Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Sistema Terapêutico Bio(muco)adesivo OrgânicoInorgânico Para Liberação Controlada de Fármacos na Mucosa Oral NEIMA JAMIL NASSER Araraquara-SP 2015 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Araraquara Faculdade de Ciências Farmacêuticas Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas Área de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Medicamentos Sistema Terapêutico Bio(muco)adesivo Orgânico-Inorgânicos Para Liberação Controlada de Fármacos na Mucosa Oral NEIMA JAMIL NASSER Dissertação apresentada ao programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas, Área de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Medicamentos, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, sob orientação da Profª. Dra. Leila Aparecida Chiavacci, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Araraquara-SP 2015 Ficha Catalográfica Elaborada Pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação Faculdade de Ciências Farmacêuticas UNESP – Campus de Araraquara Nasser, Neima Jamil Bio(muco)adesivo orgânico-inorgânico para liberação de fármacos na mucosa oral N267b Neima Jamil Nasser. 78 f. – Araraquara, 2015 Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. “Júlio de Mesquita Filho”. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas Orientador: Leila Aparecida Chiavacci 1. Matrizes poliméricas ureasil-poliéter. 2. Sistema bio(muco)adesivo. 3. Liberação controlada I. Chiavacci, Leila Aparecida, orient. II. Título CAPES: 40300005 . / Dedico esse trabalho aos meus pais, Jasser Juhdi Jamil Nasser e Jayne Maria Campos Nasser, por acreditarem em meus sonhos e sempre torcerem pela minha felicidade e ao meu esposo Luciano Bratz, por confiar na minha capacidade, compartilhar os meus anseios e ser meu companheiro de todas as caminhadas. AGRADECIMENTOS Agradecer fica fácil quando se tem um Deus que nos conduz incrivelmente por lugares onde não vemos saída, mas que o não saber enxergar é justamente o aprendizado que precisamos para fortalecer a nossa fé. A minha família, meus irmãos Nasser e Jasser, pelo tempo em que caminhos lado a lado serem meus modelos de aprendizado e carinho. Aos meus pais, Jasser e Jayne, pelo amor incondicional, por sacrificarem seus dias para meu crescer e sempre estarem prontos a apoiar meus sonhos, loucuras e realidades. Ao meu amor único, Luciano Bratz, por confiar em minha capacidade, compreender minhas angustias, fazer o meu dia a dia mais feliz com cada gesto de carinho e por lutar junto comigo em todo momento, sendo meu solo firme e minha confiança para continuar. A minha orientadora Profa. Leila Aparecida Chiavacci, por antes de tudo entender o meu desejo de cursar o mestrado, mesmo sabendo das limitações que dificultariam sua orientação, com todo respeito acolheu a minha vontade, conduzindo-me por dois anos com compreensão e me fez vitoriosa. Ao meu grande presente neste mestrado, meu amigo-irmão João Augusto Oshiro Junior, que me aceitou como um irmão e me adotou como um pai, sofrendo junto, sorrindo muito e me educando sempre que precisou. A você meu IRMÃO todo meu carinho e respeito pelo belíssimo profissional, dedicado ao ensinar e sempre disposto a aprender. A minha doce Mariana Satto, que rapidamente se propôs a estar ao meu lado e permitiu que entre nós a amizade predominasse tornando leve a caminhada até hoje e deixando a certeza de uma amizade para a vida. A minha amiga que a mim se dedicou pelo simples ato de se doar ao próximo, Mariluce de Paula, que com muito carinho esteve ao meu lado no trabalho e na amizade sendo uma palavra amiga nos momentos difíceis e uma fonte de aprendizado nos momentos em que podemos dividir nossas vivencias. As minhas queridas amigas, Eloíza Berbel Manaia, que foi meu primeiro sorriso receptivo nessa experiência e que me acolheu, Natália que me incentivou e foi meu primeiro contato com o laboratório CMAF, a minha pequena amável Marina Paiva Abuçafy que com boas gargalhas também me fez muito sorrir, a linda Ariane Martinelli por toda atenção a mim dedicada. A Mariol Industrial Farmacêutica, através do seu diretor Luiz Fernando Machado, pelo apoio desde o inicio deste trabalho e pela compreensão, me permitindo ausentar sempre que precisei com confiança. Ao meu amigo e grande mestre João Carlos Serino Jr., pelo incentivo desde os primeiros pensamentos sobre esse projeto e por confiar em meu trabalho sempre que me ausentei de sua equipe. Ao meu amigo Mauro Rezende e toda equipe Mariol pelo apoio durante essa caminhada. Ao Professor Marlus Chorilli por carinhosamente aceitar participar de minha banca de qualificação de mestrado e colaborar de forma grandiosa para o meu aprendizado. Ao pós-graduando Bruno Caetano também por de forma carinhosa participar da minha banca de qualificação de mestrado e colaborar, além da amizade, com meu aprendizado. E ninguém vem sozinho, sempre traz alguém, para alegrar nossos dias, sendo assim, meu muito obrigada a Flavia Maccari por me acompanhar e ensinar com grande carinho, Sergio Ricardo Favorin e Victor Elias Chiavacci Etgens que me acolheram em sua casa com muito carinho e muitas gargalhadas. A Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara (UNESP) em especial a Secção de Pós-Graduação através das sempre receptivas e atenciosas Cláudia, Daniela, Joyce e Flávia. A minha amiga/mãe adotiva Dr. Rita de Cássia Gidrão de Almeida Prado e ao Dr. Kiko de Almeida Prado, por alegrarem minha vida, serem amigos em todos e a qualquer momento. A minha doce Lara Gidrão de Almeida Prado por me fazer melhor a cada conversa amiga. Ao meu querido Marcelo Barea que sempre me tira sorrisos altos com seu espírito de criança e com sua capacidade de me irritar (rs). A Santa Casa de Misericórdia de Barretos, através do Sr. Eduardo Petrov e do Sr. Tiago Soares, por me apoiarem a concluir esse estudo. Ao minhas companheiras de trabalho da Santa Casa de Misericórdia de Barretos, Lidiane Dorigan, Micheli Barbosa Caio e Gisele Fernanda Longuin por me receberem carinhosamente e pela oferecerem sua amizade sem nada impor. A todos que de alguma maneira me incentivaram com um pouco de carinho ou com um minuto a me escutar. “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para engaiolados onde sempre quiser. têm Pássaros um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência Escolas dos que pássaros são asas é não o vôo. amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado. Rubens Alves RESUMO As matrizes hibridas orgânico-inorgânicas sobressaem em relação aos sistemas tradicionais de liberação de fármacos por apresentarem benefícios sobre os sistemas tradicionais de liberação, tais como: flexibilidade, resistência mecânica e térmica, transparência e insolubilidade em água. O objetivo deste trabalho foi utilizar filmes bio(muco)adesivos a base de matrizes híbridas do tipo siloxano-polióxido etileno (POE) e siloxano-polióxido proprileno (POP) para o tratamento de afecções na mucosa oral. Os filmes estudados neste trabalho foram obtidos a partir de polímeros do tipo ureasil-polieter através do processo sol-gel, com massas moleculares similares: ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500. A esses filmes foram incorporados os fármacos nistatina, um antifúngico extraído de culturas de Streptomyces e triancinolona que é pertencente à família dos corticoides e como tal possui propriedades anti-inflamatórias e vasoconstritoras. As curvas de SAXS (Espalhamento de Raio-X a Baixo Ângulo) revelaram que durante a liberação do fármaco em saliva artificial ocorre o intumescimento nanoscópico do polímero ureasil-POE 500, enquanto que para ureasil-POP 400 esse fenômeno não é observado. O teste de liberação controlada revelou perfis diferentes para os materiais estudados. As matrizes ureasil-POP 400 e ureasil-POE500 incorporadas com o fármaco nistatina demonstraram uma rápida liberação inicial e um platô de sustentação da liberação, fenômeno conhecido por efeito burst. Enquanto que as matrizes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 incorporadas com o fármaco triancinolona não apresentaram efeito burst tão acentuado, fato que pode estar relacionado a afinidade do fármaco pelas matrizes poliméricas. Assim temos a possibilidade de escolher um mecanismo de liberação mais adequado para o tratamento, podendo ser escolhido um modelo de dispositivo com liberação imediata que mantém os níveis séricos constantes ou um modelo de dispositivo de liberação graduada com aumento dos percentuais de liberação em função do tempo. O teste de adesão demonstrou altos valores quando comparados com outros sistemas, contudo com níveis desejados para fixação na mucosa oral por ser uma região úmida e com grande mobilidade. Os estudos demonstraram a capacidade dos filmes na liberação controlada de fármacos quando comparado a sistemas tradicionais, apresentando perfis de liberação desejáveis, boa fixação e a eficácia das concentrações liberada. Palavras chaves: matrizes poliméricas ureasil-poliéter; sistema bio(muco)adesivo; liberação controlada; nistatina; triancinolona. ABSTRACT The organic-inorganic hybrid matrices have been highlighted for drug delivery systems due to adaptive benefits over traditional delivery systems, such as flexibility, mechanical and thermal resistance, transparency and low water solubility. The aim of this study was the use of siloxane-type ethylene polyethylene oxide (PEO) and proprileno siloxane-polyethylene oxide (POP) hybrid based mucoadhesive films for the treatment of diseases in the oral mucosa. The films included in this study were obtained by the sol-gel process using polymers of polyether ureasil type with similar molecular weights: ureasil-POP 400 and ureasil-POE 500. The drug nystatin, an antifungal extracted from cultures of Streptomyces, and triamcinolone which belongs to steroids family presenting anti-inflammatory and vasoconstrictor properties, both were incorporated into these films. The SAXS curves showed that during the release of drug in artificial saliva occurs nanoscopic swelling in the ureasil POE-500 polymer, while for ureasil-POP 400 this phenomenon is not observed. The drug release assay showed different profiles for the materials containing Nystatin and triamcinolone. The ureasil-POP 400 and ureasil-POE 500 matrices containing Nystatin showed a fast release in the beggining followed by a plateau of drug release content, phenomenon known as burst effect. In contrast, ureasil-POP matrices 400 and ureasil-POE 500 containing triamcinolone showed no burst effect which may be related to the drug affinity with the polymer matrices. This behavior allows selecting the release model depending on the parameters needed for the treatment. The drug release model presented by the devices can be for immediate release of the drug, keeping constant the serum levels of drug, and a graduated release of the drug presenting an increase of the release percentage as a function of time. The adhesion test showed high values when compared to other systems, yet with desired levels for attachment to oral mucosa to be a moist area and high mobility. The studies demonstrated the ability of the film in the controlled release of drugs when compared to traditional systems, with desired release profiles, good fixation efficiency and concentrations of released. Keywords: ureasil-polyether polymer matrices; controlled release; nystatin; triamcinolone. LISTA DE FIGURAS bio(mucus)adhesive system; Figura 1. Estrutura química da nistatina (Groll et al., 1999). ..................................... 29 Figura 2. Mecanismos de ação da nistatina, com detalhe para os poros formados na membrana plasmática e o fluxo de saída da célula de íons e moléculas importantes para a sobrevivência celular (SIDRIN E MOREIRA, 1999) ...................................... 31 Figura 3. Representação esquemática da estrutura química da Triancinolona (DAMIANI et al., 2001). ............................................................................................. 33 Figura 4. Sistema Refluxo ......................................................................................... 36 Figura 5. Esquema para obtenção do precursor híbrido ureasil-POE. ...................... 37 Figura 6. Sistema de Rotoevaporação ...................................................................... 37 Figura 7. Esquema para o teste de avaliação de mucoadesão. (a) Analisador de textura; (b) Prova analítica com o disco de mucina; (c) localização do filme durante o ensaio. ....................................................................................................................... 42 Figura 8. Reações de hidrólise e condensação a partir de um precursor híbrido ureasil-poliéter (Proceso sol-gel). .............................................................................. 44 Figura 9. Filmes ureasil–POP 400 incorporada com nistatina ................................... 45 Figura 10. Filmes ureasil–POP 400 incorporado com triancinolona .......................... 46 Figura 11. Filmes ureasil–POE 500 incorporado com nistatina ................................. 47 Figura 12. Filmes ureasil–POE 500 incorporados com triancinolona ........................ 48 Figura 13. Filmes ureasil-POE 500 incorporados com triancinolona ......................... 48 Figura 14. Curvas de SAXS para o filme ureasil-POP 400 puro ............................... 49 Figura 15. Curvas de SAXS para o filme ureasil-POP 400 incorporados com o fármaco nistatina a 3% e 6% e com o fármaco triancinolona a 3% e 6% ..... ............ 50 Figura 16. Curva de SAXS para o filme ureasil-POE 500 puro ................................. 51 Figura 17. Curvas de SAXSpara o filme ureasil-POE 500 incorporados com o fármaco nistatina a 3% e com o fármaco triancinolona a 3% e 6% ........................... 51 Figura 18. Curva analítica da Nistatina ..................................................................... 56 Figura 19. Curva analítica da Triancinolona .............................................................. 57 Figura 20. Perfil de liberação do fármaco nistatina incorporado nas porcentagens de 3 e 6% em filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 ............................................. 58 Figura 21. Perfil de liberação do fármaco triancinolona incorporado nas porcentagens de 3 e 6% em filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 .................. 61 Figura 22. Placas controle inoculadas com o fungo e com o fosfato tampão com procetyl respectivamente .......................................................................................... 65 Figura 23. Placa inoculada com as quantidades liberadas do fármaco nistatina incorporada a 3% nos filmes ureasil-POP400 e ureasil-POE 500 ............................. 66 LISTA DE QUADROS E TABELA Quadro 1. A distância de correlação (d) entre os grupamentos ureasil e a região polimérica da membrana e a variação do grau de intumescimento em % (Δd)......... 53 Quadro 2. A distância de correlação (d) entre os agrupamentos ureasil e a região polimérica da membrana e a variação do grau de intumescimento em % (Δd)......... 54 Quadro 3. Valores da porcentagem de nistatina liberada após 14 horas a partir das membranas ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 ...................................................... 59 Quadro 4. Valores da porcentagem de Triancinolona liberada após 12 horas a partir das membranas ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 ............................................... 62 Tabela 1. Valores de força de adesão para os filmes híbridos ureasil-polieter. ........ 