Efeitos do exercício físico e sua influência da doença renal

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Efeitos do exercício físico e sua influência da doença renal crônica sobre a
força muscular, capacidade funcional e qualidade de vida em pacientes
submetidos à hemodiálise
(1)
Fernanda Cortez Moraes, [email protected]
(1)
(1)
(1)
Luís Henrique Sales Oliveira, [email protected]
Pâmela Camila Pereira, [email protected]
Centro Universitário de Itajubá – FEPI, Avenida Dr. Antônio Braga Filho, nº 687, Bairro Varginha, Itajubá –
MG.
Recebido: 20 de Setembro de 2016; Revisado: 21 de Dezembro de 2016
Resumo
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a Doença Renal Crônica é definida como uma perda
lenta, progressiva e irreversível das funções renais, uma questão de saúde pública, na medida em que
aumentam a incidência e a prevalência de pessoas em programas dialíticos. A doença e o tratamento
desencadeiam alterações no sistema cardiorrespiratório e musculoesquelético, interferindo na
capacidade funcional, força muscular e na qualidade de vida dos pacientes. Há cerca 30 anos vem
sendo discutido programas de exercícios físicos para reabilitação física e funcional de indivíduos
submetidos à Hemodiálise. Objetivo: Realizar revisão da literatura atual sobre a influência dos
exercícios físicos em pacientes renais crônicos e sua influência sobre a força muscular nos indivíduos
submetidos à Hemodiálise na força muscular, capacidade funcional e qualidade de vida e verificar os
efeitos da fisioterapia realizada com esses indivíduos. Materiais e Métodos: pesquisa retrospectiva
com levantamento bibliográfico como referência as bases de dados MEDLINE, PUBMED e Lilacs.
Foram selecionados de 16 artigos publicados entre 2008 e 2015 relacionados ao tema de estudo. Nos
centros dialíticos é fundamental uma equipe multidisciplinar, considerando as alterações
musculoesqueléticas e cardiopulmonares, reforça-se a necessidade da presença do fisioterapeuta na
reabilitação dos pacientes.
Palavras chave: Doença Renal Crônica, Hemodiálise, Exercícios Físicos, Capacidade Funcional e Qualidade de
Vida.
Effects of physical exercise and the influence of chronic renal disease on
muscle force, functional capacity and quality of life in patients submitted to
hemodialysis
Abstract
According to the Brazilian Society of Nephrology, the chronic kidney disease is defined as a slow,
progressive and irreversible loss of kidney function, a public health issue, to the extent that increase
Revista Científica da FEPI. 2017: 64 - 87
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the incidence and the prevalence of people in dialíticos programs. The disease and the treatment
trigger changes in cardiorrespiratório system and Musculoskeletal, interfering on functional capacity,
muscular strength and the quality of life of patients. About 30 years ago has been discussed programs
of physical exercises for physical rehabilitation and functional individuals undergoing hemodialysis.
Objective: Conduct Review of the current literature on the influence of physical exercise on chronic
renal patients and its influence on muscle strength in patients undergoing Hemodialysis on muscle
strength, functional capacity and quality of life and verify the effects of physiotherapy held with these
individuals. Materials and methods: retrospective survey with bibliographical reference databases
MEDLINE, PUBMED and Lilacs. Were selected from 16 articles published between 2008 and 2015
related to the topic of study. Dialíticos centres a multi-disciplinary team is essential, considering the
musculoskeletal changes and cardiopulmonary, reinforces the need for the presence of the physical
therapist in the rehabilitation of patients.
Key words: chronic kidney disease, Dialysis, physical exercises, functional capacity and quality of
life.
A DRC apresenta como consequência
Introdução
síndrome
Segundo
a
Sociedade
Brasileira
urêmica,
apresentada
por
um
de
conjunto de transtornos que afetam diversos
Nefrologia, a Doença Renal Crônica (DRC) é
sistemas do organismo (AMARAL, C. et al.,
definida como uma perda lenta, progressiva e
2011). Caracterizada pela perda da capacidade
irreversível das funções renais, uma condição
de manutenção da homeostase pelos rins,
na qual os
responsáveis por regular funções vitais do
rins não apresentam mais
funcionalidade por resultado da destruição dos
organismo
néfrons,
do
acidobásico e eletrolítico, participando de
organismo em manter o equilíbrio metabólico
funções hormonais e regulação da pressão
e
arterial (CURY, J.L.; BRUNETTO, J. F.;
resultando
hidroeletrolítico
na
incapacidade
renal.
Tem-se
como
disfunção renal uma Taxa de Filtração
Glomerular
AYDOS, R. D.; 2010)
mL/min/1,73m2, por um período superior a 3
doença é multicausal, apresentando diversos
meses e quando atinge níveis de TFG menores
fatores de risco, de acordo com a Sociedade
do que 15 mL/min/1.73m2 é denominada DRC
Brasileira
na
potenciais causas são: a hipertensão arterial
(ROCHA,
que
hídrico,
Segundo Soares, K. T. et al., (2011) a
terminal
menor
equilíbrio
60
fase
(TFG)
como
E.
