galhas entomógenas de chapada dos guimarães, mato grosso, brasil

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XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
GALHAS ENTOMÓGENAS DE CHAPADA DOS GUIMARÃES,
MATO GROSSO, BRASIL
Luiza Moura Peluso - Universidade Federal de Mato Grosso, Depto de Botânica/Ecologia. Cuiabá, MT.
[email protected]
Renata Santos Souza - Universidade Federal de Mato Grosso, Depto de Botânica/Ecologia, Cuiabá, MT.
Naiara Andressa Queiroz - Universidade Federal de Mato Grosso, Depto de Botânica/Ecologia, Cuiabá, MT.
Kleber Vecchi Junior - Universidade Federal de Mato Grosso, Depto de Botânica/Ecologia, Cuiabá, MT.
Soraia Diniz - Universidade Federal de Mato Grosso, Depto de Botânica e Ecologia, Cuiabá, MT.
INTRODUÇÃO
Galhas entomógenas são alterações provocadas pela mudança do padrão de crescimento e desenvolvimento de
tecidos ou órgãos da planta, em resposta altamente específica à ação de insetos (Maia & Fernandes, 2004). Podem
ser encontradas em todas as partes das plantas, desde a extremidade da raiz às gemas apicais do caule, nas partes
vegetativas e reprodutivas e com grande variação de formas (Fernades et al. 1988).
O Cerrado apresenta grande riqueza de espécies galhadoras (Gonçalves-Alvim & Fernandes, 2001; UrsoGuimarães & Scareli-Santos, 2006; Carneiro et al. 2009; Luz et al. 2012; Santos et al. 2012), e tem sofrido uma
acelerada devastação, com perda acentuada da biodiversidade (Lagos & Muller, 2007). Tal impacto altera a
assembleia de hospedeiras, tornando os galhadores suscetíveis a extinção, devido a interação altamente específica
entre insetos e plantas (Gonçalves-Alvim & Fernandes, 2001).
OBJETIVO
Catalogar e descrever as galhas entomógenas em áreas de cerrado do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães,
Mato Grosso, Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo - A área estudada está localizada no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, localizado no
município de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil. O bioma Cerrado nesta região é caracterizado por
diversas fitofisionomias como florestas semidecíduas, cerradão e matas de galeria, até formações campestres, como
campo rupestre (Ibama, 1994 apud Pinto et al. 2005).
Amostragem - O estudo ocorreu no período de 02 a 25 de setembro de 2014, no módulo Rio Claro, estabelecido
pelo Núcleo Regional da Rede ComCerrado. Foram amostradas 10 parcelas de 250m. Estas parcelas foram
estabelecidas seguindo o método RAPELD (Magnusson et al. 2005) em isóclinas topográficas (em curva de nível),
em cada módulo de 5x1 km.
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Ao longo dos 250 m foram demarcadas cinco subparcelas (paia) de 10x10m a cada 50 m. Todas as galhas que
ocorreram dentro da subparcelas foram fotografadas e coletadas. As galhas foram caracterizadas de acordo com
morfologia externa, presença de pelos, órgão atacado da planta, localização no limbo foliar e espécie da planta
hospedeira. As identificações das plantas foram realizadas no Herbário Central da Universidade Federal de Mato
Grosso.
RESULTADOS
Foram registrados 117 morfotipos de galha, em 574 indivíduos pertencentes a 42 espécies e 24 famílias de plantas
hospedeiras. As famílias com maior número de morfotipos foram Fabaceae (15,4 %), Burseraceae (12,8%) e
Chrysobalanaceae (7,7%). Fabaceae também apresentou maior número de espécies hospedeiras (cinco no total).
A maioria dos morfotipos ocorreu em apenas um órgão (97,5%). O órgão mais afetado das plantas hospedeiras foi a
folha (67,52%), seguida pelo caule (28,20%) e o restante em gemas apicais. Não foram encontradas galhas em
flores ou frutos. Quanto a pilosidade, 91,5% eram glabras, enquanto apenas 8,55% apresentaram pelos.
DISCUSSÃO
O número de morfotipos de galhas na Chapada é alto quando comparado a outros estudos. Maia & Fernandes,
(2004) registraram 137 e Santos et al. (2012) 56 morfotipos, ambos em um ano de coleta. Fabaceae foi também a
principal família de plantas hospedeiras de outros estudos realizados no Brasil (Santos et al. 2012; Luz et al. 2012).
A baixa ocorrência de um mesmo morfotipo em mais de um órgão também foi registrado por Maia & Fernandes,
2004. A predominância de galhas em folhas foi também evidenciada em Luz et al. 2012. Este fato pode ser
explicado pela sua abundância de folhas comparada as outras partes da planta (Fernandes et al. 1988).
CONCLUSÃO
Os cerrados da Chapada dos Guimarães apresentam alta riqueza de galhas quando comparada com outros estudos
realizados em outras áreas de cerrado do Brasil.
(Agradecimentos: Rede ComCerrado-MCTI, PPBio-Cerrado, CNPQ-Processo457470/2012-7)
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