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ANO 3 - Nº 9 - JANEIRO/ABRIL - 2006
REVISTA BRASILEIRA DE
TECNOLOGIA CAFEEIRA
FUNDAÇÃO PROCAFÉ
CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA
ANO 3 - Nº 9 - JANEIRO/ABRIL - 2006
Neste número:
REPORTAGEM
- Colaboradores da Pesquisa Cafeeira
COMO VAI VOCÊ
03
06
PESQUISANDO
Capa: Diz-se que a vida imita a arte. Aqui a
arte retrata o cotidiano na lavoura cafeeira.
O quadro da artista plástica Valéria Vidigal
mostra, fielmente, várias atividades nas
fazendas e a beleza dos cafezais.
- Controle da Cercosporiose do cafeeiro com formulações de cobre e adjuvantes
- Nível de dano econômico da mosca das raízes em cafezal no sul de Minas
- Controle de Phoma/Ascochyta em mudas de café com aplicação de triadimenol
- Efeito da distribuição e do espaçamento dos saquinhos nos canteiros
- Efeito de métodos de controle de plantas daninhas em um latossolo vermelho
- Efeitos da desfolha física em cafeeiros cultivados com irrigação sob pivô lepa
- Partição de matéria seca em cinco genótipos de café
- Resistência a phoma/ascochyta verificada em cafeeiros robusta
RESPONDE
NOTA DO EDITOR
Neste número voltamos a tratar de
informações úteis, para os técnicos e
produtores, relativamente às práticas
de manejo dos cafezais, destacando a
irrigação em malha, a combinação de
mamão com café e a extração de
nutrientes pelos cafeeiros. Uma
análise mais completa das condições
de competitividade da cafeicultura
brasileira, também são aspectos que
devemos refletir sobre eles.
Nessa edição contamos com o
patrocínio da Empresa Monsanto,
tradicional fornecedora de herbicidas
para a lavoura cafeeira.
Agradecemos a valiosa
colaboração.
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RECOMENDANDO
- Café Conillon com mamão, uma boa combinação
- Como irrigar barato, com aspersão em malha larga
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RESUMINDO
- Quatro trabalhos de pesquisa cafeeira
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PANORAMA
- Notícias da produção cafeeira
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ANÁLISE
- Avaliação da extração de nutrientes pelo cafeeiro
- Competitividade da cafeicultura brasileira
- Zé Geraldo dá sua opinião: como formar uma equipe unida e vencedora
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ENTREVISTA
- Roque: Um técnico agrícola dedicado à pesquisa cafeeira
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PRODUTOS E EQUIPAMENTOS
- Secadora de café, Papagalhos
- Pulverizador de tração animal para café adensado SMTH240
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INFORME TÉCNICO
- Manejo de plantas daninhas com glifosato é mais vantajoso
- Monsanto esclarece dúvidas relativas ao uso do roundup na cultura do café
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CARTA AO CAFEICULTOR
COLHER, PREPARAR E PROGRAMAR
As lavouras de café estão sendo preparadas para início da colheita nesses próximos
meses. É hora de pensar e programar como vai ser colhido e preparado o café. Se a
colheita for mecanizada, observar a manutenção do maquinário. Se manual,
providenciar os utensílios e planejar o recrutamento dos trabalhadores. Para o
preparo, verificar a situação das instalações e dos equipamentos de processamento
pós-colheita.
Também já se pode pensar no que será feito nos vários talhões, após a colheita. Se
vão ser aplicadas podas, se algumas áreas serão substituídas e outros manejos, pois,
na colheita, nesses casos pode-se efetuar a operação na forma mais econômica. Em
resumo, o produtor deve pensar em manter lavouras bem produtivas, com facilidade
nos tratos e na colheita.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Secretário de Produção e Agroenergia: Lineu Carlos da Costa Lima.
Chefe do Departamento de Café: Vilmondes Olegário da Silva
Secretário da SARC: Márcio A. Portocarrero
Delegado da DFA/MG: João Vicente Diniz
Fundação Procafé
Presidente da Fundação Procafé: José Edgard Pinto Paiva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS
Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes
REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA
Ano 3: nº 9 janeiro-abril/2006.
Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de
Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia - MAPA/Fundação Procafé e Carlos
Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café.
Programação Visual e Impressão: Gráfica Editora Bom Pastor.
Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva e Maria Emília Villela Reis
Tiragem: 2000 exemplares.
Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere
37026-400 - Varginha/MG
35. 3214-1411
[email protected]
e
Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro
20081-250 - Rio de Janeiro/RJ
21. 2233-8593
[email protected]
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores.
www.fundacaoprocafe.com.br
REPORTAGEM
03
COLABORADORES DA PESQUISA
CAFEEIRA
“Aqueles que fazem são bons.
Os que ajudam os outros a fazerem
são melhores”. Esta é a frase que
constou da placa que, na
solenidade de abertura do 31º
Congresso Brasileiro de Pesquisas
Cafeeiras, em Guarapari ES, em
final de outubro de 2005, o
MAPA/Fundação Procafé entregou
ao “colaborador da pesquisa
cafeeira do ano”, o Eng. Agr. Dalton
Dias Heringer. A homenagem foi
prestada pelos dez anos de
operação do CEPEC Centro de
Pesquisas Cafeeiras, em Martins
Soares
MG, desenvolvendo
trabalhos em apoio à cafeicultura de
montanha, em convênio entre o
MAPA e a Fertilizantes Heringer.
Colaborar significa ajudar, contribuir no
trabalho, apoiar de várias maneiras, com
desprendimento, buscando o benefício de um
grupo maior, no caso da pesquisa, de muitos
cafeicultores, que aproveitam os resultados
obtidos.
Muitos colaboradores têm contribuído ao
longo dos últimos 35 anos, desde que, com o
aparecimento da ferrugem do cafeeiro e com a
renovação de lavouras em novas regiões, foi
preciso ativar a pesquisa cafeeira em todo o
país.
Além das Fazendas Experimentais,
montadas e operadas pelas Instituições
Públicas, é preciso, diante da ocorrência de
problemas o nível local ou regional, usar as
áreas de produtores/colaboradores, onde são
conduzidos os experimentos para estudar e
solucionar os problemas ali presentes.
Por isso, nesse caminho percorrido em
conjunto, era preciso registrar e agradecer a
esses colaboradores.
Principais colaboradores do passado
Na década de 1970, a maior colaboração
foi prestada por cafeicultores que cederam
áreas e apoio logístico na execução de
pesquisas para controle da ferrugem. Pode-se
citar as participações de Pio Corteletti, em Santa
Teresa-ES, onde surgiram os primeiros
resultados de controle químico da ferrugem, em
1972/1973. Também no mesmo Estado, cita-se
o produtor Benjamin Zon na área de café
Conillon e os Falquetto e Zandonaide em
Venda-Nova. Nos trabalhos sobre a
constatação e controle de Phoma colaboraram
produtores em Domingos Martins e Marechal
Floriano, como a família Stockl.
Na Zona da Mata, na mesma época,
colaboraram os cafeicultores Feliciano Abdalla,
Zezinho Nogueira, René Rabello, em
Caratinga, Caparaó e em Matipó.
No Sul de Minas nessa época, destaca-se
a colaboração de cafeicultores como José Ivens
e José Resende e José Edgard Pinto Paiva que
04
cederam suas lavouras para ensaios.
Nas décadas de 1980 e 1990 entraram
colaboradores também na cafeicultura de
montanha do Estado do Rio de Janeiro. Citamse três exemplos importantes, os da Fazenda
Palmeiras, em São José do Vale do Rio Preto e
do seu saudoso proprietário Japyr Assunção,
gente finíssima, onde foi selecionada a cultivar
Catucaí. Lá na Fazenda, certos dias, dormiam e
comiam de três a cinco Agrônomos e Técnicos
Agrícolas que iam para avaliar os ensaios,
sempre recebidos com a grande bondade do Dr.
Japyr. Cita-se, ainda, em Varre-Sai, o campo
experimental destacado pelo Sr. Frilson e a
Fazenda Panorama. Na Zona da Mata entrou na
colaboração, com ensaios de variedades e de
controle químico de doenças, o sítio Batatal, do
colega A. E. Miguel. Dali e das sementes
cedidas a seu cunhado, em Viçosa, surgiu o
híbrido 785, hoje, após várias seleções da
cultivar 785/15.
Em Capelinha, no Jequitinhonha, o
pioneiro, cafeicultor Walter Palmeira, doou uma
á r e a o n d e f o i i n s ta l a d a a F a z e n d a
Experimental, o mesmo ocorrendo em Santo
Antonio do Amparo, cuja área experimental foi
doada por um grupo de cafeicultores.
Infelizmente essas duas áreas foram
desativadas logo após a extinção do IBC.
No Paraná o colega Kaiser contava com a
colaboração da Fazenda Santa Elide e da
Fazenda do Sr. Wilson Baggio, ali sendo obtido
o híbrido que deu origem ao Acauã, cruzamento
do Catimor 1668 e o Mundo Novo. Também a
Cia Melhoramentos Norte do Paraná
cedeu área para estudo de nematóides.
Colaboradores do presente
Desde meados da década de 1990 e
na década de 2000 era preciso preservar o
trabalho, após e extinção do IBC e até que
se organizasse um novo sistema de apoio
à pesquisa cafeeira. Muitos
pesquisadores, abnegados, que faziam
seu trabalho com paixão, mas sem
recursos, buscaram, então, contar com a
colaboração de produtores e campos
experimentais privados, para continuar
com seu trabalho, em largo período, sem
REPORTAGEM
nenhum gasto para o governo.
Foram, assim, implantados os campos
experimentais e ensaios até hoje ativos e de
grande utilidade para apoio à pesquisa.
Em Minas Gerais, na Zona da Mata foi
implantado o CEPEC, em Martins Soares, em
1994, e de lá já resultaram, em 10 anos, mais de
200 trabalhos publicados. Logo depois, no
Cerrado, em Patrocínio e Coromandel, eram
implantados os campos “Pioneiros do Cerrado”
de José Carlos Grossi e do Sítio São João, do
colega Maurício Bento da Silva, com alguns
ensaios também em Varjão de Minas, na
Fazenda do Sr. Décio Bruxel. Ali tem sido
possível, com o forte ataque de bicho-mineiro,
selecionar as melhores plantas da Cultivar
Seriema, sem falar em outros materiais com
grande potencial que vem sendo
selecionados.Também em Patrocínio está
sendo multiplicado e plantado com sucesso, o
material de Catimor 1669-13, o item IBC 12.
No Sul de Minas destacamos a
colaboração do Sítio São Paulo, em Elói
Mendes, do colega Saulo Almeida, verdadeiro
cobaia para seu próprio veneno, plantando e,
muitas vezes, tendo de arrancar, depois,
materiais que se mostram promissores. Dali
saíram seleções de Seriema como a 4/36, a
linhagem 6/30 de Catucaí, e vários híbridos
naturais, agora em estudo na Fazenda
Experimental de Varginha.
No Vale do Rio Doce, em Mutum, é
importante ressaltar a colaboração da Fazenda
Ingá e do Sr. Geraldo T. Siqueira, onde são
REPORTAGEM
desenvolvidos trabalhos com o café
conillon e com a adaptação de variedades
arábica em região quente.
Também em Minas, em uma região nova,
no Vale do São Francisco (Alto e médio), em
Pirapora, um novo campo foi implantado em
2002, na Agropecuária São Thomé, recebendo
do grupo controlador da Empresa, o nome de
campo Experimental J. B. Matiello. Ali vem
sendo estudadas as variedades com adaptação
ao clima quente, sistemas de plantio,
arborização, sistemas de irrigação e outros.
Em São Paulo, na Bahia e em Minas
Gerais, o colega Santinato, grande entusiasta
do café e da pesquisa, contribuiu para implantar
quatro Campos Experimentais. O primeiro em
Espírito Santo do Pinhal SP, em convênio com
o Colégio Agrícola local, denominado Campo
Experimental Alcides Carvalho, o segundo em
Franca - SP. Na Bahia, de enorme importância
tem sido a terceira área, o campo experimental
“João Barata”, na Agronol e outros agregados
(Agribahia, Polleto e outros), com apoio da
AIBA. Ainda na Bahia citam-se os bons
trabalhos de adaptação de variedades e
controle de Phoma que vem sendo executados
com apoio no campo da Fazenda Viçosa, em
Barra do Choça, de propriedade do colega
Gianno Brito. Ele tem os cultivares Catucaí 2SL
e Acauã e vários outros híbridos em estudo.
O quarto campo encontra-se em Carmo do
Paranaíba, com bons resultados obtidos em
convênio com a Assocafé, depois com o grupo
Veloso e com o colega Enivaldo Pereira, mais
conhecido como Piolho.
No Paraná tem sido importante a
05
colaboração do colega Francisco Barbosa, com
vários campos de variedades em sua
propriedade em Ibaiti, onde foram selecionados
os materiais de Eparrey (Icatu X Acaiá) e do
Catimor Amarelo.
No Espírito Santo duas áreas de
experimento com variedades de café estão
implantas nas propriedades dos colaboradores
José Stockl e Cezar Krholing.
E o trabalho não pára de crescer. Agora
em março foi inaugurado um novo campo, em
Araxá
MG, da Cooperativa local, a ser
conveniado com a Fundação Procafé. É o
caçula, que parte com muitos ensaios já
instalados.
Finalmente, agradecemos a todos esses
nobres colaboradores citados e a outros que,
talvez, tenhamos esquecido. Não é justo deixar
de citar e agradecer, também, alguns dos
Técnicos que colaboraram ao lado das
Instituições, dando prioridade, por méritos e por
antiguidade, àqueles mais velhos, alguns já
retirados e outros teimando na luta. São eles os
colegas: No ES: Adelso, Altair, Zito, Irajá e
Hikoto. Em Minas: Kepler, Eure, Miguel, Jairo,
Astórico, Santinato, Stevanato, Josué, Ubiratan,
Oswaldo, Carlos, Saulo, Arisson, Wander,
Mauricinho e Álvaro. Em São Paulo, novamente
Santinato, Durval e Wantuil. No Paraná:
Barbosa, Kaiser, Eugênio e Francisco Carneiro.
Na Bahia: Santinato, Geraldo, Cezar, Zé do
Espírito Santo e Gianno. No Estado do Rio:
Ramiro, Danilo e Ferreira. Na coordenação, o
colega Matiello.
06
COMO VAI VOCÊ
HÉRCULES, SUA FORÇA ESTAVA NO COMPANHEIRISMO
O Eng. Agrônomo Hércules Mariani
Oliveira Xavier é o nosso personagem da coluna
neste número, pois nós, seus colegas antigos,
estávamos querendo saber como vai você, como
está sua vida de aposentado. Como vai seu
sofrimento torcendo pelo Vasco. Como está sua
saúde após o susto do coração, e agora, é claro,
tendo de abandonar a barriga de chope.
Hércules é formado pela UFRJ, em 1961.
Logo entrou para o IBC, na sede do Rio de Janeiro,
onde sempre trabalhou até sua aposentadoria, em
1990. Na sua carreira no IBC ocupou vários cargos,
como chefe do Departamento de Assistência à
Cafeicultura e diretor substituto da Diretoria de
Produção da Autarquia.
Sua maior qualidade sempre foi a
camaradagem com que tratava todos seus
companheiros. Sua risada era bem conhecida entre
todos.
Em suas inúmeras viagens, coordenando
trabalhos da equipe do IBC, nos vários estados
cafeeiros, sempre teve um carinho especial com o
Paraná, estado onde até se aventurou, por pouco
tempo, a adquirir terras para plantar café. Lembrase, lá em Iretama. Logo, a geada fez ele e outros
sócios, desistirem. Mas de lá sempre teve bons
amigos citando-se, os companheiros Hélio Rufino,
Silvano Loures, Caleffi, Emilton, Barbosa, Swarça
e outros. Ali bem perto, em São Paulo, fica outro
grande amigo, o Guerreiro.
Nas viagens seu maior hobby era dirigir, o
que fazia muito bem, apesar de já ter dado algumas
batidas, o que é comum pelo excesso de confiança
do motorista.
Sendo dos mais antigos agrônomos do IBC,
Hércules ajudou a selecionar e formar os novos.
Foi sempre um auxiliar nos programas de trabalho
do IBC - GERCA, desde a época da erradicação
(1966- 1967), passando pelo programa de
renovação (1979- 1985), o de controle da ferrugem
(1970-1975) o de recuperação de cafezais geados e
(1973-1976) e tantos outros que ajudou a executar.
Assim passou pelas chefias do Rittes, de Lazarini,
de José Maria Sebastião e de Paula Motta.
Após aposentar-se, Hércules divide a
moradia do Rio de Janeiro, com a casa, a chácara,
que foi de seu pai (também agrônomo) em
Seropedica, ali próximo à Universidade Rural. Há
três anos teve um problema de saúde, colocou
algumas pontes, mas tudo bem, está novo em folha.
Em contato mantido com essa reportagem mandou
um forte abraço a seus velhos amigos, dizendo que
tem muitas saudades deles.
Hércules, com sua barriga
e com sua esposa na
década de 90 e
atualmente, mais magro
após o susto.
Hércules
PESQUISANDO
07
CONTROLE DA CERCOSPORIOSE DO CAFEEIRO COM
FORMULAÇÕES DE COBRE E ADJUVANTES
J.B. Matiello e S.R. Almeida - Engrº Agrº e R.A. Ferreira Tec. Agr. MAPA/PROCAFÉ e
R.P. Camargo e G. D'Antônio - Engrº Agrº IBRA-Agrosciences.
ambos com o objetivo de maior retenção do fungicida
cúprico sobre a folhagem.
