Programa de Pós-Graduação em Filosofia Contemporânea da UFBA 2010.2. Disciplina: PRAGMATISMO & POESIA Prof. José Crisóstomo de Souza A disciplina, de caráter exploratório, trata de promover uma aproximação, de viés contemporâneo (tendo em conta o estado atual da discussão), entre, de um lado, filosofia, e, de outro, arte e literatura. Mais especificamente, uma aproximação entre “pragmatismo” e “poesia” (ambos no sentido mais amplo), ou ainda - como também pode ser entendido, em termos de correntes de pensamento - entre pragmatismo, romantismo e Nietzsche. O que constitui tanto um desenvolvimento no campo da estética e da filosofia da (auto-)criação e da ação, como também o resgate de um parentesco originário entre as três posições, de modo que a compreensão costumeira do que seja pragmatismo (James, Dewey, Rorty, Unger) resulte questionada e superada. Assim, o ponto de vista prático e finito a que normalmente está associado o pragmatismo é aqui retomado no sentido de um envolvimento também estético e criativo com o mundo, no qual a ação e a comunicação humanas reassumem sua dimensão artística. Três elementos centrais desse desenvolvimento filosófico são, para isso, trazidos à baila: a crítica ao representacionismo, a valorização da noção de metáfora e a abertura às noções de experiência e de poiésis. Por essa via pragmatista alargada, com o conseqüente abandono da dominância cognitivista/ racionalista/ empirista que tem marcado os horizontes da filosofia moderna e contemporânea, abre-se espaço para um reposicionamento desta, quiçá mais fecundo, vivo e ativo, na esfera da cultura, que possa entre outras coisas favorecer o diálogo com as artes, a literatura e a política. Nessa perspectiva, além de ensaios filosóficos contemporâneos, a disciplina incluirá a consideração de trechos de Kundera, Dostoiévski, Whitman e outros, bem como de expressões artísticas não-literárias (como cinema, pintura, música). Referência bibliográfica: Kundera, Milan. A Insustentável Leveza do Ser. Rio de Janeiro, Ed. Rio Gráfica, 1986. Kundera, Milan. A Arte do Romance. São Paulo, Companhia de Bolso, 2009. Whitman, Walt. “Para Você”. Poema de Whitman e comentário de William James, na “8ª Conferência”, em James, Coleção os Pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1979. Dostoiévski, Fiódor. Memórias do Subsolo. São Paulo, Editora 34, 2000. Rorty, Richard. O pragmatismo como um politeísmo romântico. Em Filosofia como Política Cultural (Escritos Filosóficos IV). São Paulo: Martins Fontes, 2009 Rorty, Richard. Sons Inauditos: Hesse e Davidson quanto à Metáfora. Em Objetivismo, Relativismo e Verdade (Escritos Filosóficos I). Rio de Janeiro, Relume Dumará, 2002. Rorty, Richard. Filosofia como Ciência, como Metáfora e como Política. Em Ensaios sobre Heidegger e Outros (Escritos Filosóficos II). Rio de Janeiro, Relume Dumará, 1999. Dewey, John. A Arte como Experiência. Em Dewey (Obras Incompletas), Coleção Os Pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1980. Nietzsche, Friedrich. Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral. Em Nietzsche (Obras Incompletas), Coleção Os Pensadores. São Paulo. Abril Cultural, 1983. Shusterman, Richard. Habermas, Pragmatism and the Problem of Aesthetics. Em Habermas and Pragmatism. Aboulafia, Bookman and Kemp (eds.). London, Routledge, 2002. Poirier, Richard. Why Do Pragmatists Want to Be like Poets? Em The Revival of Pragmatism. Morris Dickstein (ed.). Durham, Duke University Press, 1998. Menand, Lois. Pragmatists and Poets. A Response to Richard Poirier. Em The Revival of Pragmatism. Morris Dickstein (ed.). Durham, Duke University Press, 1998. Bromwich, David. The Novelist of Everyday Life. Em The Revival of Pragmatism. Morris Dickstein (ed.). Durham, Duke University Press, 1998. Langsdorf, Lenore. Poiesis and Praxis in Classical Pragmatism: Philosophy of Language and Philosophy of Communication. Em Recovering Pragmatism’s Voice. Langsdorf and Smith (eds). New York, SUNY Press, 1995.