Análise de Investimento Cenário Macro Semanal 26 de setembro de 2014 Nova banda para o dólar Pelos dados mais recentes do BC a taxa real de câmbio efetiva do Brasil valorizou-se 5,0% entre julho de 2013 e julho de 2014, quase 10 vezes maior que a registrada pelo câmbio nominal em igual período, de 0,55%. A provável nova banda insinua uma postura de seguir o movimento global, do real começar uma parte do ajuste necessário. Ricardo Tadeu Martins Economista [email protected] +55 11 2172-2605 Cristiano de Barros Caris [email protected] +55 11 2172-2564 Governo revê expectativas e utiliza recursos do Fundo Soberano: Tardou mas o governo admitiu, revisando para baixo o crescimento econômico para 2014, de 1,8% para 0,9%, de acordo com o 4º Relatório Bimestral de Receitas e Despesas Primárias do Ministério do Planejamento. Déficit em conta corrente está mantido, mas IED pode melhorar: O Banco Central não alterou a expectativa de déficit em conta corrente para 2014, de US$ 80 bilhões, mas em relação ao PIB saiu de 3,48% para 3,52%. Já o IED deve representar 2,77%, contra 2,66% de junho. Estrangeiros aumentam participação na DPMFi: O investidor estrangeiro marcou nova alta de participação na Dívida Pública Mobiliária Federal Interna ao alcançar 18,80% em agosto, novo recorde. A DPMFi caiu 0,33% em agosto, para R$ 2,075 trilhões. Mesmo com estímulos do governo, propensão à tomada de crédito cai: Pesquisa da FEBRABAN em setembro mostrou que a expectativa de crescimento do saldo de crédito em 2014 é de 11,7%, quando em julho a projeção era de 12,2%. Para 2015 a expectativa também caiu. Apesar de menor para meses de agosto, taxa de desemprego subiu: Embora parciais anterioremente, o IBGE recuperou as informações e recompos as taxas de desocupação, situandose em 4,9% em maio e abril; 4,8% em junho e 4,9% em julho, mas agosto atingiu 5%. Mercados emergentes comprometem reação econômica em países desenvolvidos: Pelas estimativas do FMI a redução de 2 pontos percentuais no crescimento dos mercados emergentes pode gerar uma redução de 0,5 ponto percentual nos países desenvolvidos, como os EUA. Desaceleração chinesa pode gerar mudanças no Banco Central: Nos últimos meses presidente do BC chinês foi pressionando por mudanças, incluindo liberalização dos juros. Contudo, isso poderia acrescentar incertezas sobre a seriedade com as reformas em momento de desaceleração global. Estimativas de mercado para os principais indicadores da economia brasileira 2011 2012 IPCA (%) 6,50% 5,84% IGP-DI (%) 5,01% 8,11% IGP-M (%) 5,10% 7,82% Taxa de câmbio - fim de período (R$/US$) 1,87 2,04 Taxa de câmbio - média de período (R$/US$) 1,67 1,95 Meta Taxa Selic - fim de período (a/a) 11,00% 7,25% Meta Taxa Selic - média de período (a/a) 11,66% 8,52% PIB (% de crescimento) 2,73% 0,87% Fonte: Valor Econômico, IBGE, FGV e BCB. Expectativas Focus-BCB. 2013 5,91% 5,52% 5,51% 2,34 2,16 10,00% 8,29% 2,30% 2014e 6,30% 3,72% 3,67% 2,34 2,29 11,00% 10,91% 0,30% 2015e 6,28% 5,50% 5,50% 2,45 2,41 11,25% 11,31% 1,01% Página | 1 Análise de Investimento 26 de setembro de 2014 Cenário Macro Semanal Cenário Interno Nova banda para o dólar Nas últimas semanas muito se falou, comentou e se especulou diante de pesquisas eleitorais para presidência, autonomia do Banco Central (BC), retomada da inflação, revisão do PIB em baixa pelo próprio governo, estratégia e momento em quando o FED subirá a taxa de juros e outras mais. O dólar, ao atingir R$ 2,40, levou o BC a intensificar as rolagens de swaps cambiais tradicionais. Em leilão de 24/9 o BC ofertou e o mercado tomou 15 mil papéis, quase o triplo dos 6 mil que vinham sendo ofertados. Ou seja, o BC deve completar a rolagem de todo o lote de US$ 6,68 bilhões em swaps que vencem no início de outubro, com a colocação líquida de swaps ao longo de setembro devendo atingir US$ 5,07 bilhões caso haja leilão de rolagem em 30/9. Os estoques desses contratos então devem atingir US$ 98,4 bilhões no encerramento de setembro e atingir já em outubro um volume de US$ 100 bilhões. Dessa forma, as intervenções