UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DOUTORADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE Bacillus licheniformis e Geobacillus stearothermophilus. PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE E DEGRADAÇÃO DE DIBENZOTIOFENO (DBT) POR UMA NOVA AMOSTRA DE Geobacillus stearothermophilus UCP 986. MABEL CALINA DE FRANÇA PAZ RECIFE - PE 2005 MABEL CALINA DE FRANÇA PAZ IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE Bacillus licheniformis e Geobacillus stearothermophilus. PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE E DEGRADAÇÃO DE DIBENZOTIOFENO (DBT) – POR UMA NOVA AMOSTRA DE Geobacillus stearothermophilus UCP 986. Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos, para obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas. Área: Microbiologia ORIENTADORA: Profα. Dra. GALBA MARIA CAMPOS-TAKAKI CO-ORIENTADORA: Profa. Dra. BEATRIZ SUZANA O. DE CEBALLOS RECIFE Fevereiro - 2005 “O anjo do senhor acampa-se ao redor. dos que o temem, e os livra” Salmo 34:7 Dedico a Minerva minha mãe, a Iure meu filho, Cristina, Múcio e Mivaldo meus irmãos, por todos os bons momentos vividos e as ausências compreendidas. AGRADECIMENTOS Algumas pessoas e instituições contribuíram, diretas ou indiretamente, para a realização deste Curso. A todas agradeço pelo apoio nunca negado nos momentos difíceis: - A Deus luz que me conduziu incessantemente nesta estrada; - À minha família, pela compreensão nos momentos mais difíceis e no estímulo de lutar por meus ideais, tão necessária para seguir adiante; - A Iure Augustus, grande amor da minha vida e combustível para lutar por dias melhores; - À Professora Galba Maria de Campos-Takaki, pela orientação e oportunidade de realizar este trabalho; - À Professora Beatriz Ceballos, pela orientação em todas as fases da minha vida profissional, e até pelos “puxões de orelha” que tanto me fizeram crescer; - Aos meus amigos do CCB – Maria de Fátima Andrade (especial), Ricardo Kenji Shiosaki, Luciana Matta, Danielly Bruneska, Jorge Brito, Norma Evangelista, Vânia Andrade, Thayza Stamford, Leila Cabral, Andréa Caldas entre outros tão importantes na minha conquista, que me incentivaram e ajudaram com conselhos, ombros e ouvidos amigos; - Aos meus amigos do NPCIAMB – Luciana Franco, Marcos Lima, Marcos Moraes, Danielle Renata, João Neto, Marta Lúcia, André Santiago, Raquel Rufino, Petrusk Homero, Mabel Hanna Harrop, Clarissa Daisy Albuquerque, Patrícia Souza, Mariluce Barbosa, Fabíola Almeida, Thayse Lima, Juliana Luna, Carolina Buarque, Charles Bronzo pelos momentos de confraternização intensa e apoio nas horas de trabalho; - Aos técnicos do NPCIAMB, Severino Humberto de Almeida, Salatiel Joaquim de Santana e Sonia Maria de Souza, pelo auxilio durante a fase experimental; - A Secretária do CCB, Srta. Adenilda Eugenia pelos inestimáveis conselhos e amizade; - As funcionárias do CCB, Liana e Jaci pelo auxilio durante o curso; - Aos Professores do NPCIAMB, Leonie Sarubbo, Alexandra Salgueiro, Carlos Alberto da Silva, Valdemir Alexandre dos Santos, Aline Nascimento e Kaoru Okada, pelos bons momentos de convivência; - Ao Professor e amigo, Bemvindo Gomes por toda amizade, apoio e inestimáveis ensinamentos ministrados durante todos estes anos; - Aos Professores do CCB, Luis Bezerra de Carvalho Junior, José Luiz de Lima Filho, Laise Holanda Cavalcanti, Luana Cassandra Coelho, Ana Lucia Porto, entre outros pelos ensinamentos ministrados ao longo do curso; - Ao Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, pelo acesso ao Núcleo de pesquisas em Ciências Ambientais (NPCIAMB); - Ao CNPq, CNPq/ CTPETRO, FINEP, pelo financiamento dos experimentos realizados; - Ao Engenheiro Carlos José Holanda Gurgel – PETROBRÁS/ LUBNOR, pelo auxilio nos estudos realizados naquela instituição. - À Banca examinadora, pelas valiosas sugestões. SUMÁRIO Lista de Figuras ............................................................................................... i Lista de Tabelas ..............................................................................................iii RESUMO......................................................................................................... X ABSTRACT.....................................................................................................XI 1. Introdução geral.......................................................................................... 1 2. Revisão Bibliográfica ................................................................................... 5 2.1. Considerações Gerais: Bacillus e Geobacillus............................................ 5 2.2. Surfactantes ............................................................................................ 7 2.2.1. Estrutura e origem microbiológica......................................................... 9 2.2.2. Aplicações dos biossurfactantes .......................................................... 11 2.3. Petróleo e derivados ............................................................................... 13 2.3.1 Origem e caracterização do petróleo .................................................... 13 2.3.2. Processo de refino ............................................................................... 14 2.3.3. Compostos organosulfurados .............................................................. 15 2.4. Tratamento de efluentes......................................................................... 16 2.4.1. Efluentes industriais petroquímicos ................................................... 18 2.4.2. Tratamento biológico dos efluentes petroquímicos .............................. 19 2.4.3. Tratamento biológico de compostos organosulfurados......................... 20 2.4.4. Organismos extremófilos versus Tratamento biológico de efluentes..... 24 2.4.5. Organismos redutores de compostos sulfurados ................................. 25 3. Referências Bibliográficas ......................................................................... 28 1º Artigo – Identificação e caracterização morfofisiológica e bioquímica de amostras de bactérias da família Bacillaceae 1. Introdução e Revisão Bibliográfica..............................................................42. 2. Material e Métodos....................................................................................44. 3. Resultados e Discussão....................................................... .....................47 4. Referências Bibliográficas ......................................................................... 53 2º Artigo – Influência de cloreto de sódio e de cobre na produção de biomassa e de biossurfactante por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 1. Introdução e Revisão Bibliográfica..............................................................69. 2. Material e Métodos.....................................................................................71. 3. Resultados e Discussão.............................................................................73. 4. Referências Bibliográficas ........................................................................ 78. 3º Artigo – Produção e caracterização de biossurfactantes por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 1. Introdução e Revisão Bibliográfica.............................................................93 2. Material e Métodos.............................................................. .................. ...95 3. Resultados e Discussão.......................................................................... ...98 4. Referências Bibliográficas .......................................... .............................102 4º Artigo – Degradação do dibenzotiofeno por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 1. Introdução e Revisão Bibliográfica .......................................................... 113 2. Material e Métodos.................................................................................. 116 3. Resultados e Discussão........................................................................... 118 4. Referências Bibliográficas ....................................................................... 123 4. CONCLUSÕES GERAIS........................................................................... 136 ANEXOS ..................................................................................................... 138 LISTA DE FIGURAS Revisão Bibliográfica Figura 1 Estrutura de surfactante (virtuallaboratory. net)............................. 10 Figura 2. Processo de refino do petróleo (Petrobrás. com.br).................... ......14 Figura 3.Dibenzotiofeno – DBT (Kropp et al, 1997) ........................................ 20 Figura 4: Vias degradativas do Dibenzotiofeno (Alves et al, 1999).................. 23 Artigo 1 – Identificação e caracterização morfofisiológica de amostras de bactérias da família Bacillaceae Figura 1 Dendograma apresentando a distribuição média e grau de similaridade entre os grupos de Bacillus licheniformis isolados do Porto do Recife a 50ºC. .... 63 Figura 2 Dendograma apresentando a distribuição média e grau de similaridade entre os grupos de B. licheniformis isolados do Lodo Têxtil a 55ºC. ................... 64 Figura 3 Dendograma apresentando a distribuição média e grau de similaridade entre os grupos de B. licheniformis e G. stearothermophilus isolados do Porto do Recife, de Efluente e Lodo Têxtil a 60ºC ............................................................ 65 Artigo 2 - Influência de cloreto de sódio e de cobre na produção de biomassa e de biossurfactante por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 Figura 1. Diagrama de Pareto de efeitos padronizados. Variável resposta: índice de emulsificação com 96 horas de cultivo de G. stearothermophilus.............................88 Figura 2. Diagrama de Pareto de efeitos padronizados. Variável resposta: biomassa com 96 horas de cultivo de G. stearothermophilus ................................................. 89 Artigo 3 – Produção e caracterização e de biossurfactante por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 Figura 1. Cinética de crescimento consumo de glicose, curva de pH, biomassa (g), índice e atividade de emulsificação no liquido metabólico livre de células após 48 horas de fermentação de G. stearothermophilus........................................... 107 Artigo 4 – Degradação do dibenzotiofeno por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986. Figura 1: Viabilidade celular do G. stearothermophilus na presença de DBT durante 30 horas de cultivo.. ................................................................................... 128 Figura 2: Consumo de glicose do G. stearothermophilus em diferentes concentrações de DBT durante 30 horas de cultivo............................................................ 129 Figura 3: Perfil de proteínas totais do G. stearothermophilus em diferentes concentrações de DBT durante 30 horas de cultivo..................................... 130 Figura 4: Curva do pH durante o crescimento do G. stearothermophilus UCP 986 na presença das diferentes concentrações de DBT (0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1 mM) durante 30 horas de cultivo ..................................................................................... 131 Figura 5: Biomassa total do G.stearothermophilus na presença de DBT durante 30 horas de cultivo.. ........................................................................................ 132 Figura 6. Espectrograma de massas dos metabólitos provenientes da degradação do dibenzotiofeno com 4 horas de cultivo G.stearothermophilus .............................. ................................................................................................................... 133 Figura 7. Espectrograma de massas dos metabólitos provenientes da degradação do dibenzotiofeno com 12 horas de cultivo G.stearothermophilus ............................ ................................................................................................................... 134 Figura 8. Espectrograma de massas dos metabólitos provenientes da degradação do dibenzotiofeno com 30 horas de cultivo de G.stearothermophilus....................... ................................................................................................................... 135 LISTA DE TABELAS Revisão Bibliográfica Tabela 1. Principais biossurfactantes e sua origem microbiológica ................ 11 Artigo 1 – Identificação e caracterização morfofisiológica de amostras bactérias da família Bacillaceae Tabela 1. Características das amostras de Bacillus licheniformis isoladas do Porto do Recife – termofilico facultativo 50ºC ................................................................. Tabela 2. Características das amostras de Bacillus licheniformis isoladas do Porto do Recife – termofilico facultativo 55ºC .................................................................. Tabela 3. Características das amostras de Bacillus licheniformis e Geobacillus stearothermophilus isoladas do Porto do Recife – termofilico facultativo 60ºC. ......................................................................................................................... Tabela 4. Características das amostras de Bacillus licheniformis isoladas do Porto do Recife - termofilico facultativo 50ºC................................................................... Tabela 5. Características das amostras de Bacillus licheniformis isoladas do Porto do Recife – termofilico facultativo 55ºC .................................................................. Tabela 6. Características das amostras de Bacillus licheniformis e Geobacillus stearothermophilus isoladas do Porto do Recife – termofilico facultativo 60ºC.... ......................................................................................................................... Artigo 2 - Influência de cloreto de sódio e de cobre na produção de biomassa e de biossurfactante por Geobacillus stearothermophilus UCP 986 Tabela 1. Valores das variáveis independentes nos níveis -1 e +1 e no ponto central .................................................................................................................... 84. Tabela 2. Planejamento fatorial com resultados de pH, biomassa, índice de emulsificação, atividade de emulsificação e tensão superficial, após 96 horas de cultivo.......................................................................................................... 85. Artigo 3 – Produção e caracterização e de biossurfactante por Geobacillus stearothermophilus UCP 986. Tabela 1. Termoestabilidade do líquido metabólico livre de células do G. stearothermophilus UCP 986 após fermentação de 48 horas........................ 109 Tabela 2. Efeito do pH na estabilidade do biossurfactante produzido por Geobacillus stearothermophilus UCP 986 após 48 horas de fermentação........................ 109 Tabela 3. Efeito da concentração de sal na estabilidade do biossurfactante produzido por G.stearothermophilus UCP 986 após fermentação de 48 horas.... ................................................................................................................... 109 RESUMO Amostras de bactérias pertencentes à família Bacillaceae foram isoladas de solo do Porto do Recife, de uma área contaminada por petróleo; de efluente e lodo de indústria têxtil, identificadas 26 amostras como Bacillus licheniformis e 02 amsotras de Geobacillus stearothermophilus, apresentando similaridade quanto as características morfofisiológicas e bioquímicas tais como: crescimento em diferentes temperaturas e concentrações de cloreto de sódio; utilização do citrato; redução do nitrato a nitrito; produção de oxidase, catalase e amilase; fermentação de açúcares; posição dos endosporos; hemólise e susceptibilidade aos antibióticos. Das espécies estudadas, a nova amostra de G.stearothermophilus apresentou características consideradas biotecnologicamente interessantes de termofilia e halofilia, além de uma excelente capacidade de produção de biossurfactante, com estabilidade em condições adversas de pH, temperatura e salinidade, demonstrando grande reduçao da tensão superficial. O dibenzotiofeno (DBT), composto organosulfurado presente em combustíveis como óleo diesel e lubrificantes foi analisado seu processo de degradação por G. stearothermophilus. Observou-se que o microrganismo foi capaz de degradar 77% do dibenzotiofeno, clivando suas ligações carbono-carbono, retirando o átomo de enxofre, transformando-o em compostos alifáticos de fácil degradação ambiental. O novo isolado de G. stearothermophilus UCP 986 apresenta caracteristicas importantes em condições adversas (termofilia e halofilia), demonstrando ser um excelente candidato em tratamentos “in situ” nos processos de melhoramento da recuperação de óleo (MEOR) em refinarias. ABSTRACT The strains belonging the Bacillaceae family had been isolated from soil, of contaminated area of petroleum in the Porto of Recife, effluents, and sludge of textile industry. The were identified 26 strains as Bacillus licheniformis and 02 strains as Geobacillus stearothermophilus, presenting similarity to some morphophysiologics and biochemical characteristics, such as: growth in different temperatures and sodium chloride concentrations; use of the citrate; reduction of nitrate to nitrite; fermentation of sugars; position of the endospores; production of amylase, oxidase and catalase; hemolyse and susceptibility to antibiotics. The strain G. stearothermophilus showed biotechnological characteristics such as: thermophilic and halophilic; beyond an excellent capacity biosurfactant production; stability in adverse conditions of pH, temperature, and high salinity, and demonstrating reduction of the superficial tension. The dibenzotiophene (DBT), organosulfur composition in fuels as oil diesel and lubrificants, had been analyzed your process of degradation by G.stearothermophilus. It was observed that, G. stearothermophilus was capable to 77% degradated the dibenzotiophene, breaking linking carboncarbon, removal the sulphur atom, transforming into aliphatics compounds of easy degradation in the environment. The new isolated of G. stearothermophilus UCP 986 showed important characteristics in adverse conditions, demonstrating to be able an excellent candidate in treatments "in situ" in the processes of improvement on the oil recovery (MEOR) in refineries. 