada; depois: cateter único de irrigação sobre o colo. Não é necessário ficar dentro da articulação. Pós-operatório em tração bilateral com abdução de 45º. RX na tração para descartar subluxação. Alta com gesso de dupla abdução (broomstick) por 3 semanas. Outra possibilidade é ficar internado e iniciar movimentação passiva contínua (geralmente crianças maiores). Depois, RX e exercícios ativos e passivos no leito ou piscina por 3 semanas. Iniciar carga parcial com muletas após 6 semanas. 13 RX. Liberar carga progressivamente. Para o quadril, ficar 3m com muletas. Obs.1 - Quando houver artrite secundária à osteomielite do colo o p.o. é modificado em função do grau de destruição óssea. Se houver necessidade de proteger contra fratura patológica, fazer gesso pelvipodálico. O antibiótico é mantido por 6 semanas (3+3) Obs. 2 - A irrigação é realizada com cateter único, com o cuidado de não haver dobras e orifícios nas partes moles superficiais. Obs.3 - Antibiótico definitivo é escolhido em função do antibiograma e mantido por 3 semanas. Obs. 4 - Colher cultura de macerado de partes moles articulares. Obs. 5 - Não usar antibiótico no líquido de irrigação. Joelho - drenagem por acesso parapatelar medial. Possibilidade de instalar irrigação percutânea, sem necessidade de artrotomia. Mesmas recomendações anteriores. Imobilização pós-operatória: tala cruromaleolar. Ver possibilidade de iniciar precocemente MPC (mobilização passiva contínua – crianças maiores). Tornozelo - Acesso por duas incisões: uma anterolateral e/ou outra anteromedial. Irrigação percutânea, se possível. Ombro - Acesso anterior retilíneo sobre o sulco deltopeitoral. Cotovelo - Acesso posterolateral. Punho - Acesso dorsal. OSTEOMIELITE AGUDA Tratamento de urgência. Casos duvidosos, manter internados. RX. Na dúvida realizar punção de partes moles e do osso, sob anestesia. Casos com suspeita clínica forte, precoces e em que ainda não há pus, iniciar antibiótico EV (oxacilina, clindamicina, cefalo- tina e/ou aminoglicosídeos). Nesta situação, ver possibilidade de cintilografia óssea. Examinar repetidamente. Sempre que houver pus: drenar. Cuidados com a técnica cirúrgica: 14 Não desperiostizar o osso. Preservar inserções de partes moles. Fazer várias perfurações ao longo do osso com broca 4,5. Não é necessário curetar o canal medular. Eventualmente, é aberta janela para drenagem. Colocar o cateter único de irrigação sobre o osso e não dentro do canal medular. Irrigação mantida por 7-10 dias. Cuidados com irrigação: ver artrite séptica. Alta com imobilização e sem carga, cuja duração vai depender do grau de destruição óssea e da cura da infecção. anemia falciforme) não é tratada cirurgicamente porque não forma abscesso. O antibiótico de escolha é em função da sensibilidade do microorganismo (Cloranfenicol, Ampicilina, Rocefin, etc.). Obs.: 1 - A osteomielite por Salmonelas (pacientes com Tempo de antibiótico: 3 semanas EV e 3 semanas VO. - Antibióticos em doses elevadas. Geralmente trocados após 3 semanas, ambulatorialmente, por clindamicina ou Vibramicina (doxiciclina), dependendo do microorganismo e da idade. As tetracliclinas são contraindicadas antes dos 6 anos de idade por causa da impregnação dentária. SINOVITE TRANSITÓRIA DO QUADRIL Dependendo do grau de acometimento, recomenda-se restrição do excesso de atividades, repouso relativo e antiinflamatórios não hormonais. Quando muito intenso ou se houver dúvidas do diagnóstico com artrite séptica, fazer US, puncionar o quadril e repouso no leito. Não instalar tração pois ela, forçando a extensão do quadril, aumenta a pressão intra-articular. Repetir RX 1-2 meses após o desaparecimento dos sintomas para descartar Perthes. DOENÇA DE PERTHES Identifique a fase da doença: Sinovite, necrose, fragmenta- ção, remodelação, sequela. Identifique o grau de acometi- 15 mento: Salter A (< 50% afetado) e B (> 50% afetado). Identifique a integridade da coluna lateral e a presença de fratura subcondral. Até os 4 anos apenas observar, a menos que surja subluxação lateral e restrição importante dos movimentos. Casos com acometimento até de 50% da cabeça observar, a menos que haja subluxação lateral e restrição dos movimentos. Pilar lateral sem acometimento ou até 50% observar. Obs.: Todo o caso conservador, fazer exercícios de alongamento dos adutores. Retornos de 3 em 3 meses, com RX, às vezes em tempo menor. Cirurgia - todos os casos de subluxação lateral ou quadro clínico exuberante com defesa do quadril (sinais de risco). Fazer sempre a artrografia e tração cutânea prévia até o abdução de 45 para os casos com quadril muito reativo e com grande limitação de movimentos. Osteotomia Tríplice, Dupla ou Salter: cabeça esférica ou quase esférica. Osteotomia de varização cabeça achatada, mas que centra em abdução. Idade máxima, 8 anos. Casos com abdução em dobradiça, geralmente com grande deformidade: osteotomia de abdução e extensão (alinhamento). Se houver dobradiça mas o bloqueio mecânico à centralização for pequeno, pode-se tentar superá-lo com gesso em abdução progressiva (broomstick), regulado a cada 1 ou 2 semao nas. Quando a abdução de 45 ou mais for atingida, fazer RX. Se a cabeça centrou, fazer osteotomia varizante, caso contrário, osteotomia valgizante. Obs 1.: No caso de Perthes pode haver grande variação de condutas, dependendo de cada caso. Obs 2.: Casos selecionados com cabeça não esférica, realizamos queilectomia para recuperar a esfericidade e tratar o impacto femoroacetabular, inclusive com reparo do labrum. Obs 3.:Em alguns casos selecionados, usamos a artrodiastase. Obs. Perthes antes de 6 anos: bom prognóstico; após 10 anos: mau prognóstico 16 ESCORREGAMENTO EPIFISÁRIO PROXIMAL DO FÊMUR Classificar o grau de desvio pela radiografia em perfil (leve, moderado e grave). Excluir a condrólise e estabelecer se o desvio é agudo ou crônico (mais que 2 semanas) e se a lesão é estável ou instável (incapacidade de apoiar o peso). 1- Escorregamento agudo e instável grau I (até 30º) fixação in situ. 2- Escorregamento agudo e instável grau II (entre 30 e 60º): redução parcial para transformar em grau I e fixação in situ. 3- Escorregamento agudo grau III: redução aberta e osteotomia subcapital com a técnica de luxação e descolamento subperiosteal. 