UNIVERSIDADE SÃO MARCOS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA EM MÚSCULO-ESQUELÉTICA LUDIMILA AKIKO WATANABE PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NO SETOR DE FISIOTERAPIA DE UMA CLÍNICA DE ORTOPEDIA EM GOIÂNIA Goiânia 2012 LUDIMILA AKIKO WATANABE PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NO SETOR DE FISIOTERAPIA DE UMA CLÍNICA DE ORTOPEDIA EM GOIÂNIA Artigo apresentado ao curso de Especialização em Fisioterapia músculoesquelética do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada, chancelado pela Universidade São Marcos. Orientador: Prof. Ms. Adroaldo José Casa Jr. Goiânia 2012 RESUMO Perfil Epidemiológico Dos Pacientes Atendidos no Setor de Fisioterapia de uma Clínica de Ortopedia em Goiânia. Ludimila Akiko Watanabe Orientador: Adroaldo Jose Casa Junior Introdução: As lesões do sistema musculoesquelético vêm ocupando espaço diferenciado nas estatísticas e no numero de internações hospitalares, tanto para tratamento imediato quanto clinico e continuado. Assim faz-se de suma importância a realização de estudos epidemiológicos que definam o publico alvo a ser tratado. Objetivo: Traçar o perfil do paciente que fez tratamento no setor de fisioterapia músculo-esquelética de uma clínica de Goiânia, investigando o gênero e a faixa etária, bem como determinar as ocorrências mais freqüentemente tratadas. Métodos: Pesquisa quantitativa, epidemiológica e retrospectiva. Participaram do estudo 212 prontuários, sendo excluídos aqueles com equívoco no preenchimento ou a não existência de alguma das variáveis estudadas. Resultados: A média de idade da amostra foi de 42,38 anos (±15,46), sendo a faixa etária predominante de 21-40 anos com 42% dos pacientes; o sexo feminino predominou com 55,2 % e o local anatômico mais acometido foi o membro superior com 37,7%. As lesões mais encontradas foram as fraturas com 20,7%, seguidas da lombalgia com 14,6 %, tendinites com 11,8 % e lombociatalgia com 10,8 %. Conclusão: Foi possível identificar que as fraturas, a lombalgia e as tendinites foram as lesões mais encontradas; a faixa etária predominante foi a de 21 a 40 anos, o sexo feminino mais afetado e o segmento topográfico mais acometido foi os membros superiores. Palavras-chave: epidemiologia, musculoesqueléticas. modalidades de fisioterapia, anormalidades 3 ABSTRACT Epidemiological profile of patients treated in the Department of Physical Therapy of a Orthopedics Clinic in Goiânia Ludimila Akiko Watanabe Advisor: Adroaldo José Casa Junior Introduction: The injuries of the musculoskeletal system are occupying space in a different way on the statistic and at the number of hospitalizations both for immediate treatment and clinic and continued. So it is of paramount importance to epidemiological studies that define the target audience to be treated. Objective: To determine the characteristics of the patient who is treatment in the musculosketal physical therapy from a clinic in Goiânia, investigating gender and age, and to determine the events most frequently treated. Methods: Quantitative research, epidemiological and retrospective. The study included 212 patient charts, and excluded those with equivocal fill in the absence of any of the variables studied. Results: The mean age of the sample was 42.38 years (± 15.46), and the predominant age group of 21-40 years with 42% of patients, females predominated with 55.2% and the anatomical part most involved was the upper limb with 37.7%. The most frequent injuries were fractures with 20.7%, followed with 14.6% of back pain, tendonitis with 11.8% and low back pain with 10.8%. Conclusion: It was possible to identify that the fractures, back pain and tendinitis injuries were most frequent, the predominant age group was 21-40 years, females are more affected and the topographic segment most affected was the upper limbs. Keywords: epidemiology, modalities of physical therapy, musculoskeletal abnormalities. 