Estudo comparativo entre clones de cultivares de alho provenientes

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Estudo comparativo entre clones de cultivares de alho provenientes de
cultura de tecido e de multiplicação convencional quanto à
degenerescência e produção
Rovilson José de Souza1 ; Cleber Lazaro Rodas1; Ernani Clarete da Silva2; Fabio Silva
Macedo1; Moacir Pasqual1
1
Universidade Federal de Lavras – UFLA – Departamento de Agricultura – Caixa Postal 3037- 37200-0002
Lavras – MG- Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS - Setor de Olericultura e Experimentação,
Caixa Postal 23, 70130-000 Alfenas – MG - [email protected]
RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido no setor de olericultura da Universidade Federal de
Lavras em 9 anos consecutivos: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005.
Cinco cultivares de alho: Gravatá, Gigante Roxo, Gigante Roxão, Gigante de Lavínia e
Amarante provenientes de multiplicação convencional (MC) e clones destas mesmas
cultivares provenientes de cultura de tecido (CT) foram utilizadas para o estudo. O
delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 5 x 9 x 2 com 3
repetições (5 cultivares, 9 épocas de plantio e 2 procedências). Avaliou-se a produção
comercial relativa aos 9 anos de cultivo. Concluiu –se que as cultivares não tiveram
degenerescência até o ano de 2003.
PALAVRAS-CHAVES: Allium sativum, vírus
ABSTRACT
Comparative stud between clones of garlic originated of tissue culture and of
conventional propagation about degeneration and yield
This work was carried out at the experimental area of UFLA, Federal University of Lavras in 9
years of consecutive cultivation (1997,1998,1999,2000, 2001, 2002, 2003, 2004 and 2005).
Five garlic cultivars: Gravatá, Gigante Roxo, Gigante Roxão, Gigante de Lavínia e Amarante
originated from conventional propagation and clones of de same cultivars originated from
tissue culture were evaluated. A complete randomized block design in a factorial scheme 5 x
9 x 2 (5cultivars, 9 planting times and 2 origins,) with 3 replications was used. The traits
evaluated were commercial yield relative to nine years of cultivation. It’s was concluded that
the cultivars no showed degeneration until 2003 year.
KEYWORDS: Allium sativum, virus
INTRODUÇÃO
O alho é uma planta exclusivamente de reprodução assexuada em virtude de sua
incapacidade de se reproduzir sexuadamente. Consequentemente, as plantas sofrem um
contínuo processo de degenerescência causada pelo acúmulo de vírus nas sucessivas
gerações de propagação assexuada. Esta degenerescência se evidencia por significativas
reduções na sua produtividade já tendo sido constatada valores de 6 a 36% (Carvalho,
1986). A técnica de cultura de meristemas tem sido usada para a propagação vegetativa do
alho com bastante eficiência já que se obtêm plantas parcial ou totalmente isentas de vírus
(Câmara, 1988; Peters et al. 1989). Estudos comparativos entre plantas de alho obtidas por
via cultura de meristemas e de propagação convencional, demonstraram que após 5
gerações de multiplicação os clones obtidos por meio de meristema apresentavam um total
de 52,1% de plantas sadias e 21 % de plantas com sintomas leves do vírus. Por outro lado
as plantas originadas de multiplicação convencional apresentavam apenas 7,14% de plantas
sem vírus contra 83,33 % de plantas com sintomas severos e 21, 43% de plantas com
sintomas leve do vírus (Lin, 1985). Garcia et al. (1988) encontraram acréscimos médios da
ordem de 8,8 a 38.0% no rendimento de cultivares de alho Lavínia, Chonan, São Lourenço e
Quitéria quando provenientes de cultura de meristemas. Assim, avaliar a ocorrência de
degenerescência em cultivares comerciais de alho é importante no sentido de determinar até
qual geração o alho – planta obtido de cultura de tecidos pode ser plantado, sem que
ocorram reduções significativas na produtividade em virtude de degenerescência.