O estudo nas mudas foi adotado tendo em vista
duas razões: a maior uniformidade no ataque de
cercospora e maior precisão em sua avaliação e, a
grande lavagem que pode ocorrer sobre os fungicidas
depositados na superfície das folhas, pela irrigação
diária, assim possibilitando maior diferenciação no
efeito de adjuvantes e na dose/fonte de cobre.
O ensaio foi delineado em blocos ao acaso,
com 4 repetições, parcelas de 5 mudas. As mudas
foram mantidas em viveiro, sob pouca sombra, para
melhorar a condição de ataque.
Foram efetuadas 3 pulverizações, iniciadas em
20/04/2005 espaçadas de 20 dias, usando
pulverizador costal manual. Trinta dias após o
término das pulverizações efetuou-se a avaliação,
determinando-se a % de folhas com lesões de
cercóspora e o nº total de folhas nas mudas. Foi feita
análise estatística sobre os dados ( os de %
transformados em arc sen v%.), com a comparação
pelo teste de tukey a 5%.
A cercosporiose é uma doença que ataca,
principalmente, mudas do viveiro e plantas no
campo, quando sob stress, de seca, nutricional de ou
por alta carga. O seu controle químico é indicado
através de fungicidas protetivos, sendo mais usados
aqueles à base de cobre e, ultimamente, as
estrubirulinas ou suas combinações com outros
fungicidas.
No caso dos fungicidas cúpricos, o controle Resultados e conclusões:
eficiente é relacionado à cobertura da folhagem com
Os níveis de infeção por cercosporiose e o
um número adequado de partículas de cobre, de enfolhamento final nas mudas de café, do ensaio,
liberação gradativa.
estão colocados no quadro 1, ao lado dos tratamentos.
Os fungicidas a base de cobre normalmente
usados para controle à cercosporiose são produtos
contendo ativos como: oxicloreto, hidróxido, óxido
cuproso e calda bordaleza.
No presente trabalho objetivou-se estudar
doses de uma formulação de sais enriquecida de
cobre e cal e testar o efeito de adjuvantes no controle
da cercosporiose do cafeeiro.
Foi conduzido um ensaio na Fazenda
Experimental de Varginha-MG em condições de
viveiro, com mudas de café Catuaí no estágio de 2º-3º
par de folhas. Foram ensaiados 6 tratamentos, sendo:
2 doses de mistura de sais mais cobre e cal; o
oxicloreto de cobre a 0,4%, isolado ou combinado
com dois adjuvantes, o Amido-IBRA e o PVA-IBRA,
PESQUISANDO
08
Verificou-se que a infeção pela cercosporiose
subiu bastante, até 57% de folhas infectadas na
testemunha, sobrevindo desfolha, ficando as mudas
não tratadas com somente 2,1 folhas/muda.
A análise estatística mostrou diferenças
significativas para os dois parâmetros avaliados,
permitindo separar 3 grupos de eficiência. O
tratamento 4 foi superior e os tratamentos 2, 3 e 5
tiveram eficiência menor e, os tratamentos 1 e 6 não
foram eficientes.
Observou-se, assim, que a mistura de sais
enriquecida de cobre e cal melhorou a ação com a
elevação da dose, sendo comparável, na dose mais
alta, ao oxicloreto de cobre.
Quanto aos adjuvantes em combinação com o
oxicloreto de cobre, houve efeito positivo do uso de
Tratamentos
1 - Mistura sais /cobre IBRA – 0,22%
2 - Mistura sais /cobre IBRA – 0,44%
3 - Oxicl. de cobre (50% Cu) a 0,4%
4 - Oxicl. de cobre + Amido-IBRA a 5%
5 - Oxicl. de cobre + PVA -IBRA a 5%
6 - Testemunha
Conclui-se que:
A formulação IBRA de sais enriquecida de
cobre e cal aumenta sua eficiência contra a
cercosporiose na medida em que se eleva a sua dose,
tendo ação comparável ao oxicloreto de cobre.
Entre os adjuvantes testados, a formulação de
Amido-IBRA, o que deve estar ligado à maior
distribuição e retenção de fungicida cúprico na
folhagem. Como as folhas das mudas tratadas com
cobre + amido sempre se apresentaram mais verdes é
provável que esse adjuvante tenha agido, também, de
forma paralela, surgindo, como hipóteses, a redução
da insolação sobre as superfície foliar e/ou o
fornecimento de substâncias nutricionais. Este
provável efeito complementar deve ser estudado
futuramente.
Quadro 1. Infeção por cercosporiose e
enfolhamento em mudas de café tratadas com
formulações de fungicidas cúpricos e adjuvantes.
Varginha-MG, 2005.
% de
folhas infectadas
52,3 c
34,0 b
29,6 b
15,7 a
34,7 b
57,1 c
Enfolhamento
(nº médio de
folhas/muda)
2,1 c
4,5 a
4,1 ab
4,7 a
3,4 b
2,1 c
Amido-IBRA melhora a ação do oxicloreto de cobre
ou a condição das mudas, resultando maior eficiência
no controle da cercosporiose e no enfolhamento.
Há necessidade de novos estudos, também em
condições de campo, para avaliar melhor a ação do
amido.
NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DA MOSCA DAS RAÍZES EM
CAFEZAL NO SUL DE MINAS.
S.R. Almeida e J.B. Matiello - Eng. Agr. MAPA/PROCAFÉ; R.C.C. San Juan - Eng. Agr. Bayer CropScience.
A mosca das raízes dos gêneros Chyromiza e
Barbiellinea é uma praga que pode causar graves
prejuízos ao cafeeiro, dependendo da sua população,
variável conforme as condições ambientais na
lavoura e de acordo com o manejo fitossanitário
utilizado.
No presente trabalho objetivou-se
correlacionar o nível de infestação das larvas da
mosca à produtividade dos cafeeiros.
O ensaio foi conduzido em cafezal Mundo
Novo, espaçamento 3,8 x 1m, com 15 anos, decotado
há 3 anos. Foram usadas diferentes doses de
inseticida granulado de solo, para originar 3 níveis de
infestação, alta, média e baixa. Os tratamentos foram
aplicados em 2 ciclos, 2003/2004 e 2004/2005. Em
2005, efetuou-se amostragem de terra + raízes, com
PESQUISANDO
09
auxílio de cilindro de 15cm de diâmetro por 15
de profundidade. As amostras foram tomadas
distantes 20cm do tronco, dos 2 lados da linha. As
parcelas eram de 7m lineares, sendo tomadas 12
amostras/parcela.
A terra foi peneirada, para separação e
contagem das larvas que foram encontradas em
tamanhos variáveis a partir de 1,5mm de
comprimento. Em 2005 efetuou-se a colheita das
parcelas. Os dados de produtividade e de infestação
correspondentes, em parcelas enquadradas nos 3
níveis de ataque, encontram-se no quadro 1.
Tratamentos
1. Baixo controle ao Berne
2. Médio controle ao Berne
3. Alto controle ao Berne
Resultados e conclusões
Os dados do quadro 1 mostram os
resultados das avaliações de infestação e de
produção.
Verifica-se que, nos 3 níveis, a infestação
média foi de 2,8; 5,9 e 10,1 larvas por amostra.
Não se pode calcular, com a precisão necessária,
o número total de larvas por planta, com vistas a
quantificar o nível de dano correlacionado com a
infestação por planta.
Correspondente a esses níveis, os cafeeiros
produziram 38,0; 32,8 e 22,7 sacas/ha.
Observou-se que as perdas variaram de 14 a
40%, conforme a infestação foi controlada em
nível médio ou com baixo controle.
Concluiu-se que:
Níveis de infestação médio e altos, entre 6 a 10
larvas/amostra, levam a perdas significativas na
produtividade da lavoura.
A redução da infestação é viável com o uso de
controle adequado e sucessivo, com inseticidas de
solo.
Quadro 1. Tratamentos e resultados de produção
sob diferentes infestações da mosca da raiz do
cafeeiro. Elói Mendes-MG, 2005.
Nível de população de
larvas/amostragem*
(20.09.05)
10,1
5,9
2,8
Produção em 2005
22,7 (60%)
32,8 (84%)
38,0 (100%)
* Amostragem feita com auxílio de um trado em formato de cilindro com diâmetro de 15cm e profundidade de 15cm,
totalizando volume de 2,65 litros.
CONTROLE DE PHOMA/ASCOCHYTA EM MUDAS DE CAFÉ COM
APLICAÇÃO DE TRIADIMENOL VIA SOLO.
J.B. Matiello - Engº. Agrº. MAPA/PROCAFÉ e S.M. Mendonça - Engº. Agr°. e S.M. Filho e
A. Louback Téc. Agrº. CEPEC-Heringer e J.L. Freitas - Engº. Agrº. Bayer cropscience.
Na presente nota objetiva-se relatar o efeito
paralelo do Triadimenol, aplicado nas mudas, sobre o
controle da doença causada por Phoma/Ascochyta.
No período maio/junho de 2005, quando
ocorreu um forte surto de Phoma/Ascochyta no
CEPEC em Martins Soares MG, verificou-se que em
ensaio com aplicação de Bayfidan, as mudas tratadas
há 2 meses com Bayfidan, não apresentavam
PESQUISANDO
10
qualquer infeção pela doença, enquanto que
nas mudas da testemunha a infeção atingia as folhas
(47%) e as brotações novas.
A aplicação do fungicida Triadimenol
(Bayfidan) em mudas de café é indicada pelo seu
efeito hormonal, reduzindo o desenvolvimento
vegetativo e aumentando, bastante, as raízes finas das
mudas. Sua recomendação é feita à razão de 1,5
ml/100 mudas, irrigado, na fase do 3º - 4º par de
folhas, sendo absorvido pelo sistema radicular.
Sabe-se que os fungicidas triazóis, no geral,
não tem boa atividade contra Phoma/Ascochyta. No
caso do tratamento em mudas, 2 hipóteses podem
explicar a alta eficiência do tratamento com
Bayfidan. A 1ª pode ser devida à elevada
concentração que o produto mantém nas mudas,
devido à dose e à facilidade de absorção sob condição
de viveiro. A 2ª, a mais provável, deve estar ligada à
mudança hormonal provocada nas mudas. Verificase que as mudas com Bayfidan tem folhas de cor
verde clara e coriáceas, enquanto as da testemunha
são verde-escuras e mais tenras, mostrando maior
conteúdo de nitrogênio. Pesquisas devem procurar
esclarecer essas hipóteses, bem como estudar o efeito
do Triadimenol quando aplicado em mudas no pósplantio.
A importância dessa nova constatação está na
orientação da vantagem do uso do Triadimenol, com
prioridade, nas regiões mais frias e nos plantios de
inverno, onde ocorre Phoma/Ascochyta, que chega a
matar as mudas. Também, pode-se evitar problemas
que tem ocorrido em viveiros, com ataque de
Phoma/Ascochyta no caule das mudas, com
tombamento futuro no campo.
EFEITO DA DISTRIBUIÇÃO E DO ESPAÇAMENTO DOS SAQUINHOS
NOS CANTEIROS SOBRE O CRESCIMENTO E VIGOR DE
MUDAS DE CAFÉ
A.E. Miguel - Eng. Agr. MAPA, G.R.R. Almeida, Fundação Procafé, C.H.S. Carvalho, Embrapa Café.
As mudas de café de meio ano são formadas usandose saquinhos plásticos de 9 a 11cm de largura e 18 a
22cm de altura. Quando cheios com o substrato estes
saquinhos têm aproximadamente 7cm de diâmetro,
perfazendo uma densidade de cerca de 250
2
saquinhos/m de canteiro. Em viveiros pequenos
usados para a formação de mudas para replantio ou
formação de pequenas lavouras, onde não há
limitação de espaço, é possível que um maior
espaçamento entre as mudas no canteiro possa
proporcionar mudas maiores e mais vigorosas
assegurando maior pegamento após o plantio e
melhor desenvolvimento inicial das plantas. Este
trabalho estudou o efeito da distribuição e da
densidade de mudas no canteiro sobre o crescimento
e vigor de mudas de meio ano.
PESQUISANDO
11
Foi instalado um experimento no viveiro da
Fazenda Experimental de Caratinga, MG, onde foram
testadas sete maneiras de distribuir os saquinhos de
mudas de meio ano no canteiro, variando-se o
espaçamento entre mudas e o número de mudas/m2
(densidade). Utilizou-se o delineamento
experimental de blocos ao acaso com sete
tratamentos (Figura 1) e três repetições, com a
cultivar Catuaí. Ao final do experimento, seis meses
após a semeadura, os seguintes parâmetros foram
avaliados: altura de planta, diâmetro do caule,
comprimento da raiz, área foliar e peso da matéria
seca da planta.
das mudas não foram diferentemente afetados pelos
diversos tratamentos testados e a área foliar só foi
significativamente maior no tratamento 7, o qual tem
2
apenas 18 mudas/m (Tabela 1). O diâmetro do caule
foi proporcional à densidade de plantas no canteiro,
sendo maior no tratamento 7, intermediário nos
tratamentos 3, 4, 5 e 6 e menor nos tratamentos 1 e 2.
As plantas do tratamento 3 apresentaram maior
diâmetro do caule que as do tratamento 2, embora os
dois tratamentos tivessem o mesmo número de
mudas/m2 (150).
Resultados e Discussão
A altura e o comprimento do sistema radicular
xxxxx
xooox
xooox
xooox
xooox
xooox
xooox
xooox
xooox
xooox
xxxxx
1º
xxxxx
uuuuu
xooox
uuuuu
xooox
uuuuu
xooox
uuuuu
xooox
uuuuu
xxxxx
2º
x – Sacola com muda;
xuxux
xuoux
xuoux
xuoux
xuoux
xuoux
xuoux
xuoux
xuoux
xuoux
xuxux
3º
Figura 1. Esquema da distribuição e dos
espaçamentos das mudas de café utilizados nos
tratamentos avaliados.
xuxux
uuuuu
xuoux
uuuuu
xuoux
uuuuu
xuoux
uuuuu
xuoux
uuuuu
xuxux
4º
u – Sacola sem muda;
xxxxx
uuuuu
uuuuu
xooox
uuuuu
uuuuu
xooox
uuuuu
uuuuu
xooox
uuuuu
5º
uuxuu
uuouu
uuouu
uuouu
uuouu
uuouu
uuouu
uuouu
uuouu
uuouu
uuxuu
6º
uuuuu
uuxuu
uuuuu
uuuuu
uuouu
uuuuu
uuuuu
uuouu
uuuuu
uuuuu
uuxuu
7º
o – Sacola com muda avaliada
Tabela 1. Efeito da distribuição e da densidade das mudas de café no canteiro sobre alguns parâmetros de
crescimento.
Número
de
Tratamento
mudas/
m2
250
1
150
2
150
3
82
4
91
5
50
6
18
7
CV (%)
Altura
(cm)
Diâmetro
do caule
(cm)
Comprimen
to da raiz
(cm)
Área
foliar
(cm²)
16,42 a
15,82 a
16,94 a
17,79 a
16,58 a
15,72 a
16,66 a
7,8
3,06 b
3,37 b
3,60 a
3,94 a
3,85 a
3,70 a
4,25 a
5,9
19,08 a
19,90 a
16,58 a
20,33 a
19,36 a
18,88 a
16,54 a
11,6
2,19 b
1,90 b
2,15 b
2,78 b
2,52 b
2,48 b
3,69 a
13,2
Peso da
matéria seca
total
(gramas)
0,76 c
0,95 b
0,93 b
1,20 b
1,04 b
1,07 b
1,63 a
13,5
As médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
PESQUISANDO
12
Considerando o peso da matéria seca total
como o melhor parâmetro para avaliar o crescimento
e estimar o vigor das mudas, pode-se concluir que:
2
A utilização de 18 a 150 mudas/m de canteiro
proporcionou a formação de mudas mais vigorosas
quando comparadas com a densidade tradicional de
250 mudas/m2.
Em termos práticos, a utilização de 150
2
mudas/m de canteiro pode ser mais vantajosa que o
sistema tradicional de 250 mudas/m2, quando se
deseja formar mudas mais vigorosas ou em menor
tempo, destinadas a plantios pequenos e em pequenas
áreas e propriedades de natureza familiar.
EFEITO DE MÉTODOS DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM
UM LATOSSOLO VERMELHO DISTROFÉRRICO EM CAFEEIRO
ADULTO SOBRE OS INDICADORES FÍSICOS, QUÍMICOS E
BIOLÓGICOS DA QUALIDADE DO SOLO.
Elifas Nunes de Alcântara - Pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG/CTSM,
C.postal 176, 37200-000, Lavras, MG; Mozart Martins Ferreira - Prof. da Universidade Federal de Lavras, UFLA,
Depart. C. Solos, C.postal 37, 37200-000, Lavras, MG
A degradação do solo nos ecossistemas
agrários se tornou evidente e tem consistido em uma
preocupação constante, pois ela é produto do manejo
inadequado do solo. A presença da matéria orgânica
no solo é reconhecida como a chave da
sustentabilidade, pelas suas inúmeras influências
benéficas e essenciais nas mais diferentes
propriedades do solo, e a sua falta, além de outros
fatores, contribui diretamente para a degradação,
refletindo conseqüentemente na qualidade do solo
(Stevenson, 1986).
