FLG 356 – BIOGEOGRAFIA AULA 3: Teoria dos Redutos e Refúgios Ecológicos do Quaternário Ms. Waldir Wagner Campos; Bel. Marcelo Hideki Yamane. Gênero Homo QUATERNÁRIO Terciário PLEISTOCENO/ HOLOCENO: Maior quantidade de registros Inclusive registros humanos. Pulsação climática. Importante! Grande parte da biota que conhecemos já existia desde o cretáceo (+ ou – 140 milhões de anos) Glaciações • Ignaz Venetz (1788 — 1859) , suiço, em 1821 observa evidências de glaciações nos Alpes (é desacreditado, pois acredita-se que suas evidências são na verdade prova do dilúvio de Noé). • Louis Agassiz (disciplulo de Venetz) em 1840 estabeleceu a “Teoria das Glaciações” (para a Europa) a partir de seu livro Étude sur les glaciers (Estudo sobre os glaciares). Agassiz foi um ictiologista e geólogo que trabalhou com as amostras de Martius e Spix. Em 1865 veio ao Brasil comandando a Expedição Thayer saindo de Nova York passando pelo RJ, MG, Nordeste e Amazônia. Aqui fez estudos sobre os mestiços brasileiros, ele julgava os negros inferiores e considerava a miscigenação um fator de degeneração da humanidade. Evidências Estratigrafia (horizontalidade, superposição e continuidade), fósseis e formas de relevo. Geleira em recuo na Patagônia Argentina. Morenas (fragmentos rochosos nas margem de geleiras). Fóssil de peixe Ctenoid, por Agassiz,1833-43. Importância para a Biogeografia • Mudanças no nível dos oceanos. • Efeitos sobre a biota terrestre e marinha (migrações, competição, confinamentos, especiações). Variações do Nível Relativo do Mar 1. Glaciações e deglaciações de calotas glaciais. 2. Tectônica de Placas. Abertura de oceanos e soerguimento de montanhas. 3. Deformações do geoide pelo campo gravitacional. SUGUIO, et al., 1985 Origem e Evolução da Ilha Comprida 1.º Transgressão Cananéia (120.000 AP) – elevação de 10 m. 2.º Regressão – nível médio relativo do mar próximo ao atual. 3.º Regressão (70.000 AP) – recuo entre 100 e 110 m. O oceano recuou 200 km em linha reta. 4.º Transgressão Santos (5.600 AP) – elevação de 4 ±0,5 m. 5.º Regressão (3.800 AP) – o mar baixou 4 ±0,5 m, próximo do atual. Transgressão (3.500 AP) atingindo 3 m acima do atual. Estando próximo do atual em 1.800 AP. SUGUIO; MARTIN, 1978; TESSLER, 1982. Regra de Bruun (1962) – Erosão da Linha de Costa O perfil médio de equilíbrio atingido em determinado nível do mar é rompido pela ascensão do nível relativo, que provoca a retrogradação (a) e o inverso, quando ocorre a regressão do nível relativo, ocasionando a progradação (b) (DOMINGUEZ, 1982). Glaciações: Por que elas acontecem? Movimentos tectônicos Posicionamento astronômico Atividade solar Tectônica de Placas Influência dominante no pré-Terciária. Entre 225 e 65 milhões. Mudanças geoquímicas na atmosfera e nos oceanos – vapor d’água (H2O), CO2 e N2O (vulcanismos). Tectonoeustasia – circulação oceânica nas camadas horizontais e verticais (correntes marinhas e ressurgências). Ciclos de Milankovitch A base astronômica das oscilações climáticas são os ciclos de Milankovitch, assim chamados em homenagem ao astrônomo e matemático Milankovitch que primeiro se ocupou do assunto em 1930. Esses ciclos têm operado continuamente durante pelo menos uma porção principal da história da Terra e não apenas durante a Época Glacial dos últimos dois milhões de anos (Quaternário). Foram os causadores das oscilações no nível do mar, alterações rítmicas de fácies dos estratos sedimentares do Mesozoico e Cenozoico e mudanças climáticovegetacionais nos continentes. HAFFER, 1992 Ciclos de Milankovitch Os ciclos de Milankovitch explicam as glaciações induzidas por variações gravitacionais e consequências orbitais. Os ritmos das variações são da ordem de 10.000 e 400.000. Excentricidade: variação da órbita da Terra em torno do Sol. A quantificação da excentricidade é o cálculo do desvio do caminho orbital em relação a um circulo. Período de 1,2 milhões de anos e