Revista ACM 2013 - Volume 42 - 4.indd

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Arquivos Catarinenses de Medicina
ISSN (impresso) 0004- 2773
ISSN (online) 1806-4280
ARTIGO DE REVISÃO
Aplicação e eficácia da técnica de expiração forçada nas doenças respiratórias
Implementation and effectiveness of technical forced expiration in respiratory diseases
Renata Maba Gonçalves1, Gabriel D’Oliveira da Silva2, Gabriela Pereira Peres Martins3, Gabriela Steinmann Bayer4,
Camila Isabel Santos Schivinski5
Resumo
Abstract
A técnica de expiração forçada (TEF) tem sido utilizada frequentemente na prática clínica como parte das
manobras desobstrutivas, principalmente quando a tosse espontânea não é eficiente e trata-se de um paciente
hipersecretor. Devido à relevância dessa terapêutica, com
o objetivo de identificar os estudos que avaliaram os efeitos dessa técnica em pacientes com doenças respiratórias
e apresentar seus resultados, realizou-se uma revisão de
literatura. Foram utilizadas as bases de dados eletrônicas
Scielo e PubMed/Medline, empregando-se combinações
entre as palavras-chave: huffing, huff e técnica de expiração
forçada, sendo consideradas as publicações até o corrente
ano. Identificou-se 646 títulos nas referidas bases, sendo
selecionados 29 para a avaliação dos resumos. Após leitura
desse material, 13 artigos foram encaminhados para análise do conteúdo e estruturação da revisão. Evidenciou-se
que a TEF tem resultados positivos em diferentes enfermidades respiratórias, como fibrose cística, bronquiectasia,
pneumonia e asma, especificamente na mobilização e eliminação de secreção, melhora dos parâmetros de função
pulmonar e do clearance mucociliar, sendo rotineiramente
empregada em protocolos de atendimento. No entanto,
ainda é necessária a realização de estudos controlados e
com amostras satisfatórias, que avaliem a técnica isoladamente, para uma avaliação qualificada de seus efeitos e
constatação acurada de seus resultados.
The technique of forced expiration (TEF) has been often
used in clinical practice as part of the clearance maneuvers,
particularly when the spontaneous coughing is inefficient
and it is hipersecretor a patient. Due to the relevance of
this therapy in order to identify studies that evaluated the
effects of this technique in patients with respiratory diseases and present their results, we carried out a literature
review. We used electronic databases Scielo and PubMed /
Medline, using combinations of keywords: huffing, huff and
forced expiration technique, considering the publications
up to the current year. We identified 646 titles in these bases, 29 were selected for the evaluation of summaries. After
reading this material, 13 items were submitted for analysis
of the content and structure of the review. Showed that the
TEF has positive results in various respiratory diseases such
as cystic fibrosis, bronchiectasis, pneumonia and asthma,
particularly in the mobilization and removal of secretions,
improves parameters of pulmonary function and mucociliary clearance, is routinely used in clinical protocols. However, it is still necessary to perform controlled studies with
satisfactory samples, to evaluate the technique in isolation,
to a qualified assessment of their effects and accurate statement of their results.
Descritores: Modalidades de fisioterapia. Expiração.
Doenças pulmonares.
Keywords: Physical therapy modalities. Exhalation.
Lung diseases.
1.Graduanda em Fisioterapia pela Universidade do Estado de Santa Catarina
(UDESC).
2. Graduada em Fisioterapia pela UDESC.
3. Graduada em Fisioterapia pela UDESC.
4. Graduada em Fisioterapia pela UDESC.
5. Professora Doutora dos cursos de graduação e pós-graduação em Fisioterapia da
UDESC.
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Aplicação e eficácia da técnica de expiração forçada nas doenças respiratórias
Introdução
terapêutico, baseado na manobra de expiração forçada,
promove desobstrução brônquica através do deslocamento do ponto de igual pressão (11).
Estima-se que 4,3 milhões das mortes de crianças
menores de cinco anos ocorram anualmente por infecções respiratórias agudas, que nessa faixa etária representa 20% dos óbitos (1). Para a Organização Mundial
de Saúde, segundo dados publicados em 2002, as infecções respiratórias estão entre as principais causas
de mortalidade infantil, juntamente com a desnutrição
e doenças diarréicas (2). Dados mais recentes divulgados
pelo DATASUS apontam para alta mortalidade por infecção respiratória aguda em menores de cinco anos de
idade, somando 2.733, de um total de 50,033 de óbitos
para mesma faixa etária, o que caracteriza 5,5% (3).