Em um solo agrícola, as alterações na
qualidade do solo e a sua degradação conforme
enfoca Lal 1988, 1993 e Reicosky et al 1995, é
resultante quase sempre de manejo que diminui o seu
potencial produtivo, o que constitui em uma grande
ameaça para a sustentabilidade agrícola. Segundo
Fernandes et al. (1997), o esgotamento da matéria
orgânica oxidável do solo resulta em drásticas
alterações físicas e redução na sua fertilidade. E de
acordo com Bollin e Cook (1993), o manejo do solo
só sustentável quando a sua qualidade é mantida ou
melhorada.
As diversas práticas de cultivo podem
influenciar diferencialmente as propriedades físicas
e químicas do solo, as quais podem ser minimizadas
de acordo com o método de controle das plantas
daninhas, (Alcântara e Ferreira, 2000).
Este trabalho tem sido conduzido por vinte e
nove anos e enfoca os efeitos da roçadeira, grade,
enxada rotativa, herbicida de pós e de préemergência, capina manual e testemunha sem capina
aplicados nas entrelinhas de um cafeeiro sobre as
propriedades químicas, físicas e biológicas de um
Latossolo Vermelho distroférrico.
Material e Métodos
Em uma lavoura estabelecida em 1974, em São
Sebastião do Paraíso, MG, na Fazenda Experimental
da EPAMIG com 3500 covas com a cultivar Catuai
Vermelho (LCH 2077-2-5-99), foi implantado um
experimento em 1977. O experimento foi instalado
em blocos casualizados, utilizando como tratamento,
o manejo das plantas invasoras nas entrelinhas do
cafeeiro, a grade, enxada rotativa, herbicida de pós e
de pré-emergência, capina manual e testemunha sem
capina, com três repetições, com a área da linha
mantida sempre limpa. Como herbicida de pósemergência tem sido utilizado o glyphosate, a 0,72
g/ha, e em pré-emergência o herbicida simazin +
ametryn, inicialmente como pó molhavel (PM) na
dosagem 2,4 kg/ha e posteriormente como solução
concentrada (SC) na dosagem de 1,24 kg/ha.
Os indicadores de qualidade física e química
do solo são avaliados através de amostras de solos de
coletadas na entrelinhas em duas profundidades de 0
PESQUISANDO
a 15 cm e de 16 a 30 cm, desde 1978 e a cada
dois anos incluindo 2004 e encaminhados ao
laboratório de solo do Departamento de Ciência do
Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Para a avaliação de qualidade biológica as amostras
foram colhidas apenas em 2003, e da mesma forma,
analisadas no laboratório de microbiologia da UFLA.
Os indicadores físicos que tem sido analisado
são: densidade do solo e de partícula, argila dispersa
em água, porosidade, estabilidade dos agregados,
teor de matéria orgânica; e os indicadores de
qualidade química são: pH, teor de potássio, fósforo,
cálcio, alumínio, saturação de alumínio, capacidade
de troca de cátions (CTC) efetiva, e CTC no pH 7,
além da soma e da saturação de bases; e para
avaliação. Para análise dos indicadores biológicos
foram colhidas amostras de solo na profundidade de
20 cm e avaliada no laboratório de microbiologia do
Departamento de Solos da Universidade Federal de
Lavras, a biomassa e a respiração microbiana em
2003.
Resultados
Com o passar dos anos observou-se no
tratamento com herbicida de pre-emergência, um
aumento da densidade do solo, redução nos teores de
argila dispersa em água, evidenciando uma erosão
laminar, um encrostamento superficial devido a
manutenção da superfície do solo sem cobertura
vegetal, e diminuição do diâmetro médio
geométricos, o que em outras palavras significa
desestruturação do solo, além de redução da
porosidade. Por outro lado, no tratamento sem capina
nas entrelinhas, verificou-se uma redução na
densidade do solo, conservação do nível de argila
dispersa em água, o que evidencia também que não
houve dispersão das partículas do solo, e o diâmetro
médio geométrico compatível com o observado na
mata nativa, mostrando portanto, uma reestruturação
do solo e aumento na porosidade.
Constatou-se ainda, um aumento no teor de
matéria orgânica no tratamento testemunha sem
capina alcançando valores próximos aos observado
na mata nativa. Da mesma forma os tratamentos com
roçadeira e herbicida de pós-emergência também
apresentaram melhorias nos indicadores físicos.
Atribuem-se essas melhorias à elevação do teor de
matéria orgânica ocorrido. Mostrando ainda que o
contrário ocorreu no tratamento com herbicida de
pre-emergência. Verificou-se também a formação de
13
uma camada adensada na profundidade próxima de
15 cm com o uso constante de enxada rotativa.
Ao longo destes 29 anos observaram-se
também melhorias nos indicadores químicos que
foram praticamente ligados ao aumento do teor de
matéria orgânica que variou de 2,10 a 2,18% no
tratamento com herbicida em pre-emergência de
1978 a 2004. O aumento do teor de matéria orgânica
apresentou uma correlação direta com os parâmetros:
pH, teor de fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca),
magnésio (Mg), CTC, soma e saturação por bases, e
uma correlação inversa com o teor e com o índice de
saturação por Al. A testemunha sem capina foi o tipo
de manejo que mais aumentou o teor de matéria
orgânica na entrelinha, demonstrando, por
conseguinte, grande melhoria na qualidade química
do solo.
Como relatado acima o uso de herbicida de preemergência praticamente não alterou o teor de
matéria orgânica em todo o período, por outro lado,
os métodos roçadeira e herbicida de pós-emergência
apresentaram uma supremacia sobre os demais
métodos, indicando que estes são os mais
apropriados quando se visa a sustentabilidade da
exploração. Estes resultados mostram que a melhoria
na qualidade química do solo depende diretamente
do aumento nos teores da matéria orgânica do solo.
As análises microbiológicas através da
avaliação da biomassa microbiana em µg de Carbono
por grama de solo, e a respiração em mg de CO2/ peso
seco por tempo de incubação em horas, Quadro 1.
mostra que o tratamento com herbicida de preemergência, também neste aspecto foi o que
apresentou menor valores nos dois parâmetros
avaliados. Por outro lado, o tratamento com herbicida
de pós-emergência foi o tratamento que além da
testemunha sem capina, sobressaiu sobre os demais
com o de maior valor tanto de biomassa como o de
respiração microbiana. Este resultado evidencia o
uso de herbicida de pós-emergência como o de maior
sustentabilidade entre os métodos testados.
Apesar dos resultados negativos sobre a
qualidade do solo, com relação ao uso de herbicida de
pre-emergência, observa-se que a produção não
reflete os resultados obtidos neste tratamento.
Observou-se ainda que a produção está diretamente
correlacionada com a manutenção do cafeeiro livre
de competição com o mato, principalmente durante o
período de com um déficit hídrico, que ocorre
geralmente durante os meses de abril a setembro.
PESQUISANDO
14
Tabela 1. Médias de biomassa em µg C por g de solo e
de respiração em mg CO2/ peso seco/tempo em horas
de incubação, do solo coletado no experimento de
avaliação de métodos de controle de plantas daninhas
em São Seb. do Paraíso, MG, 2003.
Métodos de
REFERÊNCIAS:
ALCÂNTARA, E. N.; FERREIRA, M.M. Efeito de métodos de
controle de plantas daninhas na cultura do cafeeiro (Coffea arabica L.)
sobre a qualidade física do solo. - R. Bras. Ci. Solo, 24:711-721, 2000.
BOLLIN, B.; COOK, R.B. The major biogeochemical cycles and their
interaction. New York: J.Wily & Sons, 1983. 532 p.
FERNANDES, la.; Siqueira, J.O.; Guedes, G.A. de A.; CURI, N.
Propriedades químicas e bioquímicas de solos sob vegetação de mata e
campo cerrado adjacentes. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.21, n.1,
p.58-70, 1997
LAL, R. Conservation tillage for sustainable agriculture: tropics versus
temperate environments, Advances in Agronomy, New York, v 42, p.
185-197, 1989.
LAL, R. Tillage effects on soil degradation, soil resilience, soil quality,
and sustainability Soil & Tillage Research, Amsterdam, v127, n1/4, p
1-8, 1993.
SEVENSON, F.J. Cycles of Soil-Carbon, nitrogen, phosphorus, sulfur,
micronutrients. - New York: J. Wiley & Sons, 1986. 380 p.
Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste Duncan a 5%.
REICOSKY, D.C.; KEMPER, W.D.; LANGDAL. E.G.W.;
DOUGLAS, Jr., C.L.; RASMUNSSEN P.E. Soil organic matter
changes resulting from tillage and biomass production. Journal of Soil
and Water Conservation, Ankeny, v.50, n. 3, p 253-261, 1995.
EFEITOS DA DESFOLHA FÍSICA EM CAFEEIROS CULTIVADOS COM
IRRIGAÇÃO SOB PIVÔ LEPA NAS CONDIÇÕES DO OESTE DA BAHIA
R. Santinato - Engº Agrº MAPA PROCAFÉ; J. O. E. Santo - Engº Agrº Grupo L. Castilho; A.L.T. Fernandes Eng. Agr. Dr. Engenharia de Água e solo e Prof. UNIUBE; W.V. Moreira¹ e E. M. Figueredo Téc. Agrícola FUNDAÇÃO BAHIA e M. A. Alvarenga - Téc. Agrícola SEQUERO Comercial Agrícola,
É do conhecimento geral que as desfolhas no
cafeeiro, sejam por efeitos de doenças, de pragas ou
por motivos físicos, reduzem a produtividade, da
safra pendente e da próxima, sejam elas ocorridas na
pré ou pós-florada e até mesmo na granação. Miguel
et al. demonstraram perdas de até 70%, com
desfolhas físicas de 100%. Inúmeros trabalhos de
pesquisa demonstram reduções de até 30% com
desfolha pela cercosporiose e até 80% com desfolhas
pela ferrugem e também pelo bicho mineiro.
No Oeste baiano, têm ocorrido desfolhas mais
ligada a ataque intenso do bicho mineiro, com perdas
não visíveis de 5-10% até perdas elevadas de 50-70%
da produção do ano, e, também reduções
significativas de anos subseqüentes.
Mais recentemente, com o envelhecimento das
lavouras, a ferrugem passou também a ser um fator de
desfolha em circunstâncias mais localizadas, além da
Phoma/Ascochyta e Pseudomonas.
Com objetivo de avaliar estas perdas, instalouse o presente trabalho em lavoura de Catucaí 785-15
com 2,5 anos por ocasião da segunda safra na
Fazenda Agronol, em Luis Eduardo Magalhães-BA.
Utilizou-se o delineamento experimental de
blocos ao acaso, com 4 repetições em parcelas de 06
plantas úteis. Foram avaliados 6 tratamentos, com 0 12,5 - 25,0 - 50,0 - 75,0 e 100% de desfolha das
plantas na pré e pós florada. Foi realizada a desfolha
manual e para cada 8 folhas retirava-se 1 (12,5%); 2
(25%); 4 (50%); 6 (75%) e todas para 100%,
procurando uma retirada alternada das folhas tanto
para os ramos, quanto para os lados da planta.
Resultados e conclusões:
No quadro 01 estão reunidos os dados de
produção em sc. benef. /ha da 1ª e 2ª safra, bem como
suas médias para desfolha em pré (agosto) e pósflorada (outubro), e a geral das duas épocas.
PESQUISANDO
15
Quadro 1 - Produções em sc. benef. /ha na 1ª e 2ª safra após a desfolha:
Desfolha em %
Analisando a 1ª safra, observamos perdas de
10 a 80% quando a desfolha ocorre em agosto na
pré-florada, 11,4; 20,4; 24,3; 32,5 e 77,2 sc. benef.
/ha, respectivamente para 12,5; 25; 50; 75 e 100%
de desfolha.
Já na desfolha de pós-florada (outubro) as
perdas vão de 11 a 47%, com perdas de 10; 17,2; 23,3;
24,7 e 43,3 sc. benef. /ha, respectivamente para 12,5;
25; 50; 75 e 100% de desfolha.
Na análise da 2ª safra, verificamos que ocorreu
a recuperação das plantas, inclusive a de 100% de
desfolha (80% mais café que a testemunha) para
desfolha de agosto ou pré-florada. Na pós-florada o
comportamento é similar com recuperação das
plantas até 72%, mesmo na desfolha de 100%.
Ao considerarmos as médias, melhor
visualizadas nos gráficos 1 e 2, verificamos que
mesmo com a recuperação vegetativa na 2ª safra, a
média dos dois anos indica perdas consideráveis de
até 30% quando a desfolha é feita na pré-florada. Se
observarmos a média geral, sem considerarmos as
épocas de desfolhas, verificamos perdas de 11 a 13%,
para desfolhas leves (12,5 a 25%) e de 19 a 23% para
desfolhas mais intensas (50 a 100%).
Com estes resultados pode-se concluir que
para a região do Oeste da Bahia:
A desfolha afeta mais a produtividade quando
ocorre na pré-florada (agosto), havendo perdas em
qualquer desfolha (de 12,5 a 100%) que são de 10, 21,
25, 31 e 81% na 1ª safra. Na 2ª safra ocorre
recuperação vegetativa e produtiva, porem abaixo da
média da testemunha (sem desfolha) com perdas
respectivas de 12, 16, 27, 18 e 30% na média das duas
primeiras safras para 12,5; 25; 50; 75 e 100%;
A desfolha na pós-florada (outubro) também
causa perdas de safras similares à pré-florada, porem
de menor valor (47%) para desfolha de 100%, isto se
deve provavelmente a indução de folhas ao invés de
flores na desfolha de pré-florada. Na desfolha de pósflorada (outubro) a recuperação para a 2ª safra é
maior;
Em qualquer situação, na média da pré e pósflorada, a desfolha causa perdas de produtividade de
11 a 13% e 19 a 23% respectivamente, em relação aos
índices de 12,5 a 25% e de 50 a 100%.
Gráfico 01 e 02 - Perdas nas produções na desfolha de pré e pós-florada:
Gráfico 02 - Desfolha na pós-florada (outubro)
100
Sacas beneficiadas por
hectare
Sacas beneficiadas por
hectare
Gráfico 01 - Desfolha na pré-florada (agosto)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Test
12,5
25
50
75
% de desfolha
1ª Safra
2ª Safra
Média das duas Safras
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Test
12,5
1ª Safra
25
50
% de desfolha
2ª Safra
75
Média das duas Safras
100
PESQUISANDO
16
PARTIÇÃO DE MATÉRIA SECA EM CINCO GENÓTIPOS DE CAFÉ
DURANTE A ÉPOCA DE FORMAÇÃO DOS FRUTOS.
C.H.S. Carvalho, Embrapa Café; J.M.A. Mendonça, G.R.R. Almeida, A.L.A. Garcia, T. Souza (Fundação Procafé).
A seca de ramos, morte de raízes e o
depauperamento precoce é um dos problemas mais
graves enfrentados pelos melhoristas de café para o
desenvolvimento de novas cultivares. A perda de
vigor do cafeeiro não depende de apenas uma causa,
mas é a resultante de um conjunto de tensões do
ambiente e da própria planta. Um componente é a
predisposição genética ao depauperamento, como no
caso de várias progênies derivadas de Catimor. A
causa fisiológica mais associada ao depauperamento
é o esgotamento energético progressivo dos cafeeiros
ao longo dos ciclos de alta produção de frutos. A
supercarga é a situação em que a área de folhas
disponível na planta não é suficiente para alimentar
os frutos que estão se desenvolvendo, principalmente
com carboidratos já que a causa principal da perda de
vigor é o descompasso entre a demanda de
carboidratos pelos frutos e a sua produção pela
fotossíntese.
O conhecimento do grau de
susceptibilidade de diferentes genótipos à seca de
ramos parece ser um componente importante para
amenizar este problema. Este trabalho foi elaborado
como objetivo de estudar a partição de matéria das
raízes, caule, ramos, folhas e frutos de genótipos com
diferentes graus de susceptibilidade à seca de ramos,
a fim de estabelecer critérios para a seleção de plantas
menos sensíveis à seca de ramos e ao
depauperamento precoce.
Foram instalados dois ensaios: No ensaio Nº 01
foi avaliado o peso da matéria seca das folhas, frutos,
caule, ramos, raízes finas (< 3mm de diâmetro) e
raízes grossas (> 3mm de diâmetro) das progênies
Sabiá Precoce 417 e Sabiá Médio 708 e do Catuaí
Amarelo IAC 62, nos meses de novembro (1) de 2004
e fevereiro (2), maio (3) e julho (4) de 2005, através
do arranquio de plantas de 2,5 anos de idade. Em cada
arranquio foram avaliadas três plantas de cada
genótipo. As progênies Sabiá são descendentes de
um cruzamento entre Catimor 386 e Acaiá e são
consideradas susceptíveis à seca de ramos. O Catuaí
foi incluído como referência por ser considerado
pouco susceptível à seca de ramos. No ensaio Nº 02
também foi avaliado o peso da matéria seca das
cultivares Catucaíaçu (susceptível à seca de ramos) e
Catucaí 19/8 (pouco susceptível à seca de ramos), de
3,5 anos de idade.