1. INTRODUÇÃO GERAL O gênero Bacillus foi descrito desde o século XIX, com base na sua habilidade de motilidade e esporulação, evidenciando a morfologia e presença de flagelos que o diferenciava do gênero Clostridium (Forsyth et al., 1998). Segundo Sneath (1986), os Bacillus são descritos como aeróbios que degradam gelatina e formam colônia do tipo rizóide, e sua distinção do outro gênero da família Bacillaceae – Clostridium – está na utilização do oxigênio e na forma de seus esporos. O gênero Bacillus é considerado cosmopolita, pois seus representantes são encontrados no solo, na água e até na poeira do ar. São sapróbios, embora algumas espécies são consideradas patogênicas. Em geral são gram positivos ou gram variáveis, móveis, aeróbios, apresentam forma de bastonetes, produzem endósporos que os tornam resistentes ao calor e outros agentes esterilizantes (TORTORA et al., 2003). As espécies de Bacillus são consideradas bem distribuídas no solo, na água e no ar e seu estudo taxonômico evoluiu bastante nos últimos anos com o desenvolvimento das técnicas moleculares (RNA 16S), mas sua identificação e classificação ainda são dificultadas, pois consomem muito tempo e são considerados laboriosos (DICKINSON et al., 2004), os que fazem necessário o emprego de combinação dos métodos tradicionais, quimiotaxonômicos, moleculares e genéticas para se obter um completo e definido perfil da família Bacillaceae (FORSYTH et al. 1998). Microrganismos capazes de degradar substratos insolúveis em água como os hidrocarbonetos sólidos e líquidos, gorduras, óleos e graxas, causando sérios problemas ambientais associados à poluição orgânica, usualmente produzem substâncias com características emulsificantes, como biosurfactantes (GERSON, 1993; ROCHA, 1999; MULLIGAN, 2004). Alguns surfactantes, conhecidos como biossurfactantes, são produzidos por leveduras ou bactérias a partir de vários substratos solúveis, como açúcares, e insolúveis, alcanos, óleos e resíduos (LIN et al., 1993; LIN, 1998; ROONGSAWANG et al., 1999; BODOUR, 2003). Após a segunda Grande Guerra Mundial, a indústria petroquímica experimentou um acelerado crescimento, que se mantêm até hoje, com produção de resíduos orgânicos que exercem forte efeito poluidor. Atualmente, os poluentes industriais, em especial os produzidos em refinarias de óleos provocando despejos de hidrocarbonetos aromáticos policiclícos e compostos organosulfurados, e entre os inorgânicos, os metais pesados (BRAILE, 1993). O setor petroquímico produz efluentes com substâncias poluentes de composição extremamente variável, tais como o dibenzotiofeno (DBT), que afeta a saúde humana e aos ecossistemas em geral pelas suas características de toxicidade e mutagenicidade (MARGESIN & SCHINNER, 1999; GIANFREDA & NANNIPIERI, 2001). Em geral, os métodos de tratamento biológico para efluentes industriais petroquímicos através de processos de biossorção e biodegradação os resíduos são tratados através de uma rica população de microrganismos autóctones ou não, que sobrevivem às condições adversas (MINO et al., 1994). Atualmente, os efeitos causados pelos compostos sulfurados como DBT (dibenzotiofeno) entre outros, encontrados normalmente no carvão vegetal, óleo diesel e alguns lubrificantes, juntamente com íons metálicos, são considerados tóxicos ao homem e aos animais em níveis elevados. Os órgãos de defesa ambiental (IBAMA, CONAMA e Secretarias Ambientais – Estaduais e Municipais) buscam regulamentar ou atenuar o uso de compostos que causam impactos, através do emprego de legislações rígidas. Dentre as leis ambientais, encontra-se a resolução CONAMA nº20/1986, que estabelece critérios de lançamentos de resíduos em corpos aquáticos; Ministério da Saúde – Resolução 518/2004, que se refere à qualidade para consumo humano, como também indica quais parâmetros são necessários para avaliar a capacidade de um corpo receptor tem de autodepurar os contaminantes nele lançados. O uso de microrganismos no tratamento biológico de águas contaminadas vem promovendo importantes mudanças nos processos tecnológicos de tratamentos como sorção, acumulação e remediação, pois se mostram excelentes nestas ações, possibilitando a retirada de substâncias consideradas tóxicas encontradas nos rejeitos de atividades industriais do petróleo. Considerando a escassez de água de boa qualidade que pode ser destinada ao consumo humano, e o racionamento previsto para este milênio, estudos sobre biorremediação devem ser realizados visando sua aplicação futura no tratamento biológico de águas residuárias, em especial efluentes petroquímicos, criando perspectivas de reutilização. Procura-se, no contexto de sustentabilidade, a alternativa de tratar biologicamente os resíduos sem alterar o meio ambiente, retirando dele as substâncias recalcitrantes geradas pelas atividades antrópicas que formam resíduos como os organosulfurados e íons de metais pesados, encontrados em efluentes de indústrias petroquímicas e refinarias de óleo. Assim, torna-se importante o isolamento, a identificação e a caracterização de novos microrganismos isolados de ecossistemas impactados, tendo em vista o processo de adaptação às condições de estresse e a possibilidade de apresentar propriedades degradativas diferenciadas. Portanto, o presente trabalho foi desenvolvido visando atender aos seguintes objetivos descritos na forma de artigos: a) Identificar e caracterizar morfofisiológica e bioquímica das amostras de bactérias da família Bacillaceae isoladas de solo do Porto do Recife, contaminado por petróleo, de efluente e lodo de indústria têxtil; b) Investigar a influência de cloreto de sódio e cobre na produção de biomassa e biossurfactantes por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986; c) Realizar a produção e caracterização de biossurfactantes por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986; d) Investigar a degradação de Dibenzotiofeno - DBT por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Considerações Gerais: Bacillus e Geobacillus Bacillus é um gênero bacteriano gram-positivo, considerado ubíquo na natureza (solo, água, ar e até na “poeira” de ossos em decomposição), e algumas espécies são “naturais” da biota intestinal humana. Sua característica marcante é a capacidade de formar endosporos em condições de estresse ambiental. Apenas dois de seus representantes são considerados patogênicos à espécie humana, Bacillus anthracis e Bacillus cereus, e os demais, são denominados sapróbios inofensivos (MYRVIK & WEISER, 1988; LOGAN & DeVOS, 1998). Os representantes do gênero Bacillus apresentam características fisiológicas abrangentes, pois há espécies de caráter mesofílico, termofilico facultativos, ou obrigatório e termófilos extremos, psicrófilos, acidófilas, halófilas, ou seja, organismos capazes de crescer em condições extremas de temperatura, pH e salinidade. Normalmente, a maioria dos representantes é mesofílicos, embora existam espécies termofílicas, cujas características têm sofrido alterações conforme o ambiente no qual tenha sido isolado, e devido a este fato, o gênero Bacillus está dividido mais recentemente em Geobacillus (LOGAN & De VOS, 1998; MARCHANT et al., 2003). Apresentam-se como bastonetes gram-positivos ou gram variáveis, formadores de endosporos. Em suas culturas, apresenta-se com longas cadeias com endósporos centrais. Sua parede celular é formada por um polipeptídio constituído pelo ácido D-glutâmico, que tem características antifagocíticas, que muitos estudos consideram uma das principais chaves de sua virulência (MYRVIK & WEISER, 1988). Contudo, uma das principais distinções entre os membros da família Bacillaceae é a produção de catalase que distingue as espécies de Bacillus dos demais. Muitas espécies formam ácido em meios com carboidratos e algumas como B. macerans e B. polymixia, produzem também gás. Em geral, fermentam os açúcares glicose, maltose e sacarose e raramente a lactose. Secretam enzimas proteolíticas e hidrolisam a caseína e gelatina; algumas espécies produzem hemolisinas e reduzem nitrato. Todas as espécies, exceto B.anthracis, são móveis. Na grande maioria, as espécies são aeróbias, produzem enzimas como a catalase e a superóxido dismutase, crescem em meios sintéticos que contenham açúcares, ácidos orgânicos e álcoois como fonte de carbono e amônia como fonte de nitrogênio e poucos isolados precisam de suplementação com vitaminas (TORTORA et al., 2003). Outra característica extracelular, como a produção de enzimas hidrolíticas que quebram polissacarídeos, ácidos nucléicos e lipídeos, permitem que estes organismos utilizem os produtos da degradação como fonte de energia (LOGAN & TURNBULL, 1998). O uso dos microrganismos termofilicos do gênero Bacillus apresenta-se importante nos processos de biorremediação de resíduos industriais, pelo potencial biotecnológico de degradação de substâncias recalcitrantes. 2.2. Surfactantes A poluição ambiental por derivados do petróleo é um problema de escala mundial, pois a cada ano aumenta a quantidade de resíduos oleosos emitidos pelas indústrias. Com isso, cresce o estímulo aos estudos de aplicação de microrganismos no tratamento destes resíduos de forma que não altere a qualidade de vida da população, que está intrinsecamente ligada à qualidade ambiental (VANCEHARROP et al, 2004; URUM et al., 2004). Os surfactantes constituem uma classe importante de compostos químicos amplamente utilizados em diversos setores industriais, tais como farmacêuticos, cosméticos e alimentícios, entre outros. Suas inúmeras aplicações em diversos setores industriais envolvem desde a ação de detergência à solubilização e dispersão de fases. Grande parte dos surfactantes comercialmente disponível é sintetizada a partir de derivados do petróleo (NITSCHKE & PASTORE, 2002). Os surfactantes são substâncias anfipáticas que tendem a se localizar preferencialmente na interface entre fases fluidas, tais como interfases óleo-água ou gás-água, formando um filme molecular que reduz a tensão interfacial, sendo responsável pelas propriedades singulares das moléculas surfactantes (BANAT, 1995; SARUBBO, 1997; SARUBBO et al., 2001). Os compostos de origem microbiana, denominados biossurfactantes, são produtos metabólicos de bactérias, fungos filamentosos e leveduras e exibem propriedades surfactantes com alta capacidade emulsificante e redução da tensão superficial (SOO et al., 2004). Os biossurfactantes possuem a capacidade de emulsificar e dispersar os hidrocarbonetos em água, tornando-os disponíveis e com isso retirá-los do ambiente “naturalmente”, através de processos como mineralização e solubilização (MARCHESI et al., 1994; CHUN et al., 2002). Em geral, os biossurfactantes têm aplicações diversas: terapêuticas, ao produzir ação inibitória no crescimento do vírus do HIV em leucócitos; na agricultura, ao promover e facilitar a homogeneização de fertilizantes no solo; na indústria de cosméticos, produzindo ação umectante; na indústria alimentícia, no fabrico de emulsificantes, entre outras aplicações (BANAT, 1995; SARUBBO, 1997, NITSCHKE & PASTORE, 2002, 2004). Os biossurfactantes apresentam diversas vantagens em relação aos surfactantes sintéticos e podem ser utilizados em uma gama de aplicações industriais, porém ainda não são utilizados em larga escala devido aos custos de sua produção (SARUBBO, 1997; RON & ROSENBERG, 2001), apesar de serem produzidos a partir de recursos renováveis e apresentarem baixos custos de produção, como também baixa toxicidade (URUM et al., 2004). Os surfactantes produzidos por microrganismos apresentam vantagens sobre os sintéticos, como alta bioavaliabilidade, boa biodegradabilidade, produção a partir de substratos renováveis e estabilidade (LIN et al., 1998). Diversos microrganismos são estudados na produção de agentes biosurfactantes; entre eles encontram-se bactérias como: Arthrobacter sp., Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter calcoaceticus, Bacillus subtilis, Bacillus licheniformis; entre as leveduras estão: Candida lipolytica, Candida tropicalis, Torulopsis bombicola, entre tantos outros capazes de produzir diferentes tipos de bioemulsificantes (DESAI & BANAT, 1997, HUA et al., 2003). Com a globalização da indústria e a necessidade de sustentabilidade ambiental, em que se busca tratar praticamente todos os resíduos gerados nas atividades antrópicas, vê-se que, nesse contexto, a biotecnologia apresenta um desafio, que é oferecer soluções viáveis para sanar os problemas ambientais gerados pelos grandes Relacionados complexos industriais, entre ao tratamento desses tipos eles de a indústria petroquímica. despejos, os processos de biorremediação e biorremoção como tecnologias inovadoras apresentam resultados satisfatórios na remoção dos compostos derivados do petróleo na sua maioria recalcitrante, como os hidrocarbonetos aromáticos policiclícos – HAP, metais pesados, entre outros poluentes hidrofóbicos (RAHMAN et al., 2003; HUA et al, 2003; QUEIROGA et al., 2003). Os biossurfactantes são produzidos com uso de diversos substratos, incluindo açúcares, óleos, alcanos e resíduos da indústria de margarina, petróleo, etc. São agrupados como: glicolipídeos, lipopetídeos, fosfolipídeos, ácidos graxos, lipídeos neutros, poliméricos e compostos particulados. Muitos desses compostos são aniônicos ou neutros e alguns são catiônicos, quando apresentam grupamento amino (MULLIGAN, 2004). 2.2.1 Estrutura e origem microbiológica Os biossurfactantes são classificados principalmente por sua composição química, como apresentado na Figura 1. Observa-se, uma porção hidrofílica, constituída de aminoácidos ou peptídeos (mono, di ou polipeptídios), e uma porção hidrofóbica de ácidos graxos (saturados ou insaturados). Figura 1: Estrutura de um surfactante (Fonte: http: //virtuallaboratory. net). Os biossurfactante são produzidos por uma gama de microrganismos, distribuídos por uma variedade de gêneros (Tabela 1) e estes podem utilizar uma grande diversidade de substratos, desde hidrocarbonetos até substratos solúveis (DESAI & BANAT, 1997; HEALY et al., 1996; BORDAS & LaFRANCE, 2001; SARUBBO et al., 2001; YOUSSEF et al., 2004; AKSU, 2004; VANCE-HARROP et al, 2004 ). Tabela 1: Principais biossurfactantes e sua origem microbiológica. Biossurfactantes Glicolipídeos Rhamnolipídeos Trealolipídeos Lipídeos sulfurosos Microrganismos Pseudomonas aeruginosa Pseudomonas sp. Rhodococcus erythropolis Nocardia erythropolis Torulopsis bombicola T.apicola Lipopeptídeos e lipoproteínas Peptídeo – lipídeo Viscosina Surfactina Subtilisina Polimixina Ácidos graxos, lipídeos neutros e fosfolipídeos. Bacillus licheniformis Pseudomonas fluorescens Bacillus subtilis Bacillus subtilis B.polymyxa Ácidos graxos Lipídeo neutros Fosfolipídeo Biosurfactante poliméricos Corynebacterium lepus Nocardia erythropolis Thiobacillus thiooxidans Emulsan Biodispersan Proteína-manana-lipídeo Liposan Proteína PA Acinetobacter calcoaceticus A.calcoaceticus Candida tropicalis Candida lipolytica Pseudomonas aeruginosa Fonte: Desai & Banat, 1997. 2.2.2. Aplicações dos biossurfactantes Na era da globalização das indústrias, muitas delas consideradas clássicas estão sendo modernizadas e redirecionadas para novas tecnologias, tendo um grande desafio, gerenciar o emprego de pesquisas sem alterar a produtividade. Segundo Banat et al. (2000), os rápidos desenvolvimentos na biotecnologia e o aumento da consciência ambiental entre os produtores e consumidores, estão colocando os produtos biológicos na preferência de mercado. O maior mercado para os biossurfactantes é a indústria petrolífera, onde são utilizados tanto para produção do petróleo quantos para a incorporação em formulações do óleo lubrificantes (COBEÑAS et al., 1998; BORDAS & LaFRANCE, 2001).Também são aplicados em tratamentos como biorremediação e dispersão no derramamento de óleos, remoção e mobilização de resíduos de óleo em tanques de estocagem, e a recuperação melhorada de petróleo (MEOR) (VAN HAMME et al., 2003; MULIGAN, 2004; NITSCHKE & PASTORE, 2004). Outras aplicações dos biossurfactantes encontram-se na agricultura, quando são utilizados em formulações de herbicidas e pesticidas (LIN et al, 1998); na indústria farmacêutica na inibição da formação de coágulos, na atividade antibacteriana e antifúngica, na atividade antiviral e antitumoral (NITSCHKE & PASTORE, 2002a; 2004b; VANCE-HARROP, 2004); além do emprego na indústria de papel, têxtil e cerâmica (BANAT et al., 2000). Ainda que as excelentes propriedades físico-químicas, como redução da tensão superficial e atividades de emulsificação, indiquem um potencial industrial elevado dos biossurfactantes, seus custos de produção mostram-se ainda altos, quando comparados aos produtos sintéticos, sendo necessário maior incentivo para o estabelecimento de produtos mais viáveis economicamente. 