64 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 16 2.1. Mucosa Oral ................................................................................................... 16 2.2. Saliva ............................................................................................................. 18 2.3. Mucoadesão e Sistemas Mucoadesivos ........................................................ 19 2.4. Polímeros ....................................................................................................... 22 2.4.1. Híbridos Orgânico-Inorgânicos: Polióxido Etileno (POE) e Polióxido Propileno (POP) ........................................................................................................ 25 2.5. Nistatina ......................................................................................................... 28 2.6. Triancinolona.................................................................................................. 32 3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 34 3.1. Objetivo Geral ................................................................................................ 34 3.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... 34 4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 34 4.1. Materiais......................................................................................................... 34 4.2. Métodos ......................................................................................................... 35 4.2.1. Preparação dos precursores e filmes mucoadesivos ureasil-POP 400 e ureasil- POE 500 ....................................................................................................... 35 4.2.2. Incorporação dos fármacos nistatina e triancinolona nas membranas ureasil-poliéter ........................................................................................................... 38 4.2.3. Medidas de Espalhamento de Raios-X a Baixo Ângulo (SAXS) ................. 39 4.2.4. Curva Analítica ............................................................................................ 40 4.2.5. Teste de Liberação dos Fármacos Nistatina e Triancinolona nos Filmes ureasil-POP400 e ureasil-POE500 ............................................................................ 40 4.2.6. Teste de Adesão ......................................................................................... 41 4.2.7. Difusão em Agar ......................................................................................... 42 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 44 5.1. Obtenção dos precursores e filmes mucoadesivos ureasil-POP 400 e ureasilPOE 500 .................................................................................................................... 44 5.2. Incorporação dos Fármacos Nistatina e Triancinolona .................................. 45 5.3. Espalhamento de Raios-X a Baixo Ângulo (SAXS) ........................................ 49 5.4. Curva Analítica ............................................................................................... 56 5.5. Teste de Liberação dos Fármacos Nistatina e Triancinolona Incorporado nos Filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 - 44 ....................................................... 57 5.6. Análise do trabalho de Adesão ...................................................................... 62 5.7. Difusão em ágar ............................................................................................. 65 6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 67 7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................................... 69 13 1. INTRODUÇÃO Diversas pesquisas têm focado nas ultimas décadas no desenvolvimento de novos sistemas para a liberação de fármacos que possibilitem um tratamento menos invasivo, menos tóxico e com uma maior adesão ao tratamento pelo paciente, aumentando sua eficácia e melhorando a manutenção da dosagem administrada (PEPPAS et al., 2006). Visando alcançar estes objetivos a pesquisa para o desenvolvimento de novos sistemas de liberação controlada tem avaliado diferentes materiais, dentre eles os materiais poliméricos, que apresentam vantagens quando comparados a sistemas existentes (DUMITRIU, 2001). Sistemas poliméricos podem promover a diminuição do metabolismo sistêmico, mantendo níveis desejáveis do fármaco na corrente sanguínea, através do controle de liberação, apresentando baixa resposta inflamatória, permitindo a administração do tratamento em locais específicos e a incorporação de fármacos com características hidrofílicas e hidrofóbicas (AZEVEDO, 2002). Dentre os materiais poliméricos, uma classe que tem chamado à atenção nos últimos anos é a dos polímeros híbridos orgânico-inorgânicos por possuírem alta capacidade de processamento, uma vez que com mudanças em sua estrutura é possível melhorar as características mecânicas, ópticas e estruturais desses materiais, impactando diretamente nas propriedades finais tais como flexibilidade, adesão a um substrato oral, capacidade de obtenção de formas diferentes tais como filmes e membranas, entre outras (REKONDO et al., 2006; MOLINA et al., 2005; SANTILLI et al., 2009). Esses materiais híbridos possuem dois sítios de ligação eletronegativos, os oxigênios do tipo éter da cadeia polimérica e oxigênios do grupo uréia localizados na interface siloxano-polímero, que podem solvatar moléculas eletropositivas (SANTILLI, et al., 2009). Possuem também um sitio de ligação eletropositivo, no qual podem se ligar moléculas eletronegativas representadas pelo grupo ureia, que liga a parte orgânica do híbrido ao grupo siloxano. Essas características das matrizes híbridas permitem que a interação fármaco matriz seja modulada controlando o local de incorporação do fármaco o que acarreta em alterações no perfil de liberação (SANTILLI, et al., 2009). 14 Os híbridos orgânico-inorgânicos da família ureasil-poliéter são processados através da rota química sol-gel, onde um precursor organosilano é polimerizado em uma matriz de macromoléculas orgânicas (BRENNAN; WIKES, 1991; CHIANG, 2002; CHUJO et al., 1991; CHIAVACCI et al., 2004). A partir do processo sol-gel é possível obter filmes finos e partículas esféricas à temperatura ambiente, em formato e espessuras variadas além de facilitar a incorporação de fármacos, sem alterar a biocompatibilidade inerente aos poliéters (GUIZARD, JULBE, AGRAL, 1999). Para que as matrizes hibridas sejam empregadas na obtenção de um sistema terapêutico mucoadesivo estas devem apresentar elevada bioadesão. O termo bioadesão foi referido pela primeira vez com a ligação de macromoléculas sintéticas ou naturais a um muco e/ou superfície epitelial (LONGER et al., 1986). A bioadesão é definida como a capacidade de dois materiais, sendo um deles de natureza biológica, em permanecerem unidos por um período de tempo desejável para cada aplicação (SMART, 2005). Essa capacidade em aderir a um sistema biológico facilita a aplicação do fármaco somente em locais afetados, aumentando o contato do fármaco no local de ação ou absorção o que favorece a manutenção da concentração e o controle de liberação, melhorando a efetividade terapêutica, diminuindo efeitos sistêmicos e diminuindo a frequência das doses administradas do fármaco (CARVALHO, 2010). Quando um material polimérico é aplicado sobre uma mucosa revestida por muco o fenômeno passa a ser designado por “mucoadesão” sendo a mucoadesão definida como uma interação que ocorre entre a superfície da mucina, principal proteína da saliva, e um polímero sintético ou natural (LEUNG et al., 1990). As mucosas do organismo humano possuem relativa permeabilidade e permitem a rápida absorção do fármaco por serem altamente vascularizada. A mucosa mais utilizada para administração e absorção de fármacos é a gastrintestinal, mas outras membranas ou mucosas também têm sido estudadas, como a cutânea, nasal, ocular, bucal, vaginal, retal, oral e periodontal (AHUJA, 1997) Para que um material possa ser utilizado como um sistema polimérico mucoadesivo este deve apresentar em sua estrutura algumas características, como (AWAJA et al., 2009): • Quantidade suficiente de agrupamentos químicos que sejam capazes de estabelecer ligações do tipo hidrogênio com o substrato; 15 • Flexibilidade da cadeia polimérica que possibilite sua adequação a movimentação da mucosa oral; • Alta massa molecular que facilite o depósito e adesão do mesmo à mucosa oral; • Cargas aniônicas na superfície que reduzam a tensão superficial gerada pela saliva para que melhore a difusão no tecido epitelial. O conhecimento do mecanismo de mucoadesão é necessário para entender as forças responsáveis pela ligação entre a membrana polimérica e a mucosa oral. Atualmente são estudados três mecanismos: o intumescimento dos polímeros, penetração profunda das cadeias poliméricas e criação de forças químicas fracas entre as cadeias poliméricas e o substrato biológico (DUCHENE et al., 1988; PEPPAS et al., 1985). Dentre os mecanismos citados, a capacidade de intumescimento, quando em contato com a mucosa oral é fundamental, uma vez que esta característica mantém a adesão do filme e promove o afastamento das cadeias químicas liberando o fármaco no local de tratamento (VILLANOVA et al., 2010). Os sistemas terapêuticos mucoadesivos ideais devem ser inseridos de forma não invasiva na mucosa e formar após o contato, um filme adesivo, com capacidade de liberar o fármaco, de forma controlada e prolongada, mantendo os níveis de fármacos dentro da faixa terapêutica como uma adesão ideal a mucosa dado aos seu alto nível de lubrificação e contração, onde as características físicas e químicas do sistema não devem ser modificadas pelo tecido local (ELEFTERIADES et al., 1996). 16 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Mucosa Oral A cavidade oral é revestida por uma membrana úmida que forma uma barreira estrutural entre o corpo e o meio externo denominada mucosa oral. Essa umidade é dada pela presença da secreção de saliva formada nas glândulas salivares, importante para evitar o aparecimento de processos inflamatórios (SANDERS, 1990). A mucosa oral é formada por duas camadas de tecidos estruturais com origens embrionárias diferentes, tecido epitelial de origem ectodérmica e tecido conjuntivo de origem mesenquimal. As camadas estão ligadas por uma membrana basal com formação ondulada, formado invaginações no tecido epitelial devido a prolongações do tecido conjuntivo chamadas de cristas epiteliais. Essa disposição entre depressões e cumes facilita a nutrição do tecido epitelial que é avascular pelo tecido conjuntivo que é vascularizado (CONSUELO et al., 2005). A mucosa oral pode apresentar características estruturais diferentes, dependendo da região considerada, isto ocorre porque esta mucosa se adapta frente às agressões funcionais e evolutivas podendo sofrer modificações reversíveis em resposta a função e ao uso (SALAMAT-MILLER et al., 2005). A estrutura morfológica da mucosa oral possui varias adaptações funcionais nas diferentes regiões da cavidade oral. Sendo assim, podemos dividir a mucosa oral em três tipos principais: (i) mucosa de revestimento; (ii) mucosa mastigatória; (iii) mucosa especializada (SALAMAT-MILLER et al., 2005). A mucosa de revestimento cumpre a função de proteção, é flexível e se adapta bem a contração e ao relaxamento dos músculos, são encontradas nas bochechas, lábios, parte interna dos lábios, palato mole, superfície da língua e assoalho bucal. A mucosa mastigatória esta submetida à forças de fricção e pressão originadas do impacto mastigatório. Normalmente esta fixada ao osso e não apresenta mobilidade, sendo típica da gengiva e do palato duro. A mucosa especializada recebe esse nome porque aloja as papilas gustativas que estão localizadas no epitélio da superfície dorsal da língua (CONSUELO et al., 2005). 17 O epitélio bucal exerce a função de proteção não sendo queratinazado, representando uma barreira de permeabilidade, tendo em vista sua grande concentração de lipideos, o que protege o tecido contra a perda de fluidos e entrada de agentes ambientais potencialmente nocivos, tais como antígenos, carcinógenos, toxinas microbianas, entre outros. O tecido conectivo confere propriedades mecânicas à mucosa bucal, rica em vasos sanguíneos e capilares, que se assoaciam com a veia jugular interna para, então, garantir o efeito sistêmico (CHANG et al., 2005). Os fármacos administrados na cavidade oral são absorvidos pelas veias reticulada e jugular e, então, drenados para circulação sistêmica, evitando o metabolismo hepático de primeira passagem. As barreiras superficiais da mucosa oral (epitelio, muco) representam a defesa primária, impedido a entrada de substâncias do meio exterior (VEUILLEZ, 2001). Existem duas possíveis rotas principais, para o transporte de fármacos, através do epitélio estratificado escamoso da mucosa oral: a transcelular, ou intracelular, que atravessa a membrana celular e entra na célula; e a paracelular, ou intercelular, que passa entre as células. Ambas as rotas representam processos passívos de difusão (HOOGSTRAATE; VERHOEF, 1999). A degradação enzimática representa uma barreira para a penetração dos fármacos através do epitélio oral. A saliva não contém proteases, porém apresenta níveis moderados de estearases, carboidrases e fosfatase (ROBINSON; YANG, 2001). Além disso, várias enzimas proteolíticas estão presentes no epitelio oral (VEUILLEZ; KALIA; JACQUES, 2001). As endocpeptidases e as carboxipeptidases não se encontram presentes na superficie da mucosa oral, contudo as aminopeptidases representam a maior barreira enzimática para fármacos liberados. Polímeros mucoadesivos, associados à agentes inibidores enzimáticos, podem ser utilizados para contornar a ação destas enzimática nos sistemas JOHNSTON, 2005). de liberação (SALAMAT-MILLER; CHITTCHANG; 18 2.2. Saliva A saliva é uma secreção clara, levemente ácida, produzida a partir de grandes e pequenas glândulas salivares e a partir do fluido gengival. As glândulas grandes estão em menor número constituindo-se nos pares de glândulas parótidas, submandibulares e sublinguais, nas quais, noventa por cento de toda saliva é produzida. As glândulas salivares menores são estruturas presentes por toda cavidade oral e orofaringe, podendo também ser encontradas na laringe, traqueia e nasofaringe e podem ser estimadas em cerca de 700 a 900 glândulas, porém com menor importância para a quantidade de saliva produzida (FEIO & SAPETA, 2005; GUYTON & HALL, 2006). Como produto de glândulas exócrinas, a saliva contém uma ampla variedade de produtos imunogênicos e não imunogênicos. Os primeiros são representados por Imunoglobulinas IgA, IgG e IgM; segundo por proteínas, glicoproteínas, enzimas e eletrólitos. A IgA é a principal imunoglobulina secretada na saliva, oferecendo proteção direta contra vírus, bactérias e fungos e, dentre as glicoproteínas, destacam-se a mucina, molécula de alto peso molecular que confere viscosidade à saliva (HUMPHREY & WILLIAMSON, 2001). A mucina é a principal proteína presente na saliva, quando em altas concentrações, a mucina transforma a saliva na denominada secreção mucosa, entretanto, quando reduzida, há um aumento na concentração de proteínas, dentre elas, ptialina, que transforma a saliva em secreção serosa (GUYTON & HALL, 2006). O muco é um excelente lubrificante, além disso, tem função protetora. Possui propriedades de aderência, espalhando-se como uma película fina sobre a superfície bucal. Em pH normal da boca, pode formar uma estrutura de gel fortemente coesiva, que se liga a superfície do epitélio como uma camada gelatinosa funcionando como uma barreira mecânica protetora. Dessa forma, permite o movimento relativo entre as células e exerce importante papel na adesão de sistemas de liberação mucoadesivos (CID, 2009). A mucina também desempenha função antibacteriana pela modulação da adesão de microrganismos às superfícies dos tecidos orais, o que contribui para o controle da colonização bacteriana e fúngica (HUMPHREY & WILLIAMSON, 2001). 