Resultados e Discussão
Em novembro, no início da formação dos
frutos, o sistema radicular representava 25,0% e a
parte aérea (caule, ramos, folhas e frutos) 75,0% da
matéria seca total das plantas com 2,5 anos de idade
(Tabela 1 e Figura 1). Durante o desenvolvimento dos
frutos houve um aumento gradativo da relação parte
aérea/sistema radicular e em julho, na época da
colheita, a parte aérea representava 91,7% e o sistema
radicular apenas 8,2% da matéria seca total. Esta
variação deveu-se principalmente ao aumento de
matéria seca dos frutos, que em julho passaram a
representar 45,3% da matéria seca total da planta.
Estas alterações aconteceram com igual intensidade
nas progênies Sabiá e no Catuaí, sugerindo ocorrer
quando o dreno de fotoassimilados provocado pelos
frutos for muito forte. Os pesos das matérias secas do
caule, ramos plagiotrópicos e folhas também
aumentaram durante o período de formação dos
frutos, mas em menor intensidade (Figuras 2, 3, 4 e
7). A cultivar Catuaí apresentou maior peso de folhas
e de ramos plagiotrópicos secundários que as
progênies Sabiá. Nos três genótipos o peso das raízes
grossas permaneceu praticamente constante, mas
houve uma pequena redução na matéria seca das
raízes finas, provavelmente por morte (Figuras 5 e 6).
No período chuvoso, houve aumento das raízes finas
até o mês de fevereiro e então redução até o final da
formação dos frutos (julho). A progênie Sabiá
Precoce apresentou menos raízes finas que a Sabiá
Médio e que o Catuaí. Os três genótipos
apresentaram praticamente o mesmo peso em
matéria seca quando considerada a soma de todas as
partes da planta (Figura 9). Nos cafeeiros mais
velhos, com 3,5 anos de idade, foi observado melhor
balanço entre parte aérea e o sistema radicular, sendo
que em novembro as raízes representavam 45% da
matéria seca da planta e em julho, 21%. Após a
colheita a progênies Sabiá apresentaram 10% dos
ramos secos. Não houve seca de ramos no Catuaí.
PESQUISANDO
17
Tabela 1. Participação percentual das diferentes partes da planta na
composição do peso da matéria seca de cafeeiros com 2,5 anos de
idade, durante a formação dos frutos. Médias dos genótipos Sabiá 417,
Sabiá 708 e Catuaí.
Figura 1. Variação percentual do peso da matéria seca da parte aérea e
do sistema radicular de cafeeiros com 2,5 anos de idade, durante a
formação dos frutos. Médias dos genótipos Sabiá Precoce, Sabiá
Médio e Catuaí.
100,0
Parte da Planta
Folhas
Ramos
Caule
Frutos
Raízes
90,0
80,0
Jul
22,0
14,2
10,3
45,3
8,2
Figura 2. Peso da matéria seca das folhas de ramos plagiotrópicos
primários de três genótipos de café, durante a formação dos frutos.
70,0
60,0
%
Participação percentual.
Nov
Fev
Mai
38,0
35,3
28,3
18,5
14,3
14,0
16,1
9,5
12,1
2,4
25,1
34,5
25,0
15,8
11,1
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
Nov
Fev
Sistema radicular
Mai
Parte aérea
Jun
Figura 3. Peso da matéria seca das folhas de ramos plagiotrópicos
secundários de três genótipos de café, durante a formação dos frutos.
500,0
Pedo (g)
400,0
300,0
200,0
100,0
0,0
1
2
3
4
Época de avaliação
Sabiá Médio
Catuaí
Sabiá Precoce
Figura 4. Peso da matéria seca dos caules de três genótipos de café,
durante a formação dos frutos.
Figura 5. Peso da matéria seca das raízes finas (<3mm de diâmetro) de
três genótipos de café, durante a formação dos frutos.
160,0
140,0
120,0
100,0
80,0
60,0
600,0
400,0
Peso (g)
P es o (g )
500,0
300,0
200,0
100,0
40,0
20,0
0,0
1
2
3
1
2
3
4
Época de Avaliação
Sabiá Precoce
Catuaí
Sabiá Médio
4
Época de Avaliação
Sabiá Médio
Catuaí
Sabiá Precoce
Figura 7. Peso da matéria seca dos ramos plagiotrópicos de três
genótipos de café, durante a formação dos frutos.
700
600
300,0
500
200,0
Peso (g)
Peso (g)
Figura 6. Peso da matéria seca das raízes grossas (>3mm de diâmetro)
de três genótipos de café, durante a formação dos frutos.
400,0
100,0
400
300
200
0,0
1
2
3
4
100
0
Época de Avaliação
Sabiá Médio
Catuaí
Sabiá Precoce
Figura 8. Aumento da matéria seca dos frutos, durante o período de
formação, em três genótipos de café.
1
2
3
4
Época de Avaliação
Sabiá Médio
Catuaí
Sabiá Precoce
Figura 9. Peso da matéria seca total de plantas de 2,5 anos de idade de
três genótipos de café, durante a formação dos frutos.
PESQUISANDO
18
RESISTÊNCIA A PHOMA/ASCOCHYTA VERIFICADA EM CAFEEIROS
ROBUSTA
J.B. Matiello e S.R. Almeida - Engº. Agrº. MAPA/PROCAFÉ, S.M. Mendonça - Engº. Agrº., S.L. Filho e
A. Louback, Téc. Agrº. CEPEC/Heringer e C. Khrolling - Engº. Agrº.
A seca de ramos, causada em cafeeiros pelos
fungos Phoma/Ascochyta, é uma doença grave nas
regiões frias e úmidas, como as que prevalecem nas
altitudes elevadas e em faces marítimas, na zona de
cafeicultura de montanha, em Minas Gerais e
Espírito Santo.
O controle químico dessa doença é dificultado
pelo longo período de sua ocorrência, durante o ano,
sem época bem definida, bastando haver entradas de
frentes frias, com chuva fina, para a ocorrência de
surtos.
Deste modo, o controle genético, através de
variedades resistentes, seria muito vantajoso. Nas
pesquisas em andamento tem-se observado certa
tolerância à Phoma em cafeeiros de 2 linhagens de
Catucaí ( 2 SL e 20/15 cv. 479)
Na presente nota relata-se a observação, em
campo, no último ano agrícola, da ocorrência de
resistência a Phoma/Ascochyta, verificada em
cafeeiros robusta, em 3 localidades, na Zona da Mata
de Minas, no CEPEC, em Martins Soares e em
Marechal Floriano - ES.
No período maio a agosto de 2005, com a
umidade e o frio do inverno, houve forte ataque de
Phoma/Ascochyta no CEPEC, em Martins Soares,
onde existe um banco genético, com as diferentes
variedades e espécies de cafeeiros. Nesses campos de
variedades, foi observado que os cafeeiros robusta
não eram atacados pela doença, diferentemente dos
diversos cafeeiros arábica, muito atacados, ao lado.
Nos cafeeiros do robusta Apoatã não se
constatou qualquer ataque, parecendo haver
imunidade a Phoma/Ascochyta, enquanto nos
arábica verificou-se, em média, 37% de folhas
atacadas.
Outros robusta-Conillon, também
apresentaram resistência, porém algumas plantas
chegam a mostrar infeção pela doença.
Na espécie Coffea congensis também não se
constatou a doença.
No campo de Marechal Floriano, a observação
foi feita em uma plantação de Apoatã, com 200
plantas, ao lado do Catuaí. Ali, também, não foi
observada infeção por Phoma/Ascochyta no robusta
e, ao contrário, forte ataque no Catuaí.
Trata-se, assim, da primeira constatação de
fonte de resistência a Phoma/Ascochyta em
cafeeiros, que poderá ser aproveitada nos programas
de melhoramento genético. Essa ocorrência explica,
em parte, a tolerância de algumas linhagens de
Catucaí, pois em sua origem entrou o Icatu, que, por
sua vez, teve cruzamento com robusta, embora em
linhagens comerciais de Icatus não se tem verificado
tolerância.
A constatação efetuada abre campo para novos
estudos, visando conhecer melhor o mecanismo e a
herança da resistência.
19
RESPONDE
“Sou Engenheiro Agrônomo e cafeicultor em
Itaguassu ES. Reparei, nesse ano, que houve muito
ataque de fungos na florada e nos chumbinhos. Notei
menor ataque no Catucaí Amarelo. Como vocês
vêem essa constatação?”
Fabiano Tomazini, Itaguassu - ES.
Consulte pelo E-mail:
[email protected]
Outra observação foi feita no ensaio de
variedades instalado a 1.200m de altitude em Carmo
de Minas MG, onde se comparou a produtividade de
diversos materiais genéticos, colocando-se, aqui,
somente aquele que se destacou em relação ao padrão
Catuaí.
Coffea: Sr Fabiano: De fato sua observação
Nº de ramos Produtividade
atacados
Média de
confere com o que temos visto aí no seu próprio
Variedades
por
4 safras
estado, na região de Marechal Floriano, e na região
Phoma/pl
(Sacas/ha)
alta do Sul de Minas, onde duas linhagens da cultivar
Catucaí amarelo a 2SL e a 20/15 CV 479 tem Catucaí amarelo 20/15 CV 479
12,4
69,4
apresentado, nos ensaios, menor ataque de Phoma / Catuaí vermelho 144
29,5
53,4
Ascochyta e, em conseqüência, maior produtividade.
Veja-se o exemplo do ensaio em Marechal
Floriano onde se avaliou o número médio de frutos
Como se pode observar dos resultados, as duas
por roseta e a produção, na média de 3 safras. Os linhagens de Catucaí amarelo tem apresentado maior
resultados foram obtidos em comparação com a tolerância à Phoma/Ascochyta, fungos que causam
variedade Catucaí vermelho/81, sendo os seguintes:
sérios prejuízos, como os ocorridos nesse ano,
Número médio Produtividade sempre que ocorrem períodos de chuva fina e
de frutos
Média 3 safras continuada no período de pós-florada. As regiões de
Variedades
por roseta
(Sacas/ha)
altitude mais elevada e mais úmidas são as mais
problemáticas e, por isso, devem dar preferência ao
Catucaí amarelo 2SL
11,5
87
plantio do Catucaí amarelo.
Catuaí vermelho 81
8,0
71
20
RECOMENDANDO
CAFÉ CONILLON COM MAMÃO, UMA
BOA COMBINAÇÃO
J.B. Matiello - Eng. Agr. MAPA/Procafé; Consultor EMBRAPA/Café
Combinar culturas sempre é importante,
desde que haja vantagens técnicas ou econômicas,
com benefícios no conjunto.
Os principais pontos positivos da
combinação são: a melhoria do ambiente e a
redução de custos, com rendas adicionais. As
desvantagens são a concorrência entre culturas e
impedimentos nos tratos.
A boa combinação, assim, é aquela que
maximize os benefícios e minimize a concorrência.
Isso pode ser obtido com a escolha do cultivo a ser
associado na lavoura de café e com adequação do
manejo de ambos, sempre com a devida adaptação
às condições locais e regionais.
A combinação de cafeeiros Conillon com o
plantio de mamoeiros encontrou o equilíbrio
desejado e, por isso, ocupa vastas áreas da região
norte do estado do Espírito Santo.
Na combinação com o cafeeiro Conillon,
usada na região norte do Espírito Santo,
especialmente nos municípios de Linhares, São
Mateus, Pinheiros, Pedro Canário e outros
vizinhos, o café vai ser a cultura permanente e o
mamão a temporária.
O sistema é recomendado assim: planta-se os
mamoeiros no espaçamento de 3 a 3,5m entre
linhas por 1,5 a 2,0m, na linha.
Quando as plantas de mamão estiverem com
6 a 8 meses, planta-se as mudas de café nas mesmas
linhas, intercalando-se no espaçamento de 0,75 a
1,5m entre elas. Deste modo as plantas de café vão
tirar proveito da sombra do mamoeiro, o que é
muito útil no pegamento e desenvolvimento inicial
do cafeeiro. Vão usufruir, ainda, da adubação de
fundação (com muito fósforo) e das coberturas
efetuadas para o mamoeiro. Vão, também,
aproveitar a água de irrigação, que ultimamente é
Sistemas indicados
mais comum através do gotejamento.
O mamoeiro é uma planta explorada de
Na medida que os mamoeiros vão ficando
forma temporária, normalmente cultivada até os improdutivos, passa-se, então, a cortar as plantas
2,5 anos de idade, quando a produção de frutos fica mais fracas e, gradativamente, elimina-se todas,
muito baixa.
ficando o cafezal formado, a custo praticamente
zero.
O erro mais comum cometido na combinação
é plantar os cafeeiros na mesma época de plantio
dos mamoeiros. Nessa condição, os cafeeiros
crescem estiolados, mais esguios e de tronco mais
fino. Ao mesmo tempo, eles estabelecem uma
maior concorrência com os mamoeiros e estes tem
seu desenvolvimento e produção prejudicados.
Outras variações que podem ser adotadas nos
sistemas de combinação dependem dos
espaçamentos dos mamoeiros. Alguns produtores
usam linhas duplas a 2m e uma rua larga com 3 a
3,5m. Outra opção é a de plantar os mamoeiros
RECOMENDANDO
mais espaçados, por exemplo 5 x 2m e
intercalar uma linha de cafeeiros que, nesse caso,
ficaria a 2,5 x 1m.
Variedades, custos e problemas
O mamoeiro é uma fruteira de grande
consumo, tanto no mercado interno como no
externo. No estado do Espirito Santo existem
grandes empresas exportadoras e os preços dos
contratos no mercado externo são bastante
atrativos, na base de US$ 0,50 o quilo.
A implantação da cultura do mamoeiro é
custosa, na base de R$ 8.000,00/ha e se pode
produzir 60 100 toneladas / ha.
As variedades plantadas são principalmente a
Sunrise solo (voltada para mercado interno) mais
conhecido como mamão papaia. Para o
mercado externo há maior aceitação da
Golden e, também, esta mesma variedade
com plantas de porte mais baixo (gran
Golden), facilitando a irrigação por pivôs
altos.
A variedade Formosa produz
mamões um pouco maiores, tem cor e
sabor mais pronunciados e se adapta ao
mercado interno, mas tende a se adequar
também à exportação, estando em
multiplicação a variedade Formosinha ou
Calimosa, com frutos menores. Vemos
como problema a instabilidade de preços
no mercado interno, para onde são
destinados os mamões menores ou fora do
21
padrão. Outro problema é o ataque de
pragas e doenças que, em certos casos,
exige muitos gastos em aplicação de
defensivos. No caso de ocorrência de
mosaico (por vírus) é preciso erradicar os
mamoeiros para evitar sua disseminação.
As tecnologias para cultivo do
mamoeiro ainda estão em
desenvolvimento, parecendo que muitas
práticas adotadas carecem de pesquisas
comprobatórias. Por exemplo, no gotejo
aduba-se todos os dias.
Para os cafeeiros, como já foi
relatado, os mamoeiros fornecem sombra
o que aumenta o ataque da ferrugem,
necessitando mais tratamentos com
fungicidas. O ideal seria usar clones tolerantes a
essa doença.
Os interessados que quiserem conhecer mais
sobre o cultivo do mamoeiro e sua combinação
com cafeeiros indicamos consultar os setores
técnicos de duas grandes empresas produtoras e
exportadoras, em Linhares - ES, a Caliman e a
Gaya.
Para finalizar essas nossas informações,
podemos adicionar que é possível usar, também,
combinações com cafeeiros arábica, já que, com
irrigação é possível cultivar cafeeiros de
variedades arábica em regiões de temperaturas
mais elevadas, onde o mamoeiro encontra
melhores condições para sua produção e para a
qualidade (doçura) dos frutos.
22
RECOMENDANDO
COMO IRRIGAR BARATO, COM
ASPERSÃO EM MALHA LARGA
J.B. Matiello Eng. Agr. MAPA / PROCAFÉ
A.L.T. Fernandes UNIUBE
A cultura do café vem, ano a ano, tendo aumento nas áreas irrigadas, devido aos deficits hídricos que
ocorrem de forma normal em áreas consideradas marginais pelo zoneamento agroclimático dessa lavoura e
que são aproveitados para o café, ou então, pela crescente freqüência de veranicos, que causam perdas mesmo
em áreas cafeeiras tradicionais e zoneadas como aptos para o café.
Por isso a adoção da irrigação vem sendo acompanhada de pesquisas visando determinar as melhores
condições para fornecer a água necessária para o crescimento e produção do cafeeiro, sempre buscando a
forma mais econômica.
A irrigação pelo sistema de aspersão em malha vem sendo adaptada para a cultura cafeeira,
especialmente para pequenos produtores. Ela foi objeto de boletins especiais e seu uso é crescente. Ocorre
que para projetos maiores há dificuldade no manejo e troca dos aspersores, devido ao elevado número por
hectare. Para a malha normal, no espaço entre aspersores de 16m a 18m por 16m a 18m são necessárias mais
de 30 deles por hectare.
Alguns projetos tem sido desenvolvidos para o uso de malha larga, com distâncias de 30m a 40m entre
aspersores, visando viabilizar seu uso em áreas maiores.
O que é a malha tradicional
A irrigação pelo sistema de malha tradicional
consiste em distribuir a água por tubulações de
pequeno diâmetro (1/2 a 3/4”), em redes com
aspersores trocáveis, sendo que apenas um deles
funciona de cada vez por rede. Esses aspersores são
3
de baixa vazão, normalmente de 1,5m
3
3m por hora e trabalham várias horas por
posição.