R.;
MAGALHÃES, S. M.; LIMA, V. P.; 2010).
de
Nefrologia,
as
principais
sistêmica (24% dos casos), a glomerulonefrite
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(24%) e diabetes mellitus (17%). Outras
congestiva,
causas
(SOARES, K. T. et al., 2011).
devem
ser
consideradas,
como:
pielonefrite, doença policística renal, doenças
autoimunes.
cãibras,
fraqueza
muscular
A prevalência da IRC aumenta com a
idade e aproximadamente 17% dos indivíduos
Nas fases iniciais, o paciente pode não
acima
de
60
anos
apresentam
maior
apresentar manifestações clínicas, porém, a
probabilidade de desenvolver a doença e sua
perda
incidência aumenta significativamente a cada
progressiva
da
função
renal
vai
desencadear múltiplos sinais e sintomas para o
ano (MOURA, R. M. F. et al., 2008).
paciente, afetando quase todos os seus
A
IRC
está
associada
à
elevada
sistemas orgânicos (SOARES, K. T. et al.,
morbimortalidade e tratamento de escolha
2011)
substitutivo da função renal mais utilizado é a
Em sua fase mais avançada, quando os rins
Hemodiálise
(HD),
sendo
não conseguem manter a normalidade do meio
principalmente
interno, é definida como Insuficiência Renal
glomerular e quadro clínico do paciente
Crônica
(NASCIMENTO, L. C. A.; COUTINHO, E.
encontra-
(IRC),
-se
Nessa
fase,
intensamente
o
paciente
sintomático,
são
irritabilidade,
Contínua
miopatia
urêmica,
filtração
a
Diálise
Peritoneal
(DPAC),
a
Ambulatorial
Diálise
Peritoneal
hipertensão
Automatizada (DPA), a Diálise Peritoneal
arterial, insuficiência cardíaca e anemia.
Intermitente (DPI) e o Transplante Renal
(NASCIMENTO, L. C. A.; COUTINHO, E.
(TX). Os tratamentos não curam a doença,
B.; SILVA, K. N. G.; 2012). Além de acidose
apenas substituem parcialmente a função renal
metabólica, hipocalcemia, hiperpotassemia,
(SOARES, K. T. et al., 2011). A ausência de
edema
tais intervenções leva o paciente ao óbito em
periférico,
náuseas,
e
na
Outros tratamentos disponíveis para a IRC
urêmica, cujas principais manifestações são:
polineuropatia
base
B.; SILVA, K. N. G.; 2012).
desenvolvendo completamente a síndrome
tremores,
com
indicado
insuficiência
cardíaca
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72 horas (COSTA, P. B.; VASCONCELOS,
(CENSO BRASILEIRO DE NEFROLOGIA;
K. F. C.; TASSITANO, R. M.; 2010).
2013).
O
aumento
das
doenças
crônicas
Nos últimos anos, a hemodiálise sofreu
degenerativas projetou a doença renal crônica
importantes
(DRC) como uns dos maiores desafios da
tecnológicas. A sobrevida dos pacientes em
saúde pública, sendo esta considerada um
hemodiálise melhorou, embora com prejuízo
problema social e econômico em todo o
em sua qualidade de vida relacionada à saúde
mundo, associada a inúmeras comorbidades,
(SOARES, K. T. et al., 2011). O Censo
bem como a altos gastos em saúde pública
Brasileiro de Nefrologia de 2013 mostra que a
(FASSBINDER, T. R. C. et al., 2015).
taxa de mortalidade desses pacientes diminuiu
No Brasil, o número de pacientes em
terapia renal substitutiva cresce a taxas de 8%
ao ano. A DRC se configura em uma questão
mudanças
e
inovações
para 17,9%, comparada a taxa de 2011 de
19,9%.
Os
pacientes
com
IRC
vêm
de saúde pública, na medida em que aumentam
apresentando um aumento na sobrevida,
a incidência e a prevalência de pessoas em
devido ao emprego da terapia renal de
programas dialíticos. Segundo dados do
substituição.
Ministério da Saúde o tratamento dialítico,
demonstraram o impacto negativo que a
gera uma despesa anual em torno de um bilhão
doença e o tratamento desencadeiam nos
de reais em recursos do Sistema Único de
pacientes sobre o sistema cardiorrespiratório e
Saúde
musculoesquelético,
(NASCIMENTO,
L.
C.
A.;
COUTINHO, E. B.; SILVA, K. N. G.; 2012).
Apesar
disto,
estudos
consequentemente,
interferindo na saúde física e mental, na
De acordo com o Censo Brasileiro de
funcionalidade, na independência, no bem-
Nefrologia de 2013 o total estimado de
estar geral e no convívio social. Isto repercute
pacientes em tratamento dialítico por ano é de
na redução da capacidade funcional e força
100.397, sendo 85% deles custeados pelo SUS
muscular dos pacientes e na qualidade de vida.
(FASSBINDER, T. R. C.et al., 2015).
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(ROCHA, E. R.; MAGALHÃES, S. M.;
Alterações Musculoesqueléticas
O sistema muscular é gravemente afetado
LIMA, V. P.; 2010).
por diversos fatores dentre eles, destacam-se a
diminuição
protéico-calórica,
quanto mais grave a perda de função renal,
atrofia muscular por desuso e desbalanço
maior o risco. Esta associação é influenciada
protéico muscular, que afetam principalmente
por
as fibras musculares tipo II; redução do leito
socioeconômico, pouca atividade física, baixa
vascular e capilar; presença de calcificação
ingesta de carboidrato, gordura e proteína, pela
intravascular e diminuição do fluxo sanguíneo
hipercalcemia, hipovitaminose D, hipertensão
local.
arterial e presença de resistência à insulina
Esses
da
ingestão
A sarcopenia ocorre em todos os estágios e
resultados
fazem
parte
da
patogenia da miopatia urêmica (CURY, J.L.;
idade
avançada,
baixo
nível
(BASTOS, M. G. et al., 2014).
BRUNETTO, J. F.; AYDOS, R. D.; 2010)
Alterações Cardiopulmonares
A perda de massa muscular é o mais
significante preditor
O sistema respiratório é especificamente
de mortalidade nos
afetado, estudos indicaram que 75% dos
pacientes em HD. A musculatura se atrofia e
pacientes em HD por longo período de tempo
como consequência ocorre no organismo uma
apresentam
fraqueza generalizada, causada pela perda de
caráter restritivo, com diminuição da Pressão
força, que é de 30 a 40% menor que nos
Inspiratória Máxima (PI máx.). Além disso a
indivíduos
fraqueza
normais,
levando
ao
alterações
muscular
espirométricas
global
de
afeta
descondicionamento físico (NASCIMENTO,
predominantemente os membros inferiores e a
L. C. A.; COUTINHO, E. B.; SILVA, K. N.
musculatura
proximal,
G.; 2012).
acometimento
acentuado
As
alterações
da
estrutura
muscular
resultam em fadiga, atrofia, cãibras e astenia
sugerindo
da
o
musculatura
respiratória (PITTA, F. et al., 2008).