4- Escorregamento crônico ou agudo no crônico a. Grau I: luxação do quadril e cervicoplastia e fixação in situ. b. Graus II e III: luxação do quadril, descolamento subperiosteal, osteotomia subcapital redução e fixação Obs 1. A técnica de exposição subperiosteal está em fase experimental. Obs 2. Atualmente existe tendência de considerar agudos apenas os escorregamentos em fase bastante inicial (poucos dias ou até mesmo menos de 24h) Obs 3. Casos selecionados podem ser tratados por via artroscópica. Nossa preferência atual é pela fixação de rotina do outro lado, embora este tema também seja controvertido na literatura. Não fixamos quando a idade do paciente é mais adiantada, quando o fise está fechando ou quando o escorregamento é muito antigo. JOELHO VALGO INFANTIL Apenas observar a cada 6 meses tomando a medida da distância intermaleolar (DIM) com a criança deitada, MI em posição simétrica e patelas voltadas para cima. Construir 17 um gráfico com idade em abscissa e 2 curvas: estatura e DIM. Descartar causas definidas como raquitismo ou displasias ósseas. Prognóstico: correção espontânea. JOELHO VALGO INFANTIL ASSIMÉTRICO RX para excluir alterações ósseas e da cartilagem de crescimento. Se muito acentuado e progressivo, fazer gessos forçando a desvalgização. Iniciar com um gesso, 1-2 semanas depois, fazer uma cunha, depois de 2 semanas, novo gesso e assim por 3 meses. Medir DIM e ângulo frontal para cada lado. Construir gráfico. JOELHO VARO INFANTIL Sempre radiografar e estabelecer diagnóstico diferencial com tíbia vara de Blount. Se a deformidade for progressiva repetir RX, no futuro. Construir gráfico como para o joelho valgo, substituindo a DIM pela distância intercondilar (DIC). TÍBIA VARA DE BLOUNT Angulação abrupta logo abaixo do joelho e torção interna da perna. Piora ao invés de melhorar nos primeiros 3 a 4 anos de vida. Na radiografia podem ser notadas as alterações do ângulo posteromedial da tíbia proximal que pode ser classificada segundo os critérios de Langenskiöld (entretanto, esta classificação é muito complexa e com baixa concordância inter e intraobservado- res. Não a usamos). São medidos os ângulos tibiofemoral e metafisiodiafisário. Este, se maior de 11 graus, é sugestivo de doença de Blount. Tratamento: Idade até 3 anos aparelho corretor ou gessos corretivos. Barra óssea: ressecção da barra óssea e interposição de gordura ou cimento acrílico. Inclinação do planalto tibial: osteotomia intraepifisária. 18 Inclinação do côndilo femoral: epifisiodese temporária. Correção com Ilizarov Alinhamento: osteotomia infratuberositária. As indicações acima podem ser combinadas dependendo da idade e da gravidade do caso. JOELHO VALGO DO ADOLESCENTE Seguimento rigoroso de 3 em 3 meses medindo a DIM e altura. Construir gráficos. Considerar possibilidade de epifisiodese parcial quando: O aspecto estético estiver muito comprometido; DIM maior ou igual a 10 cm, principalmente se o paciente estiver no estirão de crescimento. Consultar curvas de crescimento, ver altura dos pais e prever a altura final com a fórmula: Meninos = est. pai+ (est. mãe+13) 2 Meninas = est. mãe + ( est. pai - 13) 2 Idade para a cirurgia de 12 anos para a menina e 13 anos para o menino (critérios relativos). A epfisiodese é realizada com parafusos inseridos percutaneamente. CISTO ÓSSEO SOLITÁRIO Se estiver fraturado, tratar a fratura até a consolidação. O tratamento do cisto consiste, sob anestesia, na lavagem com 2 agulhas (quando se faz biópsia com agulha) e injeção de 20 - 40 mg de triancinolona. Novo RX em 3 meses. Se houver necessidade, repetir injeção de 3/3 meses, até um total de 3 ou 4 aplicações. Na iminência de fratura, o tratamento é a inserção de hastes intramedulares flexíveis, que fixam e também promovem drenagem contínua. Outra opção de tratamento é a drenagem do cisto através de cateteres permanentes de derivação ventrículo-peritoneal (DVP), inseridos percutanea- 19 mente (Técnica original do Prof Volpon). Nas falhas completas de tratamento ou risco iminente de fraturas (especialmente no colo do fêmur) as lesões são curetadas e enxertadas e associadas à fixação com hastes intramedulares flexíveis. PÉ TORTO CONGÊNITO Ao nascimento fazer RX e, em seguida, troca de gesso a cada semana. O tratamento obedece à técnica de Ponseti em que o pé é, inicialmente, manipulado em supinação e abdução e, depois feito o gesso, mantendo o joelho flexionado 90º. Após a correção do cavovaro-aduto (RX), o tratamento do equino é feito pela tenotomia percutânea, realizada com agulha, sob anestesia local, e sedação com hidrato de cloral. Gesso 3-4 semanas. O pé torto tratado pela técnica de Ponseti deverá ser manipulado pela mãe 3 vezes ao dia e prescrita férula de Denis-Browne (confecção especial - 70º de abdução, 15º dorsiflexão). O método de Ponseti tem sido aplicado também nos pacientes com mielomeningocele e artrogripose distal. RECIDIVAS: até 2-3 anos tentar correção com manipulação e trocas gessadas (Ponseti). As deformidades residuais são corrigidas com procedimentos cirúrgicos localizados (osteotomia de encurtamento da coluna lateral ou cunhas combinadas, fasciotomia plantar, etc.) e transferência do tendão tibial anterior. TRATAMENTO CIRÚRGICO Casos que já vêm tardiamente ou associados à afecção neuromuscular são submetidos ao tratamento cirúrgico (fazer gessos prévios a cada 2 semanas para “amolecer” o pé). Obs.: Durante o seguimento as radiografias são sempre AP e P forçando a dorsiflexão. Técnica Cirúrgica: Liberação circunferencial do Tálus. Incisão Cincinnati (preferencialmente). Fixação subtalar e talonavicular com fios K. Modificações 1 Fasciotomia plantar por incisão separada, se houver cavo importante. 20 2 Cunha de subtração no cubóide se houver adução importante. 3 Preenchimento do recesso lateral pré-maleolar com gordura retirada da panturrilha. Imobilizar o pé em posição que não tensione a sutura. Pós-operatório: Troca de gesso no ambulatório, com sedação ou não, colocando o pé em posição neutra. Este gesso é mantido 3 semanas. Se necessário, troca sob anestesia. Nova troca com 6 semanas de p.o , retirando os fios de K., mantendo o pé em neutro. Este gesso é mantido 4 semanas. Duração total da imobilização: 10 semanas. O último gesso pode ser com o joelho estendido, se o paciente tiver idade para andar. Se a criança for gorda, fazer o gesso com joelho flexionado. Após o gesso: tênis; andar descalço. Retorno com 3 meses, 6 meses e, depois, anualmente. Sempre RX com carga. SEQUELA DE PARALISIA CEREBRAL MI São tratados pacientes com prognóstico de marcha, com deformidades que interferem com função ou uso de órteses ou com deformidades que levam a complicações no futuro (ex.: contratura em adução levando à luxação do quadril). Pacientes com grave sequela são tratados para facilitar a higiene, o uso de cadeira ou pela ocorrência de dor. De maneira geral, as cirurgias são realizadas em tempo único com tempo de imobilização o mais curto possível e indicam-se órteses no pósoperatório para prevenir recidivas. A rigor, não há idade mínima para a correção cirúrgica mas, geralmente, aguarda-se a estabilização de um padrão motor. Entretanto, osteotomias derrotativas são realizadas acima dos 10 anos. Quadril Aduto - tenotomia dos adutoo res até conseguir 45 . de abdução. Só se faz neurectomia do ramo superficial do obturador em pacientes sentadores crônicos e com muita contratura em adução. Rotação Interna (excesso de anteversão) osteotomia derrotatória. 