4 INTRODUÇÃO O sistema Músculo-Esquelético, como qualquer outro sistema biológico, não é estático, mas está em um estado de equilíbrio constante, que é denominado homeostase, quando submetido a uma força ou a um estresse externo, um sistema biológico responderá de uma maneira muito específica, tentando restabelecer um estado de equilíbrio em resposta a uma mudança que tenha ocorrido no seu ambiente¹. Moléstias e lesões do sistema Músculo-Esquelético causam dor, deformidade e perda de função. Causando incapacitação em maior número de pessoas que os distúrbios de qualquer outro sistema do organismo2. Estima-se que 40% dos indivíduos manifestarão dor músculo-esquelética crônica em algum momento da vida³. Contrário a este cenário, está aquele no qual o sistema biológico adapta-se com sucesso ao novo ambiente, antes que a falência ocorra. Esta situação representa o condicionamento de um sistema biológico. O resultado é a hipertrofia, a função aumentada e conseqüente aumento no limite de tolerância do sistema¹. Após o trauma ou patologia ocorre mudança nos mecanismos neurológicos responsáveis pelo controle motor ocorrendo um redirecionamento no processo de renovação tecidual acompanhado de compensações indesejáveis4. Com a multiplicação da violência e com o grande aumento de veículos automotivos, principalmente nas grandes metrópoles as patologias traumáticas vem ocupando espaço diferenciado nas estatísticas e no número de internações hospitalares, tanta para tratamento imediato quanto clínico e continuado. Com isso, o trauma atingiu o primeiro lugar como etiologia de morbimortalidade na população de 0 a 39 anos de idade. O trauma é responsável por cerca de 150.000 mortes por ano, no entanto esse número é triplicado quando se inclui pacientes vitimados por invalidez permanente. É a causa do maior número de anos perdidos, superando o câncer e doenças cardiovasculares. Os custos decorrentes de trauma excedem 400 bilhões de dólares quando analisamos salários não recebidos, gastos com assistência médica, custos administrativos, destruição de propriedade, perdas por incêndio, encargos trabalhistas e perdas indiretas por acidentes de trabalho5. 5 As lesões do sistema músculo-esquelético, freqüentemente, se apresentam de forma dramática e ocorrem em até 85% dos pacientes vítimas de trauma fechado e, apesar de raramente causarem risco eminente de vida, torna-se essencial a realização de intervenções para a prevenção de lesões que possam pôr em perigo o membro afetado5. Vários autores desde tempos remotos vem estudando a lombalgia, afecção mais comum na população mundial. De acordo com pesquisadores especializados, o seu diagnóstico é difícil devido a inúmeros fatores: entre eles, trauma mecânicos, características psicossociais e comportamentais, tipo de ocupação, tipo e local da atividade física, os quais podem levar a uma disfunção ou algia na região lombar6. A tendinite é a condiçao inflamatória em um tendao agredido. A inflamação aguda é uma condição desencadeante do processo de reparação tecidual que, muitas vezes é exagerado podendo acarretar complicações. Lesões no tendão é um dos principais problemas relacionados a lesão por esforço repetitivo e a distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho7. A epidemiologia é definida como uma disciplina que estuda os fatores determinantes da frequência e da distribuição de doenças na população humana. Nas últimas três décadas as doenças crônicos-degenerativas estenderam-se gradualmente, assim alargou-se seu saber como ciência e também como técnica8. Pelo fato de se desconhecerem, muitas vezes, as causas ou relações que envolvem as lesões músculo-esqueléticas, recorre-se a epidemiologia, que pode fornecer e também favorecer as determinantes das condições de saúde, o estudo da distribuição e o uso dessas informações no controle e tratamento de doenças9. A busca de dados epidemiológicos tem como objetivo auxiliar as campanhas de prevenção, bem como traçar um perfil de determinados hospitais em relação a sua população10. Esse estudo visa proporcionar aos profissionais da saúde desta clínica um maior entendimento das patologias mais freqüentes e do perfil do paciente a ser tratado. Para os fisioterapeutas será de suma importância, haja vista que, através dos resultados obtidos esses profissionais poderão direcionar seus estudos e cursos para as técnicas de tratamento mais eficazes de acordo com tais patologias, assim o serviço será de maior qualidade e especializado. Além de melhor interação terapeuta-paciente. 