Os
músculos
responsáveis
pelo
ato
respiratório, como diafragma, intercostais,
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entre outros, são classificados como músculos
dislipidemias, sedentarismo e Hipertensão
esqueléticos e podem apresentar diminuição
Arterial Sistêmica (HAS), sendo que esta
das propriedades de força e endurance
última acompanha a IRC em 60% a 90% dos
muscular decorrente da miopatia urêmica.
casos (MOURA, R. M. et al., 2008).
Estudos indicam que existe perda da força do
diafragma com a uremia severa. O déficit
ventilatório
decorrente
Alterações na Capacidade Funcional
desse
Muitos estudos demonstram que pacientes
comprometimento na musculatura respiratória,
sob
associado
redução da capacidade funcional, sendo que a
a
teciduais
outros
apresentam
capacidade de exercício pode ser 50% menor
calcificação
em relação a de indivíduos saudáveis. Vários
pulmonar e pleural, hipertensão pulmonar,
fatores estão associados a essa redução, entre
diminuição
eles a diminuição da atividade física, fraqueza
pleural,
do
(edema
hemodialítico
pulmonar,
derrame
pulmonares
comprometimentos
tratamento
fibrose
fluxo
e
sanguíneo
capilar
pulmonar e hipoxemia) contribuindo para a
muscular,
anemia,
disfunção
ventricular,
diminuição da capacidade pulmonar (CURY,
controles metabólico e hormonal anormais
J.L.; BRUNETTO, J. F.; AYDOS, R. D.;
(NASCIMENTO, L. C. A.; COUTINHO, E.
2010)
B.; SILVA, K. N. G.; 2012).
O paciente renal crônico apresenta excesso
A tolerância do portador de IRC ao
de líquidos corporais que deixam os órgãos
exercício fica gravemente reduzida (SOARES,
congestos, inclusive os pulmões e cerca de
K. T. et al., 2011).
50% vão a óbito por complicações cardíacas
(SOARES, K. T. et al., 2011).
Alterações na Qualidade de Vida
Indivíduos com IRC apresentam risco
A Organização Mundial da Saúde define o
aumentado para desenvolvimento de doenças
conceito de Qualidade de Vida como a
cardiovasculares, devido principalmente à alta
“percepção do indivíduo de sua posição na
prevalência de fatores como diabetes mellitus,
vida, no contexto de sua cultura e no sistema
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de valores em que vive e em relação a suas
também reconhecem que o tratamento lhes
expectativas,
suas
possibilita a espera pelo transplante renal e,
preocupações” (BACKES, V. M. S. et al.,
com isso, uma expectativa de melhorar sua
2011).
qualidade de vida. O reconhecimento do
seus
padrões
e
Os indivíduos com IRC submetidos a HD
tratamento como decisivo facilita a aceitação
sofrem uma série de alterações que não só
da HD e das readaptações necessárias nas
comprometem o aspecto físico, mas também
rotinas e estilo devida (BACKES, V. M. S. et
psicológico,
al., 2011).
com
repercussões
pessoais,
familiares e sociais, alterando a sua qualidade
Os pacientes renais crônicos, geralmente,
de vida (QV) relacionada à saúde (CUNHA et
tornam-se desanimados e desesperados, e
al., 2009).
muitas vezes por essas razões, ou por falta de
A avaliação da QV dos portadores de
orientação,
abandonam
o
tratamento
ou
doenças crônicas tem sido alvo de grande
negligenciam os cuidados que deveriam ter
atenção, pois a percepção de melhora ou piora
(FRAZÃO, C. M. F. Q.; RAMOS, V. P.;
dos
LIRA, A. L. B. C.; 2011).
doentes
crônicos
pode
auxiliar
no
tratamento da doença. Desta forma, avaliações
A deterioração da QV é influenciada por
periódicas dos pacientes poderão ser feitas, e
fatores como: o convívio com uma doença
aqueles com piores escores de qualidade de
incurável, o esquema rigoroso da terapêutica
vida poderão ser identificados e eventualmente
(que provoca fortes modificações nos hábitos
receber suporte especializado (COSTA, P. B.;
alimentares, nas atividades sociais e no
VASCONCELOS, K. F. C.; TASSITANO, R.
trabalho), a utilização de vários medicamentos
M.; 2010).
e a dependência de uma máquina (SOARES,
Os
pacientes
expressam
sentimentos
K. T. et al., 2011).
negativos, como medo do prognóstico, da
Pacientes que estão em hemodiálise têm
incapacidade, da dependência econômica e da
um cotidiano restrito e monótono, favorecendo
alteração da autoimagem. Por outro lado, eles
o sedentarismo e a debilidade funcional
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(MARCHESAN,
M.;
KRUG,
R.
R.;
ROMITTI, J. C.; 2011).
A
limitação
cardiorrespiratória
melhoria da QV e da reintegração social do
da
e
diminuição do risco de mortalidade, da
física,
capacidade
prejudica
o
paciente. Atingidos esses objetivos, a próxima
meta será a elevação da expectativa de vida
desempenho nas atividades de lazer, trabalho e
para próximo daquela
esperada para
a
convívio social (NASCIMENTO, L. C. A.;
população geral (FRAZÃO, C. M. F. Q.;
COUTINHO, E. B.; SILVA, K. N. G.; 2012).
RAMOS, V. P.; LIRA, A. L. B. C.; 2011).