frequência analisada para períodos de 20 mil anos. OLDROYD, 2005; BOER; SMITH, 1994. Ciclos de Milankovitch Excentricidade: controla a quantidade de radiação solar recebida pela aproximação e o distanciamento do Sol (periélio e afélio). Obliquidade: é o ângulo de inclinação do eixo da Terra. As oscilações variam entre ≈ 21,5º e ≈ 24,5º em períodos regulares de ≈ 41 ky (mil anos). Oscilação do eixo da Terra em um período de 1,2 milhões anos. A obliquidade dos dias atuais é de ≈ 23,45º. Controla a distribuição de calor, em função da latitude, sendo mais efetiva nas altas latitudes. OLDROYD, 2005; BOER; SMITH, 1994 Ciclos de Milankovitch Precessão: é a mudança na direção do eixo da Terra. Em associação com a excentricidade e a obliquidade controla o momento e a duração do periélio e afélio. Atualmente há coincidência entre a ocorrência dos verões (solstício 21 dez. e periélio em 4 jan.) e invernos (solstício 22 jun. e periélio em 4 jul.) com o período de periélio. Os períodos de superposição variam em períodos de ≈ 19, 22 e 24 ky. Tal correlação implica em invernos mais brandos, principalmente no hemisfério norte, onde há o predomínio das Terras emersas. Ciclos de Milankovitch Movimentos orbitais de precessão e obliquidade. Precessão do equinócio em ≈ 22 ky. OLDROYD, 2005; BOER; SMITH, 1994 Ciclos de Milankovitch Insolação varia com a latitude • Intervalo total de tempo entre o nascimento e o ocaso • Ângulo de incidência • Distancia do Sol Ciclo da obliquidade ≈ 41 mil anos Ciclo de precessão ≈ 22 mil anos Maior nos pólos Inclinação do eixo da terra varia Variação da distância entre a terra e o sol Excentricidade = posição da terra em relação ao sol na eclíptica. Ciclos de Milankovitch: Ritmos Dominitantes ≈ 400.000 anos OLDROYD, 2005; BOER; SMITH, 1994 ≈ 41.000 anos ≈ 22.000 anos Segundo André Berger (1980), a teoria de Milankovitch indica que as glaciações ocorrem quando: a-) o verão começa no afélio, ou seja, quando a distância entre a Terra e o Sol é maior; b-) a excentricidade é máxima (órbita mais elíptica), ou seja, a distância entre a Terra e o Sol no afélio é a maior possível. Isso afeta não só a intensidade relativa e a duração das estações nos diferentes hemisférios, mas também a diferença entre a insolação máxima e mínima recebida durante um ano; c-) a obliquidade é baixa, significando que a diferença entre verão e inverno é fraca e o contraste latitudinal é maior (≈ constante). Atividade Solar O Sol possui um ciclo médio de ≈ 11 anos, relacionado às manchas solares. E outros mais longos, de 567 e 1.134 anos, relacionados ao movimento dos planetas dos sistemas solares. Acarretam em mudanças no espectro de radiação solar, resultando em variação na taxa de gases como o O3. Parte da radiação solar ultravioleta (UV) é absorvida durante o processo de formação do Ozônio (O3). DOMÍNIO DA RADIAÇÃO SOLAR Coeficiente de Reflexão: Balanço de Energia ALBEDO MÉDIO DE ALGUMAS SUPERFÍCIES (PORCENTAGEM) Gelo Maior retenção de calor Maior Albedo Menor Albedo Menor retenção de calor Rápido degelo VAREJÃO-SILVA, 2006 Glaciações Quaternárias No Quaternário as glaciações possuíram duração média de 100 mil anos, seguidas de fases interglaciais, de temperaturas mais elevadas, com duração média de 20 mil anos. Devido aos eventos serem recentes biogeógrafos e paleoecólogos podem utilizar uma variedade de métodos que não estão disponíveis para períodos mais antigos: • • • • Análise de anéis de crescimento de árvores; Depósitos de pólen; Depósitos de recifes de coral; Datações por radiocarbono (14C). SALGADO-LABOURIAU, 2004 Glaciações Quaternárias: Pleistoceno • Durante o Pleistoceno (últimos 2 milhões de anos) ocorreram cerca de 10 Glaciações. • Os períodos interglaciais correspondem a apenas 10% deste tempo. • As temperaturas foram entre 4 e 4,5 ºC (na média global) mais frias do que no presente. BROWN; LOMOLINO, 2006 Glaciações Quaternárias: Holoceno Período