Leia, com atenção, os excertos abaixo para responder às questões

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1.°
P14
Esta prova contém
T
05
A
23/03/10
questões.
INSTRUÇÕES:
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Boa prova!
Leia, com atenção, os excertos abaixo para responder às questões 1 e 2:
EXCERTO I
Observamos que toda a cidade é uma certa forma de comunidade e que toda
comunidade é constituída em vista de algum bem. É que, em todas as suas ações,
todos os homens visam o que pensam ser o bem. É, então, manifesto [claro] que, na
medida em que todas as comunidades visam algum bem, a comunidade mais elevada
de todas e que engloba todas as outras visará o maior de todos os bens. Esta
comunidade é chamada ‘cidade’, aquela que toma a forma de uma comunidade de
cidadãos. [...] Estas considerações evidenciam [tornam claro] que uma cidade é uma
daquelas coisas que existem por natureza e que o homem é, por natureza, um ser
vivo político. Aquele que, por natureza e não por acaso, não tiver cidade, será um ser
decaído [isto é, um animal] ou sobre-humano [isto é, um deus], tal como o homem
condenado por Homero como “sem família, nem lei, nem lar” [...].
ARISTÓTELES. Política, I, 1-2. Tradução e notas de António
Campelo Amaral e Carlos de Carvalho Gomes. Lisboa: Vega,
1998, p. 53-54.
EXCERTO II
Na Grécia, a coesão social era assegurada pela lealdade ao Estado-Cidade; o próprio
Aristóteles, embora, em sua época, Alexandre estivesse tornando obsoleto
[ultrapassado] o Estado-Cidade, não conseguia ver mérito [importância] algum em
qualquer outro tipo de comunidade. Variava grandemente o grau em que a liberdade
individual cedia ante seus deveres para com a Cidade. Em Esparta, o indivíduo tinha tão
pouca liberdade como na Alemanha ou na Rússia modernas; em Atenas, apesar de
perseguições ocasionais, os cidadãos desfrutaram, em seu melhor período, de
extraordinária liberdade quanto a restrições impostas pelo Estado. O pensamento grego,
até Aristóteles, é dominado por uma devoção [...] patriótica à Cidade; seus sistemas
éticos são adaptados às vidas dos cidadãos e contêm grande elemento político.
RUSSELL, Bertrand. “A filosofia entre a religião e a ciência”. História da filosofia ocidental.
Tradução de Brenno Silveira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957, p. XIII-XIV.
1. [2,0 pontos] Aristóteles, filósofo grego do século III a.C., estabelece, no EXCERTO I, uma
contraposição entre o homem e dois outros tipos de seres. Indique quais são esses seres e
de que maneira se estabelece essa contraposição.
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2. [2,0 pontos] Bertrand Russell, em “A filosofia entre a religião e a ciência”, caracteriza o
pensamento grego clássico. Mostre, com base em trechos do EXCERTO I, que a
caracterização de Russell e o próprio EXCERTO I não se opõem entre si.
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3. [2,0 pontos] A expressão “terra de ninguém” possui vários sentidos dicionarizados, como
se pode verificar no verbete a seguir, tomado ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
terra de ninguém 1 Rubrica: termo militar. área situada entre dois exércitos, sobre a qual
nenhum dos dois oponentes estabeleceu controle. 2 Derivação: sentido figurado. área
indefinida ou ambígua; zona de incerteza ou domínio do desconhecido. Ex.: uma terra de
ninguém entre o elogio e a censura. 3 Derivação: sentido figurado. assunto sobre o qual não há
consenso firmado, sobre que muita gente quer opinar ou em que deseja interferir. 4
Derivação: sentido figurado. aquilo que não tem dono; o que é usufruído por todos.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 2705.
Bertrand Russell, logo no segundo parágrafo de “A filosofia entre a religião e a
ciência”, define a filosofia como uma Terra de Ninguém. Levando em consideração ao
menos dois dos sentidos dicionarizados da expressão, explique a definição de Russell.
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4. [2,0 pontos] De acordo com Bertrand Russell, em “A filosofia entre a ciência e a religião”, a
história do pensamento europeu, do século XVI em diante, é dominada pela Reforma. Efeito
significativo dessa transformação é o estabelecimento de uma oposição, entre católicos e
protestantes, quanto à interpretação da Bíblia. Explicite essa oposição.
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5. [2,0 pontos] Leia, com atenção, os fragmentos a seguir:
FRAGMENTO I
A Idade Média [...] era dominada, em sua ideologia, pelo amor da legalidade e por
uma teoria muito precisa do poder político. Todo poder procede [deriva], em última
análise, de Deus; Ele delegou poder ao Papa nos assuntos sagrados, e ao
Imperador nos assuntos seculares.
RUSSELL, Bertrand. “A filosofia entre a religião e a ciência”. História da filosofia ocidental.
Tradução de Brenno Silveira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957, p. XIII-XIV.
FRAGMENTO II
[...] alguém diria que os reis e príncipes devem sujeitar-se nas coisas espirituais, não
nas temporais [seculares], como se assim se devesse entender o que foi dito: que
os reis e os príncipes, espiritualmente, não temporalmente, estejam sujeitos à Igreja.
[...] Mas os que assim dizem não entendem a força do argumento. Pois se só nas
coisas espirituais os reis e os príncipes estivessem sujeitos à Igreja, não haveria
gládio [poder] sob gládio; não haveria coisas temporais sob coisas espirituais. [...]
Se, pois, estas coisas foram estabelecidas, é preciso que o gládio temporal esteja
sob o espiritual, é preciso que existam reinos sob o vigário de Cristo [o Papa] [...]; é
preciso que o vigário de Cristo tenha domínio sobre as coisas temporais.
ROMANO, Egídio. Sobre o poder eclesiástico. Tradução de Cléa Pitt B. Goldman Vel Lejbman e
Luís A. de Boni. Petrópolis: Vozes, 1989, p. 45-46.
Bertrand Russell, no FRAGMENTO I, propõe que, embora o poder político dependa da
vontade divina, a autoridade do Papa limita-se aos assuntos sagrados, cabendo ao
Imperador o poder secular, isto é, temporal ou mundano. Essa tese concilia-se com o
FRAGMENTO II? Justifique sua resposta, apoiando-se em trechos ou elementos desse último
fragmento, escrito pelo filósofo e teólogo Egídio Romano, no século XIII.
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