6 CASUÍSTICA E MÉTODOS Trata-se de um estudo epidemiológico, quantitativo e retrospectivo, cuja coleta de dados foi realizada nos meses de Maio e Junho de 2009, na Clínica de ortopedia Só trauma, localizada na cidade de Goiânia, estado de Goiás. Foram avaliados 212 prontuários. Sendo incluídos prontuários de pacientes que realizaram tratamento na Clínica Só Trauma de Goiânia, nos setores de Fisioterapia Músculo-Esquelética no período de Janeiro a Julho de 2008; e excluídos do estudo prontuários com a não existência ou equívoco no preenchimento de alguma das variáveis dependentes que serão analisadas no estudo. No presente estudo utilizaram-se os seguintes materiais: Carta de autorização para coletas de dados, destinada à Clínica Só Trauma. (ANEXO 01). Os dados encontrados foram armazenados, para facilitação da análise, em uma planilha de controle dos pacientes atendidos no Setor de Fisioterapia Musculoesquelética (ANEXO 02). As variáveis contempladas pela planilha são: gênero, idade, sexo, local e tipo de acometimento da lesão. Os pacientes em tratamento fisioterapêutico de Janeiro a Julho de 2008 tiveram seus prontuários separados. Sendo analisadas as variáveis do estudo, dentre os quais se excluiu aqueles prontuários que não as continham. Depois de transcritos os dados para a planilha, houve arquivamento para posterior análise estatística. Os preceitos ético-legais estabelecidos de acordo com a resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde (1996), que trata de recomendações éticas quando da realização de pesquisa que envolva seres humanos. O protocolo desse estudo foi encaminhado para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, com posterior aprovação, sob número CEP/SCMG N.038/ 2008 (ANEXO 03). Para a estatística foi realizado uma análise descritiva dos dados com média, desvio padrão, freqüências e porcentagens, utilizando o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, versão 15.0) 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 1 apresenta as informações descritivas acerca da faixa etária, sexo e local de acometimento da amostra (n=212). Faixa etária Até 20 anos 21 – 40 anos 41 – 60 anos Acima de 60 anos Sexo Masculino Feminino Local de acometimento MMSS Coluna MMII N % 14 90 79 29 6,6 42,4 37,3 13,7 95 117 44,8 55,2 80 75 68 37,7 35,4 32,1 n (número de paciente) – frequência; % - Porcentagem A tabela 2 refere-se a valores sobre sexo e local de acometimento de acordo com a faixa etária. Sexo Masculino Feminino Acometimento MMSS Coluna MMII Até 20 anos (n=14) n (%) 21 – 40 anos (n=90) n (%) 41 – 60 anos (n=79) n (%) Acima de 60 anos (n=29) n (%) 4 (28,6) 10 (71,4) 52 (57,8) 38 (42,2) 34 (43,0) 45 (57,0) 5 (17,2) 24 (82,8) 6 (42,9) 3 (21,4) 5 (35,7) 34 (37,8) 26 (28,9) 32 (35,6) 28 (35,4) 35 (44,3) 23 (29,1) 12 (41,4) 11 (37,9) 8 (27,6) n (número de paciente)– frequência; % - Porcentagem 8 Em relação à idade dos pacientes, observou-se uma maior prevalência de lesões em indivíduos entre 21 a 40 anos de idade (42,4%), seguido por 41 a 60 anos (37,3% ) e acima de 60 anos (13,7%), faixa etária esta também prevalente no estudo de Hildebrand11, Gonzaga12. O sexo feminino foi predominante (55,2%), igualmente ao encontrado no estudo de Bolonine Hurba et al.13 e ao contrário de outros estudos que a predominância foi do sexo masculino10,11,28,29. Como demonstrado na pesquisa de Lemos, C.A.G14 a faixa etária que predominou no sexo masculino foi de 20 a 29 anos e do sexo feminino a dos superiores a 40 anos de