Hipsitérmico. Temp. de 0,5 a 1ºC mais elevadas do que no presente Ótimo Climático – latitudes médias. Pequena idade do gelo Fim do Último Glacial Queda de ≈ 2 ºC em apenas 500 anos Reconstrução de Níveis Médios Relativos do Mar. 1.Terraços e cordões litorâneos de construção marinha; 2. Datações com isótopos de 14C em sambaquis. Quaternário: Depósitos Sedimentares na região de Cananeia Callichirus major Galerias fósseis, construídos por um crustáceo decápode do gênero Callianassa. Quaternário: Sistema Lagunar do Rio Grande do Sul Destacam-se dois sistemas mais antigos: Sistema Deposional Laguna-Barreira I e Sistema Deposional Laguna-Barreira II. Quaternário: Depósitos Sedimentares e Fisionomias Vegetais Associação entre Depósitos Quaternários e fisionomias de “vegetação de restinga” (SOUZA et al., 1997 apud SOUZA et al., 2008; SOUZA; LUNA, 2008). Würm-Wisconsin a última glaciação • Considera-se que ela começou entre 100 e 50 mil (70 mil) anos AP e teria terminado entre 18 e12 mil anos AP. • Teria possibilitado a travessia do homem para a América do Norte por meio do estreito de Bering. • Seu fim marca o início do Holoceno e o predomínio humano na Terra. SUGUIO, 1998 História da teoria dos Refúgios A teoria da especiação nos refúgios ecológicos foi desenvolvida originalmente por Edward Forbes em 1846 (conforme foi mencionado por Mayr & O’Hara, 1986) e foi depois aplicada por Stresemann (1919), Stresemann & Grote (1929) e diversos autores nos anos de 1930, que estudaram a origem de membros intimamente relacionados entre casais de espécies de aves do norte da zona temperada e da África tropical. O Quaternário um período pluvial??? • R.E. Moreau em 1933/1969 a partir da obra: Plaistocene climaic change and their distribuition of life in East Africa (Mudanças climáticas do Pleistoceno e a distribuição da vida no leste Africano) formula essas idéias como uma teoria: TEORIA DOS REFÚGIOS ECOLÓGICOS • Expedições de naturalistas dos séculos XIX e início do XX no paleotrópico trouxeram as primeiras evidências de que o clima havia mudado. • Equivocada correlação entre um período glacial na Europa corresponderia a um período pluvial nos trópicos. TEORIA DOS REFÚGIOS FLORESTAIS DO QUATERNÁRIO Base da Teoria: Durante o quaternário (glaciação WürmWürm-Wisconsin) os trópicos teriam passado por uma expansão dos climas secos e um rebaixamento de temperaturas. TEORIA DOS REFÚGIOS FLORESTAIS DO QUATERNÁRIO Proposto inicialmente pelo zoólogo Paulo Emílio Vanzolini, mas formulado conceitualmente pelo alemão Jürgen Haffer em 1969 e aplicado à realidade brasileira pelo geógrafo Aziz Ab’Sáber, esse cenário – conhecido como Teoria dos Refúgios – representou durante pelo menos três décadas a visão mais aceita da porção sul do continente americano, incluindo o Brasil. TEORIA DOS REFÚGIOS FLORESTAIS DO QUATERNÁRIO • Importância do Congresso Internacional de Geografia, 1956, Rio de Janeiro • Importância dos trabalhos de campo de Tricart e Ab´Saber em 1957. • Sistematização , oral, da teoria em 1962 em Penedo-AL na Assembléia Geral da Associação dos Geógrafos Brasileiros. TEORIA DOS REFÚGIOS FLORESTAIS DO QUATERNÁRIO • J. Haffer (geológo e ornintólogo) é o primeiro a sistematizar a teoria para o neotrópico pesquisando a Amazônia “Speciation in Amazonian forest birds”(1969). • Posteriormente Vanzolini também contribuirá com a teoria “Zoologia sistemática, geografia e a origem das espécies”(1970). • Os trabalhos de Tricart, Cailleux, Ab´Saber datam de (1965, 1968, 1975, 1977, 1979). • Tricart 1974: Existence des périodes sèches au Quaternaire em Amazonie e dans le régions voisines. • Ab´Saber 1977: Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários. Base da Teoria: Durante o quaternário (glaciação Wisconsin) os trópicos teriam passado por uma expansão dos climas secos e um rebaixamento de temperaturas. • Jurgen Haffer (1932- 2010) • Paulo Emílio Vanzolini (1924 -2013) • Aziz