ANO 3 - Nº 9 - JANEIRO/ABRIL - 2006 REVISTA BRASILEIRA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA FUNDAÇÃO PROCAFÉ CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA ANO 3 - Nº 9 - JANEIRO/ABRIL - 2006 Neste número: REPORTAGEM - Colaboradores da Pesquisa Cafeeira COMO VAI VOCÊ 03 06 PESQUISANDO Capa: Diz-se que a vida imita a arte. Aqui a arte retrata o cotidiano na lavoura cafeeira. O quadro da artista plástica Valéria Vidigal mostra, fielmente, várias atividades nas fazendas e a beleza dos cafezais. - Controle da Cercosporiose do cafeeiro com formulações de cobre e adjuvantes - Nível de dano econômico da mosca das raízes em cafezal no sul de Minas - Controle de Phoma/Ascochyta em mudas de café com aplicação de triadimenol - Efeito da distribuição e do espaçamento dos saquinhos nos canteiros - Efeito de métodos de controle de plantas daninhas em um latossolo vermelho - Efeitos da desfolha física em cafeeiros cultivados com irrigação sob pivô lepa - Partição de matéria seca em cinco genótipos de café - Resistência a phoma/ascochyta verificada em cafeeiros robusta RESPONDE NOTA DO EDITOR Neste número voltamos a tratar de informações úteis, para os técnicos e produtores, relativamente às práticas de manejo dos cafezais, destacando a irrigação em malha, a combinação de mamão com café e a extração de nutrientes pelos cafeeiros. Uma análise mais completa das condições de competitividade da cafeicultura brasileira, também são aspectos que devemos refletir sobre eles. Nessa edição contamos com o patrocínio da Empresa Monsanto, tradicional fornecedora de herbicidas para a lavoura cafeeira. Agradecemos a valiosa colaboração. 07 08 09 10 12 14 16 18 19 RECOMENDANDO - Café Conillon com mamão, uma boa combinação - Como irrigar barato, com aspersão em malha larga 20 22 RESUMINDO - Quatro trabalhos de pesquisa cafeeira 24 PANORAMA - Notícias da produção cafeeira 26 ANÁLISE - Avaliação da extração de nutrientes pelo cafeeiro - Competitividade da cafeicultura brasileira - Zé Geraldo dá sua opinião: como formar uma equipe unida e vencedora 31 35 39 ENTREVISTA - Roque: Um técnico agrícola dedicado à pesquisa cafeeira 40 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS - Secadora de café, Papagalhos - Pulverizador de tração animal para café adensado SMTH240 42 42 INFORME TÉCNICO - Manejo de plantas daninhas com glifosato é mais vantajoso - Monsanto esclarece dúvidas relativas ao uso do roundup na cultura do café 43 43 CARTA AO CAFEICULTOR COLHER, PREPARAR E PROGRAMAR As lavouras de café estão sendo preparadas para início da colheita nesses próximos meses. É hora de pensar e programar como vai ser colhido e preparado o café. Se a colheita for mecanizada, observar a manutenção do maquinário. Se manual, providenciar os utensílios e planejar o recrutamento dos trabalhadores. Para o preparo, verificar a situação das instalações e dos equipamentos de processamento pós-colheita. Também já se pode pensar no que será feito nos vários talhões, após a colheita. Se vão ser aplicadas podas, se algumas áreas serão substituídas e outros manejos, pois, na colheita, nesses casos pode-se efetuar a operação na forma mais econômica. Em resumo, o produtor deve pensar em manter lavouras bem produtivas, com facilidade nos tratos e na colheita. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretário de Produção e Agroenergia: Lineu Carlos da Costa Lima. Chefe do Departamento de Café: Vilmondes Olegário da Silva Secretário da SARC: Márcio A. Portocarrero Delegado da DFA/MG: João Vicente Diniz Fundação Procafé Presidente da Fundação Procafé: José Edgard Pinto Paiva UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA Ano 3: nº 9 janeiro-abril/2006. Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia - MAPA/Fundação Procafé e Carlos Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café. Programação Visual e Impressão: Gráfica Editora Bom Pastor. Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva e Maria Emília Villela Reis Tiragem: 2000 exemplares. Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere 37026-400 - Varginha/MG 35. 3214-1411 [email protected] e Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro 20081-250 - Rio de Janeiro/RJ 21. 2233-8593 [email protected] É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores. www.fundacaoprocafe.com.br REPORTAGEM 03 COLABORADORES DA PESQUISA CAFEEIRA “Aqueles que fazem são bons. Os que ajudam os outros a fazerem são melhores”. Esta é a frase que constou da placa que, na solenidade de abertura do 31º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, em Guarapari ES, em final de outubro de 2005, o MAPA/Fundação Procafé entregou ao “colaborador da pesquisa cafeeira do ano”, o Eng. Agr. Dalton Dias Heringer. A homenagem foi prestada pelos dez anos de operação do CEPEC Centro de Pesquisas Cafeeiras, em Martins Soares MG, desenvolvendo trabalhos em apoio à cafeicultura de montanha, em convênio entre o MAPA e a Fertilizantes Heringer. Colaborar significa ajudar, contribuir no trabalho, apoiar de várias maneiras, com desprendimento, buscando o benefício de um grupo maior, no caso da pesquisa, de muitos cafeicultores, que aproveitam os resultados obtidos. Muitos colaboradores têm contribuído ao longo dos últimos 35 anos, desde que, com o aparecimento da ferrugem do cafeeiro e com a renovação de lavouras em novas regiões, foi preciso ativar a pesquisa cafeeira em todo o país. Além das Fazendas Experimentais, montadas e operadas pelas Instituições Públicas, é preciso, diante da ocorrência de problemas o nível local ou regional, usar as áreas de produtores/colaboradores, onde são conduzidos os experimentos para estudar e solucionar os problemas ali presentes. Por isso, nesse caminho percorrido em conjunto, era preciso registrar e agradecer a esses colaboradores. Principais colaboradores do passado Na década de 1970, a maior colaboração foi prestada por cafeicultores que cederam áreas e apoio logístico na execução de pesquisas para controle da ferrugem. Pode-se citar as participações de Pio Corteletti, em Santa Teresa-ES, onde surgiram os primeiros resultados de controle químico da ferrugem, em 1972/1973. Também no mesmo Estado, cita-se o produtor Benjamin Zon na área de café Conillon e os Falquetto e Zandonaide em Venda-Nova. Nos trabalhos sobre a constatação e controle de Phoma colaboraram produtores em Domingos Martins e Marechal Floriano, como a família Stockl. Na Zona da Mata, na mesma época, colaboraram os cafeicultores Feliciano Abdalla, Zezinho Nogueira, René Rabello, em Caratinga, Caparaó e em Matipó. No Sul de Minas nessa época, destaca-se a colaboração de cafeicultores como José Ivens e José Resende e José Edgard Pinto Paiva que 04 cederam suas lavouras para ensaios. Nas décadas de 1980 e 1990 entraram colaboradores também na cafeicultura de montanha do Estado do Rio de Janeiro. Citamse três exemplos importantes, os da Fazenda Palmeiras, em São José do Vale do Rio Preto e do seu saudoso proprietário Japyr Assunção, gente finíssima, onde foi selecionada a cultivar Catucaí. Lá na Fazenda, certos dias, dormiam e comiam de três a cinco Agrônomos e Técnicos Agrícolas que iam para avaliar os ensaios, sempre recebidos com a grande bondade do Dr. Japyr. Cita-se, ainda, em Varre-Sai, o campo experimental destacado pelo Sr. Frilson e a Fazenda Panorama. Na Zona da Mata entrou na colaboração, com ensaios de variedades e de controle químico de doenças, o sítio Batatal, do colega A. E. Miguel. Dali e das sementes cedidas a seu cunhado, em Viçosa, surgiu o híbrido 785, hoje, após várias seleções da cultivar 785/15. Em Capelinha, no Jequitinhonha, o pioneiro, cafeicultor Walter Palmeira, doou uma á r e a o n d e f o i i n s ta l a d a a F a z e n d a Experimental, o mesmo ocorrendo em Santo Antonio do Amparo, cuja área experimental foi doada por um grupo de cafeicultores. Infelizmente essas duas áreas foram desativadas logo após a extinção do IBC. No Paraná o colega Kaiser contava com a colaboração da Fazenda Santa Elide e da Fazenda do Sr. Wilson Baggio, ali sendo obtido o híbrido que deu origem ao Acauã, cruzamento do Catimor 1668 e o Mundo Novo. Também a Cia Melhoramentos Norte do Paraná cedeu área para estudo de nematóides. Colaboradores do presente Desde meados da década de 1990 e na década de 2000 era preciso preservar o trabalho, após e extinção do IBC e até que se organizasse um novo sistema de apoio à pesquisa cafeeira. Muitos pesquisadores, abnegados, que faziam seu trabalho com paixão, mas sem recursos, buscaram, então, contar com a colaboração de produtores e campos experimentais privados, para continuar com seu trabalho, em largo período, sem REPORTAGEM nenhum gasto para o governo. Foram, assim, implantados os campos experimentais e ensaios até hoje ativos e de grande utilidade para apoio à pesquisa. Em Minas Gerais, na Zona da Mata foi implantado o CEPEC, em Martins Soares, em 1994, e de lá já resultaram, em 10 anos, mais de 200 trabalhos publicados. Logo depois, no Cerrado, em Patrocínio e Coromandel, eram implantados os campos “Pioneiros do Cerrado” de José Carlos Grossi e do Sítio São João, do colega Maurício Bento da Silva, com alguns ensaios também em Varjão de Minas, na Fazenda do Sr. Décio Bruxel. Ali tem sido possível, com o forte ataque de bicho-mineiro, selecionar as melhores plantas da Cultivar Seriema, sem falar em outros materiais com grande potencial que vem sendo selecionados.Também em Patrocínio está sendo multiplicado e plantado com sucesso, o material de Catimor 1669-13, o item IBC 12. No Sul de Minas destacamos a colaboração do Sítio São Paulo, em Elói Mendes, do colega Saulo Almeida, verdadeiro cobaia para seu próprio veneno, plantando e, muitas vezes, tendo de arrancar, depois, materiais que se mostram promissores. Dali saíram seleções de Seriema como a 4/36, a linhagem 6/30 de Catucaí, e vários híbridos naturais, agora em estudo na Fazenda Experimental de Varginha. No Vale do Rio Doce, em Mutum, é importante ressaltar a colaboração da Fazenda Ingá e do Sr. Geraldo T. Siqueira, onde são REPORTAGEM desenvolvidos trabalhos com o café conillon e com a adaptação de variedades arábica em região quente. Também em Minas, em uma região nova, no Vale do São Francisco (Alto e médio), em Pirapora, um novo campo foi implantado em 2002, na Agropecuária São Thomé, recebendo do grupo controlador da Empresa, o nome de campo Experimental J. B. Matiello. Ali vem sendo estudadas as variedades com adaptação ao clima quente, sistemas de plantio, arborização, sistemas de irrigação e outros. Em São Paulo, na Bahia e em Minas Gerais, o colega Santinato, grande entusiasta do café e da pesquisa, contribuiu para implantar quatro Campos Experimentais. O primeiro em Espírito Santo do Pinhal SP, em convênio com o Colégio Agrícola local, denominado Campo Experimental Alcides Carvalho, o segundo em Franca - SP. Na Bahia, de enorme importância tem sido a terceira área, o campo experimental “João Barata”, na Agronol e outros agregados (Agribahia, Polleto e outros), com apoio da AIBA. Ainda na Bahia citam-se os bons trabalhos de adaptação de variedades e controle de Phoma que vem sendo executados com apoio no campo da Fazenda Viçosa, em Barra do Choça, de propriedade do colega Gianno Brito. Ele tem os cultivares Catucaí 2SL e Acauã e vários outros híbridos em estudo. O quarto campo encontra-se em Carmo do Paranaíba, com bons resultados obtidos em convênio com a Assocafé, depois com o grupo Veloso e com o colega Enivaldo Pereira, mais conhecido como Piolho. No Paraná tem sido importante a 05 colaboração do colega Francisco Barbosa, com vários campos de variedades em sua propriedade em Ibaiti, onde foram selecionados os materiais de Eparrey (Icatu X Acaiá) e do Catimor Amarelo. No Espírito Santo duas áreas de experimento com variedades de café estão implantas nas propriedades dos colaboradores José Stockl e Cezar Krholing. E o trabalho não pára de crescer. Agora em março foi inaugurado um novo campo, em Araxá MG, da Cooperativa local, a ser conveniado com a Fundação Procafé. É o caçula, que parte com muitos ensaios já instalados. Finalmente, agradecemos a todos esses nobres colaboradores citados e a outros que, talvez, tenhamos esquecido. Não é justo deixar de citar e agradecer, também, alguns dos Técnicos que colaboraram ao lado das Instituições, dando prioridade, por méritos e por antiguidade, àqueles mais velhos, alguns já retirados e outros teimando na luta. São eles os colegas: No ES: Adelso, Altair, Zito, Irajá e Hikoto. Em Minas: Kepler, Eure, Miguel, Jairo, Astórico, Santinato, Stevanato, Josué, Ubiratan, Oswaldo, Carlos, Saulo, Arisson, Wander, Mauricinho e Álvaro. Em São Paulo, novamente Santinato, Durval e Wantuil. No Paraná: Barbosa, Kaiser, Eugênio e Francisco Carneiro. Na Bahia: Santinato, Geraldo, Cezar, Zé do Espírito Santo e Gianno. No Estado do Rio: Ramiro, Danilo e Ferreira. Na coordenação, o colega Matiello. 06 COMO VAI VOCÊ HÉRCULES, SUA FORÇA ESTAVA NO COMPANHEIRISMO O Eng. Agrônomo Hércules Mariani Oliveira Xavier é o nosso personagem da coluna neste número, pois nós, seus colegas antigos, estávamos querendo saber como vai você, como está sua vida de aposentado. Como vai seu sofrimento torcendo pelo Vasco. Como está sua saúde após o susto do coração, e agora, é claro, tendo de abandonar a barriga de chope. Hércules é formado pela UFRJ, em 1961. Logo entrou para o IBC, na sede do Rio de Janeiro, onde sempre trabalhou até sua aposentadoria, em 1990. Na sua carreira no IBC ocupou vários cargos, como chefe do Departamento de Assistência à Cafeicultura e diretor substituto da Diretoria de Produção da Autarquia. Sua maior qualidade sempre foi a camaradagem com que tratava todos seus companheiros. Sua risada era bem conhecida entre todos. Em suas inúmeras viagens, coordenando trabalhos da equipe do IBC, nos vários estados cafeeiros, sempre teve um carinho especial com o Paraná, estado onde até se aventurou, por pouco tempo, a adquirir terras para plantar café. Lembrase, lá em Iretama. Logo, a geada fez ele e outros sócios, desistirem. Mas de lá sempre teve bons amigos citando-se, os companheiros Hélio Rufino, Silvano Loures, Caleffi, Emilton, Barbosa, Swarça e outros. Ali bem perto, em São Paulo, fica outro grande amigo, o Guerreiro. Nas viagens seu maior hobby era dirigir, o que fazia muito bem, apesar de já ter dado algumas batidas, o que é comum pelo excesso de confiança do motorista. Sendo dos mais antigos agrônomos do IBC, Hércules ajudou a selecionar e formar os novos. Foi sempre um auxiliar nos programas de trabalho do IBC - GERCA, desde a época da erradicação (1966- 1967), passando pelo programa de renovação (1979- 1985), o de controle da ferrugem (1970-1975) o de recuperação de cafezais geados e (1973-1976) e tantos outros que ajudou a executar. Assim passou pelas chefias do Rittes, de Lazarini, de José Maria Sebastião e de Paula Motta. Após aposentar-se, Hércules divide a moradia do Rio de Janeiro, com a casa, a chácara, que foi de seu pai (também agrônomo) em Seropedica, ali próximo à Universidade Rural. Há três anos teve um problema de saúde, colocou algumas pontes, mas tudo bem, está novo em folha. Em contato mantido com essa reportagem mandou um forte abraço a seus velhos amigos, dizendo que tem muitas saudades deles. Hércules, com sua barriga e com sua esposa na década de 90 e atualmente, mais magro após o susto. Hércules PESQUISANDO 07 CONTROLE DA CERCOSPORIOSE DO CAFEEIRO COM FORMULAÇÕES DE COBRE E ADJUVANTES J.B. Matiello e S.R. Almeida - Engrº Agrº e R.A. Ferreira Tec. Agr. MAPA/PROCAFÉ e R.P. Camargo e G. D'Antônio - Engrº Agrº IBRA-Agrosciences. ambos com o objetivo de maior retenção do fungicida cúprico sobre a folhagem. O estudo nas mudas foi adotado tendo em vista duas