Pacientes com IRC apresentam menores
escores de QV quando comparados com a
Exercícios físicos e fisioterapia
população geral, além disso o aumento da
mortalidade nessa população estar associado
Em virtude dessas alterações, têm sido
com baixas pontuações no domínio físico da
propostos programas de exercício físico que
QV. A QV pode ser avaliada através de um
visam não somente o tratamento dos sinais
questionário específico que foi traduzido e
clínicos da doença, mas de suas repercussões
validado para a população renal brasileira
na função e na QV (MOURA, R. M. et al.,
chamado Kidney Disease Quality of Life –
2008).
Short Form (KDQOL-SF), composto por 80
Evidências sugerem que programas de
itens. Ele inclui o SF-36 e mais 43 itens sobre
exercícios
físicos
de
baixa
intensidade,
doença renal (BAUMGARTEM, M. C. et al.,
adequadamente prescritos e realizados durante
2012)
a HD, são necessários na reabilitação da DRC
Antigamente, a HD tinha como objetivo
e são salutares para os pacientes, gerando
apenas evitar a morte por hipervolemia ou
benefícios para os mesmos, tanto no âmbito
hiperpotassemia. Atualmente seus objetivos
funcional e físico quanto no psicossocial
em busca não somente da reversão dos
(ROCHA, E. R.; MAGALHÃES, S. M.;
sintomas urêmicos, mas também da redução
LIMA, V. P.; 2010).
das
complicações
a
longo
prazo,
da
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Diferentes tipos de treinos têm sido
realizados com pacientes em hemodiálise:
à glicose e de problemas psicossociais
(MOURA, R. M. et al., 2008).
aeróbico, de resistência e a combinação de
A presença do fisioterapeuta nos centros de
ambos, não havendo ainda consenso sobre o
diálise é reforçada pela diversidade de
melhor
doenças
alterações musculoesqueléticas nos pacientes,
musculoesqueléticas demandam intervenção
pois este profissional é capaz de contribuir de
específica (SEIXAS, R. J.; GIACOMAZZI, C.
forma significativa na prevenção, no retardo
M.; FIGUEIREDO, A. E. P. L.; 2009).
da
tipo.
Porém,
algumas
evolução
e
na
melhoria
de
várias
Os exercícios físicos têm modificado a
complicações apresentadas pelo paciente renal.
morbidade e sobrevida dos pacientes urêmicos
(ROCHA, E. R.; MAGALHÃES, S. M.;
crônicos,
trazendo-lhes
LIMA, V. P.; 2010).
metabólicos,
fisiológicos
benefícios
e
psicológicos.
O objetivo do presente estudo é realizar
Exercícios realizados durante a HD, quando
revisão da literatura atual sobre a influência
devidamente orientados, são indicados e
dos exercícios físicos em pacientes renais
seguros a esses pacientes, apesar de ainda não
crônicos e sua influência sobre a força
terem se tornado rotina nos centros de diálise
muscular
(ROCHA, E. R.; MAGALHÃES, S. M.;
Hemodiálise na força muscular, capacidade
LIMA, V. P.; 2010).
funcional e qualidade de vida e verificar os
Há aproximadamente 30 anos vem sendo
discutida
na
literatura
a
utilização
de
nos
indivíduos
submetidos
à
efeitos da fisioterapia realizada com esses
indivíduos.
programas de exercícios físicos visando
reabilitação física e funcional de indivíduos
Materiais e Métodos
submetidos à HD. Os benefícios incluem
Trata-se de uma pesquisa retrospectiva
melhora da capacidade funcional, redução dos
com levantamento bibliográfico que tiveram
fatores de risco cardiovasculares, melhora da
como referência as bases de dados MEDLINE
tolerância ao exercício, melhora da tolerância
(National Library of Medicine), PUBMED e
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Lilacs com objetivo de selecionar os estudos
considerados
os
de evidência científica sobre o tema. Foram
“Doença Renal
selecionados de 16 artigos que seguiram os
“Exercício Físico”.
seguintes
Crônica”,
descritores:
“Hemodiálise”,
critérios de inclusão: data de publicação entre
2008 e 2015; artigos originais publicados em
Resultados
português e inglês que incluíam no título e\ou
Após realizar a busca nas bases de dados
resumo: hemodiálise, Doença Renal Crônica,
mencionados anteriormente foram encontrados
exercício físico, força muscular, capacidade
16 artigos. Desses 13 artigos apresentam
funcional e qualidade de vida.
estudos experimentais, descritos no Quadro I.
Mediante consulta ao DECs (de assuntos
de ciências da saúde da BIREME) foram
Quadro I. Resultados
AUTOR E
REVISTA
FASSBINDER, T.
R.
OBJETIVO
Comparar
C.; capacidade
WINKELMANN,
MÉTODO
a
Estudo
RESULTADO
transversal
Não
foi
descritivo, 54 pacientes com diferença
encontrada
estatisticamente
funcional e a QV DRC, 27 do G1 (58,15 ± significativa entre G1 e G2,
E. R.; SHNEIDER, de doentes renais 10,84 anos) e 27 do G2 no VO2pico (p = 0,259), no
J.; WENDLAND, crônicos
em (62,04
±
16,56
anos). TC6' (p = 0,433), na PImax
J.; OLIVEIRA, O. hemodiálise (G1) Verificaram-se os fatores de (p = 0,158) e somente foi
B.; J Bras Nefrol, e
pré-dialíticos risco
cardiovasculares, encontrada
diferença
na
n.1, v. 37, p. 47-54, (G2).
medidas
2015.
força muscular respiratória Os escores do questionário
verificada
antropométricas, PEmax (p = 0,024) para G1.
por
meio
da SF-36 mostram em ambos os
PImax e PEmax, TC6, teste grupos um pior estado de
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cardiopulmonar
de saúde
evidenciada
pela
exercício, teste de sentar e pontuação baixa nos escores
levantar
de
um
minuto de QV.