Ab’Saber (1924-2012) Paulo Emílio Vanzolini •Estudou os efeitos paleoclimáticos sobre especiação de répteis, a partir da morfologia comparada; •Parceria frutífera entre Vanzolini e Ab’Saber; •Publica, em 1970, o Zoologia Sistemática, Geografia e a origem das espécies. O trabalho representa um esforço de aproximação com geógrafos para o entendimento acerca da história de diferenciação da fauna das florestas tropicais. Jürgen Haffer •Haffer dedicou-se à pesquisa sobre a especiação da fauna em refúgios, principalmente para as espécies florestais de aves da Amazônia; •Em 1969 publicou na revista Science seu artigo sobre especiação de aves na floresta amazônica. No artigo intitulado Speciation in Amazonian forest birds Haffer propõe uma “explicação histórica” para a grande biodiversidade de aves. Proposta de refúgios de Haffer para o norte da América do Sul durante fases quentes e secas do Pleistoceno. As setas indicam o avanço de fauna de formação vegetal aberta do Brasil central. (1) Refúgio de Chocó; (2) Refúgio de Nechí; (3) Refúgio de Catatumbo; (4) Refúgio de Imerí; (5) Refúgio de Napo; (6) Refúgio do leste do Peru; (7) Refúgio do Madeira-Tapajós; (8) Refúgiode Belém; Refúgiode Guiana; área rachurada representa o avanço do mar sobre o continente com um nível do mar acima de cerca de 50 metros acima do atual; áreas em preto representam elevações acima de 100 metros. Fonte: Haffer, 1969 Aziz Nacib Ab’Saber •Em artigo intitulado de Conhecimento sobre as flutuações climáticas do Quaternário no Brasil, publicado em 1957, Ab’Saber discute algumas evidências geomorfológicas para a compreensão da dinâmica climática no Quaternário; •Proposta das áreas core dos domínios morfoclimáticos; •Identificação das linhas de pedras (stonelines) nos mais diversos locais do país, interpretadas como resquícios de climas áridos ou semiáridos; •Além das evidências geomorfológicas, os relictos de vegetação dentro de outras formações vegetais são outra das evidências utilizadas por Ab’Saber para interpretar as mudanças paleoclimáticas; •Ab’Saber realizou, ao longo de sua vida, diversos trabalhos de campo em todo o país, a fim de compreender a dinâmica paleoclimática. Com o isolamento das áreas florestais, as espécies passariam a evoluir em direções diversas, multiplicando a variedade biológica. Quando a floresta voltasse a se expandir para ocupar todo o território, formaria a enorme salada regional que se observa hoje Contribuições: • Incentivou o debate acadêmico e fez avançar as pesquisas. • Mobilizou políticas públicas. • Na Geografia ajudou a fortalecer a necessidade do trabalho de campo para levantamento de dados fisiográficos. 1976, surgiu uma proposta, seus autores – Wetterberger, Jorge-Pádua, Castro e Vasconcellos – propuseram priorizar áreas com alta concentração de endemismo, identificadas segundo a teoria dos refúgios. Exemplo Parque Nacional de Anavilhanas (Amazonas), antiga Est. Ecol. Anavilhanas Estudos Palinológicos • Estudos mais sistemáticos envolvendo datações absolutas associadas à palinologia iniciaram-se apenas na década de 1980, tornando-se comuns apenas na década de 1990; • a palinologia fornece evidências do passado da mudança de vegetação de uma dada área, apresentando a estrutura da maioria dos ecossistemas terrestres (Van der Hammen,1982). Conclusões • O quadro vegetacional encontrado pelo conquistador europeu foi conseqüente à retomada da umidade holocênica. • Para a Mata Atlântica e Amazônia a pulsação climática propiciou aumento da biodiversidade • Explica a presença de cerrados e caatingas longe de suas áreas de ocorrência atuais (encraves). • Expansão das araucárias. As orbservações que revolucionaram o conhecimento paleoclimático e palioecológico da América Tropical tiveram início com a (re)interpretação de depósitos correlativos existentes na estrutura superficial do Brasil inter e subtropical, através de estudos pioneiros de André Cailleux (1957) e Jean Tricart (1957,1958) Prof. Dr. Aziz N. Ab’Saber OUTRAS EXPLICAÇÕES PARA AS STONE LINES “O termo linha de seixos corresponde a um horizonte de fragmentos grossos, resistentes à alteração química, freqüentemente encontrado no interior de coberturas pedológicas das zonas intertropicais” (HIRUMA, 2007, p. 53) é provável que a maior parte das linhas de seixos evolua a partir de vários estágios: (1) acumulação residual resultante da dissolução e remoção de materiais finos e intemperizáveis sob condições úmidas, (2) redistribuição e concentração de cascalhos por escoamento superficial e coluvionamento associado e (3) Modificação e recobrimento por bioturbação, rastejo, cavidades produzidas por árvores (tree throw) e, possivelmente, atividade antrópica. DOMÍNIOS INTERTROPICAIS, PERMEADOS POR ENCRAVES AMAZÔNIA : ENCRAVES – CAATINGAS CERRADOS MATA ATLÂNTICA : ENCRAVES DE CERRADOS E ARAUCÁRIA CAATINGAS : ENCRAVES DE MATAS E BREJOS O avanço e a participação ativa das correntes das Malvinas (Falklands), até a altura do litoral sul – baiano, bloqueou a entrada de umidade no Planalto Brasileiro e setores da Amazônia. Prof. Dr. Aziz N. Ab’Saber CONSEQUÊNCIAS: DESLOCAMENTO DAS CORRENTES OCEÂNICAS EXPANSÃO DAS CAATINGAS E CERRADOS ARIDEZ COSTEIRA NUMA FAIXA MAIS AMPLA, POIS O MAR ESTAVA RECUADO MATA ATLÂNTICA PERDEU CONTINUIDADE (BASE-TOPO). CONCENTROU-SE NAS TESTADAS SUPERIORES – CHUVAS OROGRÁFICAS E PROVAVELMENTE NOS FUNDOS DE VALE MATA AMAZÔNICA SE REFUGIOU NAS PORÇÕES SULORIENTAIS OU NOS MORROTES E SERRINHAS. RIOS AMAZONAS MUITO ENCAIXADOS. Importância de Damuth e Fairbridge (1970) que formularam a teoria de que o nível mais baixo dos oceanos nos períodos glaciais contribuia fortemente para o clima mais seco. Correlação entre dados de refúgios, solos e endemismo para o neotrópico. Áreas mostrando nenhuma indicação tanto para refúgios paleoecológicos florestais ou endemismo biológico moderno em organismos florestais (em branco), ou apenas indicação de refúgios florestais para um dado (tracejado) ou indicação endemismo para apenas um único grupo de organismos (pontilhada). Fonte: Brown e Ab’Saber Fonte: Haffer, 1992 Revista Ciência Hoje, vol. 32 no. 191 EXTINÇÃO DA MEGAFAUNA HOMEM OU MUDANÇA CLIMÁTICA? Até o momento atual das pesquisas não foram encontrados no sudoeste do Piauí indícios de predação humana nos fósseis da Megafauna extinta, como ossos raspados, que implicassem a separação da carne para a alimentação, ossos com percurssão causados por lanças ou flechas ou qualquer tipo de fraturas que significassem um esforço humano para tanto. Os instrumentos de caça encontrados são muito rudimentares e ineficientes para predar animais robustos como eram os da Megafauna Pleistocênica. Estudos Geográficos, Rio Claro, 5(1): 87-100, 2007 (ISSN 1678—698X) http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/estgeo Parque Estadual do Morro do Diabo Presença de relíctos de caatinga A teoria dos Refúgios e antropologia • Partidários da teoria dos Refúgios propõem que também os homens foram afetados pela retração e expansão das florestas. • Meggers (1982) assume que os grupos humanos não iniciariam uma longa migração a não ser que o ambiente onde viviam tenha sofrido fortes alterações. • As mudanças climáticas ocorridas no Holoceno foram as mais importantes no que se refere à tentativa de interpretação da pré-história humana. Supondo que houve uma diminuição da umidade com a expansão de vegetação aberta quando a América do Sul já era ocupada por seres humanos, isso deve ter facilitado o deslocamento de grupos pelas terras baixas amazônicas por exemplo. Teoria dos Refúgios e a conservação • Alguns autores propuseram que a teoria dos Refúgios fosse considerada ao se implantar novas Unidas de Conservação (LOVEJOY, 1982), (PÁDUA e QUINTÃO, 1982) (VIADANA, 2002) e (PRANCE, 1982) e (BROWN; AB’SABER, 2010); • Para Ab’Saber, deve-se conservar áreas de refúgios