razões: a maior uniformidade no ataque de cercospora e maior precisão em sua avaliação e, a grande lavagem que pode ocorrer sobre os fungicidas depositados na superfície das folhas, pela irrigação diária, assim possibilitando maior diferenciação no efeito de adjuvantes e na dose/fonte de cobre. O ensaio foi delineado em blocos ao acaso, com 4 repetições, parcelas de 5 mudas. As mudas foram mantidas em viveiro, sob pouca sombra, para melhorar a condição de ataque. Foram efetuadas 3 pulverizações, iniciadas em 20/04/2005 espaçadas de 20 dias, usando pulverizador costal manual. Trinta dias após o término das pulverizações efetuou-se a avaliação, determinando-se a % de folhas com lesões de cercóspora e o nº total de folhas nas mudas. Foi feita análise estatística sobre os dados ( os de % transformados em arc sen v%.), com a comparação pelo teste de tukey a 5%. A cercosporiose é uma doença que ataca, principalmente, mudas do viveiro e plantas no campo, quando sob stress, de seca, nutricional de ou por alta carga. O seu controle químico é indicado através de fungicidas protetivos, sendo mais usados aqueles à base de cobre e, ultimamente, as estrubirulinas ou suas combinações com outros fungicidas. No caso dos fungicidas cúpricos, o controle Resultados e conclusões: eficiente é relacionado à cobertura da folhagem com Os níveis de infeção por cercosporiose e o um número adequado de partículas de cobre, de enfolhamento final nas mudas de café, do ensaio, liberação gradativa. estão colocados no quadro 1, ao lado dos tratamentos. Os fungicidas a base de cobre normalmente usados para controle à cercosporiose são produtos contendo ativos como: oxicloreto, hidróxido, óxido cuproso e calda bordaleza. No presente trabalho objetivou-se estudar doses de uma formulação de sais enriquecida de cobre e cal e testar o efeito de adjuvantes no controle da cercosporiose do cafeeiro. Foi conduzido um ensaio na Fazenda Experimental de Varginha-MG em condições de viveiro, com mudas de café Catuaí no estágio de 2º-3º par de folhas. Foram ensaiados 6 tratamentos, sendo: 2 doses de mistura de sais mais cobre e cal; o oxicloreto de cobre a 0,4%, isolado ou combinado com dois adjuvantes, o Amido-IBRA e o PVA-IBRA, PESQUISANDO 08 Verificou-se que a infeção pela cercosporiose subiu bastante, até 57% de folhas infectadas na testemunha, sobrevindo desfolha, ficando as mudas não tratadas com somente 2,1 folhas/muda. A análise estatística mostrou diferenças significativas para os dois parâmetros avaliados, permitindo separar 3 grupos de eficiência. O tratamento 4 foi superior e os tratamentos 2, 3 e 5 tiveram eficiência menor e, os tratamentos 1 e 6 não foram eficientes. Observou-se, assim, que a mistura de sais enriquecida de cobre e cal melhorou a ação com a elevação da dose, sendo comparável, na dose mais alta, ao oxicloreto de cobre. Quanto aos adjuvantes em combinação com o oxicloreto de cobre, houve efeito positivo do uso de Tratamentos 1 - Mistura sais /cobre IBRA – 0,22% 2 - Mistura sais /cobre IBRA – 0,44% 3 - Oxicl. de cobre (50% Cu) a 0,4% 4 - Oxicl. de cobre + Amido-IBRA a 5% 5 - Oxicl. de cobre + PVA -IBRA a 5% 6 - Testemunha Conclui-se que: A formulação IBRA de sais enriquecida de cobre e cal aumenta sua eficiência contra a cercosporiose na medida em que se eleva a sua dose, tendo ação comparável ao oxicloreto de cobre. Entre os adjuvantes testados, a formulação de Amido-IBRA, o que deve estar ligado à maior distribuição e retenção de fungicida cúprico na folhagem. Como as folhas das mudas tratadas com cobre + amido sempre se apresentaram mais verdes é provável que esse adjuvante tenha agido, também, de forma paralela, surgindo, como hipóteses, a redução da insolação sobre as superfície foliar e/ou o fornecimento de substâncias nutricionais. Este provável efeito complementar deve ser estudado futuramente. Quadro 1. Infeção por cercosporiose e enfolhamento em mudas de café tratadas com formulações de fungicidas cúpricos e adjuvantes. Varginha-MG, 2005. % de folhas infectadas 52,3 c 34,0 b 29,6 b 15,7 a 34,7 b 57,1 c Enfolhamento (nº médio de folhas/muda) 2,1 c 4,5 a 4,1 ab 4,7 a 3,4 b 2,1 c Amido-IBRA melhora a ação do oxicloreto de cobre ou a condição das mudas, resultando maior eficiência no controle da cercosporiose e no enfolhamento. Há necessidade de novos estudos, também em condições de campo, para avaliar melhor a ação do amido. NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DA MOSCA DAS RAÍZES EM CAFEZAL NO SUL DE MINAS. S.R. Almeida e J.B. Matiello - Eng. Agr. MAPA/PROCAFÉ; R.C.C. San Juan - Eng. Agr. Bayer CropScience. A mosca das raízes dos gêneros Chyromiza e Barbiellinea é uma praga que pode causar graves prejuízos ao cafeeiro, dependendo da sua população, variável conforme as condições ambientais na lavoura e de acordo com o manejo fitossanitário utilizado. No presente trabalho objetivou-se correlacionar o nível de infestação das larvas da mosca à produtividade dos cafeeiros. O ensaio foi conduzido em cafezal Mundo Novo, espaçamento 3,8 x 1m, com 15 anos, decotado há 3 anos. Foram usadas diferentes doses de inseticida granulado de solo, para originar 3 níveis de infestação, alta, média e baixa. Os tratamentos foram aplicados em 2 ciclos, 2003/2004 e 2004/2005. Em 2005, efetuou-se amostragem de terra + raízes, com PESQUISANDO 09 auxílio de cilindro de 15cm de diâmetro por 15 de profundidade. As amostras foram tomadas distantes 20cm do tronco, dos 2 lados da linha. As parcelas eram de 7m lineares, sendo tomadas 12 amostras/parcela. A terra foi peneirada, para separação e contagem das larvas que foram encontradas em tamanhos variáveis a partir de 1,5mm de comprimento. Em 2005 efetuou-se a colheita das parcelas. Os dados de produtividade e de infestação correspondentes, em parcelas enquadradas nos 3 níveis de ataque, encontram-se no quadro 1. Tratamentos 1. Baixo controle ao Berne 2. Médio controle ao Berne 3. Alto controle ao Berne Resultados e conclusões Os dados do quadro 1 mostram os resultados das avaliações de infestação e de produção. Verifica-se que, nos 3 níveis, a infestação média foi de 2,8; 5,9 e 10,1 larvas por amostra. Não se pode calcular, com a precisão necessária, o número total de larvas por planta, com vistas a quantificar o nível de dano correlacionado com a infestação por planta. Correspondente a esses níveis, os cafeeiros produziram 38,0; 32,8 e 22,7 sacas/ha. Observou-se que as perdas variaram de 14 a 40%, conforme a infestação foi controlada em nível médio ou com baixo controle. Concluiu-se que: Níveis de infestação médio e altos, entre 6 a 10 larvas/amostra, levam a perdas significativas na produtividade da lavoura. A redução da infestação é viável com o uso de controle adequado e sucessivo, com inseticidas de solo. Quadro 1. Tratamentos e resultados de produção sob diferentes infestações da mosca da raiz do cafeeiro. Elói Mendes-MG, 2005. Nível de população de larvas/amostragem* (20.09.05) 10,1 5,9 2,8 Produção em 2005 22,7 (60%) 32,8 (84%) 38,0 (100%) * Amostragem feita com auxílio de um trado em formato de cilindro com diâmetro de 15cm e profundidade de 15cm, totalizando volume de 2,65 litros. CONTROLE DE PHOMA/ASCOCHYTA EM MUDAS DE CAFÉ COM APLICAÇÃO DE TRIADIMENOL VIA SOLO. J.B. Matiello - Engº. Agrº. MAPA/PROCAFÉ e S.M. Mendonça - Engº. Agr°. e S.M. Filho e A. Louback Téc. Agrº. CEPEC-Heringer e J.L. Freitas - Engº. Agrº. Bayer cropscience. Na presente nota objetiva-se relatar o efeito paralelo do Triadimenol, aplicado nas mudas, sobre o controle da doença causada por Phoma/Ascochyta. No período maio/junho de 2005, quando ocorreu um forte surto de Phoma/Ascochyta no CEPEC em Martins Soares MG, verificou-se que em ensaio com aplicação de Bayfidan, as mudas tratadas há 2 meses com Bayfidan, não apresentavam PESQUISANDO 10 qualquer infeção pela doença, enquanto que nas mudas da testemunha a infeção atingia as folhas (47%) e as brotações novas. A aplicação do fungicida Triadimenol (Bayfidan) em mudas de café é indicada pelo seu efeito hormonal, reduzindo o desenvolvimento vegetativo e aumentando, bastante, as raízes finas das mudas. Sua recomendação é feita à razão de 1,5 ml/100 mudas, irrigado, na fase do 3º - 4º par de folhas, sendo absorvido pelo sistema radicular. Sabe-se que os fungicidas triazóis, no geral, não tem boa atividade contra Phoma/Ascochyta. No caso do tratamento em mudas, 2 hipóteses podem explicar a alta eficiência do tratamento com Bayfidan. A 1ª pode ser devida à elevada concentração que o produto mantém nas mudas, devido à dose e à facilidade de absorção sob condição de viveiro. A 2ª, a mais provável, deve estar ligada à mudança hormonal provocada nas mudas. Verificase que as mudas com Bayfidan tem folhas de cor verde clara e coriáceas, enquanto as da testemunha são verde-escuras e mais tenras, mostrando maior conteúdo de nitrogênio. Pesquisas devem procurar esclarecer essas hipóteses, bem como estudar o efeito do Triadimenol quando aplicado em mudas no pósplantio. A importância dessa nova constatação está na orientação da vantagem do uso do Triadimenol, com prioridade, nas regiões mais frias e nos plantios de inverno, onde ocorre Phoma/Ascochyta, que chega a matar as mudas. Também, pode-se evitar problemas que tem ocorrido em viveiros, com ataque de Phoma/Ascochyta no caule das mudas, com tombamento futuro no campo. EFEITO DA DISTRIBUIÇÃO E DO ESPAÇAMENTO DOS SAQUINHOS NOS CANTEIROS SOBRE O CRESCIMENTO E VIGOR DE MUDAS DE CAFÉ A.E. Miguel - Eng. Agr. MAPA, G.R.R. Almeida, Fundação Procafé, C.H.S. Carvalho, Embrapa Café. As mudas de café de meio ano são formadas usandose saquinhos plásticos de 9 a 11cm de largura e 18 a 22cm de altura. Quando cheios com o substrato estes saquinhos têm aproximadamente 7cm de diâmetro, perfazendo uma densidade de cerca de 250 2 saquinhos/m de canteiro. Em viveiros pequenos usados para a formação de mudas para replantio ou formação de pequenas lavouras, onde não há limitação de espaço, é possível que um maior espaçamento entre as mudas no canteiro possa proporcionar mudas maiores e mais vigorosas assegurando maior pegamento após o plantio e melhor desenvolvimento inicial das plantas. Este trabalho estudou o efeito da distribuição e da densidade de mudas no canteiro sobre o crescimento e vigor de mudas de meio ano. PESQUISANDO 11 Foi instalado um experimento no viveiro da Fazenda Experimental de Caratinga, MG, onde foram testadas sete maneiras de distribuir os saquinhos de mudas de meio ano no canteiro, variando-se o espaçamento entre mudas e o número de mudas/m2 (densidade). Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso com sete tratamentos (Figura 1) e três repetições, com a cultivar Catuaí. Ao final do experimento, seis meses após a semeadura, os seguintes parâmetros foram avaliados: altura de planta, diâmetro do caule, comprimento da raiz, área foliar e peso da matéria seca da planta. das mudas não foram diferentemente afetados pelos diversos tratamentos testados e a área foliar só foi significativamente maior no tratamento 7, o qual tem 2 apenas 18 mudas/m (Tabela 1). O diâmetro do caule foi proporcional à densidade de plantas no canteiro, sendo maior no tratamento 7, intermediário nos tratamentos 3, 4, 5 e 6 e menor nos tratamentos 1 e 2. As plantas do tratamento 3 apresentaram maior diâmetro do caule que as do tratamento 2, embora os dois tratamentos tivessem o mesmo número de mudas/m2 (150). Resultados e Discussão A altura e o comprimento do sistema radicular xxxxx xooox xooox xooox xooox xooox xooox xooox xooox xooox xxxxx 1º xxxxx uuuuu xooox uuuuu xooox uuuuu xooox uuuuu xooox uuuuu xxxxx 2º x – Sacola com muda; xuxux xuoux xuoux xuoux xuoux xuoux xuoux xuoux xuoux xuoux xuxux 3º Figura 1. Esquema da distribuição e dos espaçamentos das mudas de café utilizados nos tratamentos avaliados. xuxux uuuuu xuoux uuuuu xuoux uuuuu xuoux uuuuu xuoux uuuuu xuxux 4º u – Sacola sem muda; xxxxx uuuuu uuuuu xooox uuuuu uuuuu xooox uuuuu uuuuu xooox uuuuu 5º uuxuu uuouu uuouu uuouu uuouu uuouu uuouu uuouu uuouu uuouu uuxuu 6º uuuuu uuxuu uuuuu uuuuu uuouu uuuuu uuuuu uuouu uuuuu uuuuu uuxuu 7º o – Sacola com muda avaliada Tabela 1. Efeito da distribuição e da densidade das mudas de café no canteiro sobre alguns parâmetros de crescimento. Número de Tratamento mudas/ m2 250 1 150 2 150 3 82 4 91 5 50 6 18 7 CV (%) Altura (cm) Diâmetro do caule (cm) Comprimen to da raiz (cm) Área foliar (cm²) 16,42 a 15,82 a 16,94 a 17,79 a 16,58 a 15,72 a 16,66 a 7,8 3,06 b 3,37 b 3,60 a 3,94 a 3,85 a 3,70 a 4,25 a 5,9 19,08 a 19,90 a 16,58 a 20,33 a 19,36 a 18,88 a 16,54 a 11,6 2,19 b 1,90 b 2,15 b 2,78 b 2,52 b 2,48 b 3,69 a 13,2 Peso da matéria seca total (gramas) 0,76 c 0,95 b 0,93 b 1,20 b 1,04 b 1,07 b 1,63 a 13,5 As médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. PESQUISANDO 12 Considerando o peso da matéria seca total como o melhor parâmetro para avaliar o crescimento e estimar o vigor das mudas, pode-se concluir que: 2 A utilização de 18 a 150 mudas/m de canteiro proporcionou a formação de mudas mais vigorosas quando comparadas com a densidade tradicional de 250 mudas/m2. Em termos práticos, a utilização de 150 2 mudas/m de canteiro pode ser mais vantajosa que o sistema tradicional de 250 mudas/m2, quando se deseja formar mudas mais vigorosas ou em menor tempo, destinadas a plantios pequenos e em pequenas áreas e propriedades de natureza familiar. EFEITO DE MÉTODOS DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM UM LATOSSOLO VERMELHO DISTROFÉRRICO EM CAFEEIRO ADULTO SOBRE OS INDICADORES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DA QUALIDADE DO SOLO. Elifas Nunes de Alcântara - Pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG/CTSM, C.postal 176, 37200-000, Lavras, MG; Mozart Martins Ferreira - Prof. da Universidade Federal de Lavras, UFLA, Depart. C. Solos, C.postal 37, 37200-000, Lavras, MG A degradação do solo nos ecossistemas agrários se tornou evidente e tem consistido em uma preocupação constante, pois ela é produto do manejo inadequado do solo. A presença da matéria orgânica no solo é reconhecida como a chave da sustentabilidade, pelas suas inúmeras influências benéficas e essenciais nas mais diferentes propriedades do solo, e a sua falta, além de outros fatores, contribui diretamente para a degradação, refletindo conseqüentemente na qualidade do solo (Stevenson, 1986). Em um solo agrícola, as alterações na qualidade do solo e a sua degradação conforme enfoca Lal 1988, 1993 e Reicosky et al 1995, é resultante quase sempre de manejo que diminui o seu potencial produtivo, o que constitui em uma grande ameaça para a sustentabilidade agrícola. Segundo Fernandes et al. (1997), o esgotamento da matéria orgânica oxidável do solo resulta em drásticas alterações físicas e redução na sua fertilidade. E de acordo com Bollin e Cook (1993), o manejo do solo só sustentável quando a sua qualidade é mantida ou melhorada. As diversas práticas de cultivo podem influenciar diferencialmente as propriedades físicas e químicas do solo, as quais podem ser minimizadas de acordo com o método de controle das plantas daninhas, (Alcântara e Ferreira, 2000). Este trabalho tem sido conduzido por vinte e nove anos e enfoca os efeitos da roçadeira, grade, enxada rotativa, herbicida de pós e de préemergência, capina manual e testemunha sem capina aplicados nas entrelinhas de um cafeeiro sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas de um Latossolo Vermelho distroférrico. Material e Métodos Em uma lavoura estabelecida em 1974, em São Sebastião do Paraíso, MG, na Fazenda Experimental da EPAMIG com 3500 covas com a cultivar Catuai Vermelho (LCH 2077-2-5-99), foi implantado um experimento em 1977. O experimento foi instalado em blocos casualizados, utilizando como