2.3 Petróleo e derivados 2.3.1 Origem e caracterização do petróleo O petróleo é composto de hidrocarbonetos em seus três estados e considerado a principal fonte de energia mundial. Contém também pequenas quantidades de compostos de enxofre, oxigênio, nitrogênio. Na antiguidade, era usado para fins medicinais ou para lubrificação, sendo conhecido com os nomes de óleo de pedra, óleo mineral e óleo de nafta. Atribuíam-se ao petróleo propriedades laxantes, cicatrizantes e anti-sépticas. Os resíduos orgânicos, de bactérias, de produtos nitrogenados e sulfurados no petróleo indicam que ele é o resultado de uma transformação da matéria orgânica acumulada por milhões de anos nas profundezas dos oceanos, dos mares e de solos, sob pressão das camadas de sedimentos que foram se depositando e formando rochas sedimentares (AECIPE, 2002). O conjunto dos produtos provenientes desta degradação, hidrocarbonetos e compostos voláteis, misturados aos sedimentos e aos resíduos orgânicos, está contido na rocha-mãe; a partir daí o petróleo é expulso sob efeito da compactação provocada pela sedimentação, migrando para impregnar areias ou rochas mais porosas e mais permeáveis, tais como arenitos ou calcários (SACCHETTA, 2003). Os produtos derivados do petróleo como os gases (metano, etano, propano e butano) apresentam importância pelo seu emprego como fontes de energia na sociedade atual. A gasolina, o querosene, o diesel, os óleos, as graxas e as ceras, os lubrificantes, sem deixar de comentar o asfalto, o produto final do processo de refino, aplica-se em inúmeros processos de desenvolvimento atual (SACCHETTA, 2003). Todos este produtos, de alguma forma contribuem para a economia mundial maciçamente. 2.3.2- Processo de refino O processo (Figura 2) começa pela dessalinização do petróleo bruto em que são eliminados os sais minerais, depois, o óleo é aquecido a 320° C em fornos de fogo direto, passando para as unidades de fracionamento, onde podem ocorrer até três etapas. A etapa principal do refino é realizada em uma coluna atmosférica os petróleos aquecidos, introduzidos na parte inferior da coluna junto com vapor de água para facilitar a destilação. Desta coluna, surgem às frações ou extrações laterais, que serão transformadas até a obtenção dos produtos finais desejados. Uma série de produtos é obtida, tendo em vista as necessidades dos consumidores como carburantes gasolinas especiais, combustíveis e produtos diversos (PEREIRA JUNIOR & LOUVISSE, 2000). Figura 2: Processo de refino do petróleo (Fonte: www.petrobras.com.br/ petróleo/ refino). 2.3.3 - Compostos organosulfurados Os compostos organosulfurados são encontrados nos combustíveis como óleo diesel, gás de cozinha, gasolina e alguns lubrificantes de motores, que apresentam uma certa quantidade de enxofre. Nos dias atuais, seu uso está sendo controlado pelos órgãos de defesa ambiental de diversos países desenvolvidos. Os compostos orgânicos que apresentam enxofre nos combustíveis fósseis formam uma fração embora pequena, muito importante devido a sua baixa degradabilidade. O petróleo bruto possui entre 0,04 a 5% de enxofre, e, quanto mais denso maior é esta fração (KROPP et al., 1997). Na Europa, nos Estados Unidos e Japão, o nível de enxofre permitido nos combustíveis é de cerca de 15 ppm (mg S.l-1 óleo) e foi estabelecido somente até os próximos anos (meados de 2005). A partir de então, devem diminuir suas concentrações com a finalidade de minimizar a poluição do ar, do solo e da água e os danos causados pela chuva ácida (FURUYA et al. 2003). No Brasil, a legislação ambiental que é rica em regulamentações quanto à disposição e tratamento de resíduos recalcitrantes, busca implementar leis que visem sanar possíveis transtornos, que possam ocorrer caso não haja um controle rígido dos resíduos gerados na queima dos combustíveis fosséis, principalmente os produtos que contaminam o ar, o solo e água. Para cada ecossistema avaliado há em vigência, uma gama de regulamentações no manejo destes, que buscam não atrapalhar o desenvolvimento sócio-econômico do país e sim, buscar desenvolver sem causar sérios danos ao meio ambiente. Entretanto, os constantes esforços da população científica buscam alternativas de combustíveis e produtos menos impactantes ao meio ambiente, tais como o biodiesel, e métodos de tratamento de baixo custo e alta eficiência. 2.4 - Tratamento de Efluentes Na natureza, a matéria orgânica é convertida em produtos mineralizados por mecanismos naturais físicos de sedimentação, químicos de adsorção, transformação e precipitação, e biológicos de transformação, adsorção e assimilação, caracterizando o chamado fenômeno da autodepuração, que geralmente é demorado e incontrolável (Von SPERLING, 1996). Os processos de tratamento dos efluentes petroquímicos podem ser: físicos, químicos e biológicos. Os métodos físicos mais utilizados são flotação, separação por gravidade, adsorção e extração, correspondendo à retirada de material sólido do efluente final. Os métodos químicos mais comuns são neutralização, coagulação seguida de precipitação, oxidação e combustão (Van HAANDEL & MARAIS, 1999). Os efluentes não tratados acumulam-se e produzem resíduos que causam problemas ambientais de ordens econômicas, sociais, de saúde pública e até de interesse político. Em geral, os efluentes contêm nutrientes que podem estimular o crescimento desenfreado de plantas aquáticas, algas e cianobactérias, quando estes são lançados em lagos, açudes, rios, mares etc; causam o desequilíbrio desses corpos de água, além do que, podem apresentar composição extremamente tóxica, como os hidrocarbonetos encontrados em resíduos petroquímicos, têxteis, os quais são de difícil decomposição (METCALF & EDDY, 1991). Um dos métodos mais usados no tratamento de efluentes industriais é o de Lodos Ativados, onde uma população microbiana diversificada age na degradação dos compostos orgânicos em geral. O tratamento biológico de efluentes industriais com culturas puras ou consorciadas apresenta uma alta eficiência na remoção dos compostos químicos, desde que estas estejam adaptadas a esses compostos dentro do sistema de lodos ativados, para que então possam ter um bom desempenho no tratamento (GONZALEZ et al., 2001). Segundo Ururahy et al. (1998) bactérias, leveduras e fungos filamentosos têm sido citados na literatura como agentes transformadores eficazes, face a habilidade em degradar ampla gama de substâncias orgânicas, comumente encontradas nos efluentes das refinarias. Os contaminantes derivados do petróleo têm sido tratados satisfatoriamente sob condições anaeróbias, condição que predomina nos tratamentos de compostos orgânicos e inorgânicos em refinarias e aqüíferos contaminados por estes compostos, que podem ser biotransformados ou bioimobilizados (COATES & ANDERSON, 2000). Para Kambourova et al. (2003), o tratamento biológico apresenta diversas vantagens, pois a mineralização promove a destruição permanente dos resíduos e elimina os riscos de futuras contaminações, aumentando o nível de aceitação pública. Além disto, os processos biológicos quando combinados a outros métodos, tais como físicos – altas temperaturas, químicos e surfactantes, possibilitam o aumento da eficiência total do tratamento (FEITKENHAUER et al., 2003). A proteção do meio ambiente contra agentes poluidores de origem industrial é um problema complexo para os países em desenvolvimento. Inicialmente, torna-se necessário caracterizar as diferentes formas de contaminação do meio ambiente causada pela atividade industrial, sem restringir o desenvolvimento socioeconômico de um país, mantendo equilíbrio ambiental (CAIRNCROSS, 1992). Os efluentes produzidos pela indústria podem ser classificados conforme o tipo de poluição, em situações diferentes como: (1) poluição total, quando os corpos receptores são afetados “diretamente” comprometendo a saúde da população, podendo ser reduzida com a instalação de estações de tratamento de água e esgotos; (2) poluições químicas, que se refere a um estágio da poluição insidiosa, causada pelo despejo contínuo da água (ANDRADE NETO & CAMPOS, 2000). Os compostos químicos mais sofisticados encontrados nos efluentes petroquímicos são os organofosforados, sulfurados, policlorados e bifenóis, que são poucos detectáveis pelas baixíssimas concentrações em que ocorrem disfarçando sua presença (BRAILE & CAVALCANTI, 1993). Segundo Bitton (1994), os maiores contaminantes encontrados nos efluentes industriais são orgânicos biodegradáveis (menor fração), compostos orgânicos voláteis, orgânicos recalcitrantes, metais tóxicos considerados resistentes à biorremediação, além de nutrientes como nitrogênio e fósforo e alguns microrganismos, patogênicos ou não patogênicos. 2.4.1. Efluentes Industriais Petroquímicos A poluição por matéria orgânica cresce bastante desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que acelerou a expansão da indústria petroquímica. A maioria dos despejos industriais é passível de tratamento biológico, desde que os mesmos visem à redução da demanda bioquímica de oxigênio (DBO), do teor de sólidos totais (ST), como também a concentração de nutrientes, gorduras e toxidez (PAVLOSTHATIS, 1994). Os resíduos petroquímicos apresentam complexa mistura de compostos divididos em quatro famílias: hidrocarbonetos alifáticos, cíclicos, aromáticos e compostos que apresentam enxofre em sua estrutura, denominado genericamente como organosulfurados (ALVES et al. 1999). Os compostos organosulfurados representam uma pequena parcela nos efluentes de refinarias, que em geral apresentam grande dimetilsulfoxido, variedade fenilsulfeto, as de compostos sulfonas, etc). recalcitrantes Embora em (benzotiofeno, quantidades consideradas pequenas, são extremamente nocivos ao homem e ao ambiente, já que sua presença pode causar irritação das mucosas, espasmos musculares e dos brônquios, além de provocar corrosão nos equipamentos da refinaria e chuva ácida (DENOME et al., 1993; ALVES et al., 1999). Existe uma variedade de compostos orgânicos sulfurados que se encontram na combustão do petróleo, entre eles, o dibenzotiofeno (DBT), um composto recalcitrante encontrado nos destilados médios (óleo diesel, lubrificantes finos, etc), e o estudo do seu tratamento tem sido considerado modelo no tratamento de combustíveis fósseis (RHEE et al., 1998). 2.4.2- Tratamento biológico dos efluentes petroquímicos Os processos biológicos de tratamento de efluentes petroquímicos são considerados mais econômicos, embora sejam mais complexos que o tratamento de efluentes domésticos ou de outras indústrias (BRAILE & CAVALCANTI, 1993). Esses tratamentos reduzem o teor de matéria orgânica e melhoram a aparência do resíduo. Neste tratamento, o tempo é um fator importante seguido do tamanho da molécula a ser degradada. Observa-se que quanto menor a molécula, mais suscetível à degradação biológica, fazendo com que a biodegradabilidade seja mais rápida nos compostos alifáticos e cíclico-alifáticos do que nos compostos aromáticos. Também a isomerização estrutural afeta a biodegradabilidade relativa de muitas classes de substâncias (GROUDEVA et al., 1992). 2.4.3- Tratamento biológico de compostos organosulfurados O tratamento convencional de alguns compostos organosulfurados dos combustíveis fósseis como o dibenzotiofeno (DBT) (Figura 3), é feito através da técnica de hidrodesulfurização, empregada nas refinarias, a qual requer emprego de altas temperaturas e gastos elevados de energia, e assim o mesmo não remove efetivamente os compostos sulfurados policiclícos (FOLSOM et al., 1999). Figura 3: Dibenzotiofeno – DBT (Fonte: Kropp et al, 1997) Os compostos sulfurados inorgânicos e orgânicos são considerados importantes aceptores e doadores de elétrons na respiração anaeróbia e aeróbia, respectivamente (POSTGATE, 1979). Alguns microrganismos e principalmente bactérias, possuem a capacidade de formar H2S quando em condições de alcalinidade na presença de íons como NH4+, Mg2++ e PO4-3 , formando um precipitado; possuem a habilidade de oxidar sulfito, sulfeto e tiosulfato na presença de oxigênio, nitrato e nitrito, todos como aceptores de elétrons (MARINGOLO & KIHARA, 2002; FUSELER et al., 1996). Existem três vias de degradação do dibenzotiofeno, realizadas por microrganismos gram-positivos: via de Kodama, via de Afferden e via do 4S (Figura 4); esta última tem sido considerada a mais simples de ocorrer com microrganismos como os Bacillus, segundo Alves et al. (1999). As vias metabólicas apresentam características importantes, tais como: na Via de Kodama (A), o átomo de enxofre não é removido, apenas ocorre uma ruptura das ligações C-C, no final os produtos formados são 3-hidroxi-2-formilobenzotiofeno e a permanência do núcleo tiofênico, onde facilita o ataque dos microrganismos. Na Via de Van Afferden(B) o enxofre é removido na forma de íon sulfito que é oxidado a sulfato por oxidação abiótica, que propicia a ruptura da estrutura carbonada e desta forma o DBT é utilizado como nutriente pelo microrganismo como fonte de carbono e enxofre. A terceira via metabólica, Via “4S” ou via sulfóxido-sulfona-sulfonato-sulfato, trata-se de uma via que remove o átomo de enxofre, onde o grupo tiofênico sofre um ataque oxidativo progressivo dos microrganismos, como Rhodococcus sp. e Bacillus sp. (ALVES et al., 1999). Os microrganismos capazes de degradar compostos sulfurados são diversos quanto às suas características morfofisiológicas. Os representantes do gênero Bacillus, são capazes de reduzir o enxofre elementar (Sº), tiosulfato, sulfeto entre outros compostos sulfurados, devido a sua característica heterotrófica, mesmo que a maioria seja anaeróbia estrita. Os gêneros Desulfonema e Desulfovibrio, vários autores encontraram redutores de sulfato sob condições temporária de aerobiose na interface oxi-anóxica de sedimentos (de até 5% de oxigênio), onde cresceriam pobremente, caracterizando-se por apresentar mecanismos de redução das concentrações deste, assim como respostas comportamentais para se proteger, como migração, formação de agregados e de bandas na região mais anóxica do gradiente oxi-anóxico do sedimento ou das condições artificiais de cultura (SASS et al. 2002). As bactérias redutoras de enxofre (SRB), constituem um grupo de procariotos bastante diversificado, que contribui para a manutenção de processos essenciais no ambiente, tais como os de regulação da ciclagem da matéria orgânica e até a metilação do mercúrio (CASTRO et al., 2000). . Figura 4: Vias degradativas do Dibenzotiofeno - Via A: Via de Kodama; Via B: Via de Afferden; - Via do 4 “S” (Fonte Alves et al. 1999). 2.4.4- Organismos extremófilos versus Tratamento biológico de efluentes Existem microrganismos capazes de proliferar em ambientes variados caracterizados por valores extremos de temperatura, salinidade e pH, que, inicialmente, seriam considerados inviáveis ao seu desenvolvimento. A capacidade de adaptação a estes ambientes extremos torna-os valiosos para o homem devido a sua ampla aplicação biotecnológica no tratamento de resíduos gerados por atividades antrópicas, principalmente industriais. Extremófilos são microrganismos que se desenvolvem em ambientes adversos, e que têm despertado grandes interesses biotecnológicos, devido à expressão de suas enzimas que possuem alta estabilidade termodinâmica e mostram-se inativas em temperaturas amenas, como as mesofílicas (GIUFFRÈ et al., 1999). As enzimas produzidas em condições de extremofilia ou termoestáveis são versáteis e importantes para uma variedade de indústrias que apresentam resíduos de sua atividade, compostos recalcitrantes, detergentes, indústria do açúcar, petroquímica, entre outros (FUJIWARA, 2002). Segundo Santos et al. (2002), a extremofilia não constitui uma característica filogenética, embora alguns casos ocorram em ambos os domínios procariotos (Bacteria e Archaea). Encontram-se, entre as Archaea, hipertermófilos (temperatura ótima de crescimento superior a 100ºC) como também entre os halófilos, Halobacteriaceae (ambientes com 5.2 M de NaCl) e as acidófilas, com maior resistência a determinados ambientes (FUJIWARA, 2002; CECH et al.,1994). 