Aula 3 - Teoria dos refúgios

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FLG 356 – BIOGEOGRAFIA
AULA 3: Teoria dos Redutos e
Refúgios Ecológicos do
Quaternário
Ms. Waldir Wagner Campos;
Bel. Marcelo Hideki Yamane.
Gênero Homo
QUATERNÁRIO
Terciário
PLEISTOCENO/
HOLOCENO:
 Maior quantidade
de registros
 Inclusive registros
humanos.
 Pulsação climática.
Importante!
Grande parte da biota que
conhecemos já existia desde
o cretáceo (+ ou – 140
milhões de anos)
Glaciações
• Ignaz Venetz (1788 — 1859) , suiço, em 1821 observa
evidências de glaciações nos Alpes (é desacreditado, pois
acredita-se que suas evidências são na verdade prova do
dilúvio de Noé).
• Louis Agassiz (disciplulo de Venetz) em 1840
estabeleceu a “Teoria das Glaciações” (para a
Europa) a partir de seu livro Étude sur les glaciers (Estudo
sobre os glaciares).
Agassiz foi um ictiologista e geólogo que trabalhou com as amostras de
Martius e Spix. Em 1865 veio ao Brasil comandando a Expedição Thayer
saindo de Nova York passando pelo RJ, MG, Nordeste e Amazônia. Aqui fez
estudos sobre os mestiços brasileiros, ele julgava os negros inferiores e
considerava a miscigenação um fator de degeneração da humanidade.
Evidências
Estratigrafia
(horizontalidade,
superposição e continuidade),
fósseis e formas de relevo.
Geleira em recuo na Patagônia
Argentina. Morenas (fragmentos
rochosos nas margem de
geleiras).
Fóssil de peixe Ctenoid, por Agassiz,1833-43.
Importância para a
Biogeografia
• Mudanças no nível dos oceanos.
• Efeitos sobre a biota terrestre e marinha
(migrações, competição, confinamentos,
especiações).
Variações do Nível Relativo do Mar
1. Glaciações e
deglaciações de
calotas glaciais.
2. Tectônica de
Placas. Abertura
de oceanos e
soerguimento de
montanhas.
3. Deformações do
geoide pelo
campo
gravitacional.
SUGUIO, et al., 1985
Origem e Evolução
da Ilha Comprida
1.º Transgressão Cananéia
(120.000 AP) – elevação
de 10 m.
2.º Regressão – nível médio
relativo do mar próximo
ao atual.
3.º Regressão (70.000 AP) –
recuo entre 100 e 110 m.
O oceano recuou 200 km
em linha reta.
4.º Transgressão Santos
(5.600 AP) – elevação de
4 ±0,5 m.
5.º Regressão (3.800 AP) –
o mar baixou 4 ±0,5 m,
próximo do atual.
Transgressão (3.500 AP)
atingindo 3 m acima do
atual. Estando próximo
do atual em 1.800 AP.
SUGUIO; MARTIN, 1978; TESSLER, 1982.
Regra de Bruun (1962) – Erosão da Linha de Costa
O perfil médio de equilíbrio atingido em determinado nível do mar é
rompido pela ascensão do nível relativo, que provoca a retrogradação (a) e
o inverso, quando ocorre a regressão do nível relativo, ocasionando a
progradação (b) (DOMINGUEZ, 1982).
Glaciações: Por que elas acontecem?
Movimentos tectônicos
Posicionamento astronômico
Atividade solar
Tectônica de Placas
Influência dominante no
pré-Terciária. Entre 225
e 65 milhões.
Mudanças geoquímicas
na atmosfera e nos
oceanos – vapor d’água
(H2O), CO2 e N2O
(vulcanismos).
Tectonoeustasia –
circulação oceânica nas
camadas horizontais e
verticais (correntes
marinhas e
ressurgências).
