relatório de monitoramento da ictiofauna na área da uhe mauá

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INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO
Centro de Hidráulica e Hidrologia Prof. Parigot de Souza
RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA
ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ
RELATÓRIO TÉCNICO Nº 36
2012
COORDENAÇÃO E EXECUÇÃO DO TRABALHO
LACTEC – Instituto de Tecnologia Para o Desenvolvimento
EQUIPE TÉCNICA
_______________________________
Leonardo Pussieldi Bastos
Divisão de Meio Ambiente
LACTEC
_______________________________
Camila Ghilardi Cardoso
Divisão de Meio Ambiente
LACTEC
Curitiba, Maio de 2012
1. Monitoramento da Ictiofauna
O presente relatório apresenta informações complementares sobre as análises tróficas
realizadas com os peixes coletados na fase de campo do monitoramento da ictiofauna no rio
Tibagi na área de influência da UHE de Mauá (FASE RIO), dados estes coligidos entre 21 e 24 de
novembro de 2011, como parte integrante do Projeto Básico Ambiental.
Atividades desenvolvidas
Os espécimes coletados durante a fase de campo foram acondicionados em sacos
plásticos, sendo então transportados para laboratório. Em laboratório, os exemplares foram
transferidos para uma solução de álcool 70% e foi realizada sua quantificação e correta
identificação ao menor nível taxonômico possível, inclusive por consultas on-line nos bancos de
dados ictiofaunísticos do FISHBASE (www.fishbase.org) e dos Projetos PRONEX e NEODAT II
(Fish Collection – www.neodat.org).
De cada exemplar capturado foram registradas as seguintes informações: data da coleta,
ponto de amostragem, aparelho de pesca e período de captura, número do exemplar, espécie ou
morfotipo, comprimento total (cm), comprimento padrão (cm), peso (g), sexo e estádio de
maturação gonadal macroscópico, peso das gônadas (Figura 1). Estômagos com conteúdo foram
preservados em solução de formol 4% para a análise da dieta e do espectro alimentar das
espécies.
Figura 1. Procedimentos de triagem, identificação, quantificação e biometria dos exemplares
capturados durante a fase de campo realizada entre 21 e 24 de novembro de 2011.
Estrutura trófica
As categorias tróficas consideradas para o agrupamento das espécies de peixes seguem o
proposto para a planície de inundação do Alto Rio Paraná: (i) herbívoros, que são peixes que se
alimentam de vegetais superiores como folhas, sementes e frutos de plantas aquáticas e
terrestres, além de algas filamentosas; (ii) insetívoros, que são peixes que se alimentam de
insetos aquáticos e terrestres; (iii) detritívoros, que são peixes que ingerem sedimento juntamente
com restos e excrementos de invertebrados; (iv) ictiófagos, também denominados de piscívoros,
que são peixes que se alimentam de outros peixes e (v) onívoros, que são peixes que consomem
indistintamente itens de origem animal e vegetal (Tabela 1).
As análises complementares realizadas com todos os exemplares capturados das
espécies Astyanax aff. fasciatus, Geophagus brasiliensis, Hypostomus albopunctatus, H.
ancistroides,
Iheringichthys
labrosus,
Leporinus
amblyrhynchus,
Oligosarcus
paranensis,
Pimelodus maculatus e Schizodon nasutus (Tabela 2) corroboram as indicações apresentadas no
relatório de dezembro de 2011, onde foi constatado que as espécies detritívoras, ictiófagas e
insetívoras constituem os grupos mais diversificados.
Tabela 1. Itens alimentares encontrados no estômago das espécies registradas para os pontos
amostrais entre 21 e 24 de novembro de 2011.
Espécie
Itens Identificados
*item principal
Habitat e microhabitat do principal item
registrado
Astyanax aff. fasciatus
Fragmentos de insetos*, restos vegetais.
Geophagus brasiliensis
Detrito*, fragmentos de insetos, algas
filamentosas.
Bentônico.
Detrito*, algas filamentosas.
Bentônico.
Detrito*.
Bentônico.
Hypostomus albopunctatus
Hypostomus ancistroides
Iheringichthys labrosus
Leporinus amblyrhynchus
Oligosarcus paranensis
Pimelodus maculatus
Schizodon nasutus
Vegetação marginal do rio.
Fragmentos de insetos*, restos vegetais.
Alados, associados à vegetação marginal
do rio.
Fragmentos de insetos*, detritos.
Alados, associados à vegetação marginal
do rio.
Peixe*.
Fragmentos de insetos*.
Algas* (diatomáceas e filamentosas).
Pelágico.
Alados, associados à vegetação marginal
do rio.
Substrato.
Tabela 2. Espécies de peixes registradas para os pontos amostrais entre 21 e 24 de novembro de
2011, agrupadas de acordo com as categorias tróficas predominantes.
Categorias
Espécies registradas
Herbívoros
Schizodon nasutus
Insetívoros
Astyanax aff. fasciatus, Iheringichthys labrosus, Leporinus amblyrhynchus,
Pimelodus maculatus.
Detritívoros
Geophagus brasiliensis, Hypostomus albopunctatus, Hypostomus ancistroides
Ictiófagos
Oligosarcus paranensis
Considerações sobre os resultados
De acordo com os resultados obtidos durante a fase de campo realizada entre 21 e 24 de
novembro de 2011, os exemplares analisados das espécies Astyanax aff. fasciatus, Geophagus
brasiliensis, Hypostomus albopunctatus, H. ancistroides, Iheringichthys labrosus, Leporinus
amblyrhynchus, Oligosarcus paranensis, Pimelodus maculatus e Schizodon nasutus, de maneira
geral, utilizam uma ampla variedade de recursos, incluindo insetos alados (Hymenoptera, Isoptera,
Diptera), larvas aquáticas de insetos (principalmente Simulidae e Chironomidae), detritos, matéria
vegetal, algas e peixes (caracídeos na maior parte).
Dentre os diversos hábitos alimentares registrados durante essa fase de campo, em todo
trecho estudado do rio Tibagi foram predominantes as espécies detritívoras (cascudos
principalmente), ictiófagas (peixes de médio e grande porte) e insetívoras. Algumas espécies
capturadas apresentam grande plasticidade alimentar, e provavelmente terão sucesso na
colonização do reservatório. Essas observações deverão ser comprovadas durante o
monitoramento realizado na área do reservatório.
O estudo dos hábitos alimentares tem se mostrado uma ferramenta importante para o
entendimento das relações que as espécies apresentam com o ambiente, sendo também um
indicador das relações ecológicas entre os organismos. Esses resultados irão possibilitar, por
exemplo, a avaliação de possíveis alterações causadas pelo represamento.
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