2.4.5. - Organismos redutores de compostos sulfurados Todos os organismos requerem enxofre para a síntese de proteína e cofatores essenciais, podendo estes ser assimilados a partir de fontes inorgânicas como os sulfatos e os tiosulfatos, ou de fontes orgânicas, como ésteres sulfatos e sulfonatos (COPPÉE et al., 2001). Segundo Tortora et al. (2003), algumas bactérias dos gêneros Pseudomonas, Proteus, Campylobacter e Salmonella são capazes de reduzir o enxofre elementar (S0), bem como outros compostos sulfurados como tiosulfato, sulfeto e dimetilsulfóxido, pois apresentam uma propriedade muito comum na variedade heterotrófica, sendo geralmente aeróbias facultativas. Microrganismos como as bactérias púrpuras não-sulfuradas, são incapazes de oxidar o enxofre fundamental (S0), que é produzido na oxidação do sulfito e que não é estocado no interior da célula bacteriana; estas bactérias apresentam metabolismo fototrófico facultativo e são capazes de crescer aerobiamente no escuro ou anaerobiamente na presença de luz. Entretanto, as bactérias púrpuras sulfuradas são encontradas em zonas anaeróbias ou em fontes de enxofre no ambiente, crescendo em pH elevados, utilizando piruvato e acetato na degradação (MELO & AZEVEDO, 1997). Há arqueobactérias dependentes de enxofre, que são termófilas acidofílicas, anaeróbias obrigatórias, que reduzem o enxofre fundamental (S0) a sulfeto de hidrogênio (H2S) usando elétrons a partir da oxidação de compostos orgânicos ou inorgânicos. Os gêneros Thermococcus e Thermoproteus são heterotróficos, oxidam uma variedade de compostos orgânicos, em particular pequenos peptídeos, glicose e amido anaerobiamente em presença de enxofre como aceptor de elétrons. O gênero Sulfolobus é anaeróbio e heterótrofo e pode ser extremamente termófilo (MARINGOLO & KIHARA, 2002; BADE et al., 2000). O enxofre é relativamente abundante no ambiente, e a água do mar é considerada um grande reservatório de sulfato, além de outros materiais como os combustíveis fósseis e a matéria orgânica. As transformações que ocorrem com o enxofre dependem da atmosfera que predomina no ambiente, no caso da mineralização do enxofre orgânico; este processo é realizado pela ação de microrganismos em condições de aerobiose ou anaerobiose (BITTON, 1994). O processo de oxidação biológica e redução de compostos sulfurados na biosfera estão relacionado com a mobilização e imobilização de metais nos ciclos biogeoquímicos. Bactérias capazes de oxidar enxofre, em geral o utilizam como fonte de energia para o desenvolvimento quimiolitotrófico, produzindo sulfato de metal solúvel e ácido sulfúrico (WHITE et al., 1998). Bacillus subtilis e alguns microrganismos gram-positivos (Rhodococcus sp., Corynebacterium sp. etc), possuem a capacidade de oxidar compostos sulfurados, tornando-os aceptores finais ou simplesmente doadores de elétrons, assim como as demais redutoras de enxofre, que podem reduzir ou formar sulfatos em ambas condições com e sem oxigênio, consideradas bactérias redutoras de enxofre (SRB). Os produtos finais em ambientes anaeróbios são sulfato, sulfito e sulfeto em ambientes aeróbios, quando a temperatura considerada ótima para que ocorra este processo esteja na faixa de 40ºC - 52ºC (SASS et al. 2001; SPINNLER et al., 2001). Cepas acidofílicas e autotróficas mostram-se capazes de promover a oxidação anaeróbia do enxofre junto com a redução do íon Fe (III), evidenciando seu potencial na ciclagem do enxofre no ambiente (KUSEL et al. 2001). Os estudos biotecnológicos têm feito grandes esforços em aumentar a habilidade dos gêneros, Rhodococcus, Corynebacterium, Mycobacterium, Desulfovibrio, Paenibacillus, Sphingomonas, na degradação de alguns compostos sulfurados que ocorre apenas em temperaturas elevadas, contudo, os gêneros citados apenas degradam em ambientes mesofílicos (DONALD & SOUTHAM, 1999). A biodesulfurização de derivados do petróleo ou substâncias que apresentem enxofre em sua composição é mais vantajosa em altas temperaturas, não sendo necessário o emprego de um segundo tratamento, como a hidrodesulfurização, que utilizam produtos químicos e promovem a catálise dos organosulfurados heterocíclicos na presença de metais (ODA & OHTA, 2002; GUEDES et al., 2001). Linhagens bacterianas classificadas como acidófilas e autotróficas promovem a oxidação anaeróbia do enxofre e a redução do íon Fe (III), sendo consideradas importantes na ciclagem do enxofre no ambiente. KUSEL et al, (2001), destacam que em condições ambientais de pH neutro, a oxidação anaeróbia do enxofre é mediada, principalmente, por bactérias quimiolitotróficas, de forma que o pH decresce, atingindo uma faixa de 2 – 3, ocorrendo redução de produção primária no ambiente. Contudo, esta transformação pode ser neutralizada pela ação de microrganismos que utilizam o Fe (III) e o sulfato como aceptores elétrons, formando um precipitado ou sedimento (VERMEIJ & KERTESZ, 1999). A desulfurização do enxofre por ação de microrganismos, principalmente bactérias, transforma o sulfito em enxofre livre (S0), consumindo como nutriente essencial e convencional, oxidando HCO3 e matéria orgânica em C e CO2 no período de 120h (AWADALLAH et al. 1998). 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AECIPE. 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IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MORFOFISIOLÓGICA E BIOQUÍMICA DE AMOSTRAS DE BACTÉRIAS DA FAMÍLIA BACILLACEAE Mabel Calina de França Paz 1,4 ; Ricardo Kenji Shiosaki4, Beatriz Susana Ovruski de Ceballos 2; Galba Maria de Campos-Takaki 1 2 3,4* Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – CCB/ UFPE; Universidade Federal de Campina Grande - AESA/UFCG; 3 Departamento de Química - 4 Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP; Núcleo de Pesquisa em Ciências Ambientais – NPCIAMB – PE Recife, PE, Brasil. Resumo Neste trabalho foram identificadas amostras de bactérias da família Bacillaceae isoladas do solo do Porto do Recife, de uma área contaminada por petróleo; de efluente e lodo de indústria têxtil. As amostras foram avaliadas quanto às características morfofisiológicas e bioquímicas através de crescimento em diferentes temperaturas e concentração de cloreto de sódio, produção de amilase, redução do nitrato a nitrito, oxidase, utilização do citrato, sensibilidade a antibióticos, fermentação de açucares, motilidade, posição de endosporos, hemólise, Gram e catalase. Das amostras identificadas vinte e seis são da espécie Bacillus licheniformis, sendo 14 consideradas termofílicas facultativas com crescimento a 50ºC, 5 com identificadas como termofílicas moderado, crescimento a 55ºC e 4 amostras termofílicas com crescimento a 60ºC, com capacidade de sobrevivência em condições moderadas de salinidade; e duas amostras pertencem à espécie Geobacillus stearothermophilus termofilico (60ºC), e halofílico, cresce a 10 % de NaCl. *Corresponding author: Profa. Dra. Galba Maria de Campos-Takaki, Departamento de Química, Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais, Universidade Católica de Pernambuco. Rua Nunes Machado, 42, Boa Vista. 500050-590, Recife-PE, Brasil, E-mail: [email protected] Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 1. Introdução A família Bacillaceae está constituída por uma diversidade de microrganismos formadores de esporos, destacando-se o gênero Bacillus, considerado ubíquo na natureza e caracterizado como formado por microrganismos aeróbios que hidrolisam gelatina formando colônias do tipo rizóide, sendo distinguido de Clostridium pela utilização do oxigênio e pela localização dos esporos (26). O gênero Bacillus, de acordo com a temperatura de crescimento e alterações ambientais, encontra-se constituído por representantes mesofílicos e termofilicos, que se apresentam como bastonetes Gram-positivos ou variáveis e formam endosporos que podem estar localizados na posição central, terminal e subterminal. A parede celular é constituída por peptideoglicano com características antifagocitárias, que muitos estudos consideram uma das principais chaves de sua virulência (17). A família Bacillaceae Alicyclobacillus; Gracilibacillus; está Paenibacillus; Ureibacillus; e constituída Brevibacillus; mais por gêneros Salibacillus; recentemente, como Bacillus, Aneurinibacillus; Geobacillus. O gênero Geobacillus apresenta características de microrganismos extremófilos com temperatura ótima de crescimento em torno de 60ºC, aeróbios ou anaeróbios facultativos, podendo ser encontrado em ambientes bem diversificados, apresentando grande potencial para o tratamento de ambientes contaminados por resíduos recalcitrantes (16). Os estudos taxonômicos sobre a família Bacillaceae, seus gêneros e espécies têm evoluído nos últimos anos com o aparecimento das técnicas moleculares (RNA ribossomal 16S); contudo, sua completa identificação ainda é considerada Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... difícil, sendo necessário o emprego de marcadores bioquímicos, moleculares, como métodos auxiliares à taxonomia morfológica (7). Neste trabalho foram realizadas a identificação, caracterização morfofisiológica e avaliação do potencial biotecnológico de amostras de microrganismos da família Bacillaceae, isoladas de solo contaminado por petróleo, de efluente e lodo de indústria têxtil. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 2- Material e Métodos Microrganismos: foram utilizadas amostras de bactérias da família Bacillaceae isoladas de solo do Porto do Recife contaminado por resíduos de petróleo; de efluente e lodo de indústria têxtil. Os microrganismos encontram-se depositados no Banco de Culturas do Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais NPCIAMB – UNICAP - PE, identificados e codificados (UCP), como apresentado nas tabelas, sendo mantidos em Ágar nutriente a 5ºC. Características morfofisiológicas e bioquímicas: Foram analisadas as seguintes características morfofisiológicas e bioquímicas das amostras estudadas: crescimento em diferentes temperaturas e concentrações de cloreto de sódio; posição dos endosporos; hemólise, coloração de Gram, motilidade, catalase, oxidase, fermentação de açúcares (galactose, maltose, manose, glicose, sacarose e lactose), antibiograma, utilização de nitrato e citrato, produção de amilase. Crescimento em diferentes temperaturas: as amostras foram repicadas para meio liquido BHI (Brain Heart Infusion)- BIOBRAS® e colocadas para crescer a 50ºC, 55ºC e 60ºC, por um período de 24 horas. A avaliação do crescimento foi realizada através da absorbância (D.O600). Crescimento em diferentes concentrações de cloreto de sódio microrganismos foram repicados para Caldo Nutritivo com (NaCl): os diferentes concentrações de sal (7% e 10%) por um período de 72 horas a 37ºC. Avaliação da posição dos endosporos: as amostras foram incubadas em Ágar Nutriente contendo sulfato de manganês (5 mg/L) a 37ºC por 24 horas e depois Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... mantidas a temperatura ambiente (28 ± 2ºC), por um período de 15 (quinze) dias. Em seguida foram feitas lâminas coradas com verde malaquita (7,18), para observação da posição dos endosporos em microscopia de luz (aumento de 100X). Teste de hemólise: a atividade hemolítica foi observada pelo crescimento das amostras em placas de Petri contendo Agar sangue, incubadas a 37ºC por 24 horas. A presença de halo ao redor da colônia indicava reação positiva. Produção de amilase: foi realizado em placas de Petri contendo Agar nutriente adicionado de 2% de amido solúvel, semeada no centro da placa, e incubadas a 37ºC por 24 horas. Após o crescimento, a atividade amilásica foi observada ao adicionar uma solução de iodo a 1%, para revelação do halo, o qual foi medido em sentidos diametralmente opostos com auxílio de uma régua milimétrica. Utilização de citrato: foi determinada através da utilização do meio Citrato Simmons Agar em tubos inclinados, incubados a 37ºC por 24 horas. A reação positiva foi detectada pela mudança de cor do meio de verde para azul, onde se verifica a utilização do citrato como única fonte de carbono pelo microrganismo, segundo (3,15). Redução do nitrato: foi realizado utilizando o meio MN onde as amostras foram inoculadas em tubos inclinados e após 24 horas a 30ºC, adicionou-se 0,1 ml de cada reagente, reagente A (ácido sulfanílico) e B (ácido Laurent), quando o meio se torna vermelho indica reação positiva (3, 7, 16). Prova da catalase: foi executada utilizando uma suspensão bacteriana (2ml) com turbidez entre 0.8 – 1.0 (D.O 600) e peróxido de hidrogênio (H2O2) a 20%(m/v), como reagente (3,18). A reação foi considerada positiva pela presença de bolhas, que indicam a liberação de O2. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Motilidade: foi verificada com uso do meio MN em tubos pequenos com o meio inclinado, sendo as amostras inoculadas no centro da superfície do meio para verificação da formação do halo nessa superfície e que indica motilidade dos microrganismos, após incubação por 24 horas a 30ºC (7,18). Testes de fermentação dos açúcares: foram realizados com uso de um meio básico, em tubos inclinados, suplementado de uma solução estéril a 1% de cada açúcar investigado, num volume total de 5 ml por tubo, incubados por um período de 24 horas a 37ºC (3,18). A reação foi considerada positiva quando ocorria acidificação do meio, e, por conseguinte, turbidez e alteração na coloração. Os açúcares estudados foram: galactose, maltose, manose, glicose, sacarose e lactose. Teste de oxidase: foram utilizados discos de oxidase da SENSOBIODISC/CECON® em tubos de ensaio pequenos contendo 2 ml de solução salina esterilizada mais 500µL da suspensão bacteriana com leitura de 0.8 a 1.0 (D.O600) de cada amostra em estudo com visualização imediata da reação, através do aparecimento da cor rosa, que indica oxidase positiva. Antibiograma: utiliza Agar Mueller-Hinton em placas de Petri com discos de antibióticos e incubação a 37ºC por 24 horas (21). A suspensão das amostras inoculada no Agar tinha D.O (600) de 08.-1.0. Os discos de antibióticos empregados foram da LABTEST®, sendo eles: cloranfenicol, eritromicina, kanamicina, estreptomicina, gentamicina e ampicilina. Os halos de inibição do crescimento no Ágar medidos com auxílio de um halômetro, indicando o nível de sensibilidade /resistência de cada amostra estudada. Análise de Cluster: foi realizada através do software SPSS, versão 11.0; pelo método de Linkagem Média entre os grupo estudados. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 3. Resultados e Discussão: i) Características morfofisiológicas e bioquímicas: Foram estudadas 28 amostras de bactérias, que demonstraram características pertencentes à família Bacillaceae, sendo identificados dois gêneros: Bacillus e representados Geobacillus, pelas espécies, como descritos Bacillus nas tabelas licheniformis 1-3. e Estes Geobacillus stearothermophilus, apresentando características semelhantes devido ao tipo de ambiente, principalmente, o desenvolvimento na presença de compostos recalcitrantes, demonstrando habilidade de crescer em temperaturas elevadas (50ºC a 60ºC). Quanto à temperatura de crescimento, as amostras foram classificadas em termofilico facultativo, moderado e termofilico, segundo a literatura (1, 5,24) (Tabelas 1-3). A temperatura é um fator de grande influência sobre o crescimento bacteriano quando associado à velocidade das reações metabólicas dos microrganismos. Isso se deve ao fato de que tais reações são catalisadas por enzimas específicas e desta forma, aumentam ou diminuem a atividade enzimática de acordo com a temperatura. Os procariotos considerados termofílicos (moderados ou extremos), em geral, são isolados de ambientes quentes ou com grande variação térmica, apresentam grande potencial no tratamento de compostos de difícil decomposição, como os hidrocarbonetos encontrados no petróleo e em seus resíduos que contaminam os ecossistemas aquáticos e terrestres (8, 29). Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... O gênero Geobacillus está dividido em grupos filogenéticos a partir da informação da seqüência do RNA ribossomal 16S (4, 5, 13, 15). Geobacillus stearothermophilus, pertence à nova classificação dos microrganismos da família Bacillaceae (16,3), como espécie termofilica ou termotolerante. Encontram-se inseridas neste gênero, após ter sido identificada fenotípica e filogeneticamente, cinco espécies G. stearothermophilus, G. thermocatenulatus, G. thermoleovorans, G. glicosidasius e G. thermodenitrificans; e mais recentemente foi agrupado o G. caldoxylosilyticus (10, 11, 16). As tabelas 4-6 apresentam os resultados da avaliação do crescimento em diferentes níveis de concentrações de cloreto de sódio (7 e 10%), evidenciando a característica de microrganismos extremófilos, por conseguirem sobreviver em níveis elevados de salinidade. Com este resultado, as amostras analisadas foram consideradas halotolerantes; entretanto, seu crescimento pode vir a ser comprometido caso o meio torne-se hipertônico, fazendo com que suas células provavelmente, se desidratem, ocorrendo morte celular (9, 19, 20). Nos testes de salinidade, 80% das amostras de Bacillus licheniformis se desenvolveram até a concentração mais elevada de cloreto de sódio (10%), após um período de adaptação em caldo nutritivo na concentração mais baixa de cloreto de sódio (7%). As demais, cerca de 20% das amostras, apresentaram perfil moderado de resistência ao sal, sendo estes resultados apoiados por Pelczar et al. (20), que se refere a esta habilidade como halotolerância. Segundo Logan e Turnbull (15), Bacillus licheniformis pertence ao grupo do Bacillus subtilis, onde são encontrados microrganismos mesofílicos, termotolerantes e até termofilicos facultativo. Este microrganismo provoca diversas doenças, tais como bacteremias e septicemias, abortos de ovinos e Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... bovinos, entre outros males em eucariotos. Os resultados obtidos com as amostras estudadas indicaram que se trata de um microrganismo aeróbio, formador de endosporos na posição terminal (Tabelas 1-3). Em geral, produzem uma cápsula de polipeptídio (ácido poly-γ-D-glutâmico), que pode ser visualizada quando corados com azul de metileno; são móveis, Gram-positivos ou variáveis, e produzem antibióticos como a bacitracina, além de várias enzimas usadas na indústria farmacêutica e no tratamento de resíduos industriais (30,31). As bactérias do gênero Bacillus apresentam um elevado potencial biotecnológico com relação à produção de enzimas como as proteases, entre outras, que são utilizadas em escala industrial (19, 23). B. licheniformis, B. pumilus e B. amyloliquefaciens, são considerados excretores de serinas-proteases que são similares à tripsina e de grande importância no setor industrial (13). O fato de ser um excelente produtor de enzimas dá-se devido à ubiqüidade e resistência dos seus endosporos, que podem ser empregados na indústria, principalmente, a alimentícia, no controle da qualidade biológica de certos alimentos (leite em pó ou “in natura”, farináceos, biscoitos, etc), ou até mesmo quando produzem as depolimerases extracelulares, importantes na degradação de ácidos nucléicos, carboidratos, proteínas e outros compostos (13,23). B. licheniformis é um excelente produtor de α-amilase em escala industrial, empregada na produção de xaropes ricos em frutose que se destinam à fabricação de sodas, ou ainda pode-se obter dextrinas que serão transformadas em glicose pela ação das glicoamilases (6,25,27). A característica de extremófilos dos microrganismos é considerada uma “chave” no tratamento de alguns tipos de resíduos industriais recalcitrantes (1,12,22), pois se sabe que na termofília as enzimas destes microrganismos são Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... produzidas rapidamente devido à aceleração que ocorre na velocidade das reações bioquímicas, que em geral são afetadas por fatores externos (pH, temperatura, pressão osmótica, etc) (2,14,28). Os microrganismos do gênero Geobacillus apresentam a habilidade de degradar hidrocarbonetos, devido à presença de um grupo de enzimas como as monooxigenase alcano, que são induzidas e catalisadas pela formação de um álcool alifático fazendo com que o microrganismo se apodere do composto. Além das monooxigenases, existem também as hidroxilases ou sistema alcano hidroxilase que auxiliam as anteriores no papel degradativo de compostos recalcitrantes (14,16). Todas as amostras aqui descritas apresentaram reação positiva ao teste de hemólise, e, por conseguinte, produtoras de biossurfactantes, sendo estas informações corroboradas por Youssef et al. (31), que descreve a atividade hemolítica dos microrganismos como capacidade de produção de biosurfactantes. Das amostras estudadas, 100% foram catalase positiva, 85% utilizaram citrato, todas produziram amilase, todas foram móveis e com capacidade de reduzir o nitrato a nitrito, além de possuírem a capacidade de utilizar diversas fontes de carbono (açúcares). Segundo Sonnleitner (24), os microrganismos termofilicos ou termotolerantes são reconhecidamente excelentes produtores de enzimas e biomassa; seus cultivos são considerados mais econômicos que os de microrganismos mesofílicos, por reduzir o problema de contaminação por outros microrganismos e suas enzimas apresentarem maior estabilidade. Todas as observações evidenciam as vantagens no emprego dos microrganismos estudados no tratamento de resíduos ambientais. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... O uso destes microrganismos nas diversas formas de tratamento biológico de compostos recalcitrantes, como Hidrocarbonetos Aromáticos Policiclícos (HAP’S), compostos sulfurados (organosulfurados) e metais pesados, são de extrema importância devido às condições e formas como se desenvolvem na natureza. Estes compostos são encontrados nos ecossistemas terrestres e aquáticos, e suas condições de desenvolvimento proporcionam um melhor desempenho na retirada destes do ambiente em geral, evitando-se contaminações da biosfera. ii) Perfil de resistência a antibióticos: Foram realizados testes para definir o perfil de susceptibilidade a alguns antibióticos (21) das amostras identificadas como pertencentes aos gêneros Bacillus e Geobacillus. As amostras identificadas como Geobacillus (UCP 985 e 986), foram resistentes a ampicilina e ao cloranfenicol e sensíveis para os demais antibióticos, embora a amostra UCP 986, teve perfil intermediário ao cloranfenicol. As amostras identificadas como Bacillus, apresentaram perfis variados. No total foram identificadas 26 amostras de B. licheniformis; destas, 96% foram sensíveis a kanamicina e gentamicina. Das amostras estudadas, 84% foram resistentes a ampicilina, 61.5% à estreptomicina, 73% a cloranfenicol e 54% à eritromicina. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... iii) Análise de Cluster: Considerando o vetor de variáveis (Gram, citrato, posição dos endosporos, amilase, catalase, redução do NO3 a NO2, motilidade, hemólise e oxidase), para cada situação (50ºC, 55ºC e 60ºC). O dendograma 50ºC (Figura 1) identificou dois grupos distintos contendo cada um 7 isolados, todos procedentes do solo do Porto do Recife, onde ambos os grupos apresentaram similaridade, porém diferem em relação a variável produção de oxidase. A Figura 2, correspondente ao dendograma que mostra os isolados com crescimento a 55ºC, identificando dois grupos distintos; o primeiro grupo 5 amostras; e o segundo apenas uma amostra, separados pela variável produção de oxidase. Na Figura 3 o dendograma correspondente aos isolados com crescimento a 60ºC, identificou três grupos distintos, contendo o primeiro grupo, duas amostras; o segundo três amostras; e o terceiro grupo, 2 amostras, também diferenciados em relação à oxidase. As investigações identificados e stearothermophilus realizadas classificados como apresentam mostraram Bacillus que os licheniformis aplicações microrganismos e Geobacillus biotecnológicas, devido principalmente, às suas habilidade como termofilia e halofilia, consideradas indicativas aos tratamentos de compostos recalcitrantes, como também, na produção de biopolímeros com atividade emulsificante. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... AGRADECIMENTOS Os autores agradecem às agencias financiadoras CNPq (Processos Nº141158/ 02-6 e Nº3096610/ 2003-6), FACEPE, CNPq/ CTPETRO, as instituições UNICAP e UFPE pelo uso de suas instalações; e aos Professores Bartolomeu Santos (UFPE) e Veridiana Santos (UPE/ UFRPE) pelas análises estatísticas de Cluster. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALVES, L.; MESQUITA, E.; GÍRIO, F.M. Dessulfurização bacteriana de combustíveis fosséis. Boletim de Biotecnologia, 62. Lisboa-Portugal. 1999. 2. 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TÍTULOS DAS TABELAS Tabela 1: Características das amostras de B. licheniformis isoladas do Porto do Recife – termofilico facultativo 50ºC. Tabela 2: Característica das amostras de B. licheniformis isoladas do Lodo têxtil termofilico moderado 55ºC. Tabela 3: Característica das amostras de Bacillus licheniformis e Geobacillus stearothermophilus isoladas do Porto do Recife, Lodo e efluente têxtil - termofilico 60ºC. Tabela 4: Características das amostras de Bacillus licheniformis isoladas do Porto do Recife – halotolerante, termofilico facultativo 50ºC. Tabela 5: Característica das amostras de Bacillus licheniformis isoladas do Lodo têxtil - halotolerante, termofilico moderado 55ºC. Tabela 6: Características das amostras de Bacillus licheniformis e Geobacillus stearothermophilus isoladas do Porto do Recife, de efluente e lodo têxtil halofílicos, termofilicos 60ºC. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Tabela 1: Características das amostras de B.licheniformis – termofilico facultativo a 50ºC, isoladas do Porto do Recife. UCP 890; 910; 896; 923; 908; 911; 891; 924; 964. 909; 984. 922; 917; Características morfofisiológicas e bioquímicas Cit. Mot. Gram Endosporos Amil. Cat. Hem. NO3 a NO2 + + Terminais + + + + - + + Terminais + + + Oxi. + + - Legenda: Citrato (Cit); Motilidade (Mot); Amilase (Amil); Catalase (Cat); Hemólise (Hem); Oxidase (Oxi). Tabela 2: Características das amostras de B.licheniformis termofilico moderado a 55ºC, isoladas de efluente e lodo têxtil. UCP 974; 983; 966; 979; 980. Características morfofisiológicas e bioquímicas Cit. Mot. Gram Endosporos Amil. Cat. Hem. NO3 a NO2 + + Terminais + + + + Oxi. + Legenda: Citrato (Cit); Motilidade (Mot); Amilase (Amil); Catalase (Cat); Hemólise (Hem); Oxidase (Oxi). Tabela 3 Características das amostras de B. licheniformis e G. stearothermophilus termofilico a 60ºC, isoladas de efluente e lodo têxtil. UCP .977; 966; 987; 971; 985. 986; 978. Características morfofisiológicas e bioquímicas Cit. Mot. Gram Endosporos Amil. Cat. Hem. NO3 a NO2 + + Terminais + + + + + + + Terminais + ± + - Oxi. + - Legenda: Citrato (Cit); Motilidade (Mot); Amilase (Amil); Catalase (Cat); Hemólise (Hem); Oxidase (Oxi). Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Tabela 4: Características das amostras de B.licheniformis – termofilico facultativo a 50ºC, isoladas do Porto do Recife. UCP Cresc. a 7% NaCl* Cresc. a 10 % NaCl** 890; 896; 891; 908; + + ± + 909; 984; 922; 923; 924; 917; 964. 910; 911; 924; Meio de cultura: *caldo nutritivo; ** Luria Bertani com culturas isoladas a 7 % de cloreto de sódio; ±: crescimento lento. Tabela 5: Características das amostras de B. licheniformis – termofilico moderado a 55ºC, isoladas de efluente e lodo têxtil. UCP Cresc. a 7% NaCl* Cresc. a 10 % NaCl** 983; 966; 974; + ± 979; 980. ± - Meio de cultura: *caldo nutritivo; ** Luria Bertani com culturas isoladas a 7 % de cloreto de sódio; ±: crescimento lento. Tabela 6: Características das amostras de B. licheniformis e G. stearothermophilus termofilico a 60ºC, isoladas de efluente e lodo têxtil. UCP Cresc. a 7% NaCl* Cresc. a 10 % NaCl** 977; 966; 971; 985; + + + + 987 986; 978. Meio de cultura: *caldo nutritivo; ** Luria Bertani com culturas isoladas a 7 % de cloreto de sódio; ±: crescimento lento. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... LISTA DE FIGURAS: Figura 1: Dendograma apresentando a distribuição média e grau de similaridade entre os grupos de Bacillus licheniformis isolados do Porto do Recife a 50ºC. Figura 2: Dendograma apresentando a distribuição média e grau de similaridade entre os grupos de B.licheniformis isolados do Lodo têxtil a 55ºC. Figura 3: Dendograma apresentando a distribuição média e grau de similaridade entre os grupos de B.licheniformis e G.stearothermophilus isolados do Porto do Recife, de Efluente e Lodo têxtil a 60ºC. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Figura 1: Dendograma apresentando a distribuição média e grau de similaridade entre os grupos de Bacillus licheniformis isolados do Porto do Recife a 50ºC. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Figura 2: Dendograma apresentando a distribuição média e grau de similaridade entre os grupos de B.licheniformis isolados do Lodo têxtil a 55ºC. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Figura 3: Dendograma apresentando a distribuição média e grau de similaridade entre os grupos de B.licheniformis e G.stearothermophilus isolados do Porto do Recife, de efluente e Lodo têxtil a 60ºC. 2º ARTIGO Influência de Cloreto de Sódio e de Cobre na Produção de Biomassa e de Biossurfactante por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 Manuscrito submetido para publicação no: World Journal of Microbiology and Biotechnology Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... INFLUÊNCIA DE CLORETO DE SÓDIO E DE COBRE NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA E DE BIOSSURFACTANTE POR UMA NOVA AMOSTRA DE GEOBACILLUS STEAROTHERMOPHILUS UCP 986 Mabel Calina de França Paz1,5; Beatriz Susana Ovruski de Ceballos2; Clarissa Daisy Costa Albuquerque,5; Galba Maria de Campos-Takaki3,5,6* 1,5 Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas - CCB/ UFPE; 2Área de Engenharia Sanitária e Ambiental/ Universidade Federal de Campina Grande AESA/UFCG-; 3Departamentos de Química – UNICAP; 4 Estatística e Informática – UNICAP; 5Núcleo de Pesquisa em Ciências Ambientais – NPCIAMB, UNICAP . Recife, PE, Brasil. *Corresponding author: Galba Maria de Campos-Takaki, Departamento de Química, Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais, Universidade Católica de Pernambuco. Rua Nunes Machado, 42, Boa Vista. 500050-590 Recife – Pe, Brasil, E-mail: [email protected], Tel.+00-55-81-32164017; fax: +00-55-81-32164043 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... RESUMO Cresce a contaminação de ambientes aquáticos por resíduos recalcitrantes, tais como os metais pesados e resíduos oleaginosos. Estes tipos de contaminantes podem ser tratados físico, químico e biologicamente. O tratamento biológico, em geral, emprega microrganismos autóctones de ambientes impactados; estes apresentam características morfofisiológicas que viabilizam seu ataque aos compostos considerados de difícil degradação. Em ambientes marinhos, a concentração salina é um fator limitante para a ação dos microrganismos, além da temperatura e do pH. Geobacillus stearothermophilus UCP 986, isolado de efluente de indústria têxtil, apresentou características biotecnológicas viáveis (termofília e halofilia) e produção de biopolímeros, para o tratamento de ambientes contaminados por compostos oriundos de produtos petroquímicos, tais como combustíveis fósseis e lubrificantes. Palavras chaves: Geobacillus stearothermophilus, efluentes petroquímicos, metais pesados, biossurfactantes. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 1. INTRODUÇÃO O uso de microrganismos capazes de sobreviver em lugares com concentrações de sal elevadas, nos dias atuais, são considerados como uma estratégia extremamente importante para o tratamento de ambientes como oceanos, mares e estuários contaminados por resíduos recalcitrantes, em especial, os provenientes do petróleo. A tolerância salina de microrganismos não halofílicos está relacionada com a compatibilidade dos solutos e os mecanismos de transporte através da membrana celular, quando expostos a ambientes hiperosmóticos (IKEUCHI et al., 2003). Estudos mostram que em ambientes com pressão osmótica elevada, os microrganismos utilizam como mecanismo de resistência. Devido a sua organização estrutural, principalmente a parede celular e presença do peptideoglicano. Assim, torna-se possível à regulação da concentração citosólica e o processo de adaptação dos microrganismos às diferentes variações da concentração de sal (TORTORA et al., 2003). Diante deste fato, os microrganismos são classificados quanto à tolerância ao sal em: levemente, moderadamente ou extremamente halófilo. Por outro lado, o lançamento de metais pesados no ambiente dá-se por diversos modos, desde um simples processo de treinamento militar até pela disposição incorreta de efluentes domésticos e industriais (VEGLIÓ et al., 2003). Em geral, os efluentes petroquímicos carream grande quantidade de poluentes, entre eles, óleos e íons metálicos. A sorção dos metais por microrganismos depende de alguns fatores externos tais como o pH, temperatura, outros íons da solução, além de produtos metabólicos da célula que podem conduzir à Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... precipitação do metal (VEGLIÓ & BEOLCHINI, 1997). O processo de biossorção de metais pesados está relacionado às características morfofisiológicas do microrganismo utilizado, além das concentrações do metal, encontradas no ambiente (COSTA & DUTA, 2001). A aplicação de biossurfactantes no tratamento de resíduos do petróleo torna-se um dos pré-requisitos importantes para que ocorram interações entre os hidrocarbonetos encontrados nestes resíduos e a célula microbiana, devido à redução da tensão superficial mediada entre o óleo e a fase aquosa (HUA et al., 2003). Os biopolímeros podem apresentar várias estruturas químicas tais como glicolipídeos, lipopetídeos, ácidos graxos entre outros, os quais são produzidos por uma grande variedade de microrganismos quando cultivados em substratos insolúveis e solúveis (SARUBBO et al., 2001; VANCE-HARROP et al., 2003). Considerando as propriedades dos biossurfactantes, torna-se possível a aplicação em diversos processos industriais como detergência, emulsificação, lubrificação, solubilização e dispersão de fases (NITSCHKE & PASTORE, 2002). A maior utilização dos biossurfactantes se concentra na indústria de produtos de limpeza, na indústria de cosméticos, na indústria farmacêutica e na indústria de petróleo (RON e ROSENBERG, 2002). Neste trabalho foi investigada a influência da concentração do cloreto de sódio e do cobre na produção de biomassa e de biossurfactante pelo microrganismo termofílico Geobacillus stearothermophilus UCP 986. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 2. MATERIAL E METODOS Microrganismo: foi utilizado Geobacillus stearothermophilus UCP 986, isolado de efluente de indústria têxtil, pertencente ao Banco de Culturas do Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais (NPCIAMB) da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), mantida em ágar nutriente inclinado a 5ºC. Condições de cultivo: G. stearothermophilus foi cultivado em caldo Luria Bertani (LIN et al., 1998) distribuído 50 ml para frascos de Erlenmeyers de 250 ml de capacidade, em duplicata, incubados “overnight” sob agitação orbital a 150 rpm, resultando em uma cultura com 106UFC/mL que serviu de pré inóculo. Em seguida, 1% do préinóculo foi transferido para frascos de Erlenmeyers com capacidade de 250ml, contendo 50 ml do meio Luria Bertani, com diferentes concentrações de cloreto de sódio (10, 30 e 50 g/L) e da solução do metal cobre (5mM e 10mM, a partir de uma solução estoque 100 mM de sulfato de cobre), de acordo com o planejamento fatorial 23. Os frascos foram incubados sob agitação orbital a 150 rpm, por 96 horas às temperaturas de 50ºC, 55ºC e 60ºC, respectivamente. Após o período de incubação, os frascos correspondentes a cada variável analisada (sal, metal e temperatura), foram submetidos à centrifugação de 2500g por 15 minutos, à temperatura de 15ºC e posterior filtração em filtro Millipore de 0.22 µm. A biomassa obtida foi liofilizada para determinação do crescimento por gravimetria e o líquido metabólico foi utilizado para estimação da produção de biossurfactante – índice e atividade de emulsificação, pH e teor de proteínas totais. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Produção biossurfactante: o líquido metabólico livre de células foi utilizado para determinar o índice de emulsificação pelo método descrito por Cooper & Goldenberg (1984). Para determinação do índice de emulsificação foram utilizados 2 ml de líquido metabólico e 1 ml de n-hexadecano, homogeneizado em vórtex por 2 minutos, a 25º C. Após 2 minutos a leitura foi realizada através de medição da altura da emulsão formada. O índice foi calculado através da equação: índice da emulsão (%) = He X 100 / Ht, onde He = altura da emulsão; Ht = altura total do líquido. A determinação da atividade de emulsificação foi segundo Cirigliano & Carman (1987), onde se utiliza o liquido metabólico (2 ml), livre de células, adiciona-se 2 ml de tampão acetato de sódio (0.1M), mais 1 ml de n-hexadecano. Agita-se por 2 minutos de aguarda-se 10 minutos; após este período, retira-se com cautela a emulsão formada e lê-se em espectrofotômetro a 540nm. O resultado foi calculado por ABS X 2, onde é representado por U.A.E (Unidade de Atividade de Emulsificação). A tensão superficial foi determinada no líquido metabólico livre de células, utilizando a técnica do anel padrão através do emprego do tensiômetro KSV Ltd. - Sigma 70- Finland. Proteínas totais: A concentração de proteínas totais foi determinada pelo método colorimétrico do Biureto (LABTEST Diagnostic - Brasil ). pH: O pH do líquido metabólico livre de células foi medido no início e final da fermentação. Foi utilizado um pHmetro Orion, modelo 310. Planejamento fatorial: o planejamento fatorial completo 23, com quatro (04) pontos centrais (Tabela 1), foi realizado para analisar os efeitos principais, produção de biomassa e de biossurfactante por G. stearothermophilus UCP 986, e as interações das variáveis independentes em relação à temperatura de incubação, a concentração de cobre e de cloreto de sódio. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Tabela 1.... 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Produção de biomassa: Os resultados obtidos mostram que G. stearothermophilus produziu uma quantidade expressiva de biomassa em todos os tratamentos, utilizando diferentes níveis de cobre, cloreto de sódio e temperatura, conforme o planejamento fatorial completo (Tabela 1). No entanto, o estudo estatístico mostra que não houve interação significativa entre as variáveis metais e concentração de cloreto de sódio, em relação à produção da biomassa bacteriana. Este fato provavelmente dá-se devido ao tipo de parede celular que G. stearothermophilus apresenta, por ser uma bactéria Gram-positiva. Em estudos com bactérias Grampositivas, mostram que estes microrganismos apresentam características morfológicas consideradas relevantes no tratamento de metais pesados. (COSTA & DUTA, 2001). E ainda, segundo Beveridge (1989), as bactérias apresentam habilidade para acumular metais pesados, considerando que as estruturas de superfície da parede celular apresentam condições favoráveis de ligações entre os íons metálicos. A acumulação na superfície ocorre através de reações químicas, como complexação e até mesmo, troca iônica. Nas bactérias Gram-positivas, os ácidos componentes da parede celular, como o ácido teicóico juntamente com o grupamento fosfato, compõem a chave para realização da bioacumulação de íons metálicos pela célula, juntamente com a camada de peptideoglicano (NITSCHKE Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... & PASTORE, 2002). O uso de G. stearothermophilus foi devido ao conhecimento prévio de que todos os microrganismos Gram-positivos possuem maior habilidade de acumulação de metais pesados que os microrganismos Gram-negativos, justificando os resultados aqui descritos (TZESOS, 2001). A morfologia das espécies de Geobacillus ressalta a importância destes microrganismos no tratamento de resíduos em ambientes com níveis elevados de cloreto de sódio, como mares, estuários e salinas (OREN, 2002). Esta amostra de Geobacillus foi considerada levemente halofílica, devido às condições fornecidas para seu crescimento e que mesmo assim continuou a crescer na presença m concentrações elevadas de sal. A temperatura, outro fator considerado importante no desenvolvimento dos microrganismos em geral, não apresentou influência no seu crescimento, devido a seu caráter termofílico. E ainda, a produção de proteínas totais durante o cultivo, sob condições consideradas adversas, sugere que ocorreu uma adaptação do G.stearothermophilus na presença de diferentes concentrações de metal e sal, como também nas diversas temperaturas. Produção de biossurfactantes: Os organismos produtores de bioemulsificantes são considerados diversos, mas em algumas condições de cultivo, como termofília e halofília, não se dispõe de muitas informações. Na área biotecnológica, surfactantes produzidos por microrganismos são importantes, pois apresentam vantagens especiais sobre os surfactantes químicos como baixa toxicidade, biodegradabilidade, produção de substratos renováveis e estabilidade em valores extremos de pH e temperatura (VANCE-HARROP et al., 2003). A aplicação de biossurfactantes é ampla, como em derramamentos de petróleo, remoção de borras oleosas de tanques (limpeza) de Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... estocagem e até na produção de alimentos (VAN DYKE et al., 1991;MULLIGAN, 2004). A tabela 2 apresenta os resultados referentes à avaliação da atividade de emulsificação, teste qualitativo, onde se evidencia que o microrganismo em estudo possui caráter de produtor de substância emulsificante, mesmo na presença de metal e em concentrações de sal elevadas. Segundo Mulligan et al. (2003), os surfactantes microbianos são considerados substâncias efetivas no tratamento de metais, pois se sabe que a qualidade da emulsão proporciona um decréscimo na conductividade do meio, devido ao aumento da viscosidade, que atua diretamente na mobilidade dos íons metálicos. Destes íons foi observado uma remoção de 73.2% de Cd e 68.1% de Ni, entretanto, para o íon Zn a remoção foi de 85% na faixa de pH entre 8.3 - 11(MULLIGAN et al., 1999, 2001). Estudos mostram que microrganismos Gram-positivos produtores de biosurfactantes são considerados excelentes na remoção de íons metálicos, em ambientes aquáticos e terrestres (BODOUR et al., 2003). O índice de emulsificação da amostra de G. stearothermophilus (TABELA 2) considerado um teste quantitativo, apresentou comportamento linear e satisfatório. O biopolímero avaliado com atividade de emulsificação, produzido pelo microrganismo Geobacillus stearothermophilus, é provavelmente, da classe dos lipopetídeos e lipoproteínas, como sugere Sarubbo et al., (2001); Nitschke & Pastore (2002) e Urum et al., (2004). Com relação ao teste de avaliação de tensão superficial observou-se uma influência do metal (10mM) diretamente na redução da tensão, observando-se que onde maior concentração de metal, com as temperaturas mais altas (60ºC), os resultados não foram considerados satisfatórios. Entretanto, as melhores Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... condições para a redução tensão superficial foram observadas com as menores temperaturas (50ºC) e concentrações de sal empregadas (10 g/L). Segundo Rahman et al. (2003), em estudos com biodegradação de hidrocarbonetos do petróleo, observou que a redução da tensão superficial está ligada ao processo de desorção na presença de biossurfactantes produzidos por microrganismos consorciados. Tabela 2...... Efeitos do Planejamento Fatorial: No diagrama de Pareto de efeitos padronizados, ilustrado na Figura 1, observa-se que para o nível de confiança de 95%, as variáveis independentes temperatura e concentração metálica produziram efeitos negativos, estatisticamente significativos sobre o aumento do índice de emulsificação com 96 h de cultivo; sendo o efeito negativo produzido pela temperatura superior ao produzido pela concentração metálica. A interação da temperatura com a concentração metálica produziu efeito positivo, estatisticamente significativo, sobre aumento do índice de emulsificação, com 96 h de cultivo. No diagrama de Pareto de efeitos padronizados, ilustrado na Figura 2, pode-se observar que para o nível de confiança de 95%; as variáveis independentes: temperatura, concentração salina e concentração metálica e as interações entre as mesmas, não exerceram efeitos estatisticamente significativo sobre a produção de biomassa, após 96 horas de cultivo. Ressalta-se que a variável concentração salina apresentou efeito positivo significativo sobre aumento do índice de emulsificação, com 96 h de cultivo. Contudo, a interação da concentração salina com a concentração metálica, e a Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... interação da concentração salina com a temperatura, ambas exercem efeitos negativos, estatisticamente significativos, sobre aumento do índice de emulsificação com 96 h de cultivo. AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem às agencias financiadoras CNPq (Processos Nº141158/ 02-6 e Nº 3096610/ 2003-6), CT/PETRO, FINEP; e a UNICAP e UFPE, pelo uso de suas instalações. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. AL-TAHHAN, R; SANDRIN, T.R.; BODOUR, A .A; MAIER, R.M. (2000) Rhamnolipid induced removal of lipopolysacharide from Pseudomonas aeruginosa: Effect on cell surface properties and interaction with hydrophobic substrates. Applied and Environmental Microbiology, 66, nº8.3262-3268. BEVERIDGE, T. J. (1989) Role of cellular design in bacteria-metal accumulation and mineralization. Annual Review of Microbiology, 43: 147-171. CIRIGLIANO, M .C; CARMAN, G.M.(1984) Isolation of a emulsifier from a Candida lipolytica. Applied and Environmental Microbiology, 48. p747- 750. COOPER, D.G.; PADDOCK, D. A.(1984) Production of a biosurfactant from Torulopsis bombicola. 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Tabela 2: Condições avaliadas no planejamento fatorial e resultados de pH, biomassa, índice de emulsificação, atividade de emulsificação e tensão superficial, após 96 horas de cultivo do Geobacillus stearothermophilus UCP 986. Condição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 pH inicial 6.14 6.12 6.14 6.15 6.40 6.41 6.40 6.40 6.32 6.30 6.32 6.32 Biomassa (g) final 9.31 6.64 3.88 3.82 9.15 6.79 3.70 3.70 4.19 4.26 4.20 4.31 0.28090 0.36920 0.29970 0.70040 0.40730 0.42550 0.29810 0.38890 0.68460 0.40470 0.04300 0.41560 Índice de Atividade de emulsificação emulsificação (%) U.A. E (540nm) 28.57 8.57 11.11 8.57 55.55 22.85 22.22 0.00 14.29 20.00 14.29 17.14 5,90 5,26 4,48 3,14 5,16 3,43 1,86 1,09 0,98 0,96 1,05 3,08 Tensão superficial (mN/m) 33.65 48.30 46.86 48.17 49.00 50.35 48.32 48.68 49.48 47.39 46.73 46.33 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... LISTA DE FIGURAS: Figura 1: Diagrama de Pareto de efeitos padronizados. Variável resposta: Índice de emulsificação de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 cultivado em diferentes condições de metal e sal. Figura 2: Diagrama de Pareto de efeitos padronizados. Variável resposta: Biomassa com 96 horas de cultivo de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 cultivado em diferentes condições de metal e sal. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Diagrama de Pareto de Efeitos Padronizados Planejamento Experimental 2**(3-0); MS Puro Erro=7,4694 Variável Dependente: Índice de Emulsificação p=,05 (1)TEMP -10,0205 (2)C_METAL -9,52634 (3)C_SALINA 5,666126 2e3 -5,00896 1e3 -4,18879 1e2 3,614419 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Efeito Estimado (Valor Absoluto) Figura 1: Diagrama de Pareto de efeitos padronizados. Variável resposta: Índice de emulsificação do Geobacillus stearothermophilus UCP 986 cultivado em diferentes condições de metal e sal. Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Diagrama de Pareto de Efeitos Padronizados Planejamento Experimental 2**(3-0); MS Puro Erro=,0693443 Variável Dependente: Biomassa p=,05 (1)TEMP ,8028801 2e3 -,665665 1e2 ,5169044 1e3 -,510191 (2)C_METAL ,2741607 (3)C_SALINA -0,5 -,175076 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 Efeito Estimado (Valor Absoluto) Figura 2: Diagrama de Pareto de efeitos padronizados. Variável resposta: Biomassa de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 com 96 horas de cultivo em diferentes condições de metal e sal. 3º ARTIGO Produção de Biossurfactante por uma nova amostra de Geobacillus stearotermophilus UCP 986 Manuscrito submetido para publicação ao: Journal Industrial Microbiology and Biotechnology Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE POR UMA NOVA AMOSTRA DE GEOBACILLUS STEAROTHERMOPHILUS UCP 986 PAZ, Mabel Calina de França SARUBBO, Leonie Asfora 1 1,4, 3,4, CEBALLOS, Beatriz Suzana Ovruski de 2, CAMPOS-TAKAKI, Galba Maria de 3,4*. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, Recife, PE, Brasil; 2Departamento de Engenharia Civil – AESA/ Universidade de Campina Grande - UFCG; 3Departamento de Química – Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Recife, PE, Brasil; 4Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais - NPCIAMB, UNICAP, Recife, PE, Brasil. *Corresponding author: Galba Maria de Campos-Takaki, Departamento de Química, Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais, Universidade Católica de Pernambuco. Rua Nunes Machado, 42, Boa Vista. 500050-590 Recife – Pe, Brasil, E-mail: [email protected], Tel.+00-55-81-32164017; fax: +00-55-81-32164043 91 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... RESUMO A habilidade de produção de biossurfactante foi demonstrada por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus. O biopolímero produzido foi isolado por precipitação ácida do líquido metabólico livre de células, resultando num produto de 79.6 mg/L. Os testes de estabilidade realizados com o líquido metabólico, produzido por Geobacillus stearothermophilus demonstrou alta estabilidade frente à temperatura de 100ºC, ampla faixa de pH e concentrações de cloreto de sódio, quando avaliados índice e atividade de emulsificação, e, pela tensão superficial. O biossurfactante produzido durante o período de 48 horas de fermentação na presença de glicose (0.5%) reduziu a tensão superficial para 32,7 mM/m. Os resultados obtidos do biopolímero produzido pelo Geobacillus stearothermophilus indicam seu elevado potencial nos tratamentos de recuperação de óleos, entre outros. Palavras chaves: biossurfactante, termofílico; Geobacillus stearothermophilus. 92 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 1. INTRODUÇÃO Biossurfactantes são compostos anfifílicos, podem ser produzidos extracelularmente ou como “constituintes” da membrana celular de bactérias, fungos e leveduras. Alguns microrganismos produzem biosurfactantes durante seu crescimento em uma grande variedade de substratos (MAKKAR & CAMEOTRA, 1998). Os surfactantes têm sido utilizados industrialmente como adesivos, floculantes, umectantes, removedores de espuma, entre outros. Sua aplicabilidade é ampla, devido as suas propriedades de reduzir ao máximo a tensão superficial, aumentar a solubilidade, apresentar potencial de detergência, além de aumentar a solubilidade dos compostos do petróleo (MULLIGAN et al, 1999; MULLIGAN, 2004). Em geral os biosurfactantes apresentam uma porção hidrofóbica, formada por uma longa cadeia de ácidos graxos – saturados ou insaturados; e uma porção hidrofílica pode ser um carboidrato, aminoácido, peptídeo cíclico, grupo fosfato, carboxílico ou álcool. A porção hidrofóbica concentra-se na superfície, enquanto a hidrofílica fica em contato com a solução (MULLIGAN et al., 2001; HEALY et al., 1996). Estas porções são capazes de reduzir a tensão superficial e interfacial entre interfaces líquidas, sólidas e gasosas, permitindo que essas se misturem ou dispersem como emulsões ou outros líquidos (VANCE-HARROP, 2004). Alguns microrganismos produzem biosurfactantes em diferentes substratos e condições; as bactérias são microrganismos bastante utilizados em experimentos que tenham este procedimento. Entretanto, em condições de 93 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... termofília, a síntese dos biosurfactantes tem sido pouco explorada, devido à restrição da utilização de microrganismos termofilicos (YOUSSEF et al., 2004). Os microrganismos biotecnológicas, tais como termofilicos são recuperação de excelentes óleos, limpeza em de aplicações ambientes contaminados por compostos recalcitrantes e produção de enzimas (ABED et al., 2002). Segundo Banat (1995), o isolado Bacillus sp. termofilico cultivado em meio contendo hidrocarbonetos, produziu biossurfactantes em temperatura em torno de 45ºC. Outros estudos já foram realizados com microrganismos termofilicos ou termotolerantes com resultados satisfatórios (YAKIMOV et al., 1995; BANAT, 1993). Geobacillus é um novo gênero pertencente à família Bacillaceae, pode ser explorado biotecnologicamente por apresentar características extremamente interessantes, como termofília e halofilia. O que aumenta o interesse por este microrganismo na produção de biopolímeros tão importante como os biossurfactantes, em condições adversas para os demais microrganismos estudados ate então. Neste trabalho foi investigado a produção do biossurfactante sob condições de termofília e halofilia, tendo glicose como fonte de carbono, por Geobacillus stearothermophilus UCP 986. 94 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 2. MATERIAL E MÉTODOS 1. Microrganismo: Geobacillus stearothermophilus UCP 986, isolado de efluente de indústria têxtil, encontra-se catalogado no Banco de Culturas da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), mantido em ágar nutriente a 4ºC. 2 Meio de cultura e condições de cultivo: G. stearothermophilus foi crescido em frascos de Erlenmeyers de 500 ml de capacidade com 150 ml do meio Luria Bertani (LB) constituído por triptona 10g/L, extrato de levedura 5 g/L, cloreto de sódio 10 g/L, suplementado com glicose 5 mg/ml, segundo Konishi et al.(1997). O cultivo foi realizado por um período de 48 horas, em agitação orbital (160 rpm) a 55ºC. O crescimento foi medido por turbidez espectrofotômetro a 660nm. O inóculo correspondeu a 107 células/ml, numa densidade óptica (D.O660 ) de 0.8. Após o tempo de cultivo de 48 horas, as amostras foram submetidas a centrifugação de 2500 x g por 15 min a 10ºC, para separação das células do líquido metabólico. Após este procedimento as células foram liofilizadas para obtenção da biomassa total e o líquido metabólico foi submetido a extração de biossurfactante, determinação do pH, de glicose , proteínas totais, do índice e da atividade de emulsificação. 