FUNDAÇÃO EDUCACIONAL PRESIDENTE “CASTELO BRANCO” FACULDADE CASTELO BRANCO NÚCLEO EDUCAÇÃO GEOGRAFIA RESENHA CRÍTICA FILOSOFIA DA CIÊNCIA INTRODUÇÃO AO JOGO E SUAS REGRAS CAROLINA ANDREATTA MARINO HINTZ 2° PERÍODO - GEOGRAFIA COLATINA – ES 2013 FILOSOFIA DA CIÊNCIA INTRODUÇÃO AO JOGO E SUAS REGRAS Trabalho apresentado à (s) disciplina (s) de Metodologia do Trabalho Científico, pertencente (s) ao Curso de Geografia da Faculdade Castelo Branco, como requisito para obtenção de nota (s) do 2º período de Geografia. Orientador: Profº. Leonardo. COLATINA - ES, 2013 Pensamentos da Ciência Referência: ALVES, Rubem. “Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras”. São Paulo: Brasiliense, 1981. 176 p. Biografia: Pedagogo, poeta e filósofo de todas as horas, cronista do cotidiano, contador de estórias, ensaísta, teólogo, acadêmico, autor de livros para crianças, psicanalista, é um dos intelectuais mais famosos e respeitados do Brasil. Nasceu em Boa Esperança, Minas Gerais. Em 1933. Foi pastor numa igreja do interior de Minas, Lavras, cidade de ipês e de escolas. Passou algumas vezes pelos Estados Unidos. Lá fez doutoramento. Princeton, New Jersey. Livros: A Theology of Human Hope, três edições em inglês. Traduzido para o italiano, o francês e o espanhol. Tomorrow’s Child, um livro sobre a imaginação e a magia, a esperança e a utopia. E sobre plantar árvores em cuja sombra nunca nos assentaremos. O Enigma da Religião (Vozes). Protestantismo e Repressão (Ática). O que é Religião (Brasiliense). Na obra Filosofia da Ciência. Introdução ao jogo e suas regras, Rubem Alves relata sobre o cientista e a necessidade de sua desmistificação. O cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque induz o comportamento e inibe o pensamento. Este é considerado superior, por si e pela grande maioria das pessoas comuns. Existe uma classe especializada em pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivíduos são liberados da obrigação de pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam. No início do livro, nos deparamos com perguntas e exemplos que o levam a compreender as diferenças básicas entre senso comum e a ciência. Quando um cientista se refere ao senso comum, ele está obviamente pensando nas pessoas que não passaram por um treinamento cientifico. Senso comum inclui todas as receitas para o dia-a-dia, bem como os ideais e esperanças que constituem a capa do livro de receitas. A ciência é uma especialização de certos órgãos e um controle disciplinado do seu uso. A ciência é uma metamorfose do senso comum. Tanto a ciência quanto o senso comum, ambos requerem criatividade para o invento de soluções que buscam a adaptação do ser humano às revoluções da humanidade. Não importam as diferenças que separam o senso comum da ciência: ambas estão em busca de ordem. A exigência de ordem se fundamenta na própria necessidade de sobrevivência. Não existe vida sem ordem nem comportamento inteligente sem ela. Em uma linha de raciocínio, o autor afirma que o modelo representa um artefato construído de conceitos pelo cientista que nos permite simular o que deve ocorrer sob certas condições. Utilizando várias situações ilustrativas, o autor conclui que as mudanças de modelo são necessárias para a compreensão do problema e ressalta que o progresso da ciência depende da ocorrência de anomalias, as quais forçam o trabalho cientifico na busca de solução. No decorrer do livro, Rubem Alves resgata a frase usada por Karl Popper como epígrafe do seu livro A Lógica da Investigação Cientifica, ‘‘Teorias são redes; somente aqueles que as lançam pescarão alguma coisa’’. O autor faz uma comparação e diz ter uma afinidade entre o pescador e o cientista, as redes e as teorias, os peixes e os objetos de estudo, os anzóis e os métodos de pesquisa e investigação. É evidente que nem as redes dos pescadores, nem as redes dos cientistas caem dos céus. Elas tem de ser construídas. O cientista faz suas redes com palavras, estas redes construídas com palavras têm o nome de teorias. Deparamo-nos também com definições a partir da questão de método e a sua relação com a ciência. O termo ‘‘método’’, que significa literalmente ‘‘seguindo um caminho’’(do grego), se refere à especificação dos passos que devem ser tomados, numa certa ordem, a fim de se alcançar um determinado fim. O fato é que os cientistas freqüentemente se vêem incapazes de explicar como as idéias lhes ocorrem. Elas simplesmente aparecem repentinamente, sem que tenham sido construídas, passo a passo, por um procedimento metodológico. Ao final, Rubem Alves traz exemplos e citações de outros autores que, a princípio, colocam em cheque a afirmação de Popper sobre a falsificabilidade da ciência. Para Kuhn, em especial, pode-se simplesmente deixar correr a história e observar o comportamento dos cientistas, para se compreender os mecanismos que permitem a tomada decisão. Ao final do livro, Rubem Alves conclui já que a ciência não pode encontrar a sua legitimação ao lado do conhecimento, talvez ela pudesse fazer a experiência de tentar encontrar o seu sentido ao lado da bondade. Ela poderia, por um pouco, abandonar a obsessão com a verdade, e se perguntar sobre o seu impacto sobre a vida das pessoas: preservação da natureza, a saúde dos pobres, a produção de alimentos, o desarmamento dos dragões (sem dúvida, os mais avançados em ciência!), a liberdade, enfim, esta coisa indefinível que se chama felicidade. A bondade não necessita de legitimações epistemológicas. Com Brecht, poderíamos afirmar: ‘‘ Eu sustento que a única finalidade da ciência está em aliviar a miséria da existência humana’’. Enfim, esse é um livro interessante, onde o autor Rubem Alves consegue fazer com que a leitura seja agradável e faz com que o leitor, por meio de exemplos práticos, entenda de maneira simplista o conceito de ciência e senso comum. É uma obra que merece ser lida por todos. Abrange os difíceis caminhos da Filosofia da Ciência, não é uma leitura só para cientista, deve ser lida pelas “pessoas comuns’’, para que possam entender as ideias sobre a ciência e os cientistas, que muitas vezes são equivocadas, pois os cientistas são considerados como “mito” e é sabido que todo mito é perigoso, pois induz o comportamento e inibe o pensamento.