Ciclos de Milankovitch
A base astronômica das oscilações climáticas são os
ciclos de Milankovitch, assim chamados em
homenagem
ao
astrônomo
e
matemático
Milankovitch que primeiro se ocupou do assunto em
1930. Esses ciclos têm operado continuamente
durante pelo menos uma porção principal da história
da Terra e não apenas durante a Época Glacial dos
últimos dois milhões de anos (Quaternário). Foram os
causadores das oscilações no nível do mar, alterações
rítmicas de fácies dos estratos sedimentares do
Mesozoico e Cenozoico e mudanças climáticovegetacionais nos continentes.
HAFFER, 1992
Ciclos de Milankovitch
Os ciclos de Milankovitch explicam as glaciações
induzidas por variações gravitacionais e consequências
orbitais. Os ritmos das variações são da ordem de 10.000
e 400.000.
Excentricidade: variação da órbita da Terra em torno do
Sol. A quantificação da excentricidade é o cálculo do
desvio do caminho orbital em relação a um circulo.
Período de 1,2
milhões de anos e
frequência
analisada para
períodos de 20 mil
anos.
OLDROYD, 2005; BOER;
SMITH, 1994.
Ciclos de Milankovitch
Excentricidade: controla a quantidade de radiação solar
recebida pela aproximação e o distanciamento do Sol
(periélio e afélio).
Obliquidade: é o ângulo de inclinação do eixo da Terra. As
oscilações variam entre ≈ 21,5º e ≈ 24,5º em períodos
regulares de ≈ 41 ky (mil anos).
Oscilação do eixo da Terra
em um período de 1,2
milhões anos. A obliquidade
dos dias atuais é de ≈ 23,45º.
Controla a distribuição de
calor, em função da
latitude, sendo mais efetiva
nas altas latitudes.
OLDROYD, 2005; BOER; SMITH, 1994
Ciclos de Milankovitch
Precessão: é a mudança na direção do eixo da Terra. Em
associação com a excentricidade e a obliquidade controla
o momento e a duração do periélio e afélio. Atualmente
há coincidência entre a ocorrência dos verões (solstício
21 dez. e periélio em 4 jan.) e invernos (solstício 22 jun.
e periélio em 4 jul.) com o período de periélio.
Os períodos de superposição variam em períodos de
≈ 19, 22 e 24 ky.
Tal correlação implica em invernos mais brandos,
principalmente no hemisfério norte, onde há o
predomínio das Terras emersas.
Ciclos de Milankovitch
Movimentos orbitais de precessão e obliquidade. Precessão do
equinócio em ≈ 22 ky.
OLDROYD, 2005; BOER; SMITH, 1994
Ciclos de Milankovitch
Insolação varia com a latitude
• Intervalo total de tempo
entre o nascimento e o ocaso
• Ângulo de incidência
• Distancia do Sol
Ciclo da obliquidade
≈ 41 mil anos
Ciclo de precessão
≈ 22 mil anos
Maior nos pólos
Inclinação do eixo
da terra varia
Variação da distância
entre a terra e o sol
Excentricidade = posição da terra em relação ao sol na eclíptica.
Ciclos de Milankovitch: Ritmos Dominitantes
≈ 400.000 anos
OLDROYD, 2005; BOER; SMITH, 1994
≈ 41.000 anos
≈ 22.000 anos
Segundo André Berger (1980), a teoria de Milankovitch
indica que as glaciações ocorrem quando:
a-) o verão começa no afélio, ou seja, quando a
distância entre a Terra e o Sol é maior;
b-) a excentricidade é máxima (órbita mais elíptica), ou
seja, a distância entre a Terra e o Sol no afélio é a maior
possível. Isso afeta não só a intensidade relativa e a
duração das estações nos diferentes hemisférios, mas
também a diferença entre a insolação máxima e
mínima recebida durante um ano;
c-) a obliquidade é baixa, significando que a diferença
entre verão e inverno é fraca e o contraste latitudinal é
maior (≈ constante).