A maior dificuldade na
implantação é o elevado número de valas
a serem abertas, correspondendo a cerca
de 600 metros por hectare e, também, o
grande número de estacas de fixação que
se tornam necessárias. No seu manejo,
esse sistema dá mais trabalho na
mudança dos aspersores e, ainda, como
os jatos d'água são mais finos e leves há
tendência de maior deriva pelo vento.
A malha larga facilita
No sistema de malha larga, o
esquema é o mesmo adotado para a
malha tradicional. A diferença está no uso de tubos de
maior diâmetro, sendo o mais usado de 50mm. Com
isso, pode-se acoplar aspersores com maior vazão
3
3
(8m /h 12m /h) e que resultam em um diâmetro
malhado de 50m a 60m, podendo-se, então,
distanciá-los de 30m a 40m. Com isso emprega-se,
RECOMENDANDO
usualmente, cerca de 10 aspersores/ha,
diminuindo o trabalho na instalação e no manejo
do dia a dia.
Quanto ao custo, os dois sistemas de
malha são semelhantes e se igualam.
Atualmente, tem gerado despesas de R$
1.500,00 a R$ 2.000,00 /ha, ou seja, um custo
baixo em relação aos demais sistemas mais
duradouros, onde se enquadra o sistema de
malha, que bem manejada pode durar mais de 15
anos com pouca reposição.
23
O trabalhador se dirige para troca do aspersor.
Como implantar e operar
Para implantar a malha larga, o que é um
pouco mais difícil, e exige conhecimento de
hidráulica, o cálculo inicial é feito para
determinar a tubulação da adutora principal e dos
ramais de abastecimento da malha (seu diâmetro e a
pressão possível).
Também, nesse cálculo, chega-se ao conjunto
moto-bomba indicado, em termos de vazão e pressão
adequados, de acordo com o tamanho e
características (desnível e formato) da área a irrigar.
Com isso, na mão, o próprio produtor, com
poucas explicações, pode, ele e seus empregados,
montar a malha. Basta abrir valas nas distâncias
certas, colar e enterrar os canos e adaptar a subida
para os aspersores. Na malha longa é preferível já
deixar um registro de espera na subida de cada
aspersor, o que facilita a troca do aspersor e todo o
manejo da irrigação, pois caso se deseje irrigar à
noite, basta abrir e fechar registros, e nesse caso, nas
últimas horas do dia, se aproveita para já colocar os
aspersores nas posições que serão molhadas durante
Irrigação em malha-larga em área de café em formação,
protegido pelo milharal.
a noite. Nessa situação, deve-se, no entanto, dispor de
um número maior de aspersores.
No dia-a-dia a operação é simples, podendo-se,
mesmo, deixar em mãos de trabalhadores de pequena
especialização, visto que o próprio sistema mostra o
que deve ser feito. Pelo jato de água que sai do
aspersor pode-se ter uma idéia se está funcionando
bem. Se estiver fraco pode ser baixa pressão. Nesse
caso ou há problemas na bomba ou há excesso de
aspersores abertos naquela posição da área. Basta
então fechar alguns.
Para aferir melhor, basta estar munido de um
manômetro adaptado ao bocal de saída para o
aspersor. Deve-se, então, ajustar para 30 45mca, a
faixa ideal para operar com a malha, munida dos
aspersores indicados pelo projeto.
Escolha dos aspersores
Talvez o ponto mais crítico do sistema de
malha larga está na escolha de aspersores
adequados, os quais devem cobrir bem, com seus
jatos de água, a área de terreno deixada entre eles.
Pode-se contar com mini canhões ou
aspersores de duas saídas, de origem nacional ou
importados, esses últimos de melhor distribuição
de água, porém mais caros.
Os aspersores de duas saídas são mais
equilibrados e resultam em menor vibração no
terminal do tubo onde são conectados, levando a
um menor atrito do encanamento com a estaca de
sustentação. Existem várias marcas no mercado,
destacando-se duas que tem sido usadas com
sucesso: o aspersor asperjato modelo 600 S e o
Serinninger.
RESUMINDO
24
Extratos de Revistas Científicas nacionais e estrangeiras.
DETERMINAÇÃO DA INCIDÊNCIA DA MANCHA ANULAR EM RAMOS DE UMA MESMA
PLANTA DE CAFEEIRO EM DOIS ANOS CONSECUTIVOS.
Nesse trabalho foram marcadas 12 plantas, que
foram observadas nos anos de 2003 e 2004, na ocasião
da frutificação, para verificar se os ramos que
produziram frutos com sintomas, em um ano, também
apresentariam esse sintoma nos frutos no ano seguinte.
Foram marcados 7 ramos contendo frutos e folhas com
e sem sintomas para comparação e avaliação da
possível permanência do vírus nas proximidades do
local infectado.
Observou-se que na maioria das plantas
marcadas em 2004 não houve correspondência do
índice de incidência de mancha anular observado em
2003, ou seja, ramos com alta incidência da mancha
anular no primeiro ano às vezes não apresentaram ou
apresentaram uma baixa incidência dessa virose no ano
seguinte, enquanto que os que apresentaram baixa ou
nenhuma incidência mostraram uma alta incidência da
mancha anular, tanto nas folhas como nos frutos. Isso
sugere que o índice de incidência da mancha anular em
um ano não tem nenhuma influência sobre esse índice
no ano seguinte, o que significa que, mesmo que o vírus
permaneça nos ramos, provavelmente ele não é capaz
de se translocar, ainda que à curtas distâncias, para
infectar as folhas localizados nas pontas dos ramos,
onde acontecerá a frutificação do ano seguinte. Desse
modo, parece que a reinfecção da planta na estação
seguinte deve depender unicamente da presença de
ácaros virulíferos para reinocular os frutos e as folhas
mais novas. Novos estudos continuam em andamento
para melhor entender o desenvolvimento dessa doença
no campo.
GIRÃO, L.C.V.; FIGUEIRA, A.R.; ALMEIDA, J.E.M.
e ALMEIDA, R.V. in Anais do 30º CBPC, p.299, 2004.
TEOR DE LIPÍDIOS EM VARIEDADES DE CAFÉ ROBUSTA (COFFEA CANEPHORA).
Foram utilizadas quarenta e sete plantas pertencentes à
seis variedades de café robusta (C. canephora)
mantidas no Banco de Germoplasma do Centro de
Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do
Café ´Alcides Carvalho` do Instituto Agronômico em
Campinas- IAC/APTA.
Frutos de cada planta foram colhidos no estádio
de maturação cereja, descascados, lavados após a
fermentação e secos ao sol em plástico perfurado até a
umidade da ordem de aproximadamente 11%. Após
esse período, foram beneficiados e as sementes de café
cru foram moídas, peneiradas até o momento das
análises. Para a determinação dos lipídios utilizaram-se
aproximadamente 5 gramas de café cru moído. A
extração foi feita com cerca de 100 ml de éter de
petróleo, sobrefluxo durante 16 horas em aparato
“Butt”. A pesagem do material sólido foi feita após
secos durante uma noite em temperatura ambiente e por
durante 30 minutos em estufa a 105º C. A concentração
de lipídios foi calculada pela diferença entre a massa de
café inicial e a desengordurada seca durante 30 minutos
e 1 hora em estufa à 105º C.
De acordo com os resultados obtidos, a
variedade Robusta, apresentou, em média, a maior
concentração de lipídios, com 10,91% e amplitude de
variação de 20,11%, concordando com os resultados
encontrados na literatura.
As variedades Apoatã, Bukobensis, Laurentii e
Guarini caracterizaram-se por apresentar teores
intermediários entre as diferentes variedades
analisadas, com valores médios entre 9,07% e 9,44%. O
menor valor e o maior foram observados em cafeeiros
das variedades Laurentii e Bukobensis. Seus resultados
não puderam ser comparados com os dados de
literatura, pois a mesma carece de informações
relacionadas à elas. A variedade Apoatã apresentou teor
médio de lipídio igual a 9,36%.
Por outro lado, a variedade Kouilou ficou
caracterizada por apresentar o menor valor para a
característica, com teor médio de 7,33% e amplitude de
variação de 17,21%.
Esta baixa quantidade de lipídios encontrada
para a variedade Kouilou, se deve principalmente ao
fato dela pertencer à outra região de ocorrência. Os
resultados do presente trabalho destacam a diferença
em termos de lipídios da semente em cafeeiros robusta.
Os mesmos evidenciaram a existência de grande
variação para o teor de lipídios entre as seis variedades
de C. canephora estudadas, com valores de 7,33% a
10,91%, para Kouilou e Robusta.
AGUIAR, A.T.E.; SALVA, T.J.G.; FAZUOLI, L.C.;
FAVARIN, J.L. in Anais do 30º CBPC, in 30º CBPC,
p. 264-5, 2004.
RESUMINDO
25
APLICAÇÃO DE HERBICIDA EM LAVOURAS DE CAFÉ EM FORMAÇÃO.
O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência de
uma barra de pulverização com um protetor contra
deriva de um pulverizador de transporte animal, para
aplicação de herbicida não-seletivo, em lavouras de
café em formação (18 meses) Figura 1.
Foram utilizados bicos de pulverização de jato
plano e distribuição uniforme do tipo 80-EF-015, três
volumes de calda (110, 210 e 292 L ha-1) e duas doses de
-1
gliphosate (960 e 1920 g ha do ingrediente ativo (i.a)).
Dez espécies das plantas daninhas estavam presentes na
área experimental.
Todos os tratamentos apresentaram valores de
eficácia de controle de plantas daninhas na faixa de
plantio, superiores a 98%. O equipamento
proporcionou proteção total contra a deriva, não sendo
observado nenhum sinal de impacto de gotas da calda
na cultura, bem como não foi observado nenhum sinal
de toxicidade do herbicida até 30 dias após as
aplicações.
RODRIGUES, G.J.; TEIXEIRA, M.M.; PARANHOS,
F.C. in Anais 30º CBPC, p. 375-6, 2004.
CONTROLE DA MANCHA AUREOLADA (Pseudomonas syringae pv. garcae) ATRAVÉS DA
APLICAÇÃO DO PRODUTO HOKKO KASUMIN (Kasugamicina) EM CONDIÇÕES DE CAMPO NO
MUNICÍPiO DE PATROCÍNIO-MG.
O presente ensaio teve o objetivo de estudar a atuação do
produto Hokko Kasumin sobre o controle da doença
Mancha Aureolada e foi desenvolvido na Estação
Experimental da EPAMIG no município de
Patrocínio/MG entre 25/09/03 e 06/07/04. A cultivar
utilizada foi a Catuaí com idade adulta, plantada com
espaçamento de 2,40m x 1,20m. O Delineamento
experimental utilizado foi o de Blocos Casualizados
(DBC) com 6 tratamentos e 4 repetições. As parcelas
foram estabelecidas em 12 plantas, sendo a área útil 10
plantas. Os tratamentos com dosagens de 0,5; 1,0 e 1,5
litros de Kasumin/ha.
Para as aplicações utilizou-se um pulverizador
costal motorizado, com vazão de 500L/ha. Durante as
aplicações, utilizou-se um protetor de polietileno nas
parcelas de 3,0 m x 2,0 m, para evitar deriva dos
produtos.
Para as avaliações do efeito dos tratamentos
sobre a retenção de frutos foram marcados seis ramos por
parcela na altura do terceiro entre nó. Foram realizadas 5
avaliações foliares (50 folhas/parcela) no período de
abril a junho, estabelecendo-se o percentual de
ocorrência da doença.
Observou-se que os tratamentos iniciais
(setembro e outubro) foram fundamentais na
manutenção de índices significativamente mais
reduzidos da doença durante todo o período avaliado,
sendo que o tratamento com aplicações com o Kasumin
na dosagem de 0,5 L/ha durante um período mais
prolongado possibilitou a manutenção de índices
reduzidos da doença até o mês de junho, tendo
possibilitado o controle adicional da cercosporiose.
Os tratamentos com os produtos Kasumin
aplicados nas dosagens 0,5 e 1,0 L/ha previstos para o
mês de maio exigiram a aplicação anterior em fevereiro
tendo em vista os elevados níveis da doença registrados
na testemunha no mês de fevereiro.
Como a doença mancha aureolada interfere
fundamentalmente no pegamento de frutos, pode-se
observar que na primeira e segunda avaliações
novamente o tratamento com menor dose e 6 aplicações
foi o que promoveu o maior número de frutos, reforçando
novamente os comentários anteriores em relação a forma
e dosagem de aplicação.
Concluiu-se que o produto Kasumin promoveu
o controle eficaz da mancha aureolada em folhas e
promoveu uma maior retenção de frutos do cafeeiro no
município de Patrocínio/MG.
SILVA, A.C.; PEREIRA, M.C.; CLAFOUNT, S.M.,
ANGÉLICO, C.L. in Anais do 30º CBPC, p. 276-8, 2004.
PANORAMA
26
PESQUISAS COM DIVERSIFICAÇÃO VÃO BEM
São animadores os primeiros resultados
obtidos nos ensaios e campos de observação com
outros cultivos introduzidos para diversificação
nas propriedades cafeeiras.
Na Fazenda Experimental de Varginha a
combinação de café com erva mate, com Cedro
Australiano e com Gliricídea já mostra bom
potencial. As plantas vêm crescendo muito bem,
adaptando-se às condições de clima e solos locais.
Os cedros e as Gliricídeas já estão com quatro anos
e a erva mate com 2,5 anos.
No CEPEC, em Martins Soares, também a
erva mate está se desenvolvendo bem. Até já
fizemos alguns
Erva-mate na FEX - Varginha
chá mate bem
gelados, com as
folhas colhidas e
artesanalmente
torradas no forno
a gás da cozinha
da Fazenda. E
estavam muito
saborosos.
O plantio
do café com
cedro e com
bananeiras
também
está muito
bom, aos
três anos
de idade as
árvores
estão com
mais de
10m. de
altura e
com um
belo fuste. Parece que o cedro australiano se
desenvolve melhor junto com o cafezal, pois a
árvore é exigente em fertilidade e, então, aproveita
os resíduos de adubo da lavoura de café.
A maior surpresa, no CEPEC, a 740m de
altitude, está por conta dos cacaueiros. Tida como
uma planta que frutifica só em clima quente, ali a
regra vem sendo alterada. Aos 2,5 anos as plantas,
ainda muito jovens, já encheram seus troncos de
frutos de cacau, veja na foto.
A combinação de plantas perenes no cafezal
visa dar maior sustentabilidade à lavoura de café,
especialmente para a situação do pequeno
produtor. As novas pesquisas e observações são um
pequeno passo nessa direção. Muito mais deve ser
feito para atingir esse objetivo.
SEMINÁRIOS DE CAFÉ EM VÁRIAS REGIÕES
Quatro Seminários sobre cafeicultura foram
programados para o mês de março, atendendo
regionalmente ao interesse de fornecer e acumular
conhecimentos e experiências sobre os vários
aspectos da lavoura cafeeira.
De 15 a 17 de março ocorreu em Vitória da
Conquista, Bahia importante encontro de nível
nacional, patrocinado pela Assocafé, neste ano
destacando o 2º Encontro Nacional do Café
Conillon dentro do evento. De 22-24 de março
aconteceu o 10º Seminário de Cafeicultura de
Montanha em Manhuaçu-MG, patrocinado pela
ACIAM, e de 29 a 31 de março teve lugar o 7°
Seminário de Cafeicultura Irrigada, - Funcafé - em
Araguari-MG. De 19 a 20 de abril é em Luiz
Eduardo Magalhães-BA, o 4º Seminário sobre a
Cafeicultura no Oeste da Bahia, organizado pela
AIBA, o 7º Agrocafé.
Com uma melhora na situação de preços do
café, renova-se o ânimo do pessoal, dos produtores
e dos Técnicos. Os programas dos seminários
contam com debates, palestras, cursos e exposições
abrangendo temas de interesse em cada região. As
boas informações vão estar saindo desses
encontros. Cabe aos interessados aproveitá-las
para melhorar suas atividades no café.
PANORAMA
27
SECA PREJUDICA A GRANAÇÃO DOS FRUTOS DE CAFÉ
EM VÁRIAS REGIÕES
Várias regiões apresentaram um
período prolongado de estiagem entre
dezembro e fevereiro. Em algumas áreas
ficou até 60 dias sem chover. Em
conseqüência houve a ocorrência de
chochamento ou má granação dos frutos, o
que vai se refletir em quebras de produção.
Como se conhece, após a floração e
fecundação das flores, os pequenos frutos
começam a crescer. É entre 80 110 dias pósflorada que se concentra o período de
formação das sementes, conhecido pelo
nome de enchimento dos grãos. Quando
falta água nesse período é um desastre. As
reservas para a formação das sementes não
são ali acumuladas, devido à falta de
translocação (pela falta d'água). A princípio sentese, ao apertar os frutos, nas rosetas mais próximas à
ponta dos ramos, que a casca afunda, como se
tivesse ar dentro. Ao cortar esses frutos
transversalmente, com um canivete, vê-se,
realmente, que o tegumento da semente se encontra
muito delgado, e entre ele e a casca se nota um
espaço vazio. Com o passar do tempo, não
chovendo, o tegumento e toda a câmara do fruto
fica escura.
Ao pegar os frutos e colocá-los em um
recipiente com água eles bóiam em sua maioria.
Nesse ano, o fenômeno ocorreu em grande
escala no Leste de Minas, no Espírito Santo, na
Bahia e em parte do Triângulo e Sul de Minas.