idade, resultado também prevalente neste estudo (Tabela 02). O local de maior acometimento foi os membros superiores (MMSS) (37,7%), contrário ao estudo de Sousa, M.S.C. 9 onde os membros inferiores ( MMII) foram que tiveram maior prevalência de lesões. De acordo com a faixa etária a predominância foi da coluna (44,3%) em indivíduos com 41 a 60 anos de idade com predominância do sexo feminino, como descreveu Gonzaga12 em seu estudo. Dellatorre15 em sua pesquisa relatou que a faixa etária mais acometida foi de 10 a 19 anos. Referente ao tipo de patologia a mais encontrada foram as fraturas (20,7%) seguida da Lombalgia (14,6%) e tendinites (11,8%). (Tabela 03) Que vai de encontro ao estudo de Carvalho Junior16 onde as fraturas predominaram com 49, 77% dos casos, já Sousa, M.S.C.9 encontrou a entorse de tornozelo como a lesão predominante (30,0%), sendo que a fratura foi a segunda mais citada em seu estudo. E no estudo de Lemos, C.A.G.14 as fraturas também predominaram como as lesões mais comuns (62,2%), seguidas pelas contusões (7,5%) e luxações (6,5%). Já o estudo de Dellatorre15 as contusões (39,61%) predominaram seguidas das fraturas e entorses. As fraturas podem variar em diversos países de acordo com a faixa etária da população, violências, riscos de traumatismos, entre outros. No Brasil vários estudos apontam para altas taxas de fraturas como causa de internação ou atendimento em indivíduos vitima de causa externas. Sendo que as fraturas são uns dos eventos patológicos mais comuns na vida de um homem11. As fraturas nos idosos são normalmente decorrentes a traumas de baixa energia, determinando principalmente fratura no fêmur proximal, radio distal e coluna17. Nos idosos a osteoporose, a perda progressiva do equilíbrio, coordenação e postura devido ao comprometimento funcional dos sistemas sensorial, motor e central aumentam os riscos de 9 quedas, sendo esses causa importantes de morbidade e mortalidade, além de representar 12% dos óbitos dessa população. Sabe-se que as fraturas nos idosos comprometem a independência funcional, dificultam o retorno às atividades de vida diária e aumentam o risco de óbito18. Verificou-se que parte dos prontuários tinha a dor como diagnóstico clínico e não sintoma (7,5%). A dor é um sintoma subjetivo e suas manifestações são específicas em cada indivíduo. É uma experiência complexa que envolve dimensões fisiológica, sensitiva, afetiva, cognitiva, comportamental, sociocultural19. É responsável por parte significativa de demanda aos serviços de saúde20. A dor é a principal causa de limitação dos movimentos e da atividade e freqüentemente produz incapacitação, afeta a qualidade de vida dos indivíduos, e produz um impacto sócio-econômico significativo para seu portador12. O aparecimento da dor e o reconhecimento de diagnósticos provocam mudanças significativas na vida do paciente. Os transtornos que a dor provoca na vida do indivíduo constituem acontecimentos sociais, que vão alem de uma simples abordagem médica, a dor significa mais do que um simples problema físico21. Tabela 03– Tipos de patologias mais encontradas no estudo (n=212). n Fraturas 44 Lombalgia 31 Tendinites 25 Lombociatalgia 23 Dorsalgia 18 Dor 16 P.O. LCA 14 Entorses 13 Bursites 8 % 20,7 14,6 11,8 10,8 8,5 7,5 6,6 6,1 3,8 n (número de paciente com a patologia)– frequência; % - Porcentagem Quanto ao tipo de acometimento na coluna vertebral a lombalgia foi predominante (41,3%), seguido da lombociatalgia (30,7%) e cervicalgia (26,7%), mostrado na Tabela 04,de acordo com estudo de Matos22. E a faixa etária de maior acometimento da coluna foi 10 de 41 a 60 anos de idade, concordando com o estudo de Almeida, I.C.G.B.20 e discordando ao de Matos22 que mostrou 30-39 anos a faixa etária de maior acometimento. As dores lombares atingem níveis epidêmicos na população mundial20, sendo uma das mais comuns afecções musculoesqueléticas22. Ela é uma grande causa de incapacidade, ocorrendo em prevalências elevadas em todas as culturas, influenciando