Atividade Solar
O Sol possui um ciclo médio de ≈ 11 anos, relacionado
às manchas solares. E outros mais longos, de 567 e 1.134
anos, relacionados ao movimento dos planetas dos
sistemas solares.
Acarretam em mudanças no espectro de radiação solar,
resultando em variação na taxa de gases como o O3.
Parte da radiação solar
ultravioleta
(UV)
é
absorvida
durante
o
processo de formação do
Ozônio (O3).
DOMÍNIO DA RADIAÇÃO SOLAR
Coeficiente de Reflexão: Balanço de Energia
ALBEDO MÉDIO DE ALGUMAS SUPERFÍCIES (PORCENTAGEM)
Gelo
Maior
retenção
de calor
Maior
Albedo
Menor
Albedo
Menor
retenção de
calor
Rápido
degelo
VAREJÃO-SILVA, 2006
Glaciações Quaternárias
No Quaternário as glaciações possuíram duração média
de 100 mil anos, seguidas de fases interglaciais, de
temperaturas mais elevadas, com duração média de 20
mil anos.
Devido aos eventos serem recentes biogeógrafos e
paleoecólogos podem utilizar uma variedade de métodos
que não estão disponíveis para períodos mais antigos:
•
•
•
•
Análise de anéis de crescimento de árvores;
Depósitos de pólen;
Depósitos de recifes de coral;
Datações por radiocarbono (14C).
SALGADO-LABOURIAU, 2004
Glaciações Quaternárias: Pleistoceno
• Durante o Pleistoceno (últimos 2 milhões de
anos) ocorreram cerca de 10 Glaciações.
• Os períodos interglaciais correspondem a
apenas 10% deste tempo.
• As temperaturas foram entre 4 e 4,5 ºC (na
média global) mais frias do que no presente.
BROWN; LOMOLINO, 2006
Glaciações Quaternárias: Holoceno
Período Hipsitérmico.
Temp. de 0,5 a 1ºC mais elevadas do
que no presente
Ótimo Climático – latitudes médias.
Pequena
idade do gelo
Fim do Último
Glacial
Queda de ≈ 2 ºC
em apenas 500
anos
Reconstrução de
Níveis Médios
Relativos do Mar.
1.Terraços e cordões litorâneos de construção marinha;
2. Datações com isótopos de 14C em sambaquis.
Quaternário: Depósitos Sedimentares na região de Cananeia
Callichirus major
Galerias fósseis, construídos por um
crustáceo decápode do gênero
Callianassa.
Quaternário: Sistema Lagunar do Rio Grande do Sul
Destacam-se dois sistemas mais antigos: Sistema Deposional Laguna-Barreira I
e Sistema Deposional Laguna-Barreira II.
Quaternário: Depósitos Sedimentares e
Fisionomias Vegetais
Associação entre Depósitos Quaternários e fisionomias de “vegetação de restinga” (SOUZA
et al., 1997 apud SOUZA et al., 2008; SOUZA; LUNA, 2008).
Würm-Wisconsin
a última glaciação
• Considera-se que ela começou entre 100 e 50 mil
(70 mil) anos AP e teria terminado entre 18 e12 mil
anos AP.
• Teria possibilitado a travessia do homem para a
América do Norte por meio do estreito de Bering.
• Seu fim marca o início do Holoceno e o predomínio
humano na Terra.
SUGUIO, 1998
História da teoria dos Refúgios
A teoria da especiação nos refúgios ecológicos foi desenvolvida
originalmente por Edward Forbes em 1846 (conforme foi
mencionado por Mayr & O’Hara, 1986) e foi depois aplicada
por Stresemann (1919), Stresemann & Grote (1929) e diversos
autores nos anos de 1930, que estudaram a origem de membros
intimamente relacionados entre casais de espécies de aves do
norte da zona temperada e da África tropical.
O Quaternário um período pluvial???