tendem a acalmar os ânimos do mercado. Logo, avalia-se que com essa estratégia o BC leva a crer em uma nova banda de atuação para o dólar, entre R$ 2,30 e R$ 2,40, já provavelmente se antecipando a contínua valorização da taxa de câmbio real e o movimento global de valorização do dólar. Pelos dados mais recentes do BC, referentes a julho, a taxa real de câmbio efetiva do Brasil valorizou-se 5,0% entre julho de 2013 e julho de 2014. A apreciação do câmbio real é quase dez vezes maior que a registrada pelo câmbio nominal no mesmo período, de 0,55%. É interessante que insinua uma postura de seguir o movimento global para deixar o real passar por uma parte do ajuste necessário. A possível mudança de banda cambial ganha força considerando que em duas situações neste ano o BC reforçou as rolagens, quando o dólar ainda rondava os R$ 2,30. No início de junho, o BC dobrou de 5 mil para 10 mil contratos a oferta em leilões de rolagem de swaps cambiais com vencimento em julho. Em agosto, o BC aumentou de 8 mil para 10 mil papéis a oferta em operações de rolagem de contratos com vencimento no início de setembro. Há, contudo, uma preocupação com o real, face as incertezas com o quadro eleitoral, à fraqueza na economia e à queda livre nos preços de commodities com forte peso na pauta de exportação brasileira, com destaque para o minério de ferro. Até 23/9 o dólar marcou sua quinta alta consecutiva frente ao real, fechando acima dos R$ 2,40 pela primeira vez desde fevereiro. Uma intensa demanda por parte de grandes empresas nacionais, a recuperação do dólar no exterior, mais quedas no complexo de commodities e de maior aversão a risco e persistentes especulações no campo eleitoral interno tem ditado as oscilações. Governo revê expectativas e utiliza recursos do Fundo Soberano A pesquisa Focus do Banco Central, divulgada toda segunda-feira, norteia os agentes econômicos e trabalha no sentido de ancorar também as expectativas de mercado por tudo aquilo que o governo, nas suas diversas frentes, transmite ao mercado. Tardou mas o governo admitiu, revisando para baixo a previsão de crescimento econômico para 2014, de 1,8% para 0,9%, de acordo com o 4º Relatório Bimestral de Receitas e Despesas Primárias do Ministério do Página | 2 Análise de Investimento 26 de setembro de 2014 Cenário Macro Semanal Planejamento. Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) a estimativa foi mantida em 6,2%, a taxa de câmbio média mantida em R$ 2,29, o IGP-DI, caiu de 7,25% para 4,60%, a Taxa Selic média utilizada caiu de 10,88% para 10,86% e a projeção para o preço médio do petróleo reduziu-se de US$ 108,87 para US$ 106,26. Essa redução de 0,9 ponto percentual impactou em uma queda na receita prevista para 2014 de R$ 10,5 bilhões. Para evitar muitos cortes o governo resolveu sacar do Fundo Soberano R$ 3,5 bilhões que, quando usada, reforça o superávit primário. Isso servirá para cobrir parte da perda. O governo fez uma revisão ainda nas despesas obrigatórias. A expectativa é que as despesas com pessoal e encargos, pagamentos aos subsídios do setor de energia, precatórios e subsídios e subvenções de programas federais caiam R$ 7,041 bilhões. Com esse ajuste em que, por um lado, a União saca recursos do Fundo Soberano e por outro reduz despesas obrigatórias, foi possível evitar cortes de gastos. A receita administrada, composta basicamente pelos impostos recolhidos pelo Fisco, deveria alcançar R$ 780,3 bilhões em 2014, mas em nova estimativa foi revista para R$ 765,6 bilhões, cuja diferença foi reduzida por um aumento nas receitas não administradas, de R$ 2,1 bilhões, basicamente pela elevação no recebimento de dividendos, e também por uma menor transferência de recursos a Estados e municípios, de R$ 2,0 bilhões. Para o recebimento de dividendos o governo elevou em R$ 1,5 bilhão sua previsão de R$ 23,9 bilhões, cuja nova estimativa influenciou diretamente na projeção de receitas não administradas pela Receita Federal que passou de R$ 179,137 bilhões no 3º relatório bimestral para R$ 209,742 bilhões. O aumento dos