tratamento, o manejo das plantas invasoras nas entrelinhas do cafeeiro, a grade, enxada rotativa, herbicida de pós e de pré-emergência, capina manual e testemunha sem capina, com três repetições, com a área da linha mantida sempre limpa. Como herbicida de pósemergência tem sido utilizado o glyphosate, a 0,72 g/ha, e em pré-emergência o herbicida simazin + ametryn, inicialmente como pó molhavel (PM) na dosagem 2,4 kg/ha e posteriormente como solução concentrada (SC) na dosagem de 1,24 kg/ha. Os indicadores de qualidade física e química do solo são avaliados através de amostras de solos de coletadas na entrelinhas em duas profundidades de 0 PESQUISANDO a 15 cm e de 16 a 30 cm, desde 1978 e a cada dois anos incluindo 2004 e encaminhados ao laboratório de solo do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Para a avaliação de qualidade biológica as amostras foram colhidas apenas em 2003, e da mesma forma, analisadas no laboratório de microbiologia da UFLA. Os indicadores físicos que tem sido analisado são: densidade do solo e de partícula, argila dispersa em água, porosidade, estabilidade dos agregados, teor de matéria orgânica; e os indicadores de qualidade química são: pH, teor de potássio, fósforo, cálcio, alumínio, saturação de alumínio, capacidade de troca de cátions (CTC) efetiva, e CTC no pH 7, além da soma e da saturação de bases; e para avaliação. Para análise dos indicadores biológicos foram colhidas amostras de solo na profundidade de 20 cm e avaliada no laboratório de microbiologia do Departamento de Solos da Universidade Federal de Lavras, a biomassa e a respiração microbiana em 2003. Resultados Com o passar dos anos observou-se no tratamento com herbicida de pre-emergência, um aumento da densidade do solo, redução nos teores de argila dispersa em água, evidenciando uma erosão laminar, um encrostamento superficial devido a manutenção da superfície do solo sem cobertura vegetal, e diminuição do diâmetro médio geométricos, o que em outras palavras significa desestruturação do solo, além de redução da porosidade. Por outro lado, no tratamento sem capina nas entrelinhas, verificou-se uma redução na densidade do solo, conservação do nível de argila dispersa em água, o que evidencia também que não houve dispersão das partículas do solo, e o diâmetro médio geométrico compatível com o observado na mata nativa, mostrando portanto, uma reestruturação do solo e aumento na porosidade. Constatou-se ainda, um aumento no teor de matéria orgânica no tratamento testemunha sem capina alcançando valores próximos aos observado na mata nativa. Da mesma forma os tratamentos com roçadeira e herbicida de pós-emergência também apresentaram melhorias nos indicadores físicos. Atribuem-se essas melhorias à elevação do teor de matéria orgânica ocorrido. Mostrando ainda que o contrário ocorreu no tratamento com herbicida de pre-emergência. Verificou-se também a formação de 13 uma camada adensada na profundidade próxima de 15 cm com o uso constante de enxada rotativa. Ao longo destes 29 anos observaram-se também melhorias nos indicadores químicos que foram praticamente ligados ao aumento do teor de matéria orgânica que variou de 2,10 a 2,18% no tratamento com herbicida em pre-emergência de 1978 a 2004. O aumento do teor de matéria orgânica apresentou uma correlação direta com os parâmetros: pH, teor de fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), CTC, soma e saturação por bases, e uma correlação inversa com o teor e com o índice de saturação por Al. A testemunha sem capina foi o tipo de manejo que mais aumentou o teor de matéria orgânica na entrelinha, demonstrando, por conseguinte, grande melhoria na qualidade química do solo. Como relatado acima o uso de herbicida de preemergência praticamente não alterou o teor de matéria orgânica em todo o período, por outro lado, os métodos roçadeira e herbicida de pós-emergência apresentaram uma supremacia sobre os demais métodos, indicando que estes são os mais apropriados quando se visa a sustentabilidade da exploração. Estes resultados mostram que a melhoria na qualidade química do solo depende diretamente do aumento nos teores da matéria orgânica do solo. As análises microbiológicas através da avaliação da biomassa microbiana em µg de Carbono por grama de solo, e a respiração em mg de CO2/ peso seco por tempo de incubação em horas, Quadro 1. mostra que o tratamento com herbicida de preemergência, também neste aspecto foi o que apresentou menor valores nos dois parâmetros avaliados. Por outro lado, o tratamento com herbicida de pós-emergência foi o tratamento que além da testemunha sem capina, sobressaiu sobre os demais com o de maior valor tanto de biomassa como o de respiração microbiana. Este resultado evidencia o uso de herbicida de pós-emergência como o de maior sustentabilidade entre os métodos testados. Apesar dos resultados negativos sobre a qualidade do solo, com relação ao uso de herbicida de pre-emergência, observa-se que a produção não reflete os resultados obtidos neste tratamento. Observou-se ainda que a produção está diretamente correlacionada com a manutenção do cafeeiro livre de competição com o mato, principalmente durante o período de com um déficit hídrico, que ocorre geralmente durante os meses de abril a setembro. PESQUISANDO 14 Tabela 1. Médias de biomassa em µg C por g de solo e de respiração em mg CO2/ peso seco/tempo em horas de incubação, do solo coletado no experimento de avaliação de métodos de controle de plantas daninhas em São Seb. do Paraíso, MG, 2003. Métodos de REFERÊNCIAS: ALCÂNTARA, E. N.; FERREIRA, M.M. Efeito de métodos de controle de plantas daninhas na cultura do cafeeiro (Coffea arabica L.) sobre a qualidade física do solo. - R. Bras. Ci. Solo, 24:711-721, 2000. BOLLIN, B.; COOK, R.B. The major biogeochemical cycles and their interaction. New York: J.Wily & Sons, 1983. 532 p. FERNANDES, la.; Siqueira, J.O.; Guedes, G.A. de A.; CURI, N. Propriedades químicas e bioquímicas de solos sob vegetação de mata e campo cerrado adjacentes. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.21, n.1, p.58-70, 1997 LAL, R. Conservation tillage for sustainable agriculture: tropics versus temperate environments, Advances in Agronomy, New York, v 42, p. 185-197, 1989. LAL, R. Tillage effects on soil degradation, soil resilience, soil quality, and sustainability Soil & Tillage Research, Amsterdam, v127, n1/4, p 1-8, 1993. SEVENSON, F.J. Cycles of Soil-Carbon, nitrogen, phosphorus, sulfur, micronutrients. - New York: J. Wiley & Sons, 1986. 380 p. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste Duncan a 5%. REICOSKY, D.C.; KEMPER, W.D.; LANGDAL. E.G.W.; DOUGLAS, Jr., C.L.; RASMUNSSEN P.E. Soil organic matter changes resulting from tillage and biomass production. Journal of Soil and Water Conservation, Ankeny, v.50, n. 3, p 253-261, 1995. EFEITOS DA DESFOLHA FÍSICA EM CAFEEIROS CULTIVADOS COM IRRIGAÇÃO SOB PIVÔ LEPA NAS CONDIÇÕES DO OESTE DA BAHIA R. Santinato - Engº Agrº MAPA PROCAFÉ; J. O. E. Santo - Engº Agrº Grupo L. Castilho; A.L.T. Fernandes Eng. Agr. Dr. Engenharia de Água e solo e Prof. UNIUBE; W.V. Moreira¹ e E. M. Figueredo Téc. Agrícola FUNDAÇÃO BAHIA e M. A. Alvarenga - Téc. Agrícola SEQUERO Comercial Agrícola, É do conhecimento geral que as desfolhas no cafeeiro, sejam por efeitos de doenças, de pragas ou por motivos físicos, reduzem a produtividade, da safra pendente e da próxima, sejam elas ocorridas na pré ou pós-florada e até mesmo na granação. Miguel et al. demonstraram perdas de até 70%, com desfolhas físicas de 100%. Inúmeros trabalhos de pesquisa demonstram reduções de até 30% com desfolha pela cercosporiose e até 80% com desfolhas pela ferrugem e também pelo bicho mineiro. No Oeste baiano, têm ocorrido desfolhas mais ligada a ataque intenso do bicho mineiro, com perdas não visíveis de 5-10% até perdas elevadas de 50-70% da produção do ano, e, também reduções significativas de anos subseqüentes. Mais recentemente, com o envelhecimento das lavouras, a ferrugem passou também a ser um fator de desfolha em circunstâncias mais localizadas, além da Phoma/Ascochyta e Pseudomonas. Com objetivo de avaliar estas perdas, instalouse o presente trabalho em lavoura de Catucaí 785-15 com 2,5 anos por ocasião da segunda safra na Fazenda Agronol, em Luis Eduardo Magalhães-BA. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com 4 repetições em parcelas de 06 plantas úteis. Foram avaliados 6 tratamentos, com 0 12,5 - 25,0 - 50,0 - 75,0 e 100% de desfolha das plantas na pré e pós florada. Foi realizada a desfolha manual e para cada 8 folhas retirava-se 1 (12,5%); 2 (25%); 4 (50%); 6 (75%) e todas para 100%, procurando uma retirada alternada das folhas tanto para os ramos, quanto para os lados da planta. Resultados e conclusões: No quadro 01 estão reunidos os dados de produção em sc. benef. /ha da 1ª e 2ª safra, bem como suas médias para desfolha em pré (agosto) e pósflorada (outubro), e a geral das duas épocas. PESQUISANDO 15 Quadro 1 - Produções em sc. benef. /ha na 1ª e 2ª safra após a desfolha: Desfolha em % Analisando a 1ª safra, observamos perdas de 10 a 80% quando a desfolha ocorre em agosto na pré-florada, 11,4; 20,4; 24,3; 32,5 e 77,2 sc. benef. /ha, respectivamente para 12,5; 25; 50; 75 e 100% de desfolha. Já na desfolha de pós-florada (outubro) as perdas vão de 11 a 47%, com perdas de 10; 17,2; 23,3; 24,7 e 43,3 sc. benef. /ha, respectivamente para 12,5; 25; 50; 75 e 100% de desfolha. Na análise da 2ª safra, verificamos que ocorreu a recuperação das plantas, inclusive a de 100% de desfolha (80% mais café que a testemunha) para desfolha de agosto ou pré-florada. Na pós-florada o comportamento é similar com recuperação das plantas até 72%, mesmo na desfolha de 100%. Ao considerarmos as médias, melhor visualizadas nos gráficos 1 e 2, verificamos que mesmo com a recuperação vegetativa na 2ª safra, a média dos dois anos indica perdas consideráveis de até 30% quando a desfolha é feita na pré-florada. Se observarmos a média geral, sem considerarmos as épocas de desfolhas, verificamos perdas de 11 a 13%, para desfolhas leves (12,5 a 25%) e de 19 a 23% para desfolhas mais intensas (50 a 100%). Com estes resultados pode-se concluir que para a região do Oeste da Bahia: A desfolha afeta mais a produtividade quando ocorre na pré-florada (agosto), havendo perdas em qualquer desfolha (de 12,5 a 100%) que são de 10, 21, 25, 31 e 81% na 1ª safra. Na 2ª safra ocorre recuperação vegetativa e produtiva, porem abaixo da média da testemunha (sem desfolha) com perdas respectivas de 12, 16, 27, 18 e 30% na média das duas primeiras safras para 12,5; 25; 50; 75 e 100%; A desfolha na pós-florada (outubro) também causa perdas de safras similares à pré-florada, porem de menor valor (47%) para desfolha de 100%, isto se deve provavelmente a indução de folhas ao invés de flores na desfolha de pré-florada. Na desfolha de pósflorada (outubro) a recuperação para a 2ª safra é maior; Em qualquer situação, na média da pré e pósflorada, a desfolha causa perdas de produtividade de 11 a 13% e 19 a 23% respectivamente, em relação aos índices de 12,5 a 25% e de 50 a 100%. Gráfico 01 e 02 - Perdas nas produções na desfolha de pré e pós-florada: Gráfico 02 - Desfolha na pós-florada (outubro) 100 Sacas beneficiadas por hectare Sacas beneficiadas por hectare Gráfico 01 - Desfolha na pré-florada (agosto) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Test 12,5 25 50 75 % de desfolha 1ª Safra 2ª Safra Média das duas Safras 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Test 12,5 1ª Safra 25 50 % de desfolha 2ª Safra 75 Média das duas Safras 100 PESQUISANDO 16 PARTIÇÃO DE MATÉRIA SECA EM CINCO GENÓTIPOS DE CAFÉ DURANTE A ÉPOCA DE FORMAÇÃO DOS FRUTOS. C.H.S. Carvalho, Embrapa Café; J.M.A. Mendonça, G.R.R. Almeida, A.L.A. Garcia, T. Souza (Fundação Procafé). A seca de ramos, morte de raízes e o depauperamento precoce é um dos problemas mais graves enfrentados pelos melhoristas de café para o desenvolvimento de novas cultivares. A perda de vigor do cafeeiro não depende de apenas uma causa, mas é a resultante de um conjunto de tensões do ambiente e da própria planta. Um componente é a predisposição genética ao depauperamento, como no caso de várias progênies derivadas de Catimor. A causa fisiológica mais associada ao depauperamento é o esgotamento energético progressivo dos cafeeiros ao longo dos ciclos de alta produção de frutos. A supercarga é a situação em que a área de folhas disponível na planta não é suficiente para alimentar os frutos que estão se desenvolvendo, principalmente com carboidratos já que a causa principal da perda de vigor é o descompasso entre a demanda de carboidratos pelos frutos e a sua produção pela fotossíntese. O conhecimento do grau de susceptibilidade de diferentes genótipos à seca de ramos parece ser um componente importante para amenizar este problema. Este trabalho foi elaborado como objetivo de estudar a partição de matéria das raízes, caule, ramos, folhas e frutos de genótipos com diferentes graus de susceptibilidade à seca de ramos, a fim de estabelecer critérios para a seleção de plantas menos sensíveis à seca de ramos e ao depauperamento precoce. Foram instalados dois ensaios: No ensaio Nº 01 foi avaliado o peso da matéria seca das folhas, frutos, caule, ramos, raízes finas (< 3mm de diâmetro) e raízes grossas (> 3mm de diâmetro) das progênies Sabiá Precoce 417 e Sabiá Médio 708 e do Catuaí Amarelo IAC 62, nos meses de novembro (1) de 2004 e fevereiro (2), maio (3) e julho (4) de 2005, através do arranquio de plantas de 2,5 anos de idade. Em cada arranquio foram avaliadas três plantas de cada genótipo. As progênies Sabiá são descendentes de um cruzamento entre Catimor 386 e Acaiá e são consideradas susceptíveis à seca de ramos. O Catuaí foi incluído como referência por ser considerado pouco susceptível à seca de ramos. No ensaio Nº 02 também foi avaliado o peso da matéria seca das cultivares Catucaíaçu (susceptível à seca de ramos) e Catucaí 19/8 (pouco susceptível à seca de ramos), de 3,5 anos de idade. Resultados e Discussão Em novembro, no início da formação dos frutos, o sistema radicular representava 25,0% e a parte aérea (caule, ramos, folhas e frutos) 75,0% da matéria seca total das plantas com 2,5 anos de idade (Tabela 1 e Figura 1). Durante o desenvolvimento dos frutos houve um aumento gradativo da relação parte aérea/sistema radicular e em julho, na época da colheita, a parte aérea representava 91,7% e o sistema radicular apenas 8,2% da matéria seca total. Esta variação deveu-se principalmente ao aumento de matéria seca dos frutos, que em julho passaram a representar 45,3% da matéria seca total da planta. Estas alterações aconteceram com igual intensidade nas progênies Sabiá e no Catuaí, sugerindo ocorrer quando o dreno de fotoassimilados provocado pelos frutos for muito forte. Os pesos das matérias secas do caule, ramos plagiotrópicos e folhas também aumentaram durante o período de formação dos frutos, mas em menor intensidade (Figuras 2, 3, 4 e 7). A cultivar Catuaí apresentou maior peso de folhas e de ramos plagiotrópicos secundários que as progênies Sabiá. Nos três genótipos o peso das raízes grossas permaneceu praticamente constante, mas houve uma pequena redução na matéria seca das raízes finas, provavelmente por morte (Figuras 5 e 6). No período chuvoso, houve aumento das raízes finas até o mês de fevereiro e então redução até o final da formação dos frutos (julho). A progênie Sabiá Precoce apresentou menos raízes finas que a Sabiá Médio e que o Catuaí. Os três genótipos apresentaram praticamente o mesmo peso em matéria seca quando considerada a soma de todas as partes da planta (Figura 9). Nos cafeeiros mais velhos, com 3,5 anos de idade, foi observado melhor balanço entre parte aérea e o sistema radicular, sendo que em novembro as raízes representavam 45% da matéria seca da planta e em julho, 21%. Após a colheita a progênies Sabiá apresentaram 10% dos ramos secos. Não houve seca de ramos no Catuaí. PESQUISANDO 17 Tabela 1. Participação percentual das diferentes partes da planta na composição do peso da matéria seca de cafeeiros com 2,5 anos de idade, durante a formação dos frutos. Médias dos genótipos Sabiá 417, Sabiá 708 e Catuaí. Figura 1. Variação percentual do peso da matéria seca da parte aérea e do sistema radicular de cafeeiros com 2,5 anos de idade, durante a formação dos frutos. Médias dos genótipos Sabiá Precoce, Sabiá Médio e Catuaí. 