19 O efeito tampão e controle do pH é exercido pelos seus integrantes bicarbonato, fosfato, ureia, proteínas e enzimas. O principal é o bicarbonato que mantém o pH normal em torno de 6 a 7, variando entre 5,3 (em baixos fluxos salivares) e 7,8 (em picos de salivação) (HUMPHREY & WILLIAMSON, 2001). A saliva é de grande importância para lubrificar as estruturas orais, contribuir para a formação do bolo alimentar, prevenir a desmineralização dos dentes, garantem a digestão dos carboidratos e regulam a flora-microbiana oral, além de contribuir para a manutenção do pH da cavidade oral e para efetivação dos leves reparos nos tecidos (GUYTON & HALL, 2006). A saliva é uma solução tampão possuindo pH próximo ao valor neutro, podendo sofrer variações quando a secreção salivar é estimulada ou na presença de bactérias formadoras de cáries (SMART, 2005). Uma pessoa normal produz 1L de saliva/dia, com uma taxa de fluxo média de 0,5mL/min, podendo chegar a 7mL/min, quando ocorre forte estimulação do sistema parassimpático (ROBINSON, 1994). 2.3. Mucoadesão e Sistemas Mucoadesivos Em 1986 o termo bioadesão foi referido pela primeira vez como a ligação de macromoléculas sintéticas a um muco e/ou superfície epitelial (LONGER et al, 1986). No âmbito das ciências farmacêuticas a bioadesão pode ser definida como o estado no qual dois materiais, sendo pelo menos um de origem biológica, são mantidos unidos por um tempo (SMART, 2005). Na década de 1980 esse termo começou a ser empregado em sistemas de liberação de fármacos referindo se a incorporação de moléculas adesivas em modelos de formulações farmacêuticas, nas quais são empregadas para liberação do fármaco em contato íntimo com o tecido de absorção, com liberação do fármaco próximo ao local de ação, aumentando a biodisponibilidade, possibilitando ações locais e sistêmicas (HAGERSTROM, 2003; WOODLEY, 2001). Nagai em 1984 foi o primeiro a propor a utilização de materiais mucoadesivos, com a melhora do tratamento local de afta na mucosa oral, empregando comprimidos adesivos. Posteriormente foi observado o aumento da 20 biodisponibilidade da insulina sendo a mesma administrada por via nasal na forma de pó bioadesivo em cães (NAGAI, 1985). Sempre que o objetivo é a administração de fármacos, o termo bioadesão refere-se à ligação do sistema transportador do fármaco a um substrato biológico especifico (AHUJA et al., 1997). Em sistemas biológicos quatro tipos de bioadesão podem ser distinguidos: i) adesão de uma célula normal a outra célula normal; ii) adesão de uma célula a uma substância estranha; iii) adesão de um célula normal a uma célula patológica; iv) a adesão de um material adesivo a um substrato biológico (LEUNG et al., 1990). A palavra bioadesão denomina qualquer ligação formada entre duas superfícies biológicas ou entre uma superfície biológica e um substrato sintético (PEPPAS et al.,1985). Quando o substrato biológico é uma membrana mucosa revestida por muco a adesão passa a ser denominada por “mucoadesão” que é descrita como uma interação que ocorre entre a superfície da mucina e um polímero sintético ou natural (LEUNG et al., 1990). Considerando o muco que reveste a cavidade oral como um substrato biológico, podemos deduzir que a presença de um filme de mucina (saliva) a revestir a superfície da mucosa oral possibilitará que o sistema administrado permaneça em contato com a mesma por um maior período de tempo e que este contato poderá ser auxiliado pela presença de compostos mucoadesivos (RATHABONE et al., 1994). As mucosas são as principais vias de administração para sistemas bio(muco)adesivos, embora seja relatada a necessidade de desenvolvimento de novas formulações bioadesivas para aplicação dérmica, quando se requer uma ação cutânea prolongada. Nas formulações de aplicação cutânea como cremes, pomadas, soluções e loções é difícil esperar um efeito terapêutico prolongado, pois os fatores externos como umidade, temperatura e os movimentos os removem facilmente (SHIN et al.,2003). Os mecanismos que efetuam a ligação na mucoadesão não são totalmente esclarecidos visto que é difícil diferenciar macroscopicamente se a interação ocorre na superfície celular ou entre as moléculas do polímero com a camada do muco (WOODLEY, 2005). Para se obter um efeito mucoadesivo perfeito, em um sistema de liberação de fármaco, é necessário compreender as forças responsáveis pela formação da ligação de adesão. 21 A formação de uma ligação mucoadesiva é explicado conforme as seguinte teorias: (i) Teoria da Adsorção, no qual o polímero bioadesivo adere a mucosa por ação de forças secundárias fracas como interações de Van-der-Waal, hidrofóbicas ou ligações de hidrogênio que apesar de individualmente o caráter ser fraco o conjunto das interações produz uma intensa força adesiva (FIGUEIRAS et al., 2007); (ii) Teoria Eletrônica, onde o material mucoadesivo e a mucosa possuem estruturas eletrônicas diferentes e quando em contato formam uma dupla camada de carga elétrica responsável pela força atrativa; (iii) Teoria da Difusão, a qual sugere que a formação de ligações mucoadesivas se deve à interpenetração e consequente enrolamento entre as cadeias poliméricas bioadesivas e as cadeias poliméricas do muco (AHUJA et al., 1997). Em 1980, o conceito de mucoadesão começou a ser utilizado em sistemas para liberação de fármacos, nos quais o fármaco é incorporado em moléculas adesivas que ficam em contato direto com o tecido de absorção, e liberado no local de ação, aumentando a biodisponibilidade a ação local e sistêmica (HAGESTROM, 2003; WOODLEY, 2001). Os sistemas mucoadesivos podem ser desenvolvidos em diferentes formas farmacêuticas, visto que a propriedade de adesão depende das características do material utilizado para sua preparação (EVANGELISTA, 2006). Sendo assim, é possível modular sistemas farmacêuticos já conhecidos utilizando moléculas mucoadesivas. Os mucoadesivos podem contribuir para solucionar muitos problemas relacionados com a administração de fármacos permitindo, sobretudo a localização do fármaco em uma região específica e, consequentemente, melhorar a biodisponibilidade, disponibilizar o fármaco no local terapêutico desejável, funcionar como alvo para os tecidos patológicos, estabelecer uma forte interação entre o polímero e o muco que reveste o tecido, aumentando o tempo de contato entre o material mucoadesivo e o substrato biológico, evitar o efeito de primeira passagem do fármaco a nível hepático evitando a inativação do fármaco diminuindo assim a toxicidade (ROBINSON et at., 1997). A potencialidade dos sistemas mucoadesivos esta em prolongar o tempo de contato da formulação no local de ação ou de absorção intensificando o contato com a barreira epitelial. (HAGERSTROM, 2003). 22 2.4. Polímeros Desde a antiguidade são conhecidas aplicações de polímeros naturais, contudo, a ciência e a indústria dos polímeros teve origem no início do século XIX, quando Hancock, na Inglaterra, descobriu o efeito da “mastigação” da borracha natural, tendo sido em 1843 patenteada a vulcanização da borracha por meio de enxofre. Em 1839, Goodyear, na América do Norte, apresentou, independentemente uma patente semelhante e, mais tarde, em 1851, viria a descobrir a ebonite, resina sintética de natureza plástica rica em enxofre, iniciando assim o desenvolvimento dos polímeros termorrígidos. A primeira experiência comercial bem sucedida na área dos polímeros deve-se a J.W. Hyatt que, em 1870, nos EUA, utilizando cânfora como plastificador de celulose, produziu a celulóide. Esta invenção surgiu na seqüência dos seus trabalhos para conseguir sintetizar um substituto para o marfim na fabricação de bolas de bilhar (GARFORTH ; 1994). Polímeros são constituídos pela repetição de unidades químicas, denominadas monômeros predominantemente por que formam ligações macromoléculas, covalentes que ligadas conferem ao entre si, material, características como a de isolamento elétrico (ANDRADE et al.,2002). Quanto à estrutura molecular, os polímeros são classificados em função das estruturas moleculares e dependem dos grupos funcionais presentes e das condições de polimerização implementadas (BOWER, 2002). Os polímeros têm como principais características a capacidade de substituírem metais, cerâmicas e materiais naturais em diversas aplicações domésticas, comerciais e industriais. Os polímeros são classificados em função da fusibilidade, estrutura molecular, aplicações, grupos funcionais constituintes, entre outras. A fusibilidade dos polímeros relaciona-se com as características termoplásticas ou termorrígidas do polímero (BOWER, 2002). A classificação em função da aplicação de polímeros envolve polímeros para commodities, usados na fabricação de produtos com reduzido valor agregado e com baixa resistência mecânica, resistência térmica, entre outros (HEMAIS et al.,2001). 23 Os polímeros são classificados também em função dos grupos funcionais presentes nas suas estruturas moleculares, destacando – se as poliolefinas, poliéteres, poliésteres, poliamidas, entre outros (ANTUNES, 2007). As reações químicas que conduzem os monômeros a polímeros designam-se por reações de polimerização. Em termos gerais, podem considerar dois mecanismos fundamentais de polimerização: polimerização com crescimento em cadeia (adição ou radicalar) e polimerização com crescimento por etapas (passoa-passo ou condensação) (FRANCHETTI et al., 2006). Os polímeros são materiais versáteis, visto que suas propriedades distintas permite que o mesmo substitua diferentes materiais, possibilitando adquirir novas peças com menor peso e maior complexidade, melhorando os custos e obtendo se produtos finais com melhor aparência (ALMEIDA, MAGALHAES, 2004). Polímeros são formas de apresentação farmacêuticas importantes empregadas em encapsulação de fármacos ou como veículos em formulações, nestes casos os polímeros possuem ação de proteção ao fármaco em sua passagem pelo corpo ou para o armazenamento do mesmo, prevenindo a contaminação por umidade, mantendo a estabilidade do fármaco até sua liberação ou realizando a liberação de forma controlada (UNDEALA et al., 1989). Eles são incorporados em formulações com atividades diferentes como promover a estabilidade física, química e microbiológica, melhorando a disponibilidade e a biodisponibilidade do fármaco no organismo como também melhorar a administração ao paciente (VILLANOVA, ORÉFACE, CUNHA, 2010). Em apresentações como cápsulas e comprimidos, os polímeros são adicionados visando mascarar o odor e sabores desagradáveis, evitar a degradação do fármaco das condições de luminosidade e umidade como também controlar a liberação do fármaco (AULTON, 2005; GENNARO, 2005). Os polímeros mais utilizados em formas farmacêuticas tradicionais são o amido, lactose, sorbitol, manitol geralmente utilizados como excipientes (VILLANOVA, SÁ, 2009) polivinilpirrolidona, copolímeros do acetato de vinila e vinil pirrolidona como aglutinantes e desintegrantes (ROWE, SHESKEY, OWEN, 2006). Nas formulações tradicionais estão formas de creme, loções e pomadas que possuem como base emulsificantes que são geralmente polímeros (AULTON, 2005; GENNARO, 2005) no qual o principal exemplo são os copolímeros elevada massa 24 molecular provenientes de ácido acrílico e do alquil metacrilato (ARBÓS et al., 2002; ROWE, SHESKEY, OWEN, 2006; VALENTA, AUNER, 2004). Os géis polimericos formados por gel são obtidos através da dispersão de polímeros derivados da quitosana, do poli(óxido de etileno) (PEO) e poli (ácido acrílico) (PAA) (AULTON, 2005, ROWE,, SHESKEY, OWEN, 2006). Os polímeros empregados em formas farmacêuticas líquidas (xaropes, soluções, suspensões e elixires) contribuem na solubilização e estabilidade da formulação no qual os mais utilizados são o POE, poli (álcool vinílico) (PVA), PVP e poli (etileno glicol) (PEG) (MALLICK, PATTINAIK, SWAIN, 2007). Em formulações de uso parenteral os polímeros utilizados são de baixa massa molecular, como o PEG, poli (propileno glicol) (PPG) e outros copolímeros de origem do POE (STRICKLEY, 2004, DATE, NAGARSENKER, 2008). Os polímeros podem ser empregados também no desenvolvimento de fármacos, modificando o tamanho da dosagem e o perfil de liberação, onde geralmente o tamanho da dosagem farmacêutica é controlado conforme a potência do fármaco, contudo, com o uso de polímeros como excipientes possibilita aumentar ou dividir a dosagem em mais de uma unidade adequando o tamanho físico desejado (VILLANOVA, CUNHA, 2010). . O local e o tempo de liberação do fármaco podem ser modificados pela utilização de polímeros, modificando o tempo de trânsito do fármaco no organismo ou até o local exato de sua liberação como também promover a proteção do fármaco contra as ações de temperatura e pH (VILLANOVA, CUNHA, 2010). Além disso, o aumento de novos sistemas inovadores utilizando polímeros é crescente, objetivando a liberação de fármacos incorporados a polímeros de diferentes naturezas como os sistemas de liberação baseados em polímeros adesivos, implantes, formas farmacêuticas sólidas matriciais, ou reservatórios (VILLANOVA, ORÉFICE, CUNHA, 2010). Nanopartículas poliméricas são exemplos de sistemas promissores, principalmente na inovação para substâncias administradas através da via parenteral, constituindo uma classe de fármacos de desempenho terapêutico avançado, sendo os polímeros mais empregados no desenvolvimento de nanocarreadores os derivados da albumina, colágeno, ácido hialurônico, gelatina, quitosana, alginato, PVA, PAA, PEVA, PEG, poli (acrilamida), PLA, PGA, PLGA, PCL (SVENSSON, 2009; TAMILVANAN, 2008). 25 Modificando as propriedades dos polímeros, sistemas matriciais podem ser desenvolvidos para liberação modificada de fármacos. Materiais poliméricos de grau farmacêutico de baixa toxicidade podem ser utilizados como membranas ou matrizes, onde o ativo pode ser dissolvido ou disperso. Os polímeros são bons veículos, pois dificilmente são incompatíveis a um fármaco (OLIVEIRA; LIMA, 2006). Sendo assim, quando falamos de medicamentos inovadores, os polímeros são componentes essenciais para o avanço de novas formulações, exercendo ação direta para explorar os diferentes controles de liberações e disponibilidade, podendo essas taxas serem modificadas com a finalidade de se obter concentrações terapêuticas mais eficazes, menores administrações periódicas, diminuição dos efeitos colaterais, lesão a órgãos e menor toxicidade (LARSON, GHANDEHARI, 2012). 