o conhecimento do paciente diabetico sobre a sua doença

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O CONHECIMENTO DO PACIENTE DIABETICO SOBRE A SUA DOENÇA –
UNIDADE DE SAÚDE DA FAMILIA DO BAIRRO CAZELLA DO MUNICIPIO
DE GUARANIAÇU/PR.
André L. Benetti1;
Graciele C. M. Manica2;
Márcia Käfer3;
Thiago S. Mendonça4
RESUMO: Conviver com uma doença crônica como o diabetes mellitus requer
conhecimento não só da natureza da doença, como também das habilidades específicas
para o autocuidado. O fornecimento de informação é um aspecto considerado básico
para que a pessoa tome decisões conscientes sobre a sua saúde. O presente trabalho
buscou identificar o conhecimento da população diabética cadastrada no ESF Cazella,
sobre a Diabetes Mellitus. Foram entrevistados 27 diabéticos, a maioria mulheres,
desses 88% apresentam diabetes mellitus tipo 2. Investigando a origem da doença 48%
não sabem como adquiriam essa doença. Em relação aos sintomas 30% citaram sede
aumentada e 26% não souberam citar algum sintoma. Sobre informações relacionadas à
doença 89% afirmaram terem recebido informações adequadas. Investigou-se sobre a
adesão as orientações recebidas dos profissionais sobre a diabetes mellitus 52%
responderam seguir parcialmente. Apesar de a grande maioria citar já ter recebido
informações sobre o assunto, constatou-se que poucos têm clareza sobre ela. Muitos
desconhecem a causa da sua doença e os sintomas, a metade dessa amostra afirmou
seguir parcialmente as orientações recebidas dos profissionais de saúde. Sentimos a
necessidade de buscar estratégias efetivas direcionadas à educação dos pacientes e
familiares, bem como dos próprios profissionais de saúde.
Palavras chaves: Diabetes Mellitus, conhecimento em diabetes, educação, paciente.
INTRODUÇÃO
O Brasil assiste, desde a década de 1960, a sua transição demográfica e
epidemiológica caracterizada pelo envelhecimento populacional e aumento das doenças
crônico-degenerativas (ASSUNÇÃO; URSINE, 2008). O processo dessa transição
Médico, Unidade de Saúde de Guaraniaçu – PR, Av Abilon de Saouza Naves 846,
[email protected];
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Farmacêutica, Unidade de Saúde de Guaraniaçu – PR, Av Abilon de Saouza Naves 846,
[email protected], (045)32321717;
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Enfermeira, Unidade de Saúde de Guaraniaçu – PR, Av Abilon de Saouza Naves 628,
[email protected], (045)91115222;
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Médico, Unidade de Saúde de Guaraniaçu – PR, Av Abilon de Saouza Naves 628,
[email protected].
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englobou a redução das doenças transmissíveis e elevação das não-transmissíveis e das
causas externas. O deslocamento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens
para os mais idosos e a mudança de uma situação em que predominava a mortalidade
para outra na qual há uma predominância da morbidade (GIROTTO, 2008). Neste
contexto, as taxas de morbidade e mortalidade por problemas crônicos de saúde têm
aumentado, o que vem acarretando importantes consequencias na qualidade de vida e
saúde da população adulta brasileira.
Estão neste grupo, os problemas cardiovasculares, o diabetes, os cânceres, dentre
outros. São problemas de saúde que, durante algum tempo, acreditava-se que acometiam
somente as pessoas de idade avançada e que eram mais freqüentes em ricos e sociedade
mais desenvolvidas. Sabe-se, hoje, no entanto, que estes problemas podem ocorrer em
qualquer etapa da vida e suas taxas estão presentes numa proporção significativa em
sociedades subdesenvolvidas e em desenvolvimento, principalmente entre pobres
(REINERS, 2005).
Esse novo padrão de doenças fez com que os serviços de saúde tivessem que se
adequar a essa nova realidade, oferecendo atenção mais especializada a grupos
populacionais específicos, como os acometidos pelas doenças crônico-degenerativas.
Essas mudanças, aliadas a inovações e interesses de um complexo industrial ligado à
saúde, geraram um aumento dos gastos, com a incorporação de novas tecnologias para o
seu tratamento (VIANA; ELIAS, 2007).
Diabetes Mellitus
O diabetes mellitus (DM) inclui um grupo de doenças metabólicas
caracterizadas por hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção de insulina e/ou em
sua ação. A hiperglicemia se manifesta por sintomas como poliúria, polidipsia, perda de
peso, polifagia e visão turva ou por complicações agudas que podem levar a risco de
vida: a cetoacidose diabética e a síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica. A
hiperglicemia crônica está associada a dano, disfunção e falência de vários órgãos,
especialmente olhos, rins, nervos, coração e vasos sangüíneos (BURTIS; ASHWOOD,
1999).
