PESQUISA SOBRE OS ABUSOS DE HIGIENE VOCAL COMETIDOS PELOS ALUNOS DE FONOAUDIOLOGIA NOVAFAPI Méssia Almeida de Pádua Bandeira – Professora da NOVAFAPI Felismina Dias de Lima Neta – Aluna de Fonoaudiologia da NOVAFAPI Lenara Antônia de A. Carnib – Aluna de Fonoaudiologia da NOVAFAPI INTRODUÇÃO A voz é essencial para que ocorra a comunicação humana e esta é de extrema importância para que o indivíduo exerça qualquer tipo de atividade de vida diária, por mais simples que esta seja como, por exemplo, expressar seus sentimentos, as suas idéias, os seus desejos e vontades, exercer a sua profissão, manter relacionamentos sociais e afetivos, enfim, observa-se que a voz é muito importante e está presente em todas as nossas atividades. No entanto essa presença é tão intrínseca, inata e comum, que não se percebe o quanto a sua ausência pode ser incapacitante. Ao ouvirmos a voz de uma pessoa podemos trazer à mente a imagem física, podemos inferir a idade, o sexo, a condição social, cultural e a personalidade do individuo. A voz expressa as condições individuais (físicas ou emocionais) e, se o indivíduo não estiver em condições saudáveis, à voz deixará transparecer algum problema, ocasionando qualidade vocal disfônica, que pode vir a comprometer a fala e a comunicação. A produção da voz acontece devido um sofisticado processamento muscular, mas esta sendo uma manifestação com base psicológica (MARA BEHLAU, 2001). A laringe é o órgão responsável pela produção da fonação, mas o trato vocal é quem produz a voz. A voz é fonação acrescida de ressonância. Portanto, esta é produzida pela vibração das pregas vocais que gera os sons e a seguir é modificado pelas cavidades de ressonância que estão situadas abaixo e acima das pregas vocais. As modificações na voz ocorrem devido o reforço ou abafamento dos harmônicos da voz, também por um estreitamento ao longo do trato vocal, gerados por acréscimos de ruídos, ou pelo fluxo do ar com interrupções momentâneas, pois a produção da voz ocorre devido a interação dos diversos sistemas que compõem o corpo humano. (MARA BEHLAU & PAULO PONTES, 1995). A produção da voz ocorre devido à interação e o equilíbrio entre as forças aerodinâmicas do pulmão e mioelásticas da laringe, que é explicado através do efeito Bernoulli, que afirma que à medida que um líquido ou gás passa pelas paredes de tubo flexível em alta velocidade, este tende a aproximar as suas estruturas flexíveis, devido a pressão negativa gerada. Assim a produção da voz ocorre durante a saída do ar expiratório dos pulmões (forças aerodinâmicas), que fazem com que as estruturas flexíveis da laringe se aproximem que no caso são as pregas vocais, devido à pressão negativa gerada, ocorrendo assim, uma resistência à passagem do ar (forças mioelásticas), fazendo com que estas vibrem produzindo a voz e sendo articulados na cavidade bucal, pelos movimentos da língua, lábios, mandíbula e palato, modificando assim o fluxo de ar vindo dos pulmões, formando os sons da fala e sendo projetados para o meio ambiente. Para termos uma boa qualidade vocal, é necessário que haja uma harmonia entre essas duas forças apresentadas, produzindo assim, uma voz sem dificuldade ou desconforto por parte do falante, sendo que estes aspectos caracterizam a eufonia, ou seja, uma voz normal, com qualidade vocal agradável e ressonância equilibrada, mas quando não se tem uma harmonia nesses movimentos, vai ocorrer uma disfonia, que é uma dificuldade na emissão vocal, que impede a produção natural da voz, sendo a rouquidão o sintoma mais comum apresentado e está presente em diferentes distúrbios da comunicação e, é por isso que se fazem necessários os conhecimentos sobre os hábitos de higiene vocal, pois estes têm influência direta na voz do indivíduo. A higiene vocal está relacionada a hábitos necessários para a saúde vocal, este consiste em procedimentos que devem ser seguidos para preservar a saúde da voz, prevenir o aparecimento de alterações e doenças e também para que não ocorra o agravamento de alterações já existentes. Os principais tópicos a respeito da influência destes hábitos na voz que causam dúvidas quantos aos malefícios são: o fumo, o álcool, as drogas, alergias, hábitos vocais inadequados, ar-condicionado, alimentação, vestuário, esportes e medicamentos (MARA BEHLAU & PAULO PONTES, 2001). É necessário que se tenham cuidados para poupar a laringe de esforços desnecessários que muitas vezes são feitos e trazem prejuízo à voz e desconforto ao falante. A higiene vocal deve ser seguida tanto por adultos quanto crianças. Algumas dicas são importantes para que todos possam manter a saúde vocal, como: • Evitar tossir excessivamente. • Evitar abusos de fumo e álcool. • Evitar excessos vocais: como falar alto, falar muito, gritar, cantar sem aquecimento vocal. • Evitar ambientes com ar condicionado, poeira ou odores fortes. Caso não seja possível evitar é importante lembrar de tomar bastante água, o tempo todo para que não ocorra um ressecamento das mucosas. • Evitar mudanças bruscas de temperatura. • Procurar comer uma maça por dia, pois esta é adstringente. • Beber pelo menos 2 litros de água natural ao dia. É importante ressaltar que qualquer alteração vocal que perdure por mais de 15 é necessário que este procure um profissional, pois quanto antes for diagnosticado o problema, melhor será o resultado, sendo a prevenção o