21 o Flexo - se maior que 20-30 . alongamento do iliopsoas na margem púbica. Joelho Flexo - alongamento fracionado de isquiotibiais mediais e/ou transferência do semitendinoso para o fêmur. Às vezes, gessos seriados. Eventualmente, osteotomia de extensão. Tornozelo Equino - alongamento de T. Achilles, fechado à Hoke para equinos leves, Strayer para equinos secundários a retração seletiva do gastrocnêmia. o Equinos maiores que 30 . – alongamento em “Z“ clássico, com exposição restrita do tendão. Evitar hipercorreções! Deformidades mais complexas ou combinadas - análise de cada caso. Quando houver marcha agachada e com joelho em flexão permanente, considerar a possibilidade de abaixamento patelar ou transferência do reto femoral. Todos os pacientes devem ser filmados antes da cirurgia. MIELOMENINGOCELE Afecção do grupo dos disrafismos que inclui a espinha bífida e a meningocele. Caracterizada por paralisia flácida, perda da sensibilidade e do controle dos enfíncteres. Quando aparece espasticidade e deformidade rígida progressiva deve-se pensar numa complicação que é a medula estirada. Pioram o prognóstico o nível da lesão (quanto mais alto pior) e a coexistência de hipertensão intracraniana (crises convulsivas e necessidade de DVP). Atendimento multidisciplinar onde o neurologista e o urologista têm prioridade. Importante: estabelecer o nível de lesão, também para prognosticar qualidade de vida: Nível Torácico (Incapacidade de flexionar o quadril). Grau variado de controle da coluna vertebral. Paciente sentador crônico, locomoção com cadeira de rodas. Nível Lombar Alto (capaz de flexionar o quadril mas incapaz de estender o joelho). Consegue andar com tutores altos. Geralmente passa a sentador na vida adulta. Nível lombar baixo (consegue estender o joelho). Necessita tutores para marcha. Vida 22 independente, andador comunitário, com restrições. Nível sacral (alterações genitourinárias e dos pés). Vida social normal exceto pelos cuidados dos Tutores curtos. esfíncteres. DESIGUALDADES DE M.I. Crianças pequenas com pouco encurtamento (± 1 cm), seguimento semestral com medidas clínicas. Escanometrias anuais e curvas de crescimento. Fazer gráfico. Crianças maiores, deambulando, escanometria anual, retorno 6/6 meses. Medir altura. Gráficos. Compensar parcial ou totalmente o encurtamento, se houver desequilíbrio postural. Encurtamento até 2,0 cm. Compensar parcial ou totalmente se houver alteração postural ou de marcha. Encurtamentos 2-4 cm. Pensar em epifisiodese contralateral no futuro. Muito importante o gráfico para previsão do comprimento. Encurtamentos maiores que 4 cm . Considerar alongamento. Corrigir deformidades ósseas e estabilizar articulações adjacentes antes. Avaliar o estado das partes moles. Se possível, realizar o alongamento próximo do final do crescimento. Técnicas de Alongamento Realizado pela técnica de Ilizarov. A montagem do aparelho é feita no ambulatório de quarta-feira, na consulta préoperatória. Obs.: São muito importantes as curvas de crescimento para previsões da disparidade. Encurtamento do osso mais longo para disparidades de 2-4 cm pode ser realizado após o crescimento, em pacientes altos. Epifisiodese total da cartilagem de crescimento pode ser realizada em idade adequada, calculada pelas curvas de crescimento. Participação porcentual de cada fise no crescimento total do osso, segundo Digby: Osso Fêmur Tíbia Fíbula Úmero Rádio Ulna Proximal 31 57 60 81 25 19 Distal 69 43 40 19 75 81 23 PÉ PLANO O pé plano é um termo descritivo que aglomera quatro afecções distintas. O pé plano congênito, o pé plano postural infantil, o pé plano rígido e o pé plano neuropático. PÉ PLANO CONGÊNITO Três formas possíveis: postural totalmente flexível e hipercorreção possível. Relacionado à posição intrauterina. Não necessita de tratamento. Eventualmente podem ser realizados gessos corretivos para acelerar a correção ou para diminuir a ansiedade dos pais. O pé tálus vertical (ou pé convexo) é uma deformidade congênita rígida caracterizada pela tríade: equino do retropé, subluxação rígida da talonavicular e inversão do arco plantar. A radiografia em perfil com pé em flexão plantar forçada confirma a subluxação talonavicular irredutível. Tratado com gesso corretivo até 6 meses. Após esta idade: cirurgia. O pé tálus oblíquo é uma forma intermediária e gravidade intermediária. A subluxação talonavicular é menos acentuada e redutível. O tratamento inicial é por troca de gessos. Eventualmente ser necessária a cirurgia. pode PÉ PLANO INFANTIL O pé plano infantil é muito comum e geralmente notado no início da marcha. Indolor, geralmente deforma os calçados dependendo da gravidade. É composto pelo desaparecimento do arco plantar e pelo valgismo do calcanhar. Os testes específicos são a mobilidade do retropé (incluindo a subtalar) e a varização do calcanhar ao passar da posição ortostática com apoio na ponta dos pés. As radiografias devem ser solicitadas em AP e perfil com carga. Observa-se o alinhamento do astrágalo com o primeiro raio, tanto no AP, quanto no Perfil. Ocorre correção espontânea até os 7 anos em 95% dos casos. Os pés planos infantis, até 4 anos são apenas observados. Depois desta idade, para as formas muito acentuadas, prescrever palmilhas em polipropileno para uso em tênis. Palmilhas tipo UCLA que se estendem do calcanhar até o colo dos metatarsianos, apresenta borda de 1 24 cm em volta do calcanhar e dá apoio do arco longitudinal, segundo molde gessado feito com o pé sem carga. Formas leves ou moderadas não são tratadas. Aos 7 anos se houver persistência de forma grave de pé plano postural tratamento cirúrgico. barras podem ser fibrosas ou cartilaginosas, permitindo grau limitado de movimento. Tratamento as barras são ressecadas cirurgicamente, em qualquer idade na criança. Avaliar sempre pela tomografia computadorizada. No adolescente ou adulto analisar cada caso. Considerar possibilidade de artrodese. PÉ PLANO RÍGIDO Com coalizão tarsal, ou barra óssea. As barras mais comuns são talocalcaneana e calcanenavicular. Pés rígidos e dolorosos manifestam-se, geralmente, após os 7 anos. Solicitar RX em AP + P + O + axial de calcâneo. Persistindo suspeita ou confirmada a barra, solicitar tomografia computadorizada para surpreender outras barras associadas e determinar tamanho da barra. Inicialmente, as PÉ PLANO NEUROPÁTICO Secundário a neuropatias (PC, Mielo, Charcot-MarieTooth, Artrogripose, etc.) Deve ser avaliado em conjunto com as outras alterações de outros segmentos. Tratamentos possíveis: alongamento da tuberosidade anterior do calcâneo (Evans II), artrodese talonavicular, Grice, artrodese tríplice. DESVIOS ROTACIONAIS DE M.I. Verificar onde está o desvio: fêmur, tíbia, pé. Definir ângulo de progressão do pé e patela e ângulo de torção da tíbia. Registrar os movimentos de RI e RE do quadril em flexão e, em extensão com o paciente em decúbito ventral. Conduta: expectante até os 10 anos de idade nos casos idiopáticos. Retornos anuais. Na adolescência, para os casos acentuados, considerar possibilidade de cirurgia. Obs.: Geralmente, não se solicitam radiografias para a medida da torção femoral. 