100,0 Parte da Planta Folhas Ramos Caule Frutos Raízes 90,0 80,0 Jul 22,0 14,2 10,3 45,3 8,2 Figura 2. Peso da matéria seca das folhas de ramos plagiotrópicos primários de três genótipos de café, durante a formação dos frutos. 70,0 60,0 % Participação percentual. Nov Fev Mai 38,0 35,3 28,3 18,5 14,3 14,0 16,1 9,5 12,1 2,4 25,1 34,5 25,0 15,8 11,1 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Nov Fev Sistema radicular Mai Parte aérea Jun Figura 3. Peso da matéria seca das folhas de ramos plagiotrópicos secundários de três genótipos de café, durante a formação dos frutos. 500,0 Pedo (g) 400,0 300,0 200,0 100,0 0,0 1 2 3 4 Época de avaliação Sabiá Médio Catuaí Sabiá Precoce Figura 4. Peso da matéria seca dos caules de três genótipos de café, durante a formação dos frutos. Figura 5. Peso da matéria seca das raízes finas (<3mm de diâmetro) de três genótipos de café, durante a formação dos frutos. 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 600,0 400,0 Peso (g) P es o (g ) 500,0 300,0 200,0 100,0 40,0 20,0 0,0 1 2 3 1 2 3 4 Época de Avaliação Sabiá Precoce Catuaí Sabiá Médio 4 Época de Avaliação Sabiá Médio Catuaí Sabiá Precoce Figura 7. Peso da matéria seca dos ramos plagiotrópicos de três genótipos de café, durante a formação dos frutos. 700 600 300,0 500 200,0 Peso (g) Peso (g) Figura 6. Peso da matéria seca das raízes grossas (>3mm de diâmetro) de três genótipos de café, durante a formação dos frutos. 400,0 100,0 400 300 200 0,0 1 2 3 4 100 0 Época de Avaliação Sabiá Médio Catuaí Sabiá Precoce Figura 8. Aumento da matéria seca dos frutos, durante o período de formação, em três genótipos de café. 1 2 3 4 Época de Avaliação Sabiá Médio Catuaí Sabiá Precoce Figura 9. Peso da matéria seca total de plantas de 2,5 anos de idade de três genótipos de café, durante a formação dos frutos. PESQUISANDO 18 RESISTÊNCIA A PHOMA/ASCOCHYTA VERIFICADA EM CAFEEIROS ROBUSTA J.B. Matiello e S.R. Almeida - Engº. Agrº. MAPA/PROCAFÉ, S.M. Mendonça - Engº. Agrº., S.L. Filho e A. Louback, Téc. Agrº. CEPEC/Heringer e C. Khrolling - Engº. Agrº. A seca de ramos, causada em cafeeiros pelos fungos Phoma/Ascochyta, é uma doença grave nas regiões frias e úmidas, como as que prevalecem nas altitudes elevadas e em faces marítimas, na zona de cafeicultura de montanha, em Minas Gerais e Espírito Santo. O controle químico dessa doença é dificultado pelo longo período de sua ocorrência, durante o ano, sem época bem definida, bastando haver entradas de frentes frias, com chuva fina, para a ocorrência de surtos. Deste modo, o controle genético, através de variedades resistentes, seria muito vantajoso. Nas pesquisas em andamento tem-se observado certa tolerância à Phoma em cafeeiros de 2 linhagens de Catucaí ( 2 SL e 20/15 cv. 479) Na presente nota relata-se a observação, em campo, no último ano agrícola, da ocorrência de resistência a Phoma/Ascochyta, verificada em cafeeiros robusta, em 3 localidades, na Zona da Mata de Minas, no CEPEC, em Martins Soares e em Marechal Floriano - ES. No período maio a agosto de 2005, com a umidade e o frio do inverno, houve forte ataque de Phoma/Ascochyta no CEPEC, em Martins Soares, onde existe um banco genético, com as diferentes variedades e espécies de cafeeiros. Nesses campos de variedades, foi observado que os cafeeiros robusta não eram atacados pela doença, diferentemente dos diversos cafeeiros arábica, muito atacados, ao lado. Nos cafeeiros do robusta Apoatã não se constatou qualquer ataque, parecendo haver imunidade a Phoma/Ascochyta, enquanto nos arábica verificou-se, em média, 37% de folhas atacadas. Outros robusta-Conillon, também apresentaram resistência, porém algumas plantas chegam a mostrar infeção pela doença. Na espécie Coffea congensis também não se constatou a doença. No campo de Marechal Floriano, a observação foi feita em uma plantação de Apoatã, com 200 plantas, ao lado do Catuaí. Ali, também, não foi observada infeção por Phoma/Ascochyta no robusta e, ao contrário, forte ataque no Catuaí. Trata-se, assim, da primeira constatação de fonte de resistência a Phoma/Ascochyta em cafeeiros, que poderá ser aproveitada nos programas de melhoramento genético. Essa ocorrência explica, em parte, a tolerância de algumas linhagens de Catucaí, pois em sua origem entrou o Icatu, que, por sua vez, teve cruzamento com robusta, embora em linhagens comerciais de Icatus não se tem verificado tolerância. A constatação efetuada abre campo para novos estudos, visando conhecer melhor o mecanismo e a herança da resistência. 19 RESPONDE “Sou Engenheiro Agrônomo e cafeicultor em Itaguassu ES. Reparei, nesse ano, que houve muito ataque de fungos na florada e nos chumbinhos. Notei menor ataque no Catucaí Amarelo. Como vocês vêem essa constatação?” Fabiano Tomazini, Itaguassu - ES. Consulte pelo E-mail: [email protected] Outra observação foi feita no ensaio de variedades instalado a 1.200m de altitude em Carmo de Minas MG, onde se comparou a produtividade de diversos materiais genéticos, colocando-se, aqui, somente aquele que se destacou em relação ao padrão Catuaí. Coffea: Sr Fabiano: De fato sua observação Nº de ramos Produtividade atacados Média de confere com o que temos visto aí no seu próprio Variedades por 4 safras estado, na região de Marechal Floriano, e na região Phoma/pl (Sacas/ha) alta do Sul de Minas, onde duas linhagens da cultivar Catucaí amarelo a 2SL e a 20/15 CV 479 tem Catucaí amarelo 20/15 CV 479 12,4 69,4 apresentado, nos ensaios, menor ataque de Phoma / Catuaí vermelho 144 29,5 53,4 Ascochyta e, em conseqüência, maior produtividade. Veja-se o exemplo do ensaio em Marechal Floriano onde se avaliou o número médio de frutos Como se pode observar dos resultados, as duas por roseta e a produção, na média de 3 safras. Os linhagens de Catucaí amarelo tem apresentado maior resultados foram obtidos em comparação com a tolerância à Phoma/Ascochyta, fungos que causam variedade Catucaí vermelho/81, sendo os seguintes: sérios prejuízos, como os ocorridos nesse ano, Número médio Produtividade sempre que ocorrem períodos de chuva fina e de frutos Média 3 safras continuada no período de pós-florada. As regiões de Variedades por roseta (Sacas/ha) altitude mais elevada e mais úmidas são as mais problemáticas e, por isso, devem dar preferência ao Catucaí amarelo 2SL 11,5 87 plantio do Catucaí amarelo. Catuaí vermelho 81 8,0 71 20 RECOMENDANDO CAFÉ CONILLON COM MAMÃO, UMA BOA COMBINAÇÃO J.B. Matiello - Eng. Agr. MAPA/Procafé; Consultor EMBRAPA/Café Combinar culturas sempre é importante, desde que haja vantagens técnicas ou econômicas, com benefícios no conjunto. Os principais pontos positivos da combinação são: a melhoria do ambiente e a redução de custos, com rendas adicionais. As desvantagens são a concorrência entre culturas e impedimentos nos tratos. A boa combinação, assim, é aquela que maximize os benefícios e minimize a concorrência. Isso pode ser obtido com a escolha do cultivo a ser associado na lavoura de café e com adequação do manejo de ambos, sempre com a devida adaptação às condições locais e regionais. A combinação de cafeeiros Conillon com o plantio de mamoeiros encontrou o equilíbrio desejado e, por isso, ocupa vastas áreas da região norte do estado do Espírito Santo. Na combinação com o cafeeiro Conillon, usada na região norte do Espírito Santo, especialmente nos municípios de Linhares, São Mateus, Pinheiros, Pedro Canário e outros vizinhos, o café vai ser a cultura permanente e o mamão a temporária. O sistema é recomendado assim: planta-se os mamoeiros no espaçamento de 3 a 3,5m entre linhas por 1,5 a 2,0m, na linha. Quando as plantas de mamão estiverem com 6 a 8 meses, planta-se as mudas de café nas mesmas linhas, intercalando-se no espaçamento de 0,75 a 1,5m entre elas. Deste modo as plantas de café vão tirar proveito da sombra do mamoeiro, o que é muito útil no pegamento e desenvolvimento inicial do cafeeiro. Vão usufruir, ainda, da adubação de fundação (com muito fósforo) e das coberturas efetuadas para o mamoeiro. Vão, também, aproveitar a água de irrigação, que ultimamente é Sistemas indicados mais comum através do gotejamento. O mamoeiro é uma planta explorada de Na medida que os mamoeiros vão ficando forma temporária, normalmente cultivada até os improdutivos, passa-se, então, a cortar as plantas 2,5 anos de idade, quando a produção de frutos fica mais fracas e, gradativamente, elimina-se todas, muito baixa. ficando o cafezal formado, a custo praticamente zero. O erro mais comum cometido na combinação é plantar os cafeeiros na mesma época de plantio dos mamoeiros. Nessa condição, os cafeeiros crescem estiolados, mais esguios e de tronco mais fino. Ao mesmo tempo, eles estabelecem uma maior concorrência com os mamoeiros e estes tem seu desenvolvimento e produção prejudicados. Outras variações que podem ser adotadas nos sistemas de combinação dependem dos espaçamentos dos mamoeiros. Alguns produtores usam linhas duplas a 2m e uma rua larga com 3 a 3,5m. Outra opção é a de plantar os mamoeiros RECOMENDANDO mais espaçados, por exemplo 5 x 2m e intercalar uma linha de cafeeiros que, nesse caso, ficaria a 2,5 x 1m. Variedades, custos e problemas O mamoeiro é uma fruteira de grande consumo, tanto no mercado interno como no externo. No estado do Espirito Santo existem grandes empresas exportadoras e os preços dos contratos no mercado externo são bastante atrativos, na base de US$ 0,50 o quilo. A implantação da cultura do mamoeiro é custosa, na base de R$ 8.000,00/ha e se pode produzir 60 100 toneladas / ha. As variedades plantadas são principalmente a Sunrise solo (voltada para mercado interno) mais conhecido como mamão papaia. Para o mercado externo há maior aceitação da Golden e, também, esta mesma variedade com plantas de porte mais baixo (gran Golden), facilitando a irrigação por pivôs altos. A variedade Formosa produz mamões um pouco maiores, tem cor e sabor mais pronunciados e se adapta ao mercado interno, mas tende a se adequar também à exportação, estando em multiplicação a variedade Formosinha ou Calimosa, com frutos menores. Vemos como problema a instabilidade de preços no mercado interno, para onde são destinados os mamões menores ou fora do 21 padrão. Outro problema é o ataque de pragas e doenças que, em certos casos, exige muitos gastos em aplicação de defensivos. No caso de ocorrência de mosaico (por vírus) é preciso erradicar os mamoeiros para evitar sua disseminação. As tecnologias para cultivo do mamoeiro ainda estão em desenvolvimento, parecendo que muitas práticas adotadas carecem de pesquisas comprobatórias. Por exemplo, no gotejo aduba-se todos os dias. Para os cafeeiros, como já foi relatado, os mamoeiros fornecem sombra o que aumenta o ataque da ferrugem, necessitando mais tratamentos com fungicidas. O ideal seria usar clones tolerantes a essa doença. Os interessados que quiserem conhecer mais sobre o cultivo do mamoeiro e sua combinação com cafeeiros indicamos consultar os setores técnicos de duas grandes empresas produtoras e exportadoras, em Linhares - ES, a Caliman e a Gaya. Para finalizar essas nossas informações, podemos adicionar que é possível usar, também, combinações com cafeeiros arábica, já que, com irrigação é possível cultivar cafeeiros de variedades arábica em regiões de temperaturas mais elevadas, onde o mamoeiro encontra melhores condições para sua produção e para a qualidade (doçura) dos frutos. 22 RECOMENDANDO COMO IRRIGAR BARATO, COM ASPERSÃO EM MALHA LARGA J.B. Matiello Eng. Agr. MAPA / PROCAFÉ A.L.T. Fernandes UNIUBE A cultura do café vem, ano a ano, tendo aumento nas áreas irrigadas, devido aos deficits hídricos que ocorrem de forma normal em áreas consideradas marginais pelo zoneamento agroclimático dessa lavoura e que são aproveitados para o café, ou então, pela crescente freqüência de veranicos, que causam perdas mesmo em áreas cafeeiras tradicionais e zoneadas como aptos para o café. Por isso a adoção da irrigação vem sendo acompanhada de pesquisas visando determinar as melhores condições para fornecer a água necessária para o crescimento e produção do cafeeiro, sempre buscando a forma mais econômica. A irrigação pelo sistema de aspersão em malha vem sendo adaptada para a cultura cafeeira, especialmente para pequenos produtores. Ela foi objeto de boletins especiais e seu uso é crescente. Ocorre que para projetos maiores há dificuldade no manejo e troca dos aspersores, devido ao elevado número por hectare. Para a malha normal, no espaço entre aspersores de 16m a 18m por 16m a 18m são necessárias mais de 30 deles por hectare. Alguns projetos tem sido desenvolvidos para o uso de malha larga, com distâncias de 30m a 40m entre aspersores, visando viabilizar seu uso em áreas maiores. O que é a malha tradicional A irrigação pelo sistema de malha tradicional consiste em distribuir a água por tubulações de pequeno diâmetro (1/2 a 3/4”), em redes com aspersores trocáveis, sendo que apenas um deles funciona de cada vez por rede. Esses aspersores são 3 de baixa vazão, normalmente de 1,5m 3 3m por hora e trabalham várias horas por posição. A maior dificuldade na implantação é o elevado número de valas a serem abertas, correspondendo a cerca de 600 metros por hectare e, também, o grande número de estacas de fixação que se tornam necessárias. No seu manejo, esse sistema dá mais trabalho na mudança dos aspersores e, ainda, como os jatos d'água são mais finos e leves há tendência de maior deriva pelo vento. A malha larga facilita No sistema de malha larga, o esquema é o mesmo adotado para a malha tradicional. A diferença está no uso de tubos de maior diâmetro, sendo o mais usado de 50mm. Com isso, pode-se acoplar aspersores com maior vazão 3 3 (8m /h 12m /h) e que resultam em um diâmetro malhado de 50m a 60m, podendo-se, então, distanciá-los de 30m a 40m. Com isso emprega-se, RECOMENDANDO usualmente, cerca de 10 aspersores/ha, diminuindo o trabalho na instalação e no manejo do dia a dia. Quanto ao custo, os dois sistemas de malha são semelhantes e se igualam. Atualmente, tem gerado despesas de R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00 /ha, ou seja, um custo baixo em relação aos demais sistemas mais duradouros, onde se enquadra o sistema de malha, que bem manejada pode durar mais de 15 anos com pouca reposição. 