dividendos deve-se à alteração no programa de pagamentos por parte das empresas em que o governo é acionista. Já as despesas foram afetadas por reduções de R$ 2,2 bilhões nos gastos com pessoal e encargos, R$ 4 bilhões com despesas de auxílio ao setor elétrico, R$ 3,0 bilhões nos gastos com subsídios, subvenções de programas oficiais e Proagro e R$ 113 milhões na redução dos gastos com precatórios. O governo reduziu ainda R$ 4 bilhões a previsão de destinação de recursos do orçamento para o Auxílio à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com a estimativa recuou de R$ 13 bilhões para R$ 9 bilhões. Essa redução na CDE, assim como em subsídios, subvenções e Proagro, se deve à revisão de cronograma de pagamento dessas despesas. No caso de subsídios, subvenções e Proagro, a despesa caiu R$ 3,061 bilhões do 3º para o 4º relatório, passando de R$ 8 bilhões para R$ 4,938 bilhões. Ainda houve uma queda de R$ 2,218 bilhões nas despesas com gasto com pessoal e encargos sociais, caindo de R$ 222,037 bilhões para R$ 219,819 bilhões no 4º bimestre. Com a diminuição, principalmente, desses gastos, a estimativa de previsão de despesas obrigatórias recuou R$ 7,041 bilhões, passando R$ 674,798 bilhões para R$ 667,744 bilhões. O governo incorporou R$ 9,546 bilhões em receitas extraordinárias à previsão de receitas de 2014. Neste total há R$ 3 bilhões relativos ao novo Refis, reaberto esse ano. A expectativa do governo era arrecadar R$ 18 bilhões só com o Refis esse ano. O total de receitas extraordinárias estava previsto para R$ 23 bilhões, esse ano. Página | 3 Análise de Investimento 26 de setembro de 2014 Cenário Macro Semanal Déficit em conta corrente está mantido, mas IED pode melhorar Em nova revisão do Balanço de Pagamentos o Banco Central (BC) não alterou a expectativa de déficit em conta corrente para 2014, mantendo-o em US$ 80 bilhões, como em março e junho, mas em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) saiu de 3,48% para 3,52%. Em 2013 o déficit foi de US$ 81 bilhões financiado em parte pelo IED (Investimento Estrangeiro Direto), e que em 2014 não será diferente, estimado em US$ 63 bilhões, que também não se alterou na nova revisão. Em relação ao PIB o IED deve representar 2,77%, contra 2,66% estimados em junho. Para os ingressos em carteira o BC espera a entrada de US$ 12 bilhões em ações, sem alteração, e de outros US$ 23 bilhões no mercado de renda fixa negociada no país, ante US$ 18 bilhões em junho. Já no que se refere a Balança Comercial o BC espera um desempenho pior que o estimado em junho, prevendo superávit de US$ 3 bilhões, contra US$ 5 bilhões de junho e US$ 8 bilhões em março. Para as remessas de lucros e dividendos, a saída esperada para 2014 caiu de US$ 26 bilhões para US$ 25 bilhões. Para os gastos líquidos de brasileiros no exterior, o BC estima US$ 18,5 bilhões, contra os US$ 18 bilhões anteriormente. Com relação ao IED o Brasil recebeu US$ 6,84 bilhões em agosto, suficiente para cobrir o déficit em conta corrente do mês, que somou US$ 5,489 bilhões, cuja expectativa do BC era de US$ 4,2 bilhões. Em relação a agosto de 2013, quando foi de US$ 3,775 bilhões, o fluxo de IED subiu 81,2%. No acumulado de 2014 o ingresso de IED somou US$ 42 bilhões, acima dos US$ 38,976 bilhões de igual período de 2013, ou 7,8% superior. São considerados e classificados como IED, além do valor destinado à participação no capital de empresas no Brasil, os empréstimos concedidos por matrizes de empresas multinacionais as suas filiais no país e vice-versa. Essa parte do IED, que são os empréstimos intercompanhias, trouxe ingressos líquidos de US$ 2,307 bilhões em agosto, ante R$ 2,378 bilhões em julho. Em 2014 até agosto esses ingressos somaram US$ 11,305 bilhões, muito abaixo dos US$ 22,352 bilhões de igual período de 2013. O investimento direto, participação no capital, na realidade foi de US$ 4,533 bilhões no período, 28,7% superior a julho. De janeiro a agosto, o ingresso foi de US$ 30,697 bilhões. Para setembro, a previsão é de ingresso de US$ 3 bilhões em IED, cuja