• R.E. Moreau em 1933/1969 a partir da obra: Plaistocene
climaic change and their distribuition of life in East Africa
(Mudanças climáticas do Pleistoceno e a distribuição da vida no
leste Africano) formula essas idéias como uma teoria:
TEORIA DOS REFÚGIOS ECOLÓGICOS
• Expedições de naturalistas dos séculos XIX e início do
XX no paleotrópico trouxeram as primeiras evidências
de que o clima havia mudado.
• Equivocada correlação entre um período glacial na
Europa corresponderia a um período pluvial nos
trópicos.
TEORIA DOS REFÚGIOS FLORESTAIS DO
QUATERNÁRIO
Base da Teoria:
Durante o quaternário (glaciação WürmWürm-Wisconsin) os
trópicos teriam passado por uma expansão dos climas
secos e um rebaixamento de temperaturas.
TEORIA DOS REFÚGIOS FLORESTAIS DO
QUATERNÁRIO
Proposto inicialmente pelo zoólogo Paulo Emílio
Vanzolini, mas formulado conceitualmente pelo
alemão Jürgen Haffer em 1969 e aplicado à
realidade brasileira pelo geógrafo Aziz Ab’Sáber,
esse cenário – conhecido como Teoria dos Refúgios
– representou durante pelo menos três décadas a
visão mais aceita da porção sul do continente
americano, incluindo o Brasil.
TEORIA DOS REFÚGIOS FLORESTAIS
DO QUATERNÁRIO
• Importância do Congresso Internacional de Geografia,
1956, Rio de Janeiro
• Importância dos trabalhos de campo de Tricart e
Ab´Saber em 1957.
• Sistematização , oral, da teoria em 1962 em Penedo-AL
na Assembléia Geral da Associação dos Geógrafos
Brasileiros.
TEORIA DOS REFÚGIOS FLORESTAIS DO QUATERNÁRIO
• J. Haffer (geológo e ornintólogo) é o primeiro a sistematizar a teoria
para o neotrópico pesquisando a Amazônia “Speciation in Amazonian
forest birds”(1969).
• Posteriormente Vanzolini também contribuirá com a teoria “Zoologia
sistemática, geografia e a origem das espécies”(1970).
• Os trabalhos de Tricart, Cailleux, Ab´Saber datam de (1965, 1968,
1975, 1977, 1979).
• Tricart 1974: Existence des périodes sèches au Quaternaire em Amazonie e dans
le régions voisines.
• Ab´Saber 1977: Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do
Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários.
Base da Teoria:
Durante o quaternário (glaciação Wisconsin) os trópicos teriam
passado por uma expansão dos climas secos e um rebaixamento de
temperaturas.
• Jurgen Haffer (1932- 2010)
• Paulo Emílio Vanzolini (1924 -2013)
• Aziz Ab’Saber (1924-2012)
Paulo Emílio Vanzolini
•Estudou os efeitos paleoclimáticos sobre especiação de
répteis, a partir da morfologia comparada;
•Parceria frutífera entre Vanzolini e Ab’Saber;
•Publica, em 1970, o Zoologia Sistemática, Geografia e a
origem das espécies. O trabalho representa um esforço de
aproximação com geógrafos para o entendimento acerca da
história de diferenciação da fauna das florestas tropicais.
Jürgen Haffer
•Haffer dedicou-se à pesquisa sobre a especiação da fauna em
refúgios, principalmente para as espécies florestais de aves da
Amazônia;
•Em 1969 publicou na revista Science seu artigo sobre especiação
de aves na floresta amazônica. No artigo intitulado Speciation in
Amazonian forest birds Haffer propõe uma “explicação histórica”
para a grande biodiversidade de aves.