(TSL1') e o SF-36 para
avaliar a QV. Os pacientes
apresentavam estadiamento
da doença entre 2 a 5.
Utilizou-se
o
teste
t
(Student) para a comparação
das médias das variáveis
quantitativas e o teste de
Quiquadrado de Pearson e
exato de Fischer para as
variáveis qualitativas. Para
identificar as correlações,
foi utilizado o teste de
Pearson ou de Spearman.
PITTA,
F.;
Avaliar a função
KOVELLIS,
D.; pulmonar
PROBST, V. S.; força
e
Foram
avaliados
a pacientes
(41-52
17
8 pacientes apresentaram
anos) distúrbio restritivo leve antes
muscular submetidos a três sessões da primeira sessão de HD.
PERES, C. P. A; respiratória
de semanais
de
hemodiálise Desses, 2 normalizaram após
DELFINO, V. D. pacientes DRC e (14-55 meses). 12 eram do a sessão. Houve aumento da
A.; MOCELIN, A. correlacioná-las
J.;
sexo masculino. Realizaram capacidade vital forçada e
BRUNETTO, com a variação espirometria e mensuração diminuição de peso ao final
A. F.
J Bras de peso ligada à da PImáx e PEmáx antes e da primeira sessão semanal.
Pneumol, n. 11, v. realização
de após
a
primeira
sessão A variação de peso durante
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34,
p.
907-912, hemodiálise;
2008.
estudar
semanal de HD. O peso três dias sem HD tendeu a se
a corporal
foi
quantificado correlacionar com a variação
correlação entre antes e após as três sessões da capacidade vital forçada
o
tempo
de semanais.
hemodiálise
e
de HD correlacionou-se com
possíveis
os valores da porcentagem
alterações
do predito da PImáx e com a
respiratórias.
PEmáx pré-diálise.
CUNHA, M. S.; Avaliar
ANDRADE,
na primeira sessão. O tempo
a 16 pacientes com IRC foram A
V.; capacidade
capacidade
submetidos à avaliação da mostrou-se
funcional
abaixo
dos
GUEDES, C.A.V; funcional e a QV capacidade funcional TC6, valores preditos no TC6’ e
Fisioter. Pesq, n. 2, em
pacientes mensuração das
v. 16, p. 155-160, IRC submetidos inspiratória
2009.
e
pressões na força dos músculos
expiratória Respiratórios
a HD e verificar máxima, e pela aplicação da (principalmente
possíveis
escala de severidade da expiratórios);
correlações entre fadiga.
essas
variáveis responderam
Também apresentaram
e
todos
em
média
ao fadiga leve. Pacientes com
clínicas e idade, questionário SF-36.
mais de 60 anos e aqueles
IMC e tempo de
com menor tempo de HD
HD.
apresentaram
baixa
capacidade funcional apenas
quanto
à
distância
caminhada, sem prejuízo das
demais funções. O IMC não
interferiu
na
capacidade
funcional. O escore médio
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no SF-36 foi 72,3; dor e
prejuízo na vitalidade foram
indicados como os itens que
mais interferem em sua QV,
tendo os fatores idade, índice
de IMC e tempo de HD não
se mostrado relevantes.
SOARES, K. T.; Analisar
VIESSER, M. V.; efeitos
os Foram
de
avaliados
27 Após o tratamento, o teste
um pacientes, com idade média SF-36
mostrou
melhora
RZNISKI, T. A. protocolo
de de 51 ± 10,5 anos, índice de significativa das seguintes
B.; BRUM, E. P.; fisioterapia
em massa corpórea média de variáveis:
Fisioter Mov, n. 1, pacientes
v. 24, 2011.
durante
DRC 24,3 ± 3,8 e em tratamento funcional,
a
HD hemodialítico
visando
capacidade
nível
de
dor,
há vitalidade e saúde mental.
à aproximadamente 50 ± 27,7 Também foi observado que,
melhora de sua meses. Durante três meses, antes do tratamento, dez
QV.
participaram
de
programa
tratamento, musculares
de
um pacientes relatavam cãibras
e,
após
a
durante a HD. Foi aplicado fisioterapia, somente quatro
o questionário SF-36 antes e pacientes
após
o
período
continuaram
de relatando essas contrações.
tratamento.
CURY,
J.L.; Avaliar a função Foram
BRUNETTO, J. F.; pulmonar
AYDOS,
R.
D.; capacidade
e
a indivíduos,
avaliados
sendo
72 Resultados estatisticamente
32 significativos
para:
pacientes com IRC em HD diminuição
Rev Bras Fisioter, funcional
em (GD) há mais de 6 meses, pulmonar
n. 2, v.14, p. 91-98, pacientes
com 10 pacientes transplantados Capacidade
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da
no
função
GD
vital
para
forçada,
2010.
IRC em HD e em renais (GT) há, pelo menos, Volume expirado forçado,
pacientes
após 6
transplante renal.
meses
saudáveis
e
30
para
sujeitos Ventilação
voluntária
grupo máxima, Capacidade vital,
controle (GC). Todos os PImax, PEmax e, para o GT,
grupos
utilizando
foram
avaliados diminuição
do
VEF1
e
espirometria, VVM, quando comparados
PImax e PEmax e TC6min. ao
GC
(ANOVA
Para análise estatística, foi via/post
hoc
uma
Fischer);
utilizado o programa SPSS associação entre diminuição
12.0.
da PImax e pertencer ao GD;
menor
desempenho
TC6min
no
GD
e
no
GT
quando comparados ao GC
(ANOVA uma via/post hoc
Fischer).
Encontrou-se
correlação significativa entre
PImax e PEmax
ROCHA,
E.