25 Para um caso cirúrgico medir anteversão femoral com tomografia computadorizada. No caso de marcha em rotação externa para crianças ate 2 anos de idade, prescrever exercícios de alongamento de rotadores externos dos quadris. Torção interna ou externa grave de tíbia, antes da deambulação aparelho destorçor (Técnica do Prof. Volpon). AMBULATÓRIO DE AFECÇÕES DO PÉ As afecções do pé são muito numerosas e variadas para serem abordadas em um manual como este. Mas, de maneira geral, no exame, é importante saber caracterizar bem as deformidades, testar os principais músculos e avaliar, flexibilidade, sensibilidade e características do coxim plantar. As radiografias são realizadas com carga. Hálux valgo: avalie o grau e a flexibilidade da deformidade, mobilidade do primeiro raio, presença de calosidades e deformidades nos outros artelhos. Nas radiografias (AP+P antepé com carga) é verificada a ocorrência de artrose, medidos os ângulos 1-2 intermetatarsianos, MTTfalangeano, desvio dos sesamóides, ângulo articular distal do primeiro MTT, congruência da articulação metatarsofalangeana e ângulos das falanges do hálux. A classificação é feita: hálux valgo leve (valgo menor 20 graus, ang. interMTT até 11 graus e sesamóides luxados menos que 50%); hálux valgo moderado (valgo entre 20 e 40 graus, ang. interMTT entre 11 e 16 graus e sesamóides luxados entre 50 e 75%); hálux valgo grave (valgo maior que 40 graus, ang. interMTT maior 16 graus e sesamóides luxados acima de 75%). O tratamento eletivo para a maioria dos casos é de osteotomia percutânea com fixação com fio de K. Há espaço, também, para a osteotomia tipo chevron. Deformidades graves: osteotomia da base ou artrodese cuneometatarsiana. Casos muito graves são tratados com técnicas combinadas. Quando o valgismo é interfalângico é realizada a osteotomia de Akin. A artrodese MTTfalangena é realizada em hálux valgo secundário à 26 artrite reumatóide, paralisia cerebral, ou com grave e sintomática artrose. Não realizamos técnicas como Mitchell e Keller. Procedimentos secundários nos outros artelhos são realizados sempre que necessário. Pé plano valgo por insuficiência do tibial anterior: verifique o grau da deformidade. O tendão é avaliado pelo US e RNM. Nas radiografias simples são avaliadas a presença de artrose e o grau de subluxação das articulações. O tratamento é desbridamento nos casos de tendão íntegro e apenas com sinovite. Casos com degeneração tendínea são submetidos ao desbridamento e reforço com o flexor comum dos artelhos, associa- do à osteotomia de medialização do calcâneo. Casos mais graves devem receber, adicionalmente, artrodese subtalar ou talonavicular. A artrodese tríplice é reservada para casos muito graves e com artrose importante. Metatarsalgias mecânicas: deve ser feita análise da causa da sobrecarga e realizadas osteotomias no sentido de recuperar a fórmula metatarsiana ideal. Damos preferência para a osteotomia de Weil. Neuroma de Morton: é retirado por incisão dorsal, na região na base dos interdígitos. A ultrassonografia é feita de rotina, para comprovar o diagnóstico. PÓS-OPERATÓRIOS Redução aberta de LCQ pelvipodálico por 6-8 semanas. Retorno na semana seguinte a alta para condições de gesso e RX. Novo retorno com 4 semanas para RX. Fio de K, quando presente, retirado com 6 semanas. Novo RX ao retirar o gesso. Retorno 3 meses com RX. RX com 6 meses e, depois, anualmente. A marcha é autorizada, com cuidado, assim que retirar imobilização. Orientar realização de atividades na água. Obs.: Só RX em neutro. Não é necessário em abdução. Salter, osteotomia dupla ou tríplice para Perthes – tração em abdução na enfermaria. Repouso no leito por 6 a 8 semanas. RX - Marcha, exercícios de alongamento de aduto- 27 res. RX de 3/3 meses. Cuidado com perda da abdução e/ou quadril reativo! Chiari - repouso no leito até a retirada dos pontos. RX e muletas por 1 mês. RX com 2 meses. Depois, com 6 meses e anualmente. Osteotomia proximal do fêmur: - com placa angulada: sem imobilização, exercícios sem carga. Marcha com muletas e apoio parcial após 1 mês. (RX), até o terceiro mês. RX. - com tirante de tensão: gesso pelvipodálico por 2 meses para crianças inquietas ou sem assistência em casa. Caso contrário, tração, repouso no leito por 6 semanas. RX. Osteotomia subcapital com luxação do quadril para escorregamento epifisário – Tração em abdução na enfermaria. Rx 1, 2 e 3 meses PO. Cintilografia 3 meses PO. Repouso no leito por 8 semanas, após marcha sem apoio com 2 muletas; 3 meses carga parcial (se houver consolidação). Epifisiodese dos joelhos – Sem imobilização. Marcha assim que conseguir. RX 3/3 meses, com medida da altura. Retirar grampo ou parafuso quando retifica ou variza um pouco (dependendo da idade). Fazer gráfico. Osteotomia percutânea – hálux valgo e outras cirurgias no antepé: 1ª semana: enfaixamento gessado. 10 dias PO: deambulação com sandália de Barouk. Retirar fio de Kirschner com 6 semanas PO, carga total progressiva. Artrodese tríplice fixada com Blount ou parafusos - bota gessada, 4 semanas sem carga e 4 semanas com carga. RX. Meia elástica, marcha progressiva. P.T.C. - ver atrás. Medidas gerais para cirurgia do pé. Depois de retirado o gesso, banhos de imersão em água quente, 2 a 3 vezes ao dia, por 10 minutos. Meia elástica de média compressão calçada de manhã, durante pelo menos 3 meses e comprada antes da cirurgia. Se já houver certa insuficiência venosa prévia, usar medicamentos tipo Venalot. Avisar o paciente de que haverá edema e orientar para elevação do membro inferior. Orientar no 28 sentido de que são comuns dores em várias regiões do pé e que a tendência é o desaparecimento progressivo. A reação à cirurgia e à imobilização pode perdurar até 6 meses de pós- operatório. Fique atento à ocorrência de distrofia simpáticorreflexa. Estas orientações são válidas principalmente para o adulto. Na criança as reações são menores. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA Crianças hígidas devem ser encaminhadas ao posto de saúde para avaliação préoperatória pelo pediatra. Solicitar tratamento de verminose, lesões cutâneas e suplementação de ferro e vitaminas. Crianças acompanhadas em ambulatórios específicos da pediatria devem ser reencaminhadas a estes ambulatórios para avaliação pré-operatória. Para os adultos os exames pré-operatórios devem ser pedidos ambulatorialmente na rotina. Pacientes < que 50 anos Hb/Ht. Pacientes > que 50 anos Hemograma completo, Na+, K+, uréia, creatinina, glicemia de jejum, ECG e RX tórax. A avaliação do cardiologista. As cirurgias somente deverão ser agendadas se os exames estiverem normais, o paciente estiver em condições clínicas controladas. Crianças na vigência de quadro infeccioso, viral ou não, das vias respiratórias deverão aguardar resolução do quadro. Atenção especial para as condições de pele e, no pé, dos interdígitos e unhas. PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO Casos de crianças internadas que apresentam coriza, tosse, ou febre devem ser notificados para que se tomem as devidas providências (geralmente suspensão da cirurgia e troca do paciente). Tricotomia deve ser feita no Centro Cirúrgico. 29 Sondagem vesical será realizada após a anestesia e está indicada quando: Cirurgia longa (> 2-3 horas). · Cirurgia na região da pelve e quadril que abordam a face interna da pelve ou em que se vão passar fios K. · Paciente com incontinência urinária. Risco de sangramento. Durante a cirurgia toda a equipe deve usar duas luvas e trocar a luva de cima após uma hora, para procedimentos que durarão mais tempo. A pele dos pacientes deve ser inspecionada e lesões como pústulas e vesículas, após antisepsia da pele, devem ser estouradas com agulha hipodérmica estéril. Em seguida, passar pomada de neomicina ou violeta de genciana sobre as lesões. Nas cirurgias do pé os interdígitos devem ser inspecionados e em caso de Tinea pedis passar creme antimicótico nos espaços. CUIDADOS NAS CIRURGIAS PREPARO DO QUADRIL 1- O períneo é protegido com uma compressa dobrada e todo o membro, até a região costal, é lavado com clorexidina desgerminante. Não se esqueça de lavar a região dos adutores e glútea. Enxágue com água destilada. O excesso de espuma é enxugado com uma compressa. 2- Um campo pequeno, dobrado longitudinalmente, é colocado na região perineal e o membro recebe clorexidina alcoólica. Por último, o membro é levado em flexão e máxima adução expondo bem a região glútea que recebe o antiséptico. 2- O membro é mantido nessa posição e um campo duplo, dobrado longitudinalmente é colocado debaixo da nádega. É desfeita a adução, mantendo a flexão do quadril. Um campo simples é colocado na extremidade da mesa e chega até debaixo da nádega. 3- Um campo duplo é colocado longitudinalmente sobre o períneo, outro simples sobre a mesa e um duplo transversalmente sobre o tórax, delimitando o campo a ser exposto na região do quadril. 30 4- Um Bachaus fixa os campos abaixo da coxa, próximo da raiz. 5- O campo impermeável é parcialmente cortado de forma a “abraçar” a raiz da coxa e isolar o todo o MI, proteger a mesa e a região lateral da pelve. Novo campo simples é colocado sobre a mesa. 5- Um filme adesivo grande, previamente cortado em 4 partes, é utilizado para fixação dos campos, de forma que cada parte se fixe em um lado do campo operatório. 6- O membro é baixado e, se for o caso, é enfaixado distalmente com um campo. O enfaixamento não deve chegar até o colo da fíbula para não comprimir o ciático poplíteo externo. 7- Campos laterais são colocados sobre o arco e fixados em suportes pelo circulante. 8- Se for o caso, é preparada a mesa Mayo. PREPARO DO MEMBRO COM EXCLUSÃO DO QUADRIL. 1- Os campos iniciais e o preparo com clorexidina é feito da mesma maneira. 2- Como a cirurgia é mais distal e a raiz do membro não precisa ficar exposta, são colocados dois campos simples distais e, depois, um duplo, de forma que a metade superior circunde o membro. Esta parte é fixada com Bachaus sem pinçar a pele. Outro campo duplo é colocado cranialmente completando o isolamento do campo cirúrgico. Aqui, o impermeável simplesmente atravessa a mesa cirúrgica sob a região a ser operada. O restante é feito da mesma maneira OBSERVAÇÕES 1. A administração de atb profilática deve ser feita de 30 a 60 minutos antes do início da incisão na pele ou antes do garroteamento. Cobrar da equipe anestésica. 2. Para lavar o membro a mesa é protegida com campos para evitar que o líquido escorra e cause risco de queimadura com o uso do bisturi elétrico. 3. Quando for usado PVPI, após a cirurgia o excesso de iodo deve ser lavado, principalmente nas regiões que ficarão protegidas por imobilização gessada. 4. Ao líquido de lavagem da ferida operatória é adicionado PVPI aquoso na proporção 1:10. Isto não é feito quando houver exposição articular. 31 5. É terminantemente proibido o uso de gazes para tamponamento de incisões ou em cirurgias em regiões profundas como quadril, ombro, perna, etc. Use a compressa pequena. As gazes são usadas apenas para pintar, limpar instrumentos e enxugar regiões superficiais. 6. Em todos os casos a pele é suturada com pontos intradérmicos, salvo, em pacientes infectados, em cirurgias do pé e em incisões irregulares ou sob tensão (muito subcutâneo). 7. Após a sutura intradérmica a pele é aproximada com tiras de steri-strip que são cruzadas. Colocar tiras de steristrip curtas e sem muita tensão para evitar formação de bolhas. Nunca colocar steri-strip no pé quando a região operada ficar protegida por gesso ou tala (risco de garroteamento). 8. As gazes que recobrem a sutura são embebidas em vaselina líquida (exceto quando houver steri-strip) que é, também, aplicada em toda a parte do membro que ficará sob a imobilização. 9. Preferencialmente, os gessos deverão ser fendidos na sala de cirurgia. A liberação inclui algodão e enfaixamentos. Quando houver necessidade de agilizar o uso da sala o gesso poderá ser fendido na enfermaria, depois de bem seco. COMPORTAMENTO NO CENTRO CIRÚRGICO Assista a aula “O que há de errado?”, no computador ou na página: www.fmrp.usp.br/volpon. (Prof Volpon, residência). Observância estrita das normas de assepsia. Não conversar na sala cirúrgica, sem necessidade. Manter o ambiente disciplinado e em ordem. Anotar no quadro da sala o paciente e o tipo de cirurgia. Providencie a vinda do técnico de RX antes do início da cirurgia. Verificar previamente todo o material a ser utilizado e cuidar para que nada falte. Orientar devidamente a instrumentadora sobre o procedimento. Não deixar para solicitar alguma coisa no momento do seu uso. Antes de iniciar a cirurgia fazer uma lista do que falta e transmitir à instrumentadora. Não pedir uma coisa de cada vez. Quando solicitar alguma coisa, fazê-lo de modo completo. 