Verificou-se que as lavouras novas, na 1ª e 2ª
cargas foram as que sentiram mais. Igualmente as
áreas com ataque de nematóides e nessas, as
variedades susceptíveis sempre mostraram-se mais
murchas do que as resistentes. Entre as variedades
também foi possível observar umas mais tolerantes
que as outras. Houve destaque para o Acauã e o
Seriema na Zona da Mata de Minas e na Bahia. Em
uma lavoura de 1ª safra no CEPEC verificou-se nos
frutos das seis últimas rosetas, 66% de chochos, o
que representa uma grande perda. As observações
estão em curso para determinar a
recuperação que possa haver na granação e
para determinar os melhores materiais
genéticos tolerantes. Com a retomada das
chuvas já foi possível observar recuperação
na granação dos frutos nas plantas e nas
áreas onde o problema ainda não era tão
severo. Áreas mais frias com menor stress
pela seca mostraram que frutos que boiaram
antes das chuvas (60-70%) se recuperaram e
agora as bóias ficaram reduzidas a 10-15%.
Nas áreas mais quentes, onde o stress foi
mais grave não houve recuperação. A
colheita e determinação do rendimento
coco/beneficiado é que vai dar o resultado
final.
PANORAMA
28
DIAS DE CAMPO JÁ MARCADOS EM VARGINHA
Serão realizados ser 24 e 25 de maio, os já
tradicionais Dias de Campo na Fazenda
Experimental do MAPA/Fundação Procafé em
Varginha, no Sul de Minas, para mostrar e divulgar
os novos resultados de pesquisas ali realizadas.
Nesse ano espera-se, como em 2005, mais de
700 participantes em cada dia, atendendo os
interessados de todo o Sul de Minas e também
Técnicos e produtores das regiões vizinhas, do
Leste de Minas e do Alto Paranaíba.
Serão demonstradas técnicas de combinação
de cultivos, superadensamento, podas, variedades
e nutrição.
O programa será brevemente distribuído.
Para maiores informações consulte o site:
www.fundacaoprocafe.com.br.
SERIEMA: CHEGAM OS CLONES E POR SEMENTE CHEGA-SE
A PLANTAS HOMOZIGOTAS
geração, em três plantas homozigotas para
resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem.
Sementes dessas plantas estão, agora, compondo
ensaios de competição visando aferir sua
capacidade produtiva.
Também, em outra linha de trabalho,
efetuou-se cruzamentos das melhores plantas de
Seriema com outros materiais resistentes à
ferrugem e de boas características de sementes,
como o Catucaí-açu, o Catucaí amarelo e o Acauã.
Esses híbridos estão com 2,5 anos e, no geral,
mostram altas produtividades iniciais, o que tem
sido uma característica encontrada somente em
algumas plantas selecionadas do material de
Seriema.
A perspectiva é de que dentro de três a quatro
anos se disponha de material de reprodução
(estacas, mudas e sementes) para distribuição em
escala para plantios comerciais.
Estão prontos os clones do material de
Seriema, que possui resistência ao bicho-mineiro e
à ferrugem na mesma planta. Em Varginha, na
Fazenda Experimental do MAPA/Fundação
Procafé serão adaptadas as mudas clonadas,
obtidas por embriogênese somática em meio
líquido, de plantas matrizes selecionadas,
dispondo-se de 2000 mudas de cada clone para os
testes finais de adaptação e produtividade.
Paralelamente, está sendo montado laboratório
para multiplicação do material que for aprovado.
Outra pesquisa complementar estuda a
multiplicação por sementes, a qual resultou na 5ª
PANORAMA
29
ZONEAMENTO FORA DE HORA
O zoneamento agroclimático realizado pela
UFV, para a cafeicultura em Minas Gerais, e que
deu origem a Portaria do MAPA recomendando a
não concessão de financiamentos nas áreas não
zoneadas é, no mínimo, defasado no tempo, para
não falar de suas bases científicas, também
completamente superadas pela evolução
tecnológica das duas últimas décadas.
Fora de hora, porque, na prática, já existe o
zoneamento, ou seja, todas as áreas são aptas desde
que com irrigação e com tecnologia. A menos que
se proíba irrigar café ou arborizar a lavoura, ou
plantar híbridos adaptados ou a plantar café
robusta.
As pesquisas disponíveis e as vastas áreas de
cafezais já exploradas, com lavouras altamente
produtivas, em regiões fora dos parâmetros
considerados no zoneamento, mostram que a
prática é mais importante que a teoria.
SUPERADENSAMENTO MOSTRA BONS RESULTADOS
Os novos trabalhos de pesquisa
buscando determinar as melhores
variedades e os espaçamentos mais
adequados para cafezais
superadensados, já estão mostrando os
primeiros resultados, os quais se
revelam bastante animadores. Nos
espaçamentos que comportam cerca de
30 mil plantas por hectare vem sendo
obtida uma primeira safra muito alta,
na faixa de 140-160 sacas/ha e na
segunda cerca de 100 sacas/ha. Aí,
então, planeja-se recepar e obter novo
ciclo de safras altas. Esse projeto vem
sendo realizado em três campos
experimentais, em Varginha (Procafé),
PANORAMA
30
em Martins Soares (CEPEC) e em
Pirapora (Agropec. São Thomé), nesta
última com irrigação. A pesquisa conta
com o apoio do CBP & D café. O melhor
espaçamento, até o momento, é de 1,30 x
0,25m e a variedade Catucaí está se
mostrando muito adequada. No mesmo
trabalho está sendo avaliado o
rendimento e a qualidade do café colhido
após o corte das plantas e a seca dos
frutos presos à própria planta do café. Os
níveis de produtividade obtidos em
média de 2 safras tem sido superiores a
130 sacas/ha.
PREÇOS BONS ATIVARAM NOVOS PLANTIOS DE CAFÉ
Faltaram mudas de café em quase todas as
regiões produtoras. Os preços das mudas subiram
até R$ 300,00 por milheiro, em conseqüência do
aumento de preços verificado no início de 2006.
Não deu para quem quis, assim diziam os
viveiristas satisfeitos. Pena que em algumas
regiões a estiagem veio logo após o plantio e houve
muita perda de plantas.
Os preços do café caíram um pouco, mas
ainda são atraentes para motivar novos plantios em
2006/07. Existem boas perspectivas para os preços
nas duas próximas safras, pois a oferta já está
bastante ajustada à demanda e os estoques não são
grandes.
As novas sementes de café estarão saindo a
partir de abril-maio. Aí pode-se ter uma melhor
idéia da continuidade do movimento de plantio
iniciado em 2005. O café não está sendo um bom
negócio, mas as outras culturas, a exceção da cana,
estão com preços baixos, em pior situação.
Deve-se refletir que grandes ampliações de
áreas cafeeiras exigem investimentos, nem sempre
garantidos por preços remuneradores quando as
lavouras estiverem produzindo. Mais vale, então,
recompor e melhorar as lavouras existentes, que a
curto prazo podem elevar a produtividade e as
safras, com investimentos menores.
31
ANÁLISE
AVALIAÇÃO DA EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES
PELO CAFEEIRO
J.B.Matiello, R.Santinato, A .W.R.Garcia e S.R.Almeida - Engos Agro. MAPA/PROCAFÉ
Quais os nutrientes que o cafeeiro precisa
para crescer e para produzir? Qual a quantidade
necessária nas diferentes fases de formação da
lavoura e nas plantas adultas? Para que esse
conhecimento serve, na prática da adubação?
Essas são perguntas que a pesquisa pode
responder, com boa margem de segurança. Dois
trabalhos mais recentes foram realizados, em
diferentes condições de lavoura, para determinar
quais e quanto de nutrientes a planta extrai e
acumula em suas diferentes partes e no que mais
interessa, na vegetação e na produção de frutos.
Esse conhecimento é, hoje, a base para indicar a
dosagem de adubação racional dos cafezais.
Pesquisas pioneiras
A 1ª pesquisa para determinar o conteúdo
nutricional do cafeeiro foi feita por Catani e outros
em 1967, em Piracicaba SP, que determinou, para
a variedade Mundo novo, em cafeeiros com 10
anos de idade, o teor de macro e micronutrientes
contidos nas várias partes da planta de café, no
tronco, ramos, folhas e frutos.
Em 1986 uma nova pesquisa foi
concluída em Varginha - MG, agora com
as variedades Catuaí e Mundo Novo e
para espaçamentos, na época, mais
modernos e sobre solos de cerrado, que
predominam na cafeicultura brasileira.
Os dados de extração de macro e micronutrientes, desde a fase inicial de campo
até o sétimo ano, com toda a etapa de
formação e mais quatro safras do
cafeeiro adulto, foram publicados por
Correa, Garcia e Costa (Anais 13º CBPC,
pg. 35).
Essa pesquisa, mais completa,
mostrou que na fase de formação do
cafeeiro as exigências nutricionais
aumentam, de forma quase geométrica, da muda
até a idade de 18 meses, sendo os nutrientes, nessa
fase, exigidos na seguinte ordem: N, K, Ca, Mg, P,
S, Fe, Mn, B, Cu e Zn. Dos 18 aos 30 meses, com a
primeira produção, que no ensaio foi em média de
15,8 sacas/ha (espaçamento 4 x 2,5m), a extração
observada manteve a mesma ordem para os
macronutrientes e se alterou ligeiramente para os
micro, o zinco sendo mais extraído que o boro e o
cobre.
Por ocasião da 1ª safra as exigências
aumentam muito, exigindo cuidados especiais,
visto que as plantas jovens dispõem ainda, de uma
pequena área foliar em relação à carga de frutos,
ficando mais sujeitas ao stress nutricional pela
carga.
Do plantio até os 30 meses, considerada a
necessidade para a formação do cafezal e a
primeira produção, foram necessárias, na média
das duas variedades, por planta, 62g de N, 58g de
K2O, 26g de CaO, 13g de MgO, 4,7g de P2O5, 1,9g
de S, 1,39g de Fe, 187mg de Mn, 132mg de Zn,
95mg de B e 92mg de Cu. Esses dados para os
32
ANÁLISE
principais nutrientes estão detalhados, ano a
Para a fase adulta do cafeeiro, a mesma
ano, no quadro 1.
pesquisa, cujos dados estão apresentados no
ANÁLISE
33
quadro 2, mostrou exigências diferenciais
para a vegetação e para a produção. A necessidade
para vegetação é maior nos anos de safra baixa,
enquanto as exigências para produção são maiores
nos anos de safra alta. Por isso, a retirada de
nutrientes, a cada ano, é relativamente constante,
não sendo proporcional à produção.
Na média de quatros safras e das duas
variedades, para uma produtividade média de 18,5
sacas/ha, foram necessárias, por planta e por ano,
123g de N e 104g de K2O, com variações anuais de
80-156g para o N e 70g a 180g para K2O. Para os
demais nutrientes, a exigência média anual foi de
56g de CaO, 35g de MgO, 12g de P2O5, 6g de S,
1,85g de Fe , 190mg de Mn, 185mg de Zn, 121mg
de B e 163mg de Cu. Isso resulta que, para cada
saca de café produzida, houve necessidade
(vegetação + produção) de 6,6kg de N, 0,6kg de
P2O5, 5,6kg de K2O, 3kg de CaO, 1,9kg de MgO,
0,3kg de S, 110g de Fe, 10g de Mn, 10g de Zn, 6,5g
de B e 8,8g de Cu.
Esses quantitativos tem sido a base para
calcular a necessidade das doses de adubação, é
claro, depois de considerar o aproveitamento deles
e levar em conta as disponibilidades existentes no
solo e outros aspectos de manejo do cafezal.
Novas pesquisas, em cafeeiros em renque e
irrigados
As regiões cafeeiras e os sistemas de plantio e
de manejo dos cafezais vem se alterando nas
últimas duas décadas. Foram incorporadas regiões
de temperaturas mais altas e o plantio
predominante é em renque, com cerca de 5000
plantas/ha. Muitas áreas são irrigadas, isto tudo
influindo no crescimento dos cafeeiros e na sua
produtividade.
Veja-se os exemplos da região do Oeste
baiano, onde no inverno as temperaturas médias
mensais se mantém acima de 19°C e, assim, as
plantas crescem praticamente o ano todo, enquanto
que nas regiões tradicionais ocorre uma fase de
quase repouso no inverno.
Deste modo, a pesquisa sobre as
necessidades nutricionais dos cafeeiros nessas
novas condições tem mostrado uma extração e
acúmulo maior de nutrientes.
Pode-se observar as diferenças nos
parâmetros de crescimento dos cafeeiros e de
acúmulo de massa seca em dois locais, em Carmo
do Paranaíba - MG (região mais fria) em relação a
Luiz Eduardo Magalhães (mais quente). Os dados
estão apresentados no quadro 3.
Quadro 3 - Parâmetros de crescimento de
plantas e de acúmulo de massa seca, em
cafeeiros catuaí/144, aos 27 meses de idade.
Carmo do Paranaíba e Luiz Eduardo
Magalhães/2005.
Características
LOCAIS
avaliadas
Carmo do Paranaíba
Luiz Eduardo Magalhães
1- Crescimento
Altura das plantas (m)
1,24
1,49
Diâmetro do caule (mm)
30,70
38,50
Nº de ramos plagiotrópicos.
58
84
Nº internódios totais
785
2602
Nº de folhas
1570
3208
Área foliar da planta (m²)
6,34
14,48
Comprimento da raiz principal (m)
1,02
2,42
Volume de raízes (m)
306
490
2- Peso da massa seca (g)
Folhas
319
719
Ramos
282
640
Caule
238
643
839
2062
Parte aérea total
Raízes
168
424
Total vegetação
1007
2426
Total de frutos
788
1815
Total da planta
1795
4241
Produção sacas/ha
33,8
73,8
ANÁLISE
34
plantio em renque, principalmente, em relação à
extração encontrada na condição de Varginha,
verifica-se que a necessidade é bem maior nas
regiões mais quentes e sob sistemas de plantio com
maior número de plantas/ha, e com irrigação, que
leva, também à produtividades maiores.
Deste modo, na fase de formação, esses
novos padrões de lavoura exigem maiores doses de
adubo, ajustadas a maior extração nutricional pelas
plantas.
Na fase adulta, as exigências de nutrientes
para cada saca produzida são semelhantes, nesse
caso, para as diferentes condições basta ajustar os
multiplicadores usados, com o uso dos níveis de
produtividade esperados.
Os resultados do quadro acima mostram um
acréscimo de duas a três vezes para o crescimento
observado no Oeste da Bahia.
O mesmo trabalho (Santinato 2005) avaliou a
extração dos diferentes nutrientes (macro e micro)
pelos cafeeiros na fase de formação, até a 1ª safra,
nas duas condições conforme dados do quadro 4.
Pode-se verificar que entre as duas áreas de
EXTRAÇÃO POR REGIÃO
N (kg)
P2O5
(kg)
K2O(kg)
Ca (kg)
Mg (kg)
S (kg)
Zn (g)
B (g)
Cu (g)
Mn (g)
Fe (g)
Co (g)
Mo (g)
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Carmo do Paranaíba
Luiz E. Magalhães
Quadro 4 - Extração de nutrientes pelo cafeeiro
Catuaí IAC 144 para vegetação e produção, no
Oeste da Bahia comparativamente com o
Cerrado Mineiro (3,8 x 0,5m, 5262 pl/ha,
(produção de 33,8 sc/ha para o cerrado e 73,8
sc/ha para o Oeste), na fase de formação até a 1ª
safra).
MESES DE IDADE em kg ou g/ha
0A6
7 a 18
19 a 27
1,80
47,00
149,90
6,40
77,00
491,20
0,05
2,00
10,10
0,16
3,00
23,40
0,80
29,40
160,80
2,70
58,80
392,10
0,40
14,80
27,10
1,40
24,10
179,10
0,30
4,00
13,70
1,00
7,30
36,80
0,05
3,70
8,80
0,40
8,90
22,80
1,00
34,90
128,50
6,20
79,50
303,00
0,90
28,30
78,90
4,40
102,90
282,50
2,00
46,80
133,60
4,30
91,20
291,60
6,20
119,60
693,00
13,80
384,10
1115,00
37,30
969,80
2898,60
288,70
1995,20
7219,60
0,05
1,40
4,30
0,10
2,70
11,40
0,03
1,40
3,30
0,09
1,70
6,90
ANÁLISE
35
COMPETITIVIDADE DA CAFEICULTURA
BRASILEIRA
J.B.Matiello
A cafeicultura brasileira vem apresentando,
ao longo dos anos, fases favoráveis, onde ocorre a
expansão das lavouras e fases desfavoráveis, com o
abandono e mal trato dos cafezais.
As safras brasileiras de café variam muito em
função desse movimento de expansão ou retração
nas lavouras. O país tem sido praticamente o único
que tem grandes variações em suas áreas cafeeiras,
apesar de ser considerado como um dos mais
competitivos no café.
É preciso, então, conhecer os problemas que
a lavoura cafeeira apresenta no Brasil e analisar os
fatores mais importantes na competição com
outros países. Um quadro demonstrativo dos
principais pontos positivos e negativos na
competição é aqui apresentado.
• Ambiente:
O ambiente compreende o clima e o solo.
Nosso clima não é o melhor para café. Muitas áreas
são sujeitas a geadas e a ventos frios e, pior, as
estiagens vêm se ampliando, fazendo com que haja
necessidade crescente de irrigação nos cafezais.
A cafeicultura brasileira é a única que utiliza
a irrigação em grande escala. Cerca de 300 mil
hectares recebem essa prática, que exige
investimentos e onera os custos de produção.