Consiste em uma ou duas expirações forçadas, de
volume pulmonar de médio a baixo, sem fechamento da
glote, o huff. Essas expirações são seguidas por um período de controle da respiração (controle diafragmático)
e relaxamento (12). Tem como objetivo a mobilização e
eliminação de secreção em pacientes hipersecretivos (4)
e tem se mostrado bastante eficaz na higiene brônquica de indivíduos com instabilidade das vias aéreas durante a tosse normal, como é o caso dos pacientes com
fibrose cística (FC) (13-16). Sua aplicação vem ganhando
cada vez mais espaço na prática clínica, pois se atribui
ao seu uso um menor gasto energético, com efetividade
na desobstrução brônquica e com menor tendência ao
colapso do brônquio (10,15-16).
Dentre as enfermidades respiratórias, as doenças
inflamatórias crônicas com limitação do fluxo aéreo,
hiperresponsividade brônquica e inflamação são as
mais preocupantes. Caracterizam-se por dispnéia, tosse e chiado, que são considerados sintomas respiratórios inespecíficos (4). Estes podem ser minimizados por
recursos e técnicas de fisioterapia respiratória (TFR),
principalmente no paciente pediátrico, que apresenta
características anátomo-fisiológicas predisponentes ao
desenvolvimento dessa sintomatologia (5).
O broncoespasmo é um evento muito comum na faixa etária pediátrica (17) e em pacientes bronquiectásicos, enfisematosos e fibrocísticos, sendo que nestes o
colapso pode ser decorrente até mesmo de uma tosse
normal, havendo indícios dos efeitos benéficos dessa
técnica nessa população (18-20).
Além desses pontos positivos, estudos evidenciaram que o emprego da TEF, não só promove aumento da
quantidade de secreção expectorada em pacientes com
FC, mas também melhora significativamente alguns parâmetros da função pulmonar, como volume expiratório
forçada no primeiro segundo (VEF1) e capacidade vital
forçada (CVF) (15). O pico de fluxo expiratório (PFE) também apresentou melhora significativa em um estudo
envolvendo crianças com pneumonia submetidas à TEF
e oscilação oral de alta frequência (OOAF) (21).
As TFR são descritas na literatura como essenciais na
complementação do tratamento de crianças e recém-nascidos com acometimentos respiratórios. Apresentam grande sucesso na prevenção e no tratamento de
doenças e complicações pulmonares, resultando no reconhecimento do fisioterapeuta como membro imprescindível de equipes multiprofissionais (6,7).
Especificamente as técnicas de higiene brônquicas,
aplicadas nos casos de hipersecreção, vêm sendo utilizadas há muitas décadas. Estudos têm evidenciado alteração do padrão reológico do muco, maior expectoração, diminuição do número de hospitalizações, melhora
de parâmetros espirométricos e da qualidade de vida
de pacientes submetidos a esse tipo de intervenção
(8,9)
, sendo a tosse considerada um dos recursos desobstrutivos mais importantes e eficientes. Segundo van
der Schans (9), somente diante de sua ineficácia deve-se
considerar outras TFR. Isso porque, a tosse e manobras
expiratórias forçadas, como o huff, são mecanismos
básicos para a mobilização e transporte de secreções.
Além disso, em indivíduos assintomáticos, observou-se
que o huff requer menos energia do que a desprendida
numa tosse normal de mesmo volume pulmonar (10).
Devido à relevância do tema e a escassez de estudos sobre essa técnica, esta revisão tem como objetivo
identificar os estudos que avaliaram os efeitos dessa
técnica em pacientes com doenças respiratórias e apresentar seus resultados.
Material e método
Realizou-se uma revisão de literatura sobre os estudos que utilizam a TEF como recurso terapêutico nas
doenças respiratórias. Para tanto, foram pesquisadas as
bases de dados eletrônicas: Scielo e PubMed/Medline
empregando-se combinações entre as palavras-chave:
huffing, huff e técnica de expiração forçada. Foram
analisados os trabalhos publicados até o corrente ano.