23 O trabalhador se dirige para troca do aspersor. Como implantar e operar Para implantar a malha larga, o que é um pouco mais difícil, e exige conhecimento de hidráulica, o cálculo inicial é feito para determinar a tubulação da adutora principal e dos ramais de abastecimento da malha (seu diâmetro e a pressão possível). Também, nesse cálculo, chega-se ao conjunto moto-bomba indicado, em termos de vazão e pressão adequados, de acordo com o tamanho e características (desnível e formato) da área a irrigar. Com isso, na mão, o próprio produtor, com poucas explicações, pode, ele e seus empregados, montar a malha. Basta abrir valas nas distâncias certas, colar e enterrar os canos e adaptar a subida para os aspersores. Na malha longa é preferível já deixar um registro de espera na subida de cada aspersor, o que facilita a troca do aspersor e todo o manejo da irrigação, pois caso se deseje irrigar à noite, basta abrir e fechar registros, e nesse caso, nas últimas horas do dia, se aproveita para já colocar os aspersores nas posições que serão molhadas durante Irrigação em malha-larga em área de café em formação, protegido pelo milharal. a noite. Nessa situação, deve-se, no entanto, dispor de um número maior de aspersores. No dia-a-dia a operação é simples, podendo-se, mesmo, deixar em mãos de trabalhadores de pequena especialização, visto que o próprio sistema mostra o que deve ser feito. Pelo jato de água que sai do aspersor pode-se ter uma idéia se está funcionando bem. Se estiver fraco pode ser baixa pressão. Nesse caso ou há problemas na bomba ou há excesso de aspersores abertos naquela posição da área. Basta então fechar alguns. Para aferir melhor, basta estar munido de um manômetro adaptado ao bocal de saída para o aspersor. Deve-se, então, ajustar para 30 45mca, a faixa ideal para operar com a malha, munida dos aspersores indicados pelo projeto. Escolha dos aspersores Talvez o ponto mais crítico do sistema de malha larga está na escolha de aspersores adequados, os quais devem cobrir bem, com seus jatos de água, a área de terreno deixada entre eles. Pode-se contar com mini canhões ou aspersores de duas saídas, de origem nacional ou importados, esses últimos de melhor distribuição de água, porém mais caros. Os aspersores de duas saídas são mais equilibrados e resultam em menor vibração no terminal do tubo onde são conectados, levando a um menor atrito do encanamento com a estaca de sustentação. Existem várias marcas no mercado, destacando-se duas que tem sido usadas com sucesso: o aspersor asperjato modelo 600 S e o Serinninger. RESUMINDO 24 Extratos de Revistas Científicas nacionais e estrangeiras. DETERMINAÇÃO DA INCIDÊNCIA DA MANCHA ANULAR EM RAMOS DE UMA MESMA PLANTA DE CAFEEIRO EM DOIS ANOS CONSECUTIVOS. Nesse trabalho foram marcadas 12 plantas, que foram observadas nos anos de 2003 e 2004, na ocasião da frutificação, para verificar se os ramos que produziram frutos com sintomas, em um ano, também apresentariam esse sintoma nos frutos no ano seguinte. Foram marcados 7 ramos contendo frutos e folhas com e sem sintomas para comparação e avaliação da possível permanência do vírus nas proximidades do local infectado. Observou-se que na maioria das plantas marcadas em 2004 não houve correspondência do índice de incidência de mancha anular observado em 2003, ou seja, ramos com alta incidência da mancha anular no primeiro ano às vezes não apresentaram ou apresentaram uma baixa incidência dessa virose no ano seguinte, enquanto que os que apresentaram baixa ou nenhuma incidência mostraram uma alta incidência da mancha anular, tanto nas folhas como nos frutos. Isso sugere que o índice de incidência da mancha anular em um ano não tem nenhuma influência sobre esse índice no ano seguinte, o que significa que, mesmo que o vírus permaneça nos ramos, provavelmente ele não é capaz de se translocar, ainda que à curtas distâncias, para infectar as folhas localizados nas pontas dos ramos, onde acontecerá a frutificação do ano seguinte. Desse modo, parece que a reinfecção da planta na estação seguinte deve depender unicamente da presença de ácaros virulíferos para reinocular os frutos e as folhas mais novas. Novos estudos continuam em andamento para melhor entender o desenvolvimento dessa doença no campo. GIRÃO, L.C.V.; FIGUEIRA, A.R.; ALMEIDA, J.E.M. e ALMEIDA, R.V. in Anais do 30º CBPC, p.299, 2004. TEOR DE LIPÍDIOS EM VARIEDADES DE CAFÉ ROBUSTA (COFFEA CANEPHORA). Foram utilizadas quarenta e sete plantas pertencentes à seis variedades de café robusta (C. canephora) mantidas no Banco de Germoplasma do Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Café ´Alcides Carvalho` do Instituto Agronômico em Campinas- IAC/APTA. Frutos de cada planta foram colhidos no estádio de maturação cereja, descascados, lavados após a fermentação e secos ao sol em plástico perfurado até a umidade da ordem de aproximadamente 11%. Após esse período, foram beneficiados e as sementes de café cru foram moídas, peneiradas até o momento das análises. Para a determinação dos lipídios utilizaram-se aproximadamente 5 gramas de café cru moído. A extração foi feita com cerca de 100 ml de éter de petróleo, sobrefluxo durante 16 horas em aparato “Butt”. A pesagem do material sólido foi feita após secos durante uma noite em temperatura ambiente e por durante 30 minutos em estufa a 105º C. A concentração de lipídios foi calculada pela diferença entre a massa de café inicial e a desengordurada seca durante 30 minutos e 1 hora em estufa à 105º C. De acordo com os resultados obtidos, a variedade Robusta, apresentou, em média, a maior concentração de lipídios, com 10,91% e amplitude de variação de 20,11%, concordando com os resultados encontrados na literatura. As variedades Apoatã, Bukobensis, Laurentii e Guarini caracterizaram-se por apresentar teores intermediários entre as diferentes variedades analisadas, com valores médios entre 9,07% e 9,44%. O menor valor e o maior foram observados em cafeeiros das variedades Laurentii e Bukobensis. Seus resultados não puderam ser comparados com os dados de literatura, pois a mesma carece de informações relacionadas à elas. A variedade Apoatã apresentou teor médio de lipídio igual a 9,36%. Por outro lado, a variedade Kouilou ficou caracterizada por apresentar o menor valor para a característica, com teor médio de 7,33% e amplitude de variação de 17,21%. Esta baixa quantidade de lipídios encontrada para a variedade Kouilou, se deve principalmente ao fato dela pertencer à outra região de ocorrência. Os resultados do presente trabalho destacam a diferença em termos de lipídios da semente em cafeeiros robusta. Os mesmos evidenciaram a existência de grande variação para o teor de lipídios entre as seis variedades de C. canephora estudadas, com valores de 7,33% a 10,91%, para Kouilou e Robusta. AGUIAR, A.T.E.; SALVA, T.J.G.; FAZUOLI, L.C.; FAVARIN, J.L. in Anais do 30º CBPC, in 30º CBPC, p. 264-5, 2004. RESUMINDO 25 APLICAÇÃO DE HERBICIDA EM LAVOURAS DE CAFÉ EM FORMAÇÃO. O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência de uma barra de pulverização com um protetor contra deriva de um pulverizador de transporte animal, para aplicação de herbicida não-seletivo, em lavouras de café em formação (18 meses) Figura 1. Foram utilizados bicos de pulverização de jato plano e distribuição uniforme do tipo 80-EF-015, três volumes de calda (110, 210 e 292 L ha-1) e duas doses de -1 gliphosate (960 e 1920 g ha do ingrediente ativo (i.a)). Dez espécies das plantas daninhas estavam presentes na área experimental. Todos os tratamentos apresentaram valores de eficácia de controle de plantas daninhas na faixa de plantio, superiores a 98%. O equipamento proporcionou proteção total contra a deriva, não sendo observado nenhum sinal de impacto de gotas da calda na cultura, bem como não foi observado nenhum sinal de toxicidade do herbicida até 30 dias após as aplicações. RODRIGUES, G.J.; TEIXEIRA, M.M.; PARANHOS, F.C. in Anais 30º CBPC, p. 375-6, 2004. CONTROLE DA MANCHA AUREOLADA (Pseudomonas syringae pv. garcae) ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DO PRODUTO HOKKO KASUMIN (Kasugamicina) EM CONDIÇÕES DE CAMPO NO MUNICÍPiO DE PATROCÍNIO-MG. O presente ensaio teve o objetivo de estudar a atuação do produto Hokko Kasumin sobre o controle da doença Mancha Aureolada e foi desenvolvido na Estação Experimental da EPAMIG no município de Patrocínio/MG entre 25/09/03 e 06/07/04. A cultivar utilizada foi a Catuaí com idade adulta, plantada com espaçamento de 2,40m x 1,20m. O Delineamento experimental utilizado foi o de Blocos Casualizados (DBC) com 6 tratamentos e 4 repetições. As parcelas foram estabelecidas em 12 plantas, sendo a área útil 10 plantas. Os tratamentos com dosagens de 0,5; 1,0 e 1,5 litros de Kasumin/ha. Para as aplicações utilizou-se um pulverizador costal motorizado, com vazão de 500L/ha. Durante as aplicações, utilizou-se um protetor de polietileno nas parcelas de 3,0 m x 2,0 m, para evitar deriva dos produtos. Para as avaliações do efeito dos tratamentos sobre a retenção de frutos foram marcados seis ramos por parcela na altura do terceiro entre nó. Foram realizadas 5 avaliações foliares (50 folhas/parcela) no período de abril a junho, estabelecendo-se o percentual de ocorrência da doença. Observou-se que os tratamentos iniciais (setembro e outubro) foram fundamentais na manutenção de índices significativamente mais reduzidos da doença durante todo o período avaliado, sendo que o tratamento com aplicações com o Kasumin na dosagem de 0,5 L/ha durante um período mais prolongado possibilitou a manutenção de índices reduzidos da doença até o mês de junho, tendo possibilitado o controle adicional da cercosporiose. Os tratamentos com os produtos Kasumin aplicados nas dosagens 0,5 e 1,0 L/ha previstos para o mês de maio exigiram a aplicação anterior em fevereiro tendo em vista os elevados níveis da doença registrados na testemunha no mês de fevereiro. Como a doença mancha aureolada interfere fundamentalmente no pegamento de frutos, pode-se observar que na primeira e segunda avaliações novamente o tratamento com menor dose e 6 aplicações foi o que promoveu o maior número de frutos, reforçando novamente os comentários anteriores em relação a forma e dosagem de aplicação. Concluiu-se que o produto Kasumin promoveu o controle eficaz da mancha aureolada em folhas e promoveu uma maior retenção de frutos do cafeeiro no município de Patrocínio/MG. SILVA, A.C.; PEREIRA, M.C.; CLAFOUNT, S.M., ANGÉLICO, C.L. in Anais do 30º CBPC, p. 276-8, 2004. PANORAMA 26 PESQUISAS COM DIVERSIFICAÇÃO VÃO BEM São animadores os primeiros resultados obtidos nos ensaios e campos de observação com outros cultivos introduzidos para diversificação nas propriedades cafeeiras. Na Fazenda Experimental de Varginha a combinação de café com erva mate, com Cedro Australiano e com Gliricídea já mostra bom potencial. As plantas vêm crescendo muito bem, adaptando-se às condições de clima e solos locais. Os cedros e as Gliricídeas já estão com quatro anos e a erva mate com 2,5 anos. No CEPEC, em Martins Soares, também a erva mate está se desenvolvendo bem. Até já fizemos alguns Erva-mate na FEX - Varginha chá mate bem gelados, com as folhas colhidas e artesanalmente torradas no forno a gás da cozinha da Fazenda. E estavam muito saborosos. O plantio do café com cedro e com bananeiras também está muito bom, aos três anos de idade as árvores estão com mais de 10m. de altura e com um belo fuste. Parece que o cedro australiano se desenvolve melhor junto com o cafezal, pois a árvore é exigente em fertilidade e, então, aproveita os resíduos de adubo da lavoura de café. A maior surpresa, no CEPEC, a 740m de altitude, está por conta dos cacaueiros. Tida como uma planta que frutifica só em clima quente, ali a regra vem sendo alterada. Aos 2,5 anos as plantas, ainda muito jovens, já encheram seus troncos de frutos de cacau, veja na foto. A combinação de plantas perenes no cafezal visa dar maior sustentabilidade à lavoura de café, especialmente para a situação do pequeno produtor. As novas pesquisas e observações são um pequeno passo nessa direção. Muito mais deve ser feito para atingir esse objetivo. SEMINÁRIOS DE CAFÉ EM VÁRIAS REGIÕES Quatro Seminários sobre cafeicultura foram programados para o mês de março, atendendo regionalmente ao interesse de fornecer e acumular conhecimentos e experiências sobre os vários aspectos da lavoura cafeeira. De 15 a 17 de março ocorreu em Vitória da Conquista, Bahia importante encontro de nível nacional, patrocinado pela Assocafé, neste ano destacando o 2º Encontro Nacional do Café Conillon dentro do evento. De 22-24 de março aconteceu o 10º Seminário de Cafeicultura de Montanha em Manhuaçu-MG, patrocinado pela ACIAM, e de 29 a 31 de março teve lugar o 7° Seminário de Cafeicultura Irrigada, - Funcafé - em Araguari-MG. De 19 a 20 de abril é em Luiz Eduardo Magalhães-BA, o 4º Seminário sobre a Cafeicultura no Oeste da Bahia, organizado pela AIBA, o 7º Agrocafé. Com uma melhora na situação de preços do café, renova-se o ânimo do pessoal, dos produtores e dos Técnicos. Os programas dos seminários contam com debates, palestras, cursos e exposições abrangendo temas de interesse em cada região. As boas informações vão estar saindo desses encontros. Cabe aos interessados aproveitá-las para melhorar suas atividades no café. PANORAMA 27 SECA PREJUDICA A GRANAÇÃO DOS FRUTOS DE CAFÉ EM VÁRIAS REGIÕES Várias regiões apresentaram um período prolongado de estiagem entre dezembro e fevereiro. Em algumas áreas ficou até 60 dias sem chover. Em conseqüência houve a ocorrência de chochamento ou má granação dos frutos, o que vai se refletir em quebras de produção. Como se conhece, após a floração e fecundação das flores, os pequenos frutos começam a crescer. É entre 80 110 dias pósflorada que se concentra o período de formação das sementes, conhecido pelo nome de enchimento dos grãos. Quando falta água nesse período é um desastre. As reservas para a formação das sementes não são ali acumuladas, devido à falta de translocação (pela falta d'água). A princípio sentese, ao apertar os frutos, nas rosetas mais próximas à ponta dos ramos, que a casca afunda, como se tivesse ar dentro. Ao cortar esses frutos transversalmente, com um canivete, vê-se, realmente, que o tegumento da semente se encontra muito delgado, e entre ele e a casca se nota um espaço vazio. Com o passar do tempo, não chovendo, o tegumento e toda a câmara do fruto fica escura. Ao pegar os frutos e colocá-los em um recipiente com água eles bóiam em sua maioria. Nesse ano, o fenômeno ocorreu em grande escala no Leste de Minas, no Espírito Santo, na Bahia e em parte do Triângulo e Sul de Minas. Verificou-se que as lavouras novas, na 1ª e 2ª cargas foram as que sentiram mais. Igualmente as áreas com ataque de nematóides e nessas, as variedades susceptíveis sempre mostraram-se mais murchas do que as resistentes. Entre as variedades também foi possível observar umas mais tolerantes que as outras. Houve destaque para o Acauã e o Seriema na Zona da Mata de Minas e na Bahia. Em uma lavoura de 1ª safra no CEPEC verificou-se nos frutos das seis últimas rosetas, 66% de chochos, o que representa uma grande perda. As observações estão em curso para determinar a recuperação que possa haver na granação e para determinar os melhores materiais genéticos tolerantes. Com a retomada das chuvas já foi possível observar recuperação na granação dos frutos nas plantas e nas áreas onde o problema ainda não era tão severo. Áreas mais frias com menor stress pela seca mostraram que frutos que boiaram antes das chuvas (60-70%) se recuperaram e agora as bóias ficaram reduzidas a 10-15%. Nas áreas mais quentes, onde o stress foi mais grave não houve recuperação. A colheita e determinação do rendimento coco/beneficiado é que vai dar o resultado final. PANORAMA 28 DIAS DE CAMPO JÁ MARCADOS EM VARGINHA Serão realizados ser 24 e 25 de maio, os já tradicionais Dias de Campo na Fazenda Experimental do MAPA/Fundação Procafé em Varginha, no Sul de Minas, para mostrar e divulgar os novos resultados de pesquisas ali realizadas. Nesse ano espera-se, como em 2005, mais de 700 participantes em cada dia, atendendo os interessados de todo o Sul de Minas e também Técnicos e produtores das regiões vizinhas, do Leste de Minas e do Alto Paranaíba. Serão demonstradas técnicas de combinação de cultivos, superadensamento, podas, variedades e nutrição. O programa será brevemente distribuído. Para maiores informações consulte o site: www.fundacaoprocafe.com.br. SERIEMA: CHEGAM OS CLONES E POR SEMENTE CHEGA-SE A PLANTAS HOMOZIGOTAS geração, em três plantas homozigotas para resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem. Sementes dessas plantas estão, agora, compondo ensaios de competição visando aferir sua capacidade produtiva. Também, em outra linha de trabalho, efetuou-se cruzamentos das melhores plantas de Seriema com outros materiais resistentes à ferrugem e de boas características de sementes, como o Catucaí-açu, o Catucaí amarelo e o Acauã. Esses híbridos estão com 2,5 anos e, no geral, mostram altas produtividades iniciais, o que tem sido uma característica encontrada somente em algumas plantas selecionadas do material de Seriema. A perspectiva é de que dentro de três a quatro anos se disponha de material de reprodução (estacas, mudas e sementes) para distribuição em escala para plantios comerciais. Estão prontos os clones do material de Seriema, que possui resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem na mesma planta. Em Varginha, na Fazenda Experimental do MAPA/Fundação Procafé serão adaptadas as mudas clonadas, obtidas por embriogênese somática em meio líquido, de plantas matrizes selecionadas, dispondo-se de 2000 mudas de cada clone para os testes finais de adaptação e produtividade. Paralelamente, está sendo montado laboratório para multiplicação do material que for aprovado. Outra pesquisa complementar estuda a multiplicação por sementes, a qual resultou na 5ª PANORAMA 29 ZONEAMENTO FORA DE HORA O zoneamento agroclimático realizado pela UFV, para a cafeicultura em Minas Gerais, e que deu origem a Portaria do MAPA recomendando a não concessão de financiamentos nas áreas não zoneadas é, no mínimo, defasado no tempo, para não falar de suas bases científicas, também completamente superadas pela evolução tecnológica das duas últimas décadas. Fora de hora, porque, na prática, já existe o zoneamento, ou seja, todas as áreas são aptas desde que com irrigação e com tecnologia. A menos que se proíba irrigar café ou arborizar a lavoura, ou plantar híbridos adaptados ou a plantar café robusta. As pesquisas disponíveis e as vastas áreas de cafezais já exploradas, com lavouras altamente produtivas, em regiões fora dos parâmetros considerados no zoneamento, mostram que a prática é mais importante que a teoria. SUPERADENSAMENTO MOSTRA BONS RESULTADOS Os novos trabalhos de pesquisa buscando determinar as melhores variedades e os espaçamentos mais adequados para cafezais superadensados, já estão mostrando os primeiros resultados, os quais se revelam bastante animadores. Nos espaçamentos que comportam cerca de 30 mil plantas por hectare vem sendo obtida uma primeira safra muito alta, na faixa de 140-160 sacas/ha e na segunda cerca de 100 sacas/ha. Aí, então, planeja-se recepar e obter novo ciclo de safras altas. Esse projeto vem sendo realizado em três campos experimentais, em Varginha (Procafé), PANORAMA 30 em Martins Soares (CEPEC) e em Pirapora (Agropec. São Thomé), nesta última com irrigação. A pesquisa conta com o apoio do CBP & D café. O melhor espaçamento, até o momento, é de 1,30 x 0,25m e a variedade Catucaí está se mostrando muito adequada. No mesmo trabalho está sendo avaliado o rendimento e a qualidade do café colhido após o corte das plantas e a seca dos frutos presos à própria planta do café. Os níveis de produtividade obtidos em média de 2 safras tem sido superiores a 130 sacas/ha. PREÇOS BONS ATIVARAM NOVOS PLANTIOS DE CAFÉ Faltaram mudas de café em quase todas as regiões produtoras. Os preços das mudas subiram até R$ 300,00 por milheiro, em conseqüência do aumento de preços verificado no início de 2006. Não deu para quem quis, assim diziam os viveiristas satisfeitos. Pena que em algumas regiões a estiagem veio logo após o plantio e houve muita perda de plantas. Os preços do café caíram um pouco, mas ainda são atraentes para motivar novos plantios em 2006/07. Existem boas perspectivas para os preços nas duas próximas safras, pois a oferta já está bastante ajustada à demanda e os estoques não são grandes. As novas sementes de café estarão saindo a partir de abril-maio. Aí pode-se ter uma melhor idéia da continuidade do movimento de plantio iniciado em 2005. O café não está sendo um bom negócio, mas as outras culturas, a exceção da cana, estão com preços baixos, em pior situação. Deve-se refletir que grandes ampliações de áreas cafeeiras exigem investimentos, nem sempre garantidos por preços remuneradores quando as lavouras estiverem produzindo. Mais vale, então, recompor e melhorar as lavouras existentes, que a curto prazo podem elevar a produtividade e as safras, com investimentos menores. 31 ANÁLISE AVALIAÇÃO DA EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES PELO CAFEEIRO J.B.Matiello, R.Santinato, A .W.R.Garcia e S.R.Almeida - Engos Agro. MAPA/PROCAFÉ Quais os nutrientes que o cafeeiro precisa para crescer e para produzir? Qual a quantidade necessária nas diferentes fases de formação da lavoura e nas plantas adultas? Para que esse conhecimento serve, na prática da adubação? Essas são perguntas que a pesquisa pode responder, com boa margem de segurança. Dois trabalhos mais recentes foram realizados, em diferentes condições de lavoura, para determinar quais e quanto de nutrientes a planta extrai e acumula em suas diferentes partes e no que mais interessa, na vegetação e na produção de frutos. Esse conhecimento é, hoje, a base para indicar a dosagem de adubação racional dos cafezais. Pesquisas pioneiras A 1ª pesquisa para determinar o conteúdo nutricional do cafeeiro foi feita por Catani e outros em 1967, em Piracicaba SP, que determinou, para a variedade Mundo novo, em cafeeiros com 10 anos de idade, o teor de macro e micronutrientes contidos nas várias partes da planta de café, no tronco, ramos, folhas e frutos. Em 1986 uma nova pesquisa foi concluída em Varginha - MG, agora com as variedades Catuaí e Mundo Novo e para espaçamentos, na época, mais modernos e sobre solos de cerrado, que predominam na cafeicultura brasileira. Os dados de extração de macro e micronutrientes, desde a fase inicial de campo até o sétimo ano, com toda a etapa de formação e mais quatro safras do cafeeiro adulto, foram publicados por Correa, Garcia e Costa (Anais 13º CBPC, pg. 35). Essa pesquisa, mais completa, mostrou que na fase de formação do cafeeiro as exigências nutricionais aumentam, de forma quase geométrica, da muda até a idade de 18 meses, sendo os nutrientes, nessa fase, exigidos na seguinte ordem: N, K, Ca, Mg, P, S, Fe, Mn, B, Cu e Zn. Dos 18 aos 30 meses, com a primeira produção, que no ensaio foi em média de 15,8 sacas/ha (espaçamento 4 x 2,5m), a extração observada manteve a mesma ordem para os macronutrientes e se alterou ligeiramente para os micro, o zinco sendo mais extraído que o boro e o cobre. Por ocasião da 1ª safra as exigências aumentam muito, exigindo cuidados especiais, visto que as plantas jovens dispõem ainda, de uma pequena área foliar em relação à carga de frutos, ficando mais sujeitas ao stress nutricional pela carga. Do plantio até os 30 meses, considerada a necessidade para a formação do cafezal e a primeira produção, foram necessárias, na média das duas variedades, por planta, 62g de N, 58g de K2O, 26g de CaO, 13g de MgO, 4,7g de P2O5, 1,9g de S, 1,39g de Fe, 187mg de Mn, 132mg de Zn, 95mg de B e 92mg de Cu. Esses dados para os 32 ANÁLISE principais nutrientes estão detalhados, ano a Para a fase adulta do cafeeiro, a mesma ano, no quadro 1. pesquisa, cujos dados estão apresentados no ANÁLISE 33 quadro 2, mostrou exigências diferenciais para a vegetação e para a produção. A necessidade para vegetação é maior nos anos de safra baixa, enquanto as exigências para produção são maiores nos anos de safra alta. Por isso, a retirada de nutrientes, a cada ano, é relativamente constante, não sendo proporcional à produção. Na média de quatros safras e das duas variedades, para uma produtividade média de 18,5 sacas/ha, foram necessárias, por planta e por ano, 123g de N e 104g de K2O, com variações anuais de 80-156g para o N e 70g a 180g para K2O. Para os demais nutrientes, a exigência média anual foi de 56g de CaO, 35g de MgO, 12g de P2O5, 6g de S, 1,85g de Fe , 190mg de Mn, 185mg de Zn, 121mg de B e 163mg de Cu. Isso resulta que, para cada saca de café produzida, houve necessidade (vegetação + produção) de 6,6kg de N, 0,6kg de P2O5, 5,6kg de K2O, 3kg de CaO, 1,9kg de MgO, 0,3kg de S, 110g de Fe, 10g de Mn, 10g de Zn, 6,5g de B e 8,8g de Cu. Esses quantitativos tem sido a base para calcular a necessidade das doses de adubação, é claro, depois de considerar o aproveitamento deles e levar em conta as disponibilidades existentes no solo e outros aspectos de manejo do cafezal. Novas pesquisas, em cafeeiros em renque e irrigados As regiões cafeeiras e os sistemas de plantio e de manejo dos cafezais vem se alterando nas últimas duas décadas. Foram incorporadas regiões de temperaturas mais altas e o plantio predominante é em renque, com cerca de 5000 plantas/ha. Muitas áreas são irrigadas, isto tudo influindo no crescimento dos cafeeiros e na sua produtividade. Veja-se os exemplos da região do Oeste baiano, onde no inverno as temperaturas médias mensais se mantém acima de 19°C e, assim, as plantas crescem praticamente o ano todo, enquanto que nas regiões tradicionais ocorre uma fase de quase repouso no inverno. Deste modo, a pesquisa sobre as necessidades nutricionais dos cafeeiros nessas novas condições tem mostrado uma extração e acúmulo maior de nutrientes. Pode-se observar as diferenças nos parâmetros de crescimento dos cafeeiros e de acúmulo de massa seca em dois locais, em Carmo do Paranaíba - MG (região mais fria) em relação a Luiz Eduardo Magalhães (mais quente). Os dados estão apresentados no quadro 3. Quadro 3 - Parâmetros de crescimento de plantas e de acúmulo de massa seca, em cafeeiros catuaí/144, aos 27 meses de idade. Carmo do Paranaíba e Luiz Eduardo Magalhães/2005. Características LOCAIS avaliadas Carmo do Paranaíba Luiz Eduardo Magalhães 1- Crescimento Altura das plantas (m) 1,24 1,49 Diâmetro do caule (mm) 30,70 38,50 Nº de ramos plagiotrópicos. 58 84 Nº internódios totais 785 2602 Nº de folhas 1570 3208 Área foliar da planta (m²) 6,34 14,48 Comprimento da raiz principal (m) 1,02 2,42 Volume de raízes (m) 306 490 2- Peso da massa seca (g) Folhas 319 719 Ramos 282 640 Caule 238 643 839 2062 Parte aérea total Raízes 168 424 Total vegetação 1007 2426 Total de frutos 788 1815 Total da planta 1795 4241 Produção sacas/ha 33,8 73,8 ANÁLISE 34 plantio em renque, principalmente, em relação à extração encontrada na condição de Varginha, verifica-se que a necessidade é bem maior nas regiões mais quentes e sob sistemas de plantio com maior número de plantas/ha, e com irrigação, que leva, também à produtividades maiores. Deste modo, na fase de formação, esses novos padrões de lavoura exigem maiores doses de adubo, ajustadas a maior extração nutricional pelas plantas. Na fase adulta, as exigências de nutrientes para cada saca produzida são semelhantes, nesse caso, para as diferentes condições basta ajustar os multiplicadores usados, com o uso dos níveis de produtividade esperados. Os resultados do quadro acima mostram um acréscimo de duas a três vezes para o crescimento observado no Oeste da Bahia. O mesmo trabalho (Santinato 2005) avaliou a extração dos diferentes nutrientes (macro e micro) pelos cafeeiros na fase de formação, até a 1ª safra, nas duas condições conforme dados do quadro 4. Pode-se verificar que entre as duas áreas de EXTRAÇÃO POR REGIÃO N (kg) P2O5 (kg) K2O(kg) Ca (kg) Mg (kg) S (kg) Zn (g) B (g) Cu (g) Mn (g) Fe (g) Co (g) Mo (g) Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Carmo do Paranaíba Luiz E. Magalhães Quadro 4 - Extração de nutrientes pelo cafeeiro Catuaí IAC 144 para vegetação e produção, no Oeste da Bahia comparativamente com o Cerrado Mineiro (3,8 x 0,5m, 5262 pl/ha, (produção de 33,8 sc/ha para o cerrado e 73,8 sc/ha para o Oeste), na fase de formação até a 1ª safra). MESES DE IDADE em kg ou g/ha 0A6 7 a 18 19 a 27 1,80 47,00 149,90 6,40 77,00 491,20 0,05 2,00 10,10 0,16 3,00 23,40 0,80 29,40 160,80 2,70 58,80 392,10 0,40 14,80 27,10 1,40 24,10 179,10 0,30 4,00 13,70 1,00 7,30 36,80 0,05 3,70 8,80 0,40 8,90 22,80 1,00 34,90 128,50 6,20 79,50 303,00 0,90 28,30 78,90 4,40 102,90 282,50 2,00 46,80 133,60 4,30 91,20 291,60 6,20 119,60 693,00 13,80 384,10 1115,00 37,30 969,80 2898,60 288,70 1995,20 7219,60 0,05 1,40 4,30 0,10 2,70 11,40 0,03 1,40 3,30 0,09 1,70 6,90 ANÁLISE 35 COMPETITIVIDADE DA CAFEICULTURA BRASILEIRA J.B.Matiello A cafeicultura brasileira vem apresentando, ao longo dos anos, fases favoráveis, onde ocorre a expansão das lavouras e fases desfavoráveis, com o abandono e mal trato dos cafezais. As safras brasileiras de café variam muito em função desse movimento de expansão ou retração nas lavouras. O país tem sido praticamente o único que tem grandes variações em suas áreas cafeeiras, apesar de ser considerado como um dos mais competitivos no café. É preciso, então, conhecer os problemas que a lavoura cafeeira apresenta no Brasil e analisar os fatores mais importantes na competição com outros países. Um quadro demonstrativo dos principais pontos positivos e negativos na competição é aqui apresentado. • Ambiente: O ambiente compreende o clima e o solo. Nosso clima não é o melhor para café. Muitas áreas são sujeitas a geadas e a ventos frios e, pior, as estiagens vêm se ampliando, fazendo com que haja necessidade crescente de irrigação nos cafezais. A cafeicultura brasileira é a única que utiliza a irrigação em grande escala. Cerca de 300 mil hectares recebem essa prática, que exige investimentos e onera os custos de produção. As condições climáticas desfavoráveis afetam a produtividade média das lavouras e, em conseqüência, resultam custos mais elevados. Nossos solos são, em sua maioria, naturalmente pobres ou empobrecidos pelo seu uso anterior inadequado. Grandes áreas de cerrado, Problemas técnicos inférteis, recebem o maior contingente de cafeeiros Para produzir café é preciso combinar três no Brasil. Elas exigem investimentos em correção tipos ou grupos de variáveis: o ambiente, a planta e e adubações continuadas. Nas regiões que antes tinham mata, planta-se o café em terras agora o manejo. ANÁLISE 36 esgotadas pelo seu uso, muitas exauridas pelo próprio café. Sabe-se que em nossos principais concorrentes, como a Colômbia, a América Central e o Vietnã, ocorrem chuvas até em excesso (mais que 3.000mm). Os solos são de origem vulcânica, profundos e férteis. A única dificuldade para explorar as terras é a topografia mais acidentada nesses países, como também nós possuímos cerca de 40% das áreas em regiões de cafés de montanha. Fatores Clima para produzir Qualidade do solo Topografia Densidade de plantio Mecanização Uso de mão de obra Custo da mão de obra Nível de tecnologia Produtividade média Qualidade do café Custos de produção Diversificação nas propriedades Preços do café Infra-estrutura Diversidade de regiões Política cambial A única vantagem climática na cafeicultura brasileira, é a de ter clima seco e frio no inverno, o que facilita a colheita de uma só vez e favorece a qualidade natural do café, sem necessidade de despolpamento. Brasil + + ++ + +++ ++ ++ + + ++ + +++ +++ - Quadro comparativo de fatores de competitividade (positivos ou negativos) da cafeicultura brasileira em relação aos nossos principais concorrentes. Colômbia e Centrais +++ +++ +++ + + ++ +++ + ++ ++ - Obs: Sinais de mais (+) são favoráveis na competição e menos (-) são desfavoráveis. Vietnã ++ ++ + ++ +++ ++ +++ + + + + ANÁLISE • Planta: No Brasil possuímos as melhores variedades de café, tanto de cafeeiros arábica como de robusta. Dentre as variedades de café arábica, é predominante o Catuaí, seguido do Mundo-Novo e de novas variedades agora em distribuição. Esses nossos materiais genéticos compõem grande parte, também, da cafeicultura em outros países. Na Colômbia e na América Central se planta mais a variedade de origem do Catuaí, o Caturra, para nós pouco vigoroso, embora muito produtivo e de boa qualidade de frutos. Na Colômbia, ultimamente, parte do Caturra foi substituído por um híbrido entre esse e o híbrido de Timor (a variedade da Colômbia). No robusta, a variedade Conillon e seus clones possuem alto vigor e elevada produtividade. O Conillon é menos susceptível à seca e nele podese encontrar fonte de tolerância à ferrugem. No programa de melhoramento genético em execução, que pode ser auxiliado pelo projeto genoma, grande número de materiais apresentam boas características, incluindo resistência ao bicho-mineiro e melhor qualidade de bebida, incluindo fontes para transferência de baixos teores de cafeína. 