2.4.1. Híbridos Orgânico-Inorgânicos: Polióxido Etileno (POE) e Polióxido Propileno (POP) O desenvolvimento desses materiais teve impulso na década de 80, com as preparações de géis inorgânicos, impregnados com polímeros orgânicos (JOSÉ, PRADO, 2005). Os híbridos orgânico-inorgânicos combinam simultaneamente características físico-químicas particulares de seus constituintes, o que permite adquirir novas propriedades por apresentarem tamanhos reduzidos dos domínios que os compõem (ARIGA et al., 2007; BURKETT et al., COLILLA, SALINA, VALLET-REGI, 2006; OGOSHI, CHUJO, 2005). Os processos industriais dependem cada vez mais de desenvolvimentos ou descobertas tecnológicas que integrem materiais com propriedades diferentes, nesta classe se destacam os polímeros sintéticos nanoestruturados. Neles estão inclusos os materiais híbridos orgânico-inorgânicos que compõem uma nova opção na pesquisa de materiais multifuncionais. Esses híbridos são formados pela junção de compostos orgânicos e inorgânicos que combinados agregam propriedades complementares (ZOPPI, NUNES, 1997; JOSE, PRADO, 2005). As matrizes hibridas são sintetizadas pelo processo sol-gel (JOSE, PRADO, 2005; PHILIP, SCHMIDT, 1984; CHING-LUNG, CHEN-CHI, 2002) no qual em certo momento da síntese o material passa da fase sol para um sistema gel. 26 A denominação sol é usada para elucidar uma dispersão de partículas coloidais (dimensão entre 1 e 100nm) estáveis em um fluido, enquanto a denominação gel pode ser definida como um sistema constituído pela estrutura rígida de partículas coloidais (gel coloidal) ou de cadeias poliméricas (gel polimérico) que imobiliza a fase líquida nos seus interstícios (BRINKER, 1990). Esta síntese constitui a aquisição de um material a partir de um precursor molecular, sendo vantajosa por permitir o controle de todas etapas de reações o que possibilita a obtenção de materiais com características e propriedades já conhecidas, o que aumenta os sítios de coordenação pela presença de carbonilas e silanóis liberados nas reações de hidrólise. Esse processo é utilizado na obtenção de híbridos orgânico-inorgânicos por permitir que a síntese ocorra em temperaturas e pressões próximas as ambientais (SCHUBERT et al., 1995). Os materiais híbridos ureasil-poliéter são um opção para obtenção de novos materiais multifuncionais (FARREL et al.; 2002) através do processo sol-gel (DAHMOUCHE et al.; 1999) sendo possível a obtenção de géis, partículas esféricas, pós, fibras, microesferas e filmes finos à temperatura ambiente como também ser possível incorporar diferentes fármacos, nos modelos citados, através das reações de hidrólise e condensação (GUIZARD et al., 1999; SANCHES et al., 1999; POMAGAILO et al ., 2000). A incorporação de cargas inorgânicas em polímeros possibilita a obtenção de materiais com maior resistência mecânica, estabilidade térmica ou com propriedades ópticas, magnéticas e elétricas superiores (ESTEVES, BARROSTIMMONS, TRINDADE, 2004). A porção orgânica oferece flexibilidade, melhor resistência a impactos, propriedades elétricas e reatividade bioquímica, já a porção inorgânica possibilita uma alta força mecânica, resistência química, estabilidade térmica e controlar o índice de refração (GALAEV,MATTIASON, 1999; LOFTSSON, ÓLAFSSON, 1998). Os materiais híbridos podem ser classificados conforme as ligações químicas que possuem em suas fases orgânicas e inorgânicas. Os híbridos da classe I possuem ligações fracas entre as duas fases (ligações de Van der Walls, pontes de hidrogênio ou ligações eletrostáticas), os híbridos de classe II possuem ligações fortes entre ambas as fases (ligações covalentes ou ligações iônicas). Contudo, essa classificação é falha, podendo haver materiais com características comuns às duas categorias (SCHOTTNER, 2001). 27 Nos materiais híbridos de classe I, o processo é constituído pela adição de precursores moleculares orgânicos não polimerizáveis, sendo esses solúveis em meios que se obtém sílica pura, não participando diretamente das reações de gelificação (BEVENUTTI, MORO, COSTA, 2009). Nos materiais híbridos de classe II são empregados materiais organossilanos polimerizáveis como precursores dos componente orgânico, que apresentam grupo orgânico ligado diretamente ao silício, em ligação do tipo Si–C não hidrolisáveis. Esses híbridos possuem maior estabilidade térmica do componente orgânico quando comparado aos híbridos de classe I (FRANKEN et al., 2002; NASSAR et al., 2007). Os híbridos que possuem a sílica como componente são os mais importantes, estudados e aplicados no desenvolvimento de novas tecnologias. Esses híbridos possibilitam o ajuste dos processos químicos ocorridos durante as reações de gelificação. Essa característica é dada pela velocidade lenta apresentada pelos precursores alcóxidos de silício durante as reações de gelificação (BEVENUTTI, MORO, COSTA, 2009). As reações do processo sol-gel ocorrem através de precursores inorgânicos do modelo ROM (OR)3 onde “M” corresponde ao Sílício (Si) ou ao Titânio (Ti) e “R” é a cadeia orgânica. Quando essas moléculas são expostas as reações de hidrólise através da adição de água, em meio ácido ou básico, os grupamentos “OR” são substituídos por grupamentos “OH” dando origem aos grupos silanol (SiOH). Os grupos silanol reagem entre si ou com os grupos “OR” originando ligações de siloxano as quais formam uma rede tridimensional de sílica, esse processo é denominado de condensação. Na medida que a condensação se intensifica o solvente é retido no interior das estruturas da rede obtendo-se um gel sucessivamente mais espesso (ESTEVES et al., 2004). A porção orgânica do híbrido confere o equilíbrio do balanço hidrofóbico/hidrofílico, já a porção inorgânica confere o equilíbrio térmico e mecânico do composto, o que permite modular o índice de refração (ZOPPI, NUNES, 1997;CHING-LUNG, CHEN-CHI, 2002). Sendo de fácil preparação e na presença de grande escala de componentes disponíveis, é possível modificar as propriedades mecânicas, controlar a porosidade e ajustar o equilíbrio hidrofílico/hidrofóbico, dando características diferentes ao hibrido final. Por apresentar tal flexibilidade junto as propriedades 28 ópticas, estabilidade química, térmica e mecânica, esses materiais são escolhidos a serem aplicados em diversas áreas (JOSÉ, PRADO, 2005). Polímeros à base de poli óxido de etileno (POE) exibem boa compatibilidade biológica, apresentando natureza hidrofílica o que inibe a absorção de proteínas e a adesão celular, permitindo sua total excreção. Contudo, a alta solubilidade possibilita uma erosão em massa não sendo possível prever mecanismo de dissolução e erosão em mecanismos para liberação controlada de fármacos (HARAGUCHI,TAKEHISA, 2002). Os precursores a base de poli óxido etileno (POE) possuem baixo peso molecular, sendo obtidos como elastômeros transparentes, amorfos e termicamente estáveis até cerca de 200° C (PEPPAS et al., 2006). Já os polímeros a base de poli óxido propileno (POP) possuem natureza hidrofóbica com maior rigidez na compactação de suas cadeias o que prolonga o tempo de intumescimento porém apresentando boa compatibilidade com o substrato biológico (PEPPAS et al., 2006). 2.5. Nistatina A nistatina foi o primeiro antibiótico poliênico antifúngico, descoberto em 1950 por Hazen e Brown, pesquisadoras dos Laboratórios de Pesquisas do Departamento de Saúde do Estado de Nova York, EUA (TAVARES,2001). O fármaco é produzido pelo crescimento de cepas de Streptomyces noursei (GROLL et al, 1999). A nistatina é utilizada como fármaco a mais de 50 anos, contudo seu uso recente esta ligado ao aumento de casos de candidíase em pacientes com neoplasias, AIDS e outras doenças sistêmicas (CASSIGLIA & WOO, 2000, SHIP et al., 2007). É utilizada no tratamento de infecções vaginais e orais causado por Candida spp (BARATIERI et al., 2006). A nistatina pertence ao grupo de polienos, classe de substâncias formadas por átomos de carbono com dupla-ligação, e mais especificamente dos tetraenos, polienos com quatros duplas ligações em sequencia não saturadas (TAVARES, 2001; KATZUNG, 2006). Com a presença de grupos carboxílicos e amino, que se encontram carregados de pH fisiológico, a nistatina é considerada uma molécula anfotérica, com ilustrado na figura 1 (CROY & KNOW, 2004). 29 Figura 1. Estrutura química da nistatina (Groll et al., 1999). Esse polieno é um pó higroscópico, de coloração amarela a marrom claro e com odor semelhante a cereais (GROESCHKE et al., 2006). O pH da solução aquosa a 3% p/v encontra-se entre 6 e 8 e sua absorção no ultravioleta é na faixa de 220 a 350 nm apresentando meia vida de 2-3 horas (MARTINDALE, 1999; USP 30, 2007). As soluções e suspensões aquosas de nistatina são sensíveis ao calor, luz e oxigênio, iniciando a perda de atividade logo após a preparação (INDEX MERK, 2006) sendo assim o fármaco deve ser acondicionado em recipiente hermeticamente fechado, protegido da luz com temperatura de 2 a 8°C (MARTINDALE, 1999; GROESCHKE et al., 2006, USP 30, 2007), após a abertura o recipiente contendo a nistatina deve ser armazenado a no máximo 25°C e consumido em até 7 dias (GROESCHKE et al., 2006). Estruturalmente a nistatina se assemelha a anfotericina B, que também é um antifúngico polieno, possuindo ambas o mesmo mecanismo de ação. A nistatina é eficiente na maioria das doenças causadas pela espécie Candida spp., entretanto na prática médica é empregada somente na profilaxia e tratamento de candidíases superficiais de pele e mucosas (PATTON et al., 2001, TAVARES, 2001, KATZUNG, 2006, SHIP et al., 2007). A ação antifúngica da nistatina ocorre através da sua interação com ergosterol, esterol presente na membrana plasmática das células fungicas, provocando uma desorganização funcional, devido a formação de canais transmembranares (TAVARES, 2001, SILVA et al., 2006). Através desses canais o 30 parasita perde água e íons essenciais a sobrevivência da célula, como potássio, amônio, magnésio, fosfato, como também a perda de açúcar ésteres de fosfato e nucleotídeos. Essa desordem celular leva a perda da permeabilidade seletiva das células fungicas, causando danos a celula que posteriormente culminam na morte celular (DOROCKA-BOBKOWSKA et al., 2003, CROY & KNOW, 2004, GROESCHKE et al., 2006, SILVA et l., 2006). Alguns autores definem em 3 passos o mecanismo de ação da nistatina: (i) a ligação de um monômero de um antibiótico a uma membrana plasmática; (ii) a formação de um oligomonômero e (iii) a inserção desta bicamada lipídica, gerando um poro por onde ocorre o fluxo passivo de moléculas através da membrana, ilustrado na figura 2. No entanto, ainda é controverso se o mecanismo de reação da nistatina leva realmente a formação de poros na membrana plasmática (SILVA, et al., 2006). 31 Figura 2. Mecanismos de ação da nistatina, com detalhe para os poros formados na membrana plasmática e o fluxo de saída da célula de íons e moléculas importantes para a sobrevivência celular (SIDRIN E MOREIRA, 1999). A nistatina também se liga, mais fracamente, ao colesterol, outro tipo de esterol, presente na membrana plasmática das células de mamíferos. Essa ligação pode provocar efeitos adversos tóxicos nessas células (SILVA et al., 2003, CROY & KNOW, 2004). Por esse motivo, a nistatina é muito tóxica não podendo ser administrada por via intramuscular e intravenosa, podendo causar hemólise, necrose e abscessos frios no local de aplicação, em razão da sua ligação com as membranas plasmáticas das hemácias causando sua destruição (GILMA et al., 2006, KATZUNG, 2006). A nistatina é pouco absorvida pela pele, mucosa ou trato gastrointestinal, após administração oral, a maior parte é encontrada inalterada nas fezes. Devido sua alta toxicidade não é empregada via parenteral (SHIP et al., 2006). Sua absorção no ultravioleta é de 220nm a 350nm com meia vida de 2 – 3 horas (USP 30, 2007). Conforme suas características farmacológicas, a nistatina é empregada para uso tópico, mesmo quando administrada via oral desejando um efeito na 32 mucosa oral e digestiva (KATZUNG, 2006, SHIP et al., 2006). Os efeitos adversos da nistatina, quando utilizado na forma tópica, não são comuns, podendo ocorrer episódios de náuseas, vômitos e diarréias, as reações alérgicas também são raras (GILMAN et al., 2003). Na maioria das vezes as náuseas são causadas pelo sabor desagradável do fármaco, o que pode limitar a eficácia do tratamento, diminuindo a adesão do paciente ao tratamento (GILMAN et al., 2003). 2.6. Triancinolona A triancinolona é um potente glicocorticoide sintético de depósito com propriedades antiinflamatórias e imunossupressoras (BOSCH et al, 2004). A triancinolona e seus derivados, como, acetonida, acetato de hexacetonida, diacetato e benetonida de triancinolona são corticoides pertencentes a família dos glicocorticoides, derivados naturalmente da prednisona e prednisolona (DAMIANI et al., 2001). Os corticoides são substâncias endógenas, quimicamente classificadas como esteroides, inicialmente identificados nos córtex da glândula adrenal (RANG, DALLE, RITTER, 2003). Produzidos pelas glândulas supra-renais ou de derivados sintéticos destas. Os corticoides possuem ações importantes no corpo humano, apresentando função importante no balanço electrolítico, equilíbrio de íons e água, como também na regulação do metabolismo. Em casos nos quais a produção desses corticoides é alterada ou a administrações de fármacos é exacerbada, o paciente pode apresentar patologias como doença de Addison, em casos de diminuição na produção, ou síndrome de Cushing em casos onde as taxas do corticoides estão elevadas (HARPER, 1997). Glicocorticóides controlam o metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas e são antiinflamatórios por inibirem a liberação de fosfolipídios, diminuindo a ação de eosinófilos e diversos outros mecanismos (HARPER, 1997) como também, apresentam propriedades terapêuticas em diminuir consideravelmente a resposta inflamatória e de comprimir o sistema imunológico, diminuindo e inibindo os linfócitos e macrófagos periféricos (BOSCH et al., 2004). A triancinolona é um antiinflamatório imunossupressor com grande utilidade para tratamentos de artrite, osteoartrites, dermatites de contato e atópicas, 33 inflamações orais, lesões e úlceras, bursites, quelóides, doenças relacionadas aos rins, olhos, anemias hemolítica, desordens intestinais, asma e alergias (BOSCH et al., 2004). Os principais efeitos colaterais apresentados pela triancinolona são anorexia, perda de peso, vermelhidão, depressão e perda muscular como também causar efeitos sistêmicos quando aplicados topicamente (BUDAVARI, 1996, DAMIANI et al., 2001). Sua absorção no ultravioleta é de 239 nm (BUDAVARI, 1996), apresenta meia-vida de 2 – 5 horas, quando comparado a outros corticoides apresenta um tempo de meia-vida alto, ligando se menos a proteína plasmática que a Hidrocortisona (DAMIANI et al., 2001, SWEETMAN, 2005). Seu metabolismo ocorre nas células hepáticas e em outras células, com excreção pela urina (MORENO; MATOS; FEVEREIRO, 2001). A triancinolona se apresenta na forma de pó branco ou quase branco, sem odor, levemente cristalino e higroscópico. Aproximadamente 1g dissolve em 5000ml de água, 70ml de proprilenoglicol e menos de 20ml de dimetilsulfóxido, também solúvel em álcool e metanol, levemente solúvel e éter e clorofórmio e praticamente insolúvel em diclorometano (BUDAVARI, 1996). A solução a 1% em água possui pH de 4,5 a 6 (DAMIANI et al., 2001) e sua estrutura esta representada conforme figura 3. Figura 3. Representação esquemática da estrutura química da Triancinolona (DAMIANI et al., 2001). 34 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral Existem poucos estudos na literatura sobre a formação de filmes para utilização na mucosa oral com capacidade de incorporação e liberação controlada de fármacos. Sendo assim o objetivo desta pesquisa é desenvolver sistemas mucoadesivos na forma de filmes finos, baseados em materiais híbridos orgânicoinorgânicos do tipo ureasil-poliéter com alta resistência mecânica e ao mesmo tempo flexível o suficiente para que a movimentação natural da mucosa não provoque o rompimento da estrutura, que incorpore e libere de forma controlada os fármacos modelos nistatina e triancinolona à 3 e 6% m/m. 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Materiais Matérias-primas Síntese dos precursores híbridos; O,O’-Bis(2-aminopropyl) polypropyleneglycol-block-polyethyleneglycolblock-polypropyleneglycol 500 (POE 500), Sigma-Aldrich. Poly(propylene glycol) bis (2-aminopropyl ether) 400 (POP 400), Sigma Aldrich. Álcool etílico absoluto PA, Qhemis. 