Como critérios de inclusão foram definidos: ensaios clínicos que avaliam os efeitos da técnica fisioterapêutica
de expiração forçada em pacientes com doença respi-
Nessa linha, a técnica de expiração forçada (TEF) tem
sido utilizada como parte das manobras desobstrutivas,
principalmente quando a tosse espontânea não é eficiente e trata-se de um paciente hipersecretor. Foi criada pela equipe de Brompton Hospital e seu princípio
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Aplicação e eficácia da técnica de expiração forçada nas doenças respiratórias
ratória. As referências localizadas foram analisadas pelos autores para posterior leitura dos resumos e, diante
da compatibilidade com os critérios pré-estabelecidos,
uma leitura crítica dos artigos selecionados foi realizada para estruturação da corrente publicação.
seguida de TEF. A promoção da desobstrução das vias
aéreas foi atribuída à melhora da ausculta pulmonar
e do PFE (21). A TEF também fez parte do protocolo de
tratamento utilizado no estudo de Brunetto e Paulin
(1)
, que analisou a evolução de 15 pacientes pediátricos com comprometimento pulmonar que receberam
acompanhamento fisioterapêutico por cerca de 2 anos
e meio. Além da TEF, as crianças receberam percussão
pulmonar, vibração pulmonar, tosse assistida, estimulação da tosse e huff. Dos 15 pacientes estudados, 6
apresentaram remissão total das pneumonias, 8 remissão parcial e 1 teve aumento dos episódios. A fisioterapia pulmonar pôde, portanto, contribuir na redução do
número de ocorrências de pneumonias em crianças.
Resultados e discussão
Foram encontrados 646 títulos nas referidas bases
de dados, sendo selecionados 29 para a avaliação dos
resumos. O restante foi excluído pela incompatibilidade do título ao tema. Após a leitura do material elencado, 13 artigos foram encaminhados para análise do
conteúdo e estruturação do presente manuscrito.
Asma
A eficácia da TEF foi identificada na maioria dos estudos selecionados (10,11,18,23-25). No entanto, grande parte deles apresentou como método a associação da TEF
com alguma outra técnica sendo, portanto, difícil isolar
e identificar seu efeito terapêutico com exclusividade.
Poucos trabalhos empregam a TEF isoladamente (26-28) e
alguns comparam seus efeitos com o de outras técnicas
desobstrutivas (1,29-31), como será discutido a seguir.
São poucos os estudos envolvendo TFR e asma e,
principalmente, a TEF. Mas o aumento no peso do escarro de pacientes com asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) foi o resultado obtido no ensaio clínico de Morch (4), que avaliou a associação de
10 repetições de TEF com outras técnicas. Barnabé et
al.(39) também submeteram adultos e crianças com asma
à TEF e outras TFR (DP, vibração e percussão manual).
Apesar de essas técnicas terem se mostrado seguras na
asma, não tiveram repercussão nos valores espirométricos de VEF1 e FEF25-75% (fluxo expiratório forçada em
25 a 75% da curva de CVF).
Observou-se que os estudos analisam os efeitos da TEF
em parâmetros de função pulmonar (15,18); reologia da secreção (26-28); gasto energético (10,20,35); qualidade de vida e
a segurança da aplicação da técnica em doenças como a
FC (16,19,32,34-36); asma (4); DPOC (doença pulmonar obstrutiva
crônica) (37) bronquiectasia (31,32) e pneumonia (1,21). E também
em situações especiais como pós-operatórios pneumatocele e sua repercussão em indivíduos assintomáticos (25,38).
Segundo Pryor et al. (26) a TEF pode induzir broncoespasmo em indivíduos asmáticos se não for acompanhada de períodos de relaxamento. Em investigação recente, foram respeitados os períodos de relaxamento após
expiração forçada e nenhum dos pacientes asmáticos
estudados apresentou broncoespasmo após a realização da técnica, evento este monitorado pelo VEF1 (4).
A seguir, os artigos serão apresentados de acordo
com os efeitos da TEF nas diferentes enfermidades respiratórias.
Bronquiectasia
Bronquite crônica
Gallon, (31), estudou durante uma semana pacientes
com bronquiectasia e encontrou resultado satisfatório
em relação ao aumento da expectoração com a TEF associada à drenagem postural (DP) e percussão torácica.
