Evolução do Conhecimento Científico 02

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Evolução do
Conhecimento
Científico
02
As variedades transgênicas têm sido cultivadas desde
setembro de 1994, quando a variedade de tomate
geneticamente modificada FLAVR SAVR foi lançada.
No ano agrícola de 2000, mais de 40 milhões de hectares
foram
plantados
com
variedades
transgênicas,
principalmente nos países como EUA, China, Argentina,
Canadá, Austrália, México e Espanha. Mais de 40.000
ensaios de campo foram conduzidos em mais de 50 países.
Os benefícios advindos do uso de transgênicos têm sido,
principalmente, os seguintes: aumento da produtividade e
da qualidade nutricional e redução dos custos de produção.
Genes de grande variedade de micróbios, plantas e animais
que eram previamente restritos a cada espécie estão sendo
introduzidos e expressados nas culturas agrícolas, com o
objetivo de torná-las mais úteis ao homem.
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A. Borém
O conjunto gênico que está se tornando disponível para o
desenvolvimento varietal é muito superior àquele que a
mente humana jamais sonhara em épocas anteriores à
biotecnologia. Mais de 30 desses transgenes já foram
introduzidos no arroz, a principal fonte de carboidratos
para a população mundial. Os riscos alegados ao uso dos
transgênicos são: aumento da capacidade invasora, efeitos
nocivos sobre insetos não-alvo e com relação à segurança
alimentar,
principalmente.
Nenhum
dos
riscos
preconizados pelos contrários aos transgênicos se
materializou desde que os primeiros ensaios com tais
variedades foram iniciados na década de 80. Acredita-se
que os riscos sejam controláveis e os benefícios sejam
maiores do que eventuais riscos. Os benefícios para a
sociedade advindos da redução do uso de defensivos
agrícolas químicos que contaminam o meio ambiente e
deixam resíduos nos alimentos, o aumento da
produtividade e a produção de alimentos mais saudáveis
são apenas algumas das oportunidades criadas pelas
variedades geneticamente modificadas. Passada a
resistência inicial, os transgênicos tornar-se-ão parte
integrante e natural da mesa, do vestuário e dos fármacos
do homem.
O primeiro registro na literatura dos riscos dos organismos
transgênicos data de 1971, quando Paul Berger indicou que
planejava clonar o adenovírus SV40 em Escherichia coli. O
projeto foi, entretanto, abortado, uma vez que os SV40,
vírus causador de tumor em animais, poderia combinar
com o vírus S2, presente no homem, representando
prováveis risos para a saúde humana (Berg et al., 1974).
Em 1975, a primeira conferência sobre biossegurança foi
realizada em Asilomar, na Califórnia, quando elevados
padrões de biossegurança foram estabelecidos para evitar
riscos decorrentes de pesquisas com biologia molecular
(Berg et al., 1975).
Evolução do Conhecimento Científico
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Em 1990, o primeiro simpósio internacional sobre
biossegurança reuniu em Kiawah, Carolina do Sul,
pesquisadores de diferentes países, tanto do setor público
quanto do privado (MacKenzie e Henry, 1990). Embora
algumas das preocupações com os transgênicos se
mostrassem infundadas, alguns autores, nesse simpósio,
recomendaram que a cautela inicial não fosse abandonada
(Muench, 1990).
Um segundo simpósio internacional, realizado no ano de
1992 em Goslar, Alemanha, discutiu a biossegurança dos
transgênicos à luz do progresso científico alcançado à
época. Os cientistas reunidos nesse encontro chegaram ao
consenso de que o risco está relacionado à caraterística do
transgênico e não é inerente à tecnologia utilizada para
desenvolvê-lo (Tiedje et al., 1989; Crawley, 1992; Date et
al., 1992).
Vários outros simpósios e "workshops" aconteceram desde
então. No Brasil, cientistas dos setores público e privado se
reuniram no "Workshop Biowork" de 1998, em Viçosa, MG,
para discutir a biossegurança dos transgênicos no Brasil.
Uma das principais conclusões foi de que, embora o público
tenha certo ceticismo em relação aos transgênicos, o Brasil
deveria continuar formando massa crítica e estar pronto
para analisar solicitações de comercialização de
transgênicos no território nacional (Borém et al., 1998).
Literatura Consultada
Berg, P.; Baltimore, D,; Brenner, S.; Robin, R. O. e Singer,
M.F. 1975. Summary statement of the Aislomar
conference on recombinant DNA molecules. Proc. Nat.
Acad. Sei USA 72:1981-1984.
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A. Borém
Berg, P.; Battimore, D. e Boyer, H.W. 1974. NAS ban on
plasmid engineering. Nature 250:175.
Borém, A. Giúdice, M.P.; Sakiyama, N.S.; Sediyama, T.;
Moreira, M.A. e Portugal, R.S. 1998. Biowork. Viçosa:
JARD Produções Gráficas. 182p.
MacKenzie, D. R. e Henry, S.C. 1990. Biological Monitoring
of Genetically Engineered Plants and Microbes Proceeding of the Kiawah Island Conference. Bethesda:
Agricultural Research Institute Press.
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