3-(Trithoxysilyl)PropylIsocyanate, 95%, Sigma-Aldrich. Triancinolona 100%, USP, DastechInternational, Inc. Nistatina 100%, UPS Solução de HCl 2.0 M. Tampão Fosfato pH 7.2 com 0.5% de procetyl. Disco de Mucina. Fita dupla face 3M. Cepas de Candida albicans/ Meio de cultura: Agar Sabouraund e Agar n° 1 35 Equipamentos TexturômetroTA.TXPlus Texture Analyser, Stable Micro Systems. Agitador magnético IKA. DissolutorAgilent 708-DS. Espectrofotômetro ultravioleta Agilent CARY 60. Rotaevaporador IKA RV 10 digital. Balança analítica Mettler H51. Balança semi-analítica Denver Instrument. Cubetas de quartzo para espectrofotometria, capacidade 5mL. Pipetas graduadas 0,1 a 1 mL; 1 a 10mL e 100 a 1000 µL. Estufa de secagem modelo 515 com controlador termostático, Fanem. PHmetro digital PG1800 Gehaka. Estufa de secagem modelo 515 com controlador termostático, Fanem. Placas de Petri. Templates de aço inoxidável. Estufa para câmara bacteriológica. Autoclave Estufa para esterilização Capela de fluxo laminar 4.2. Métodos 4.2.1. Preparação dos precursores e filmes mucoadesivos ureasil-POP 400 e ureasil- POE 500 Dentre os híbridos ureasil-poliéter foram escolhidos polímeros de massa molecular média similares, mas com diferenças no caráter hidrofílico/hidrofóbico, o ureasil-POP 400 (mais hidrofóbico) e o ureasil-POE500 (mais hidrofílico). Para que os filmes e membranas híbridas ureasil-poliéter sejam formados, primeiramente realizamos, a síntese dos precursores a base de polióxido propileno (NH 2-POP-NH2) de massa molar 400 gmol-1 e polióxido etileno (NH2-POE-NH2) de massa molar 500 36 gmol-1. A síntese foi realizada através do polieter funcionalizado de POP 400 ou POE 500, dissolvidos em álcool absoluto. A essa dissolução é acrescido o 3isocianatopropiltrietoxilano (Iso TrEOS), um alcóxido modificado, na razão molar polímero/alcóxido de 1:2. Esta síntese utiliza como solvente o tetrahidrofurano, contudo esse material pode ser absorvido através da mucosa oral e seu vapor causar irritação (ELOVAARA, PFAFFLI, SAVOLAINEN, 1984; CHAABRA et al., 1998), devido a este fato utilizamos como solvente o etanol, por ser menos agressivo a saúde e ambientalmente mais ecológico. A solução foi acondicionada a um sistema de refluxo a temperatura de 70°C permanecendo em reação por 24 horas, conforme mostra a figura 4. Figura 4. Sistema Refluxo utilizado nas preparações dos precursores híbridos: POP 400 e POE 500. Assim obteve se o precursor híbrido de estrutura química EtO)3Si(CH2)3NHC(=O)NHCHCH3CH2(polyether)CH2CH3CHNH(O=)NHC(CH2)3Si(O Et)3 (SANTILI et al.,2009) conforme esquematizado na figura 5. 37 Figura 5. Esquema para obtenção do precursor híbrido ureasil-POE. Finalizada o período de refluxo, o sistema foi acondicionado ao equipamento rota-evaparador, para que o solvente etanol fosse eliminado, sob as condições de alta temperatura e pressão reduzida, obtendo-se o precursor híbrido. A figura 6 apresenta o sistema de rotoevaporação. Figura 6. Sistema de Rotoevaporação para eliminação do etanol. Para preparação dos filmes mucoadesivos foi utilizado o processo sol-gel que consiste em reações de hidrólise e condensação dos precursores com as 38 seguintes etapas: (a) polimerização dos grupos organosilanos (b) reação de hidrólise (c) reações de condensação (BRINKER, SCHERER, 1990). Esse processo permitiu controlar as reações de hidrólise e condensação, obtendo se assim materiais com características e formatos pré-definidos como também proteger os materiais poliméricos de degradações causadas por efeitos ambientais como altas temperaturas e oxidação (WHITE, TURNBULL, 1994). Para formação dos filmes utilizou-se 0,375g de precursor, 250µL de álcool e 25 µL de água respectivamente, para a reação de hidrolise e condensação. Esse sistema foi acondicionado em agitador magnético. Estando homogeneizada a mistura foram adicionados 20 µL de HCl como agente catalisador. Imediatamente após a adição a solução hibrida foi espalhada sobre uma placa acrílica recoberta com teflon com um extensor de filmes, com cavidade de 10 mils. 4.2.2. Incorporação dos fármacos nistatina e triancinolona nas membranas ureasil-polieter A esses filmes foram incorporados os fármacos modelo nistatina e triancinolona, com a adição de etanol e água e homogeneizados em agitador magnético. Em seguida a solução foi vertida em um excipiente contendo o precursor híbrido, mantida em agitação e colocada à secagem. A incorporação dos fármacos Nistatina e Triancinolona nas membranas ureasil-POP400 e ureasil-POE500 foram realizadas na etapa de hidrolise e condensação, na qual foram adicionadas diferentes proporções do fármaco, para a mesma massa de precursor hibrido de 0,375g. Foram incorporadas as proporções de 0,5% 1% 2% 3%,4% 5%, 6% , 7%, 8% , 9% e 10% . Os testes iniciais teve como finalidade a verificação visual de formação, textura e saturação da membrana, quando incorporada com diferentes porcentagens do fármaco e liberadas em sistemas tampão. A formação dos filmes foi considerada adequada para todas as porcentagens de fármacos incorporadas, visualmente não foi observado má formação como trincas dos filmes, contudo após 7% de fármaco incorporado nos filmes foi observado precipitado do fármaco na superfície da membrana. A formação da membrana iniciou-se imediatamente a adição do catalisador HCl, passando do estado sol para o estado gel e permanecendo em secagem, a temperatura 39 ambiente, por 24hrs, após sua formação todas apresentaram boa formação, contudo as membranas incorporadas com a porcentagem acima de 7% foi observada precipitação dos fármacos modelos em suas superfícies demonstrando a saturação das matrizes modelo e mudança na textura dos filmes que apresentaram rugosidade. A concentração máxima incorporada que se manteve, homogeneamente dispersa e solubilizada no interior da matriz foi de 6% dos fármacos nistatina e triancinolona. Sendo assim, mantendo se os níveis de saturação e proporcionalidade, escolheu-se trabalhar com membranas contendo 3 e 6% dos fármacos incorporados. 4.2.3. Medidas de Espalhamento de Raios-X a Baixo Ângulo (SAXS) A evolução nanoestrutural dos híbridos ureasil-POP400 e ureasil-POE500 puros e com a adição dos fármacos nistatina e triancinolona a 3 e 6%, sintetizados em etanol foram avaliadas com a passagem do meio (Saliva Artificial) a 37°C nas amostras, utilizando a técnica de espalhamento de Raios-X a baixo ângulo (SAXS). Os dados foram coletados na linha de SAXS do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron (LNLS), Campinas, SP. A linha de SAXS é equipada com um conjunto de fendas assimétricas e um monocromador de silício, permitindo a obtenção de um feixe monocromático de λ= 1,608 A e seção transversal de aproximadamente 1,6 mm2. Um detector de Raios X sensível à posição e um analisador multicanal foram usados para monitorar a intensidade do feixe espalhado, I(q), em função do módulo do vetor de espalhamento. A intensidade espalhada foi normalizada pela espessura e pela atenuação da amostra. As medidas foram realizadas sob temperatura e pressão ambiente. Após a análise das amostras secas foram realizadas adaptações na Linha do SAXS para avaliar o efeito do intumescimento da nanoestrutura dos materiais. Para isso, as medidas in situ foram realizadas em um porta amostra fechado com duas janelas de mica e uma bomba peristáltica que foi utilizada para controlar o fluxo do meio (Saliva artificial) mantido a 37°C, assim foi possível determinar a expansão entre os domínios inorgânicos que foi imposta pela entrada de saliva artificial na nanoestrutura das cadeias poliméricas, 40 utilizando a equação: d = 2π /qmáx, onde d é a distância de correlação entre os “nós” de siloxano e qmáx é o valor máximo da posição do pico. 4.2.4. Curva Analítica Linearidade de uma metodologia analítica é quando os resultados obtidos podem ser proporcionais á concentração do analito na amostra, em um intervalo especifico. Através da curva analítica foi demonstrada a linearidade do método (BRASIL, 2003; ICH, 1996; USP, 2002). A partir de uma solução tampão contendo os fármacos nistatina e triancinolona as soluções estoque foram feitas, com a concentração de 0,3 mg/mL. A partir dessa solução foram preparadas diluições com concentrações que variavam de 0,025mg/mL; 0,075mg/mL; 0,125mg/mL; 0,15mg/mL; 0,2mg/mL em triplicata. A leitura das amostras foi realizada no espectrofotômetro ultravioleta AGILENT CARY 60 em um comprimento de onda de 240nm para triancinolona e 225nm para nistatina, a partir do valor da absorbância das diluições de triancinolona e nistatina as curvas analíticas foram geradas. 4.2.5. Teste de Liberação dos Fármacos Nistatina e Triancinolona nos Filmes ureasil-POP400 e ureasil-POE500 Inicialmente o teste foi realizado em saliva, contudo, a presença de proteínas interferiram nas leituras realizadas sendo escolhido como meio de dissolução o tampão fosfato pH 7,2. Os filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POP 500 contendo 3% e 6% dos fármacos nistatina e triancinolona, em relação a massa de 0,375g dos materiais, foram submetidos a testes “in vitro” de dissolução em solução tampão fosfato pH 7,2. Contudo para garantir a condição sink, isto é, que a concentração inicial do fármaco liberada não exceda 10% da sua concentração de saturação no meio receptor (RICCI et al., 2005), foram adicionados 0,5% de procetyl. O teste foi realizado no equipamento de dissolução AGILENT 108-DS. O teste foi realizado nas seguintes condições, 150 mL de tampão fosfato pH 7.2 com 0,5% de procetyl em temperatura de 37°, sob agitação constante de 50 rpm, ligados a sonda do Espectrofotômetro ultraviolenta Agilent CARY 60 com leituras realizadas a cada 10 minutos de liberação. Os espectros foram analisados no espectrofômetro 41 ultravioleta AGILENT CARY 60 em um comprimento de onda de 240nm para triancinolona e 225nm para nistatina. O teste foi realizado em triplicata. As membranas incorporadas com o fármaco nistatina ficaram em liberação por 14 horas. Já as membranas incorporadas com o fármaco triancinolona permaneceram por 12 horas sendo verificado que a liberação permaneceu constante após esse período. 4.2.6. Teste de Adesão O teste de adesão possibilitou verificar a força de destacamento entre o material formador de filme e o disco de mucina. O teste foi realizado no texturômetro modelo TA. XT Plus Texture Analyser Systems, equipado com Anel para o teste de mucoadesão e probe cilíndrica de 10 mm de diâmetro. O teste de adesão foi realizado com discos de mucina, que é o principal constituinte da saliva. Os discos de mucina foram aderidos sobre a prova cilíndrica do texturômetro com fita dupla face para mantê-los estáticos. Os testes foram realizados em filmes puros e incorporados com os fármacos nistatina e triancinolona em potes plásticos cilíndricos. Os potes foram fixados com fita dupla face sobre a mesa do equipamento. Após a adição foi acionado a descida da prova cilíndrica a uma velocidade de 1 mm/seg e a prova permaneceu em contato com a solução sob uma força de 0,05N por 300 segundos, tempo esse que foi considerado como ideal, uma vez que um tempo inferior a 120 segundos dificulta a formação do sistema sol- gel e um tempo acima de 300 segundos acaba ocasionando incomodo na espera da formação do gel (SCHROEDER et al., 2007). Após esse tempo a probe foi removida com velocidade de 1mm/seg e dessa forma mediu-se a resistência à remoção da prova aderida com a mucina ao material polimérico formado . 42 Figura 7. Esquema para o teste de avaliação de mucoadesão. (a) Analisador de textura; (b) Prova analítica com o disco de mucina; (c) localização do filme durante o ensaio. 4.2.7. Difusão em Agar A cepa fúngica utilizada foi a Candida albicans e sua manutenção foi feita em meio ágar Sabouraud (Himedia) em tubos de ensaio, previamente preparados e autoclavados. Para os ensaios foram preparadas placas de Petri com meio base do ágar Sabouraud, para nivelamento das placas. Como meio superfície, foi utilizado meio ágar Sabouraud (Himedia) acrescido de caldo Sabouraud (Acumedia) inoculado com o micro-organismo. O caldo Sabouraud utilizado para o preparo do inoculo foi feito de acordo com as recomendações do fabricante, presentes no rótulo do produto. Após pesado e preparado, o Caldo Sabouraud foi autoclavado e mantido sob refrigeração a 8°C até seu uso. Em 15 mL desta solução foram suspensas duas alçadas de cepa de Candida albicans, cultivadas por 24 horas a temperatura de 25 ºC em estufa. Após o tempo de incubação, a suspensão do micro-organismo foi padronizada em espectrofotômetro a 580 nm e 25 ± 2% de transmitância, de acordo com a Farmacopeia Brasileira (2010). O meio de superfície foi preparado com 5ml do inoculo padronizado e transferido a para placa que continha 20 ml do meio de cultura Ágar Sabouraud solidificado, esse método permite melhor distribuição do fungo quando comparado com a técnica utilizando o swab. Em seguida foi adicionado o template contendo 6 orifícios com 6mm de diâmento interno, previamente esterilizado. Com a finalidade de avaliar as concentrações liberadas de Nistatina nos tempos de 10, 30, 60, 180, 300 e 480 minutos, das matrizes ureasil-POP 400 e 43 ureasil-POE 500 incorporadas com 3% e 6% do fármaco, em serem capazes de inibir o crescimento fúngico, 100 µl de cada concentração foi adicionada nos poços do template. Como controle positivo foi preparada uma placa contendo apenas fungos, e outra com 100 µl do meio de liberação utilizado, composto por tampão fosfato com 0,5% de Procetyl, no intuito de verificar se o meio não inibia o crescimento fúngico. Após o preparo as placas foram armazenadas em estufa a temperatura de 25°C. A leitura foi realizada após 48 horas. 44 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Obtenção dos precursores e filmes mucoadesivos ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 Os sistemas terapêuticos mucoadesivos ideais devem ser inseridos de forma não invasiva na mucosa e formar após o contato um filme adesivo, com capacidade de liberar o fármaco, de forma controlada e prolongada, mantendo os níveis de fármacos dentro da faixa terapêutica. As características como flexibilidade, resistência mecânica do sistema não devem ser modificadas pelo tecido local, uma vez que essas estão diretamente relacionadas com as propriedades adesivas. Os filmes mucoadesivos estudados neste trabalho foram sintetizados através do processo sol-gel. Esse método permite a partir das reações de hidrólise e condensação que um precursor no estado sol resulte em um gel de estrutura rígida que imobiliza a parte líquida em seus interstícios. Esse processo é ideal para inserir o material de forma não invasiva na mucosa, uma vez que o material é aplicado na mucosa ainda no estado sol e se transforma em gel no local de aplicação aderindo à mucosa durante esse processo. A figura 8 representa a matriz polimérica aderida a mucosa oral do porco. A figura 9 representa algumas etapas envolvidas no processo sol gel. Figura 8. Matriz polimérica aderida a mucosa oral suína. 