parcial até 22/9 é de entrada de US$ 2,1 bilhões. Estrangeiros aumentam participação na DPMFi O investidor estrangeiro marcou nova alta de participação na Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) ao alcançar 18,80% em agosto, de 18,53% em julho, constituindo-se em novo recorde. Isso também significou em valor absoluto novo recorde, passando de R$ 385,67 bilhões para R$ 390,16 bilhões, ou 1,2% superior. Essa participação ganha relevância ao se observar que a DPMFi caiu 0,33%, para R$ 2,075 trilhões, conforme dados do Tesouro Nacional. Já as instituições financeiras fecharam agosto com 28,43% da DPMFi, contra 28,25% em julho. Os fundos de investimento ampliaram a participação, de 21,17% para 21,21%, as instituições de previdência fecharam com 17,26%, de 17,42% em julho, e as seguradoras reduziram de 4,03%, para 3,98%. O governo reduziu sua parte, de 6,36% para 5,97%. Página | 4 Análise de Investimento 26 de setembro de 2014 Cenário Macro Semanal Com relação ao custo médio da DPMFi caiu 0,02 ponto percentual de julho para agosto, ficando em 11,18% ao ano. A comparação feita pelo Tesouro Nacional considera o custo acumulado nos últimos 12 meses encerrados em cada período. Em relação à dívida pública federal total, o custo médio caiu, passando de 11,04% ao ano em julho para 10,83% ano em agosto. Já o custo médio das emissões da DPMFi em oferta pública subiu em 0,19 ponto percentual, passando para 11,44% ao ano, contra 11,25% ao ano em julho. O custo médio das emissões da Letras do Tesouro Nacional (LTN) foi de 11,21% ao ano em agosto (11,08% em julho). Já o custo para colocação de Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) fechou agosto em 12,75% (12,66% em julho). Quanto as LFTs saíram a 10,21% (10,04% em julho) e as NTN-F tiveram custo de 12,11% (12,04% em julho). Mesmo com estímulos do governo, propensão à tomada de crédito cai Como dissemos em relatório anterior, não há propensão a consumir neste momento. Isso é fato e os bancos acabaram por diminuir as projeções de crescimento do crédito para 2014 em setembro, mesmo com as medidas de estímulo do governo em agosto. Pesquisa da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) em setembro mostrou que a expectativa de crescimento do saldo de crédito em 2014 é de 11,7%, quando em julho a projeção era de 12,2%. Para 2015 a expectativa também caiu, de 12,1% em julho para 11,8% em setembro. Nessa pesquisa 77% acreditam que as medidas anunciadas em agosto não reverteram essa tendência, pois a eficácia será sentida apenas em prazos mais longos, conforme a reversão no quadro da demanda, sobretudo, no que se refere à alavancagem da renda das famílias e à confiança dos agentes. Contudo, nem tudo está em queda, já que espera-se um crescimento maior do crédito com recursos direcionados, como o imobiliário e os desembolsos do BNDES, que é compensado pela piora no crédito com recursos livres, que inclui o consignado, veículos e capital de giro. A expectativa de avanço no crédito direcionado em 2014 passou para 17%, ante 16,1% de julho. Já para recursos livres, a projeção caiu de 10% para 8,1%. Na pessoa física, o desempenho seguirá mais forte no crédito pessoal, incluindo consignado. Em sondagem preliminar do desempenho do crédito em agosto a FEBRABAN constatou um avanço de 1%, para R$ 2,86 trilhões, no estoque de empréstimos em relação a julho. Na comparação entre agosto e julho, o crescimento do estoque de crédito livre ficaria em 0,3% e do direcionado, em 1,8%. O desempenho é mais favorável na média diária nas concessões de crédito, em linha com a sazonalidade positiva de agosto, após a influência sazonal negativa de julho. Na média diária de desembolsos, o crédito com recursos livres cresceu 5,5% em agosto, ante julho, e o direcionado, 13,6%, de acordo com a projeção. Em relação à qualidade das carteiras, os indicadores de atrasos e inadimplência seguem com influência sazonal mais favorável nesse período. Página | 5 Análise de Investimento Cenário Macro Semanal 26 de setembro de 2014 Apesar de menor para meses de agosto, taxa