A associação entre essas técnicas também foi avaliada
por LAMARI et al. (32), em estudo que incluiu ainda o flutter e constatou a eficácia dessas técnicas na prevenção
à retenção de muco brônquico. Nessa enfermidade, a
TEF é reconhecida por sua fácil aplicação e por promover independência ao paciente, melhorando sua qualidade de vida.
Foram identificados dois estudos, de um mesmo
grupo de pesquisadores, que analisaram a TEF nessa
enfermidade. Um deles comparou o efeito da TEF e da
pressão expiratória positiva (PEP) no clearance de radioaerosol de oito crianças e verificou melhora deste
parâmetro com a aplicação da TEF (40). O outro estudo
randomizado, que incluiu 7 pacientes, também constatou uma maior depuração média em todas as três zonas
do pulmão e uma maior expectoraçãono grupo que realizou huffing e DP, em comparação ao grupo que realizou PEP e ao grupo controle (41).
Pneumonia
Fibrose cística (FC)
Nessa afecção, os benefícios da TEF foram evidenciados em um estudo randômico controlado que incluiu
crianças, com idade entre seis a doze anos, submetidas
à técnica de oscilação oral de alta frequência (OOAF)
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Um maior número de estudos foi encontrado avaliando
o efeito da TF na FC, e alguns deles demonstram os efeitos
da técnica na melhora da função pulmonar, no aumento
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Aplicação e eficácia da técnica de expiração forçada nas doenças respiratórias
pesquisa que avaliou a função pulmonar de asmáticos e
fibrocísticos que realizaram TEF e DP por 4 dias consecutivos. A TEF associada à DP também foi combinação de
investigação recente, e apresentou-se mais efetiva que a
percussão e vibração na remoção de secreções das vias
aéreas, além de promover aumento da quantidade de secreção expectorada e aumento do VEF1 e CVF (15).
da expectoração e no maior clearance de radioaerosol
inalado (26-28). Quando associada a outros recursos, como
PEP e exercícios físicos, alguns trabalhos evidenciaram resultados positivos na prova de função pulmonar (29,30).
A indicação da TEF na FC tem sido atribuída ao fato dela
não necessitar de equipamento adjunto e promover relativa independência por parte do paciente (9,33-36). Mas no caso
de pacientes com doença pulmonar grave, pesquisadores
chamam a atenção para sua execução cuidadosa, devido a
possibilidade de instabilidade de via aérea e consequente
risco de colabamento precoce sem deslocamento efetivo
da secreção. Nesse contexto, Santos et al.(16) avaliaram os
efeitos imediatos da TEF nos fibrocísticos no momento da
internação para desinfecção e na alta hospitalar. Esse ensaio clinica prospectivo envolveu 18 pacientes, com idade
entre sete a dezoito anos e, apesar da clínica de infecção
eminente, evidenciou o efeito positivo da técnica na função
pulmonar dos indivíduos, fato que os autores atribuíram ao
caráter obstrutivo do quadro (16).
Situações especiais
Publicações referentes aos efeitos da TEF em outras
situações também foram encontradas. Esses registros
foram considerados especiais por serem menos comuns e contraditórias em relação à indicação de fisioterapia. Nessa linha, um relato de caso retratou efeitos
positivos da TEF, bem como de outras técnicas de fisioterapia (higiene nasal, desobstrução rinofaríngea retrógrada, vibração manual e mecânica, OOAF, ciclo ativo da
respiração (CAR) e aumento do fluxo expiratório (AFE)
em uma criança de oito anos de idade com Síndrome
da imunodeficiência adquirida, pneumopatia crônica e
diagnóstico de pneumatocele gigante. A aplicação das
TFR foi anamnese diária dependente, mas, como a atuação da fisioterapia na pneumatocele é ainda polêmica, os autores atentam para essas técnicas, que foram
segura e positivamente administradas (39). Já no que
concerne situações cirúrgicas, Dias et al. (25) estudaram
3 tipos de protocolo no pós-operatório de cirurgia cardíaca, nos quais todos empregavam o “huff”. Os autores
verificaram que todas as intervenções foram equivalentes no que se refere à recuperação da CVF nos primeiros 5 dias de pós-operatório dos pacientes.