45 Figura 9. Reações de hidrólise e condensação a partir de um precursor híbrido ureasilpoliéter durante o processo sol-gel. Observa-se que os filmes apresentam características macroscópicas bem definidas, como transparência, flexibilidade e resistência mecânica, não possuem trincas ou rachaduras, assim, esse material após as reações de hidrólise e condensação adquiriu uniformidade estrutural. Essa uniformidade estrutural leva à formação de um filme homogêneo que pode ser espalhado de forma uniforme por toda a mucosa. Além disso, foi possível verificar que os filmes com precursor POE apresentaram uma flexibilidade maior em relação aos filmes formados pelo precursor POP que apresentam maior rigidez. Conforme observado na figura 8 o filme formado a partir dos híbridos siloxano-poliéter pode ser obtido em diferentes formas e espessuras, o molde utilizado é que determinará o formato dos filmes. Para facilitar o manuseio dos filmes na incorporação dos fármacos e nas análises de SAXS e liberação do fármaco o formato escolhido foi o cilíndrico. 5.2. Incorporação dos Fármacos Nistatina e Triancinolona A incorporação do fármaco nos filmes foi realizada simultaneamente com a promoção das reações de hidrólise e condensação pela adição de uma mistura de etanol/água/fármaco (ver item 4.2.1). 46 Os polímeros híbridos siloxano-poliéter apresentam tanto grupamentos hidrofílicos quanto hidrofóbicos na molécula do precursor tendo a capacidade de agir como solvente dispersando os sais dos fármacos. Sendo assim, foram incorporadas diferentes porcentagens de fármaco em relação à massa do precursor, para determinar qual a concentração máxima que permitisse a manutenção do aspecto homogêneo dos filmes. Nas figuras 9 e 10 podemos observar os filmes preparados com as porcentagens de 1, 3, 6 e 7% de incorporação dos fármacos nistatina e triancinolona respectivamente, para o híbrido ureasil–POP 400. Figura 10. Filmes ureasil–POP 400 incorporada com nistatina 47 Figura 11. Filmes ureasil–POP 400 incorporado com triancinolona Observa pelas figuras 10 e 11 que a após 3% de fármaco incorporado os materiais ureasil-POP 400 começam a perder sua transparência visto que o fármaco triancinolona possui cor branca opaca. Essa perda não é acompanhada por uma perda visível da flexibilidade, contudo, a partir de 6% de fármaco incorporado ocorre uma nítida opacidade e perda de flexibilidade dos filmes revelando que acima dessa concentração a matriz não é mais capaz de incorporar todo o fármaco a ela adicionado. Por esse motivo, optamos por trabalhar com filmes contendo 3 e 6% de fármaco. Nas figuras 12 e 13 podemos observar as porcentagens de 1, 3, 6 e 7% de incorporação dos fármacos nistatina e triancinolona respectivamente, no híbrido ureasil–POE 500. 48 Figura 12. Filmes ureasil–POE 500 incorporado com nistatina Figura 13. Filmes ureasil–POE 500 incorporados com triancinolona O mesmo comportamento observado para os híbridos ureasil-POP400 pode ser visto para o ureasil-POE 500, ou seja, após 6% de fármaco incorporado os materiais ureasil-POE 500 começam a perder sua transparência, flexibilidade e capacidade de incorporação do fármaco. 49 5.3. Espalhamento de Raios-X a Baixo Ângulo (SAXS) As analises realizadas pela técnica de espalhamento de raios-x a baixo ângulo permitem obter informações sobre a homogeneidade da nanoestrutura e o comportamento dos grupamentos ureasil-polieter no processo de liberação do fármaco. O estudo da nanoestrutura foi realizado a partir de medidas “in situ” de SAXS, dos filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 puras e incorporada com o fármaco nistatina antes e durante o processo de passagem do meio (saliva artificial). A figura 14 apresenta as curvas de SAXS para o filme ureasil-POP 400 Puro a ser comparado com a figura 15 que apresenta as curvas de SAXS para o filme ureasil-POP 400 incorporado com o fármaco triancinolona a 3% e 6% e com o fármaco nistatina a 3% e 6%. Figura 14. Curvas de SAXS para o filme ureasil-POP 400 puro. 50 Figura 15. Curvas de SAXS para o filme ureasil-POP 400 incorporados com o fármaco triancinolona a 3% e 6% e com o fármaco nistatina a 3% e 6%. A figura 16 apresenta as curvas de SAXS para o filme ureasil-POE 500 Puro a ser comparado com a figura 17 que apresenta as curvas de SAXS para o filme ureasil-POE 500 incorporado com o fármaco nistatina a 3% e 6% e com o fármaco triancinolona a 3% e 6%. 51 Figura 16. Curva de SAXS para o filme ureasil-POE 500 puro. Figura 17. Curvas de SAXS para o filme ureasil-POE 500 incorporados com o fármaco triancinolona a 3% e 6% e com o fármaco nistatina a 3%. 52 Nas figuras 14, 15, 16 e 17 pode se observar que ocorre a presença de picos largos evidenciando uma correlação espacial entre os nanodomíneos de silício presentes na molécula do híbrido. A presença de um único pico está relacionada à homogeneidade estrutural das matrizes (DAHMOUCHE et al., 1999). A partir do valor máximo do pico do vetor de espalhamento (q max) é possível calcular a distância de correlação entre os pontos de reticulação de silício, utilizando a relação d=2π/qmax. Desta forma foi possível avaliar a evolução dessa distância em função do tempo de imersão do filme no meio. Quando ocorre um intumescimento das cadeias observa-se um deslocamento na posição do pico de correlação para valores mais baixos de q, aumentando a distância de correlação (SANTILLI et al., 2009; MOLINA et al., 2010). Observa-se nas figuras 14 e 15 a evolução das curvas de SAXS em função do tempo para o filme ureasil-POP 400 puro e ureasil-POP 400 contendo os fármacos nistatina e triancinolona. Os resultados revelam que não existe um deslocamento das curvas para baixos valores de q, seus valores permaneceram durante todo o experimento constantes, indicando que não ocorreu deslocamento entre os pontos de reticulação dos grupos siloxano. Na figura 16 e 17 observa-se a evolução das curvas de SAXS em função do tempo para o filme ureasil-POE 500 puro e ureasil-POE 500 contendo os fármacos, respectivamente. Os resultados revelam que ocorre um deslocamento das curvas de SAXS para baixos valores de q. No caso do filme ureasil-POE 500 puro a distancia inicial é de 2.7 nm e após 60 minutos de contato com a saliva é de 3.3 nm. 53 Enquanto que para o filme ureasil-POE 500 contendo nistatina a distancia inicial é de 2.21 nm no inicio e após 40 minutos de contato com a saliva é de 2.97 nm, indicando que ocorreu deslocamento entre os pontos de reticulação de silício. A partir do valor do valor da distancia de correlação (d) calculada, podemos analisar o grau de intumescimento em função do tempo durante a cinética de liberação, através da relação: d= dt-ds/dt, onde dt é o valor da distância de correlação em um tempo t de contato com o meio de liberação e d s é o valor da distância de correlação calculado para a amostra seca (antes do contato com o meio de liberação). O Quadro 1 mostra a distância de correlação (d) entre os grupamentos silício e a região polimérica da membrana e a variação do grau de intumescimento (Δd) das Figuras 14 e 15 as quais representam o intumescimento dos filmes ureasil POP 400 puro e incorporados aos fármacos nistatina e triancinolona. Quadro 1. A distância de correlação (d) entre os grupamentos ureasil e a região polimérica da membrana e a variação do grau de intumescimento em % (Δd). Tempo (min) Ureasil-POP puro Ureasil-POP Ureasil-POP Ureasil-POP Ureasil-POP contendo contendo contendo contendo nistatina 3% nistatina 6% triancinolona triancinolona 3% 6% d Δd d Δd Δd d d Δd (nm) (%) (nm) (%) (%) (nm) (nm) (%) 0 2.41 0 2.37 0 2.56 0 2.69 0 2.67 0 1 2.41 0 2.37 0 2.56 0 2.69 0 2.67 0 5 2.41 0 2.37 0 2.56 0 2.69 0 2.67 0 10 2.41 0 2.37 0 2.56 0 2.69 0 2.67 0 20 2.41 0 2.37 0 2.56 0 2.69 0 2.67 0 40 2.41 0 2.37 0 2.56 0 2.69 0 2.67 0 60 2.41 0 2.37 0 2.56 0 2.69 0 2.67 0 d (nm) Δd (%) 54 O Quadro 2 mostra a distância de correlação (d) entre os grupamentos de silício e a região polimérica da membrana e a variação do grau de intumescimento (Δd) das figuras 16 e 17. Quadro 2. A distância de correlação (d) entre os grupamentos ureasil e a região polimérica da membrana e a variação do grau de intumescimento em % (Δd). Tempo Ureasil-POE Ureasil-POE Ureasil-POE Ureasil-POE (min) puro contendo contendo contendo nistatina 3% triancinolona 3% triancinolona 6% d (nm) Δd (%) d (nm) Δd (%) d (nm) Δd (%) d (nm) Δd (%) 0 2.70 0 2.18 0 2.19 0 2.94 0 1 3.03 10,89 2.25 3.11 2.19 0 2.94 0 5 3.25 16,92 2.27 3.96 2.30 4.78 3.07 4.23 10 3.28 17,68 2.30 5.21 2.45 10.61 3.22 8.70 20 3.28 17,68 2.59 15.83 2.99 26.75 3.23 8.97 40 3.28 17,68 2.92 25.34 3.27 33.02 3.27 10.09 60 3.30 18,18 3.34 11.97 Conforme demonstrado no quadro 1 é possível observar que os filmes ureasil-POP não possuem intumescimento. Entretanto, podemos observar no quadro 2 que o filme ureasil-POE contendo fármaco apresenta um valor de intumescimento de ate 33% após 40 minutos e o filme ureasil-POE sem a adição do fármaco que apresenta 18% após 60 minutos. Essa diferença ocorre pelo fato do híbrido ureasilPOP apresentar um caráter mais hidrofóbico devido à proteção exercida pelos grupos CH3 no oxigênio do tipo éter, o que não ocorre no híbrido ureasil-POE. O caráter hidrofóbico do híbrido ureasil-POP faz com que o filme apresente menor afinidade pela água e consequentemente menor capacidade de intumescer (SANTILLI et al., 2009; OSHIRO et al., 2014). Essas características hidrofílicas/hidrofóbicas dos polímeros híbridos, assim como a solubilidade do 55 fármaco e sua afinidade pela matriz são fatores que podem influenciar no perfil de liberação do fármaco. 56 5.4. Curva Analítica A linearidade do método de quantificação dos fármacos nistatina e triancinolona por espectroscopia na região do UV visível foi determinada através da construção da curva analítica em meio tampão 7.2 contendo 0,5% de procetyl, utilizando diferentes concentrações de nistatina e triancinolona sendo a curva linear de 0,025mg/mL a 0,2mg/ml. Na análise realizada em tampão fosfato pH 7.2 contendo 0,5% de procetyl, o fármaco nistatina apresentou absorção máxima em 225 nm. A progressão linear forneceu a equação de reta: y= 1,763.x – 0,036 e o coeficiente de correlação R2=0,998 conforme demonstra a figura 18. Figura 18. Curva analítica da Nistatina 0,35 Curva Analítica 0,30 Absorbância 0,25 0,20 y = 1,763x - 0,036 R² = 0,998 0,15 0,10 0,05 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 Concentração de Nistatina (mg/ml) Enquanto que para o fármaco triancinolona a curva apresentou absorção máxima em 240 nm. A progressão linear forneceu a equação de reta: y= 5.1373x+ 0,0057 e o coeficiente de correlação R2=0,998 conforme figura 19. 57 Figura 19. Curva analítica da Triancinolona. Curva Analítica 1,0 Absorbância 0,8 0,6 y = 5,137x + 0,005 R² = 0,998 0,4 0,2 0,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 Concentração da Triancinolona (mg/ml) 5.5. Teste de Liberação dos Fármacos Nistatina e Triancinolona Incorporado nos Filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 Os sistemas de liberação de fármacos a partir de materiais poliméricos podem ocorrer através de processos físicos e químicos como, a difusão, intumescimento ou a erosão da matriz ou ainda por uma associação desses mecanismos. (LYRA et al.,2007). Contudo, ao utilizar um sistema mucoadesivo polimérico na mucosa, a erosão da matriz não é interessante uma vez que afeta o tempo de permanência do material e altera o perfil de liberação. Em alguns materiais híbridos ureasil-poliéter (os mais hidrofílicos) ocorre o cruzamento (“cross-link”) das cadeias poliméricas formando uma rede insolúvel capaz de absorver grandes quantidades de água, resultando em um hidrogel intumescido, permitindo controlar o tempo de permanência do material na mucosa e o perfil de liberação do fármaco. A figura 20 apresenta o perfil de liberação do fármaco nistatina incorporado nas porcentagens de 3 e 6% em filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500. 58 Figura 20. Perfil de liberação do fármaco nistatina incorporado nas porcentagens de 3 e 6% em filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500. De acordo com a figura 20, os perfis de liberação do fármaco nistatina nessas materiais seguem um padrão de rápida liberação inicial e um platô de sustentação da liberação, fenômeno esse conhecido por efeito burst (WANG et al., 2007). Essa rápida liberação inicial é causada pelo fármaco estar presente na superfície da matriz, já a sustentação na liberação ocorre devido ao tempo necessário para o intumescimento do filme, que permite a dissolução e liberação do fármaco para o meio (KIM; BURGESS; 2001). Os resultados de liberação apresentados estão relacionado com as características hidrofílicas/hidrofóbicas dos polímeros híbridos conforme demonstrado nos teste de SAXS, onde foi observado que os filmes ureasil-POP não possuem intumescimento nanoscópico e o filme ureasil-POE contendo fármaco apresenta um valor de intumescimento de 25% após 40 minutos de contato com o meio, esse fato é devido ao filme ureasil-POE possuir um caráter mais hidrofílico favorecendo a entrada do meio na matriz o que facilita a difusão e a dissolução do fármaco (SANTILI et al., 2009; MOLINA., et al 2010) no início do processo, acarretando em uma maior taxa de liberação. O Quadro 3 relaciona os valores da porcentagem de nistatina liberada após 14 horas a partir das membranas ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500. 59 Quadro 3. Valores da porcentagem de nistatina liberada após 14 horas a partir das membranas ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500. Tempo Ureasil-POP 3% Ureasil-POE 3% Ureasil-POP 6% Ureasil-POE 6% (horas) Nistatina Nistatina Nistatina Nistatina (%) liberada (%) liberada (%) liberada (%) liberada 0 0 0 0 0 0,1 28,1 28 14,81 17,8 0,3 28,4 30,3 15,49 25,37 1 28,5 31,89 15,68 27,65 2 28,5 35,6 16,81 31,81 3 30,3 41,60 17,80 36,74 4 32,04 46,90 18,56 39,77 5 32,19 50,00 18,93 42,42 6 32,19 53,00 18,93 45,07 7 32,34 58,00 19,69 48,1 8 32,34 65,9 20,05 46,4 10 33,78 68,93 20,07 47,34 11 35,6 72,72 20,45 45,83 12 35,6 73,80 21,21 44,69 13 33,4 55,05 21,96 43,93 14 33,01 51,05 21,96 43,93 Observa-se pelo quadro 3 que os filmes contendo 3% de nistatina mantém a liberação crescente por 11 horas, após esse período os níveis de nistatina decaem. Entretanto para o filme ureasil-POP 400 contendo 6% do fármaco esse fato não foi observado. Para o filme ureasil-POE 500 contendo 6% de nistatina o decaimento dos níveis de nistatina ocorre com 8 horas. Segundo Aguiar (AGUIAR, 2007) a nistatina começa a perder sua atividade após a preparação em solução, e fatores como calor, luz e presença de oxigênio aceleram sua decomposição (INDEX, MERCK, 2006), esses fatores podem explicar o decaimento dos níveis de nistatina no meio indicando sua decomposição. Comparando ambos resultados de liberação (Quadro 3), podemos verificar que os materiais contendo 3% de nistatina, liberam inicialmente (efeito 60 burst) 28% e os filmes contendo 6% de nistatina liberam aproximadamente 18%. Observa-se também que a liberação final é maior para os filmes contendo 3% do fármaco. Esses fatos devem estar relacionados com a possibilidade da menor concentração de fármaco estar localizado nos grupamentos próximos da superfície da matriz o que facilita uma maior difusão para o meio. (SOPPIMATH; AMINABHAVI; 2002). A figura 21 apresenta o perfil de liberação do fármaco triancinolona incorporado nas porcentagens de 3 e 6% em filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500. 