de desemprego subiu Após três meses de publicação parcial a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) voltou a ser divulgada integralmente em agosto, trazendo-nos a menor taxa de desemprego para um mês de agosto em toda a série da pesquisa, iniciada em março de 2002, de 5% da PEA (População Economicamente Ativa) de seis regiões metropolitanas brasileiras. Em agosto de 2013 situou-se em 5,3%, mas em julho estava em 4,9%. Dados do CAGED e Taxa de Desemprego 350.000 299.415 300.000 7,6% 150.000 10,0% 8,1% 239.123 242.126 250.000 200.000 12,0% 6,7% 10,6% 6,0% 8,0% 190.446 9,5% 128.915 133.329 100.000 5,3% 100.938 5,3% 5,0% 6,0% 101.425 4,0% 127.648 50.000 2,0% 0 0,0% Fonte: Bloomberg e IBGE Apesar das divulgações parciais anterioremente, o IBGE recuperou as informações e recompos as taxas de desocupação para as seis regiões metropolitanas, ficando em 4,9% em maio e abril; 4,8% em junho e 4,9% em julho. Quanto a agosto, a taxa de 5% ficou acima da média das expectativas de mercado, de 4,8%, variando de 4,5% a 5%. A PEA nas seis regiões pesquisadas, 24,4 milhões de pessoas, cresceu 0,9% em agosto em relação a julho e ficou estável frente a agosto de 2013. Já o contingente de desempregados em agosto, 1,2 milhão de pessoas no conjunto das seis regiões, não teve variação significativa nem em relação a julho nem a agosto de 2013. O contingente de pessoas ocupadas em agosto de 2014, 23,1 milhões para o conjunto das seis regiões, cresceu 0,8% em agosto em relação a julho de 2014 e não variou significativamente frente a agosto de 2013. De acordo com o IBGE, o rendimento médio real habitual, que estava em R$ 2.022,04 em julho, subiu 1,7% em agosto, para R$ 2.055,50. A renda real aumentou 2,5% comparada a agosto de 2013 (R$ 2.005,72). Já a massa de rendimento real habitual chegou a R$ 48,2 bilhões em agosto, alta de 2,4% ante julho e aumento de 1,8% em relação a agosto de 2013. Página | 6 Análise de Investimento Cenário Macro Semanal 26 de setembro de 2014 Taxa de Desemprego X Rendimento Médio Real Habitual R$ 2.100 Rendimento Médio Real Habitual 6,5% R$ 2.050 6,0% R$ 2.000 R$ 1.950 5,5% R$ 1.900 R$ 1.850 5,0% R$ 1.800 R$ 1.750 R$ 1.700 R$ 1.650 4,5% Taxa de Desemprego 4,0% Fonte: IBGE Cenário Externo Mercados emergentes comprometem reação econômica em países desenvolvidos Uma desaceleração generalizada e que ameaça a economia mundial foi detectada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) nos mercados emergentes, não apenas refletindo a crise financeira global, mas mantendo-se em queda em uma ampla amostragem de países. O mais preocupante é que, diferentemente do que projeta para as economias desenvolvidas, o FMI não prevê uma recuperação dos emergentes. Isso traz uma grande mudança no padrão de crescimento mundial, que deve prejudicar as economias desenvolvidas. O FMI considera que o crescimento está mais lento em todo um leque de países em desenvolvimento, e não apenas nas maiores economias, como China e Índia. O bloco estava crescendo em torno de 7% ao ano antes da crise, passando agora a 5%. As taxas de expansão em mais de 90% dos mercados emergentes estão mais baixas do que antes da turbulência de 2008 e uma desaceleração sincronizada é estranha fora de uma recessão ou de uma crise financeira. As relações comerciais são uma importante razão para essa desaceleração aponta o FMI, uma vez que os mercados emergentes estão sendo impactados negativamente por um crescimento mais fraco em seus parceiros comerciais. Além disso, há evidências de que o aumento da produtividade está contribuindo menos para o crescimento. Pelas estimativas do FMI um ponto percentual de desaceleração no crescimento dos mercados emergentes reduz o crescimento nas economias desenvolvidas em um quarto de ponto percentual, devido à diminuição do comércio. Isso significa que a redução de 2 pontos percentuais no crescimento dos mercados emergentes desde antes da crise financeira pode gerar uma redução de 0,5 ponto percentual nos países desenvolvidos, como os EUA. Página | 7 Análise de Investimento 