processo, o interacionismo simbólico entende que o indivíduo e sociedade mantêm constante e estreita inter-relação e que o aspecto subjetivo do comportamento humano é necessário na formação e na manutenção dinâmica do ser social e do grupo social. Nessa perspectiva, surge, na década de 40 a etnometodologia de Harold Garfinkel, da Universidade da Califórnia que estuda e analisa as atividades da vida cotidiana dos membros de uma comunidade ou organização com o objetivo de detectar os métodos que as pessoas usam no seu convívio diário em sociedade a fim de construir a realidade social bem como, descobrir a natureza da realidade que elas constroem. Linda Smircich (1983) pesquisadora norte americana da cultura organizacional mostra que o conceito de cultura nas organizações é tratado de duas formas. Alguns consideram que as organizações têm uma cultura que muda com o passar do tempo. Assim, a cultura seria uma característica da organização. Outros consideram que a organização não tem uma cultura, ela é uma cultura, ou seja, a cultura seria a expressão cultural dos membros da organização. A organização seria vista então, como uma esfera cultural e simbólica e a cultura é utilizada como uma metáfora, uma imagem que nos ajuda a compreender melhor o sistema. Autores como Motta Vasconcelos (2002) e a análise histórica de Barley e Kunda (1992) mostram que os teóricos da administração se baseavam na idéia de que para desenvolver e melhorar racionalmente os sistemas formais de trabalho objetivando torná-los mais eficientes, aumentaria a produtividade, o que implicaria supor ações humanas previsíveis e controláveis e os sistemas bem estruturados levariam aos resultados esperados. Nesse sentido, o controle normativo focado pelas escolas de melhoria industrial, relações humanas e cultura pressupunha que os administradores poderiam controlar os trabalhadores pela manipulação de seus pensamentos e emoções. As organizações, nessa visão são consideradas como grupos sociais caracterizadas por envolvimento moral e valores comuns. Assim, a coesão e lealdade seriam as fontes da produtividade e o administrador tem o papel de motivar os trabalhadores dirigindo os valores, emoções e sentimentos de seus subordinados. Nesse processo, a Antropologia, como fonte de idéias e princípios metodológicos é utilizada pelos teóricos organizacionais da linha normativa e de controle. Essas idéias vão influenciar a Escola de Relações Humanas e a Cultura Organizacional. E os primeiros estudos nas organizações influenciados pela idéias da Antropologia foram os experimentos de Hawthorne. Nesse contexto, a antropologia forneceu os princípios metodológicos da observação e a idéia de que grupos sociais eram fatores importantes na determinação do comportamento humano para experiência de Hawthorne. Com o desenvolvimento das Escolas de Relações Humanas, a antropologia forneceu os princípios teóricos, o referencial metodológico completo para o estudo das organizações que é a observação participante. A investigação etnográfica foi usada por pesquisadores para aprofundar o conhecimento sobre os grupos sociais nas organizações. Lupton (1985) usou essa abordagem para analisar situações sociais e formular teorias sobre aspectos mais amplos da organização. Segundo este autor, a pesquisa etnográfica permitiu a reconstrução de todos os aspectos que influenciavam a interação social dentro da organização. Para Barley (1988), o conceito de cultura organizacional entrou nas discussões sobre o comportamento organizacional por dois caminhos, sendo um pela obras direcionada à prática empresarial. O outro caminho, mais teórico baseado nas idéias e métodos do interacionismo simbólico e da antropologia.