32 (P.ex.: Um fio de náilon 4-0, com agulha cortante). Respeito ao paciente, funcionários e demais colegas. Respeito ao professor ou colega mais graduado que está realizando ou orientando a cirurgia. Evite dar palpites, principalmente se for inexperiente. Ajudar no transporte e acompanhar o paciente até a recuperação. Após a cirurgia, ver se há algum acompanhante ou familiar nas adjacências e dar-lhe notícias breves do paciente e da cirurgia. ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA É orientada pelas portarias da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Indicações: Paciente imunodeprimido (drogas, diabetes, desnutrição, etc.) Paciente imaturo ou de idade avançada (>60a). Reoperações. Cirurgias muito longas (>2 h) ou com muita manipulação. Cirurgias muito próximas da região perineal. Suspeita de contaminação intraoperatória. Infecções prévias. Presença de outro foco infeccioso à distância. Antibióticos Devem ser iniciados entre 30 a 60 minutos antes de se incisar a pele (antes da indução anes- tésica e de se aplicar o garrote, ou mesmo na recepção anestésica) com o dobro da dose normal, por via endovenosa. A cada 3 horas de cirurgia fazer “repique” com a dose habitual. Manter dose normal a cada 8 horas contando a partir da última administração. Suspender após 24 horas ou depois de retirado o dreno. Adultos: Cefazolina (Kefazol) dose normal: 1g, 8/8 horas. Dose de indução: 2g Crianças: Cefazolina (Kefazol) 50 mg/kg/d, 8/8h. Dose de indução: 33 mg/Kg. Na vigência de foco infeccioso à distância ou prévio, a escolha do antibiótico é baseada nas características da infecção. CURATIVOS E ALTA HOSPITALAR Curativos são feitos no 2º PO. Poderão ser feitos antes em pacientes que apresentarem sangramento excessivo, suspeita de infecção ou qualquer outra complicação (dor excessiva). Este curativo será feito sob supervisão do R4. O dreno é retirado com 12 h, a menos que esteja muito produtivo. A prescrição dos pacientes será a cargo dos residentes do estágio. Entretanto, os papéis de retorno, alta e orientação pós-operatória serão feitos sob supervisão do R4. a. Curativo PO: sala 18 7:30 b. Curativo que o médico precisa ver: sala 18 às 12:30 c. Retorno para ver condições de gesso: sala 22 12h30 d. Retorno pós operatório: sala 16 12:30 Curativos infectados serão realizados na enfermaria. Todos os dias deverá haver visita aos pacientes internados, pelo menos pelo R4. 34 FRATURAS EM CRIANÇAS Fraturas supracondileanas do úmero Grau 1 (incompleta, sem desvio) Tala gessada por três semanas. Não garrotear o cotovelo. Orientar cuidados com gesso. Retorno 3 sem PT para liberar. Grau 2 (incompleta, desvio angular pequeno) Redução da fratura sob anestesia. Se a fratura for instável (raro) ou o edema for intenso, contraindicando a flexão excessiva do cotovelo (que segura o desvio em extensão), neste caso, fixar a fratura com 2 fios laterais ou 2 fios K cruzados. Muito cuidado para não lesar o nervo ulnar. De preferência, fazer acesso de 0,5 a 1 cm sobre o epicôndilo medial. Tala gessada. Não garrotear o cotovelo. Orientar cuidados com o gesso. Retorno 1 sem PT para radiografia controle. Retorno 3 sem PT para retirar tala. Se tiver fio, retirá-lo e manter a tala por mais uma semana. Radiografia quando retirar a imobilização. Grau 3 (completa, desvio angular e rotacional) Redução da fratura sob anestesia. Posicionar antebraço em supinação para correção do 35 valgo e pronação para correção do varo. Geralmente é necessária fixação percutânea. Puncionar hemartrose do cotovelo para facilitar mobilização dos fragmentos. Mesmo seguimento que no grau 2. Fraturas do antebraço Redução no centro cirúrgico. Observar pronossupinação dos fragmentos proximais para controle da redução. Gesso axilopalmar fendido. Retornos 1,2 e 3 sem PT para controle radiográfico da redução. Consolidação ocorre com 8 semanas . Liberar antes corre risco alto de refratura. Pacientes polifraturados, com grandes desvios, síndromes de compartimento ou em que não foi possível conseguir ou manter redução satisfatória, realizar fixação intramedular com fios K ou TEN Fraturas distais do rádio Se for necessária redução fazer gesso axilopalmar. Anestesia do foco de fratura é geralmente suficiente. Fraturas instáveis, irredutíveis devem ser fixadas percutaneamente, sem transfixar a cartilagem de crescimento (Nesta região é mais frequente a lesão da placa de crescimento) Critérios para redução no centro cirúrgico: • Fratura metadiafisária • Desvio inicial acentuado (> 30º) • Translação completa e aposição em baioneta • Fratura do rádio e da ulna completa no mesmo nível Fraturas do fêmur Excluir doença associada à fratura: osteogênese imperfeita, displasias, osteomielite, tumores. Recém-nascidos Tala anterior mantendo alinhamento grosseiro do membro. Em fraturas proximais tração ao zênite. Crianças menores de 3 anos Gesso pelvipodálico imediato. Crianças de 3 a 10 anos Se o encurtamento for menor que 2 cm pode ser confeccionado gesso pelvipodálico precocemente. Quanto mais proximal for a fratura, mais flexionado deve ficar o fragmento proximal (90°). Se o encurtamento for 36 maior que 2 cm, o paciente deverá ficar sob tração de Weber 90°x90° até formação de calo fibroso (aproximadamente 10 a 14 dias quando a mobilização do foco da fratura é praticamente indolor) e posterior confecção de gesso pelvipodálico (transferir para o campus). Em fraturas distais o paciente pode ser posicionado em férula de Braun com flexão de 30° do joelho, mas a preferência é pela fixação. O gesso é mantido por 8 semanas quando é retirado e o paciente radiografado. Se o osso estiver consolidado o paciente é orientado a mobilizar o membro deitado na cama por 1 semana, utilizar andador ou muleta por 2 semanas com aumento progressivo da carga , e andar normalmente sem apoio na 4ª semana. Crianças acima de 6 anos e adolescentes com fise aberta. Casos de fraturas fechadas, em fraturas completas, fixar com hastes elásticas flexíveis. Instalação de fixador externo, se expostas. Cuidado para manter distância do foco de fratura de 3 a 5 cm, não deixar a barra muito próxima à pele e mobilizar o quadril e o joelho após instalação do aparelho para assegurar-se de que as partes moles não estão impedindo a mobilização das articulações. Cuidado com a placa de crescimento. Considerar a possibilidade de substituição precoce do fixador por placa colocada e fixada percutaneamente ou hastes elásticas flexíveis. Após alta precoce o paciente deve ser orientado a fazer exercícios de mobilização e fortalecimento com contrações isométricas, em casa. O paciente não deve perder aulas!!. O fixador externo comum deve ser dinamizado após a 4ª semana retirando os fios de Schanz mais próximos da fratura. São realizados retornos a cada 4 semanas com reavaliação radiográfica e o fixador externo é retirado quando o calo se mostrar competente