26 de setembro de 2014 Cenário Macro Semanal Desaceleração chinesa pode gerar mudanças no Banco Central Por mais que determinados indicadores econômicos se desviem do ideal, a política macroeconômica da China vai focar metas abrangentes de crescimento, como emprego e inflação estáveis. Os esforços em curso para revigorar a economia, como a redução dos encargos fiscais para pequenas empresas e a reforma de empresas estatais, por exemplo, vão ajudar a estabilizar o crescimento. Essas observações na realidade vieram após alguns indicadores econômicos chineses ficarem abaixo das expectativas em julho e em agosto, sugerindo uma desaceleração na economia. Os investidores esperam novo abrandamento na política monetária da China, já que o Banco Central chinês (BCB) vai liberar 500 bilhões de yuans, em torno de US$ 81 bilhões, para cinco bancos, sendo inclusive confirmado pelo presidente do China Construction Bank. Por outro lado, o líder chinês Xi Jinping está considerando substituir o presidente do BCB, Zhou Xiaochuan, como parte de uma ampla reforma que segue intensos debates internos sobre reformas econômicas. Essa discussão de troca no BCB, sobre a saída de Zhou - no cargo desde 2002 e considerado responsável pela imagem da economia chinesa para os mercados globais - é estratégico na tentativa de Xi Jinping, já há dois anos no poder, de colocar mais aliados nas posições principais do governo, do Exército e do Partido Comunista. A mudança na equipe deve ocorrer em uma grande reunião do partido em outubro, ressaltando que uma decisão final sobre Zhou não foi tomada. Ao longo dos últimos meses, Zhou continuou pressionando por mudanças no mercado, incluindo uma liberalização dos juros. A liderança chinesa, por sua vez, ficou preocupada com o risco de que reformas agora coloquem mais pressão sobre uma economia que tem tido dificuldade em cumprir a meta do governo de um crescimento anual de 7,5%. Uma das razões para manter Zhou seria o medo da reação do mercado à sua saída, disseram as autoridades do partido. Removê-lo poderia acrescentar incertezas sobre a direção das políticas econômicas da China e a seriedade do compromisso dos líderes do país com as reformas num momento em que a economia global está fraquejando em várias regiões. Página | 8 Análise de Investimento 26 de setembro de 2014 Cenário Macro Semanal EQUIPE Mario Roberto Mariante, CNPI [email protected] Cristiano de Barros Caris [email protected] Luiz Francisco Caetano, CNPI [email protected] Victor Luiz de Figueiredo Martins, CNPI [email protected] Ricardo Tadeu Martins, CNPI* [email protected] DISCLAIMER Este relatório foi preparado pela Planner Corretora e está sendo fornecido exclusivamente com o objetivo de informar. As informações, opiniões, estimativas e projeções referem-se à data presente e estão sujeitas à mudanças como resultado de alterações nas condições de mercado, sem aviso prévio. As informações utilizadas neste relatório foram obtidas das companhias analisadas e de fontes públicas, que acreditamos confiáveis e de boa fé. Contudo, não foram independentemente conferidas e nenhuma garantia, expressa ou implícita, é dada sobre sua exatidão. Nenhuma parte deste relatório pode ser copiada ou redistribuída sem prévio consentimento da Planner Corretora de Valores. (*) Conforme o artigo 16, parágrafo único, da ICVM 483, declaro ser inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise. Declaração do(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento), nos termos do art. 17 da ICVM 483 O(s) analista(s) de valores mobiliários (de investimento) envolvido(s) na elaboração deste relatório declara(m) que as recomendações contidas neste refletem exclusivamente sua(s) opinião(ões) pessoal(is) sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Planner Corretora e demais empresas do Grupo. Declaração do empregador do analista, nos termos do art. 18 da ICVM 483 A Planner Corretora e demais empresas do Grupo declaram que podem ser remuneradas por serviços prestados à(s) companhia(s) analisada(s) neste relatório. Página | 9