melhor caminho a ser seguido. Um dos fatores de higiene vocal muito importante é a hidratação, pois este hábito vai proporcionar uma melhor lubrificação do trato vocal, permitindo assim, que a vibração das pregas vocais ocorra de modo mais livre e com atrito reduzido. Essa hidratação sistêmica (beber 2 litros de água) deve ser feita gradativamente, ao longo do dia, e principalmente antes e durante a utilização intensiva da voz. Quando o indivíduo não segue esses hábitos e comete abusos vocais, pode ocasionar uma disfonia, ou seja, uma alteração na voz, e esta dificuldade podem se manifestar de diversas formas como: • Esforço à emissão da voz; • Dificuldade em manter a voz; • Cansaço ao falar; • Variações na freqüência habitual; • Rouquidão; • Falta de volume e projeção; • Perda da eficiência vocal; • Pouca resistência ao falar. É importante ressaltar que situações de estresse contribuem para as condições de mau-uso e abuso da voz, que geram esforços e adaptações do aparelho fonador, deixando o indivíduo mais propenso ao desenvolvimento de uma disfonia. As disfonias são classificadas em três tipos: a disfonia funcional, disfonias organo-funcionais e disfonias orgânicas. As disfonias funcionais são assim classificadas em decorrência do mau uso e abuso da voz, sendo que esta não possui nenhuma alteração visível na mucosa da prega vocal, existindo assim, um total movimento destas e fechamento completo durante a fonação, já as disfonias organo-funcionais acabam por desenvolver uma lesão nas ppvv, ocorrendo geralmente por uma disfonia funcional diagnosticada tardiamente, que acaba por levar a uma lesão na prega vocal e apresentando uma maior quantidade de desvios na função vocal, e por último, as disfonias orgânicas que são causadas por patologias que tem como etiologias os distúrbios neurológicos, acometimentos virais, má formação da laringe e outros. (MARA BEHLAU, 2004). “A voz deve ser sempre pensada em relação à saúde geral do paciente, em relação ao seu corpo todo, pois todo o sistema corporal afeta a voz” (MARA BEHLAU, 2003). Então para que se tenha uma boa produção vocal e conseqüentemente uma boa qualidade vocal é necessário que este indivíduo esteja num estado de saúde geral dentro das melhores condições possíveis. Portanto, deve-se pensar não apenas nos aspectos que prejudicam as pregas vocais, mas sim no trato vocal integrado na saúde geral de cada paciente. Desta forma, pode-se pensar que, apesar de que as orientações são gerais, as necessidades, assimilações e repercussões são absolutamente singulares. Por exemplo: o gelado, geralmente, prejudica a voz, mas a quantidade e a forma deste prejuízo se manifestam diferentemente em cada pessoa, dependendo do momento e da maneira em que este abuso foi cometido. As reações do corpo humano são únicas e dependem de cada indivíduo em cada momento. O trabalho fonoaudiológico nas disfonias primeiramente consiste em dar orientações a estes pacientes sobre a importância dos hábitos de higiene vocal para que ocorra uma melhora da qualidade vocal e consequentemente uma terapia com um efeito mais rápido e satisfatório ao individuo disfônico. Portanto o presente trabalho tem como objetivo avaliar os abusos cometidos e os conhecimentos sobre a higiene vocal pelos alunos de fonoaudiologia da NOVAFAPI. OBJETIVOS Objetivo Geral: Avaliar o conhecimento sobre higiene vocal fonoaudiologia da NOVAFAPI dos alunos do curso de Objetivos específicos: 1) Promover esclarecimentos sobre a importância da prática dos hábitos de higiene vocal. 2) Relacionar os principais hábitos nocivos à voz utilizados pelos alunos de fonoaudiologia. METODOLOGIA Esta é uma pesquisa de caráter qualitativo, por ser mais adequado para investigar a problemática apresentada, no qual, para a realização do trabalho foi elaborado um questionário contendo 15 tipos de perguntas sobre hábitos de higiene vocal, no qual as respostas são do tipo sim ou não, assim, as perguntas foram levantadas a partir da investigação de publicações e pesquisas sobre o assunto. As aplicações desses questionários ainda se encontram em fase de andamento, mas serão aplicados em todos os alunos do curso de fonoaudiologia da NOVAFAPI que atualmente possui 187 alunos, estão sendo feitos tais questionários nas dependências da coordenação do curso de fonoaudiologia. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Espera-se ao final da pesquisa verificar se existe ou não o conhecimento sobre hábitos de higiene vocal dos alunos do curso de fonoaudiologia da NOVAFAPI. Para tanto a pesquisa continuará em andamento, e então poderão ser tecidas as considerações finais. Palavras–Chave: Saúde vocal, higiene vocal, disfonia. REFERÊNCIAS BEHLAU, Mara. A Voz do Especialista. V. II. Editora Revinter: Rio de Janeiro, 2001. BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo. Avaliação e Tratamento das Disfonias. Editora Lovise: São Paulo, 1995. BEHLAU, Mara. A Voz do Especialista, V. I. Editora Revinter: Rio de Janeiro, 2001. BEHLAU, Mara. Voz: O Livro do Especialista, V. I. Editora Revinter: Rio de Janeiro, 2004. BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo. Higiene Vocal: Informações Básicas. Ed. Lovise: São Paulo, 1993. Professora do Curso de Fonoaudiologia da NOVAFAPI – [email protected] Aluna de Fonoaudiologia da NOVAFAP – [email protected] Aluna de Fonoaudiologia da NOVAFAPI – [email protected]