para suporte de carga. Adolescentes Haste intramedular bloqueada, fresada, porém, o ponto de entrada deve ser no trocanter maior (evitar a fossa piriforme pelo risco de necrose da cabeça com fise aberta) 37 NO SEGUIMENTO Avaliar ângulo de progressão do pé e da patela, ângulo pécoxa, medir rotações interna e externa com quadril em extensão com paciente em decúbito ventral e medir encurtamento. GESSO PELVIPODÁLICO Paciente posicionado sobre uma ripa de madeira. Acima dos mamilos sobre a mesa cirúrgica. Pés seguros pelo cirurgião que controla a flexão dos quadris e joelhos e a abdução dos quadris. Enfaixamento com algodão ortopédico desde os mamilos até os pés (artelhos inclusive). Proteção do períneo, cristas ilíacas, patelas e calcanhares com coxins de algodão. Talas largas abdominais anterior e posterior. Enfaixamento do abdome e coxas com gesso largo em “8”. Talas estreitas unindo o abdome e as coxas cruzando na face lateral do quadril. Enfaixamento do abdome, coxas, pernas e pés com reforços na face anterior do joelho e planta do pé. Posicionamento correto e apoio do gesso até secagem. Recorte da face anterior do abdome (pouco acima do umbigo), do períneo (expondo a genitália e o sulco interglúteo) e dos pés (expondo todos os dedos inclusive o quinto). Fixação de barra unindo as coxas (cabo de vassoura). Arremate, dobrando o algodão para fora e prendendo-o com tiras de gesso para dar acabamento. Fender o gesso na região anterior. O uso de malha tubular é facultativo. Os apoios devem ser em áreas extensas para evitar escaras (usar toda a palma da mão). Quando o gesso é feito rapidamente (menos de 30 minutos) é possível recortá-lo com bisturi, em vez de serra, o que facilita e acelera o procedimento. Para tanto é importante deixar todo o material a ser utilizado preparado e pronto para uso. Utilizar água fria para atrasar a secagem, se necessário. 38 TRAÇÃO ESQUELÉTICA A tração esquelética é utilizada como tratamento provisório de fraturas visando ao alinhamento e à correção do encurtamento do membro ou como tratamento de retrações articulares, principalmente em doenças neuromusculares. Utilizamos trações na região distal do fêmur, proximal da tíbia, no calcâneo e no olécrano. Há dois tipos de tração: a de Kirschner em que são usados fios de Kirschner mais finos, até 2,5 mm, e o estribo, mais grosseiro tem um dispositivo que permite tensionar o fio, o que aumenta sua resistência. O outro tipo é o de Steinmann em que são usados fios de Steinmann, mais calibrosos, acima de 3,0 mm, e estribo mais delicado. São riscos para toda tração a infecção do trajeto do fio metálico, fratura do osso, ruptura ou escape do fio, escara do calcanhar, distração da fratura, equinismo do pé. Material necessário: material de curativo, lâmina de bisturi nº 15, campo fenestrado, perfurador elétrico em baixa rotação (PROIBIDO O USO DO PERFURADOR DE IMPACTO !!!) ou manual, fios metálicos de Kirschner ou de Steinmann e estribo correspondente aos fios, seringa de 10 ml, agulhas hipodérmicas, xilocaína 1%, tintura de iodo, pvpi e luvas estéreis. Sempre que possível, instalar a tração no centro cirúrgico, sob sedação. NÃO LESAR PLACA DE CRESCIMENTO !!! Porção distal do Fêmur: Repa- ro Transição metafisiodiafisária, à meia altura do osso. Sentido lateral para medial Cuidado recesso da cápsula articular, artéria femoral e nervo fibular comum . Porção proximal daTíbial: Reparo => 1 dedo distal e posteriormente à tuberosidade anterior da tíbia. Sentido lateral para medial Cuidado nervo fibular comum. Calcâneo: Reparo 2 dedos abaixo e posteriormente ao maléolo medial. Ou meia 39 distância entre maléolo medial e extremidade posteroinferior do calcanhar. Palpar pulso da artéria. Sentido medial para lateral. Cuidado Nervo e artéria tibial posterior. Olécrano: Reparo 3 dedos distalmente olécrano. à ponta do Sentido Ulnar para radial. Cuidado nervo ulnar. CUIDADOS COM FIXADORES EXTERNOS E TRAÇÕES ESQUELÉTICAS Os fios de Kirschner ou Steinmann devem ser limpos frequentemente com H2O2, benzina ou éter para remoção de crostas ao redor. Usar colagenase com antibiótico (Fibrase, Iruxol, Kollagenase). Se a pele estiver estirada, considere a possibilidade de liberá-la, principalmente se houver muita dor. REUNIÃO CLÍNICA PRÉ-OPERATÓRIA – NORMAS ENFERMARIA No domingo à noite é praxe o R4 e os outros residentes do estágio e enfermaria fazerem revisão sucinta dos pacientes internados para serem operados. É responsabilidade do R4 a chamada dos pacientes para internação. Os pacientes aguar- dando cirurgia internam, em geral, no domingo, são reexaminados, a indicação cirúrgica é revista e os exames conferidos. Os prontuários, papeleta de prescrição e radiografias deverão estar junto do grupo. A enfermagem é bem vinda nestas visitas e deverá participar opinando, dando informa- 40 ções e recebendo incumbências. A preparação dos casos deverá ser completada na visita de domingo. Porém, haverá tempo para eventuais revisões do exame clínico ou radiográfico pelo próprio apresentador supervisionado pelo R4 na segunda pela manhã. APRESENTAÇÃO DE SEMINÁRIOS E AULAS TEÓRICAS Na segunda, às 8:00, haverá a apresentação de seminário (artigos de revisão e temas clássicos de livros) pelos residentes, segundo cronograma da programação teórica. A duração será 20 minutos. Após, será apresentada uma aula pelo médico contratado da disciplina ou pelo docente, também com tempo máximo de 20 minutos. REUNIÃO CLÍNICA Início: 9:00 h. Fim: 12:00 h. A reunião clínica préoperatória tem a finalidade de fazer a revisão final dos pacientes para a cirurgia, quando é estabelecido o procedimento cirúrgico definitivo, bem como planejadas todas as medidas para que ele se desenvolva da melhor forma possível. Tem, também, a finalidade didática para treinamento dos residentes na apresentação de casos clínicos, bem como ensinar detalhes técnicos de cirurgia e semiologia. Deve ser realizada em clima de respeito ao paciente e espera-se do residente zelo absoluto para que ela ocorra da melhor forma possível. Previamente, na visita préoperatória de domingo, deverá ser comunicado ao paciente ou acompanhante que ele irá participar da reunião, os seus propósitos e os benefícios que trará a ele. Entretanto, qualquer paciente terá direito de se recusar a participar, sem qualquer prejuízo. Não são apresentados nas reuniões os casos em que o paciente não pode ou tem grande dificuldade em se movimentar, tem dor, está confinado ao leito, tem algum exame marcado naquele horário etc. Para a reunião os pacientes deverão estar devidamente trajados, sendo recomendável que já portem sungas, bermudas e camisetas, etc, para evitar exposição desnecessária e respeito ao pudor. Aquilo que para nós é corriqueiro, para o paciente pode ser