Proposta de refúgios de Haffer para o norte da América do Sul durante fases quentes e secas do Pleistoceno. As setas indicam o avanço de fauna de
formação vegetal aberta do Brasil central. (1) Refúgio de Chocó; (2) Refúgio de Nechí; (3) Refúgio de Catatumbo; (4) Refúgio de Imerí; (5) Refúgio de
Napo; (6) Refúgio do leste do Peru; (7) Refúgio do Madeira-Tapajós; (8) Refúgiode Belém; Refúgiode Guiana; área rachurada representa o avanço do
mar sobre o continente com um nível do mar acima de cerca de 50 metros acima do atual; áreas em preto representam elevações acima de 100
metros.
Fonte: Haffer, 1969
Aziz Nacib Ab’Saber
•Em artigo intitulado de Conhecimento sobre as flutuações
climáticas do Quaternário no Brasil, publicado em 1957,
Ab’Saber discute algumas evidências geomorfológicas para a
compreensão da dinâmica climática no Quaternário;
•Proposta das áreas core dos domínios morfoclimáticos;
•Identificação das linhas de pedras (stonelines) nos mais diversos
locais do país, interpretadas como resquícios de climas áridos ou
semiáridos;
•Além das evidências geomorfológicas, os relictos de vegetação
dentro de outras formações vegetais são outra das evidências
utilizadas por Ab’Saber para interpretar as mudanças
paleoclimáticas;
•Ab’Saber realizou, ao longo de sua vida, diversos trabalhos de
campo em todo o país, a fim de compreender a dinâmica
paleoclimática.
Com o isolamento das áreas florestais, as
espécies passariam a evoluir em direções
diversas, multiplicando a variedade
biológica. Quando a floresta voltasse a se
expandir para ocupar todo o território,
formaria a enorme salada regional que se
observa hoje
Contribuições:
• Incentivou o debate acadêmico e fez avançar as pesquisas.
• Mobilizou políticas públicas.
• Na Geografia ajudou a fortalecer a necessidade do trabalho de
campo para levantamento de dados fisiográficos.
1976, surgiu uma proposta, seus autores – Wetterberger, Jorge-Pádua,
Castro e Vasconcellos – propuseram priorizar áreas com alta
concentração de endemismo, identificadas segundo a teoria dos
refúgios.
Exemplo Parque Nacional de Anavilhanas (Amazonas), antiga
Est. Ecol. Anavilhanas
Estudos Palinológicos
• Estudos mais sistemáticos envolvendo
datações absolutas associadas à
palinologia iniciaram-se apenas na década
de 1980, tornando-se comuns apenas na
década de 1990;
• a palinologia fornece evidências do
passado da mudança de vegetação de
uma dada área, apresentando a estrutura
da maioria dos ecossistemas terrestres (Van
der Hammen,1982).
Conclusões
• O quadro vegetacional encontrado pelo conquistador europeu
foi conseqüente à retomada da umidade holocênica.
• Para a Mata Atlântica e Amazônia a pulsação climática propiciou
aumento da biodiversidade
• Explica a presença de cerrados e caatingas longe de suas áreas de
ocorrência atuais (encraves).
• Expansão das araucárias.
As orbservações que revolucionaram
o conhecimento paleoclimático e
palioecológico da América Tropical
tiveram início com a
(re)interpretação de depósitos
correlativos existentes na estrutura
superficial do Brasil inter e
subtropical, através de estudos
pioneiros de André Cailleux (1957) e
Jean Tricart (1957,1958)
Prof. Dr. Aziz N. Ab’Saber
OUTRAS EXPLICAÇÕES PARA AS STONE LINES
“O termo linha de seixos corresponde a um
horizonte de fragmentos grossos, resistentes
à alteração química, freqüentemente encontrado
no interior de coberturas pedológicas
das zonas intertropicais” (HIRUMA, 2007, p. 53)
é provável que a maior parte das linhas de seixos evolua a partir
de vários estágios: (1) acumulação residual resultante da
dissolução e remoção de materiais finos e intemperizáveis sob
condições úmidas,
(2) redistribuição e concentração de cascalhos por escoamento
superficial e coluvionamento associado e
(3) Modificação e recobrimento por bioturbação, rastejo,
cavidades produzidas por árvores (tree throw) e, possivelmente,
atividade antrópica.
