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Reportagem publicada na revista Mídia e Saúde em janeiro de 2008 baseada em
entrevista com Dr. Jeferson a respeito de otites e dor de ouvido.
1- O que são otites?
A otite é uma inflamação que atinge o ouvido
2- Existe classificação?
Se existe! A classificação é ampla e não há total acordo entre os autores. O importante é
ressaltar que normalmente quando se fala em otite , refere-se a otite média, aquela que
acomete o tímpano e é a mais comum em crianças e talvez seja a causa deste assunto
ser tão comentado, mas também existem as otites externas que acometem o conduto
auditivo externo.
3- Qual a faixa etária mais atingida?
A faixa etária mais comum para as otites médias é de crianças a partir de seis meses
até 6 ou 7 anos, as otites externas são mais comuns em jovens e adultos.
4- Quais as causas?
As otites médias são relacionadas às infecções das vias aéreas superiores, ou seja,
gripes e resfriados, portanto têm as mesmas causas, sendo mais comum com clima frio
e seco, ambientes inadequados com má ventilação, fatores alérgicos como poeira
doméstica, ácaros e mofos, creche e escolinhas iniciadas precocemente, fatores da
imunidade da criança como estado nutricional, abuso de antibióticos, etc, ou seja, os
mesmos fatores que levam à maior chance de infecções respiratórias , também levam à
maior chance de otites médias. As otites externas relacionam-se com trauma do conduto
auditivo, em geral pelo hábito de coçar e remover cerume com cotonete e também com
excesso de umidade, por isso é mais comum no verão.
5- Quais os sintomas?
As otites médias se caracterizam principalmente por dor, muitas vezes intensa e
repentina, o que assusta muito os pais. Em geral a criança está com congestão nasal
associada, pode ter febre e com atividade diminuída. Após os primeiros dias ,
dependendo da idade do paciente, este pode queixar-se de ouvido “tampado ou
entupido”. Em alguns casos pode haver “vazamento”, com saída de secreção, às vezes
com sangue, o que alarma mais ainda os pais. A otite externa em geral inicia-se com
prurido e após dor que pode ser muito intensa.
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6- Ela pode causar problemas mais sérios?
Dependendo da gravidade da infecção há a possibilidade de uma otite média deixar
seqüelas como perfuração no tímpano, resultando em episódios de otorréia
(“vazamento”) intermitente e perda em grau variável da audição, mas que também é
reversível com tratamento. Pelo fato do ouvido ter relação anatômica próxima com
estruturas intracranianas, são possíveis complicações graves como meningite, mas que
têm sido raras. Talvez o problema mais comum das otites é a persistência de secreção
na cavidade timpânica, constituindo o que chamamos de otite média secretora. Nesta
condição a criança não tem dor mas tem uma perda de audição que pode passar
despercebida, porém com conseqüências no desenvolvimento da linguagem ou no
desempenho escolar.
7- Quais os tipos de tratamento?
Depende do diagnóstico. Quando diagnosticamos uma otite média bacteriana, o
tratamento consiste em antibióticos. A dor e a febre também são controlados com
medicamentos. Entretanto, muita atenção deve ser dada aos fatores que poderiam
contribuir para a persistência ou repetição do quadro, que são os fatores relacionados às
infecções das vias aéreas superiores que já foram comentados. Muitas vezes nos
deparamos com crianças que já estão no terceiro ou quarto tratamento com antibióticos
e as verdadeiras causas não foram valorizadas, como por exemplo a freqüência em
creches com ambiente inadequado, superpopulação de crianças, alergias, doenças que
afetam a imunidade, entre outros.
As otites externas são tratadas com orientações relacionadas ao abandono de fatores
desencadeantes e com medicação tópica, às vezes há necessidade de curativos
realizados em consultório.
8- É possível prevenir as otites?
Além do que já comentamos em relação às otites médias, as otites externas podem ser
evitadas, para isso, é importante evitar a entrada de água no ouvido, principalmente nos
casos de otites externas de repetição, assim como evitar a limpeza com cotonete. O
Cerume atua no conduto auditivo como protetor da pele, impermeabilizando-a e não
deve ser removido. Não deve, portanto, ser considerado uma sujeira. Em um ouvido
saudável o excesso de cerume é eliminado naturalmente. Eventualmente se houver
excesso a ponto do paciente perceber o ouvido tampado, a remoção deve ser realizada
por um especialista. A limpeza rotineira do ouvido deve ser realizada até onde nosso
dedo pode alcançar , com auxílio de um lenço de papel por exemplo, ou a toalha após o
banho.
9- Qual o período do ano que mais favorece as otites?
Como já comentado as otites médias ocorrem mais no inverno e as otites externas no
verão.
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10- A criança deve ser levada ao médico toda vez que sentir dor de ouvido?
Depende. Nos casos em que os pais já estão bem orientados pelas outras vezes que foi
ao médico e se sentem seguros em relação ao que está acontecendo, não haveria
necessidade e a situação poderia ser controlada com uso de analgésicos.
Recomendamos não utilizar gotas tópicas sem a indicação precisa. O calor local com
compressas ou bolsas de água quente tem uma boa ação anti-inflamatória e analgésica.
Muitas vezes a otite pode ter origem viral e melhorar sem medicação específica,
curando junto com o resfriado e os pais podem controlar os sintomas com estas
medidas. É claro que qualquer dúvida deve ser esclarecida com o médico. Uma
orientação importante é observar a audição, o desenvolvimento da linguagem, ou seja, a
qualidade da fala da criança e o desempenho escolar em crianças com episódios de otite
recorrentes.
11- Como os pais podem constatar que seu filho pode estar sofrendo de dor de ouvido?
A dor de ouvido por uma otite média na fase aguda na criança maior não deixa dúvida
pois em geral é intensa, e a criança a localiza levando a mão ao ouvido afetado. A
presença de sintomas de gripes e resfriados associados reforçam a suspeita, como
comentamos. Entretanto, as crianças menores não têm essa capacidade de localização, e
a suspeita se baseia nos sintomas respiratórios associados, febre, irritabilidade e outros
sintomas sistêmicos.É muito comum os pais associarem o sintoma de irritabilidade em
bebês com otite. O fato do bebê levar a mão à orelha quando está irritado, o que é
relatado por muitos desses pais, não deve ser muito valorizado, pois, como dissemos,
nesta idade ele não tem a capacidade de localizar o sintoma que o incomoda, e a causa
da irritabilidade pode ser outra. É importante lembrar que abaixo dos seis meses as
otites são menos comuns, principalmente se a criança amamenta e não freqüenta creche.
Nesses casos os sintomas sistêmicos devem ser mais valorizados e o diagnóstico deve
ser cauteloso a fim de se evitar tratamentos desnecessários com antibióticos nesta idade,
investigando sem precipitação a verdadeira causa da irritabilidade com seu pediatra ou
otorrino.
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