37 sobre solos mais pobres, com safras altas, as plantas ficam mais sujeitas a estresses, pela carga e pelo ambiente. A nutrição deve ser bem cuidadosa. As pragas e doenças atacam com mais severidade sobre as plantas debilitadas. Por isso, a cafeicultura brasileira é, no geral, a que usa mais insumos. Por outro lado, a colheita única (derriça) e o emprego de mecanização nos tratos, incluindo a colheita, reduz o emprego de mão-de-obra. O bom nível tecnológico alcançado nas lavouras de café no Brasil favorecem a racionalização dos tratos e a obtenção de bons índices de produtividade, pelos cafeicultores de bom nível. Ocorre que a predominância de pequenos cafeicultores, com dificuldade de recursos para o uso de tecnologia, faz reduzir a produtividade média brasileira para a faixa de 15 16 sacas/ha, enquanto na Colômbia e na Costa Rica a média atinge de 20 - 25 sacas/ha. No Vietnã, também sua condição ambiental favorável, condiciona uma produtividade no robusta superior à nossa. Como se vê, no quesito manejo, o Brasil é bastante competitivo. O que precisamos melhorar é na produtividade das lavouras. É importante, para isso, acelerar a renovação • Manejo: O manejo dos tratos nos cafezais é um fator de lavouras, substituindo o contingente ainda muito importante na competitividade. Em nossa significativo (cerca de 600 mil/ha) de lavouras cafeicultura a pleno sol, em ambiente mais seco e velhas e em espaçamentos que comportam menos 38 de três mil plantas/ha. Outra mudança necessária é no manejo da pós-colheita, visando a qualidade do café. Já melhoramos muito, mas precisamos melhorar mais. Nossos competidores têm, no geral, padrões superiores de qualidade do café, especialmente nos cafés arábica, alcançando preços também maiores. Nosso maquinário para preparar o café colhido está entre os melhores do mundo, sendo daqui exportados para vários países. Faltam créditos adequados para apoiar os investimentos na infra-estrutura e equipamentos, visando a melhoria da qualidade. Os diferenciais de preço estão compensando. ANÁLISE capital, o que causa menores investimentos nos tratos e, em conseqüência, mal tratadas, as lavouras produzem pouco e, por conseguinte, o produto sai com custos maiores. Por outro lado, no aspecto econômico, temos três características favoráveis na cafeicultura brasileira. A primeira é a diversidade de regiões e de qualidade de café, o que facilita o mercado. A segunda é a maior diversificação nas propriedades cafeeiras, com outros cultivos e com criações, embora precisamos melhorar nesse aspecto. Na Colômbia e América Central a propriedade cafeeira sobrevive quase exclusivamente do café. A terceira característica muito importante é a boa infra-estrutura que dispomos no Brasil. Temos as Aspectos econômicos melhores condições no suprimento de insumos e Dentre os aspectos econômicos que maquinário, nas vias de acesso, na capacidade de influenciam na competitividade da cafeicultura, o armazenamento, preparo e embarque dos cafés. mais importante é o custo de produção da saca de café. Conclusões O custo de produção está relacionado à Precisamos saber que, na média das lavouras eficiência produtiva, dependendo dos fatores de café no Brasil, nossos custos são altos, na base ambientais, da planta e do manejo dos cafezais. de US$ 80,00 a US 100,00/saca. Eles são Como já foi apresentado anteriormente, as decorrentes de condições ambientais menos condições de ambiente desfavoráveis oneram favoráveis, exigindo maiores investimentos, ainda mais os custos da cafeicultura brasileira. Na especialmente em insumos. Com pouca planta temos vantagem e no manejo o maior uso de capacidade de uso de capital, os pequenos insumos é negativo nos custos, ficando somente a cafeicultores, a maioria, não trata adequadamente mecanização como ponto positivo, nas lavouras de as suas lavouras e a produtividade cai. Produzir café do Brasil. pouco significa custos altos e baixa rentabilidade e, Mesmo assim, a operação de máquinas e a assim, novamente não há capacidade de investir, mão-de-obra representam, em média, mais de 50% fechando o ciclo. dos custos de produção. Aí ocorrem vantagens dos Concluir sobre qual a cafeicultura mais países com mão-de-obra mais barata e com menor competitiva é difícil, pois existe no Brasil um vasto custo social. No Brasil a cafeicultura usa menos universo de regiões e de produtores, desde os mais mão-de-obra em relação aos demais paises, porém eficientes, empresariais, até os pouco eficientes. ela é cara, tendo, ainda, baixo rendimento. No Sabe-se que os novos padrões de cafezais são Vietnã, um trabalhador ganha somente o muito competitivos, mas persistem muitas equivalente a US$ 1,00 por dia. lavouras anti-econômicas. Deste modo, com maior uso de insumos, Muitos afirmam, sem sombra de dúvida, que com mão-de-obra mais cara e com menor o café do Brasil é o mais competitivo, quando, pela produtividade, a cafeicultura brasileira possui análise que fizemos, é preciso, ainda, melhorar custos de produção mais elevados. nossas bases para competir. Para agravar esse fato, as cotações dos cafés É preciso promover uma renovação de cafezais, brasileiros atingem valores mais baixos em relação podar, substituir lavouras, corrigir e adubar. É aos cafés suaves (colombianos centro-americanos necessário uma política de preços ou mecanismos e quenianos). A nossa moeda valorizada, em de regulação da oferta, para tornar as cotações relação ao dólar deixa nossos preços menos menos voláteis. Nessa época de preços mais competitivos. remuneradores deve-se, antes de plantar mais, Outro fator que pesa negativamente é a melhorar as lavouras que tem capacidade de carência de crédito e o custo elevado (juros) do recuperação. ANÁLISE 39 ZÉ GERALDO DÁ SUA OPINIÃO: COMO FORMAR UMA EQUIPE UNIDA E VENCEDORA O Engenheiro Agrônomo José Geraldo Rodrigues de Oliveira, do ex-IBC, com ótima atuação junto a Cooxupé por longo período, foi homenageado na coluna “Como vai você?” da edição n.º 8 da Coffea. Ali, provocamos para que ele escrevesse algo para nós. Segundo ele, o desafio não foi aceito. Mas, ao contrário, sua resposta trouxe valiosa análise sobre o trabalho e entrosamento de uma equipe, como forma de prestar um bom apoio técnico à cafeicultura regional. Vejamos, então, as opiniões de José Geraldo: “ Meus caros amigos, a complacência do Erley Guimarães e a mansidão do Álvaro D`Antonio. A algazarra e espírito jocoso de alguns subordinados era abafada pela seriedade do Antônio Wander. O pavio curto do Saulo era apagado pela serenidade do mestre Miguelzinho. Penso que foi essa amálgama de atributos tão diferentes e, até certo ponto conflitantes, que possibilitou a união e a crescente motivação, por quase duas décadas, de um grupo superior a 80 pessoas entre agrônomos e técnicos agrícolas. Para não me alongar mais, agradeço aos amigos pela honra de ser retratado pela revista que, aliás, merece os maiores elogios pelo seu precioso conteúdo. Especialmente pela matéria do Matiello sobre manejo do mato uma prática tão simples e importante mas, infelizmente, conhecida e adotada por poucos cafeicultores. Permitam-me comentar também a lúcida entrevista do Antonio Wander. Acrescentaria que, ainda hoje, como há anos, o maior desafio do extensionista continua fazer chegar ao cafeicultor (especialmente ao pequeno produtor não atendido por cooperativas) as práticas recomendadas pela pesquisa. Enquanto esse desafio não for superado, uma grande massa de produtores ficará sujeita às recomendações (nem sempre as mais apropriadas) das grandes multinacionais fabricantes de defensivos agrícolas. Declaro, por fim, que poderei atender a provocação de escrever algo para a revista, desde que 3 condições sejam aceitas: 1. Descompromisso com a regularidade; 2. sem censura; 3. restringir a relatar alguns “causos” envolvendo a nossa turma. E, olha, que conheço muitos. Alguns, infelizmente, impublicáveis.” Na última edição da revista Coffea, os amigos do ex IBC de Varginha, bondosamente, dedicaram uma página a minha pessoa. Teceram algumas louvações (como sempre, exageradas) e, ao final, fizeram uma provocação: me convidam 'para que escreva algo para a revista'. Será que os meninos perderam o juízo ou os neurônios se desgastaram em razão da idade avançada? Como e com quê posso eu participar de uma publicação especializada em pesquisa cafeeira e que conta com o papa Matiello como editor executivo? Meus poucos neurônios sobreviventes, e ainda medianamente sadios, me impedem cometer esse desatino que, fatalmente, resultaria em um retumbante vexame. Seja como for a leitura da revista me trouxe boas e felizes recordações. Me fez retornar à década de 70, quando a incomparável equipe do IBC de Varginha conduzia com seriedade, competência e muita disposição a revolução da cafeicultura do Sul de Minas através do Plano de Renovação e Revigoramento de Cafezais. Um programa que movimentou fabulosas somas de dinheiro, concedendo financiamentos a cafeicultores e que não houve, por parte dos técnicos do ex-IBC, qualquer desvio de recursos, falcatruas ou submissão a atos de subornos. Qual o segredo que possa explicar uma equipe tão unida, amiga e, sobretudo, disposta a enfrentar e vencer adversidades de qualquer natureza? A explicação que me parece mais consistente talvez esteja na diversidade de temperamentos e personalidades daqueles que coordenavam a equipe. À santa bondade de um Eduardo Gianazzi, somou-se o carisma e a sensibilidade de José Revista Coffea: Zé Geraldo: Suas condições foram Edgard. aceitas por nós. À rabugice do Toninho Ernesto contrapôs-se ENTREVISTA 40 ROQUE: UM TÉCNICO AGRÍCOLA DEDICADO À PESQUISA CAFEEIRA Roque Antônio Ferreira, ou simplesmente Roque, é um técnico agrícola que trabalha na pesquisa cafeeira há mais de 25 anos, desde que se formou e ingressou no IBC em 1978, até hoje colaborando nos trabalhos do MAPA e Fundação Procafé. Roque sabe das coisas. Sabe como tratar as pragas e doenças, sabe de manejo do cafezal, sabe muito de melhoramento e seleção de plantas de café. Conhece fazendo, pois esse foi sempre seu trabalho, antes no IBC e agora no MAPA. Seu orientador, não menos competente sempre foi o colega Saulo R. Almeida, por coincidência também tem Roque no nome. Roque já publicou, em colaboração, mais de 100 trabalhos de pesquisa. Como o técnico Roque conhece bem o seu trabalho, muito importante no desenvolvimento e difusão de tecnologia cafeeira, vamos conhecer suas idéias. 1) Revista Coffea: Qual a sua visão sobre o papel do técnico agrícola nos trabalhos de pesquisa e de assistência técnica à cafeicultura? Essas duas áreas de atuação são bastante diferentes sendo, portanto, necessários conhecimentos e práticas também distintas. Além dos conhecimentos, é necessário que o técnico desenvolva uma boa capacidade de execução, especialmente na área de pesquisa, onde a iniciativa, a boa observação e o interesse são essenciais. Acho que nas duas áreas de trabalho, o técnico pode auxiliar no planejamento e na execução dentro das equipes formadas por engenheiros agrônomos, técnicos e auxiliares de campo. 2) Revista Coffea: Como você desenvolve seu trabalho de pesquisa? A primeira coisa é tentar usar minha ENTREVISTA experiência, adquirida no transcorrer de todos esses anos de pesquisa. A segunda é procurar aliar o lado prático com a metodologia científica, tanto na implantação dos ensaios, quanto na avaliação dos experimentos. O objetivo principal tem que ser a obtenção de maior número possível de informações, auxiliando na interpretação dos resultados. Assim, no dia a dia operacional e no planejamento dos ensaios efetua todas as práticas no campo, desde o plantio, passando por tratos culturais e finalizando nas avaliações, seja na amostragem, colheitas e avaliação de produtividade. Os dados são analisados e arquivados no escritório da Fundação Procafé. 41 tolerância à Phoma, Catucaí vermelho 785/15 e Acauã com resistência à nematóide exígua, Catucaí vermelho 36/6 maturação precoce sabiá 398 (altamente produtivo). 5) Revista Coffea: O que falta para melhorar o seu trabalho? Falta acesso a outras instituições de pesquisa, principalmente na área de laboratório (clonagem) e intercâmbio técnico científico com outras instituições de pesquisa (congresso e eventos gerais). 6) Revista Coffea: Quais as características que precisa ter uma boa variedade do futuro? Para que uma variedade venha a ter uma boa aceitação no mercado futuro é necessário que tenha as seguintes características: - Resistência múltipla a pragas, doenças e seca; - Boa arquitetura e porte baixo; - Maturação definida, tardia média e precoce; - Fava com menor defeito possível, com excelente resposta, a todo tipo de poda e espaçamento; - Teor de cafeína baixo de acordo com mercado consumidor. - Vigor vegetativo e longevidade. 3) Revista Coffea: No trabalho de seleção de variedades de café o que considera mais importante? Pela minha prática e conhecimento, considero mais importante na seleção: a capacidade produtiva das plantas, o seu vigor, a resistência à pragas e doenças, uma boa arquitetura de plantas, uma maturação bem definida e a qualidade de frutos (fava grande). Poucos grãos mocas, conchas e baixa porcentagem de chochos, o porte baixo das plantas também, pois facilita todos 7) Revista Coffea: Como você vê a aceitação de os tratos e a colheita na futura lavoura. novas variedades pelos cafeicultores? O que eles 4) Revista Coffea: Diante de sua vivência no procuram e de que reclamam? melhoramento de plantas de café, quais as A aceitação das novas variedades de café, variedades que você indicaria hoje para perante os cafeicultores, é muito dividida e plantio? desconhecida, pois se encontram nestas atividades Antes de se indicar uma variedade, primeiro é vários tipos de produtores, de diversos níveis preciso ter o conhecimento da região onde vai ser técnicos, aqueles que sempre buscam novas implantada a lavoura, pois vários são os fatores, técnicas e estão sempre renovando e implantando como o clima, altitude, topografia e espaçamento à novas variedades e tratos culturais, mas, por outro ser indicado. Hoje existem variedades com bons lado, existe um número de produtor e que não é um requisitos e qualidade. Variedades com maior número pequeno, que são desatualizados e sem resistência à pragas e doenças, maturações conhecimento, motivo esse existente pela falta de definidas, como por exemplo: Catucaí amarelo 2 acesso à divulgações e órgãos de pesquisa, falta de SL, Catucaí amarelo frutos grandes cova 612, assistência técnica. O índice de menor aceitação Catucaí amarelo 20/15 cova 479 com maior ocorre pelos pequenos e médios produtores. 