extremamente constrangedor! Assim, 41 evita-se apresentá-lo como produto exposto à curiosidade, mas deve-se cultivar ambiente de moderação, respeito e saber. A enfermagem deverá contribuir para o preparo do paciente, tanto psicologicamente, quanto em termos de apresentação e será cobrada, se tal não ocorrer. Faça-me saber. Para bem funcionar, a reunião deve seguir uma dinâmica que a torne produtiva e evite desacertos, esperas desnecessárias, desentendimentos e acidentes. A supervisão no que concerne à organização do paciente, enquanto na enfermaria, será responsabilidade do R3 da enfermaria que se encarregará de estabelecer a sequência dos casos, bem como providenciar para que todos os pacientes aguardem sua vez de apresentação em local separado, próximo da sala de reuniões, devidamente orientados. Se necessário, o R3 deverá valer-se da orientação do R4, ou dos médicos contratados. É do R4 a responsabilidade da supervisão geral da reunião. Será do R3, juntamente com o R2, a responsabilidade do preparo da sala de reuniões. Lá deverá haver um divã com lençóis limpos, lousa limpa, canetas em ordem, martelo de reflexos, tábuas de compensação de comprimento, apontador, negatoscópio posicionado e funcionando, ar condicionado ligado e funcionando. Peça ajuda da enfermagem e da secretaria, se necessário. Na lousa já deverá estar anotada a sequência das cirurgias com a distribuição por sala, estabelecida pelo R4. O R1 controla a entrada e saída do paciente e as luzes. Ao entrar, o paciente deverá ser informado pelo apresentador do caso onde se posicionar (divã), bem como o acompanhante que, geralmente, fica em cadeira próxima. Algumas crianças ficam no colo da mãe. Especial cuidado deverá ser observado pelo residente para a apresentação, principalmente quanto à precisão dos dados (idade, queixa principal, tempo, antecedentes importantes etc.). As radiografias já deverão estar separadas e no negatoscópio, que será ligado (já com as radiografias do caso) antes de ser iniciada a apresentação. O prontuário deve estar em sala para consulta. O residente poderá portar pequena anotação dos dados, mas não poderá fazer simplesmente uma leitura dela. Deve 42 assumir postura adequada, não obstruindo a visão da audiência, falar alto e claramente e apresentar as informações de forma sucinta e objetiva. Apresentar bem um caso não é torná-lo prolixo e com excesso de informações irrelevantes, para o momento. Os casos serão apresentados pelos R2 e R3 do estágio, R3 da enfermaria e R4. Sugiro a seguinte sequência de apresentação: 1- Marcar na lousa o caso que será apresentado. 2- Paciente fulano de tal, x idade, portador de tal diagnóstico, tem indicação cirúrgica para corrigir tal problema, por tal técnica. 3- Apresentar uma história clínica sucinta e objetiva. 4- Apresentar o exame físico. Este exame dever ser direcionado para o momento em questão, isto é, não haverá necessidade de um exame completo, mas o residente (que já conhece o caso) deverá filtrar o que for relevante. Ao demonstrar o exame físico o médico deverá ter o cuidado de não obstruir a visão da audiência. Geralmente, postase ao lado do paciente ou do outro lado do divã (que já deverá estar afastado o sufici- ente). O paciente deve ser posicionado de modo que o lado afetado fique voltado para a audiência, o que levará à mudança do lado da cabeceira do divã (virando o paciente e não o divã!). O exame deve ser realizado em sequência de modo a evitar o “senta-levanta-anda-voltavira” desnecessário. Ainda, algum teste especial deverá ser ensinado ao paciente enquanto na enfermaria (por exemplo, o Trendelenburg). Pode-se usar um apontador laser ou metálico para mostrar detalhes no paciente. 5- Após a apresentação, o paciente é retirado da sala para as discussões. O R1 da enfermaria (que não apresenta caso), deverá ficar responsável pela entrada e saída dos pacientes e controle das luzes que serão apagadas no momento de mostrar o RX. 6- O residente deverá entender que a discussão tem caráter didático e não é uma prova. Neste momento, o apresentador completa a apresentação das radiografias, descrevendo-as, comentandoas e fornecerá algum dado adicional, se for o caso. 7- Por último, o caso será analisado estabelecida a 43 técnica definitiva de correção e, neste momento, o apresentador faz devidas correções no quadro. 8- O lado a ser operado é marcado no paciente. 9- Finalizadas as apresentações, estabelece-se a ordem definitiva das cirurgias, o uso de antibióticos, sondagem, outros cuidados, etc. 10- Os pacientes serão fotografados na enfermaria, após a reunião pelo R4. FOTOGRAFIAS O residente desempenha um papel muito importante na documentação dos casos, que tem duas finalidades. A primeira, é servir de aprendizado para ilustrar as reuniões de RX. A segunda, é fornecer material para o arquivo didático do Prof. Volpon. Assim, deve partir do residente a iniciativa de documentar o caso, o que é feito com câmara digital (R4). Primeiro, você deve saber manusear a câmera (facílimo). Segundo, tomar cuidado com a parte técnica da fotografia: as imagens devem estar centralizadas, com fundo verde ou azul escuro e em foco. É importante identificar corretamente as fotos (fotografar a etiqueta com registro e o cabeçalho de atendimento no prontuário antes de sacar as fotos do paciente). Temos que identificar o paciente e, também, saber qual a sua doença e procedimento a que foi submetido. Fotografar, após, as radiografias adequadamente, com data e iniciais do paciente escritas. Manobras semiológicas, marchas típicas, etc, devem ser documentadas com movimento. RESUMO DAS ATIVIDADES NA SEGUNDA-FEIRA 8:00 – 8:20: Seminário 8:20 – 8:40: Aula 8:40 – 9:00: Comentários e intervalo 9:00 – 12:00: Reunião clínica pré-operatória. 12:00 – 12:30: almoço 12:30: ambulatório Final do ambulatório: reunião de revisão das radiografias 44 TRABALHOS EM ANDAMENTO NO AMBULATÓRIO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Uso de enxerto homógeno tratado quimicamente. Tratamento do cisto simples por cateterização. Método de Ponseti para PTC Tenotomia percutânea com agulha Avaliação da técnica de Ponseti pela escala de Pirani Fratura supracondiliana umeral na criança Alongamento ósseo. Correção de deformidades complexas do pé com Ilizarov. Tratamento do pé plano complexo. Hálux valgo. Tratamento da LCQ pelo procedimento completo. Artrodistração no Perthes. Tratamento do escorregamento epifisário proximal do fêmur pela osteotomia subcapital com luxação do quadril e descolamento periosteal 14. Estudo de deformidades do quadril e do cotovelo com reconstrução tridimensional digital e por prototipagem 15. Estudo do labrum acetabular nas deformidade adquiridas do quadril em crianças, adolescentes e adultos jovens 16. Torçor ósseo