A classificação atual do diabetes mellitus é baseada na etiologia e não no tipo de
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tratamento. A classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela
Associação Americana de Diabetes (ADA) inclui quatro classes clínicas: diabetes
mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, outros tipos específicos de diabetes mellitus e
diabetes mellitus gestacional (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILERA DE
DIABETES, 2007).
O diabetes mellitus tipo 2 (DM-2) tem sido considerado uma das grandes
epidemias mundiais do século XXI e problema de saúde pública, tanto nos países
desenvolvidos como em desenvolvimento. As crescentes incidência e prevalência são
atribuídas ao envelhecimento populacional, aos avanços terapêuticos no tratamento da
doença, mas, especialmente, ao estilo de vida atual, caracterizado por inatividade física
e hábitos alimentares que predispõem ao acúmulo de gordura corporal (FERREIRA,
2008).
Há, hoje, grandes evidências sobre a viabilidade da prevenção, tanto da doença
em si como de suas complicações crônicas. O número de indivíduos com diabetes
mellitus mostra a magnitude do problema e estimativas têm sido publicadas para
diferentes regiões do mundo, incluindo o Brasil. Em termos mundiais, cerca de 30
milhões de indivíduos apresentavam DM em 1985, passando para 135 milhões em 1995
e 240 milhões em 2005, com projeção de atingir 366 milhões em 2030, dos quais dois
terços habitarão países em desenvolvimento (FERREIRA, 2008).
Essa situação deve ser identificada precocemente, utilizando métodos sensíveis e
acurados, já que mudanças no estilo de vida e a correção da hiperglicemia podem
retardar o aparecimento do diabetes ou de suas complicações (BRASIL, 2006).
Pacientes diabéticos
Conviver com uma doença crônica como o diabetes mellitus requer
conhecimento não só da natureza da doença, como também das habilidades específicas
para o autocuidado ( GIMENES; TEIXEIRA; ZANETTI).
Na prevenção e educação para a saúde, a OMS contempla o aumento do
conhecimento e informação sobre a saúde como uma das cinco áreas de intervenção. O
fornecimento de informação é um aspecto considerado básico para que a pessoa tome
decisões conscientes sobre a sua saúde, permitindo que esta enfrente as dificuldades e
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incertezas, e mantenha a sua máxima autonomia face aos técnicos de saúde e surge
como um fator chave para que os pacientes possam participar ativamente nas decisões
acerca da sua saúde. Nesta perspectiva, a educação do diabético é considerada
fundamental para a autogestão desta patologia, porque interliga as três componentes
bases do tratamento da diabetes mellitus (alimentação, exercício físico e medicação).
Pelo fato de ser uma doença que, para ser controlada pode exigir bastantes alterações no
estilo de vida, a forma como os doentes são educados reflete-se diretamente no
tratamento e na prevenção das complicações, pois, é através da educação que o
diabético aprende a viver com a sua doença, mantendo um quotidiano compatível com
uma boa qualidade de vida (GRILO; SOUSA; MCINTYRE).
Em resumo, dificuldades como usar corretamente a medicação prescrita, seguir a
dieta ou modificar o estilo de vida, de acordo com as orientações da equipe
multidisciplinar, estão sempre presentes na prática clínica.
No tratamento do diabetes mellitus, os antidiabéticos orais são empregados usando os
níveis glicêmicos desejáveis não são atingidos, após o uso de medidas dietéticas e do
exercício. Eles são classificados, de acordo com seu mecanismo de ação, que aumentam
a secreção de insulina, em agentes que reduzem a resistência à insulina e naqueles que
retardam a absorção pós-prandial de glicose. Atentos a essas questões, sentimos
interesse em estudar a problemática que cerca os pacientes com diabetes mellitus,
visando, principalmente, aprofundar o seu conhecimento sobre a necessidade de manter
um tratamento medicamentoso eficaz.
OBJETIVOS:
Identificar o conhecimento da população diabética cadastrada no ESF Cazella, sobre a
Diabetes Mellitus.
METODOLOGIA:
Foram sujeitos vinte e sete pacientes diabéticos cadastrados no Programa
Hiperdia do ESF-Cazella no município de Guaraniaçu. Esta pesquisa desenvolveu-se
inicialmente com uma revisão bibliográfica sobre o assunto e posterior coleta de dados,
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a qual constou de duas fases, que foram: construção do instrumento de coleta de dados;
coleta de dados propriamente dita onde aplicou-se um questionário em que os itens
explorados foram: faixa etária, sexo, nível de escolaridade; e informações sobre a DM:
sintomas, causas, formas de tratamento, complicações e informações recebidas pela
equipe de saúde. Após, os dados foram sistematizados e analisados.