42 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS SEPARADORA DE CAFÉ, PAPAGALHOS Esta máquina trabalha para separar os frutos Ouro Fino - MG. (35) 3441-1437. de café dos ramos que foram cortados, pela poda de esqueletamento, visando safra zero. Ela é um tipo de máquina batedeira como se conhece as máquinas usadas para cereais. As suas vantagens são o menor custo da colheira e a possibilidade de, com a máquina e uma equipe de 20 trabalhadores, cortar (esqueletar) os ramos da lavoura e colher, em cada safra, uma área de 30 50 hectares. Em cada dia, colhese cerca de meio hectare com essa equipe e a lavoura já fica esqueletada. A máquina é produzida pela indústria Mangará, em PULVERIZADOR DE TRAÇÃO ANIMAL PARA CAFÉ ADENSADO SMTH240 Este pulverizador é tracionado por cavalo ou burro, tendo um tanque com capacidade de 240 litros, motor a gasolina de 4 tempos, bomba de diafragma de 30 l/min e duas barras laterais, cada uma com 4 6 bicos turbo teejet. A largura total do pulverizador é de apenas 86 cm, o que viabiliza seu uso em lavouras bem adensadas. O equipamento possui um kit para aplicação também de herbicidas, com regulagem de acordo com o espaçamento. O fabricante é a SERMAQ, em São Sebastião do Paraíso - MG. (35) 3531-4565. INFORME TÉCNICO 43 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS COM GLIFOSATO É MAIS VANTAJOSO "Atualmente, profissionalismo é a base de qualquer atividade em que você atuar. Quando falamos em agricultura, isso se potencializa, pois a atividade convive com muitas oscilações, sejam climáticas ou de mercado. O agricultor, portanto, precisa fazer opções que maximizem a performance da lavourae que lhe traga excelente custo-beneficio”, afirma Paulo Cau, que há 23 anos planta café no Sul de Minas Gerais. Uma dessas opções, de acordo com Cau, é em relação à melhor operação de manejo de plantas daninhas na lavoura do café, para que o custo de produção não seja maior que o lucro do produtor. Ou seja, a opção nunca deve ser pelo barato que sai caro. Roçadeira, grade, capina manual, herbicidas pré-emergente e pósemergente são algumas técnicas utilizadas para o manejo e que, apesar dos muitos estudos na área, ainda põem uma dúvida na cabeça do cafeicultor: qual é a melhor opção? Para Cau, no entanto, esta já é uma questão superada. Desde o seu início na atividade, ainda na década de 80, a opção pelo glifosato - no caso, a marca Roundup®, da Monsanto - mostrou-se a mais adequada para as fazendas Serra da Bela Vista, em São Sebastião do Paraíso (MG), e Boa Vista, localizada no município de Jacuí (MG). "Cheguei a usar a roçadeira há algum tempo, mas este equipamento está defasado. De 10 anos para cá, utilizo apenas o Roundup® WG, e consigo alta eficiência, elimino a competitividade das plantas daninhas com menor custo por hectare e, ainda, consigo conciliar boa performance com segurança ambiental e também para os funcionários. Além da alta produtividade da lavoura, é claro", diz Cau, que produz 40 sacas de café por hectare. João Carlos Pieroni, engenheiro agrônomo e presta consultoria em 40 propriedades da região, faz coro com Cau ao afirmar que "o Roundup® é, com certeza, o mais viável economicamente ao produtor. Em algumas fazendas, o custo chega a ser 10 vezes menor do que a capina manual". Ambos enumeram as vantagens do herbicida, que vão além da economia: como não é necessário revolver o solo, seus nutrientes são conservados, não influenciando a fertilidade da terra. Ainda, ao fazer a dessecação do mato com Roundup®, a cobertura morta que se forma protege o solo do aumento de temperatura, conserva a umidade, e evita a erosão. "Além disso, essa cobertura diminui a incidência de luz no solo e evita germinação a curto prazo da sementeira do mato", acrescenta João. Plantio em áreas montanhosas Na lavoura de Paulo Cau, o manejo com Roundup® é feito quando o mato atinge cerca de 40 centímetros. A cobertura seca não é usada como base de palha para o plantio de nenhuma cultura na rua do café, pois evita a mecanização da colheita. "Apenas por causa do manejo com glifosato é que existe cafeicultura em áreas montanhosas - como acontece em alguns locais do Sul de Minas e Zona da Mata de Minas", completa João. De acordo com a Monsanto, empresa que fabrica o Roundup®, o herbicida é um dos principais, mais seguros e eficientes, pois apresenta baixa toxicidade e reduzido impacto ao ambiente, conforme avaliações feitas pelas autoridades de registro no Brasil e órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) e pela comunidade científica internacional. Futuro "Ainda nesta safra estou usando o Roundup® WG, pois quando fiz as compras para o ano, o Roundup® Transorb ainda não estava registrado para culturas perenes. Com certeza, a minha opção para as próximas safras será também pelo Transorb, em épocas com falta de chuva, e com o Roundup® WG, para plantas de difícil controle", declara Cau. O Roundup® Transorb foi registrado no ano passado e o principal diferencial é sua rápida translocação em 60 minutos. A tecnologia Transorb®, desenvolvida pela Monsanto, permite que o produto chegue mais rápido e em maior quantidade à raiz da planta daninha, apresentando menor risco de perda em condições adversas como chuva e estresse. Na cultura de café, o Departamento de Tecnologia da Monsanto constatou que, mesmo com chuva de 28mm, duas horas e 45 minutos após a aplicação do herbicida, houve controle de 98% de leiteiro no estágio de floração. Outro estudo realizado pela empresa mostrou que a área em que foi aplicado o Roundup®Transorb para o controle de Capim 2 Colonião apresentou 99g de massa verde/m em 30 dias após o tratamento, sendo que com outros dessecantes aplicados o índice 2 de massa verde variou de 260 a 290g/m , mais que o dobro de controle com o Roundup®. MONSANTO ESCLARECE DÚVIDAS RELATIVAS AO USO DO ROUNDUP NA CULTURA DO CAFÉ Dúvidas de produtores, quando não respondidas correta e claramente, podem gerar equívocos e inquietação no mercado agrícola. Para que tais incertezas não se transformem em boatos, buscamos esclarecer, com base em dados científicos e de pesquisa a campo, os principais questionamentos sobre a utilização do herbicida Roundup® nas lavouras de café. Uma das questões levantadas é a de que a aplicação do produto no solo ou na planta daninha alvo poderia ser absorvida pelo sistema radicular da cultura de interesse econômico. Inúmeros estudos conduzidos mundialmente, e validados em condições de clima e solo brasileiros, têm demonstrado que, devido ao fato do glifosato ser uma molécula diferenciada do ponto de vista da química do solo, o risco de absorção radicular é praticamente nulo. Por apresentar quatro mecanismos de ligação que podem inclusive atuar concomitantemente, a sorção do glifosato no solo é um processo irreversível, o que o coloca na categoria de resíduo-ligado (fração do defensivo que não retorna à solução do solo), sendo indisponível para a absorção pelas plantas (Prata et al., 2000). Por outro lado, a degradação da molécula em condições de solo e clima brasileiros é rápida, entre 8 e 26 dias, e este fato está relacionado à mineralogia de nossos solos, bem como a uma maior atividade biológica, que acelera a sua degradação (Araújo, 2002; Prata, 2002). Além disso, a exudação da molécula pelas raízes é praticamente nula (COUPLAND & PEABODY, 1981) RODRIGUES (1979), estudando a possibilidade de exudação do glifosato e a possível implicação no desenvolvimento das culturas de soja e milho, em plantio direto, observou que dentro das doses recomendadas não houve qualquer interferência no desenvolvimento. Estudos de campo e de laboratório indicam que o glifosato é degradado por microorganismos em ambientes aquáticos e apresenta rápida dissipação tanto em água corrente como represada. Os principais fatores que contribuem na dissipação do glifosato em água corrente - como córregos, por exemplo - são a diluição, a dispersão, e a perda do composto através de processos como a adsorção em partículas de sedimentos em suspensão e a 44 degradação microbiana. Em águas represadas, como as lagoas, a taxa de dissipação de glifosato varia em função das condições locais. Os resultados de estudos de campo indicam que a meia-vida do glifosato em água é de 7 a 14 dias. Este composto, portanto, se adere fortemente às partículas em suspensão na água que se sedimentam no fundo dos corpos d'água, em que é degradado pelos microorganismos ali presentes. (Giesy, J. P.; Dobson S. & Solomon, K. R., 2000). Tais fatos demonstram a segurança do produto do ponto de vista ambiental, a baixa persistência no meio ambiente e a improbabilidade do risco de absorção radicular do produto pela cultura de interesse econômico. Quando se processa a curva de degradação do produto em culturas comerciais, em aplicações seletivas (de forma não direcionada a cultura) ou em ensaios realizados internacionalmente, após duas a três semanas o nível de resíduo de glifosato encontra-se abaixo do limite detectável. Em condições tropicais, a maior atividade metabólica das plantas e a maior diversidade e atividade biológica favorecem, de forma geral, a maior velocidade de degradação da molécula. Para exemplificação do fato, no caso da cultura cafeeira, os estudos de resíduo que envolveram as formulações de Roundup®, para fins de registro, consideraram a dose máxima de 12.960 gramas de equivalente ácido de glifosato, equivalente a 36 l/ha de Roundup® Original aplicados em 3 momentos: 90, 60 e 30 dias antes da colheita. O resultado da análise realizada nos grãos ficou abaixo do limite de detecção do método (< 0.05 ppm), sendo que o limite máximo permissível de resíduo de glifosato no grão é de 1 ppm. Um fato interessante da pesquisa que considerou o efeito de sub-doses do glifosato aplicado sobre plantas jovens de culturas anuais e perenes indicaram, em ambientes protegidos, estímulos de crescimento na maioria das espécies testadas quando receberam doses de glifosato entre 1.8 e 36 g e.a./ha (FCA, UNESP Botucatu, Queiroz et al., 2002). Este dado confirma a segurança no uso do herbicida na cultura e o resultado diferencial de controle e produtividade, sempre observados quando da comparação com outras alternativas de manejo do mato no café. Outro rumor já discutido no mercado foi o de que a utilização do Roundup® poderia causar uma menor absorção de nutrientes pela planta e afetar, inclusive, a produção de compostos internos de defesa da cultura contra pragas e doenças. Segundo Malavolta et al. (1994), as deficiências mais comuns em culturas e suas respectivas causas, nas condições brasileiras, são as seguintes: Magnésio: pobreza no solo, adubos sem magnésio, acidez excessiva, falta de calagem, gessagem excessiva, excesso de N ou de K na adubação; Nitrogênio: pouca matéria orgânica no solo e pouco N na adubação, lixiviação (solos arenosos), acidez excessiva, umidade excessiva, seca prolongada; Potássio: pobreza no solo e pouco K na adubação, lixiviação (solos arenosos), acidez excessiva, excesso de N na adubação, gessagem excessiva; Manganês e zinco: calagem excessiva e pobreza no solo, muito P na adubação, alto teor de matéria orgânica e compactação excessiva; Boro: pouca matéria orgânica no solo, seca e lixiviação, muita acidez, N ou calagem. Como se pode observar, existe uma inter-relação muito específica entre os nutrientes presentes no solo e na planta, cujo desarranjo por si só já ajudaria a explicar os problemas da maior presença de pragas e doenças nas culturas. Com relação aos compostos de defesa (fitoalexinas), diversos fatores estressantes do meio podem levar a alteração na produção de fitoalexinas, além da espécie e do estado fenológico das plantas, sendo, portanto, uma visão muito simplista eleger o glifosato como responsável por este fato. Segundo Rodrigues (2004), as fitoalexinas são originadas nas plantas por pelo menos quatro rotas metabólicas, e a do ácido chiquímico é a única que poderia ser afetada, em parte, pela ação INFORME TÉCNICO do glifosato devido a uma possível deriva, não sendo a rota principal. Adicionalmente, é importante ressaltar que existem diferentes fitoalexinas e que a efetividade das mesmas é ainda muito discutível. Por outro lado, muitas plantas daninhas podem liberar, pelas raízes e folhas, grande variedade de metabólitos secundários, que podem reduzir a germinação e o desenvolvimento da cultura. Nesse aspecto, a ação do Roundup® controlando as plantas daninhas inibe a liberação destes compostos no solo, não ocorrendo o efeito da redução no desenvolvimento das plantas cultivadas (Taiz & Zieger, 2004). Trabalhos recentes realizados pela Unesp de Jaboticabal em plantas de citros de diferentes idades demonstraram que existe, inclusive, um aumento na produção de fitoalexinas quando da aplicação do glifosato na área foliar das mesmas, o contrário do que estava sendo divulgado no mercado irresponsavelmente. De acordo com a classificação toxicológica de herbicidas estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão ligado ao Ministério da Saúde, as versões de Roundup® encontram-se nos patamares mais baixos quando comparadas aos demais produtos existentes - fato que se repete também nos Estados Unidos. Isso é possível em função de sua baixa toxicidade ao ser humano, o que é comprovado por inúmeros testes toxicológicos conduzidos com o produto. Além disso, o glifosato apresenta reduzido impacto ambiental, ao se degradar naturalmente no solo após a aplicação, evitando a contaminação de lençóis freáticos. Nos Estados Unidos e em outros países, herbicidas à base de glifosato estão entre os poucos autorizados para uso em jardinagem, assim como ocorre na internacionalmente conhecida reserva ecológica de Galápagos. Trabalhos de matocompetição conduzidos na cultura cafeeira em áreas de alta pressão de infestação demonstraram perdas potenciais de 55,6% nos dois primeiros anos de produção, podendo chegar até 77,2% nos dois anos subseqüentes. A promoção do plantio de espécies altamente concorrentes e agressivas na entrelinha da cultura, simplesmente para se manter as roçadas, causa temor, pois elas não deixam que se efetivem o real controle das plantas daninhas por concorrerem pelos recursos disponíveis, como água, luz, nutrientes e espaço, além dos efeitos alelopáticos para com a cultura principal. O método químico de controle vem sendo cada dia mais utilizado e difundido em razão de seus resultados de controle serem mais rápidos, eficientes e de efeito mais prolongado. Tal método permite, ainda, o controle da comunidade infestante antes ou depois de sua emergência, com menor possibilidade de reinfestação e com conseqüente redução no número de tratos culturais, o que libera a mão-de-obra e as máquinas que podem ser melhor utilizadas na propriedade. Na época das chuvas as plantas daninhas se fazem mais agressivas. Este é o momento em que a cultura mais demanda recursos para crescimento, florescimento e formação dos frutos, assim como é o período de maior demanda por insumos. Manejos alternativos podem ser pensados de forma complementar, mas geralmente são mais caros e pouco eficientes, sendo que a presença do mato consome os recursos investidos, favorece a presença de pragas e doenças e deprecia a qualidade final do grão, a bebida e a produtividade. A Monsanto tem colaborado ao longo de mais de 30 anos com produtos e serviços que permitiram a sustentabilidade e o crescimento da cafeicultura nacional, sendo que o Roundup® pode ser aplicado desde a implantação, manutenção até a colheita, gerando economia, qualidade e produtividade comprovada. O cafeicultor sabe a importância de se ter uma lavoura bem conduzida e produtiva e deveria se preocupar com alarmismos e com inovações que põem em risco a sustentabilidade futura de seu negócio, uma vez que os reflexos podem vir em médio e longo prazos. Marcelo C. Montezuma Especialista de Produto Monsanto do Brasil Ltda