florestais para que durante fases climáticas mais secas para garantir a preservação das florestas; • Durante a criação e implementação de diversos parques nacionais entre as décadas de 1970 e 1980, um dos critérios para a seleção de áreas a serem conservadas como Unidades de Conservação foram baseadas justamente na ideia dos refúgios pleistocênicos, com o intuito de preservar espécies animais e vegetais, ainda que muitas dessas áreas ainda fossem pouco estudadas na época (Pádua e Quintão, 1982). Por que não buscar abrigo na teoria dos Refúgios? “Eduardo de Oliveira e o norte-americano Mark Bush, do Instituto de Tecnologia da Flórida, publicaram na edição de janeiro a abril de 2006 da revista Biota Neotropica um artigo que examina uma série de trabalhos que testam a validade da hipótese dos refúgios. As pesquisas sugerem, por exemplo, a existência de densas florestas no pé da cordilheira dos Andes, onde a temperatura teria resfriado cinco graus Celsius durante a última glaciação. Na mesma época, vegetação semelhante seria encontrada na porção oriental da Amazônia brasileira, enquanto na região amazônica central o clima de fato deve ter sido um pouco mais seco, mas não o suficiente para eliminar as formações florestais”. Problemas: • Em muitos casos as áreas estudadas por distintos pesquisadores não coincidiam. • Exagero nas proporções e efeitos. • Diferente das florestas temperadas as florestas tropicais são complexas. • A distribuição das posições das zonas de contato, uma vez que elas representam áreas onde sub-espécies, ou espécies têm um contato secundário após a coalescência dos refúgios deveriam se posicionar, logicamente, entre os antigos refúgios, mais precisamente no meio deles. No entanto, não é isso que se observa (Endler, 1982). • Colinvaux et al (2000) também contestaram alguns pontos cruciais da teoria dos Refúgios. Os autores, considerando que as espécies de plantas respondem individualmente às mudanças climáticas, ao analisar dados palinológicos de alguns lagos, concluíram que a bacia Amazônica continuou predominantemente florestada durante o último glacial. Para o autor, houve diminuição da precipitação, mas não houve retração significativa das florestas. • Os dados geomorfológicos, como paleodunas e linhas de pedras podem ser contestados como evidências de climas áridos ou semi-áridos; • Bush e Oliveira (2006) afirmam que estudos preliminares para os gêneros, principalmente aqueles utilizados nos estudos de especiação por refúgios, não sofreram um surto de especiação durante o Quaternário, mas que esta tem se dado continuamente; • Cruz et al., (2009), a partir da análise de espeleotemas, indicam a manutenção da umidade na América do Sul durante os glaciail. Alguns pesquisadores, como a brasileira Maria Lúcia Absy e o holandês Thomas van der Hammen, ainda defendem a hipótese de Haffer, Vanzolini e Ab'Sáber e rejeitam os resultados dos principais opositores da teoria. Outros preferem uma posição mais moderada. É o caso de Sandra Knapp, do Museu de História Natural de Londres, uma das convidadas para comentar o estudo de Peter Wilf et al na "Science". "O debate sobre os refúgios ainda é interessante, mas certamente não é quente. Evidências --boas, sólidas, indiscutíveis evidências, pró ou contra-- são muito esparsas", afirma a pesquisadora britânica. "A coisa sensata a fazer é não tentar apoiar uma teoria ou outra, mas apenas ir lá fora e descobrir o que vive nas florestas neotropicais e como está distribuído." BIBLIOGRAFIA AB’SABER, Aziz N. Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários. In: Paleoclimas, são Paulo , IG-USP, no. 3, 1977. BOER, P. L.; SMITH, D. G. Orbital forcing and cyclic sequences. In: BOER, P. L.; SMITH, D. G (Ed.). Orbital forcing and cyclic sequences. Oxford (UK): Blackwell Scientific Publications, 1994, p. 1-14. DAMUTH, J.E.; FAIRBRIDGE, R.W. 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