Resenha Crítica do Livro “Filosofia da Ciência: Introdução ao Jogo e suas Regras” Vagner Alves Martins Esta resenha objetiva analisar a obra criticamente a obra de Rubem Alves “Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras”. Colatina-ES, 16 de Outubro de 2013. ALVES, Rubem, Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo, Brasiliense, 1981, 176p. A obra de Rubem Alves, “Filosofia da Ciência: Introdução ao Jogo e suas Regras”, 176 páginas, foi publicada pela Editora Brasiliense em 1981 e pela Editora Loyola em 2002. Nesta resenha foi utilizada a publicação mais antiga. O livro está dividido em onze capítulos, que gradativamente dirigem o leitor ao mundo científico com um raciocínio bem estruturado, lógico e didático. No decorrer da obra, os temas totalmente relevantes são tratados de forma clara, são também colocados exemplos, questionamentos e jogos, o que proporciona ao leitor uma contínua e apreciável interação com a obra de Rubem Alves. No livro “Filosofia da Ciência”, Rubem Alves chama a atenção para a ideia errônea da ciência mistificada, na qual o cientista, responsável por realizar as tarefas de busca constante da compreensão da realidade, construção do conhecimento e o contínuo aprimoramento da ciência, é visto como “superior”, algumas vezes por ele próprio e por sua classe profissional e principalmente pelo público em geral. No decorrer da obra de Rubem Alves, podemos destacar as críticas muito pertinentes, comparações entre pensadores e cientistas, assim como as conclusões às quais se pode chegar ao acompanhar o raciocínio desenvolvido, tanto pelo próprio autor, quanto pelos pensadores por ele citados. Essa pluralidade de pensamentos contida em “Filosofia da Ciência” certamente constitui um instrumento de enriquecimento ao leitor dedicado, que esteja disposto a absorver a cultura filosófica contida no livro de Alves. Rubem Alves aborda temas importantíssimos como a diferenciação entre senso comum e ciência (Capítulos l e ll), fazendo uma breve síntese das definições desses dois objetos de estudo. No terceiro capítulo, o autor reforça a ideia da ciência como instrumento a ser usado na resolução para um determinado problema, sendo assim a teoria ou hipótese de trabalho o produto final. Nesse caso, todo trabalho científico deveria partir da detecção de um problema, uma questão a se responder. O quarto capítulo trata da ciência como elemento de ordem, da instalação a ordem na ciência através e da explicação da realidade como elemento de ordenamento da realidade. No quinto capítulo são propostas formas para decodificar mensagens cifradas existentes em coisas aparentemente insignificantes. O termo teleológico também é inserido e explicado como o estudo das finalidades de diversos objetos de estudo. O capítulo seis esclarece através de uma analogia feita por Karl Popper, a importância da escolha do método e da teoria em relação ao objeto de pesquisa. O autor ressalta através de analogia que o conhecimento científico nunca tem uma versão definitiva, pois sempre há dados a serem descobertos. No capítulo sete trata-se da História da Ciência e comenta-se a respeito dos métodos de indução e dedução, fazendo algumas críticas a ambos. O oitavo capítulo apresenta uma análise clara sobre o pensamento positivista, no qual tudo se limita aos fatos, o autor também evidencia a necessidade do comprometimento intelectual exclusivo com o objeto de pesquisa, assim como defende o valor da coerência na interpretação dos dados. No nono capítulo são expostas ideias de pensadores de diversas áreas como o objetivo de demonstrar uma definição do método e sua relação estreita, intrínseca com a ciência. No décimo capítulo, o autor expõe sua ideia da ciência como uma atividade entre tantas outras, não havendo motivo para orgulho em seus profissionais, também há neste capítulo uma crítica contra a pretensa neutralidade científica. No décimo primeiro capítulo encontram-se exemplos e citações de outros autores, que questionam a ideia de Popper sobre a possibilidade de falsificação científica. As teorias estariam atreladas à biografia do cientista e aos laços com sua comunidade. Rubem Alves conclui que o conhecimento não é suficiente para legitimar a ciência, que poderia focar-se na bondade em vez da verdade. Assim, a ciência poderia trabalhar em prol da diminuição da miséria humana, ou seja, o autor propõe uma abordagem mais humanista para a ciência no lugar da pretensa frieza e neutralidade científica. Dessa maneira, compartilhando do pensamento do autor, pode-se dizer que a obra tem o mérito de contribuir para estudantes e pesquisadores e mesmo para o público em geral. O livro possui uma linguagem simples e didática, sendo de leitura suave e agradável, servindo bem ao propósito de iniciação ao tema e deixando um ótimo referencial de outros autores para leituras posteriores.