61 Figura 21. Perfil de liberação do fármaco triancinolona incorporado nas porcentagens de 3 e 6% em filmes ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500. Podemos observar pela figura 21 que ocorre uma diferença no perfil de liberação para os dois materiais estudados independente da concentração de fármaco utilizada. Para o filme híbrido ureasil-POP um tempo maior para o inicio do processo de liberação é necessário. Este comportamento pode ser explicado pelo caráter hidrofílico/hidrofóbico da cadeia polimérica, conforme descrito acima. Entretanto observamos conforme os perfils de liberação dos filmes contendo nistatina (figura 20), os filmes com triancinolona apresentaram o efeito busrt contudo, não tão acentuado como observado para os filmes contendo o fármaco nistatia, também não foi observado indícios de degradação do fármaco, independente do material e da concentração utilizada. O fato de não ocorrer o efeito busrt de forma acentuada, como demonstrado nos perfis dos filmes contendo nistatina, pode estar relacionada com a afinidade do fármaco pelo material/meio utilizado, uma vez que a nistatina é mais hidrofóbica do que a triancinolona. O meio de dissolução utilizado foi o tampão fosfato pH 7.2, contudo para garantir as condições sink foi acrescento um tensoativo (Procetyl) deixando este capaz de solubilizar até 10 vezes a concentração máxima incorporada de fármaco no filme, e isto pode contribuir para que a nistatina fármaco com maior lipofilicidade tenham uma maior preferência pelo meio de dissolução. 62 Para melhor visualização, os valores de porcentagem liberada da triancinolona a partir das membranas ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500 encontram-se no quadro 4. Quadro 4. Valores da porcentagem de Triancinolona liberada após 12 horas a partir das membranas ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500. Tempo Ureasil-POP 3% Ureasil-POE 3% Ureasil-POP 6% Ureasil-POE 6% (horas) Triancinolona Triancinolona Triancinolona Triancinolona (%) liberada (%) liberada (%) liberada (%) liberada 0 0 0 0 0 0,1 0 2,6 0 0 0,3 0,12 7,8 0,48 0,5 1 1,03 14 1,81 4 2 1,81 30 2,33 8,4 3 2,59 33 3,33 11,7 4 2,7 34 3,37 17,5 5 2,85 35,6 3,76 20,11 6 3,11 40 4,02 21,41 7 3,89 42,5 4,15 24 8 4,67 45,7 4,28 25,5 9 4,67 49,2 4,41 27,5 10 4,8 50,3 4,54 29,6 11 4,9 53,0 4,8 31 12 5,19 56,4 5,1 33 5.6. Análise do trabalho de Adesão Dois parâmetros podem ser utilizados para avaliar a força de adesão, o trabalho de adesão e força de destacamento. No entanto é relatado na literatura que o valor do trabalho de adesão (Wad) é um resultado mais confiável e preciso uma 63 vez que ele é calculado pela soma de todo as forças envolvidas no teste (Wong et al.,1998), por este fato utilizamos esse parâmetro. Muitos pesquisadores têm conduzidos estudo com diferentes materiais, objetivando analisar a força de mucoadesão de seus materiais. Um estudo desenvolvido por Meher et al 2013, avaliou a força de filmes mucoadesivos a base de celulose e polimetacrilato para liberação de oral de carvedilol, os resultados revelaram que os filmes tinham força entre (33.8 ±0.37 e 38.4±0.24 g). Um trabalho realizado por Dias et al, 2007 mostra o valor de mucoadesão para 9 materiais poliméricos, sendo que o material Permulen TR2 obteve o maior valor de força de adesão (Wad = 2.1 J). Carvalho et al 2014, revela que valores do trabalho de mucoadesão de amostras particuladas e compactadas na forma de disco de Carbopol 971 (C971), Carbopol 974 (C974), policarbofil (PC) e de nanopartículas de quitosana obtidas pela reticulação com tripolifosfato liofilizadas (NP3 e NP4), foram submetidas ao teste de força de adesão utilizando como membrana modelo disco de mucina (CARVALHO et al., 2014). Os resultados revelaram que o trabalho de adesão foi maior para as nanopartículas de quitosana (wad aproximadamente 5.0 (g.s)) enquanto que os outros materiais tiveram força aproximada de 2.0 (g.s). A tabela 1 apresenta os valores do trabalho de adesão (W ad) para os filmes híbridos ureasil–POP 400 e ureasil–POE 500 puros e incorporados aos fármacos nistatina e triancinolona nas porcentagens de 3 e 6%. 64 Tabela 1. Valores de força de adesão para os filmes híbridas ureasil-polieter. Filmes Trabalho de adesão Ureasil-poliéter (Wad) (N) Ureasil-POP 400 puro 10,8 ± 0,28 Ureasil-PEO 500 puro 5,00 ± 0,21 Ureasil- POP 400 3% Nistatina 13,05 ±0,48 Ureasil- POE 500 3% Nistatina 8,67 ±1,28 Ureasil- POP 400 6% Nistatina 14,09 ±0,35 Ureasil- POE 500 6% Nistatina 8,49 ±0,51 Ureasil- POP 400 3% Triancinolona 12,23 ± 0,21 Ureasil- POE 500 3% Triancinolona 7,68 ±0,48 Ureasil- POP 400 6% Triancinolona 16,52 ±1,28 Ureasil- POE 500 6% Triancinolona 8,07 ±0,35 Partindo dos valores descritos acima e dos resultados da tabela 1, podemos dizer que os filmes híbridos apresentam um valor intermediário de adesão. Lembrando que um material que tenha fortes ligações adesivas com a mucosa pode ocasionar irritações e até lesões na mucosa alvo. Por outro lado um material com fracas interações adesivas pode ser removido facilmente da mucosa devido a alta lubrificação apresentada no local e alta mobilidade. Foi observado que os filmes sem fármaco possuem um valor menor de força de mucoadesão em relação ao filmes contendo nistatina e triancinolona. Por outro lado o aumento na concentração de 3% para 6% de fármaco não influencia na força de adesão. Podemos sugerir que o aumento da adesão com a adição dos fármacos seja devido ao fato de isso aumentar a rugosidade da superfície da matriz assim temos um maior penetração entre mucosa e material. Outro dado relevante é que os filmes com caráter mais hidrofóbicos (ureasil-PPO) possuem valores de força de adesão maiores do que os materiais com caráter mais hidrofílico (ureasil-POE), este fato pode ocorrer pela maior afinidade do ureasil-POE com a água, isso faz com que esse material tenha menos grupos (OH ou COOH) disponíveis para fazer as ligações de hidrogênio com a mucosa. 65 5.7. Difusão em ágar O teste de difusão em ágar comprovou a eficiência das quantidades de nistatina liberada dos filmes ureasil-POP400 e ureasil-POE500 incorporados com o fármaco nistatina a 3% e 6%. Foram retirados 100 µl do fármaco liberado, nos tempos de 10, 30, 60, 180, 300 e 480 minuto. A figura 22 apresenta as placas controle: a) inoculadas com o fungo e b) meio de liberação (tampão fosfato com procetyl). Os resultados revelaram que em ambas as placas não houve formação do halo de inibição contra fungo. Isso indica que o controle positivo foi inoculado de forma adequada e que a solução de liberação não interfere na atividade fungica. Figura 22. Placas controle inoculadas com o fungo e com o fosfato tampão com procetyl respectivamente. A figura 23 apresenta a placa inoculada com a adição das quantidades liberadas de nistatina utilizando os filmes ureasil-POP400 e ureasil-POE 500 incorporados com 3% de fármaco. 66 Figura 23. Placa inoculadas com as quantidades liberadas do fármaco nistatina incorporado a 3% no filmes a) ureasil-POP400 e b) ureasil-POE 500. Observa-se na figura 23 que todas as concentrações liberadas foram capazes de inibir o crescimento da Cândida albicans. O tamanho dos halos variam entre 18 e 20mm de diâmetro. Esse resultado é esperado uma vez que a concentração mínima inibitória (CIM) contra esse tipo de fungo varia entre 1,56 e 6,52 µg/ml e a concentração de fármaco liberada em 10 minutos para o sistema ureasil-POP400 com nistatina a 3% (menor concentração liberada entre os sistemas testados) foi de 21 µg/ml. 67 6. CONCLUSÃO Neste trabalho foram desenvolvidos, a partir dos precursores ureasil-POP 400 e ureasil-POE 500, filmes mucoadesivos para a mucosa oral. A esses modelos foram incorporados os fármacos nistatina e triancinolona nas proporções de 3 e 6%. Os resultados do estudo de SAXS demonstraram a hidrofobicida dos filmes formados a partir do precursor POP 400 e a hidrofilicidade dos filmes formados a partir do precursor POE 500. Os filmes formados pelo POP 400 incorporados ou não com o fármaco nistatina não apresentaram intumescimento enquanto os filmes formados pelo precursor POE 500 puros e incorporados com o fármaco nistatina apresentou intumescimento significativo. Os testes de liberação dos fármacos demonstraram que os filmes incorporados com o fármaco nistatina apresentaram uma rápida liberação inicial seguido por um platô de sustentação com níveis crescentes e constantes, fenômeno denominado de efeito burst. Os filmes incorporados com o fármaco triancinolona não apresentaram o efeito burst fato que pode estar relacionado com a afinidade do fármaco pelo material/meio utilizado, uma vez que o fármaco triancinolona possui característica hidrofílica enquanto o fármaco nistatina possui característica hidrofóbica. Contudo, em todos os filmes testados (POP 400 e POE 500) foi possível observar níveis de liberação desejáveis para tratamentos relacionados a mucosa oral, podendo ser liberado níveis de ataque iniciais com o efeito burst como também níveis crescentes e constantes conforme apresentado pelos filmes contendo triancinolona. Os dados obtidos nos testes de adesão permitiu concluir que os filmes híbridos apresentaram valores intermediários de adesão o que pode facilitar a adesão a mucosa sem ocasionar lesões ao tecido. Os filmes puros demonstraram menor valor para o teste em relação aos filmes incorporados com os fármacos nistatina e triancinolona, sendo possível sugerir que a presença de dos fármacos aumenta a rugosidade da matriz melhorando a interação com a mucosa. Contudo, as diferentes proporções de fármacos incorporadas, 3 e 6% não alteraram os valores de adesão, não sendo a quantidade de fármaco um fator limitante. Sendo assim, é possível concluir que os filmes mucoadesivos desenvolvidos neste trabalho possuem ótimas características para serem utilizados como condutores de fármaco para o tratamento de infecções orais por aderirem de 68 forma satisfatória à mucosa oral com níveis de liberações de fármacos desejáveis aos tratamentos orais infecciosos e inflamatórios. 69 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, M.M.G.B; Desenvolvimento de Novos Comprimidos Bucais de Nistatina para o Tratamento da Candidíase Oral Faculdade de Farmácia UFRJ, P. 136-146, 2007. AHUJA, A.; KHAR, R. K.; ALI, J. Mucoadhesive drug delivery systems. Drug Dev. Ind. Pharm., v.23, n.5, p.489-515, 1997. ALMEIDA, P.M.M.C.; MAGALHÃES, V.H.S. Polímeros. Porto: Universidade Fernando Pessoa (UFP), Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2004. ANDRADE, C.; COUTINHO, F.; DIAS, M.; LUCAS, E.; OLIVEIRA, C.; TABAK, D. Compêndio de nomenclatura macromolecular. Rio de Janeiro: E Papers, 2002. ARBÓS , P. Quantification of the bioadhesive properties of protein-coated pvm/ma nanoparticles. Int J Pharm. v. 242, p. 129-136, 2002. ARIGA, K.; VINU, A.; HILL, J.P.; MORI, T. Coordination chemistry and supramolecular chemistry in mesoporous nanospace. Coord. Chem. Rev., v. 251, n. 21-24, p. 2562-2591, 2007. AULTON, ME. Delineamento de formas farmacêuticas. 2.ed. Porto Alegre: Artmed; v.2, p. 677, 2005. AWAJA, F., GILBERT, M., KELLY, G., FOX, B., PRIGRAM, P., Adhesion of Polymers, Progress in polymer science, 34, 948-968, 2009 BARATIERI, S. C.; BARBOSA, J. M.; FREITAS, M. P.; MARTINS, J. A. Multivariate analysis of nystatin and metronidazole in a semi-solid matrix by means of didduse reflectance NIR spectroscopy and PLS regression. J.Pharm. Biomed. Anal. Amsterdam, v.40, p.51-55, 2006. BENNETT, J. E. Antimicrobianos: Agentes Antifúngicos. In: GILMAN, A. G.; HARDMAN, J. G.; LIMBIRD, L. E. As bases farmacológicas da terapêutica. 10ed. Rio de Janeiro: McGraw Hill Interamericana do Brasil, 2003. cap.49, p.971-984. BENVENUTTI, E.V.; MORO, C.C.; COSTA, T.M.H. Materiais híbridos à base de sílica obtidos pelo método sol-gel. Quim. Nova. v. 32, n. 7, p. 1926 - 1933, 2009. BOSCH. S.W..; LANGE, B.O.; NEUBERT, M.; PAZ, G. Corticoteroid, immune suppression, and psychosis. Curr. Pyschic. Resp., v. 93, p. 171-176, 2004. BOWER, D.I. An Introduction on Polymer Physics; Cambridge University Press: Cambridge, 2002. BUDAVARI, S. The merck index na encyclopedia of chemicals, drugs, biological. Merck & Company., Inc. 12th ed. Cidade Editora, 1996. 70 BRASIL. Resolução nº 899, de 29 de maio de 2003. Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos. Diário Oficial da União, Brasília, 02 jun. 2003. Disponível em http://e-legis.anvisa.gov.br. Acesso em Março de 2015. BRENNAN, A.B.; WIKES, G.L. Structure-property behavior of sol-gel derived hybrid materials: effect of a polymeric acid catalyst. Polymer, v.32, p. 733-739, 1991. BRINKER, C.J.; SCHERER, G.W. Sol-Gel Science: The physics and chemistry of Sol-Gel Processing. Salt Lake: Academic Press, p. 912,1990. CARVALHO, F.C., CHORILLI, M., GREMIÃO, M.P.D., Plataformas bio(muco) adesivas poliméricas baseadas em nanotecnologia para liberação controlada de fármacos - propriedades, metodologias e aplicações. Polimeros vol. 24 n°2 , 2014. CARVALHO, A.J.F. Perspectivas no desenvolvimento de novas aplicações de materiais de fontes renováveis. Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://maintec.snappages.com/conference-contents.htm>. Acessoem: 18 Mar. 2012. CASIGLIA, J. W. & WOO, S. Oral manifestations of HIV infection. Clinics in Dermatology, v. 18, p. 541-551, 2000. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology and Endodontology, v. 97, n. 3, p.345-350, 2004. CHAABRA, R.S.; HERBERT, R.A.; ROYCROFT, J.H.; CHOU, B.; MILLER, R.A.; RENNE, R.A. Carcinogenesis Studies of Tetrahydrofuran Vapors in Rats and Mice. Toxicol Sci., v. 41, n. 2, p. 183-188, 1998. CHIANG, C.L.; MA, C.C.M. Synthesis, characterization and thermal properties of novel epoxy containing silicon and phosphorus nanocomposites by sol-gel method. J. Eur. Pol., v. 38, p. 2219-2224, 2002. CHIAVACCI, L. A.; DAHMOUCHE, K.; SILVA, N.J.O.; CARLOS, L.D.; AMARAL, V.S.; DE ZEA BERMUDEZ, V.; PULCINELLI, S.H.; SANTILLI, C.V.; BRIOIS, V.; CRAIEVICH, A.F. Effect of presence of an acid catalyst on structure and properties of iron-doped siloxane-polyoxyethylenenanocomposites prepared by sol-gel. J. NonCryst. Solids., v. 345/346, p. 585-590, 2004. CHUJO, Y IHARA, E.; KUSE, S.; SUZUKI, K.; SAEGUSA, T. Macromolecular engineering on the basis of the polymerization of 2-oxazolines. Macromol. Chem. Macromol. Symp., v.42-43, p. 303-313, 1991. CHIN-LUNG, C.; CHEN-CHI, M.; Syntheses, characterization and thermal properties of novel epoxy containing silicon and phosphorus nannocomposites by the sol-gel method. J. Eur. Polym., v.38, p. 2219-2224, 2002. COLILLA, M.; SALINAS, A.J.; VALLET-REGI, M. Amino−Polysiloxane Hybrid Materials for Bone Reconstruction. Chem. Mater.,v.18, n. 24, p. 5676-5683, 2006. 71 CONSUELO, D.I., JACQUES, Y.; PIZZOLATO, G-P, GUY, R.H.; FALSON, F. Comparison of the lipid composition of porcine buccal and esophageal permeability barriers. Arch. Oral Biol., v.50, p. 981-987, 2005. CROY, S.R. & KNOWN, G.S. The effects of pluronic block aggregation state of nystatin. Journal Controlled Release, v.95, n. 2, p. 161-171 – 2004. DATE, A.A.; NAGARSENKER, M.S.N. Parenteral microemulsions: An overview. Int. J. PHarm. , v. 355, n. 1-2, p. 19-30, 2008. DAHMOUCHE, K.; SANTILLI, C. V.; PULCINELLI, S. H.; CRAIEVICH, A. F. Smallangle x-ray scattering study of sol-gel derived siloxane-PEG and siloxane-PPG hybrid materials. J. Phis Chem. B, v. 103, p. 4937-4942, 1999. DAMIANI, D.; KUPERMAN, H.; DICHTCHEKENIAN, V.; DELLA MANNA, T.; SETIAN, N. Análise critica da altura final de crianças em uso de glicocorticóides. Pediatria, v. 1, p. 71-81, 2001. DE AZEVEDO, M.M.M., BUENO, M.I.M.S., DAVANZO, C.U., GALEMBECK, F. Coexistence of liquid phases in the sodium polyphosphate-chromium nitrate-water system. J. Colloid Inferf. Sci., v.1, n.248, p.185-193, 2002. DOROCKA – BOBKOWSKA, B. KONOPKA, K.; DUZGUNES, N. Influence of antifungical polyenes on the adhesion of Candida albicans and Candida glabrata to human epithelial cells in vitro. Archives of Oral Biology, v. 48, n. 12, p. 805-814 – 2003. DUCHENE, D.;PONCHELl, G. Bioadhesion of solid oral dosage forms, why and how?. European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 44,p. 1523, 1997. DUMITRIU, S. Polymeric biomaterials. 