RESULTADOS:
O presente trabalho encontrou 81% da amostra sendo do sexo feminino, a
maioria possui o primário incompleto e 19% são analfabetos. Identificando os tipos de
DM observou-se que 88% dos pacientes apresentavam o diabetes mellitus tipo 2.
Levantando-se doenças associadas ao DM 85% eram hipertensos. Quanto ao tratamento
medicamentoso 63% fazem uso da glibenclamida, 59% de metformina e 12% de
insulina.
Quando avaliados sobre o conhecimento da origem da doença 12% citaram a
obesidade e fator genético, 26% o consumo excessivo de doces e 48% relataram não
saber.
Em relação aos sintomas da doença: 30% citaram sede aumentada/boca seca,
12% urinar mais que o habitual, 12% diminuição da acuidade visual, 4% perda de peso,
26% não souberam citar algum sintoma. Outros sintomas não relacionados à doença
foram relatados: tontura, dor de cabeça, insônia, dor no corpo, dor nas pernas, dor no
peito, falta de ar e edema. Mostrando como esses pacientes não sabem identificar os
verdadeiros sintomas causados pela diabetes mellitus. Sobre informações relacionadas à
doença: 89% afirmaram terem recebido informações adequadas e o restante relatou
nunca ter recebido alguma informação. As fontes de informação relatadas: o médico, a
enfermeira e os agentes comunitários de saúde (ACS). Sendo que a o a informação está
centrada no profissional médico, não citando profissionais importantes como
nutricionista e farmacêutico. Investigou-se sobre a adesão as orientações recebidas dos
profissionais sobre a diabettes mellitus 37% responderam segui-las corretamente, 11%
não seguem e 52% responderam seguir parcialmente.
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CONCLUSÃO:
Apesar de a grande maioria citar já ter recebido informações sobre o assunto,
constatou-se que poucos têm clareza sobre ela. Muitos desconhecem a causa da sua
doença e os sintomas, e a metade dessa amostra afirmou seguir parcialmente as
orientações recebidas dos profissionais de saúde. Sentimos a necessidade de buscar
estratégias efetivas direcionadas à educação dos pacientes e familiares, bem como dos
próprios profissionais de saúde. Sabemos que eventos de descompensação aguda ou
crônica, que acometem os pacientes diabéticos, estão geralmente relacionados à falta de
adesão ao tratamento, eventos esses que concorrem para o não gerenciamento do
diabetes mellitus, para o déficit de conhecimento relacionado à doença e
comportamento inadequado de autocuidado. Tal estudo serve de base para que a equipe
de ESF possa programar suas ações de educação em saúde e orientações individuais e
coletivas junto ao grupo, dando ênfase nos itens mais críticos.
BIBLIOGRAFIA
ASSUNÇÃO, T. S. & URSINE, P. G. S. Estudo de fatores associados à adesão ao
tratamento não farmacológico em portadores de diabetes mellitus assistidos pelo
Programa Saúde da Família, Ventosa, Belo Horizonte. Ciência & Saúde Coletiva,
13(Sup 2):2189-2197, 2008.
BRASIL - Ministério da Saúde, Caderno de Atenção Básica: Diabetes Mellitus. n 16,
1 ed. Brasília-DF, 9-12, 2006
BURTIS, C. A. E ASHWOOD, E. R. (Ed.) Tietz Textbook of Clinical Chemistry, 3
ed. Saunders: Philadelphia, 1999.
DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILERA DE DIABETES. Tratamento e
Acompanhamento do Diabetes Mellitus, 2007.
FERREIRA, S.; Diabetes na Prática Clínica: Aspectos epidemiológicos do diabetes
mellitus e seu impacto no indivíduo e na sociedade. Sociedade Brasileira de Diabetes,
publicação on-line, 2008. Disponível:
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GIMENES, H. T.; TEIXEIRA, C. R. S.; ZANETTI, M. L.; OTERO, L. M. O
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Cuidado e Saúde Maringá. v. 5, n. 3, p. 317-325, set./dez. 2006.
GIROTTO, E. Adesão ao tratamento anti-hipertensivo e Fatores associados na área de
Abrangência de uma unidade de saúde da Família, Londrina, PR. Tese de Pós Graduação - para obtenção do título de Mestre. Universidade Estadual de Londrina,
2008.
Disponível:
http://bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000129935.
Acesso em 10 de abril de 2009.
GRILO, M. R. M.; SOUSA, C. D.; MCINTYRE, T.. Conhecimento do diabético sobre a
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REINERS, A. A. O. Interação profissional de saúde e usuário hipertenso: contribuição
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VIANA, A.L.D.; ELIAS, P.E.M. Saúde e desenvolvimento. Ciênc. saúde coletiva, Rio
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