A maioria dos estudos envolvendo a TEF compara os
efeitos de sua manobra, o huff, com episódios de tosse.
Nessa linha, utilizam medidas de aerosol para evidenciar
uma maior efetividade do huff em deslocar secreção de
todas as regiões pulmonares para vias aéreas mais proximais (18,22,23). Já os trabalhos de Hasani et al. (20,23) não identificaram diferença no volume de secreção e no clearance
de aerosol inalado entre a TEF e a tosse dirigida. Quando
comparado a nenhum tratamento, o huff associado à DP
e PEP aumentou o clearance mucociliar, mas teve pouco
efeito no VEF1 no estudo de van Winden et al (42).
Gasto energético
Comparações com a TEF e as técnicas convencionais
também foram feitas, e o efeito da TEF foi superior na
melhora do clearance e da função pulmonar no trabalho de Pryor et al. (26). A revisão realizada por Thomas
et al. (24) reforça essa superioridade da TEF, após análise de 5 estudos que comparam a TEF a outras técnicas.
No entanto, um estudo que analisou esse tipo de comparação, mas considerando os efeitos em longo prazo,
constatou que o uso isolado e exclusivo da TEF leva ao
declínio da função pulmonar nos fibrocísticos, por isso
a fisioterapia convencional (DP e percussão) não deve
ser excluída do tratamento (15).
Por sua característica menos agressiva, de volume
modulável e fluxo controlado pelo paciente, a relação
da TEF com o desprendimento energético oriundo de
sua execução é outro foco de investigação da técnica.
Dois estudos constataram um menor gasto energético
requerido com sua execução em comparação a episódios repetidos de tosse em pacientes com doenças respiratórias (20,35), e uma pesquisa que incluiu 24 jovens
assintomáticos na avaliação do gasto energético durante a manobra de huff e na tosse dirigida, não certificou
menos gasto de energia com essa manobra quando ambas partem do mesmo volume pulmonar. Além desses
achados, o PFE resultante da tosse parece ser maior que
o do huff (359±37 x 227±34 l/min), sugerindo a exigência de um trabalho muscular maior para produzir o fluxo
aéreo da tosse, com consequente aumento no consumo
de oxigênio (10).
Importante também apresentar os estudos antigos e
clássicos que verificaram os efeitos da TEF em parâmetros espirométricos. Sutton et al. (18) observaram, em pacientes com expectoração abundante (valor médio 63,3
ml/24 h), que a TEF associada à DP promove aumento
da expectoração em um menor período de tempo, e um
aumento significativo do VEF1, CVF e do fluxo expiratório com 50% da CVF (FEF50%). O mesmo resultado no
VEF1 já havia sido publicado por Pryor e Webber (26), em
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Aplicação e eficácia da técnica de expiração forçada nas doenças respiratórias
Considerações Finais
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A fisioterapia respiratória dispõe de inúmeras técnicas
de higiene brônquica, as quais são realizadas na prática clínica de maneira integrada. São muitas as intervenções que
incluem a manobra de expiração forçada ou huff, o que, de
acordo com Pryor (35), aumentou a eficácia da limpeza das
vias aéreas. Diante do exposto, afirmações como esta ganham força, uma vez que a maioria dos trabalhos envolvendo a TEF identificou seus benefícios, principalmente nas
situações de hipersecreção. Além disso, trata-se de uma
técnica ‘a fluxo’, que independe de equipamento adjunto
e promove autonomia ao paciente (11). Numa época em que
a prática baseada em evidência é a grande diretriz da assistência, a TEF integra a recomendação americana e têm sido
a técnica que compõem o método de muitos estudos de
fisioterapia, o que aumenta a segurança dos profissionais
que a elegem como recurso terapêutico.
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e eliminação de secreção, parâmetros de função pulmonar, e ativação do clearance mucociliar em diferentes enfermidades respiratórias, como asma, pneumonia,
bronquite e fibrose cística. Mas para comprovação de
sua eficácia isolada, bem como padronização na sua
aplicação, é ainda necessária a condução de estudos
controlados e com amostras satisfatórias.
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Endereço para correspondência
Camila Isabel Santos Schivinski
Rua Lauro Linhares, 1237 apto. 304. Ed. Coimbra
Bairro Trindade
Florianópolis / SC
88036-003
E-mail: [email protected] / [email protected]
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