DOMÍNIOS INTERTROPICAIS,
PERMEADOS POR ENCRAVES
AMAZÔNIA :
ENCRAVES – CAATINGAS CERRADOS
MATA ATLÂNTICA :
ENCRAVES DE CERRADOS E ARAUCÁRIA
CAATINGAS :
ENCRAVES DE MATAS E BREJOS
O avanço e a participação ativa das
correntes das Malvinas
(Falklands), até a altura do litoral
sul – baiano, bloqueou a entrada
de umidade no Planalto Brasileiro
e setores da Amazônia.
Prof. Dr. Aziz N. Ab’Saber
CONSEQUÊNCIAS:
DESLOCAMENTO DAS CORRENTES OCEÂNICAS
EXPANSÃO DAS CAATINGAS E CERRADOS
ARIDEZ COSTEIRA NUMA FAIXA MAIS AMPLA, POIS O
MAR ESTAVA RECUADO
MATA ATLÂNTICA PERDEU CONTINUIDADE (BASE-TOPO).
CONCENTROU-SE NAS TESTADAS SUPERIORES – CHUVAS
OROGRÁFICAS E PROVAVELMENTE NOS FUNDOS DE
VALE
MATA AMAZÔNICA SE REFUGIOU NAS PORÇÕES SULORIENTAIS OU NOS MORROTES E SERRINHAS. RIOS
AMAZONAS MUITO ENCAIXADOS.
Importância de Damuth e Fairbridge (1970) que formularam a
teoria de que o nível mais baixo dos oceanos nos períodos
glaciais contribuia fortemente para o clima mais seco.
Correlação entre dados de refúgios, solos e endemismo para o neotrópico. Áreas mostrando nenhuma indicação tanto para refúgios
paleoecológicos florestais ou endemismo biológico moderno em organismos florestais (em branco), ou apenas indicação de refúgios
florestais para um dado (tracejado) ou indicação endemismo para apenas um único grupo de organismos (pontilhada).
Fonte: Brown e Ab’Saber
Fonte: Haffer, 1992
Revista Ciência Hoje, vol. 32 no. 191
EXTINÇÃO DA MEGAFAUNA HOMEM
OU MUDANÇA CLIMÁTICA?
Até o momento atual das pesquisas não
foram encontrados no sudoeste do Piauí
indícios de predação humana nos fósseis
da Megafauna extinta, como ossos
raspados, que implicassem a separação da
carne para a alimentação, ossos com
percurssão causados por lanças ou flechas
ou qualquer tipo de fraturas que
significassem um esforço humano para
tanto.
Os instrumentos de caça encontrados são
muito rudimentares e ineficientes para
predar animais robustos como eram os da
Megafauna Pleistocênica.
Estudos Geográficos, Rio Claro, 5(1): 87-100, 2007 (ISSN
1678—698X)
http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/estgeo
Parque Estadual do Morro do Diabo
Presença de relíctos de caatinga
A teoria dos Refúgios e
antropologia
• Partidários da teoria dos Refúgios propõem que também os
homens foram afetados pela retração e expansão das
florestas.
• Meggers (1982) assume que os grupos humanos não
iniciariam uma longa migração a não ser que o ambiente
onde viviam tenha sofrido fortes alterações.
• As mudanças climáticas ocorridas no Holoceno foram as mais
importantes no que se refere à tentativa de interpretação da
pré-história humana. Supondo que houve uma diminuição da
umidade com a expansão de vegetação aberta quando a
América do Sul já era ocupada por seres humanos, isso deve
ter facilitado o deslocamento de grupos pelas terras baixas
amazônicas por exemplo.