2nd. ed. New York: Marcel Dekker, 2001. ELEFTERIADES, J. N.; ATHANASIOU, A. E. Evaluation of impacted canines by means of computerized tomography. Int J. Adult Orthodon Orthognath Surg, Chicago, v.11, n.3, p.257-264, 1996. ELOVAARA, E.; PFAFFLI, P.; SAVOLAINEN, H. Tetrahydrofuran poisoning after occupational exposure. Acta Pharmacology Toxicol. v. 54, p. 221-226, 1984. ESTEVES, A. C. C; BARROS-TIMMONS, A; TRINDADE, T. Nanocompósitos de matriz polimérica: Estratégias de síntese de materiais híbridos. Quim. Nova, 2004.v. 27, n.5, p. 798-806, 2004. EVANGELISTA, R. C. Sistemas de liberação controlada de fármacos. Araraquara:Tese (Livre Docência), (Texto sistemático apresentado à Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como parte dos requisitos do concurso para obtenção do Título de Livre-Docente em Farmacotécnica), p.345, 2006. 72 FARREL, S.;HESKETH, P. R. An introduction to drug delivery for chemical engineers. Chemical engineering education, p. 198-203, 2002. FEIO, M.; SAPETA, P.; Xerostomia em cuidados paliativos. Acta Medica Portuguesa. v. 18, p. 459-466, 2005. FIGUEIRAS, A,C.R, VEIGA F. Sistemas mucoadesivos de liberação de fármacos na cavidade oral: mecanismos de mucoadesão e polímeros mucoadesivos. Rev. Lusófona de Ciencia e Tecnologias em Saúde; (4) 2: 216-233, 2007. FRANKEN, L.; SANTOS, L.S.; CARAMÃO, E.B.; COSTA, T.M.H.; BENVENUTTI, E.V. Xerogel p-anisidinapropilsílica: estudo da estabilidade térmica e da resistência à lixiviação com solventes. Quim. Nova. v. 25 , n. 4, p. 563-566, 2002. FRANCHETTI, S.M.M., MARCONATO, J.C. Polímeros biodegradáveis – uma solução parcial para diminuir a quantidade dos resíduos plásticos. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", 2006. GALAEV, I.Y.; MATTIASSON, B. “Smart” polymers and what they could do in biotechnology and medicine. Trends Biotechnol., Amsterdam, v. 17, n. 8, p. 335340, 1999. GARFORTH F.; STANCLIFFE Universidade de York, 1994. A.; “Polymer Industry Education Centre, GENARO, A.R. (Ed) Remington: the science and practice of pharmacy. 21st. ed.Philadelphia: Williams & Wilkins, p. 2393, 2005. GILMAN, A.G.; HARDMAN, J.G.; LIMBIRD, L.E. As Bases Farmacológicas da Terapêutica . 10 Ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2003, p. 413, 867, 971,092,982. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2006. GUIZARD, C.G.; JULBE, A.C.; AGRAL, A. Desing of nanosized structures in sol-gel derived porous solids. Applications in catalyst and inorganic membrane preparation J. Mater. Chem., v.9, n.1, p.55-56, 1999. GROLL, A. H.; MICKIENE, D.; WERNER, K.; PISCITELLI, S.; WALSH, T. J. Highperformance liquid chromatographic determination of liposomal nystatin in plasma and tissues for pharmacokinetic and tissue distribuition studies. J. Chromatogr., B, Biomed. Sci.Appl. Amsterdam, v.735, p.51-62, 1999. GROSS, J. S. Bone grafting materials for dental applications: a practical guide. CompendContinEduc Dent. 1997; 18: 1013-24. GROESCHKE, J. et al. Stability of amphotericin B and nystatin in antifungal mouthrinses containing sodium hydrogen carbonate. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, v. 42, p. 362-366, 2006. 73 HEMAIS, C.A., BARROS, H.M. e PASTORINI, M. T. Estratégia tecnológica e a indústria brasileira de transformação de polímeros. Polímeros: Ciência e Tecnologia, São Carlos,v 11, n.3,p. E7-E10, 2001. HÄGERSTRÖM, H.; EDSMAN, K.; STRØMME, M. LowFrequency Dielectric Spectroscopy as a Tool for Studying the Compatibility between Pharmaceutical Gels and Mucus Tissue. J. Pharm. Sci., v.92, n.9, p.1869-1881, 2003. HAPPER, H.A. Manual de Química Fisiológica. 9 ed. Rio de Janeiro: Ed. Atheneus/Guanabara-Koogan, 1997. HARAGUCHI, K.; TAKEHISA, T. Nanocomposite Hydrogels: A Unique OrganicInorganic Network Structure with Extraordinary Mechanical, Optical, and Swelling/Deswelling Properties. Adv. Mater. v. 14, n. 16, p. 1120–1124, 2002. HUMPHREY. S.P. & WILLIMSON. RT. A review of saliva: Normal composition, flow and function. Jornal of Prosthetic Dentistry, v. 85, p. 162-169, 2001. JOSÉ, N. M.; PRADO, L. A. S. Materiais híbridos orgânico-inorgânicos: preparação e algumas aplicações. Quim Nova., v. 28, n. 2, p. 281-288, 2005. JUNGINGER, H.E.; HOOGSTRAATE, J.A.; VERHOEF, J.C. Recent advances in buccal drug delivery and absorption-in vitro and in vivo studies. J. Control Release. V.62, p. 149-59, 1999. KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, 668 p. KORSMEYER, R. W; GURNY, R; DOELKER, E; BURI, P; PEPPAS, N. A. Mechanism of solute release from porus hydrophilic polymers.Int. J. Pharm,v. 15, p. 25-35 (1983). LARSON, N.; GHANDEHARI, H. Polymeric Conjugates for Drug Delivery. Chem. mater. v. 24, p. 840-853, 2012. LEUNG, S.; ROBINSON, J. R. Polymer structure features contributing to mucoadhesion. In: Journal of Controlled Release, Amsterdam, v. 12, p. 187-194, 1990. LOFTSSON, T.; ÓLAFSSON, J.H. Cyclodextrins: new drug delivery systems in dermatology. Int J Dermatol., Philadelphia, v. 37, p. 241-246, 1998 LONGER, M.A.; ROBINSON, J.R. Systems de liberacion sostenida de drogas. in: REMINGTON, J. Pharmaceutical Sciences. 17. ed. [s. l.]: Médica Panamericana, 1986. p. 2240-2264. LYRA, M. A. M.; SOARES-SOBRINHO, J. L.; BRASILEIRO M. T.; LA ROCA, M. F.; BARRAZA, J. A.; VIANA, O. S.; ROLIM-NETO, P. J.; Sistemas Matriciais Hidrofílicos 74 e Mucoadesivos para Liberação Controlada de Fármacos. Latin Am. J. Pharm.,v.26, p.784-793, 2007. MALILICK, L., PATTINAIK, S., SWAIN, K. Current Perspectives of Solubilization: Potential for Improved Bioavailability. Drug Dev. Ind. Pharm., v. 33, p. 865-873, 2007. Meher, J.G., Tarai, M., Yadav, N.P., Patnaik, A., Mishra, P. and Yadav, K.S. Development and characterization of cellulose-polymethacrylate mucoadhesive film for buccal delivery of carvedilol. Carbohydrate polymers. V.96, P.172- 180, 2013. MARTINDALE. The Complete Drug Refence. 32 th ed. London. Pharmaceutical Press, 1999, 386 p. MOGHADAM, H. G; URIST, M. R; SANDOR, G. K, CLOKIE, C. M. Successful mandibular reconstruction using a BMP bioimplant. J Carniofac Surg. P.119127, 2001. MOLINA, C.; DAHMOUCHE, K.; HAMMER, P.; DE ZEA BERMUDEZ, V.; CARLOS, L.A.D.; FERRARI, M.; MONTAGNA, M.; GONC¸ALVES, R.R.; OLIVEIRA, L.F.C.; EDWARDS, H.G.M.; MESSADDEQ., Y.; RIBEIRO, S.J.L. Structure and Properties of Ti4+-Ureasil Organic-Inorganic Hybrids. J. Braz. Chem. Soc., v. 17, n. 3, p. 443-452, 2006. MOLINA, C.; MOREIRA, P.J.; GONÇALVES, R.R.; SÁ FERREIRA, R.A.; MESSADDEQ, Y.; RIBEIRO, S.J.L.; SOPPERA, O.; LEITE, A.P.; MARQUES, P.V. S.; DE ZEA BERMUDEZ, V.; CARLOS, L.A.D. Planar and UV written channel optical waveguides prepared with siloxane–poly(oxyethylene)–zirconia organic–inorganic hybrids. Structure and optical properties. J. Mater. Chem., v. 15, n. 35-36 ,p. 39373945, 2005. MOLINA, E.F.; PULCINELLI, S.H.; SANTILLI, C.V.; BLANCHANDIN, S.; BRIOIS, V. Controlled Cisplatin Delivery from Ureasil-PEO1900 Hybrid Matrix. J. PhisChem. B., v. 114, p. 3461-3466, 2010. MORENO, R.; MATOS, R.; FEVEREIRO, T. Corticosteróide no doente com sepse e choque séptico. Revista portuguesa de medicina intensiva. Volume 10, número 2, p. 197 a 200, 2001. NAGAI, T. Adhesive topical drug delivery system. J. Control. Release, v.2, p.121134, p.121-134, 1985. NASSAR, E. J.; ÁVILA, L. R.; PEREIRA, P. F. S.; NASSOR, E. C. O.; CESTARI, A.; CIUFFI, K. J. CALEFI, P. S. Fenilsilicato dopado com Eu III obtido pelo método solgel. Quim. Nova. v. 30, n. 7, p. 1567 - 1572, 2007 OLIVEIRA, R. B.; LIMA, E. M. Polímeros na obtenção de sistemas de liberação de fármacos. Revista Eletrônica de Farmácia, v. 3, n.1, p. 29 – 35, 2006 75 OGOSHI, T.; CHUJO, Y.; Organic–inorganic polymer hybrids prepared by the sol-gel method. Compo site Interface., v. 11 , p. 539, 2005. OSHIRO, J.A.J.; SHIOTA, L.M.; CHIAVACCI, L.A.; Desenvolvimento de formadores de filmes poliméricos orgânico-inorgânico para liberação controlada de fármacos e tratamento de feridas. Matéria (Rio J.) v. 19, 2014. PAPADOPOULOU, V.; KOSMIDIS, K.; VLACHOU, M.; MACHERAS, P. On the use of the Weibull function for the discernment of drug release mechanisms. Int. J. Pharm., v. 309, p. 44–50, 2006. PATTON, L. L.; BONITO, A. J.; SHUGARS, D. A. A. systematic review of the effectiveness of antifungal drugs for the prevention and treatment of oropharyngeal candidiasis in HIV-positive patients. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology and Endodontology, v. 92, n. 2, p. 170-179, 2001. PEPPAS, N.A.; HILT, J.Z.; KHADEMHOSSEINI, A.; LANGER, R. Hydrogels in biology and medicine: from molecular principles to bionanotechnology. Adv. Mater. , v. 18, n. 11, p. 1345-1360, 2006. PHILIP, G.; SCHMIDT, H.; New materials for contact lenses prepared from Si-and Tialkoxides by the sol-gel process. J non-crystsolids.,v.63, p.283-292, 1984. POMAGAILO, A. D.; ROSENBERG, A. C.; UFLJAND, I. E. Metal Nanoparticles in Polymers; Chemistry: Moscow, 2000. RANG, P.H., DALE, M.M. RITTER, M.J; MOORE, K.P., A hipófise e o cortex supra renal. In. Editor. Farmacologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 471, 2004. RATHABONE, M.P., MIDDLEMISS, P.J., GYSBERS, J.W., ANDREW, C., HERMAN, M.A., REED, J.K., CICCARELLI, R., DI JORIO, P & CACIAGLI, F. Trophiceffects of purines in neutrons and glial cell. Progress in neurobiology. N. 59, p. 663-690, 1999. REKONDO, A.; FERNANDEZ-BERRIDI, M.; IRUSTA, L. Photooxidation and stabilization of silanised poly (ether-urethane) hybrid systems. J. Eur. Pol., v. 42, n. 9, p. 2069-2080, 2006. ROBISON, J.R. YANG, X. Absorption enhancers. In: SWARBRICK, J.; BOYLAN, J.C.. (Eds), Encyclopedia of Pharmaceutical Technology. New York: Marcel Decker, p. 1-27 , 2001. ROBINSON, H. Yacon, Smallanthus sonchifolius (Poepp. & Endt). In: HERMAN, M.; HELLER, J. Andean roots and tubers: ahipa, arracha, maca and yacon. Promoting the conservation and use of underutilized and neglected crops. Institute of Plant Genetics and Crop Plant Research, Gatersleben/International Plant Genetic Resources Institute, Rome, Italy, p.202-242, 1997. ROWE, RC. SHESKEY, PJ. OWEN, S. Handboock of Pharmaceutical Excipients. 5° ed. Great Britain, 2006. 76 SALAMAT-MILLER, N.; CHITTCHANG, M.; JOHNSTON, T.P. The use of mucoadhesive polymers in buccal drug delivery. Adv Drug Deliv. Rev. V. 57, p. 6691, 2005. SANDERS, L.M. Drug delivery system and routes of administration of peptide and protein drugs. Eur. J. Drug Metab. Pharmacokinet., v. 15, p. 95-102, 1990. SANTILLI, C. V.; CHIAVACCI, L. A.; LOPES, L.; PULCINELLI, S. H.; OLIVEIRA, A. G. Controlled drug release from ureasil-polyether hybrid materials. Chem. Mater., v. 21, p. 463-467, 2009. SIDRIM, J. J. C. & MOREIRA, J. L. B. Fundamentos Clínicos e Laboratoriais da Micologia Médica . 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. SILVA, L. et al. Conformation and self-assembly of nystatin nitrobenzoxadiazole derivative in lipid membranes. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1617, p.69-70, 2003. SOPPIMATH, K.S.; AMINABHAVI, T.M.; acetate as a dispersing solvent in the production of poly (DL- lactide-co-glycolide) microspheres: effect of process parameters and polymer type. Journal of Microencapsulation, London, v. 19, p. 281-292, mai./ jun. 2002. SCHROEDER, I. Z.; FRANKE, P.; SCHAEFER, U. F.; LEHR, C. M. Development and characterization of film forming polymeric solutions for skin drug delivery. Eur. J. PHarm.BiopHarm., v. 65, p. 111-121, 2007. SCHROEDER, I.Z.; FRANKE, P.; SCHAEFER, U.F.; LEHR, C.M. Delivery of ethinylestradiol from film forming polymeric solutions across human epidermis in vitro and in vivo in pigs. J. Control. Release., v. 118, p. 196-203, 2007. SCHOTTNER, G. Hybrid Sol−Gel-Derived Polymers: Applications of Multifunctional Materials. Chem. Mater. , v. 13, n. 10, p. 3422-3435, 2001. SCHUBERT, U.; HUSING, N.; LORENZ, A. Hybrid inorganic-organic materials by sol-gel processing of organofunctional metal alkoxides. Chem Mater., v. 7, n. 11, p. 2010-2027, 1995. SIDRIM, J. J. C. & MOREIRA, J. L. B. Fundamentos Clínicos e Laboratoriais da Micologia Médica. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. SHIP, J. A. et al Use of prophylactic antifungals in the immunocompromised host. Oral Surger, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology and Endodontology, v. 103, Supplement 1, p. S6.e1-S6.e14, 2007. SILVA, L. et al. Nystatin-induced lipid vesicles permeabilization is strongly dependent of sterol structure. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1758 n. 4, p. 452-459, 2006. SILVA, C. L.; PEREIRA, J. C.; RAMALHO, A.; PAIS, A. A. C. C., SOUSA, J. J. S. Films based on chitosan polyelectrolyte complexes for skin drug delivery: 77 Development and characterization. Journal of Membrane Science, v.320, p.268279, 2008. SMART, J.D. “The basics and underlying mechanisms of mucoadhesion”. Adv. Drug Deliv. Reviews, 2005; 57:1556 1568. SOPPIMATH, K. S.; AMINABHAVI, T. M.; KULKARNI, A. R.; RUDZINSKI, W.E. Biodegradable polymeric nanoparticles as drug delivery devices. Journal of Controlled Release, v. 70, p. 1-20, 2001. SWEETMAN S. et al.(2003) Martindale. Guía completa de consulta Farmacoterapéutica.2ª edición española, Barcelona, Ed. Pharma Editores S, 2005. SODEK, J; MCKEE, M. E. Molecular and cellular biology ofalveolar bone. Periodontology. 2000, 24, 99-126. SVENSSON, S. Dendrimers as versatile platform in drug delivery applications. Eur. J. PHarm. Biopharm. , v. 71, n. 3, p. 445-462, 2009 TAMILVANAN, S. Progress in the design of biodegradable polymer-based microspheres for parenteral controlled delivery of therapeutic peptide/protein. In: Pharmaceutical Manufacturing Handbook: Production and Processes, GAD, S.C. New York: John Wiley & Sons, 2008. TAVARES, W. Manual de Antibióticos e Quimioterápicos Antiinfecciosos. 3. ed.; Rio de Janeiro: Atheneu, 2001, p. 20, 21, 747,748,749,758,759. UNITED STATES PHARMACOPEIA, 30 th ed. Rockville: The United States Pharmacopeial, 2007, v.1, p. 103-109. VALENTA, C. ; AUNER, B.G. The use of polymers for dermal and transdermal delivery. European Journal of Pharmaceuticals and Biopharmaceutical., v.58, n.2, p. 279-289. VEUILLEZ, F.; KALIA . Y.N. JACQUES, Y.; DESHUSSES, J.; BURI, P. Factors and strategies for improving buccal absorption of peptides. Eur. J. Pharm. Biopharm., v.51, p.93-109, 2001. VILLANOVA, J.C.O.; ORÉFICE, R.L.; CUNHA, A.S. Aplicações farmacêuticas de polímeros. Polímeros., v.20, n.1, p.51-64, 2010. VILLANOVA, J. C. O. & SÁ, V. R. - "Excipientes: guia prático para padronização", Pharmabooks, 2009. WANG, C.; YE, W.; ZHENG, Y.; LIU, Y.; TONG, Z.Fabrication of drug-loaded biodegradable microcapsules for controlled release by combination of solvent evaporation and layer-by-layer self-assembly International Journal of Pharmaceutics, Amsterdam, v. 338, n. 1/2, p. 165-173, 2007. 78 WECHSLER, S; FEHR, D; MOLENBERG, A; RAEBER, G; SCHENSE, J. C; WEBER, F. E. A novel tissue occlusive poly(ethylene glycol) hydrogel material. Journal of biomedical materials research. 2007, p. 286-292. WHITE, J.R.; TURNBULL, A. Review-weathering of polymers: mechanisms of degradation and stabilization, testing strategies and modeling. Journalofmaterialsscience, v.29, p.584-613, fev. 1994. WONG, A.C.L.; Biofilms in food processing environments. Journal of Dairy Science, Lancaster, v.81, n.10, p. 2765-2770, Out., 1998. WILLIAMS, K. R; BLAYNEY, A. W. Tissue response of several polymeric materials implanted in the rat middle ear. Biomaterials. 1987; 8: 254-8. WOODLEY, J. Bioadhesion, new possibilities for drug administration? Clin. Pharmacokinet., v.40, n.2, p.77-84, 2001. ZOPPI, R.A.; NUNES, S.P. Uso do Processo Sol-Gel na Obtenção de Materiais Híbridos Organo-Inorgânicos: Preparação, Caracterização e Aplicação em Eletrólitos de Estado Sólido. Polímeros: Cienc Tecnol., p. 27-36. Out/Dez – 1997.