MATERIAL E MÉTODOS
Os trabalhos foram conduzidos na área experimental do Setor de Olericultura da
Universidade Federal de Lavras. Adotou-se o delineamento em blocos ao acaso em
esquema fatorial 5 x 2 x 9 (5 cultivares de alho, 2 procedências e 9 épocas de plantio). As
cultivares avaliadas foram: Amarante, Gigante Roxo, Gravatá, Gigante de Lavínia e Gigante
Roxão; as procedências: cultura de tecidos e multiplicação convencional e as épocas de
plantio os anos de 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005. Para a análise
estatística o fatorial principal foi subdividido em fatoriais menores fixando-se a cultivar. O
material de cultura de meristema foi obtido no Laboratório de Cultura de Tecidos da
Universidade Federal de Lavras em 1992 de acordo com Câmara (1988), multiplicados em
estufas de 1994 a 1996. O preparo do solo constou de aração, gradagem e levantamento de
canteiros com 0,20 m de altura onde foram localizadas as parcelas de 1.0 m de largura x
1,50 m de comprimento (1,50 m2). Adotou-se espaçamento de 0,20 m entre sulcos de plantio
x 0,10 m entre plantas dentro do sulco de plantio. As parcelas comportavam 75 plantas (5
fileiras com 15 plantas cada). Considerou-se como bordadura as duas fileiras externas mais
uma planta de cada extremidade das três fileiras centrais, configurando parcela útil de 1,30m
x 0,60 m (0,78 m2) e um estande de 39 plantas para avaliações. O plantio foi realizado no
mês de abril de 1997 e repetido em cada ano subsequentes até o ano de 2005. Avaliou-se a
produção comercial (kg ha-1) considerando apenas os bulbos classificados como florão,
graúdo e médio, em perfeitas condições sanitárias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para todas as cultivares analisadas foi verificado interação significativa entre os fatores,
época de plantio e procedência. As cultivares de alho provenientes de cultura de tecido
foram superiores em relação às cultivares de multiplicação convencional em termos de
produtividade ao longo das nove safras consideradas (Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5). Pela evolução
da produtividade ao longo dos 9 anos analisados, nota-se interferência significativa do
ambiente dificultando a análise de uma possível ocorrência de degeneração. Entretanto,
com base na produtividade inicial de cada cultivar (1997) foi possível estabelecer para cada
uma, um ponto crítico onde possivelmente tenha se iniciado um processo de
degenerescência (Tabela 6). Assim desde que a redução significativa da produtividade
estabelecida como ponto de degenerescência (Tabela 6) não tenha sido provocada por
condições ambientais, os anos de 2004 e 2005 acusam início da degenerescência. Assim,
conclui-se que as cultivares não sofreram degenerescência até o ano de 2003.
Tabela 1- Efeito da época de plantio e da procedência em cultivar de alho Gigante Roxo.
(CT – Cultura de Tecido; MC – Multiplicação Convencional)
Épocas de Plantio (anos)
Procedência 1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
C. T
12,4aA
9,2aAB
11,2aA
7,5bAB
7,5aAB
1,0bD
9,3aAB
2,8bCD
2,9aCD
M. C.
6,1bB
9,5aA
3,9bC
1,6aD
8,3bA
3,7aC
2,4aD
6,4bB
6,2bB
CV % 25,00
Médias seguidas por letras minúsculas distintas na vertical e maiúsculas na horizontal diferem entre si ao nível
de 5% de probabilidade pelo teste deTukey
Tabela 2 – Efeito da época de plantio e da procedência em cultivar de alho Gigante de
Lavínia (CT – Cultura de Tecido; MC – Multiplicação Convencional).
Épocas de Plantio (anos)
Procedência 1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
C. T
6,9aB
13,2aA
10,1bA
6,5aB
2,0bC
10,4aA
0,9bD
4,3aCD
6,8bAB 5,2bA
9,9bA
8,4aA
3,9bC
1,9aD
2,0aC
2,3aC
M. C..
11,7aA
6,6bAB
CV % 27,52
Médias seguidas por letras minúsculas distintas na vertical e maiúsculas na horizontal diferem entre si ao nível
de 5% de probabilidade pelo teste deTukey
Tabela 3 – Efeito da época de plantio e da procedência em cultivar de alho Gigante Roxão
(CT – Cultura de Tecido; MC – Multiplicação Convencional).