As condições climáticas desfavoráveis
afetam a produtividade média das lavouras e, em
conseqüência, resultam custos mais elevados.
Nossos solos são, em sua maioria,
naturalmente pobres ou empobrecidos pelo seu uso
anterior inadequado. Grandes áreas de cerrado,
Problemas técnicos
inférteis, recebem o maior contingente de cafeeiros
Para produzir café é preciso combinar três no Brasil. Elas exigem investimentos em correção
tipos ou grupos de variáveis: o ambiente, a planta e e adubações continuadas. Nas regiões que antes
tinham mata, planta-se o café em terras agora
o manejo.
ANÁLISE
36
esgotadas pelo seu uso, muitas exauridas
pelo próprio café.
Sabe-se que em nossos principais
concorrentes, como a Colômbia, a América Central
e o Vietnã, ocorrem chuvas até em excesso (mais
que 3.000mm). Os solos são de origem vulcânica,
profundos e férteis. A única dificuldade para
explorar as terras é a topografia mais acidentada
nesses países, como também nós possuímos cerca
de 40% das áreas em regiões de cafés de montanha.
Fatores
Clima para produzir
Qualidade do solo
Topografia
Densidade de plantio
Mecanização
Uso de mão de obra
Custo da mão de obra
Nível de tecnologia
Produtividade média
Qualidade do café
Custos de produção
Diversificação nas propriedades
Preços do café
Infra-estrutura
Diversidade de regiões
Política cambial
A única vantagem climática na cafeicultura
brasileira, é a de ter clima seco e frio no inverno, o
que facilita a colheita de uma só vez e favorece a
qualidade natural do café, sem necessidade de
despolpamento.
Brasil
+
+
++
+
+++
++
++
+
+
++
+
+++
+++
-
Quadro comparativo de fatores de
competitividade (positivos ou negativos) da
cafeicultura brasileira em relação aos nossos
principais concorrentes.
Colômbia e Centrais
+++
+++
+++
+
+
++
+++
+
++
++
-
Obs: Sinais de mais (+) são favoráveis na competição e menos (-) são desfavoráveis.
Vietnã
++
++
+
++
+++
++
+++
+
+
+
+
ANÁLISE
• Planta:
No Brasil possuímos as melhores variedades
de café, tanto de cafeeiros arábica como de robusta.
Dentre as variedades de café arábica, é
predominante o Catuaí, seguido do Mundo-Novo e
de novas variedades agora em distribuição. Esses
nossos materiais genéticos compõem grande parte,
também, da cafeicultura em outros países. Na
Colômbia e na América Central se planta mais a
variedade de origem do Catuaí, o Caturra, para nós
pouco vigoroso, embora muito produtivo e de boa
qualidade de frutos. Na Colômbia, ultimamente,
parte do Caturra foi substituído por um híbrido
entre esse e o híbrido de Timor (a variedade da
Colômbia).
No robusta, a variedade Conillon e seus
clones possuem alto vigor e elevada produtividade.
O Conillon é menos susceptível à seca e nele podese encontrar fonte de tolerância à ferrugem.
No programa de melhoramento genético em
execução, que pode ser auxiliado pelo projeto
genoma, grande número de materiais apresentam
boas características, incluindo resistência ao
bicho-mineiro e melhor qualidade de bebida,
incluindo fontes para transferência de baixos teores
de cafeína.
37
sobre solos mais pobres, com safras altas, as
plantas ficam mais sujeitas a estresses, pela carga e
pelo ambiente.
A nutrição deve ser bem cuidadosa. As pragas
e doenças atacam com mais severidade sobre as
plantas debilitadas.
Por isso, a cafeicultura brasileira é, no geral, a
que usa mais insumos. Por outro lado, a colheita
única (derriça) e o emprego de mecanização nos
tratos, incluindo a colheita, reduz o emprego de
mão-de-obra.
O bom nível tecnológico alcançado nas
lavouras de café no Brasil favorecem a
racionalização dos tratos e a obtenção de bons
índices de produtividade, pelos cafeicultores de
bom nível. Ocorre que a predominância de
pequenos cafeicultores, com dificuldade de
recursos para o uso de tecnologia, faz reduzir a
produtividade média brasileira para a faixa de 15 16 sacas/ha, enquanto na Colômbia e na Costa Rica
a média atinge de 20 - 25 sacas/ha.
No Vietnã, também sua condição ambiental
favorável, condiciona uma produtividade no
robusta superior à nossa.
Como se vê, no quesito manejo, o Brasil é
bastante competitivo. O que precisamos melhorar é
na produtividade das lavouras.
É importante, para isso, acelerar a renovação
• Manejo:
O manejo dos tratos nos cafezais é um fator de lavouras, substituindo o contingente ainda
muito importante na competitividade. Em nossa significativo (cerca de 600 mil/ha) de lavouras
cafeicultura a pleno sol, em ambiente mais seco e velhas e em espaçamentos que comportam menos
38
de três mil plantas/ha.
Outra mudança necessária é no manejo da
pós-colheita, visando a qualidade do café. Já
melhoramos muito, mas precisamos melhorar
mais. Nossos competidores têm, no geral, padrões
superiores de qualidade do café, especialmente nos
cafés arábica, alcançando preços também maiores.
Nosso maquinário para preparar o café
colhido está entre os melhores do mundo, sendo
daqui exportados para vários países. Faltam
créditos adequados para apoiar os investimentos na
infra-estrutura e equipamentos, visando a melhoria
da qualidade. Os diferenciais de preço estão
compensando.
ANÁLISE
capital, o que causa menores investimentos nos
tratos e, em conseqüência, mal tratadas, as lavouras
produzem pouco e, por conseguinte, o produto sai
com custos maiores.
Por outro lado, no aspecto econômico, temos
três características favoráveis na cafeicultura
brasileira. A primeira é a diversidade de regiões e
de qualidade de café, o que facilita o mercado. A
segunda é a maior diversificação nas propriedades
cafeeiras, com outros cultivos e com criações,
embora precisamos melhorar nesse aspecto. Na
Colômbia e América Central a propriedade
cafeeira sobrevive quase exclusivamente do café.
A terceira característica muito importante é a boa
infra-estrutura que dispomos no Brasil. Temos as
Aspectos econômicos
melhores condições no suprimento de insumos e
Dentre os aspectos econômicos que maquinário, nas vias de acesso, na capacidade de
influenciam na competitividade da cafeicultura, o armazenamento, preparo e embarque dos cafés.
mais importante é o custo de produção da saca de
café.
Conclusões
O custo de produção está relacionado à
Precisamos saber que, na média das lavouras
eficiência produtiva, dependendo dos fatores de café no Brasil, nossos custos são altos, na base
ambientais, da planta e do manejo dos cafezais.
de US$ 80,00 a US 100,00/saca. Eles são
Como já foi apresentado anteriormente, as decorrentes de condições ambientais menos
condições de ambiente desfavoráveis oneram favoráveis, exigindo maiores investimentos,
ainda mais os custos da cafeicultura brasileira. Na especialmente em insumos. Com pouca
planta temos vantagem e no manejo o maior uso de capacidade de uso de capital, os pequenos
insumos é negativo nos custos, ficando somente a cafeicultores, a maioria, não trata adequadamente
mecanização como ponto positivo, nas lavouras de as suas lavouras e a produtividade cai. Produzir
café do Brasil.
pouco significa custos altos e baixa rentabilidade e,
Mesmo assim, a operação de máquinas e a assim, novamente não há capacidade de investir,
mão-de-obra representam, em média, mais de 50% fechando o ciclo.
dos custos de produção. Aí ocorrem vantagens dos
Concluir sobre qual a cafeicultura mais
países com mão-de-obra mais barata e com menor competitiva é difícil, pois existe no Brasil um vasto
custo social. No Brasil a cafeicultura usa menos universo de regiões e de produtores, desde os mais
mão-de-obra em relação aos demais paises, porém eficientes, empresariais, até os pouco eficientes.
ela é cara, tendo, ainda, baixo rendimento. No Sabe-se que os novos padrões de cafezais são
Vietnã, um trabalhador ganha somente o muito competitivos, mas persistem muitas
equivalente a US$ 1,00 por dia.
lavouras anti-econômicas.
Deste modo, com maior uso de insumos,
Muitos afirmam, sem sombra de dúvida, que
com mão-de-obra mais cara e com menor o café do Brasil é o mais competitivo, quando, pela
produtividade, a cafeicultura brasileira possui análise que fizemos, é preciso, ainda, melhorar
custos de produção mais elevados.
nossas bases para competir.
Para agravar esse fato, as cotações dos cafés É preciso promover uma renovação de cafezais,
brasileiros atingem valores mais baixos em relação podar, substituir lavouras, corrigir e adubar. É
aos cafés suaves (colombianos centro-americanos necessário uma política de preços ou mecanismos
e quenianos). A nossa moeda valorizada, em de regulação da oferta, para tornar as cotações
relação ao dólar deixa nossos preços menos menos voláteis. Nessa época de preços mais
competitivos.
remuneradores deve-se, antes de plantar mais,
Outro fator que pesa negativamente é a melhorar as lavouras que tem capacidade de
carência de crédito e o custo elevado (juros) do recuperação.
ANÁLISE
39
ZÉ GERALDO DÁ SUA OPINIÃO: COMO
FORMAR UMA EQUIPE UNIDA E VENCEDORA
O Engenheiro Agrônomo José Geraldo Rodrigues de Oliveira, do ex-IBC, com ótima atuação junto
a Cooxupé por longo período, foi homenageado na coluna “Como vai você?” da edição n.º 8 da Coffea. Ali,
provocamos para que ele escrevesse algo para nós. Segundo ele, o desafio não foi aceito. Mas, ao contrário,
sua resposta trouxe valiosa análise sobre o trabalho e entrosamento de uma equipe, como forma de prestar um
bom apoio técnico à cafeicultura regional.
Vejamos, então, as opiniões de José Geraldo:
“ Meus caros amigos,
a complacência do Erley Guimarães e a mansidão
do Álvaro D`Antonio. A algazarra e espírito jocoso
de alguns subordinados era abafada pela seriedade
do Antônio Wander. O pavio curto do Saulo era
apagado pela serenidade do mestre Miguelzinho.
Penso que foi essa amálgama de atributos tão
diferentes e, até certo ponto conflitantes, que
possibilitou a união e a crescente motivação, por
quase duas décadas, de um grupo superior a 80
pessoas entre agrônomos e técnicos agrícolas.
Para não me alongar mais, agradeço aos
amigos pela honra de ser retratado pela revista que,
aliás, merece os maiores elogios pelo seu precioso
conteúdo. Especialmente pela matéria do Matiello
sobre manejo do mato uma prática tão simples e
importante mas, infelizmente, conhecida e adotada
por poucos cafeicultores.
Permitam-me comentar também a lúcida
entrevista do Antonio Wander. Acrescentaria que,
ainda hoje, como há anos, o maior desafio do
extensionista continua fazer chegar ao cafeicultor
(especialmente ao pequeno produtor não atendido
por cooperativas) as práticas recomendadas pela
pesquisa. Enquanto esse desafio não for superado,
uma grande massa de produtores ficará sujeita às
recomendações (nem sempre as mais apropriadas)
das grandes multinacionais fabricantes de
defensivos agrícolas.
Declaro, por fim, que poderei atender a
provocação de escrever algo para a revista, desde que
3 condições sejam aceitas:
1. Descompromisso com a regularidade;
2. sem censura;
3. restringir a relatar alguns “causos” envolvendo a
nossa turma. E, olha, que conheço muitos. Alguns,
infelizmente, impublicáveis.”
Na última edição da revista Coffea, os amigos
do ex IBC de Varginha, bondosamente, dedicaram
uma página a minha pessoa. Teceram algumas
louvações (como sempre, exageradas) e, ao final,
fizeram uma provocação: me convidam 'para que
escreva algo para a revista'.
Será que os meninos perderam o juízo ou os
neurônios se desgastaram em razão da idade
avançada?
Como e com quê posso eu participar de uma
publicação especializada em pesquisa cafeeira e que
conta com o papa Matiello como editor executivo?
Meus poucos neurônios sobreviventes, e ainda
medianamente sadios, me impedem cometer esse
desatino que, fatalmente, resultaria em um
retumbante vexame.
Seja como for a leitura da revista me trouxe
boas e felizes recordações. Me fez retornar à década
de 70, quando a incomparável equipe do IBC de
Varginha conduzia com seriedade, competência e
muita disposição a revolução da cafeicultura do Sul
de Minas através do Plano de Renovação e
Revigoramento de Cafezais. Um programa que
movimentou fabulosas somas de dinheiro,
concedendo financiamentos a cafeicultores e que
não houve, por parte dos técnicos do ex-IBC,
qualquer desvio de recursos, falcatruas ou submissão
a atos de subornos.
Qual o segredo que possa explicar uma equipe
tão unida, amiga e, sobretudo, disposta a enfrentar e
vencer adversidades de qualquer natureza?
A explicação que me parece mais consistente
talvez esteja na diversidade de temperamentos e
personalidades daqueles que coordenavam a equipe.
À santa bondade de um Eduardo Gianazzi,
somou-se o carisma e a sensibilidade de José Revista Coffea: Zé Geraldo: Suas condições foram
Edgard.
aceitas por nós.
À rabugice do Toninho Ernesto contrapôs-se
ENTREVISTA
40
ROQUE:
UM TÉCNICO AGRÍCOLA DEDICADO
À PESQUISA CAFEEIRA
Roque Antônio Ferreira, ou simplesmente
Roque, é um técnico agrícola que trabalha na
pesquisa cafeeira há mais de 25 anos, desde que se
formou e ingressou no IBC em 1978, até hoje
colaborando nos trabalhos do MAPA e Fundação
Procafé.
Roque sabe das coisas. Sabe como tratar as
pragas e doenças, sabe de manejo do cafezal, sabe
muito de melhoramento e seleção de plantas de
café. Conhece fazendo, pois esse foi sempre seu
trabalho, antes no IBC e agora no MAPA. Seu
orientador, não menos competente sempre foi o
colega Saulo R. Almeida, por coincidência também
tem Roque no nome.
Roque já publicou, em colaboração, mais de
100 trabalhos de pesquisa.
Como o técnico Roque conhece bem o seu
trabalho, muito importante no desenvolvimento e
difusão de tecnologia cafeeira, vamos conhecer
suas idéias.
1) Revista Coffea: Qual a sua visão sobre o papel
do técnico agrícola nos trabalhos de pesquisa e
de assistência técnica à cafeicultura?
Essas duas áreas de atuação são bastante
diferentes sendo, portanto, necessários
conhecimentos e práticas também distintas.
Além dos conhecimentos, é necessário que o
técnico desenvolva uma boa capacidade de
execução, especialmente na área de pesquisa, onde
a iniciativa, a boa observação e o interesse são
essenciais. Acho que nas duas áreas de trabalho, o
técnico pode auxiliar no planejamento e na
execução dentro das equipes formadas por
engenheiros agrônomos, técnicos e auxiliares de
campo.
2) Revista Coffea: Como você desenvolve seu
trabalho de pesquisa?
A primeira coisa é tentar usar minha
ENTREVISTA
experiência, adquirida no transcorrer de
todos esses anos de pesquisa. A segunda é procurar
aliar o lado prático com a metodologia científica,
tanto na implantação dos ensaios, quanto na
avaliação dos experimentos.
O objetivo principal tem que ser a obtenção
de maior número possível de informações,
auxiliando na interpretação dos resultados. Assim,
no dia a dia operacional e no planejamento dos
ensaios efetua todas as práticas no campo, desde o
plantio, passando por tratos culturais e finalizando
nas avaliações, seja na amostragem, colheitas e
avaliação de produtividade. Os dados são
analisados e arquivados no escritório da Fundação
Procafé.
41
tolerância à Phoma, Catucaí vermelho 785/15 e
Acauã com resistência à nematóide exígua,
Catucaí vermelho 36/6 maturação precoce sabiá
398 (altamente produtivo).
5) Revista Coffea: O que falta para melhorar o
seu trabalho?
Falta acesso a outras instituições de pesquisa,
principalmente na área de laboratório (clonagem) e
intercâmbio técnico científico com outras
instituições de pesquisa (congresso e eventos
gerais).
6) Revista Coffea: Quais as características que
precisa ter uma boa variedade do futuro?
Para que uma variedade venha a ter uma boa
aceitação no mercado futuro é necessário que tenha
as seguintes características:
- Resistência múltipla a pragas, doenças e seca;
- Boa arquitetura e porte baixo;
- Maturação definida, tardia média e precoce;
- Fava com menor defeito possível, com excelente
resposta, a todo tipo de poda e espaçamento;
- Teor de cafeína baixo de acordo com mercado
consumidor.
- Vigor vegetativo e longevidade.
3) Revista Coffea: No trabalho de seleção de
variedades de café o que considera mais
importante?
