COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE DNA DE BACTÉRIAS ESPORULADAS DE INTERESSE NA CADEIA DO LEITE Bruna Fritegoto Soares, Vaneli Beloti, e-mail:[email protected] Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Medicina Veterinária Preventiva Medicina Veterinária/ Inspeção de Produtos de Origem Animal Palavras-chave: Extração, esporos e 16S rRNA Resumo Bactérias esporuladas são de grande importância no processo de deterioração do leite. A identificação desses micro-organismos no leite é de essencial importância para sabermos a origem de contaminação, para isso há análises que se baseiam na sequência de nucleotídeos após a amplificação de determinado fragmento de DNA. O objetivo desse trabalho foi determinar metodologias rápidas e eficientes de extração de DNA de bactérias esporuladas. Observou-se nesse estudo que o método de fervura simples demonstrou a mesma eficiência quando comparado com o kit comercial, ambos apresentaram resultados satisfatórios na PCR tanto para o gene rpoB quanto para 16S rRNA. Introdução e objetivos A contaminação do leite cru por esporos bacterianos é originária do solo, alimentos dos animais, água, fezes, tetos e equipamentos de ordenha. Para a identificação desses micro-organismos esporulantes que causam a contaminação do leite, o DNA deve ser extraído das células de bactérias para que possa ser amplificado na Polymerase Chain Reaction (PCR) e sequenciado. Métodos rápidos e menos laboriosos para a análise desses microorganismos podem auxiliar na identificação e caracterização biomolecular desses micro-organismos no Brasil. O objetivo geral do trabalho é verificar a eficiência dos métodos de extração de DNA disponíveis na literatura para os micro-organismos esporulados com atividade deteriorante do leite. Procedimentos metodológicos Foram avaliadas a eficiência de cinco diferentes métodos de extração de DNA genômico de micro-organismos. Os micro-organismos esporulados foram selecionados na bacterioteca do Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal (LIPOA) da Universidade Estadual de Londrina. As cepas que anteriormente estavam congeladas, foram repicadas para ágar leite (Acumedia, Baltimore, USA) suplementado com solução estéril de leite em pó desnatado reconstituído à 10% na proporção de 9:1 e em ágar tributirina (Himedia, Mumbai, India) suplementado com tributirina (Himedia, Mumbai, Índia) na proporção de 99:1. As colônias de bactérias formadoras de esporos que apresentaram atividade proteolítica e/ou lipolítica foram cultivadas em caldo cérebro coração (BHI) (Acumedia, Baltimore, USA) por 24 horas a 35ºC para extração de DNA. Na preparação das cepas para verificação da pureza, os caldos foram semeados por esgotamento em placas contendo ágar padrão. Uma colônia de cada micro-organismo foi repicada novamente em outro tubo de caldo BHI. Foram utilizados cinco protocolos de extração de DNA senso denominados de método A- fervura simples (estudo proposto), B- Extração com precipitação com partículas de sílica (BOOM et al. 1990), C- lise em micro-ondas (BOLLETet al. 1955), D- lise em fenol sem precipitação de DNA (CHENG e JIANG 2006) e E- Kit comercial (ChargeSwitch® gDNA Mini Bacteria Kit (invitrogen, Carlsbad, CA, USA). Para as análises foi realizada a amplificação parcial do gene 16S rRNA (1500 pb) por Polymerase Chain Reaction (PCR). A amplificação foi realizada em termocilador (AerisTM Thermal Cycler, Esco® Micro Pte, Singapore). Para visualização da PCR as amostras amplificadas foram aplicadas em gel de agarose 1% (Invitrogen, Carlsbad, CA, USA. Os géis foram corados em solução de brometo de etídio a 0,2 µg/mL por 20 min e visualizados em transiluminador UV. Resultados e discussão Diante dos resultados quantitativos obtidos podemos observar uma grande variação nos resultados apresentado por todos os métodos de extração. Nos resultados apresentados no PCR, observamos que o método de extração por fervura simples e o método de extração por kit comercial os resultados foram muito satisfatórios e semelhantes, tanto por rpoB (740pb) quanto por 16S rRNA (1465pb), podendo ser melhor observado na figura 1 e 2. A extração de DNA pelo método de precipitação com partículas de sílica demonstrou melhor proporção de 260/280 sobre a pureza do DNA extraído e melhor coeficiente de correlação entre os métodos quantitavos. Entretanto quando se observa os resultados da PCR para o mesmo método de extração vemos que não foi eficaz para extração de DNA de todas as bactérias esporuladas que compõe a microbiota do leite, sendo apenas eficiente para as espécies L. massiliensis, B. licheniformis e Paenibacillus sp. Entre os testados. Isto pode estar relacionado com a composição da parede celular dos microrganismos Gram-positivos de microbiota esporos do leite, que tem peptidoglicano responsável por uma maior rigidez à parede das bactérias gramnegativas microorganismos que facilmente ter a sua célula paredes interrompido por ebulição. No estudo podemos observar no PCR em ambos os genes amplificados que o método de extração de DNA por fervura foi muito eficaz para bactérias grampositivas, ou seja, este é um método rápido, barato e fácil de executar, e provou ser eficaz para estudos moleculares deste microorganismos esporulados da microbiota do leite. Conclusão Conforme o estudo proposto o método de extração por fervura simples comprovou ser eficaz tanto quanto o kit comercial, ambos apresentaram resultados satisfatórios na PCR tanto para o gene rpoB quanto para 16S rRNA. A 740 pb B 740 pb Figura 1. Resultados do PCR utilizando o gene rpoB (740pb) sendo a (A) o kit comercial e (B) fervura simples. Linha 1: DNA marcador; 2: Bacillus sp.; 3: Lysinibacillus massiliensis; 4: Bacillus licheniformis; 5: Bacillus sp.; 6: Bacillus sporothermodurans; 7: Bacillus pumilus; 8: Paenibacillus sp.; 9: Paenibacillus sp.; 10: Bacillus circulans; 11: Bacillus licheniformis; 12: Brevibacillus borstelensis; 13: controle negativo. Figura 2. Resultados do PCR do gene 16S rRNA (1465pb) extraídos da microbiota esporulada do leite pelo método (a) kit comercial e (B) fervura. Linha 1: DNA marcador; 2: Bacillus sp.; 3: Lysinibacillus massiliensin; 4: Bacillus licheniformi; 5: Bacillus sp; 6: Bacillus sporothermodurans; 7: Bacillus pumilus; 8: Paenibacillus sp.; 9: Paenibacillus sp.; 10: Bacillus circulans; 11: Bacillus licheniformis; 12: Brevibacillus borstelensis; 13: controle negativo. Referências bibliográficas BELOTI, V. Leite: Obtenção, Inspeção e Qualidade (1ª ed.), Londrina: Editora Planta, 417 p., 2015. BOOM, R.; SOL, J.S.; SALIMANS, M.M.; JANSEN, C.L.; WERTHEIM-VAN, P.M.; NOORDA, J. 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