Épocas de Plantio (anos)
Procedência 1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
C. T
9,7aAB
8,6aAB
14,1aA
13,2bA
13,3aA
2,0bB
10,8aAB 1,8bB
3,2aB
M. C..
4,9bAB
2,2bA
2,2bC
1,6aD
7,4bA
6,31aA
7,3bA
4,6aAB
1,9aC
CV % 21,48
Médias seguidas por letras minúsculas distintas na vertical e maiúsculas na horizontal diferem entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste deTukey
Tabela 4 – Efeito da época de plantio e da procedência em cultivar de alho Gravatá (CT –
Cultura de Tecido; MC – Multiplicação Convencional).
Épocas de Plantio (anos)
Procedência 1997
1998
1999
2000
2001
C. T
9,8aAB
12,6aA
7,2bAC
9,6bA
10,3aA
11,9aA
M. C..
6,2bB
3,9bA
2002
2003
2004
2005
5,9aBCD 1,3bD
9,0aAB
2,5bD
2,3aD
5,0bB
11,6bA
4,6aC
3,6aCD
2,8aD
CV % 30,59
Médias seguidas por letras minúsculas distintas na vertical e maiúsculas na horizontal diferem entre si ao nível
de 5% de probabilidade pelo teste deTukey
Tabela 5- Efeito da época de plantio e da procedência em cultivar de alho Amarante (CT –
Cultura de Tecido; MC – Multiplicação Convencional)
Épocas de Plantio (anos)
Procedência 1997
1998
C. T
8,9aAB
12,1aA
6,3bB
10,1aA
10,3aA
M. C..
9,5aA
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
11,3aA
3,4aC
4,0aC
12,7aA
8,2aAB
3,7aC
5,7bBC 3,9aC
1,7bD
8,9bA
2,3bD
1,4bD
CV % 35,95
Médias seguidas por letras minúsculas distintas na vertical e maiúsculas na horizontal diferem entre si ao nível
de 5% de probabilidade pelo teste deTukey
Tabela 6 – Época provável de início de degenerescência em cultivares de alho proveniente
de cultura de tecido (CT) e de multiplicação convencional (MC)
Ano
Amarante
CT
Amarante
MC
Gigante
Roxão
CT
Gigante
Roxão
MC
Gigante
Roxo
CT
Gigante
Roxo
MC
Gigante
Lavínia
CT
Gigante
Lavinia
MC
Gravatá
CT
Gravatá
MC
2005
2004
2004
2005
2004
2004
2004
2004
2004
2004
LITERATURA CITADA
CÂMARA, F.A.A. Obtenção de plantas de alho (Allium sativum L) a partir de meristemas e
microbulbificação in vitro. Lavras, ESAL, 1988. 55p. (Dissertação de mestrado em fitotecnia)
CARVALHIO, M.G. Viroses do alho. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.12, n.142, p.2936, 1986.
GARCIA, A.; PETERS, J.A.; CASTRO, L.A.S. de. Formação de estoques pré- básicos de
alho – semente e estudo da sensibilidade da cultura à infecção por vírus. Hortisul, Pelotas,
v.1, n.1. p.42 – 44, 1989.
LIN, C.H. Studies on the raizing technique of healthy garlic clones in the tropics. Journal of
Agricultural Resources of China, Fengshan, v.34, n.3. p.279-291, 1988.
PAIVA, E.; DANIELS, J.; ASSIS, M.; CASTRO, L. A. Utilização de técnicas imunológicas
para diagnose da virose causadora do estriado amarelo do alho. Pelotas,
EMBRAPA/CNPFT, 1984. 3p.
PETERS, J.A.; CASTRO, L.A.S.; GARCIA, S.; PATELLA, A.E.C. Cultura de meristemas e
indexação de plantas de alho. Hortisul, Pelotas, v.1., n.1, p.36 – 41, 1989.
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