Pela minha prática e conhecimento,
considero mais importante na seleção: a
capacidade produtiva das plantas, o seu vigor, a
resistência à pragas e doenças, uma boa arquitetura
de plantas, uma maturação bem definida e a
qualidade de frutos (fava grande). Poucos grãos
mocas, conchas e baixa porcentagem de chochos, o
porte baixo das plantas também, pois facilita todos
7) Revista Coffea: Como você vê a aceitação de
os tratos e a colheita na futura lavoura.
novas variedades pelos cafeicultores? O que eles
4) Revista Coffea: Diante de sua vivência no procuram e de que reclamam?
melhoramento de plantas de café, quais as
A aceitação das novas variedades de café,
variedades que você indicaria hoje para perante os cafeicultores, é muito dividida e
plantio?
desconhecida, pois se encontram nestas atividades
Antes de se indicar uma variedade, primeiro é vários tipos de produtores, de diversos níveis
preciso ter o conhecimento da região onde vai ser técnicos, aqueles que sempre buscam novas
implantada a lavoura, pois vários são os fatores, técnicas e estão sempre renovando e implantando
como o clima, altitude, topografia e espaçamento à novas variedades e tratos culturais, mas, por outro
ser indicado. Hoje existem variedades com bons lado, existe um número de produtor e que não é um
requisitos e qualidade. Variedades com maior número pequeno, que são desatualizados e sem
resistência à pragas e doenças, maturações conhecimento, motivo esse existente pela falta de
definidas, como por exemplo: Catucaí amarelo 2 acesso à divulgações e órgãos de pesquisa, falta de
SL, Catucaí amarelo frutos grandes cova 612, assistência técnica. O índice de menor aceitação
Catucaí amarelo 20/15 cova 479 com maior ocorre pelos pequenos e médios produtores.
42
PRODUTOS E EQUIPAMENTOS
SEPARADORA DE CAFÉ, PAPAGALHOS
Esta máquina trabalha para separar os frutos Ouro Fino - MG. (35) 3441-1437.
de café dos ramos que foram cortados, pela poda de
esqueletamento, visando safra
zero.
Ela é um tipo de
máquina batedeira como se
conhece as máquinas usadas
para cereais. As suas
vantagens são o menor custo
da colheira e a possibilidade
de, com a máquina e uma
equipe de 20 trabalhadores,
cortar (esqueletar) os ramos da
lavoura e colher, em cada
safra, uma área de 30 50
hectares. Em cada dia, colhese cerca de meio hectare com
essa equipe e a lavoura já fica
esqueletada.
A máquina é produzida
pela indústria Mangará, em
PULVERIZADOR DE TRAÇÃO ANIMAL PARA
CAFÉ ADENSADO SMTH240
Este pulverizador é tracionado
por cavalo ou burro, tendo um
tanque com capacidade de 240
litros, motor a gasolina de 4 tempos,
bomba de diafragma de 30 l/min e
duas barras laterais, cada uma com 4
6 bicos turbo teejet. A largura total
do pulverizador é de apenas 86 cm, o
que viabiliza seu uso em lavouras
bem adensadas. O equipamento
possui um kit para aplicação
também de herbicidas, com
regulagem de acordo com o
espaçamento. O fabricante é a
SERMAQ, em São Sebastião do
Paraíso - MG. (35) 3531-4565.
INFORME TÉCNICO
43
MANEJO DE PLANTAS DANINHAS COM GLIFOSATO É MAIS VANTAJOSO
"Atualmente, profissionalismo é a base de qualquer
atividade em que você atuar. Quando falamos em agricultura, isso
se potencializa, pois a atividade convive com muitas oscilações,
sejam climáticas ou de mercado. O agricultor, portanto, precisa
fazer opções que maximizem a performance da lavourae que lhe
traga excelente custo-beneficio”, afirma Paulo Cau, que há 23 anos
planta café no Sul de Minas Gerais.
Uma dessas opções, de acordo com Cau, é em relação à
melhor operação de manejo de plantas daninhas na lavoura do
café, para que o custo de produção não seja maior que o lucro do
produtor. Ou seja, a opção nunca deve ser pelo barato que sai caro.
Roçadeira, grade, capina manual, herbicidas pré-emergente e pósemergente são algumas técnicas utilizadas para o manejo e que,
apesar dos muitos estudos na área, ainda põem uma dúvida na
cabeça do cafeicultor: qual é a melhor opção? Para Cau, no
entanto, esta já é uma questão superada. Desde o seu início na
atividade, ainda na década de 80, a opção pelo glifosato - no caso, a
marca Roundup®, da Monsanto - mostrou-se a mais adequada
para as fazendas Serra da Bela Vista, em São Sebastião do Paraíso
(MG), e Boa Vista, localizada no município de Jacuí (MG).
"Cheguei a usar a roçadeira há algum tempo, mas este
equipamento está defasado. De 10 anos para cá, utilizo apenas o
Roundup® WG, e consigo alta eficiência, elimino a
competitividade das plantas daninhas com menor custo por hectare
e, ainda, consigo conciliar boa performance com segurança
ambiental e também para os funcionários. Além da alta
produtividade da lavoura, é claro", diz Cau, que produz 40 sacas de
café por hectare.
João Carlos Pieroni, engenheiro agrônomo e presta
consultoria em 40 propriedades da região, faz coro com Cau ao
afirmar que "o Roundup® é, com certeza, o mais viável
economicamente ao produtor. Em algumas fazendas, o custo chega
a ser 10 vezes menor do que a capina manual". Ambos enumeram
as vantagens do herbicida, que vão além da economia: como não é
necessário revolver o solo, seus nutrientes são conservados, não
influenciando a fertilidade da terra. Ainda, ao fazer a dessecação
do mato com Roundup®, a cobertura morta que se forma protege o
solo do aumento de temperatura, conserva a umidade, e evita a
erosão. "Além disso, essa cobertura diminui a incidência de luz no
solo e evita germinação a curto prazo da sementeira do mato",
acrescenta João.
Plantio em áreas montanhosas
Na lavoura de Paulo Cau, o manejo com Roundup® é feito
quando o mato atinge cerca de 40 centímetros. A cobertura seca
não é usada como base de palha para o plantio de nenhuma cultura
na rua do café, pois evita a mecanização da colheita. "Apenas por
causa do manejo com glifosato é que existe cafeicultura em áreas
montanhosas - como acontece em alguns locais do Sul de Minas e
Zona da Mata de Minas", completa João.
De acordo com a Monsanto, empresa que fabrica o
Roundup®, o herbicida é um dos principais, mais seguros e
eficientes, pois apresenta baixa toxicidade e reduzido impacto ao
ambiente, conforme avaliações feitas pelas autoridades de registro
no Brasil e órgãos internacionais, como a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos (EPA) e pela comunidade científica internacional.
Futuro
"Ainda nesta safra estou usando o Roundup® WG, pois
quando fiz as compras para o ano, o Roundup® Transorb ainda não
estava registrado para culturas perenes. Com certeza, a minha
opção para as próximas safras será também pelo Transorb, em
épocas com falta de chuva, e com o Roundup® WG, para plantas de
difícil controle", declara Cau.
O Roundup® Transorb foi registrado no ano passado e o
principal diferencial é sua rápida translocação em 60 minutos. A
tecnologia Transorb®, desenvolvida pela Monsanto, permite que o
produto chegue mais rápido e em maior quantidade à raiz da planta
daninha, apresentando menor risco de perda em condições
adversas como chuva e estresse.
Na cultura de café, o Departamento de Tecnologia da
Monsanto constatou que, mesmo com chuva de 28mm, duas horas
e 45 minutos após a aplicação do herbicida, houve controle de 98%
de leiteiro no estágio de floração.
Outro estudo realizado pela empresa mostrou que a área em
que foi aplicado o Roundup®Transorb para o controle de Capim
2
Colonião apresentou 99g de massa verde/m em 30 dias após o
tratamento, sendo que com outros dessecantes aplicados o índice
2
de massa verde variou de 260 a 290g/m , mais que o dobro de
controle com o Roundup®.
MONSANTO ESCLARECE DÚVIDAS RELATIVAS AO USO DO ROUNDUP NA CULTURA DO CAFÉ
Dúvidas de produtores, quando não respondidas correta e
claramente, podem gerar equívocos e inquietação no mercado
agrícola. Para que tais incertezas não se transformem em boatos,
buscamos esclarecer, com base em dados científicos e de pesquisa
a campo, os principais questionamentos sobre a utilização do
herbicida Roundup® nas lavouras de café.
Uma das questões levantadas é a de que a aplicação do
produto no solo ou na planta daninha alvo poderia ser absorvida
pelo sistema radicular da cultura de interesse econômico.
Inúmeros estudos conduzidos mundialmente, e validados em
condições de clima e solo brasileiros, têm demonstrado que,
devido ao fato do glifosato ser uma molécula diferenciada do
ponto de vista da química do solo, o risco de absorção radicular é
praticamente nulo. Por apresentar quatro mecanismos de ligação
que podem inclusive atuar concomitantemente, a sorção do
glifosato no solo é um processo irreversível, o que o coloca na
categoria de resíduo-ligado (fração do defensivo que não retorna à
solução do solo), sendo indisponível para a absorção pelas plantas
(Prata et al., 2000). Por outro lado, a degradação da molécula em
condições de solo e clima brasileiros é rápida, entre 8 e 26 dias, e
este fato está relacionado à mineralogia de nossos solos, bem como
a uma maior atividade biológica, que acelera a sua degradação
(Araújo, 2002; Prata, 2002). Além disso, a exudação da molécula
pelas raízes é praticamente nula (COUPLAND & PEABODY,
1981) RODRIGUES (1979), estudando a possibilidade de
exudação do glifosato e a possível implicação no desenvolvimento
das culturas de soja e milho, em plantio direto, observou que dentro
das doses recomendadas não houve qualquer interferência no
desenvolvimento.
Estudos de campo e de laboratório indicam que o glifosato
é degradado por microorganismos em ambientes aquáticos e
apresenta rápida dissipação tanto em água corrente como
represada. Os principais fatores que contribuem na dissipação do
glifosato em água corrente - como córregos, por exemplo - são a
diluição, a dispersão, e a perda do composto através de processos
como a adsorção em partículas de sedimentos em suspensão e a
44
degradação microbiana. Em águas represadas, como as
lagoas, a taxa de dissipação de glifosato varia em função das
condições locais. Os resultados de estudos de campo indicam que a
meia-vida do glifosato em água é de 7 a 14 dias. Este composto,
portanto, se adere fortemente às partículas em suspensão na água
que se sedimentam no fundo dos corpos d'água, em que é
degradado pelos microorganismos ali presentes. (Giesy, J. P.;
Dobson S. & Solomon, K. R., 2000). Tais fatos demonstram a
segurança do produto do ponto de vista ambiental, a baixa
persistência no meio ambiente e a improbabilidade do risco de
absorção radicular do produto pela cultura de interesse econômico.
Quando se processa a curva de degradação do produto em
culturas comerciais, em aplicações seletivas (de forma não
direcionada a cultura) ou em ensaios realizados
internacionalmente, após duas a três semanas o nível de resíduo de
glifosato encontra-se abaixo do limite detectável. Em condições
tropicais, a maior atividade metabólica das plantas e a maior
diversidade e atividade biológica favorecem, de forma geral, a
maior velocidade de degradação da molécula. Para exemplificação
do fato, no caso da cultura cafeeira, os estudos de resíduo que
envolveram as formulações de Roundup®, para fins de registro,
consideraram a dose máxima de 12.960 gramas de equivalente
ácido de glifosato, equivalente a 36 l/ha de Roundup® Original
aplicados em 3 momentos: 90, 60 e 30 dias antes da colheita. O
resultado da análise realizada nos grãos ficou abaixo do limite de
detecção do método (< 0.05 ppm), sendo que o limite máximo
permissível de resíduo de glifosato no grão é de 1 ppm. Um fato
interessante da pesquisa que considerou o efeito de sub-doses do
glifosato aplicado sobre plantas jovens de culturas anuais e
perenes indicaram, em ambientes protegidos, estímulos de
crescimento na maioria das espécies testadas quando receberam
doses de glifosato entre 1.8 e 36 g e.a./ha (FCA, UNESP Botucatu,
Queiroz et al., 2002). Este dado confirma a segurança no uso do
herbicida na cultura e o resultado diferencial de controle e
produtividade, sempre observados quando da comparação com
outras alternativas de manejo do mato no café.
Outro rumor já discutido no mercado foi o de que a
utilização do Roundup® poderia causar uma menor absorção de
nutrientes pela planta e afetar, inclusive, a produção de compostos
internos de defesa da cultura contra pragas e doenças. Segundo
Malavolta et al. (1994), as deficiências mais comuns em culturas e
suas respectivas causas, nas condições brasileiras, são as
seguintes:
Magnésio: pobreza no solo, adubos sem magnésio, acidez
excessiva, falta de calagem, gessagem excessiva, excesso de N ou
de K na adubação;
Nitrogênio: pouca matéria orgânica no solo e pouco N na
adubação, lixiviação (solos arenosos), acidez excessiva, umidade
excessiva, seca prolongada;
Potássio: pobreza no solo e pouco K na adubação, lixiviação
(solos arenosos), acidez excessiva, excesso de N na adubação,
gessagem excessiva;
Manganês e zinco: calagem excessiva e pobreza no solo, muito P
na adubação, alto teor de matéria orgânica e compactação
excessiva;
Boro: pouca matéria orgânica no solo, seca e lixiviação, muita
acidez, N ou calagem.
Como se pode observar, existe uma inter-relação muito
específica entre os nutrientes presentes no solo e na planta, cujo
desarranjo por si só já ajudaria a explicar os problemas da maior
presença de pragas e doenças nas culturas. Com relação aos
compostos de defesa (fitoalexinas), diversos fatores estressantes
do meio podem levar a alteração na produção de fitoalexinas, além
da espécie e do estado fenológico das plantas, sendo, portanto, uma
visão muito simplista eleger o glifosato como responsável por este
fato. Segundo Rodrigues (2004), as fitoalexinas são originadas nas
plantas por pelo menos quatro rotas metabólicas, e a do ácido
chiquímico é a única que poderia ser afetada, em parte, pela ação
INFORME TÉCNICO
do glifosato devido a uma possível deriva, não sendo a rota
principal. Adicionalmente, é importante ressaltar que existem
diferentes fitoalexinas e que a efetividade das mesmas é ainda
muito discutível. Por outro lado, muitas plantas daninhas podem
liberar, pelas raízes e folhas, grande variedade de metabólitos
secundários, que podem reduzir a germinação e o
desenvolvimento da cultura. Nesse aspecto, a ação do Roundup®
controlando as plantas daninhas inibe a liberação destes
compostos no solo, não ocorrendo o efeito da redução no
desenvolvimento das plantas cultivadas (Taiz & Zieger, 2004).
Trabalhos recentes realizados pela Unesp de Jaboticabal em
plantas de citros de diferentes idades demonstraram que existe,
inclusive, um aumento na produção de fitoalexinas quando da
aplicação do glifosato na área foliar das mesmas, o contrário do
que estava sendo divulgado no mercado irresponsavelmente.
De acordo com a classificação toxicológica de herbicidas
estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), órgão ligado ao Ministério da Saúde, as versões de
Roundup® encontram-se nos patamares mais baixos quando
comparadas aos demais produtos existentes - fato que se repete
também nos Estados Unidos. Isso é possível em função de sua
baixa toxicidade ao ser humano, o que é comprovado por inúmeros
testes toxicológicos conduzidos com o produto. Além disso, o
glifosato apresenta reduzido impacto ambiental, ao se degradar
naturalmente no solo após a aplicação, evitando a contaminação de
lençóis freáticos. Nos Estados Unidos e em outros países,
herbicidas à base de glifosato estão entre os poucos autorizados
para uso em jardinagem, assim como ocorre na internacionalmente
conhecida reserva ecológica de Galápagos.
Trabalhos de matocompetição conduzidos na cultura
cafeeira em áreas de alta pressão de infestação demonstraram
perdas potenciais de 55,6% nos dois primeiros anos de produção,
podendo chegar até 77,2% nos dois anos subseqüentes. A
promoção do plantio de espécies altamente concorrentes e
agressivas na entrelinha da cultura, simplesmente para se manter
as roçadas, causa temor, pois elas não deixam que se efetivem o
real controle das plantas daninhas por concorrerem pelos recursos
disponíveis, como água, luz, nutrientes e espaço, além dos efeitos
alelopáticos para com a cultura principal. O método químico de
controle vem sendo cada dia mais utilizado e difundido em razão
de seus resultados de controle serem mais rápidos, eficientes e de
efeito mais prolongado. Tal método permite, ainda, o controle da
comunidade infestante antes ou depois de sua emergência, com
menor possibilidade de reinfestação e com conseqüente redução
no número de tratos culturais, o que libera a mão-de-obra e as
máquinas que podem ser melhor utilizadas na propriedade.
Na época das chuvas as plantas daninhas se fazem mais
agressivas. Este é o momento em que a cultura mais demanda
recursos para crescimento, florescimento e formação dos frutos,
assim como é o período de maior demanda por insumos. Manejos
alternativos podem ser pensados de forma complementar, mas
geralmente são mais caros e pouco eficientes, sendo que a presença
do mato consome os recursos investidos, favorece a presença de
pragas e doenças e deprecia a qualidade final do grão, a bebida e a
produtividade.
A Monsanto tem colaborado ao longo de mais de 30 anos
com produtos e serviços que permitiram a sustentabilidade e o
crescimento da cafeicultura nacional, sendo que o Roundup® pode
ser aplicado desde a implantação, manutenção até a colheita,
gerando economia, qualidade e produtividade comprovada. O
cafeicultor sabe a importância de se ter uma lavoura bem
conduzida e produtiva e deveria se preocupar com alarmismos e
com inovações que põem em risco a sustentabilidade futura de seu
negócio, uma vez que os reflexos podem vir em médio e longo
prazos.
Marcelo C. Montezuma
Especialista de Produto
Monsanto do Brasil Ltda
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