Teoria dos Refúgios e a
conservação
• Alguns autores propuseram que a teoria dos Refúgios fosse
considerada ao se implantar novas Unidas de Conservação
(LOVEJOY, 1982), (PÁDUA e QUINTÃO, 1982) (VIADANA, 2002)
e (PRANCE, 1982) e (BROWN; AB’SABER, 2010);
• Para Ab’Saber, deve-se conservar áreas de refúgios florestais
para que durante fases climáticas mais secas para garantir a
preservação das florestas;
• Durante a criação e implementação de diversos parques
nacionais entre as décadas de 1970 e 1980, um dos critérios
para a seleção de áreas a serem conservadas como
Unidades de Conservação foram baseadas justamente na
ideia dos refúgios pleistocênicos, com o intuito de preservar
espécies animais e vegetais, ainda que muitas dessas áreas
ainda fossem pouco estudadas na época (Pádua e Quintão,
1982).
Por que não buscar abrigo
na teoria dos Refúgios?
“Eduardo de Oliveira e o norte-americano Mark Bush, do Instituto
de Tecnologia da Flórida, publicaram na edição de janeiro a abril de
2006 da revista Biota Neotropica um artigo que examina uma série de
trabalhos que testam a validade da hipótese dos refúgios. As
pesquisas sugerem, por exemplo, a existência de densas florestas no
pé da cordilheira dos Andes, onde a temperatura teria resfriado
cinco graus Celsius durante a última glaciação. Na mesma época,
vegetação semelhante seria encontrada na porção oriental da
Amazônia brasileira, enquanto na região amazônica central o clima
de fato deve ter sido um pouco mais seco, mas não o suficiente para
eliminar as formações florestais”.
Problemas:
• Em muitos casos as áreas estudadas por distintos
pesquisadores não coincidiam.
• Exagero nas proporções e efeitos.
• Diferente das florestas temperadas as florestas tropicais
são complexas.
• A distribuição das posições das zonas de contato, uma vez
que elas representam áreas onde sub-espécies, ou espécies
têm um contato secundário após a coalescência dos refúgios
deveriam se posicionar, logicamente, entre os antigos
refúgios, mais precisamente no meio deles. No entanto, não é
isso que se observa (Endler, 1982).
• Colinvaux et al (2000) também contestaram alguns pontos
cruciais da teoria dos Refúgios. Os autores, considerando que
as espécies de plantas respondem individualmente às
mudanças climáticas, ao analisar dados palinológicos de
alguns lagos, concluíram que a bacia Amazônica continuou
predominantemente florestada durante o último glacial. Para
o autor, houve diminuição da precipitação, mas não houve
retração significativa das florestas.
• Os dados geomorfológicos, como paleodunas e linhas de
pedras podem ser contestados como evidências de climas
áridos ou semi-áridos;
• Bush e Oliveira (2006) afirmam que estudos preliminares para
os gêneros, principalmente aqueles utilizados nos estudos de
especiação por refúgios, não sofreram um surto de
especiação durante o Quaternário, mas que esta tem se
dado continuamente;
• Cruz et al., (2009), a partir da análise de espeleotemas,
indicam a manutenção da umidade na América do Sul
durante os glaciail.
Alguns pesquisadores, como a brasileira Maria Lúcia Absy e o holandês Thomas
van der Hammen, ainda defendem a hipótese de Haffer, Vanzolini e Ab'Sáber e
rejeitam os resultados dos principais opositores da teoria.
Outros preferem uma posição mais moderada. É o caso de Sandra Knapp, do
Museu de História Natural de Londres, uma das convidadas para comentar o
estudo de Peter Wilf et al na "Science". "O debate sobre os refúgios ainda é
interessante, mas certamente não é quente.
Evidências --boas, sólidas, indiscutíveis evidências, pró ou contra-- são muito
esparsas", afirma a pesquisadora britânica.
"A coisa sensata a fazer é não tentar apoiar uma teoria ou outra, mas apenas ir
lá fora e descobrir o que vive nas florestas neotropicais e como está distribuído."
BIBLIOGRAFIA
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períodos glaciais quaternários. In: Paleoclimas, são Paulo , IG-USP, no. 3, 1977.
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