a capacidade de vida da pessoas22. A lombalgia é um sintoma altamente incapacitante, e gera altos níveis de absenteísmos no trabalho e elevados gastos com a saúde. Estimam-se que aproximadamente 70 a 85% de toda população mundial irá sentir dor lombar em alguma época de sua vida20. A coluna lombar provê suporte para a porção superior do corpo e transmite o peso dessa área para a pelve e os membros inferiores. E é uma das grandes aflições humanas19. Tabela 04 – Tipo de acometimento na coluna vertebral (n=75). n Dorsalgia 18 Cervicalgia 20 Lombalgia 31 Lombociatalgia 23 Cervicobraquialgia 4 Osteoartrose cervical 3 Osteoartrose lombar 1 % 24,0 26,7 41,3 30,7 5,3 4,0 1,3 n (número de acometimentos) – frequência; % - Porcentagem Nos MMSS a maior prevalência foi de tendinite do ombro (17,5%), seguido da fratura de cotovelo (11,25%) e dor em ombro (10,0%) (Tabela 5). Num estudo sobre afecções do ombro e cotovelo realizado por Cardozo filho23 encontrou com maior prevalência a instabilidade do ombro (24,02%), e a tendinite com apenas 3,06% dos casos estudados. Shiraishi24 constatou em seu estudo que dentre as lesões do manguito rotador, a tendinite do supra-espinhal obteve a maior freqüência (94,6%), seguida do músculo subescapular (3,6%) e músculo infra-espinhal (1,7%). 11 Num estudo realizado com atletas de canoagem o MMSS foi a segunda região mais acometida (41,03%), principalmente o ombro (17,95%), e o gesto esportivo seja a causa das lesões25. A tendinite ocorre em conseqüência de sobrecarga de tensão ou de atrito tecidual. O processo envolvido na patogênese e na história natural da tendinite pode ser dividido em quatro fases: inflamatória, proliferativa, de maturação e de fibrose26. Sugere-se que uma das causas da tendinite na região do ombro, deva-se a uma deficiência no ritmo escapulo-umeral, alterando a mecânica da articulação glenoumeral, outro fator que também pode estar relacionado é a parte longa do tendão do bíceps de friccionar-se contra a superfície do sulco intertubecular do umero25. A tendinite é uma condição inflamatória de um tendão agredido. É um dos principais problemas relacionados a lesão do esforço repetitivo e a distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho7. Carvalho Junior16 em seu estudo de lesões traumáticas em crianças e adolescentes foi encontrado a fratura como lesão predominante (49,77%), e que a fratura de radio é predominante, sendo que em relação ao cotovelo houve maior predominância das luxações (64,58%) 12 Tabela 05 – Local e tipo de acometimento nos MMSS (n=80) N Dor Ombro 8 Punho 2 Fratura Clavícula 1 Ombro 5 Cotovelo 9 Antebraço 2 Punho 7 Mão/dedo 7 Tendinite Ombro 14 Cotovelo 4 Punho 3 Bursite Ombro 4 Luxação Punho 1 Mão 1 Outros Síndrome do túnel do carpo 7 Capsulite adesiva ombro 2 Lesão nervo braquial e mediano 4 Retirada de tumor benigno 2 % 10,0 2,5 1,25 6,25 11,25 2,5 8,75 8,75 17,5 5,0 3,75 5,0 1,25 1,25 8,75 2,5 5,0 2,5 n (número de acometimentos) – freqüência; % - Porcentagem O pós -operatório de ligamento cruzado anterior (LCA) prevaleceu no tipo de acometimento nos MMII (20,6%), seguido da entorse de tornozelo (11,8%) e dor em joelho (10,3%) demonstrado na Tabela 06, o que contradiz ao estudo de Sousa, M.S.C9 onde a entorse de tornozelo foi a mais encontrada com 30% dos casos. No estudo de Braga Junior5 a entorse apareceu em segundo lugar como o tipo de lesão mais freqüente com 25%, contrariando o presente estudo que mostrou a entorse com 6,1% dos casos, mostrado na 13 tabela 3. Em um estudo sobre lesões no futebol, Giza27 demonstrou que as lesões de LCA representaram 4,6% e a entorse 7,51% de todas as lesões. A articulação do joelho é particularmente suscetível à lesão traumática por sua localização ser nas extremidades de dois braços de alavanca longos: a tíbia e o fêmur. Sua força depende dos ligamentos e músculos circundantes, pois a articulação conecta um osso longo sobre outro longo. Os ligamentos cruzados são os principais estabilizadores rotacionais