2. Proteínas totais: A concentração de proteínas totais no líquido metabólico foi determinada pelo método colorimétrico do Biureto (LABTEST Diagnostic - Brasil). 95 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 3. Consumo de glicose: o consumo de glicose no liquido metabólico livre de células foi determinado através do método colorimétrico (LABTEST Diagnostic - Brasil) e medido espectrofotometricamente a 505 nm. 4. pH: o pH do liquido metabólico livre de células foi medido em pHmetro Orion, modelo 310, ao longo da fermentação. 5. Índice de emulsificação: o índice de emulsificação foi determinado pelo método descrito segundo Cooper & Paddock (1984), utilizando 2 ml do líquido metabólico e 1 ml de n-hexadecano, homogeneizado em vórtex por 2 minutos, a 25º C. Após 2 minutos a leitura foi realizada através de medição da altura da emulsão formada. O índice foi calculado através da equação: índice da emulsão (%) = He X 100 / Ht, onde He = altura da emulsão; Ht = altura total do líquido. 6. Atividade de emulsificação: a atividade de emulsificação foi determinada segundo Cirigliano & Carman (1984), utilizando 2 ml do líquido metabólico, livre de células, e adicionando 2 ml de tampão acetato de sódio 0.1M (pH 3.0) e 1 ml de n-hexadecano. A mistura foi agitada em vórtex por 2 minutos, seguido de repouso por 10 min, leitura em espectrofotômetro a 540 nm. O resultado foi expresso em Unidade de Atividade de Emulsificação (U. A. E), que corresponde à leitura da absorbância multiplicada pela diluição. 7. Tensão superficial: a Tensão superficial foi determinada em tensiômetro KSV Ltd. Finland – Sigma 70, utilizando o líquido metabólico livre de células. 96 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 8 .Testes de estabilidade: os testes de estabilidade a diferentes temperaturas, diferentes pH e concentrações de cloreto de sódio foram realizados segundo a metodologia descrita por Makkar & Cameotra (1998), no líquido metabólico livres de células. 9. Extração do biossurfactante: o líquido metabólico livre de células foi centrifugado (12000 x g, 20 min). Ao sobrenadante foi adicionado HCl a 6N, ate pH 2.0, colocado a 4ºC para formar um precipitado. O precipitado foi centrifugado (12000 x g, 20 min), redissolvido em água destilada, ajustando o pH para 7.0, foi congelado, liofilizado e pesado, para determinação da produção do biossurfactante, esta metodologia foi descrita por Makkar & Cameotra (1998). 97 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização da nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986: A nova amostra de Geobacillus stearothermophilus, estudada no presente trabalho, foi isolada de efluente de indústria têxtil, encontra-se catalogada no Banco de Culturas da Universidade Católica de Pernambuco, sendo caracterizado como termofilico e halofílico, crescendo em anaerobiose facultativa. Tem temperatura de crescimento ótimo em torno de 55ºC e uma faixa de pH (6.3-7.8), com o ótimo de 6.7 (PAZ et al., 2003), salinidade de até 10% NaCl, produz atividade hemolítica e amilase, redução de nitrato a nitrito, presença de endosporos terminais, entre outros. Considerando a importância de se produzir um biossurfactante com estabilidade em ambientes extremos de temperatura, pH e concentrações de sal, todas estas condições foram estudadas com o novo isolado de G.stearothermophilus. Características de crescimento e produção de biossurfactante: A produção do biossurfactante e o crescimento do microrganismo foram estudados com o meio de cultura Luria Bertani, suplementado com glicose. Na figura 1 observa-se que o substrato foi totalmente consumido no período de 8 horas, quando então o microrganismo apresentou o fenômeno de diauxia e após 24 horas, entrou em sua fase estacionária. A curva de pH mostra que ocorreu um 98 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... leve decréscimo do pH de 7,66 para 6,73, com 8 horas de cultivo durante a fase exponencial, e foi mantido praticamente o mesmo até o final da fermentação. A produção de biossurfactante foi acompanhada pela determinação da emulsificação por dois métodos, a partir do líquido metabólico livre de células. Quando se efetuou a analise quantitativa pela atividade de emulsificação (Cirigliano & Carman, 1984), e a análise qualitativa, o índice de emulsificação foi calculado segundo Cooper & Goldenberg (1987), os resultados obtidos foram distintos devido à natureza da análise realizada. Na Figura 1, observa-se que a atividade de emulsificação apresenta duas curvas distintas, uma que acompanha o crescimento celular e a segunda que se inicia justamente na fase estacionária. Entretanto, a curva do índice de emulsificação, a atividade só foi detectada após 8 horas de cultivo, e se manteve a mesma até o final da fermentação. A tensão superficial do líquido metabólico livre de células apresentou uma redução de 50 mN/m para 32,7 mN/m após 48 horas de fermentação, indicando a produção de biopolímero em atividade surfactante. Estudos sobre as propriedades do biossurfactante - testes de estabilidade: A Tabela 1 mostra os resultados de termoestabilidade do líquido metabólico livre de células de Geobacillus stearothermophilus a 100ºC. O líquido metabólico livre de células submetido a 100ºC por diferentes intervalos de tempo, demonstrou uma alta redução da tensão superficial e um discreto aumento do índice de emulsificação a cada intervalo, e um comportamento específico da atividade de emulsificação. A literatura descreve a capacidade de microrganismos termofilicos produzirem polímeros de superfície ativa, com estabilidade em 99 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... condições adversas corroborando com os resultados obtidos para o biossurfactante produzido por G. stearothermophilus (YAKIMOV et al, 1995; MAKKAR & CAMEOTRA, 1998; PEREGO et al, 2003; MARCHANT et al, 2003;). A tabela 2 mostra a influência do pH sobre a estabilidade do biossurfactante produzido, observando-se grande redução da tensão superficial e alto do índice de emulsificação. Em pH 6,0 observaram-se os melhores resultados de redução da tensão superficial e do índice de emulsificação. Contudo, a atividade de emulsificação apresentou um discreto aumento, na faixa de pH 4,0 a 12,0. No pH 2,0, foi observado uma queda significativa da atividade e índice de emulsificação, acompanhada pelos altos valores da tensão superficial. Para Makkar & Cameotra (1998), a estabilidade do biopolímero produzido no líquido metabólico livre de células por Bacillus subtilis, cultivado em condições de termofília é mantida em uma faixa ampla de pH, apoiando os resultados obtidos para G. stearothermophilus. A influência da concentração de sal sobre a estabilidade do líquido metabólico livre de células de G. stearothermophilus está apresentada na Tabela 3. Os resultados obtidos mostram uma redução da tensão superficial, um discreto aumento da atividade de emulsificação, como também do índice de emulsificação, com a adição da solução de cloreto de sódio a 10%, confirmando as características de halotolerância do biossurfactante produzido. O biossurfactante produzido e isolado pelo tratamento com ácido, após 48 horas de fermentação foi de 79.6 mg/L, indicando uma excelente capacidade de produção de biopolímero por Geobacillus stearothermophilus, sendo os resultados corroborados pela literatura (YAKIMOV et al, 1995; DÉZIEL et al., 1996;YOUSSEF et al., 2004). 100 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos órgãos de fomento à Pesquisa CNPq (Processos Nº 141158/02-6 e Nº 3096610/ 2003-6), FINEP, e às Instituições que contribuíram para realização deste trabalho, UNICAP e UFPE. 101 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 4. 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LISTA DE FIGURAS Figura 1: Cinética de crescimento e produção de biossurfactante por Geobacillus stearothermophilus através do consumo de glicose (g/L), curva de pH, biomassa (g), índice e atividade de emulsificação no liquido metabólico livre de células. 106 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 9 pH 8 5 0,12 4 3 2 4 0,10 3 0,08 0,06 2 0,04 1 0,02 0 0,00 35 5 1 0 10 20 30 40 50 0 60 30 25 20 15 10 Emulsification index (%) 6 0,14 Emulsification acitivity (540) 6 Biomass (g/L) Glucose (g/L) 7 5 0 Time (hours) Figura 1: Cinética de crescimento e produção de biossurfactante por Geobacillus stearothermophilus através do consumo de glicose (g/L), curva de pH, biomassa (g), índice e atividade de emulsificação no liquido metabólico livre de células. 107 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... LISTA DE TABELAS Tabela 1: Termoestabilidade do biossurfactante produzido por Geobacillus stearothermophilus UCP 986 após 48 horas de fermentação. Tabela 2: Efeito do pH na estabilidade do biossurfactante produzido por Geobacillus stearothermophilus UCP 986 após 48 horas de fermentação. Tabela 3: Efeito da concentração de sal na estabilidade do biossurfactante produzido por Geobacillus stearothermophilus UCP 986 após 48 horas de fermentação. 108 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Tabela 1: Termoestabilidade do líquido metabólico livre de células de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 após 48 horas de fermentação. Tempo de aquecimento a 100ºC minutos Índice de Emulsificação (E24) -% Atividade de Emulsificação (U. A. E) Tensão Superficial mN/m 5 10 15 20 25 60 14,29 22,86 28,57 28,57 28,57 28,57 1,00 0,80 0,80 0,90 3,40 0,00 37,72 39,15 38,77 35,83 32,56 33,38 Tabela 2: Efeito do pH na estabilidade do biossurfactante produzido por Geobacillus stearothermophilus UCP 986 após 48 horas de fermentação. pH do líquido metabólico livre de células Índice de Emulsificação (E24) Atividade de Emulsificação (U. A. E) Tensão Superficial mN/m 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 0,00 8,57 17,14 5,00 5,71 11,43 0,70 4,90 4,80 5,50 5,50 5,60 44,99 40,36 33,39 36,63 36,91 35,10 Tabela 3: Efeito da concentração de sal na estabilidade do biossurfactante produzido por Geobacillus stearothermophilus UCP 986 após 48 horas de fermentação. Concentração de (% NaCl) Índice de Emulsificação (E24) Atividade de Emulsificação (U. A. E) Tensão Superficial mN/m 2 4 6 8 10 28,57 28,57 28,57 28,57 28,57 1,90 5,00 5,10 4,70 5,06 49,48 47,39 46,73 46,33 35,87 109 4º ARTIGO Degradação do Dibenzotiofeno por uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 Manuscrito submetido para publicação ao: International Biodeterioration and Biodegradation Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... DEGRADAÇÃO DO DIBENZOTIOFENO POR UMA NOVA AMOSTRA DE GEOBACILLUS STEAROTHERMOPHILUS UCP 986 Mabel Calina de França Paz 1,6; Ricardo Kenji Shiosaki 6; Beatriz Susana Ovruski de Ceballos 2; Ricardo Luiz Longo 3; Galba Maria de Campos-Takaki, 5,6 1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – CCB/ UFPE; Engenharia Sanitária Ambiental – AESA/UFCG; 3 2 Área de Departamento de Química Fundamental – DQF/ UFPE; 5 Departamento de Química – UNICAP; 6 Núcleo de Pesquisa em Ciências Ambientais – NPCIAMB- UNICAP- PE. Corresponding author: Galba Maria de Campos-Takaki, Departamento de Química, Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais, Universidade Católica de Pernambuco. Rua Nunes Machado, 42, Boa Vista. 500050-590 Recife – Pe, Brasil, E-mail: [email protected] 111 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... RESUMO Geobacillus stearothermophilus UCP 986, isolado de efluente têxtil, foi capaz de se desenvolver na presença de diferentes concentrações de dibenzotiofeno (DBT), composto organosulfurado encontrado na queima incompleta de óleo diesel. O microrganismo foi capaz de utilizar o composto sulfurado num período de 30 horas de fermentação numa temperatura de 55ºC, quebrando suas ligações carbono-carbono, retirando dele o heteroátomo de enxofre, tornando-o um composto alifático, de fácil degradação no ambiente. Palavras chaves: Geobacillus stearothermophilus, dibenzotiofeno, termofílico, resíduos petroquímicos, diesel. 112 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 1. INTRODUÇÃO Todos os combustíveis fósseis apresentam em sua composição compostos orgânicos sulfurados. Na queima destes combustíveis fósseis, em geral, são lançados no ambiente compostos como o dióxido de enxofre, que causam poluição do ar e danos à natureza (23). A quantidade de enxofre presente nos combustíveis está ligada à qualidade de sua matéria prima. Os compostos orgânicos que apresentam enxofre em sua composição constituem uma pequena e importante fração nesses combustíveis, que devido a sua baixa biodegrabilidade, são considerados recalcitrantes (1,12). A presença do elemento enxofre nos combustíveis é considerada indesejável desde que produzem corrosão aos equipamentos da refinaria e em sua combustão liberam poluentes na atmosfera, sendo responsáveis pela formação das chuvas ácidas, entre outros males aos seres humanos (9, 18, 25). Considerando o aumento na utilização dos combustíveis fósseis pelos países industrializados, o que constitui um sério problema ambiental e que se agrava devido à qualidade das reservas do petróleo serem todas ricas neste elemento, estudos estão sendo realizados no intuito de reduzir a quantidade de enxofre desses combustíveis e conseqüentemente no ambiente (19). O dibenzotiofeno (DBT) é um composto organossulfurado heterocíclico, presente no óleo diesel, e o processo de sua desulfurização é considerado como reação modelo para os tratamentos dos combustíveis fósseis (15,22). O tratamento do DBT, a desulfurização, pode ocorrer tanto: físicoquimicamente – hidrodesulfurização, como biologicamente – a biodesulfurização, que em geral acontece através de microrganismos capazes de utilizar o enxofre 113 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... presente no composto (4,21). O tratamento físico-químico apresenta elevados custos, entretanto, a alternativa do tratamento biológico vem sendo considerada como a mais eficaz por conseguir promover a quebra das ligações covalentes das moléculas orgânicas por microrganismos (28). Estudos de biodesulfurização vêm sendo desenvolvidos na busca de microrganismos capazes de utilizar o enxofre presente nos combustíveis; entre estes microrganismos encontram-se Rhodococcus, Bacillus, Corynebacterium e Arthrobacter, que agem através de uma via degradativa especifica, onde ocorre a separação do átomo de enxofre do composto de uma forma que não gera outro composto recalcitrante, e também sem alterar o combustível quanto a seu valor carburante. A forma como os microrganismos utilizam o composto DBT ainda não está estabelecida, sabendo-se que a clivagem das ligações dos compostos podem ser realizadas por enzimas, como as monooxigenases (1). Alguns gêneros bacterianos são capazes de transformar o dibenzotiofeno, pelo crescimento em sua presença, através da utilização como fonte de energia e enxofre. Processos biológicos de oxidação e redução de compostos sulfurados na biosfera estão intrinsicamente ligado aos processos de mineralização e imobilização nos ciclos biogeoquímicos (28). Segundo Martinez (25), bactérias que oxidam o enxofre utilizam este elemento no seu estado reduzido, como fonte de energia para o crescimento quimiolitotrófico, produzindo então sulfato metálico solúvel e ácido sulfúrico. Para Fujiwara (13), os procariotos utilizam sulfeto de hidrogênio, enxofre, sulfitos, tiosulfatos e vários politionatos sob condições alcalina, neutras e até ácidas, sendo o enxofre utilizado em crescimento litotróficos aeróbio ou fototrófico anaeróbio (11). Além das bactérias, um grande número de microrganismos 114 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... remove o enxofre do DBT através da via degradativa do hidrogênio, que envolvendo clivagem das ligações carbono-carbono resultando numa redução do valor carburante. Portanto, essa condição de transformação do DBT, explica a importância do emprego de microrganismos termofílicos (6, 14, 20, 22). Neste trabalho foi investigado o potencial de uma nova amostra de Geobacillus stearothermophilus isolado de efluente têxtil, no processo de degradação do dibenzotiofeno em condições de termofília. 115 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 2. MATERIAL E MÉTODOS Microrganismo: foi utilizado G. stearothermophilus UCP 986, isolado de efluente indústria têxtil, depositada no banco de Culturas do Núcleo em Pesquisas em Ciências Ambientais – NPCIAMB, da Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, mantida em tubos de ágar nutriente inclinado (AN) a 4ºC. Meio de cultura e condições de cultivo: o microrganismo foi cultivado em frascos de Erlenmeyers de 250 mL de capacidade com 50 mL de meio Luria Bertani (LB) composto por triptona (10g/L), extrato de levedura (5 g/L), cloreto de sódio (10 g/L), suplementado com glicose (5 mg/mL) segundo Konishi et al.