R.; Verificar
os Estudo experimental, não As médias respectivamente
MAGALHÃES, S. efeitos de uma randomizado, quantitativo e das variáveis pré- e pósM.; LIMA, V. P.; J intervenção
qualitativo; amostra de 13 intervenção
Bras Nefrol, n. 4, fisioterapêutica
pacientes (43,69 ± 9,28 (97,69 ± 28,3 cmH2O e
v.32,
2010.
foram
PImáx
p.:359-371, nos pacientes em anos), submetidos à HD na 98,46 ± 23,39 cmH2O) p =
HD para: função Santa
da
0,93; PEmáx (83,07 ± 31,19
musculatura Casa de Diamantina/MG. cmH2O e 88,46 ± 14,05
respiratória,
Todos realizaram avaliação cmH2O) p = 0,46 e PFE
força de preensão das pressões respiratórias (375,38 ± 75,23 L/min e
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manual e
máximas e do pico de fluxo 416,15 ± 57,37 L/min) p =
QV.
expiratório, antes e após a 0,02.
A
média
do
fisioterapia que consistiu de dinamômetro
três
sessões
pré-
semanais, intervenção: 57,23 ± 17,39
durante 2 meses.
kgf e pós intervenção: 56,61
O tratamento estatístico foi ± 16,09 kgf. No SF-36,
através do teste t de Student observou-se
com valor
melhora
dos
oito domínios, exceto do
de significância em p < item ‘vitalidade’. Somente o
0,05.
PFE
mostrou-se
estatisticamente significante.
AMARAL,
C.;
SILVA,
G.; efeitos
V.
MONTEIRO,
Avaliar
os
M. treinamento
muscular
NASCIMENTO,
inspiratório
BOSCHETTI,
M.; força
clínico
não
Houve
indivíduos
com
IRC tância percorrida após o
na avliados PImáx e PEmáx; 558 ± 121; p = 0,003). Não
muscular função
pulmonar
pela foram
espirometria e a capacidade diferenças
R.; J Bras Nefrol, função pulmonar funcional através TC6M. No namento
68, 2011.
encontradas
e
após
nas
capacidade período de 8 semanas, foi variáveis do estudo.
funcional
pacientes
em aplicado o protocolo de
com treinamento
muscular
IRC submetidos respiratório durante a HD,
à HD.
aumento
submetidos à HD. Foram treinamento (455 ± 98 versus
J. inspiratória,
n. 1, v. 33, p. 62- e
um
do controlado, com por 15 significativo na variável dis-
B.;
D.
Ensaio
com carga estabelecida de
40% da PImáx e uma
frequência semanal de três
Revista Científica da FEPI. 2017: 64 - 87
ISSN Eletrônico: 2175-4020
treidemais
dias alternados.
Avaliar
de Participaram deste estudo Os domínios de “função
M. C.; DIPP, T.; maneira
61 indivíduos com 52 ± 16 sexual” e “função cognitiva”
BAUMGARTEM,
SILVA,
V.
G.; subjetiva
e anos. Foi avaliada a QV tiveram
as
maiores
PLENTZ, R. D.; objetiva a função pelo KDQOL-SF, distância pontuações, enquanto que
Rev.
de percorrida TC6, e o número “função física” e “papel
Acta física
Brasileira
com de repetições no teste de profissional”
do pacientes
Movimento
DRC em
Humano, v.1, n.2, HD
p. 5-14, 2012.
sentar-e-levantar
e
em
tiverem
as
30 menores pontuações. Houve
suas segundos (TSL).
diminuição
da
possíveis
percorrida
associações.
relação aos valores preditos.
No
no
distância
TSL
TC6
os
em
pacientes
realizaram 9±3 repetições. O
domínio de “funcionamento
físico” associou-se com a
distância percorrida no TC6
e
com
o
repetições
número
de
TSL.
A
no
distância percorrida no TC6
mostrou associação com o
domínio de “saúde geral”.
COSTA,
P.
B.; Descrever
VASCONCELOS,
K.
F.
TASSITANO,
as Realizada nos centros de A maioria dos participantes
características e tratamentos
C.; analisar
R. possíveis
dialíticos
na relatou
algum
grau
de
as cidade de Caruaru, onde incômodo: dores musculares
toda a população com IRC é (69,4%), cãibras (89,8%),
Revista Científica da FEPI. 2017: 64 - 87
ISSN Eletrônico: 2175-4020
M.; Fisioter Mov, associações entre
atendida (n = 192), sendo 82 coceiras (67,3%), fraqueza
n. 3, v. 23, p. 461- IRC e QV em pacientes
471, 2010.
uma
do
Centro muscular
(73,5%),
amostra Regional de Hemodiálise do diminuição
de
representativa de Agreste (CRHA) e 110 da (91,8%),
líquido
diminuição
pacientes com o clínica SOS Rim – Clínica alimentar
(85,7%)
agravo
no Nefrológica
de
trabalhar
município
de Para
Já
quando
Caruaru, PE.
a
de
Caruaru. capacidade
composição
da (75,5%).
e
amostra foi realizado um questionados se o esforço
censo e todos os pacientes físico interfere na QV, este
cadastrados
foram
selecionados
pré- estudo revelou que 70,3%
inicialmente afirmam
para o estudo.
que
sim.
Em
relação à saúde, 80,6% das
pessoas dizem que a DRC
interfere de forma negativa
na QV.
BACKES, V. M. Estudo
Realizado num Centro de Os sentimentos iniciais de
S.; SILVA, A.S.; qualitativo,
Nefrologia e Diálise de um indignação e negação estão
SILVEIRA, R. S; realizado
LUNARDI,
para hospital do Rio Grande - presentes
V.L.; conhecer
FERNANDES, G. percepções
F. M.; Rev Bras pacientes
os
as RS. Os sujeitos foram nove pacientes se fortalecem para
dos pessoas com IRC. Destes, o enfrentamento da doença.
com cinco do sexo feminino e Restrições
Enferm, n. 5, v. 64, IRC acerca das quatro do sexo masculino, alimentares
p. 839-844, 2011.
enquanto
mudanças
com idades entre 40 e 88 limitação
ocorridas em sua anos.
rotina de vida.