do joelho19. O LCA é um importante estabilizador do joelho, restringindo a translação anterior da tíbia em relação ao fêmur, tendo um papel importante em atletas, como jogadores de futebol, ao realizar movimentos de corte, giro ou chutar28. Tabela 06 – Local e tipo de acometimento nos MMII (n=68) N Dor Joelho 7 Pé 1 Fratura Fêmur 3 Joelho 2 Tibia 1 Tornozelo 5 Pé 2 Tendinite Patela 2 Perna 1 Tornozelo 1 Entorse Joelho 5 Tornozelo 8 P.O. LCA 14 Lesão menisco 2 Bursite trocantérica 4 Condromalácia patelar 2 Gonartrose 2 Esporão de calcâneo 5 Fasceíte plantar 2 Outros 2 n (número de acometimentos) – frequência; % - Porcentagem % 10,3 1,5 4,4 2,9 1,5 7,3 2,9 2,9 1,5 1,5 7,3 11,8 20,6 2,9 5,9 2,9 2,9 7,3 2,9 2,9 14 CONCLUSÃO Conclui-se que as lesões mais encontradas foram as fraturas, seguidas da lombalgia e tendinites. A faixa etária predominante foi de 21 a 40 anos e o sexo feminino foi o mais acometido. O local anatômico com maior prevalência foi o membro superior. Sugere-se um maior aprofundamento com futuro estudo para analisar variáveis como: mecanismo de lesão, tipo de convênio utilizado, cruzamento de variáveis como patologia e idade, tipos de terapias utilizadas, quantidade de sessões realizadas pelo paciente, se paciente completou tratamento, dentre outras. Dentre algumas dificuldades encontradas no presente estudo encontra-se o diagnóstico médico, sendo em vários prontuários foi apenas citada a dor, que é um sintoma, e o local de acometimento, não sendo possível perceber se a princípio foi indicada a fisioterapia para alívio de sintomas e posterior melhor avaliação e diagnóstico preciso. Desde já fica fundamentada a importância do conhecimento da avaliação cinesiofuncional do profissional fisioterapeuta para que nessas condições consiga se orientar para um tratamento específico e eficaz. Com o presente estudo poderá o profissional da saúde da clínica direcionar sua prática para as melhores técnicas e tratamentos de determinadas doenças, assim alcançando um maior êxito na sua prática profissional. AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus, que sempre iluminou meu caminho me dando muita fé e coragem para seguir em frente, a toda a minha família, amigos, colegas de profissão que me incentivaram e me deram forças. Agradeço também ao corpo docente do CEAFI, especialmente ao professor Adroaldo José Casa Junior que agregou muito a minha formação e me serviu de inspiração. 15 REFERÊNCIAS 1-Gross J; Fetto J; Rosen E. Exame Músculo-Esquelético. Porto Alegre: Editora Artmed; 2000. 2- Weinstein S.L.; Buckwalter J.Á. Ortopedia de Turek - princípios e sua aplicação. 5 ed. São Paulo: Editora Manole; 2000. 3-Martinez J.E., Macedo A.C., Faria B.C.P., Correa F.N., Jorge C.M., Trevisani D.T.. 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Prezado Sr. Carlos Alberto Jayme Como requisito básico para conclusão do curso de Pós Graduação em Fisioterapia Músculo-Esquelética, estaremos realizando trabalho de conclusão de curso - com caráter epidemiológico – sobre os atendimentos realizados nos setores de fisioterapia músculoesquelética da Clínica Só Trauma. Face o exposto, solicitamos sua autorização para coletarmos, através dos prontuários dos pacientes, as informações necessárias para a elaboração da pesquisa neste local. Informamos que para resguardar a identidade dos pacientes envolvidos neste trabalho, os nomes dos mesmos não serão divulgados e também serão atendidos os critérios constantes da portaria 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Informamos, ainda, que não será requerido nenhum recurso financeiro ou material para a elaboração da pesquisa. Certos de sua colaboração, antecipamos nossos agradecimentos. Atenciosamente, ________________________ Dr. Carlos Alberto Jayme Diretor da Clínica Só Trauma Msc. Adroaldo José Casa Junior Ludimila Akiko Watanabe 20 ANEXO 02 PLANILHA DE CONTROLE DOS PACIENTES ATENDIDOS Número do Nome prontuário Gênero Idade Diagnóstico Região clínico acometida 21 ANEXO 03