modelo resumo GA.indd

Propaganda
50º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 50º Congresso Brasileiro de Genética • 7 a 10 de setembro de 2004
Costão do Santinho • Florianópolis • Santa Catarina • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 85-89109-04-6
[email protected]
Palavras-chave: Lepidoptera, comportamento, evolução
Mega, NO1; Araújo, AM2
1
Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, UFRGS. 2Grupo de Genética Ecológica, Dep. de Genética, Instituto
de Biociências, UFRGS.
Importância e implicações evolutivas do
comportamento de larvas de Dryas iulia
alcionea (Lepidoptera: Nymphalidae),
analisadas através de árvores de decisão,
tabelas de vida e dados filogenéticos
Em Lepidoptera, uma grande quantidade de estratégias de defesa/evasão é encontrada nos estágios larvais, tendo
supostamente surgido como resposta aos ataques de predadores (aranhas, formigas, vespas, percevejos e aves). Como
larvas apresentam pouca mobilidade, estas defesas são geralmente passivas. Entre elas, encontram-se características
morfológicas (espinhos/pelos), defesas químicas (impalatabilidade/odores), camuflagem/mimetismo, mirmecofilia
e características comportamentais. Dryas iulia alcionea tem uma história evolutiva relacionada com o grupo de
plantas conhecidas como maracujás (Passiflora:Passifloraceae). Estas plantas apresentam nectários extraflorais,
estruturas reconhecidas como produtoras de néctar e que possivelmente evoluíram em função da atração exercida
sobre predadores de herbívoros. As lagartas de D. iulia apresentam um curioso comportamento de construção de
segmentos tipo “ilha” nas folhas das hospedeiras (designados como “refúgios”). Estudos anteriores realizados por
nosso grupo sugerem que este comportamento atua como um sistema de proteção contra predadores cursoriais
(principalmente formigas), já que isola a larva do ataque de predadores atraídos pelos nectários extraflorais da
planta. Neste trabalho, analisamos os eventos etológicos ligados ao comportamento de construção de refúgios
apresentado por D. iulia e sua importância evolutiva, fazendo uso de abordagens etológicas, tabelas de vida e
estudos filogenéticos. Larvas de 1º a 5º estádio foram observadas em campo e seus comportamentos registrados; a
partir daí, Árvores de Decisão Etológicas foram montadas para o 1º, 2º e 3º estádio larval. Comparando as árvores
obtidas, encontramos diferenças na seqüência de eventos comportamentais e na freqüência de escolha. Os resultados
sugerem que larvas de estágios mais avançados de desenvolvimento são menos sensíveis à presença e predação de
formigas. As tabelas de vida foram montadas para dois conjuntos de dados: laboratório (ambiente controlado, sem
predadores) e campo (sem controle e com presença de predadores naturais); as taxas de mortalidade foram muito
maiores nos estádios larvais iniciais (1º, 2º e 3º). Além disso, a taxa de mortalidade na natureza foi muito mais
elevada do que a observada em laboratório, sendo a expectativa de vida aumentada nos estágios larvais iniciais em
ambiente controlado. Assim, as evidências sugerem que a mortalidade elevada nos estágios iniciais na natureza
seja devido à ação de predadores e/ou dificuldades no estabelecimento das larvas na planta hospedeira. A taxa
de mortalidade encontrada para os dados de laboratório (“mortalidade de fundo”) sugere a presença de fatores
genéticos (ocorrência de genes letais). Analisando a presença do comportamento de construção de refúgios dentro
da família Nymphalidae e a maneira com que ele é construído nos diferentes grupos, encontramos evidências
que sugerem que ele possa ter surgido mais de uma vez no curso da evolução.
Apoio financeiro: CNPq.
152
Download