O
número
dos
hábitos
e
hídricos,
das
atividades
de físicas, profissionais e de
participantes foi definido lazer foram as principais
mediante
o
interesse
Revista Científica da FEPI. 2017: 64 - 87
ISSN Eletrônico: 2175-4020
e dificuldades identificadas.
adesão ao estudo, e quando
a coleta de dados deixou de
produzir novas informações.
A técnica de coleta de dados
utilizada foi a entrevista,
antes do início da sessão.
Foram
coletados
relacionados
dados
as
suas
percepções e vivências.
MARCHESAN,
Analisar como o Estudo qualitativo com 12 A maioria acredita que QV é
M.; KRUG, R. R.; paciente em HD entrevistas com pacientes ter saúde, família e amigos,
ROMITTI, J. C.; percebe sua QV selecionados aleatoriamente. boa condição financeira e ter
Arquivos
Catarinenses
e quais são os As questões: a) “O que o religião.
de fatores que ele senhor
Medicina, n. 1, v. acredita
40, 2011
(a)
que qualidade
entende
de
Dois
pacientes
por percebem sua QV como boa,
vida?”
b) dois como regular e oito
podem modificá- “Como o senhor (a) percebe como ruim. Com relação á o
la.
sua qualidade de vida?” c) que poderia melhorar, todos
“O senhor (a) acreditam os participantes responderam
algo que possa melhorar a que
a
alternativa
é
o
sua qualidade de vida?”. As transplante renal.
respostas foram gravadas e
transcritas,
utilizando
a
análise de conteúdo para
identificar as categorias.
FRAZÃO, C. M. F. Estudo descritivo Participaram do estudo 33 Em
Q.; RAMOS, V. P.; e
relação
exploratório, pacientes na HD no Hospital domínios
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ISSN Eletrônico: 2175-4020
do
à
QV
dos
SF-36,
as
LIRA, A. L. B. C.; para investigar a Barão de Lucena, localizado dimensões
da
Rev. Enferm UERJ, QV de pacientes em Recife, Pernambuco, em (53,18)
saúde
e
vitalidade
mental
n. 4, v. 19, p. 577- DRC em HD, a 2009.
(53,09) tiveram as médias
582, 2011.
do
mais altas. Por outro lado,
questionário SF-
capacidade funcional (33,78)
36.
e aspectos sociais (36,36)
partir
tiveram as mais baixas.
GRASSELI, C. S. Avaliar a QV dos Estudo
M.; CHAVES, E. pacientes
descritivo Dos
62
pacientes
transversal, realizado com atendiam
C. L.; SIMÃO, T. submetidos
à uma
amostra
aos
conveniência. Foi utilizado questionário.
B.; SILVA, R. R.;
o
Rev Bras Clin Med,
Quality of Life Short Form mulheres
n. 6, v. 10, p. 503-
(KDQOL
507, 2012.
voluntários
Disease
SF-36).
de
Destes,
16
and eram homens (43,24%) e 21
(56,76%).
Das
Os dimensões analisadas, a de
eram
IRC, papel profissional e função
submetidos à HD em uma física
clínica
critérios,
de apenas 37 responderam ao
P.; BOTELHO, P. HD.
Kidney
que
terapia
foram
as
que
renal apresentaram menor média
substitutiva, no período de de escore, enquanto que a
junho a julho de 2006. Para maior média foi observada
análise
dos
dados,
aplicada
foi no estímulo por parte da
estatística equipe de diálise.
descritiva.
MOURA, R. M. F.; Documentar
os Selecionados
SILVA, F. C. R.; efeitos agudos e científicos
RIBEIRO, G. M.; as
artigos Após extensa revisão da
nas
bases literatura, pode-se concluir
adaptações eletrônicas Medline, Lilacs que
Revista Científica da FEPI. 2017: 64 - 87
ISSN Eletrônico: 2175-4020
o
exercício
físico
SOUSA,
L.
Fisioterapia
A.; crônicas,
e PEDro, assim como no realizado
e cardiovasculares
durante
acervo de periódicos da hemodiálise
promove
Pesquisa n. 15, v.1, e musculares em biblioteca da Faculdade de benefícios
p. 86-91, 2008.
indivíduos
e
13
artigos quanto à forma de aplicação
renal, envolvendo exercício físico desses programas em termos
submetidos
a aeróbico associado ou não a de intensidade, frequência e
programas
exercício
físicos
no Medicina da UFMG. Foram funcionais. Há diversidade
estágio final da analisados
doença
a
de fortalecimento
físico durante
durante
a
a variando
hemodiálise.
intensidade,
muscular duração, devendo estas ser
hemodiálise, adequadas às realidades de
quanto
à cada serviço e de cada
frequência
e paciente.
duração da intervenção.
Os estudos selecionados relatam efeitos
agudos e adaptações crônicas de programas de
exercícios físicos realizados durante a HD,
contudo, segundo Moura et al., (2008) mais
pesquisas são necessárias para confirmar esses
mecanismos.
O
Discussão
mecanismo
de
favorecimento
da
Os benefícios do exercício físico durante a
remoção de solutos (ureia, creatinina e
HD descritos na literatura indicam que o
potássio) ocorre devido à vasodilatação na
fisioterapeuta é considerado o profissional
musculatura
melhor
aumento
capacitado
para
promover
a
reabilitação dos pacientes DRC durante a
hemodiálise,
considerando
que
este
procedimento ocorre em ambiente hospitalar.
da
esquelética,
remoção
proporcionando
dos
catabólitos
(SOARES et al., 2011).