(21). A solução estoque do DBT (Sigma-Aldrich®) foi preparada em etanol numa concentração de 100 mM (24). Ao meio de cultivo Luria Bertani foi adicionado as seguintes concentrações 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1 mM do DBT, como fonte de energia, previamente esterilizado por filtração, e mantido sob agitação orbital (160 rpm) a temperatura de 55ºC por um período de 30 horas. O crescimento foi medido turbidez em espectrofotômetro a 660nm. O inóculo correspondeu a 107 células/ mL, numa densidade óptica (D.O660 ) de 0.8, overnight. Alíquotas foram retiradas a cada 2 horas até as primeiras 12 horas e depois nos intervalos de 24 e 30 horas, onde se determinou a viabilidade celular. Após tempo de cultivo as amostras foram submetidas à centrifugação de 2500 x g por 15 min a 10ºC, para separação das células do líquido metabólico. Após a separação, a biomassa foi liofilizada para determinação de peso seco e do líquido metabólico foi determinado proteínas totais, consumo de glicose e avaliação da degradação do DBT. 116 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Proteínas totais: a concentração de proteínas totais foi determinada no liquido metabólico livre de células, pelo método espectrofotométrico do Biureto (LABTEST Diagnostic - Brasil), utilizando como padrão albumina de soro bovino, lida a espectrofotômetro Genesys® a 545 nm. Consumo de glicose: o consumo de glicose foi determinado no líquido metabólico livre de células pelo método colorimétrico (LABTEST Diagnostic - Brasil) e medido espectrofotometricamente a 505 nm. pH: o pH do líquido metabólico livre de células, foi medido em pHmetro Orion, modelo 310, a cada 2 horas até 12 horas de fermentação, e nos intervalos de 24 e 30 horas. Viabilidade celular: Foi realizada através da técnica “pour plate” segundo APHA (3), usando o meio ágar nutriente. A contagem foi realizada com o auxilio de contador de colônias. Análises cromatográficas – CLAE: solução de DBT foi analisada através de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). A análise foi efetuada em cromatógrafo Varian, consistindo de: coluna Varian C18 (4,6 x 250mm), de fase reversa, detector UV-VIS modelo 320, sistema de liberação de solvente modelo 210 Varian Star, no comprimento de onda controlado por um software (versão 4.01). A fase móvel consistia de 75% acetonitrila (pureza HPLC) e 25% de tampão fosfato 10mM (pH 6.0), o eluído foi detectado a 232nm (2). Foram utilizados os seguintes padrões: soluções de dibenzotiofeno nas concentrações 0, 0.1, 0.2, 0.3, 0.4, 0.5, 0.8 e 1 mM. Os resultados foram expressos em porcentagem de DBT removido. 117 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Análises cromatográficas – CG/ MS: As estruturas químicas dos metabólicos formados a partir da degradação do dibenzotiofeno foram analisadas por cromatografia gasosa (GC – 17 A. Ver. 3 – Shimadzu), acoplada de um espectrômetro de massas (GC-MS - SHIMADZU - QP5050 A), com relação massa/ carga no intervalo de 40 a 650. A temperatura inicial da rampa de aquecimento no cromatógrafo foi de 280ºC e a final em 310ºC. O equipamento trabalhou no modo split, com velocidade linear 36.3 cm/sec. A coluna cromatográfica utilizada foi a DB – 5 (30X0.257 mm, espessura do filme 0.25µm) . As amostras analisadas foram obtidas pela extração por solvente do líquido metabólico utilizando acetato de etila (VETEC®). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Crescimento e viabilidade celular: As colônias visualizadas após o período de crescimento com diferentes concentrações de DBT não mostraram alterações morfológicas, continuando a apresentar aspecto rizóide, mucilaginoso, de tamanhos e formas características. Endosporos não foram visualizados, o que indica que não houve necessidade de sua formação por não haver condição de estresse celular. No controle, o crescimento celular (Figura 1) foi observado até 12 horas de cultivo, após este período começou nitidamente a fase de declínio do microrganismo, entretanto, foi detectado o fenômeno de diauxia no tratamento 118 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... controle. Para os tratamentos com dibenzotiofeno aconteceu o inverso desde que, após o período de “adaptação” (8 horas); o microrganismo continuou a aumentar sua população, como também a mantê-la, provavelmente devido à utilização do composto e seus metabólitos como fonte essencial nutricional (22,20). O Geobacillus stearothermophilus UCP 986 não só manteve-se viável, como também aumentou sua população na presença do DBT, possivelmente devido por este elemento ser considerado essencial na formação de aminoácidos como cisteína, cistina e metionina, de algumas vitaminas e outros compostos importantes para a sobrevivência do microrganismo sendo esta afirmação apoiada pela literatura (7, 17, 19). A concentração de proteínas totais foi determinada nas amostras de líquido metabólico livre de células, retirado a cada 2 horas até as 12 primeiras horas de cultivo, e posteriormente no tempo 24 e 30 horas, quando cessou a fermentação. A figura 3 mostra que as proteínas produzidas extracelularmente aumentaram após 8 horas de cultivo. Assim, os microrganismos produziram uma quantidade expressiva de enzimas para proporcionar a adaptação ao composto, como também para degradá-lo clivando suas ligações carbonocarbono, e assim reduzindo a compostos menos complexos (6,11). Comportamento semelhante foi observado em Geobacillus stearothermophilus, inicialmente no período de adaptação ao composto, que acarretou numa produção de proteínas extracelulares. Na presença de compostos recalcitrantes, nas primeiras horas de cultivo, os microrganismos buscam adaptar-se para posteriormente vir a utilizá-los como fonte de energia. 119 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... O consumo da glicose foi expressivo nas primeiras 6 horas de crescimento como mostra a Figura 2, isto devido à intensa atividade do microrganismo para se manter viável na presença do composto organosulfurado (DBT), e assim degradá-lo do meio de cultura. Por ser a glicose uma fonte de energia e carbono de fácil utilização, esta foi consumida praticamente nas primeiras horas de fermentação, confirmando que neste período o composto DBT foi utilizado pelo Geobacillus stearothermophilus, possivelmente, como fonte energética e até mesmo de enxofre para biossíntese de aminoácidos e vitaminas. O pH do meio apresentou um pH inicial foi de 6,6, e ao longo da fermentação houve uma discreta alteração chegando a 5,4 no final do experimento. Para Konishi et al. (20), o pH do meio tende a se acidificar devido à presença de compostos fenólicos oriundos da utilização do DBT pelo microrganismo. Este fato sugere que houve clivagem das ligações entre o elemento enxofre e os demais compostos (25,28). 3.2 Processo de degradação do DBT: A cromatografia líquida de alta eficiência mostrou que G.stearothemophilus foi capaz de retirar do líquido metabólico livre de células, o composto DBT nas primeiras horas de fermentação. Os resultados da cromatografia mostram que após 2 horas de fermentação o DBT foi degradado a 93,43 a 77,46%, respectivamente, para as concentrações entre 0,2 e 1,0 mM, do líquido metabólico. Isto evidencia a capacidade de degradação do composto organosulfurado pelo microrganismo sob condições de termofilia. 120 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... A cromatografia gasosa, associada à espectrometria de massas, indicou a presença de produtos de metabolização do DBT por Geobacillus stearothermophilus nos períodos de 4, 12 e 30 horas de fermentação. Os metabólitos formados pela degradação do dibenzotiofeno quando analisados em GC-MS mostram que o átomo de enxofre foi removido do composto da solução de acetato de etila obtida pela extração por solvente do líquido metabólico. Esta conclusão deve-se ao fato de não terem sido encontrados, nos espectros de massa, os picos correspondentes a M+1 e M+2 do íon molecular. Estes resultados são corroborados por Konishi et al. (1997) (20), os quais observaram também a diminuição do pH no decorrer da fermentação. Onde provavelmente, o DBT foi degradado a sulfatos (orgânico e inorgânico) que são reaproveitados no ambiente e /ou solúveis em água. O cromatograma GC da amostra colhida após quatro horas de fermentação (Figura 6), apresentou dois picos principais que totalizaram mais de 80% do material metabolizado. As análises por espectrometria de massas deste dois picos apresentam espectros praticamente idênticos, com massa do íon molecular em 90 e os seguintes picos principais na relação massa/ carga (m/z): 88, 73, 70, 61, 45 e 43 (29). Estes picos principais correspondem a perda de OH (17), H2O (18), C2H3 (27), C2H5 (29), sendo o número entre parênteses a massa molecular dos fragmentos. Com estes dados das fragmentações, as seguintes estruturas moleculares foram propostas para o íon molecular e os picos principais: 121 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... (m/z) = 90 CH3CH2CH(OH)CH2OH ou CH2(OH)CH2CH2CH2OH ou CH3CH(OH)CH2CH2OH ; (m/z) = 88 CH2=CHCH(OH)CH2OH ; (m/z) = 73 CH3CH2CH2CH2O e isômeros; (m/z) = 61 CH(OH)=CHOH ou HOCH=CHOH (m/z) = 45 CH3CH2O (m/z) = 43 CH2CH =O O cromatograma da amostra colhida após 12 horas (Figura 7) de fermentação, apresentou dois picos principais que totalizaram mais de 98% do material metabolizado. Os picos apresentaram espectro de massas com m/z do íon molecular igual a 90 e o próximo pico principal em 73. Este último corresponde à perda de OH (17), e as prováveis estruturas destes compostos são as mesmas apresentadas anteriormente. As estruturas propostas para os compostos presentes na solução de acetato de etila são bastante oxigenadas (oxidadas), pois se espera que a degradação do DBT ocorra com a utilização de oxigenases, as quais devem, inicialmente, romper as ligações C- S- C mais fraca do tiofeno, que após oxidações podem levar a sulfinatos (R1SO2-) e sulfatos (R1SO3-) orgânicos ou inorgânicos (SO32-; SO42-) que são solúveis em água , e, portanto, não estariam presentes na solução de acetato de etila. A oxidação continuada da parte orgânica do DBT deve levar a compostos alifáticos oxigenados, como os dióis, trióis e epóxidos. 122 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... Os picos no GC (Figura 8) com maiores tempos de retenção que fornecem espectros de massas com m/z para íons moleculares maiores que 300, provavelmente referem-se a compostos residuais do meio de cultura, considerado complexo por apresentar em sua composição extrato de levedura e triptona. Estes resultados evidenciam a capacidade de biodegradação de G.stearothermophilus no tratamento do dibenzotiofeno sob condições de termofília, reafirmando que a ação de microrganismos pode constituir prérequisito para implantação do processo de biodesulfurização na refinarias, quando se usa uma cepa eficiente. A degradação de compostos xenobióticos por microrganismos termofilicos sob os mesofílicos apresenta uma vantagem crucial na aplicação em processos biotecnológicos, diminuindo o tempo de degradação desses compostos e seus custos operacionais. AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem as agências financiadoras CNPq (Processos Nº141158/02-6 e Nº3096610/2003-6), CT-PETRO, FINEP e FACEPE, pelo suporte financeiro, e as instituições UNICAP e UFPE. 123 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALVES, L.; MESQUITA, E.; GÍRIO, F.M (1999). Dessulfurização bacteriana de combustíveis fosséis. Bol. de Biotec.,62:3-7. 2. ABBAD-ANDALOUSSI, S.; LAGNEL, C; WARZYWODA, M.; MONOT, F. (2003) Mult-criteria comparison of resting cell activities of bacterial strains selected for biodesulfurization of petroleum compounds. E.Microbio.Technol., 32: 446-454. 3. BARATHI, S.; VASUDEVAN, N. (2001) Utilization of petroleum hydrocarbons by Pseudomonas fluorescens isolated from petroleum contaminated soil. Environ.Inter., 26:5-6; 413-416. 4. BOTARI, A.; CIAMPIE, M. M. ; BRITO, C. R.(2001). Novas tecnologias para tratamento de resíduos líquidos industriais. Boletim Petrobrás. Anais IX Sim. 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Figura 3: Histograma de proteínas totais do G. stearothermophilus com diferentes concentrações (0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1mM) de DBT durante 30 horas de cultivo. . Figura 4: Curva do pH durante o crescimento do G.stearothermophilus UCP 986 na presença das diferentes concentrações de DBT (0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1mM) durante 30 horas de cultivo. Figura 5: Biomassa total do G. stearothermophilus na presença das diferentes concentrações de DBT (0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1mM) durante 30 horas de cultivo. Figura 6: Espectrograma de massas dos metabólitos formados na degradação do dibenzotiofeno após 4 horas de cultivo. Figura 7: Espectrograma de massas dos metabólitos formados na degradação do dibenzotiofeno após 12 horas de cultivo. Figura 8: Espectrograma de massas dos metabólitos formados na degradação do dibenzotiofeno após 30 horas de cultivo. 128 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 mM Log (UFC/mL) 10,00 1,00 0 2 4 6 8 10 12 24 30 tempo( horas) Figura 1. Viabilidade celular do G. stearothermophilus na presença de concentrações diferentes de DBT (0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1mM) durante 30 horas de cultivo. 129 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 mM Glicose (mg/dL) 1000,00 800,00 600,00 400,00 200,00 0,00 0 2 4 6 8 10 12 24 30 tempo( horas) Figura 2: Consumo de glicose por Geobacillus stearothermophilus UCP 986 com DBT em diferentes concentrações (0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1mM) durante 30 horas de cultivo. 130 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 mM 4000,0 (PT mg/dL) 3000,0 2000,0 1000,0 0,0 0 2 4 6 8 10 12 24 30 tempo (horas) Figura 3: Histograma de proteínas totais de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 com diferentes concentrações (0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1mM) de DBT durante 30 horas de cultivo. 131 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 mM 8 pH 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 12 24 30 tempo (horas) Figura 4: Curva do pH durante o crescimento do G.stearothermophilus UCP 986 na presença das diferentes concentrações de DBT (0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1mM) durante 30 horas de cultivo. 132 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 0,6 biomassa (g) 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 DBT (mM) Figura 5: Biomassa total do G. stearothermophilus na presença das diferentes concentrações de DBT (0, 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1mM) durante 30 horas de cultivo. 133 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... A B C Figura 6: Espectrograma de massas (principal-A, M+1-B, M+2-C) dos metabólitos formados na degradação do dibenzotiofeno (DBT) após 4 horas de cultivo de G.stearothermophilus UCP 986. 134 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... A B Figura 7: Espectrograma de massas (principal-A, M+1-B, M+2-C) dos metabólitos formados na degradação do dibenzotiofeno (DBT) após 12 horas de cultivo de G.stearothermophilus UCP 986. 135 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... A B C Figura 8: Espectrograma de massas (principal-A, M+1-B, M+2-C) dos metabólitos formados na degradação do dibenzotiofeno (DBT) após 30 horas de cultivo de G.stearothermophilus UCP 986. 136 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... CONCLUSÕES GERAIS 1º ARTIGO: - Os microrganismos isolados do solo do Porto do Recife, de efluente e lodo de indústria têxtil foram identificados como: Bacillus e Geobacillus; - Bacillus licheniformis e Geobacillus stearothermophilus apresentam habilidade para se desenvolver em condições adversas de temperatura e salinidade, mostrando características biotecnológicas importantes e viáveis em tratamentos de compostos xenobióticos; - Bacillus licheniformis e Geobacillus stearothermophilus apresentam similaridade entre os grupos estudados nas diversas características morfofisiológicas e bioquímicas. Os isolados foram agrupados em dois grupos, diferenciados pela temperatura e a variável produção de oxidase. 2º ARTIGO: - Ao reduzir ou manter a temperatura de incubação a concentração do cobre em seu nível inferior induz a produção de biossurfactante e o aumento da biomassa por G. stearothermophilus UCP 986; - O aumento da concentração salina acima do seu nível superior (50g/L), não causa inibição na formação de biomassa e na produção do biossurfactante; - Geobacillus stearothermophilus mostra-se como produtor de biossurfactante em condições adversas com alta redução da tensão superficial; - O biossurfactante produzido sugere seu emprego no tratamento de efluentes petroquímicos ou de ambientes aquáticos em geral. 137 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... 3º ARTIGO: - O novo isolado de Geobacillus stearothermophilus UCP 986 é capaz de produzir compostos de superfície ativa durante seu crescimento, tendo glicose como substrato, em condições de termofília. - Os polímeros produzidos demonstram ação emulsificante apresentando características preliminares de um surfactante ideal para tratamento de resíduos de indústrias ou refinarias; - O biossurfactante produzido por G.stearothermophilus UCP 986, em condições de termofília e halofilia, evidencia a habilidade de sobrevivência em ambientes extremos; - A nova amostra de G.stearothermophilus UCP 986 é um excelente candidato nos tratamentos “in situ” como o MEOR (melhoramento de recuperação de óleos). 4º ARTIGO: - G.stearothermophilus UCP 986, em condições de termofilia é capaz de degradar o dibenzotiofeno -DBT, em um período de 30 horas de fermentação, transformando em composto alifáticos de fácil aproveitamento no meio ambiente; - As reações de oxidação do DBT, tornaram o pH do meio de cultura levemente ácido, indicando a remoção do átomo de enxofre do composto organosulfurado pelo G.stearothermophilus; - Os produtos de degradação do DBT podem ser facilmente mineralizados no meio ambiente; - Os resultados sugerem a aplicação da nova amostra de G.stearothermophilus no tratamento de efluentes de refinarias de petróleo. 138 Paz, M.C.F – Identificação e Caracterização de Bacillus licheniformis e......... ANEXOS 139