As respostas cardiovasculares ocorridas
durante a o exercício aeróbico intermitente
Revista Científica da FEPI. 2017: 64 - 87
ISSN Eletrônico: 2175-4020
realizado na HD foi taquicardia e hipotensão,
aumentando a força muscular e o desempenho
limitante para a continuidade das condutas. A
físico dos pacientes, contudo não é eficiente
provável causa da hipotensão é que os
para restabelecer função aeróbica igual à de
pacientes durante o procedimento de HD
indivíduos saudáveis (SOARES et al., 2011).
apresentam maior ativação do sistema nervoso
simpático
associada
receptores
alfa-
remoção
de
a
diminuição
adrenérgicos.
solutos
que
Além
ultrapassa
Os
programas
de
exercícios
físicos,
dos
também contribuem para o aumento do score
da
nas avaliações de QV, sobretudo nos quesitos
a
de vitalidade e estado geral de saúde
capacidade de compensação de perda de
(NASCIMENTO;
volume do organismo. Estas alterações foram
2012).
verificadas após 3 horas de HD, indicando a
COUTINHO;
SILVA;
Alguns estudos obtiveram resultados de
realização dos exercícios de uma a duas horas
benefícios
de procedimento (ROCHA; MAGALHÃES;
significância, foram usados variados testes e
LIMA; 2010).
instrumentos
Outros efeitos descritos, não relacionados
maneira
nos
exercícios
inferiores,
câimbras
e
pequena
para
as
ou
nenhuma
avaliações,
sendo
necessário padroniza-los para analisar de
ao tempo de HD, foram: dispnéia, fadiga, dor
membros
com
mais
eficiente
sobre
tal
o
impacto
população
dos
segundo
hipoglicemia. Desta forma os programas de
estudos de Seixas; Giacomazzi; Figueiredo
exercícios devem ter rigoroso monitoramento
(2009) e Moura et al., (2008).
de parâmetros clínicos e hemodinâmicos dos
pacientes
(SEIXAS;
GIACOMAZZI;
FIGUEIREDO; 2009).
Neste
evidenciar
contexto,
apesar
resultados,
a
da
literatura
aplicação
de
programas de exercícios durante a HD na
Estudos indicam que uma rotina de
prática, ainda é restrita, pois é necessário
exercícios físicos amenizam a redução e
elucidar a frequência, volume e intensidade da
atrofia das fibras tipo I, II A e IIB e otimizam
reabilitação (MOURA et al., 2008).
a capilarização muscular, consequentemente
Revista Científica da FEPI. 2017: 64 - 87
ISSN Eletrônico: 2175-4020
HD. Contudo, verifica-se a necessidades de
Considerações finais
mais estudos para a confirmação dos efeitos
A incidência da Doença Renal Crônica
agudos e crônicos dos exercícios, assim como
aumenta significativamente a cada ano, assim
padronizar a avaliação e a forma de aplicação
como o número de pacientes submetidos a
desses programas em termos de intensidade,
terapia de substituição renal através da
frequência e duração a fim de analisar de
hemodiálise.
maneira
Sendo
que
esses
pacientes
apresentam complicações relacionadas não
mais
eficiente
o
impacto
da
intervenção em tal população.
apenas à doença, mas também pelo tratamento.
Essas complicações incluem alterações
Referências
musculoesqueléticas e cardiopulmonares que
influenciam na deterioração da capacidade
BAUMGARTEM, M. C.; DIPP, T.; SILVA,
funcional e da qualidade de vida.
V. G.; PLENTZ, R. D. Percepção Subjetiva e
Nos centros dialíticos é fundamental uma
equipe
multidisciplinar,
alterações
considerando
musculoesqueléticas
Desempenho Físico em Pacientes com Doença
as
Renal Crônica em Hemodiálise. In: Rev. Acta
e
Brasileira do Movimento Humano, v.1, n.2,
cardiopulmonares, reforça-se a necessidade da
2012, p. 5-14.
presença do fisioterapeuta na reabilitação dos
pacientes, com objetivo de minimizar as
CUNHA, M. S.; ANDRADE, V.; GUEDES,
alterações, melhorar a capacidade funcional e
C.A.V; Avaliação da capacidade funcional e
consequentemente a qualidade de vida.
da qualidade de vida em pacientes renais
Por meio dos artigos revisados pôde-se
crônico
submetidos
a
tratamento
concluir que o exercício físico, seja aeróbico
hemodialítico. In: Fisioter. Pesq, n. 2, v. 16,
e\ou de resistência, possui efeitos incrementais
2009, p. 155-160.
na capacidade funcional, função muscular e
qualidade de vida de pacientes submetidos à
Revista Científica da FEPI. 2017: 64 - 87
ISSN Eletrônico: 2175-4020
PITTA, F.; KOVELLIS, D.; PROBST, V. S.;
PERES, C. P. A; DELFINO, V. D. A.;
SEIXAS, R. J.; GIACOMAZZI, C. M.;
MOCELIN, A. J.; BRUNETTO, A. F. Função
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intradialítica na reabilitação do doente renal
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FERNANDES, G. F. M.; Percepções e
V.
P.;
Repercussão
de
um
protocolo
mudanças na qualidade de vida de pacientes
fisioterapêutico
submetidos à hemodiálise. In: Rev Bras
funcionalidade pulmonar, força de preensão
Enferm, n. 5, v. 64, 2011, p. 839-844.
manual e qualidade de vida de pacientes renais
intradialítico
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MARCHESAN, M.; KRUG, R. R.; ROMITTI,
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J. C.; Análise da qualidade de vida de
pacientes
em
hemodiálise:
um
estudo
RESPONSABILIDADE AUTORAL
qualitativo. In: Arquivos Catarinenses de
“O(s)
Medicina, n. 1, v. 40, 2011.
responsável(is) pelo conteúdo deste trabalho”.
autor(es)
FRAZÃO, C. M. F. Q.; RAMOS, V. P.; LIRA,
A. L. B. C.; Qualidade de vida de pacientes
Revista Científica da FEPI. 2017: 64 - 87
ISSN Eletrônico: 2175-4020
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